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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Santo Ildefonso, capelão e fiel notário da Virgem

REDAÇÃO CENTRAL, 23 Jan. 20 / 05:00 am (ACI).- “Tu és meu capelão e meu fiel notário; recebe esta casula que meu Filho te envia”, disse a Virgem Maria quando apareceu a Santo Ildefonso. O santo tinha profunda devoção pela Imaculada Conceição doze séculos antes que fosse proclamado o dogma. Sua festa é celebrada neste dia 23 de janeiro.

Santo Ildefonso nasceu em Toledo (Espanha), no ano 606. Foi educado em Sevilha, por Santo Isidoro. Ildefonso optou pela vida monástica e, com o tempo, foi eleito Abade de Agalia. Em 657, foi eleito Arcebispo de Toledo e unificou a liturgia na Espanha. Escreveu muitas obras importantes sobre a Virgem Maria.
Certa noite de dezembro, Santo Ildefonso, junto com seus clérigos e alguns outros, foram à Igreja para cantar hinos em honra à Virgem. Viram que a capela brilhava com luz deslumbrante. A maioria saiu fugindo, exceto o santo e seus dois diáconos.
Quando se aproximaram do altar, encontraram Maria, a Imaculada Conceição, sentada na cadeira do Bispo e acompanhada de virgens que entoavam cantos celestiais. A Virgem lhes fez um sinal para que se aproximassem. O santo assim o fez e a Virgem lhe presentou com uma casula. Ela mesma o investiu e lhe disse para usá-la apenas nos dias festivos em sua honra.
A aparição e a casula foram tão evidentes que o Concílio de Trento fixou um dia de festa especial para perpetuar sua memória.  Na Acta Sanctorum, este fato aparece como “Descida da Santíssima Virgem e de sua Aparição”.
Santo Ildefonso partiu para a Casa do Pai em 669. Os peregrinos podem observar na catedral a pedra em que a Mãe de Deus colocou seus pés quando apareceu ao santo.
Oração a Maria de Santo Ildefonso
A ti recorro, Virgem singular e Mãe de Deus, e me prostro diante de ti, única a cooperar na encarnação do meu Deus. Humilho-me diante de ti, única escolhida para Mãe do meu Senhor, e rogo a ti, única serva de teu Filho; alcança-me o perdão dos meus pecados, dá-me ser purificado de minhas obras, faze-me amar a glória de tua virtude, revela-me a abundância da doçura do teu Filho, concede-me defender e falar da verdadeira fé, em teu Filho. Ajuda-me também a aderir a Deus e a ti. A ele como a meu Criador, a ti como Mãe do meu Criador; a ele como ao Senhor das virtudes: a ti como à serva do Senhor do universo; a ele como a Deus, a ti como à Mãe de Deus, a ele como ao meu Redentor, a ti como aquela que cooperou na minha redenção.
Pois o que ele realizou para me redimir foi verdadeiramente de tua pessoa que formou. Para se fazer meu Redentor, tornou-se teu Filho. Para se transformar no preço de meu resgate, encarnou-se na tua carne. O corpo no qual curou nossas feridas, foi da tua carne que o tirou para que pudesse ser ferido. O corpo no qual devia aniquilar os meus pecados, ele o recebeu de ti, sem pecado. A minha natureza, que como meu predecessor colocou em seu reino, na glória do trono do Pai que está acima dos anjos, ele a assumiu de ti, na sua humildade.
Sou teu servo, porque meu Senhor é teu Filho.  És minha senhora, porque és a serva do meu Senhor. Sou o servo da serva do meu Senhor, porque tu, minha Senhora, te tornaste a Mãe do teu Senhor. Tornei-me teu servo porque te tornaste a Mãe do meu Criador.
Eu te suplico, Virgem Santa, que o Espírito do qual geraste Jesus me obtenha possuir Jesus. Que o Espírito pelo qual tua carne concebeu Jesus conceda à minha alma receber Jesus. Que o Espírito que te fez saber o que é possuir e dar à luz a Jesus me faça conhecer Jesus.  Que nesse Espírito no qual te declaraste a serva do Senhor, aceitando que se fizesse em ti segundo a palavra do Anjo, também proclame humildemente as grandezas de Jesus. Que nesse Espirito no qual tu o adoras como Senhor e o contemplas como Filho, também eu ame a Jesus. E possa eu, realmente, ter para com Jesus o mesmo respeito que ele tinha para com seus pais, embora, na verdade, fosse Deus.
ACI Digital

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Dom Orani: O Brasil corre o perigo de se tornar um país ateu

Dom Orani durante a Missa /
Foto: Facebook Santuário Basílica de São Sebastião - Frades Capuchinhos
RIO DE JANEIRO, 21 Jan. 20 / 03:35 pm (ACI).- Ao celebrar a festa de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, o Arcebispo local, Cardeal Orani João Tempesta, advertiu que o Brasil corre o perigo “de ser um país confessional ateu, e não um país laico que respeita todas as religiões”.
O Purpurado presidiu a Santa Missa do padroeiro na manhã de segunda-feira, 20 de janeiro, no Santuário Basílica de São Sebastião, na Tijuca, quando recordou a história desse santo mártir e assinalou a perseguição que os cristãos sofrem ainda nos dias de hoje.
“O Papa Francisco ultimamente tem falado que os mártires dos últimos tempos são em maior número do que nos primeiros séculos. A intolerância contra os cristãos católicos continua e muito na sociedade mundial”, afirmou Dom Orani durante sua homilia.
o Arcebispo ressaltou que “mesmo em nosso país nós vemos os últimos acontecimentos como falar contra Cristo, Maria e os cristãos católicos parece que além de render muito dinheiro, interessa as pessoas” e que se “impõem porque acham que podem fazer tudo”.
“Nosso país corre o perigo de ver uma teocracia ateia, de ser um país confessional ateu, e não um país laico que respeita todas as religiões. Nós vemos que um pouco essa maneira de pensar vai cada vez mais sendo propagada em todos os cantos”, advertiu.
Por outro lado, salientou que “aquilo que o mártir representa e é para nós faz com que nunca desanimemos em todas essas situações, mas saibamos que, quanto mais perseguidos e martirizados, mais fortes, mais animados e mais evangelizadores nós somos e seremos ainda mais”.
Nesse sentido, exortou os fiéis a não temer “aqueles que nos perseguem” e saber “viver esse nosso tempo com firmeza e sem desanimar com os duros ataques que têm contra a Igreja, contra Cristo, contra o Papa. Que nós permaneçamos firmes no Senhor, testemunhando em quem nós colocamos a nossa esperança e dando as razões da nossa esperança”.
Ainda durante sua homilia, o Cardeal Tempesta recordou a trezena realizada no Rio de Janeiro nos dias prévios à festa do padroeiro, quando teve a oportunidade de percorrer diferentes realidades da cidade.
“O que me chama atenção é que o carioca, ou aquele que veio viver no Rio de Janeiro, aprendeu com São Sebastião a se levantar das flechadas e continuar vida, aprendeu a não desanimar”, observou o Purpurado, destacando como os moradores do Rio de Janeiro continuem “firmes”, mesmo enfrentando a violência, problemas nas áreas da saúde, da educação, do emprego, entre outros.
“O carioca é um forte, o habitante do Rio de Janeiro é um forte e aprende com São Sebastião a assim viver”, exclamou.
Porém, ressaltou que “sermos fortes e continuarmos firmes, como nos dá exemplo São Sebastião, não significa sermos acomodados e conformados coma situação. Nós também temos o direito de sonhar com tempos diferentes”.
“Por isso, ao mesmo tempo que nós sabemos vencer as vicissitudes, sabemos levantar das flechadas que levamos na vida, também somos convidados e chamados a exigir de quem tem responsabilidade, para que realmente nós possamos ter tempos melhores em todos os campos e de todas as maneiras”, indicou.
Além disso, pontuou que, ao olhar essa realidade, vê-se também “a vocação de São Sebastião do Rio de Janeiro, que sempre teve uma importância nesse país”, de modo que o que acontece nesta cidade “se torna notícia nacional ou internacional”.
Desse modo, declarou, “temos também uma missão de poder dar esperança para o país de que, realmente, ao recuperar a cidade, ao retomar com alegria a justiça e a paz nessa cidade, também possamos olhar para o Brasil e pedir também que isso aconteça na liberdade, na fraternidade, na preocupação com o outro, sem os antagonismos e sem os ódios e rancores que às vezes nos dividem uns contra os outros”.
À tarde, a festa de São Sebastião na cidade do Rio de Janeiro contou ainda com uma multitudinária procissão que saiu da Basílica no bairro Tijuca, que é administrada pelos Capuchinhos, e seguiu até a Catedral Metropolitana no Centro da cidade.
ACI Digital

Beata Laura Vicuña, protetora da dignidade e pureza da mulher

REDAÇÃO CENTRAL, 22 Jan. 20 / 05:00 am (ACI).- “Obrigada Jesus, obrigada Maria” foram as últimas palavras da Beata Laura Vicuña, cuja festa é celebrada neste dia 22 de janeiro. Ofereceu sua vida a Deus para que sua mãe se convertesse e deixasse de conviver com um homem que as maltratava e que tentou se exceder com a pequena beata.

Laura Vicuña Pino nasceu em Santiago (Chile), em 1891. Seu pai pertencia a uma família aristocrática de grande influência política e social. Sua mãe, no entanto, era de condição humilde.
Naquela época, uma revolução ocorreu no Chile. A família teve que fugir da capital e se refugiar a 500 km de distância. O pai morreu e a mãe ficou na indigência, com a responsabilidade de duas meninas, ‘Laurita’, de dois anos, e Julia. As três emigraram para a Argentina e a mãe, Mercedes, começou a conviver com Manuel Mora.
Em 1990, Laura ingressou como interna no Colégio das Filhas de Maria Auxiliadora, em Junín de los Andes. Em pouco tempo, começou a se destacar por sua devoção e sonhou de ser religiosa.
Certo dia, escutou da professora que Deus não gosta muito dos que convivem sem se casar e ‘Laurita’ desmaiou de susto. Na aula seguinte, quando a professora voltou a tocar no tema da união livre, a pequena beata começou a ficar pálida.
Laura compreendeu a situação em que sua mãe vivia e, em sua tenra idade, sentiu muita dor por Deus ser ofendido. Não ficou ressentida com sua mãe, mas, ao contrário, decidiu entregar sua vida a Deus para que sua mãe se salvasse.
A beata comunicou seu plano ao confessor, o sacerdote salesiano Crestanello, que lhe disse: “Isso é muito sério. Deus pode aceitar sua proposta e você pode morrer muito em breve”. Mas, Laura continuou decidida com sua oferta.
No dia de sua primeira comunhão, aos dez anos, ofereceu-se a Deus é foi admitida como “Filha de Maria”. Entretanto, em sua casa, Mora tentou manchar a virtude de Laura e ela, valentemente, resistiu com a força derivada da fé autêntica.
O homem a colocou para fora de casa, a fez dormir sob a intempérie e deixou de pagar a escola. Mas, as Filhas de Maria Auxiliadora a aceitaram gratuitamente. Um dia ‘Laurita’ voltou para casa e Mora a agrediu violentamente.
Em pleno inverno, uma inundação atingiu a escola e Laura, ajudando a salvar as meninas mais novas, passou horas com os pés na água gelada. Ficou doente dos rins, com muitas dores e sua mãe a levou para casa, mas não se recuperou.
Ao entrar em agonia, a beata disse: “Mamãe, há dois anos ofereci minha vida a Deus em sacrifício para obter que você não viva mais em união livre. Para que se separa desse homem e viva santamente”.
Mercedes, chorando, exclamou: “’Laurita’, que amor tão grande teve por mim! Eu te juro agora mesmo. A partir de hoje, nunca mais voltarei a viver com esse homem. Deus é testemunho de minha promessa. Estou arrependida. A partir de hoje, minha vida mudará”.
A beata mandou chamar o confessor e lhe disse: “Padre, minha mãe promete solenemente a Deus abandonar a partir de hoje aquele homem”. Então, mãe e filha se abraçaram chorando.
O rosto de Laura mudou completamente e se tornou sereno e alegre porque sentiu que cumpriu a sua missão na terra. Recebeu a unção dos enfermos, o viático e beijou várias vezes o crucifixo.
À sua amiga, que rezava com ela, disse: “Como a alma se sente feliz na hora da morte, quando se ama Jesus Cristo e Maria Santíssima”. Em seguida, olhando para a imagem da Virgem, agradeceu alegremente a Jesus e Maria e partiu para Casa do Pai em 22 de janeiro de 1904.
A mãe teve que mudar de nome e se disfarçar para sair da região, porque Manuel Mora a perseguia. O resto de sua vida, Mercedes levou uma vida santa.
São João Paulo II beatificou Laura Vicuña em 1988 e, naquela ocasião, o Papa peregrino disse: “A suave figura de Beata Laura... ensina a todos que, com a ajuda da graça, é possível triunfar sobre o mal”.
ACI Digital

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Teologia da prosperidade e teologia do coaching.

Written by Jaime Francisco
Por Jaime Francisco de Moura

A Teologia da prosperidade e suas raízes


Esta ideologia segue a confissão positiva e tem suas origens numa antiga heresia conhecida como gnosticismo. Tal heresia data do primeiro e segundo séculos da era Cristã e ensinava que havia uma verdade especial, mais elevada, acessível somente aos iluminados por Deus. Os gnósticos acreditavam que na natureza humana há o princípio do dualismo, isto é, que o espírito e o corpo duas entidades separadas são opostos.

A teologia da prosperidade, nos tempos modernos, teve início com o norte-americano Phineas Parkhurst Quimby (1802-1866). Dedicou-se ao estudo da “cura espiritual”, iniciado com a prática da hipnose, que havia sido introduzida nos Estados Unidos.

Nas Igrejas protestantes, o principal idealizador da teologia da prosperidade foi Essek W. Kenyon, que se destacou nas décadas de 30 e 40. Ele foi influenciado pela Ciência da Mente, Ciência Cristã e pela Metafísica do Novo Pensamento. Aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy, ele empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos bíblicos que falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento positivo.

Se Essek William Kenyon foi o principal idealizador da “teologia da prosperidade”, coube a Kenneth Hagin a sua divulgação maciça por todo o mundo. Em abril de 1933, teria tido uma dramática experiência, que o levou à conversão, quando, por três vezes, teria morrido, vendo os horrores do inferno e retornando à vida. Em 1934, teria também se levantado do “leito da morte” pela “revelação da fé na Palavra de Deus”. Estudando os escritos de Kenyon, divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à confissão positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.

Com Hagin temos a configuração do falso ensino da “palavra da fé”, conceito tão importante que é o próprio título da principal revista do ministério criado por Hagin, num desenvolvimento das teses apresentadas por Kenyon. Reside aqui a ideia da “confissão positiva”, ou seja, como dizia Kenyon, “o que eu confesso, eu possuo”.
Essa doutrina se origina em uma “aparição”, em uma “visão” e, o que é mais importante, quando o próprio Hagin afirma que se encontrava aborrecido porque via os ímpios prosperarem, enquanto os membros de sua igreja passavam por dificuldades. Ele diz: “Eu costumava me preocupar quando eu via pessoas não salvas obtendo resultados, mas os membros da minha igreja não obtinham resultados. Então clareou em mim o que os pecadores estavam fazendo. Eles estavam cooperados com a lei de Deus – a lei da fé…” (HAGIN, K. Tendo fé em sua fé, p.4,5 apud HOWARD, J).

A primeira consequência danosa que a falaciosa “teologia da prosperidade” causa pode ser vista nos púlpitos das igrejas. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos. Muitos têm se aproveitado desta falsa teologia para amealharem riquezas e fazer do evangelho um negócio rentável e cada vez mais crescente. Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.

Outra consequência maligna que a “teologia da prosperidade” tem gerado nos corações daqueles que cristãos dizem ser é o hedonismo, isto é, a busca exacerbada e incessante pelo prazer. O envolvimento com as coisas deste mundo, a busca incessante pelo prazer, que tanto caracteriza o mundo hodierno, é uma das coisas que faz com que se despreze a busca de um tempo dedicado a Deus. Nestes últimos dias, em que há homens “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Tm 3,4), é natural que “não se tenha tempo para Deus”.

Diversos modismos têm surgido nas igrejas que propagam a teologia da prosperidade. Dentre as inúmeras cito, como exemplo, a “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”. Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso, rosa ungida, óleo de Israel, água do rio Jordão” etc.
Outra consequência terrível da falaciosa teologia da prosperidade é a perda dos ideais cristãos. Muitos cristãos estão preocupados somente com as coisas materiais, com o aqui e o agora, e estão esquecendo que o objetivo precípuo da nossa jornada é morar no Céu. Infelizmente, boa parte das igrejas evangélicas tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, quando demonstra privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o “ter” e não seu lado atemporal ou eterno, o “ser” (1Ts 4,17; 1Co 16,22).

Como a teologia da prosperidade é a base doutrinária das igrejas neopentecostais, ela gera literaturas “ditas cristãs” de auto-ajuda, confissão positiva, batalha espiritual, determinação da bênção, quarta dimensão, sacrifícios por meios de dízimos e ofertas (fogueira de Israel), encontros de células e G12 da onda apostólica.

É fácil identificar as igrejas neopentecostais pelo seu triunfalismo exacerbado, liderança centralizadora e autoritária, seus líderes tem idolatria pela mídia, pregam demasiadamente a total saúde e riqueza, falam demais nos demônios como causadores de todas as desgraças e misérias, atacam vergonhosamente a Igreja Católica e em cima da boa fé dos fiéis constroem seu poderoso império religioso e financeiro.

Teologia do coaching, a substituta da Teologia da Prosperidade

Mas o engraçado é que a teologia da prosperidade já começa a mudar de direção. Seus grandes ícones já foram expostos e desmascarados. Infelizmente ela ainda faz vítimas pela falta de conhecimento do povo, principalmente nas periferias, público alvo desse tipo de “teólogos”. Felizmente ela está cada vez mais marginalizada e ficando limitada a determinadas igrejas. Já está surgindo uma substituta para a tal teologia da prosperidade. É a teologia do coaching.

O que é o coaching?

Um mix de recursos que utiliza técnicas, ferramentas e conhecimentos de diversas ciências como a administração, gestão de pessoas, psicologia, neurociência, linguagem ericksoniana, recursos humanos, planejamento estratégico, entre outras visando à conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”.

Como o coaching acontece?

“Conduzido de maneira confidencial, o processo de Coaching é realizado através das chamadas sessões, onde um profissional chamado Coach tem a função de estimular, apoiar e despertar em seu cliente, também conhecido como coachee, o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja”.
O coaching utiliza de técnicas humanas num indivíduo que é o centro de tudo para que este alcance seus objetivos humanos. Muitos pastores e líderes tem enveredado por esse caminho. Tratam suas pregações como palestras motivacionais da fé que confundem fé com força e vontade, evangelho com motivacionismo e Cristo com um palestrante. O foco está naquilo que o homem pode fazer através da sua fé pessoal. Fé essa que passa por Cristo, mas que tem seu objeto na própria pessoa e nos seus esforços dirigidos. Muitas “pregações” tem o mesmo objetivo do coaching, ou seja, estão “visando à conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal, profissional, social, familiar, espiritual ou financeiro”. O apelo pode ser até espiritual, mas ainda assim você já deve ter escutado muito coisas do tipo “como ser o melhor marido”, “como atrair e fidelizar pessoas para o reino”, “alcançando sucesso através da fé”. Tudo isso travestido de espiritualidade…

Materialismo

Há um desejo enorme em conquistar coisas. Sejam elas produtos do mercado como carros, casas, roupas, viagens ou algo mais “espiritual” como paz, pessoas, bom casamento, filhos educados, castidade, etc. As pessoas querem conquistar, possuir e avançar, sendo tudo isso fruto não da humilhante auto confrontação e negação de si mesmo, mas da auto-afirmação. O papel do pastor se tornou muito parecido com o do coach: “estimular, apoiar e despertar em seu cliente (ovelha)… o seu potencial infinito para que este conquiste tudo o que deseja”. É exatamente isso que essa mistura humanista-materialista busca: o potencial infinito de cada ser humano para conquistar aquilo que ele deseja. Há uma conexão com o existencialismo, onde o indivíduo e sua busca pessoal por significado em si mesmo passa a ser o centro do pensamento filosófico.

A Teologia do Coaching busca descobrir o potencial de cada pessoa para que ela alcance seus próprios objetivos. Dependência de Deus é algo apenas fantasiado. Orações são feitas apenas para que Deus abençoe nossos planos e para que Ele nos dê apoio em nossa própria empreitada. O sobrenatural é esquecido e Deus vai ficando cada vez mais distante. Na Teologia do Coaching o soberano é o indivíduo com suas decisões de fé e sucesso. Em muitas igrejas tudo que você vai encontrar nos púlpitos são mensagens sobre o que os homens podem fazer para ser alguma coisa melhor do que já são. Até a mistura com conteúdos de coaching, marketing pessoal e psicologia você encontrará. Aliás, tem sido comum pastores e líderes entrarem nesses cursos e palestras para serem mais persuasivos, contagiantes e teatrais (pra não usar manipuladores). O Espírito Santo não tem muito espaço na Teologia do Coaching, mesmo que usem seu nome.

A Teologia do Coaching está substituindo a Teologia da Prosperidade. Esse discurso tem atraído jovens, empresários, profissionais liberais, e todo o tipo de gente, principalmente na classe média. E aqui está a transição entre as duas abordagens. A Teologia da Prosperidade faz uma barganha com Deus crendo que Ele efetuará milagres para benefício material e espiritual do homem. A Teologia do Coaching eliminou a barganha ao deixar Deus de longe, mas passou a ter no próprio homem a força “milagrosa” para seu benefício material e espiritual. Na Teologia da Prosperidade ainda há uma certa dependência de Deus e seu agir sobrenatural, enquanto na Teologia do Coaching o homem declarou sua independência. O relacionamento de barganha foi substituído para o relacionamento de platéia. O Deus da Teologia do Coaching está assistindo e torcendo pelos grandes empreendedores no palco da fé.

Essa é uma teologia mais sutil, que parece mais humilde, mas na verdade transborda soberba ainda mais do que a tenebrosa Teologia da Prosperidade. Seu ambiente menos escandaloso e mais conformado a cultura secular permite que esse tipo de abordagem lote igrejas e obtenha grande aceitação. Geralmente se fala o que as pessoas querem ouvir e pecados são tratados como pedra e obstáculos no caminho que devem ser superados. A pregação fica até mais dinâmica, com uso de mídias, frases de efeito e motivação mútua. Tudo isso associado com o desejo material dos nossos dias só contribuem para que a Teologia do Coaching ganhe terreno.

Conclusão

Teologia da Prosperidade e Teologia do Coaching, ambas são maléficas e distantes do Cristianismo bíblico que leva o homem a negar a si mesmo, humilhar-se diante de Deus e depender dele em tudo. Ter sucesso profissional e conquistar riquezas não é pecado em si, mas isso não pode ser um dos pontos centrais de nossa espiritualidade cristã. Cuidado para não substituir a teologia da prosperidade pela teologia do coaching, em ambas o deus que adoram é o mesmo: o homem.

Fonte:

http://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching/o-que-e-coaching/
Veritatis Splendor

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF