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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

O Papa no Bahrein: a vocação de todo ser humano na terra é de fazer a vida prosperar

O Papa Francisco no encontro com autoridades do Bahrein | Vatican News

"Rejeitemos a lógica das armas e invertamos o rumo, transformando as enormes despesas militares em investimentos para combater a fome, a falta de cuidados da saúde e da educação", disse Francisco em seu primeiro discurso no Bahrein.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se, nesta quinta-feira (03/11), com as Autoridades, Representantes da sociedade civil e o Corpo diplomático no Palácio Real Sakhir, em Awali, no Bahrein, no âmbito de sua 39ª Viagem Apostólica Internacional por ocasião do "Fórum do Bahrein para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Coexistência Humana".

Francisco agradeceu ao Rei do Bahrein, Sua Majestade Hamad bin Isa bin Salman Al Khalifa, pelo "amável convite para visitar o Reino do Bahrein", pelo "caloroso e generoso acolhimento" e suas palavras de boas-vindas.

"Aqui, onde as águas do mar circundam as areias do deserto e imponentes arranha-céus se erguem ao lado dos tradicionais mercados orientais, cruzam-se realidades muito diferentes: convergem antiguidade e modernidade, fundem-se história e progresso, e sobretudo pessoas da mais variada proveniência formam um original mosaico de vida", disse o Papa no início de seu discurso.

Pesquisa e valorização de seu passado

A fala do Papa foi norteada pelo «emblema de vitalidade» que caracteriza o país: a «árvore da vida» (Shajarat-al-Hayat). "Uma majestosa acácia, que, há séculos, sobrevive numa zona deserta, onde a chuva é muito escassa. Parece impossível que uma árvore tão longeva resista e prospere em tais condições. Na opinião de muitos, o segredo estaria nas raízes, que se estendem por dezenas de metros sob o solo, recorrendo aos depósitos subterrâneos de água."

"As raízes! O Reino do Bahrein empenha-se na pesquisa e valorização do seu passado, que fala de uma terra extremamente antiga, para onde acorriam os povos: sempre foi lugar de encontro entre populações diferentes", sublinhou Francisco, ressaltando que a maior riqueza das raízes do Bahrein "se vê na sua variedade étnica e cultural, na convivência pacífica e no tradicional acolhimento da população".

Segundo o Papa, os vários "grupos nacionais, étnicos e religiosos que coexistem" no Bahrein "testemunham que é possível e se deve conviver em nosso mundo", que se tornou uma "aldeia global, na qual dando como certa a globalização, ainda é em muitos aspectos desconhecido «o espírito da aldeia»", formado de "hospitalidade, solicitude pelo outro e fraternidade".

Trabalhar em prol da esperança

De acordo com Francisco, vemos o "crescimento em larga escala da indiferença e mútua suspeita, da extensão de rivalidades e contraposições que se esperavam superadas, de populismos, extremismos e imperialismos que põem em perigo a segurança de todos. Não obstante o progresso e tantas conquistas civis e científicas, aumenta a distância cultural entre as várias partes do mundo e, às benéficas oportunidades de encontro, antepõem-se perversas atitudes de conflito".

Em vez disso, pensemos na árvore da vida e distribuamos, nos desertos áridos da convivência humana, a água da fraternidade: não deixemos evaporar-se a possibilidade do encontro entre civilizações, religiões e culturas, não permitamos que sequem as raízes do humano!

“Trabalhemos juntos, trabalhemos em prol do todo, em prol da esperança! Estou aqui, na terra da árvore da vida, como semeador de paz, para viver dias de encontro, participar do Fórum de diálogo entre Oriente e Ocidente em prol da coexistência humana pacífica.”

O Pontífice disse que esses dias passados no Bahrein "marcam uma etapa preciosa no percurso de amizade que tem vindo a intensificar-se, nos últimos anos, com vários líderes religiosos islâmicos: um caminho fraterno que, sob o olhar do Céu, quer favorecer a paz na Terra".

Contribuição de diferentes povos

Francisco manifestou apreço "pelas conferências internacionais e as oportunidades de encontro que este Reino organiza e favorece, centrando-se especialmente na temática do respeito, da tolerância e da liberdade religiosa".

Voltando à árvore da vida, o Papa sublinhou que "os vários ramos de diferentes tamanhos que a caracterizam, com o passar do tempo, deram vida a espessas ramagens, fazendo crescer a sua altura e circunferência. Neste país, foi a contribuição de tantas pessoas de diferentes povos que consentiu um notável progresso produtivo".

“Isto tornou-se possível graças à imigração, que regista no Reino do Bahrein uma das taxas mais elevadas do mundo: cerca de metade da população residente é estrangeira e trabalha de forma significativa para o progresso de um país, onde – tendo deixado a própria pátria – se sente em casa.”

Todavia não se pode esquecer que, nos nossos dias, há ainda muita falta de trabalho e demasiado trabalho desumano: isto acarreta não só graves riscos de instabilidade social, mas representa um atentado à dignidade humana. De fato, o trabalho não é necessário apenas para se ganhar a vida, mas constitui também um direito indispensável para nos desenvolvermos integralmente e moldarmos uma sociedade à medida do ser humano.

Promoção em toda a área dos direitos 

A seguir, o Papa chamou a atenção para a crise do trabalho em todo o mundo. "Muitas vezes falta o trabalho, precioso como o pão; frequentemente é pão envenenado, porque escraviza". Ele pediu para que "sejam garantidas condições de trabalho seguras e dignas do ser humano, que não impeçam, mas favoreçam a vida cultural e espiritual; que promovam a coesão social, em prol da vida comum e do próprio progresso dos países".

O Bahrein pode gloriar-se de preciosas conquistas neste sentido: penso, por exemplo, na primeira escola feminina surgida no Golfo e na abolição da escravatura.

“Continue sendo farol na promoção em toda a área dos direitos e condições justas e cada vez melhores para os trabalhadores, as mulheres e os jovens, garantindo ao mesmo tempo respeito e solicitude por quantos se sentem mais à margem da sociedade, como os emigrantes e os reclusos: o desenvolvimento verdadeiro, humano, integral mede-se sobretudo pela atenção que lhes é prestada.”

A questão ambiental

A árvore da vida, que se ergue, solitária, na paisagem deserta, sugeriu ao Papa refletir sobre "dois âmbitos decisivos para todos e que interpelam primariamente quem, governando, detém a responsabilidade de servir o bem comum".

Em primeiro lugar, a questão ambiental: quantas árvores são derrubadas, quantos ecossistemas devastados, quantos mares poluídos pela ganância insaciável do homem, cuja conta se deve pagar depois! Não nos cansemos de trabalhar em prol desta dramática pendência, realizando opções concretas e previdentes, pensando nas gerações mais jovens, antes que seja demasiado tarde e se comprometa o seu futuro.

“Que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), que terá lugar no Egito dentro de poucos dias, constitua um passo em frente no referido sentido!”

Fazer a vida prosperar

Em segundo lugar,  "a vocação de todo ser humano na terra: fazer a vida prosperar". Infelizmente, vemos hoje e cada vez mais "ações e ameaças de morte". O Papa pensou em "particular na realidade monstruosa e insensata da guerra, que semeia por toda a parte destruição e erradica a esperança. Na guerra, aparece o lado pior do ser humano: egoísmo, violência e mentira. Sim, porque a guerra, qualquer guerra, constitui também a morte da verdade".

Rejeitemos a lógica das armas e invertamos o rumo, transformando as enormes despesas militares em investimentos para combater a fome, a falta de cuidados da saúde e da educação. Tenho no coração a tristeza por tantas situações de conflito.

“Olhando para a Península Arábica, cujos países desejo saudar com cordialidade e respeito, dirijo um pensamento especial e sentido ao Iêmen, martirizado por uma guerra esquecida que, como qualquer guerra, não leva a nenhuma vitória, mas apenas a amargas derrotas para todos.”

Recordo na oração sobretudo os civis, as crianças, os idosos, os doentes, e imploro: calem-se as armas, comprometemo-nos por toda parte e de verdade em prol da paz!

"A respeito disto, a Declaração do Reino do Bahrein reconhece que a fé religiosa é «uma bênção para todo o gênero humano», o alicerce «para a paz no mundo». Estou aqui como fiel, como cristão, como homem e peregrino da paz, porque hoje, mais do que nunca, somos chamados a nos comprometer seriamente com a paz", concluiu.

Por que a Coreia do Sul quer sediar a Jornada Mundial da Juventude?

Antoine Mekary | ALETEIA | I.MEDIA
Por Francisco Vêneto

Arquidiocese de Seul manifestou o desejo de organizar a edição de 2027 e o arcebispo explica um dos motivos mais dolorosos.

A Coreia do Sul quer sediar a Jornada Mundial da Juventude prevista para o ano de 2027 – a edição imediatamente seguinte à de Lisboa, que acontece em 2023.

O desejo foi manifestado pela Arquidiocese de Seul, cujo arcebispo, dom Peter Chung Soon-taick, explicou uma das motivações mais pungentes para o país:

“Seria uma oportunidade extraordinária para relançar a pastoral juvenil num país que luta com o inverno demográfico e com um sistema educacional dominado pela competitividade”.

De fato, a mesma Coreia do Sul que quer sediar a Jornada Mundial da Juventude apresenta hoje uma das taxas de natalidade mais baixas do planeta, com 0,8 filhos por casal. A preocupante diminuição do número de jovens no país repercute em todos os âmbitos – inclusive, naturalmente, na Igreja.

Dom Chung, que confirmou a intenção de apresentar oficialmente a candidatura de Seul para sediar a JMJ 2027, acrescenta:

“Precisamos de um ponto de virada para a pastoral juvenil em Seul e a JMJ é uma ocasião propícia. Apresentamos o projeto aos outros bispos da Coreia, que deram seu apoio. Ainda não há nada decidido. Mas estamos preparando o dossiê para ser enviado à Santa Sé com a nossa candidatura. Pode ser uma excelente oportunidade para reunir os jovens em torno de um projeto que os torna protagonistas. Daria início a um processo. E, após concluído, seria bom compartilhar a nossa experiência com todos. Seria uma oportunidade missionária para compartilhar os valores do Evangelho em nossa sociedade”.

A Coreia do Sul enfrenta graves problemas sociais também em decorrência da pressão desmedida pela competitividade e por indicadores de suposto sucesso individual, sobretudo nos resultados acadêmicos e profissionais.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A Igreja Católica no Reino do Bahrein

O Papa Francisco no Bahrein | Vatican News

Os católicos que residem no Bahrein estão sob a jurisdição do recém-criado Vicariato Apostólico da Arábia do Norte desde 2011 (anteriormente parte do Vicariato da Arábia de 1889 a 1953, depois Prefeitura Apostólica e depois Vicariato do Kuwait).

Vatican News

Como nas demais nações muçulmanas da Península Arábica, a presença de comunidades cristãs no Bahrein é relativamente recente e vinculada àquela de pessoal da diplomacia, empresas e trabalhadores estrangeiros, que chegaram ao país a partir de 1930.

Originalmente eram principalmente imigrantes de países do Oriente Médio, mas após o boom do petróleo, milhares de cristãos ali chegaram provenientes de diferentes nações asiáticas. Ainda hoje, a grande maioria dos cristãos no país (equivalente a cerca de 15% da população, 70% da qual é muçulmana) é composta por cidadãos estrangeiros que ali residem por motivos de trabalho. Eles são provenientes principalmente do Iraque, Turquia, Síria, Líbano, Egito, Palestina e Jordânia, mas também do Sri Lanka, Índia, Filipinas e países ocidentais.

Digno de nota que o Bahrein é um dos poucos países do Golfo a ter uma população cristã local: são cerca de mil fiéis, a maioria católicos de origem árabe, que chegaram ao Bahrein entre 1930 e 1950 e receberam a cidadania do Bahrein. Os católicos hoje são cerca de 161.000. No país, também há pequenas comunidades judaicas e hindus.

Embora o Islã seja a religião oficial e a Sharia esteja em vigor a Sharia, a lei islâmica, as comunidades cristãs e de outras religiões desfrutam de liberdade de culto, ao contrário do que ocorre na vizinha Arábia Saudita. À semelhança de Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos, de fato, já há algum tempo a casa reinante dos Al-Khalifa fez-se promotora de uma política religiosa tolerante e aberta ao diálogo inter-religioso, como confirmado, entre outras coisas, pelo fato de o Reino acolher vários locais de culto não-muçulmanos, incluindo duas paróquias.

A primeira igreja católica erguida nos tempos modernos na região do Golfo está localizada no Bahrein: trata-se da Igreja do Sagrado Coração construída em 1939 na capital Manama, em terras cedidas pelo Emir. Data de 10 de dezembro de 2021, por outro lado, a consagração da Catedral de Nossa Senhora da Arábia, a maior igreja católica da Península Arábica, construída no município de Awali em um terreno de 9 mil metros quadrados doado em 2013 pelo rei Hamad bin Isa al Khalifa. Um projeto iniciado em 2014 e fortemente desejado pelo então Vigário Apostólico da Arábia do Norte, Dom Camillo Ballin, falecido em 2020.

A consagração foi presidida pelo cardeal Luis Antonio Tagle que, no mesmo dia, havia encontrado o soberano, oportunidade em que lhe entregou uma carta do Papa Francisco. A abertura do rei do Bahrein ao diálogo com outras religiões também é confirmada pelas boas relações existentes com a Santa Sé com a qual o Bahrein mantém relações diplomáticas desde 2000.

Nos últimos anos, progressos significativos foram feitos nessas relações, em particular a partir de 2014, quando o rei Hamad, em visita ao Vaticano, apresentou ao Papa Francisco um modelo da Catedral de Nossa Senhora da Arábia e também enviou um convite ao Pontífice para visitar o Reino. A visita foi seguida pela do príncipe herdeiro Salman, em 2020, e pela visita em 25 de novembro de 2021 do Sheikh Khalid bin Ahmed bin Mohammed al-Khalifa, Conselheiro do Rei para Assuntos Diplomáticos, que entregou ao Papa a carta oficial de convite para visitar o país.

Naquela ocasião, por meio de seu enviado, o rei Hamad também expressou ao Pontífice sua adesão ao Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum assinado pelo Papa Francisco em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, por ocasião de sua visita aos Emirados Os Árabes Unidos, juntamente com o Sheikh Ahmed al Tayyeb, Grande Imam de al Azhar.

Neste mesmo espírito insere-se o "Fórum para o Diálogo do Oriente e do Ocidente para a Coexistência Humana" no qual, além do Papa, o próprio Sheikh al-Tayyeb foi convidado a participar, juntamente com outros líderes religiosos de alto nível.

Os católicos que residem no Bahrein estão sob a jurisdição do recém-criado Vicariato Apostólico da Arábia do Norte desde 2011 (anteriormente parte do Vicariato da Arábia de 1889 a 1953, depois Prefeitura Apostólica e depois Vicariato do Kuwait). Desde a morte do bispo Dom Camillo Ballin, M.C.C.I. em 2020 a sede está vacante e atualmente é confiada a um administrador apostólico na pessoa de Dom Paul Hinder, O.F.M. Cap., até abril de 2022 Vigário Apostólico da Arábia do Sul. Os dois Vicariatos são membros da Conferência dos Bispos Latinos para a Região Árabe (CELRA). Atualmente, cerca de 20 sacerdotes servem no Vicariato da Arábia do Norte, muitos deles capuchinhos, assistidos por religiosos e religiosas de outras congregações. O trabalho da Igreja local limita-se às atividades pastorais e a algumas iniciativas caritativas realizadas por grupos e associações paroquiais. Além de uma escola, a Igreja Católica não administra nenhuma atividade educacional ou instalações de saúde.

Segundo dados de 2020, o Bahrein tem uma superfície de 678 km² e uma população de cerca 1.472.000 habitantes. Os católicos são cerca de 161 mil, ou seja, 10,93 a cada 100 habitantes. Há 1 Circunscrição Eclesiástica e duas paróquias.

O rebanho católico é pastoreado e acompanhado por um bispo, 13 sacerdotes diocesanos, 7 sacerdotes religiosos, 1 religioso não sacerdote, 7 religiosas professas e 89 catequistas. Atualmente há 1 seminarista maior.

 Igreja é responsável por 2 escolas primárias, que atendem 987 estudantes, e uma escola média inferior e secundária, que atendem 328. estudantes.

São Carlos Borromeu

S. Carlos Borromeu | diocesesaocarlos
04 de novembro
São Carlos Borromeu

Origens

Carlos Borromeu nasceu no dia 2 de outubro de 1538, no castelo de sua família, na cidade de Arona, perto de Milão, Itália. Seu pai foi o milionário conde Gilberto Borromeu. Sua a mãe se chamava Margarida de Médicis. Ela pertencia à mesma família nobre e influente na sociedade italiana e na Igreja. Carlos foi o segundo filho.

Vocação

Os pais de Carlos Borromeu seguiram o hábito da época: entregaram-no para o serviço de Deus quando ele completou doze anos. Por uma grande felicidade, o menino tinha grande vocação religiosa e encontrou-se muito feliz no caminho do serviço a Deus. Sua vocação religiosa era bastante acentuada. Além disso, era penitente, cheio de piedade e caridoso para com todos os pobres.

Formação sólida

Carlos Borromeu tornou-se um estudioso aplicado e se destacou pela inteligência e sabedoria. Diplomou-se em direito canônico com apenas vinte e um anos. Um ano depois, entusiasmado com a fé e com grande ardor missionário, ele funda uma Academia para estudos religiosos. Esta academia teve total aprovação da Santa Sé.

Sobrinho do Papa Pio IV

Carlos Borromeu era sobrinho de Pio IV e isso o estimulava a seguir adiante no caminho da fé e não nas glórias humanas. Ele queria viver uma vida afastada, como monge. Porém, por causa de sua sabedoria e inteligência, com apenas vinte e quatro anos já era sacerdote e já tinha sido sagrado bispo de Milão. No cargo, ajudou a organizar a igreja e dedicou-se à evangelização.

Desejo de afastamento

São Carlos Borromeu sentindo-se bastante atraído pela vida monástica e contemplativa. Por causa disso, pensou seriamente em renunciar a seu cargo à frente da arquidiocese. Porém, seu amigo, o Venerável D. Frei Bartolomeu dos Mártires, então arcebispo de Braga, conseguiu dissuadi-lo dessa ideia. D. Bartolomeu o ajudou a perceber que, naquele século, repleto de maus exemplos dados pelo alto Clero, seria melhor que São Carlos Borromeu, um nobre, vindo de família milionária e sobrinho do Papa, desse um exemplo de vida pobre, humilde e santa como arcebispo. São Carlos Borromeu viu neste conselho a vontade de Deus e acatou, permanecendo arcebispo de Milão.

Exemplo de bispo 

Seguindo os conselhos de Jesus e os de seu amigo D. Frei Bartolomeu, São Carlos Borromeu foi utilizando todos os seus bens (e eram muitos!) na construção de hospitais, albergues para os pobres, casas de formação para os sacerdotes e religiosos. Além disso, teve atuação forte no Concílio de Trento e levou adiante as reformas sugeridas por tal Concílio.

Reformas e perseguições

Promoveu a adoção de disciplina mais rígida para os padres e religiosos. Com isso, criou hostilidades com aqueles que não estavam dispostos a abrir mão de privilégios. Porém, não se preocupava com isso. Por causa da disciplina que instaurou para o clero, São Carlos Borromeu chegou a ser vítima de um atentado, enquanto estava em oração em sua capela. São Carlos Borromeu, porém, saiu ileso e perdoou generosamente aquele que atentara contra sua vida.

Peste negra

Em 1576 a peste negra chegou a Milão. Milhares de pessoas morreram. Mais de cem padres também faleceram, contaminados pela peste quando ajudavam os doentes. São Carlos Borromeu foi bastante atuante em meio a essa mortandade. Visitava e dava assistência a todos os contaminados que conseguia. Levava a ales os sacramentos da Igreja e o consolo da fé, no meio da dor do sofrimento. Não tinha receio nem precauções ao se misturar com os doentes. Sofrendo por ver tantas mortes de inocentes, flagelou-se em praças públicas pedindo perdão a Deus, exercendo seu sacerdócio em nome de seu povo.

Morte

Este trabalho incansável, porém, consumiu suas forças. Tanto que, um dia, a febre o pegou. Ela não o matou de vez, mas tirou-lhe as forças minou seu corpo lentamente. Depois disso, conseguiu fazer muito menos e, alguns anos depois, faleceu com apenas quarenta e seis anos. Antes de morrer, proclamou-se feliz por ter seguido, em toda a sua vida, os ensinamentos de Cristo e pela graça de poder encontrar-se com o senhor de coração puro. Faleceu em 4 de novembro de 1584, estando em sua sede episcopal. Sua canonização foi celebrada pelo Papa Paulo V em 1610.

Oração a São Carlos Borromeu

Ó Deus, que aos vossos pastores associastes São Carlos Borromeu, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. São Carlos Borromeu, rogai por nós.”

Oração feita por São Carlos Borromeu dirigida ao Anjo da Guarda

Meu bom Anjo da Guarda, não sei quando e de que modo irei morrer. É possível que eu seja levado de repente ou que, antes do meu último suspiro, eu me veja privado das minhas capacidades mentais. E há tantas coisas que eu quereria dizer a Deus, no limiar da Eternidade... Por isso hoje, com a plena liberdade da minha vontade, venho pedir, Anjo da minha guarda, que faleis por mim nesse temível momento. Direis, então, ao Senhor, meu bom Anjo da Guarda:

- Que quero morrer na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, no seio da qual morreram todos os santos, depois de Jesus Cristo, e fora da qual não há salvação.

- Que peço a graça de participar nos méritos infinitos do meu Redentor e que desejo morrer pousando meus lábios na Cruz que foi banhada com o Seu Sangue.

- Que aborreço e detesto os meus pecados que ofenderam a Jesus e que, por amor a Ele, perdôo os meus inimigos, como eu próprio desejo ser perdoado.

- Que aceito a minha morte como sendo da vontade de Deus e que, com toda a confiança, me entrego ao Seu amável e Sacratíssimo Coração, esperando em toda a sua misericórdia.

- Que, no meu inexprimível desejo de ir para o Céu, me disponho a sofrer tudo quanto a Sua soberana Justiça haja por bem infligir-me.

Não recuseis, ó Santo Anjo da minha guarda, ser o meu intérprete junto de Deus e expor diante dEle que estes são os meus sentimentos e a minha vontade. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia.”(Mt 5,7)

Editora Cidade Nova

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia.”(Mt 5,7) | Palavra de Vida Novembro 2022

por Letizia Magri   publicado em 28/10/2022

NO EVANGELHO de Mateus, o Sermão da Montanha é colocado logo após o início da vida pública de Jesus. A montanha é vista como símbolo de um novo Monte Sinai no qual Cristo, novo Moisés, oferece a sua “lei”. O capítulo anterior fala de grandes multidões que começaram a seguir Jesus e às quais Ele dirigia seus ensinamentos. Ao passo que neste discurso, Jesus fala aos discípulos, à comunidade nascente, àqueles que mais tarde seriam chamados de cristãos. Ele introduz o “Reino dos Céus”, que é o tema central da pregação de Jesus1. As Bem-Aventuranças representam o manifesto programático da sua pregação, a mensagem da salvação, a síntese de toda a Boa Nova, que é a revelação do amor salvífico de Deus2.

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia.”

O que é misericórdia? Quem são os misericordiosos? A frase é introduzida pela palavra "bem-aventurado(s)"3, que significa feliz, afortunado, e também assume o significado de ser abençoado por Deus. No texto, entre as nove bem-aventuranças, esta se encontra na posição central. Elas não querem representar comportamentos que serão recompensados, mas são verdadeiras oportunidades de alguém se tornar um pouco mais semelhante a Deus. De modo especial, os misericordiosos são aqueles cujos corações estão cheios de amor por Ele e pelos irmãos e irmãs, um amor concreto que se inclina para os últimos, os esquecidos, os pobres, para aqueles que necessitam desse amor altruísta: com efeito, a Misericórdia é um dos atributos de Deus4; o próprio Jesus é misericórdia. 

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia.”

As Bem-Aventuranças transformam e revolucionam os princípios mais comuns de nosso modo de pensar. Elas não são apenas palavras de consolação, mas têm o poder de mudar o coração, têm o poder de criar uma nova humanidade, tornam eficaz o anúncio da Palavra. É preciso viver a bem-aventurança da misericórdia também em relação a si mesmo, reconhecer-se necessitado daquele amor extraordinário, superabundante e imenso que Deus reserva para cada um de nós. 

A palavra misericórdia5 vem do hebraico rehem, “ventre”e evoca uma misericórdia divina sem limites, como a compaixão de uma mãe por seu filhinho. É um amor que não mede, mas é abundante, universal, concreto. Um amor que procura suscitar a reciprocidade, objetivo principal da misericórdia. [...] Então, se tivermos sofrido uma ofensa, seja ela qual for, uma injustiça de qualquer tipo, perdoemos, e seremos perdoados. Sejamos os primeiros a usar de piedade, a mostrar compaixão! Embora pareça difícil e ousado, perguntemo-nos, diante de cada próximo: como o trataria a mãe dele? Este é um pensamento que nos ajuda a entender e a viver em conformidade com o coração de Deus6

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois eles alcançarão misericórdia.”

Após dois anos de casamento, nossa filha e seu marido decidiram se separar. Nós a recebemos de volta em casa e, nos momentos de tensão, procuramos amá-la sendo pacientes, com o perdão e a compreensão em nossos corações, mantendo uma relação de abertura diante dela e de seu marido, sobretudo procurando não julgar. Após três meses de escuta, de ajuda discreta e de muitas orações, eles voltaram a conviver, com uma nova consciência, confiança e esperança7

De fato, ser misericordioso é mais do que perdoar. É ter um coração grande, é estar ansioso por apagar tudo, queimar tudo o que possa dificultar o nosso relacionamento com os outros. O convite de Jesus para sermos misericordiosos quer oferecer um modo de nos reaproximarmos do projeto original, de modo que possamos nos tornar aquilo que era o objetivo para o qual fomos criados: sermos imagem e semelhança de Deus.

1) Cf. Mt 4,23 e 5,19-20. 

2) LUBICH, Chiara. Um amor materno. Palavra de Vida, novembro de 2000. 

3) Em grego: makarios/makarioi, palavra usada tanto para descrever uma situação de sorte, de felicidade dos seres humanos, como para indicar a condição privilegiada dos deuses com relação à dos seres humanos. 

4) Em hebraico: hesed, isto é, amor desinteressado e acolhedor, pronto a perdoar. 

5) Em hebraico: rahamim

6) Cit., LUBICH, Chiara. Um amor materno. Palavra de Vida, novembro de 2000.

7) Experiência que se encontra no site 

Por Letizia Magri

A autora é especialista em matrimônio e família na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma. Desde março de 2017, escreve a Palavra de Vida como representante de um grupo de membros do Movimento dos Focolares de diferentes idades, culturas e profissões, entre os quais especialistas em exegese bíblica, ecumenismo e comunicação.

Os adolescentes não têm uma imagem ruim de Jesus

Crédito: Guadium Press
80% dos adolescentes não cristãos dizem que gostariam de saber mais sobre Jesus Cristo, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Barna.

Redação (02/11/2022 14:30Gaudium Press) 25.000 adolescentes – entre 13 e 17 anos – de todo o mundo foram consultados sobre Jesus, segundo relata ReligiónEnLibertad.

A pesquisa foi realizada pelo Grupo Barna, especializado em pesquisas sobre questões religiosas. Foram entrevistados jovens de países com forte presença cristã e outros que não.

Do total, 22% afirmam que são cristãos comprometidos, e 30% como cristãos nominais. Os demais se declaram ateus ou agnósticos.

Os aspectos “positivos” e “negativos” da indagação sobre Jesus estão refletidos nas duas imagens abaixo:

Os autores do estudo dizem que é raro “os adolescentes pensarem mal de Jesus”. “A impressão geral de Jesus é que ele é confiável, generoso, sábio, pacífico, e a lista brilhante continua.”

Da mesma forma, “ideias neutras sobre Jesus são mais comuns do que as negativas, mesmo entre os não-cristãos”. 46% dizem que Jesus oferece esperança; dois em cada cinco (43%), que Ele se preocupa com as pessoas; e mais de um terço, que é digno de confiança ​​(39%) e generoso (37%).

Mas não são poucos os que o veem como alguém distante, ou irrelevante para os problemas de cada um.

Apenas 24% acham que isso faz diferença no mundo de hoje, e 23%, dizem que é possível estabelecer uma relação pessoal com ele. A mesma porcentagem daqueles que se declaram cristãos comprometidos.

36% dizem que “Jesus é Deus que, em forma humana, veio para nos perdoar dos nossos pecados.” Mas quando se aprofunda em conhecimentos teológicos, como Encarnação, Ressurreição, prevalece a confusão entre os adolescentes.

Um dado importante que pode encorajar muito o apostolado: entre os adolescentes não cristãos, 80% dizem que estão “muito” ou “bastante” motivados a conhecer mais sobre Jesus Cristo.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

O Papa Francisco parte para o Bahrein

O Papa Francisco parte para o Bahrein  (Vatican Media)

Francisco estará de 3 a 6 de novembro no Reino do Bahrein. Esta manhã, na Casa Santa Marta, antes de seguir para o aeroporto para a Viagem Apostólica ao Bahrein, o Papa Francisco encontrou três famílias de refugiados da Ucrânia, acolhidas por famílias italianas.

Silvonei José, Vatican News

O Papa Francisco deixou o aeroporto de Fiumicino (Roma) às 9h45, hora de Roma, desta quinta-feira, com destino ao Bahrein onde deverá chegar por volta das 16h45, hora local (14h45, hora de Roma) depois de mais de 5 horas de voo percorrendo 4.228 Km.

Aceitando o convite das autoridades civis e eclesiásticas, o Papa Francisco realiza a anunciada Viagem Apostólica ao Reino do Bahrein de 3 a 6 de novembro, visitando as cidades de Manama e Awali por ocasião do Fórum do Bahrein para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Coexistência Humana".  Na cidade de Awali, foi consagrada em 10 de dezembro de 2021 a Catedral de Nossa Senhora da Arábia, padroeira do Golfo Pérsico.

Papa Francisco (Vatican Media)

Encontro com famílias refugiadas

Esta manhã, na Casa Santa Marta, antes de seguir para o aeroporto para a Viagem Apostólica ao Bahrein, o Papa Francisco encontrou três famílias de refugiados da Ucrânia, acolhidas por famílias italianas.

Tratou-se da esposa de um sacerdote ortodoxo, com dois filhos, um de 18 anos e uma filha de 14 anos, da região de Kropyvnytskyi, a 150 km de Mykolaiv, enquanto seu marido e seu filho mais velho permaneceram na Ucrânia; também uma mãe de 30 anos com duas filhas de 4 e 7 anos que haviam fugido da cidade parcialmente ocupada de Zaporizhzhia; e uma mulher de 53 anos com um filho de 13 anos, com uma grave deficiência, e sua mãe de 73 anos, de Kiev.

Será a 39ª viagem apostólica

Esta é a 39ª Viagem do Papa Francisco que já visitou 54 países diferentes nestes quase 10 anos de pontificado. Dentro da Itália, o Papa fez 31 visitas pastorais a 41 cidades ou vilarejos. Sua última viagem ao exterior foi ao Cazaquistão de 13 a 15 de setembro deste ano por ocasião do VII Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais.

Logotipo e lema

O logotipo da viagem é formado pelas bandeiras do Reino do Bahrein e da Santa Sé, representadas de forma estilizada como duas mãos abertas para Deus, simbolizando também o compromisso dos povos e nações de se encontrarem num espírito de abertura, sem preconceitos, como "irmãos e irmãs". O fruto do encontro fraterno é o dom da paz, simbolizado pelo ramo de oliveira representado no centro das "duas mãos".

A escrita "Papa Francisco" é azul para indicar que a Viagem Apostólica é confiada à intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, venerada sob o título de Nossa Senhora das Arábias, particularmente na catedral do mesmo nome, um presente do Reino do Bahrein à Igreja Católica do país.

O lema da Visita, "Paz na terra aos homens de boa vontade", é inspirado nas palavras cantadas pelos anjos na história do nascimento do Senhor no Evangelho de Lucas.

São Martinho de Lima: fascinante, negro, filho ilegítimo e santo da vassoura

CC | Este pobre irmão leigo do Peru conseguiu viajar para a França, China e
Manila por meio da bilocação
03 de novembro

“Eu te medico, Deus te cura”

São Martinho nasceu em Lima, no Peru, em 1579.

Era filho de uma escrava liberta panamenha, provavelmente de ascendência africana e indígena, com um nobre espanhol que vivia no Peru. Por causa da tez escura e de ter nascido fora do casamento, o jovem era discriminado e considerado de “baixo status social“. Em vez de ficar ressentido, porém, ele preferiu transformar a compaixão pelos pobres e pelos desprezados em missão de vida e dedicou toda a sua existência a servi-los por amor a Cristo.

Foi desde pequeno que Martinho se sentiu ligado aos pobres e doentes. Como membro da ordem dominicana, à qual ingressou como terciário aos 15 anos de idade, exerceu o ofício de barbeiro e enfermeiro, atendendo pobres e ricos sem distinções – e, por isso mesmo, foi alvo de incompreensões e invejas.

Eu te medico, Deus te cura, costumava dizer ele.

Por seu intermédio, Deus realizou milagres de cura instantânea. Houve até ocasiões em que a sua presença bastou para que doentes em estado terminal começassem a se recuperar. Existem depoimentos de pessoas que o viram entrar e sair de lugares cujas portas estavam trancadas e testemunhos que asseguram tê-lo visto em dois lugares diferentes ao mesmo tempo: é o fenômeno da bilocação.

No entanto, ele jamais perdeu a humildade, tanto que, na iconografia, é representado na grande maioria das vezes com uma vassoura, porque no convento também exercia ofícios singelos como os de faxina.

São Martinho de Lima
CC

O frei Martinho era tão admirado que até o vice-rei do Peru foi visitá-lo no seu leito de morte e lhe beijar a mão.

O santo partiu para a vida eterna em 3 de novembro de 1639, beijando o crucifixo com profunda serenidade. Essa é a data da sua festa litúrgica.

São João XXIII o canonizou em 1962.

Seu nome em espanhol é Martín, razão pela qual podemos encontrar o seu nome traduzido em português às vezes como Martinho, às vezes como Martim. Além disso, ele também é conhecido tanto por Martinho de Lima quanto por Martinho de Porres, que era o sobrenome do seu pai.

São Martinho é um dos vários santos de pele negra da história da Igreja, ao lado de homens e mulheres de imensa importância como Santo Agostinho, sua mãe Santa Mônica, São Maurício, Santa Josephine Bakhita e São Bento, o Mouro.

São Martinho de Lima
CC

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Qual é o segredo da longevidade das ordens religiosas mais antigas?

Philippe Lissac / GODONG
Por Marzena Devoud

700, 800, 900 anos, e até cerca de 1.000... Algumas ordens religiosas estão entre as mais antigas organizações do mundo. Entre intuição fundadora e regras de vida, oração e trabalho, disciplina e fraternidade, qual é o segredo da sua longevidade?

Existe uma forma comum de vida religiosa que garanta uma longevidade de sete, oito, nove séculos? Qual é a fórmula que dá resultados tão impressionantes? Muitos pesquisadores têm-se empenhado em considerar esta questão, analisando de perto as ordens religiosas mais antigas. Como, por exemplo, o mosteiro beneditino em Engelberg, Suíça, fundado em 1120. Esse mosteiro histórico foi objeto de estudo de Emil Inauen, da Universidade de Zurique, no que diz respeito à influência do seu governo monástico na capacidade de sobrevivência.

Outros pesquisadores compararam a diferença nos modos de funcionamento entre ordens contemplativas (os cistercienses) e ordens de pregação (os dominicanos) respectivamente com os seus potenciais de longevidade, particularmente através de mecanismos de governança. Estes são definidos pelas regras da vida monástica (incluindo a Regra de São Bento ou a de Santo Agostinho), que constituem verdadeiros tesouros de sabedoria. Evidentemente, são uma verdadeira fonte de inspiração para a vida quotidiana de cada cristão, mas também o são para os gestores de empresas!

Tesouros de Sabedoria

A esta luz, e tendo em conta o inevitável desgaste do tempo, será que os beneditinos, os franciscanos, os premonstratenses, os dominicanos… ainda têm um futuro à sua frente? “Sim, penso que sim”, o frade dominicano Dominique-Marie Dauzet, autor de uma história monumental da Ordem Premonstratense, que celebrou 900 anos desde a sua fundação em 2021, respondeu à Aleteia:

Nos nossos dias, a vida comum na Igreja tem um verdadeiro atrativo, tanto entre os jovens atraídos pelo sacerdócio ou pela vida religiosa, como entre os próprios bispos. Mas uma vida comum sem uma regra e sem autoridade torna-se complicada. A ordem, que começou como uma “nova comunidade” em 1121, é rica na sabedoria de 900 anos de vida comum, enriquecida pela experiência do que funcionou e do que não funcionou.

Dominique-Marie Dauzet oferece o exemplo da constituição dos Premonstratenses, constantemente revista de acordo com a evolução do direito canónico e eclesiástico:

“Aqui reside a força”, conclui ele, “da ordem atual: amizade fraterna na vida comum; apostolado e liturgia, com uma forma de exigência monástica”.

Descubra as 10 ordens religiosas mais longevas da história:

Os beneditinos, fundado em 529 por S. Bento de Núrsia
Os franciscanos, fundado em 1210 por S. Francisco de Assis
Os dominicanos, fundado em 1215 por S. Domingos de Gusmão
Os cartuxos, fundado em 1084 por S. Bruno
Os jesuítas, fundado em 1540 por S. Inácio de Loyola, S. Francisco Xavier e
S. Pedro Favre
Os premonstratenses, fundado em 1120 por S. Norberto de Xanten
Os Carmelitas descalços, aprovado em 1591 pelo Papa Gregório XIII
Os carmelitas, fundado em 1274 por S. Alberto de Jerusalém
Os cistercienses, fundado em 1098 por Roberto de Molesme e
S. Bernardo de Claraval (Espiritual)
As clarissas, fundado em 1212 por Clara de Assis
Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF