Translate

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Quando o trabalho prejudica sua saúde mental

voronaman | Obturador
Por Javier Fiz Pérez publicado em 11/09/18 atualizado em 28/02/24
O trabalho pode ficar complicado após dias exaustivos, causando uma grande carga mental que leva a transtornos de ansiedade e depressão.

Mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de ansiedade , levando-as posteriormente a sofrer de um transtorno depressivo , que é a principal causa de incapacidade. Tudo isso devido ao trabalho excessivo ou inadequado.

De acordo com um estudo liderado pela OMS, a depressão e os transtornos de ansiedade custam à economia global 1 bilião de dólares por ano em perda de produtividade.

Por outro lado, é sabido que o desemprego é um factor de risco para a saúde mental, ao passo que a obtenção de um emprego ou o regresso ao trabalho tem efeitos positivos no humor das pessoas.

Por outro lado, voltar ao trabalho depois das férias cria um clima nem sempre positivo. É difícil voltar ao ritmo. Em qualquer caso, devemos saber distinguir entre o cansaço e a fadiga que normalmente se sente no regresso a ritmos de trabalho pouco saudáveis ​​e a contextos onde, apesar da boa vontade dos trabalhadores, muitos sofrem de problemas mentais.

A promoção da saúde mental no local de trabalho e o apoio às pessoas que sofrem de perturbações psiquiátricas reduzem o absentismo no trabalho, aumentam a produtividade e aumentam os benefícios económicos.

PeopleImages.com – Yuri A | Obturador

Riscos para a saúde relacionados com o trabalho

Existem muitos fatores no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde mental.

  • Organização de trabalho inadequada
  • A má direção
  • Falha na definição das funções de cada trabalho
  • As habilidades e competências da equipe
  • As facilidades oferecidas aos funcionários para realizarem seu trabalho.

Por exemplo, uma pessoa pode ter as competências necessárias para desempenhar as suas tarefas, mas pode não ter recursos suficientes ou não receber o apoio de que necessita devido às práticas de gestão e administração da empresa.

Por outro lado, os riscos podem ser maiores em situações em que a equipa não é coesa ou o apoio social não está disponível.

Por último, o assédio psicológico e a intimidação no trabalho ( mobbing ) causam stress laboral e outros danos à saúde física e psicológica dos trabalhadores.

Em suma, estes efeitos para a saúde têm consequências para as empresas e afetam negativamente as interações familiares e sociais dos funcionários.

Faça uma doação à Aleteia:

https://es.aleteia.org/apoya-a-aleteia/?utm_campaign=easter2024&utm_content=cta&utm_medium=inread_box&utm_source=es_aleteia

Fonte: https://es.aleteia.org/

Simpósio no Vaticano sobre antropologia das vocações e o futuro do cristianismo

Palácio Apostólico - Vaticano (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Nos dias 1º e 2 de março, na Sala Nova do Sínodo, a iniciativa acadêmica intitulada "Homem-Mulher: imagem de Deus", organizada pelo “Centre de Recherche et d'Anthropologie des Vocations” (CRAV), que contará com a presença do Papa Francisco e do cardeal Ouellet, juntamente com especialistas em Sagrada Escritura, filosofia, teologia, pedagogia.

Vatican News

O simpósio Homem-Mulher: imagem de Deus, para uma antropologia das vocações será realizado no Vaticano nos dias 1º e 2 de março e contará com a presença do Papa Francisco e de especialistas internacionais em Sagrada Escritura, filosofia e teologia, ciências humanas e pedagogia. O cardeal Marc Ouellet, prefeito emérito do Dicastério para os Bispos, fará as honras da casa. O objetivo do evento de dois dias, organizado pelo CRAV (Centre de Recerche et d'Anthropologie des Vocations), é oferecer uma visão atualizada da antropologia cristã em uma era de pluralismo e diálogo entre culturas, a fim de sustentar o significado da vida como vocação.

Foco em tópicos como casamento, sacerdócio e vida consagrada

O evento é aberto a um público amplo e o programa contará com a participação de vários especialistas que também responderão à pergunta: "a quem é dirigido o chamado de Deus?". Um simpósio para explorar a antropologia cristã, abordando tópicos como o matrimônio, o sacerdócio e a vida consagrada. Para descobrir a beleza de cada vocação. O cardeal Ouellet explica: "a era do cristianismo terminou e uma nova era na transmissão do patrimônio cultural e espiritual dos cristãos exige que os crentes de todo o mundo se reposicionem diante de um ambiente que se tornou estranho, indiferente ou até mesmo hostil, mesmo em países tradicionalmente católicos. Uma das áreas mais marcantes dessa mudança de época é a antropologia, onde o eclipse das referências religiosas e a crescente autoridade das ciências humanas estão dando origem a um panorama de visões contrastantes do ser humano.

Elas oscilam entre um espiritualismo desvinculado da condição corpórea e um materialismo que reduz todas as aspirações transcendentes a dados biopsíquicos tecnicamente controláveis. Não podemos mais sonhar com um retorno a um estado anterior de coisas, após uma "trégua" e uma superação da atual "crise"; devemos pensar em outros termos sobre o futuro do cristianismo, em um contexto que espera que os cristãos encontrem um novo paradigma para dar testemunho de sua identidade".

"É por isso", continua explicando o cardeal, "que devemos escolher uma abordagem da diversidade cultural e religiosa que permita o diálogo e a proposta da visão cristã com toda a gratuidade e com uma preocupação pela fraternidade humana. A questão antropológica, por exemplo, cujos aspectos mais diversos são frequentemente debatidos nas esferas científica, universitária, escolar e familiar, deve ser abordada com esse espírito. Será que estamos no alvorecer de um salto qualitativo para a espécie humana, à beira de uma mutação transhumanista, possibilitada pela tecnociência e pelo excesso de comunicação, e estimulada pela proliferação de experimentos biomoleculares, transgêneros e espaciais? Todas as hipóteses parecem abertas, não fosse o fato que é muito fácil esquecer que a grande maioria dos seres humanos vive em condições sub-humanas, que multidões são lançadas em rotas migratórias por pressões climáticas ou outras causas, que a eclosão de múltiplos conflitos e o rearmamento geral desafiam a razão ética para conter uma corrida louca para a frente, para evitar que os recursos que deveriam, antes de mais nada, garantir um mínimo de bem-estar para toda a humanidade sejam lançados aos quatro ventos”.

Espaço para a Palavra de Deus

"Qual futuro para a humanidade? Que tipo de defesa da humanidade temos que inventar para enfrentar os desafios de hoje? Que esperança podemos oferecer àqueles que buscam um sentido? Todas essas são perguntas que a Igreja Católica tem em mente ao proclamar o Evangelho da salvação. A nova situação antropológica exige diálogo, respeito pela diversidade e solidariedade com os mais pobres e vulneráveis. Isso não impede que a visão cristã do homem e da mulher seja apresentada em sua originalidade e especificidade. Pelo contrário, a situação atual oferece uma oportunidade imperdível para reafirmar as coordenadas da pessoa humana segundo a revelação cristã e para oferecer ao diálogo uma antropologia das vocações enraizada no sentido da vida como vocação. Na cacofonia de hoje, há mais espaço do que nunca para ouvir a Palavra de Deus e extrair da Sabedoria divina as coordenadas de significado para a vida humana presente e futura".

Uma continuação do simpósio de 2022 sobre o sacerdócio

A iniciativa acadêmica é uma continuação do simpósio de fevereiro de 2022 For a Fundamental Theology of the Priesthood (Por uma teologia fundamental do sacerdócio), que estudou a relação entre o sacerdócio comum dos batizados e o ministério ordenado em seus três graus. O Comitê Científico do Centre de Recherche et d'Anthropologie des Vocations (CRAV), que organizou o simpósio sobre o Sacerdócio", enfatiza uma nota, "vê a questão antropológica como um seguimento natural dessa pesquisa, que explora o significado eclesial das vocações a partir da perspectiva de uma antropologia fundamental. Essa perspectiva pastoral indica que a pesquisa é de interesse de um público amplo, não apenas de especialistas.

Uma visão global da resposta cristã aos problemas antropológicos

"Pastores, formadores e educadores de todos os níveis", enfatiza o comunicado, "poderão encontrar aqui uma visão global da resposta cristã aos problemas antropológicos atuais, sem polêmicas ou recuos identitários, uma visão desenvolvida no horizonte da fé e oferecida com serenidade como forma de apropriação do sentido cristão da vida para todos aqueles que buscam a verdade". O lugar escolhido e a qualidade dos participantes são suficientes para confirmar a importância do tema, a urgência de tal reflexão diante de uma certa confusão e perplexidade, e o desejo de lançar uma luz que seja ao mesmo tempo energizante e pacificadora para as pessoas que estão fazendo pesquisa ou que têm responsabilidades pastorais".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CATEQUESE: A sinceridade na oração

Oração (Cléofas)

A sinceridade na oração

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Para orar, é preciso ter sinceridade, a coragem de enfrentar a verdade no íntimo do coração. Vamos refletir agora sobre isso.

É interessante verificar que o primeiro conselho de Cristo sobre a oração, que se encontra no Evangelho, fala de sinceridade: “Quando orardes – diz Jesus -, não façais como os hipócritas” (Mt 6,5).

Que fazem os hipócritas? Vamos recordar o que Jesus nos diz acerca deles, e – ao vermos as máscaras que Cristo lhes arranca da alma – enxergaremos melhor a sinceridade que nos pede.

Primeira máscara: No meio da parábola do semeador, Nosso Senhor faz uma citação do profeta Isaías: O coração deste povo endureceu: taparam seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Mt 13,15).

Como são claras e fortes essas palavras! O segredo está no final da frase: não querem se converter, ou seja, não estão dispostos a aceitar a graça de Deus, que os curaria dos seus erros passados e os levaria a mudar. Isso faz com que seu coração se “endureça”; e essa dureza de coração se manifesta na má vontade, que leva a não querer ouvir nem ver: tapar os ouvidos e fechar os olhos.

Que Deus nos livre dessa dureza de coração! Mas…, será que isso não acontece conosco? Às vezes, custa-nos abrir o coração com plena sinceridade diante de Deus, expor sem medo a nossa vida à luz das exigências do Evangelho, dispor-nos a acolher os conselhos de um bom confessor…, simplesmente porque não queremos mudar. “Não quero me complicar!”. O coração deixou de ser mando e flexível, e ganhou a dureza da pedra. Agir assim é a mesma coisa que expulsar Deus da alma, e dizer-lhe: “Não me toques, não mexas comigo, não me perturbes, fica longe de mim!”

Como é bela a sinceridade de uma alma que, quando vai orar, abre de par em par o coração, disposta a aceitar todas as luzes, inspirações, repreensões e exigências que Deus lhe quiser manifestar. Só ora bem uma alma transparente, uma alma corajosa, que está disposta a mudar.

Segunda máscara: a do fariseu da parábola. Sobe o templo, e ora no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros (Lc 18,9-14).

É a máscara do orgulho, do convencimento, da falsa bondade. Aparentando piedade, o fariseu, na realidade, se defende. Ele, no fundo, diz a Deus: “Veja, Deus, eu sou bom: não tenho pecado. Não falho nas minhas obrigações religiosas, e não me misturo com pecadores esse publicano aí… Portanto, estamos quites, o Senhor não tem nada que reclamar de mim, pode me deixar em paz”.

Você nunca conheceu cristãos assim? Dizem: “Não cometo pecados, não preciso me confessar, eu cumpro as minhas obrigações; rezo; vou à Missa sempre que posso”. Com essa mentalidade é impossível falar com Deus e ouvi-lo.

“O orgulho cega tremendamente”, dizia São Josemaria Escrivá. Cuidado! Porque esse orgulho que nos leva a justificar-nos, vai nos congelando, cristalizando no erro, no mal, na mediocridade. É natural que o Espírito Santo, quando encontra o nosso coração endurecido, nos recorde o que Jesus comentava acerca do fariseu: Não saiu do templo justiçado. Por quê? Porque Deus resiste aos soberbos e só dá a sua graça aos humildes (1Pd 5,5).

Entende-se assim o que diz o Catecismo da Igreja Católica: “O pedido do perdão é o primeiro movimento da oração…” (§2631), e que cite como exemplo a oração do publicano, ouvida e aceita por Deus: Tem piedade de mim, pecador (Lc 18,13).

Terceira máscara: Jesus também a arranca da alma de alguns hipócritas, quando afirma: nem todo aquele que me diz “Senhor, Senhor!”, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt 7,21).

Glosando estas palavras, são Josemaria falava da “oração dos filhos de Deus”, em contraste com o palavreado dos hipócritas: “Que o nosso clamar – Senhor! – se uma ao desenho eficaz de converter em realidade essas moções interiores que o Espírito Santo desperta na alma” (Amigos de Deus, n. 243).

A oração do egoísta sentimental, que gosta de rezar, que chora ao cantar na Igreja, que se emociona com um bom sermão…, mas que não procura captar nem realizar a Vontade de Deus, é a oração dos hipócritas, que têm duas vidas separadas: a “vida espiritual” e a vida pratica, real.

Quarta máscara: É a que nos mostra, com palavras brevíssimas, esta frase de Cristo: Quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também o vosso Pai que está nos céus vos perdoe os vossos pecados (Mc 11,25).

Se – como acabamos de lembrar – o pedido de perdão é “o primeiro movimento da oração” (catecismo, §2631), com que sinceridade pode falar com Deus aquele que pede perdão, mas não perdoa? Poucas coisas existem que endureçam tanto a lama como o ressentimento. É uma barricada entre o Deus da misericórdia e o pecador, que somos nós. É lógico que, entre interlocutores tão díspares, não possa haver diálogo.

Retirado do livro: “Para Estar com Deus”. Pe. Francisco Faus. Editora Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Cardeal Scherer: Vale a pena ser cristão?

Cardeal Odilo Pedro Scherer (Vatican Media)

Na cultura dos propósitos instáveis e valores efêmeros, poderíamos ser levados a perguntar-nos: vale a pena ser cristãos? Manter firme a fé e a fidelidade a Deus e ao Evangelho de Cristo, mesmo quando isso custa esforço e renúncia?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo Metropolitano de São Paulo 

O itinerário quaresmal confronta-nos com os fundamentos de nossa fé e da vida cristã, diante dos quais somos convidados a fazer uma revisão de vida, para tomarmos consciência sobre como vivemos nossa fé e as promessas do nosso Batismo. Assim nos preparamos para, na noite solene da Vigília Pascal, renovados em nossas disposições pela penitência quaresmal, reassumirmos os compromissos cristãos.

Na cultura dos propósitos instáveis e valores efêmeros, poderíamos ser levados a perguntar-nos: vale a pena ser cristãos? Manter firme a fé e a fidelidade a Deus e ao Evangelho de Cristo, mesmo quando isso custa esforço e renúncia? Talvez haveria propostas religiosas mais fáceis e menos exigentes do que a de Jesus e do seu Evangelho? Vale a pena praticar a disciplina moral, a virtude exigente e observar os mandamentos de Deus? Mais ainda: vale a pena encarar perseguições, discriminações e sofrimentos por causa de Jesus Cristo?

O segundo Domingo da Quaresma nos trouxe o Evangelho da Transfiguração de Jesus no monte Tabor (Mc 9,2-10) e, como primeira leitura, o sacrifício de Abraão no monte Moriá (Gn 22,1-18). Deus pediu uma prova de fé e fidelidade a Abraão, que respondeu mostrando-se disposto oferecer em sacrifício seu único filho, Isaac, tão querido e longamente esperado, como prova de obediência e fidelidade a Deus. Não precisou fazê-lo, pois Deus dispôs diversamente no instante extremo. Não era a morte de Isaac que Deus queria, mas a fidelidade de Abraão. E o recompensou com grande bênção, que dura até os dias de hoje. Valeu a pena, Abraão? Ele, certamente, diria: Quem é fiel a Deus, nada tem a temer e pode contar com a fidelidade de Deus às suas promessas.

No Evangelho, Jesus está a caminho de Jerusalém, lugar de sua rejeição, prisão, tortura, condenação à morte e também ressurreição gloriosa. Os apóstolos vão com Ele e mal podem imaginar o que os espera, logo mais. Eles pensam na glória que poderão colher para si, quando Jesus arrebatar para si o trono de Davi, mas ainda não podem imaginar o drama da Paixão do Mestre. Jesus toma consigo três deles, Pedro, Tiago e João e sobe ao monte Tabor, no alto do qual Ele fica transfigurado e manifesta sua glória divina que, normalmente, estava oculta aos olhos do mundo, envolta na sua humanidade. Os três apóstolos ficam muito felizes e se dão conta de que ali é o céu. E ainda, por cima, ouvem a voz de Deus Pai, que diz: “Este é meu Filho amado. Ouvi o que Ele diz” (Mc 9,7). Era para tirar qualquer dúvida de que estavam certos, ao terem escolhido seguir Jesus. Mas a cena do Tabor durou apenas um momento.

Jesus desceu com eles à planície do dia a dia, da vida comum, das provações, das contradições da vida, indo ao encontro da grande provação que deveriam enfrentar em Jerusalém. Ele lhes havia revelado, por um momento, o esplendor de sua glória divina, para confortá-los e lhes dar a certeza de que valeria a pena manterem-se fiéis nas provações a enfrentar. E a voz de Deus Pai, que lhes assegurava que Jesus é o Filho querido de Deus Pai, deveria dar-lhes firmeza inquebrantável na fé. Os três apóstolos guardaram silêncio sobre a experiência que tiveram, como Jesus lhes recomendou. Mas a sua fraqueza foi tanta que, na Paixão de Jesus, todos eles, menos um, o abandonaram e fugiram. O medo foi maior que sua fé!

Mas, após a ressurreição de Jesus, eles se lembraram novamente do que haviam visto e ouvido. Jesus ressuscitado os procurou e, em sua misericórdia, perdoou toda infidelidade e fraqueza, constituindo-os como testemunhas e anunciadores do Evangelho. Finalmente, eles compreenderam que valia a pena seguir Jesus e entregar sua vida por Ele. De fato, foi o que fizeram, com grande generosidade, mediante a pregação do Evangelho e o martírio por Cristo e pelo Evangelho.

Melhor que todos, é o apóstolo Paulo que vai testemunhar que vale a pena ser cristão e dedicar a vida inteiramente a Ele. Na Carta aos Romanos, ele fala da liberdade cristã e da esperança da glória daqueles que seguem a Cristo (cf. Rm 8). “Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção alguma com a glória que há de ser revelada em nós” (8,18). Já se havia iniciado o tempo das perseguições aos cristãos e o próprio Paulo enfrentava todo tipo de sofrimentos, prisões, torturas e ameaças de morte por causa de Cristo.

Vale a pena enfrentar tudo isso pelo nome de Cristo? Vale a pena enfrentar renúncias, privações e sofrimentos pela fé e pela fidelidade a Deus? Paulo responde: “Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus” (8,28). Quem crê em Cristo sabe em quem colocou a sua fé (cf 2Tm 1,12). “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós? Cristo Jesus, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós? Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? Tenho a certeza de que nem morte, nem vida, nem o presente, nem o futuro, nem criatura alguma será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (cf 8,28-39). Sim, vale a pena ser cristão!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Augusto de Chapdelaine, Mártir

Santo Augusto Chapdelaine (A12)
29 de fevereiro
Santo Augusto de Chapdelaine

Augusto nasceu em La Rochelle-Normande, França, em 6 de janeiro de 1814. Após viver no campo por vinte anos, onde trabalhava cultivando a terra, Augusto sentiu o chamado de Deus e ingressou no seminário diocesano de Coutances. Foi ordenado sacerdote em 1843 e, em 1851, desejando ser missionário, juntou-se ao Instituto de Missões Estrangeiras, tornando-se missionário na China em 1852. Aos 38 anos, depois de inúmeras aventuras perigosas, ele chegou ao local para o qual seus superiores o haviam enviado.

Com profunda entrega, ardor e generosidade, em Xilinxian, na província de Guangxi, conseguiu muitas conversões; no entanto, sua presença foi denunciada pelo mandarim Hien, inimigo dos cristãos, que o mandou prender e decapitar. Foi aprisionado e torturado, mas recusou-se a renunciar à sua fé. Por isso, os juízes condenaram-no a morte em 29 de fevereiro de 1856. Após sua morte, foi decapitado, e seu corpo foi entregue aos cães como alimento. Três fluxos de sangue brotaram de seu pescoço, convencendo todos os presentes da presença de Deus nele.

Foi beatificado em 27 de maio de 1900 pelo Papa Leão XIII, e em 1º de outubro de 2000 o Papa João Paulo II o canonizou.

Colaboração: Camila Vilas 

Reflexão:

O anúncio de Cristo traz consigo inúmeros desafios e dificuldades. Não é fácil dar testemunho da fé. Por isso, o exemplo dos mártires nos ajuda a superar as dificuldades de cada dia. Que o exemplo de entrega total de Santo Augusto, nos ajude a ser apóstolos em nossa realidade concreta.

Oração:

Inspirai, Senhor, em nossos corações o desejo de anunciar o Evangelho de Teu Filho Jesus. Que a exemplo de Santo Augusto Chapdelaine possamos ser incansáveis proclamadores da Boa-Nova. Por Cristo Senhor nosso. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Fiducia supplicans, bênçãos não litúrgicas e a distinção de Ratzinger

Uma imagem do Palácio Apostólico (Vatican Media)

Uma instrução publicada em 2000 pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé distinguia as orações de cura, que são rituais e incluídas em livros litúrgicos, das orações pastorais ou espontâneas. O mesmo critério usado agora para admitir a possibilidade de abençoar casais irregulares.

ANDREA TORNIELLI

A declaração Fiducia supplicans, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé em dezembro passado, como é bem conhecido e como foi bem apontado por muitos, não muda a doutrina tradicional sobre o matrimônio que prevê uma bênção nupcial apenas para o homem e a mulher que se casam. O que é aprofundado pelo documento, que admite a possibilidade de bênçãos espontâneas simples também para casais irregulares ou do mesmo sexo, sem que isso signifique abençoar sua união ou aprovar sua conduta de vida, é, por sua vez, a natureza das bênçãos. A Fiducia supplicans, de fato, distingue entre bênçãos litúrgicas ou rituais e bênçãos espontâneas ou pastorais. Com relação às primeiras, as bênçãos litúrgicas, há duas maneiras de entendê-las. Há um sentido amplo, que considera toda oração feita por um ministro ordenado como "litúrgica", mesmo que seja dada sem uma forma ritual e sem seguir um texto oficial. E há um sentido mais restrito, segundo o qual uma oração ou invocação sobre as pessoas é "litúrgica" somente quando é realizada "ritualmente" e, mais precisamente, quando se baseia em um texto aprovado pela autoridade eclesiástica.

Alguns dos críticos que questionaram a recente declaração, de fato, consideram lícito apenas o significado amplo e, portanto, não consideram aceitável a distinção entre orações ou bênçãos "rituais" e "litúrgicas" e orações ou bênçãos "pastorais" e "espontâneas". Por exemplo, há aqueles que objetam que a liturgia também tem uma relevância pastoral. Mas, a esse respeito, vale a pena observar que Fiducia supplicans dá à palavra "pastoral" um sentido peculiar: ou seja, o sentido de cuidado particularmente direcionado ao acompanhamento daqueles a quem a bênção é oferecida; na imagem do "bom pastor" que não descansa até encontrar cada um daqueles que se perderam.  Outros argumentam que todas as orações seriam "litúrgicas" e, portanto, todas estariam sujeitas ao que é exigido pela liturgia da Igreja. Essa objeção foi respondida pelo próprio Papa Francisco, em seu discurso aos participantes da assembleia plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé em 26 de janeiro, insistindo na existência de bênçãos pastorais ou espontâneas que, "fora de qualquer contexto e forma litúrgica - explicou ele - não exigem perfeição moral para serem recebidas". As palavras do Pontífice, portanto, confirmam a orientação de considerar o sentido mais estrito das bênçãos litúrgicas.

Um precedente importante, com relação à distinção entre o que é litúrgico e o que não é, pode ser encontrado em uma instrução do ano 2000, publicada pela então Congregação para a Doutrina da Fé, assinada pelo cardeal Joseph Ratzinger e aprovada por João Paulo II.

O assunto dessa instrução são as orações para obter de Deus a cura. No ponto número dois da primeira parte do documento, é lembrado que "no De benedictionibus do Rituale Romanum, há um Ordo benedictionis infirmorum, no qual há vários textos eucológicos implorando a cura". Na parte final da instrução, dedicada às disposições disciplinares, há então um artigo (2) que afirma: "As orações de cura se qualificam como litúrgicas, se estiverem incluídas nos livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente da Igreja; caso contrário, são não litúrgicas". Assim, afirma-se que há orações de cura litúrgicas ou rituais e outras que não o são, mas são legitimamente permitidas. O artigo seguinte lembra que as orações "litúrgicas são celebradas de acordo com o rito prescrito e com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale Romanum". Essas citações do texto assinado por Ratzinger e aprovado pelo Papa Wojtyla mostram como o significado do termo "litúrgico" usado em Fiducia supplicans para definir as bênçãos rituais, diferentes das bênçãos pastorais, certamente representa um desenvolvimento, mas que está de acordo com o magistério das últimas décadas.

Entre as bênçãos há também outras distinções: algumas representam consagrações, ou o selo do sacramento celebrado pelos noivos (no caso da bênção nupcial); outras representam orações de invocação que se elevam a Deus de baixo para cima; outras ainda (no caso dos exorcismos) têm o objetivo de afastar o mal. A Fiducia supplicans esclarece repetidamente que a concessão de uma bênção pastoral ou espontânea - sem qualquer elemento nupcial - a um casal "irregular" que se aproxima de um sacerdote ou diácono não significa e não pode representar de modo algum uma forma de aprovação da união entre os dois. Segundo o documento, ela não pode ser considerada "uma legitimação moral para uma união que presume ser um matrimônio" nem "para uma prática sexual extraconjugal". Em vez disso, o significado é o de uma invocação a Deus para que permita que as sementes do bem cresçam na direção que Ele deseja.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

«Dá-me, Senhor, um coração que escuta»

Enrico Dal Covolo, Ouvindo o outro. Exercícios espirituais com Bento XVI , Lev, Cidade do Vaticano 2010, 220 pp., 16,00 euros (30Giorni)
Revista 30Dias - 05/2010

«Dá-me, Senhor, um coração que escuta»

As meditações do patrólogo Enrico Dal Covolo durante o curso de exercícios espirituais que realizou no Vaticano, na presença de Bento XVI, no início da Quaresma de 2010, por ocasião do Ano Sacerdotal.

por Stefania Falasca

Você não lê um livro, você ouve e ouve uma voz viva. Este é o próprio da Bíblia, da Sagrada Escritura. «Em seus sermões, Santo Agostinho apostrofou assim os fiéis, lembrando-lhes a atitude a ter diante da Palavra de Deus: “Audiamus... quasi praesentem Dominum” ( Comentário ao Evangelho de São João XXX, 1); isto é: “Ouçamos, porque aqui (aqui está o verdadeiro sentido do quase- latim) o Senhor está presente”». A abertura agostiniana do patrólogo Don Enrico Dal Covolo em sua Escuta ao outro introduz bem o caminho das meditações que o livro contém porque a sigla distintiva das Escrituras é um convite inesgotável à escuta do outro e é talvez o lugar onde possível a todos perceber e colocar-se com total simplicidade diante do mistério da Encarnação, representa a sua manifestação mais simples. As dezessete meditações reunidas neste volume são a transcrição dos exercícios espirituais quaresmais que o sacerdote salesiano pregou este ano ao Papa e aos seus colaboradores da Cúria Romana por ocasião do Ano Sacerdotal.


O método escolhido é o antigo da lectio divina , ou seja, o método há muito testado pelos Padres de “ler e ouvir as Escrituras com a oração” e caro ao próprio Bento XVI que já o havia incentivado em 2005, no quadragésimo aniversário da Dei Verbum : «A leitura assídua da Sagrada Escritura acompanhada da oração realiza aquela conversa íntima em que, lendo, se escuta Deus falar e, rezando, lhe responde com confiante abertura do coração. Esta prática, se for eficazmente promovida, trará, estou convencido, uma nova primavera espiritual à Igreja”. A contemplação (última das etapas tradicionais definidas por último por Guigo II prior da Grande Cartuxa em que se articula a lectio divina ), como a entendiam os Padres, não é uma oração particularmente refinada, visa a conversão que é a própria finalidade da lectio . «O ícone deste modelo patrístico é Maria, que não só guardou a Palavra de Deus, mas a confrontou no seu coração (aqui está a oração e a conversão da vida, isto é, a contemplatio autêntica )», explica Dal Covolo. «Ou seja, não é “biblicismo”, não são as palavras que salvam, o que conta, como afirmou São Tomás de Aquino, é a Res , ou seja, a “Coisa” mais importante: o encontro da graça com Jesus ." Precisamente, portanto, na recuperação cuidadosa do contexto patrístico, contexto em que se desenvolve o itinerário da lectio desenvolveu-se, portanto, numa referência mais explícita aos Padres da Igreja e ao seu modo de ler a Palavra de Deus, reside a originalidade deste volume que "com uma linguagem convincente" se torna acessível a todos, como quis o autor sublinha o Papa agradecendo a Dom Dal Covolo no final dos Exercícios: «Recorrendo a um vasto conhecimento bíblico, patrístico e hagiográfico, conduziu-nos a uma reflexão profunda sobre o tema “Lições de Deus e da Igreja sobre a vocação sacerdotal” [... ] mas sobretudo deu-nos um testemunho alegre de uma fiel serva da Palavra que, seguindo os passos de São João Bosco, aceitou dispensar a todos, até ao sucessor de Pedro, com competência, simplicidade e criatividade”.

O esquema seguido pelo autor não carece de singularidade: por um lado, sempre através do método da lectio divina , Dal Covolo reconstitui as etapas típicas da vocação à luz das histórias bíblicas: o chamado de Deus, a resposta do homem, a missão que Deus confia aos chamados a resistência dos chamados, a confirmação tranquilizadora de Deus e, ao mesmo tempo, capta as reverberações atuais das Sagradas Escrituras, repropondo com um cunho muito pessoal os mesmos traços essenciais do sacerdócio tal como foram realizados. nos acontecimentos paradigmáticos retirados das histórias de algumas figuras sacerdotais como Giovanni Maria Vianney, ou do pároco contado no romance de Bernanos, ou do servo de Deus Don Giuseppe Quadrio. Seguindo os caminhos paralelos das meditações bíblicas e dos perfis sacerdotais, Dal Covolo deixa assim emergir claramente a dinâmica distintiva do ministério sacerdotal, levando-nos ao próprio coração do sacerdócio, ao facto que o caracteriza: a graça de Deus, porque a vocação sacerdotal é antes de tudo uma iniciativa absolutamente livre de Deus: ninguém se chama, só Deus chama, é Ele quem livremente, gratuitamente, escolhe. E a precedência da graça não marca apenas a vocação, mas a própria condição do sacerdote em toda a sua expressão potencial. «Muitas vezes», sublinha Dom Dal Covolo, «acreditamos que devemos construir nós mesmos a nossa vocação, agarrando-nos efetivamente aos nossos projetos. Enquanto o melhor é sentar-nos aos pés de Jesus e deixar-nos encher até a borda com os dons da sua graça...". Nesta perspectiva, a vocação dos apóstolos, que o autor traça nos textos evangélicos através dos loci compostos, representa as melhores evidências e a melhor documentação. O próprio Senhor, chamando-os, equipou-os para a missão, enviou-os sem lhes tirar a liberdade. «O que salva», continua Dal Covolo, «e do qual decorre a missão apostólica, como se vê na história de Pedro, é permanecer no amor d’Aquele que chama. “Permaneça no meu amor”, disse Jesus na Última Ceia. Permanecer significa não colocar nada antes do amor de Cristo, significa aumentar a confiança na graça através da oração, para que não se perca a forma vital com que o Espírito Santo configura o coração sacerdotal à imagem de Cristo Bom Pastor”. “Só ele pasta nos pastores e eles só nele pastam”, adverte Santo Agostinho. «Não tenha medo: a oração pode tudo! Um padre que reza bem nunca fará nenhuma tolice”. «Ofereça-se e abandone-se a Cristo sem reservas. Não temas, é Ele quem faz...", escreve o servo de Deus Dom Giuseppe Quadrio, recomendando a oração como a alma do sacerdote nas cartas aos seus seminaristas, para os quais "foi assim um sacramento tangível da bondade do Senhor, vigário do Seu amor”. Estes são os pontos essenciais retomados por Bento XVI na conclusão do Ano Sacerdotal: «Se o Ano Sacerdotal tivesse sido concebido para ser uma glorificação do nosso desempenho humano pessoal, teria sido destruído por estes acontecimentos. Mas para nós foi precisamente o contrário: tornar-nos gratos pelo dom de Deus, um dom que “se esconde em vasos de barro” e que sempre de novo, através de todas as fraquezas humanas, torna concreto o seu amor neste mundo”

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: inveja e vanglória, vícios de quem sonha ser o centro do mundo

Audiência Geral de 28/02/2024 - Papa Francisco (Vatican News)

Na Audiência Geral desta quarta-feira (28), Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os vícios e as virtudes. O texto da reflexão dedicado à inveja e à vanglória foi proferido por mons. Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado. Para combater esses vícios, os remédios são o amor gratuito e o reconhecimento de que Deus está presente em nossa própria fraqueza.

Thulio Fonseca - Vatican News

Após uma semana de pausa, devido ao retiro espiritual quaresmal dos membros da Cúria Romana, e ainda se recuperando de uma "leve gripe", conforme comunicado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, que levou o Pontífice a cancelar algumas atividades no sábado e na segunda-feira, Francisco esteve presente na Sala Paulo VI para a Audiência Geral desta quarta-feira, 28 de fevereiro.

Ao saudar os fiéis e peregrinos, o Papa afirmou: "Queridos irmãos e irmãs, ainda estou um pouco resfriado. Por isso, pedi ao mons. Ciampanelli para ler a catequese de hoje", e em seguida, o colaborador da Secretaria de Estado proferiu o discurso que dá continuidade à reflexão sobre os vícios e as virtudes.

Francisco, no momento em que explica aos fiéis que confiou a leitura da catequese ao monsenhor Ciampanelli (Vatican Media)

O rosto do invejoso é sempre triste

"Hoje examinaremos dois pecados capitais que encontramos nas grandes listas que a tradição espiritual nos deixou: a inveja e a vanglória", introduz mons. Ciampanelli, dedicando a primeira parte da reflexão à inveja:

"Quando lemos a Sagrada Escritura, percebemos que este vício nos é apresentado como um dos mais antigos: o ódio de Caim por Abel é desencadeado quando ele percebe que os sacrifícios do seu irmão agradam a Deus. O rosto do invejoso é sempre triste: o seu olhar está abaixado, parece examinar continuamente o chão, mas na realidade não vê nada, porque a mente está envolvida por pensamentos cheios de malícia. A inveja, se não for controlada, leva ao ódio pelos outros. Abel será morto pelas mãos de Caim, que não podia suportar a felicidade do irmão."

Deus tem uma "matemática" própria

O texto do Papa sublinha que "na raiz deste vício existe uma relação de ódio e amor: deseja-se mal ao outro, mas secretamente deseja-se ser como ele".

A inveja nos faz criar uma falsa ideia de Deus, não se aceita que Deus tenha uma "matemática" própria, diferente da nossa:

"Gostaríamos de impor a Deus a nossa lógica egoísta, mas a lógica de Deus é o amor. Os bens que Ele nos dá são feitos para serem partilhados. É por isso que São Paulo exorta os cristãos: 'Com amizade fraterna, sede afetuosos uns com os outros. Rivalizai uns com os outros na estima recíproca' (Rm 12,10). Eis aqui o remédio para a inveja!"

Aula Paulo VI durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 28 de fevereiro (Vatican Media)

A vanglória é uma autoestima inflada e infundada

A segunda parte da catequese de Francisco volta-se para a vanglória, e mons. Ciampanelli, na leitura do texto, recorda que este vício anda de mãos dadas com o demônio da inveja, sendo típico de quem aspira ser o centro do mundo, livre para explorar tudo e todos, objeto de todo louvor e todo amor:

"A pessoa vangloriosa não tem empatia e não percebe que existem outras pessoas no mundo além dela. As suas relações são sempre instrumentais, caracterizadas pela opressão dos outros. A sua pessoa, as suas façanhas, os seus sucessos devem ser mostrados a todos: é uma perpétua mendiga da atenção. E se, às vezes, suas qualidades não são reconhecidas, fica extremamente irritada. Os outros são injustos, não entendem, não estão à altura."

Nas fraquezas, a força de Cristo

"Para curar os vangloriosos, os mestres espirituais não sugerem muitos remédios", recorda o texto do Papa, "porque, em última análise, o mal da vaidade tem em si o seu remédio: os elogios que o vanglorioso esperava colher no mundo logo se voltarão contra ele. E quantas pessoas, iludidas por uma falsa imagem de si mesmas, caíram em pecados dos quais logo se envergonhariam!"

Na conclusão, mons. Ciampanelli ressalta na leitura da catequese, que a mais bela instrução para vencer a vanglória encontra-se no testemunho de São Paulo:

"O Apóstolo sempre teve de lidar com uma falha que nunca foi capaz de superar. Três vezes pediu ao Senhor que o libertasse daquele tormento, mas no final Jesus respondeu-lhe: 'Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se consuma'. A partir daquele dia, Paulo foi libertado. E a sua conclusão deveria tornar-se também a nossa: 'É, portanto, de bom grado que prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo' (2Cor 12,9)."

Audiência Geral com o Papa Francisco (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Serapião, bispo

São Serapião (A12)
28 de fevereiro
São Serapião

Serapião foi um grande monge e bispo de Thmuis, no Egito. Temos poucas informações sobre ele, mas sabemos que estudou na escola catequética de Alexandria. Aí conheceu Santo Antão, de quem se fez discípulo e de quem herdou uma túnica de pelos. São Serapião também foi grande amigo de Atanásio e lutou contra o arianismo.

Quando recebeu a indicação para tornar-se bispo, São Serapião mostrou-se um pouco triste em ter que abandonar a vida monástica. Para ele a vida de perfeição cristã era a vida do monge.

O santo que hoje comemoramos escreveu muitos livros e cartas pastorais. Quando Atanásio foi preso, Serapião foi até o imperador Constâncio II interceder pelo amigo, mas o grupo dos defensores da heresia ariana conseguiram derrubar Serapião e martirizá-lo em 370 no Egito.

historiador Eusébio de Cesaréia registra seu martírio, com as seguintes palavras: "Preso Serapião em sua casa, foram-lhe infligidas cruéis torturas. Desfizeram-lhe todas as juntas dos membros e o precipitaram do andar de cima da casa, de cabeça para baixo". Crucificaram-no numa cruz de santo André e, depois torturaram e decapitaram-no.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.

Reflexão:

O mártir é a testemunha mais genuína da verdade da existência. Ele sabe que, no seu encontro com Jesus Cristo, alcançou a verdade a respeito da sua vida, e nada nem ninguém poderá jamais arrancar-lhe esta certeza. Nem o sofrimento, nem a morte violenta poderão fazê-lo retroceder da adesão à verdade que descobriu no encontro com Cristo.

Oração:

Querido Deus, mais uma vez celebramos a vida de um mártir. Ajudai-nos a seguir o exemplo da vida de São Serapião e buscar em primeiro lugar a Verdade, que vem do seu Filho Jesus. Que nossa vida seja testemunha do amor e que vivamos a vocação de ser sal da terra e luz do mundo. Por Cristo nosso Senhor. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF