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sábado, 30 de setembro de 2017

Santuário da Piedade celebra hoje 250 anos de peregrinações


BELO HORIZONTE, 30 Set. 17 / 08:00 am (ACI).- Neste dia 30 de setembro, a Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) celebra os 250 anos de peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caetés, uma história que remete ao século XVIII, com um milagre ocorrido nesta região.
Conforme explica o site do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, tudo começou quando uma jovem, surda e muda, passou a falar e a ouvir após testemunhar uma aparição da Virgem Maria no alto da Serra da Piedade.
A história dessa menina se tornou conhecida pela região, atraindo peregrinos para o território dedicado a Maria, Mãe da Piedade. Os relatos do milagre chegaram aos ouvidos do português Antônio da Silva Bracarena, que estava no Brasil em busca de riquezas e se converteu ao tomar conhecimento de tal fato.
Tocado pelo milagre, Bracarena decidiu viver como eremita no alto da Serra e investir tudo o que possuía na construção da pequena igreja. Foi no dia 30 de setembro de 1767 que Bracarena recebeu a autorização para erguer a Ermida de Nossa Senhora da Piedade.
Antes mesmo de se converter, Bracarena já trabalhava na construção de Igrejas e, por isso, conhecia o escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o qual anos mais tarde foi reconhecido como mestre do barroco mineiro.
Bracarena pediu a Aleijadinho que fizesse uma imagem de Nossa Senhora da Piedade para o altar da capela que estava sendo construída. A peça, um dos primeiros trabalhos de Aleijadinho, é a mesma que ainda hoje está no altar da Ermida. Trata-se de uma imagem de importância internacional por seu valor religioso, cultural e artístico.
Em reconhecimento à devoção do povo mineiro e aos peregrinos que visitam o Santuário na Serra da Piedade, em 1960, por decreto do Papa João XXIII, Nossa Senhora da Piedade se tornou padroeira de Minas Gerais.
Assim, há 250 anos, o Santuário de Nossa Senhora da Piedade reúne peregrinos que vão conhecer o local, agradecer e pedir graças pela intercessão da Virgem da Piedade. Todos os anos, são acolhidos mais de 500 mil fiéis.
Neste ano em especial, vive-se o Jubileu dos 250 anos de peregrinação ao Santuário de Caeté, que foi aberto no dia 1º de janeiro pelo Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Na ocasião, foi lida uma mensagem do Papa Francisco, que concedeu a sua bênção apostólica a todos os peregrinos do Santuário de Nossa Senhora da Piedade e aos fiéis da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Hoje, no marco desta celebração, Dom Walmor presidirá a Santa Missa na Ermida da Padroeira e também será feita uma homenagem aos amigos e benfeitores do Santuário, com entrega da Medalha Comemorativa.
ACI Digital

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,24-25.27:CCL41,551-553)                   (Séc.V)

Em boas pastagens apascentarei minhas ovelhas
E as retirarei dentre as nações, reuni-las-ei de todos os lugares e as conduzirei para sua terra e as apascentarei sobre os montes de Israel (Ez 34,13). Ele criou os montes de Israel; são os autores das divinas Escrituras. Alimentai-vos ali onde com segurança encontrareis alimento. Que vos cause gosto tudo quanto dali ouvirdes; aquilo que lhe é estranho, rejeitai. Não vagueeis no meio do nevoeiro; ouvi a voz do pastor. Reuni-vos nos montes da Sagrada Escritura. Aí se acham as delícias de vosso coração; aí, nada de venenoso, nada de contrário; são pastagens fertilíssimas. Vinde, somente vós, sadias, nutri-vos nos montes de Israel. 
E nas nascentes e em todo lugar habitado da terra (Ez 34,13 Vulg). Dos montes a que nos referimos brotaram as nascentes da pregação evangélica, quando por toda a terra se difundiu sua voz (cf. Sl 18,5). E toda a terra habitada se tornou amena e fecunda para alimento das ovelhas. 
Em boas pastagens e nos altos montes de Israel as apascentarei. E ali estarão colocados seus redis (Ez 34,14), quer dizer, onde irão descansar, onde dirão: “Como é bom aqui”, onde dirão: “É verdade, está tudo claro, não fomos enganadas”. Repousarão na glória de Deus, como em seu redil. E dormirão, isto é, repousarão, em grandes delícias. 
Em férteis campos serão apascentadas sobre os montes de Israel (Ez 34,14). Já falei dos montes de Israel, dos bons montes para onde erguemos os olhos para daí nos vir auxílio. Mas o nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra (cf. Sl 123,8). Por isso, para que nem mesmo nos bons montes esteja nossa esperança, tendo dito: Apascentarei minhas ovelhas sobre os montes de Israel, e para que tu não te fixes nos montes, acrescenta logo: Eu apascentarei minhas ovelhas. Ergue os olhos para os montes, donde te virá auxílio, mas presta atenção ao que te diz: Eu apascentarei. Pois teu auxílio vem do Senhor que fez o céu e a terra. 
Termina assim: E as apascentarei com justiça (Ez 34,16). Reparai que só ele apascenta desse modo, aquele que apascenta com justiça. Que pode um homem julgar acerca de outro homem? Tudo está repleto de juízos temerários. Aquele de quem desesperávamos, de repente se converte e se torna ótimo. De quem muito esperávamos, subitamente fraqueja e se faz péssimo. Nem nosso temor é seguro, nem certo nosso amor. 
Aquilo que cada homem é hoje, mal sabe ele próprio. No entanto, é alguma coisa hoje. O que será amanhã, nem ele o sabe.Portanto, é só Ele quem apascenta com justiça, restituindo a cada um o que é seu: a estas, umas coisas; àquelas, outras. Dando o devido a cada uma, isto ou aquilo. Pois sabe o que faz. Apascenta com justiça aqueles que redimiu ao ser justiçado. Apascenta, portanto, com justiça.
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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Beato Paulo VI, autor da encíclica Humanae Vitae

REDAÇÃO CENTRAL, 26 Set. 17 / 09:30 am (ACI).- O Beato Paulo VI é o Papa autor da encíclica Humanae Vitae, a visionária encíclica sobre a defesa da vidae da família, e quem concluiu o Concílio Vaticano II, iniciado em 1962 por São João XXIII.

Giovanni Battista Montini nasceu na Lombardia (Itália), em 26 de setembro de 1897, e faleceu em Castel Gandolfo, em 6 de agosto de 1978, após um pontificado de 15 anos iniciado em 1963.
Em 29 de maio de 1920, aos 22 anos, foi ordenado sacerdote e enviado a Roma para estudar na Pontifícia Universidade Gregoriana, na Universidade de Roma La Sapienza e na Pontifícia Academia Eclesiástica.
Quatro anos depois, foi designado para o escritório da Secretaria de Estado, onde permaneceu por 30 anos.
No dia 1ºde novembro de 1954, aos 57 anos, foi nomeado Arcebispo de Milão e, em 15 de dezembro de 1958, São João XXIII o nomeou Cardeal.
Em 1963, com a morte de São João XXIII, o então Cardeal Montini foi eleito Papa no dia 21 de junho, tomando o nome Paulo VI e dizendo ao mundo que continuaria com o trabalho de seu predecessor.
No dia 24 de junho de 1967, abordou o tema do celibato em uma encíclica e em 24 de julho de 1968 escreveu em sua encíclica Humanae Vitae sobre a regulação da natalidade. Ambos foram temas controversos durante seu pontificado.
O Beato protagonizou importantes mudanças na Igreja. Algumas de natureza ecumênica, como seu célebre abraço com o patriarca Atenágoras, em 1964, e o mútuo levantamento de excomunhões.
Outros, de índole pastoral, como ter iniciado a era moderna das viagens pontifícias com visitas aos cinco continentes, assim como a Terra Santa e a ONU. Além disso, promulgou em 1969 a reforma litúrgica.
Paulo VI também criou cardeais Karol Wojtyla, em 1967 e Joseph Ratzinger, em 1977, os quais seriam seus sucessores São João Paulo II e Bento XVI, respectivamente.
As encíclicas escritas pelo beato são Ecclesiam Suam (6 de agosto de 1964), Mense Maio (29 de abril de 1965), Mysterium Fidei (3 de setembro de 1965), Christi Matri (15 de setembro de 1966), Populorum Progressio (26 de março de 1967), Sacerdotalis Caelibatus (24 de junho de 1967) e Humanae Vitae (25 de julho de 1968).
ACI Digital

A ciência confirma parte de popular lenda atribuída a São Francisco de Assis





São Francisco de Assis. Imagem: Pintura de Jusepe de Ribera.
REDAÇÃO CENTRAL, 27 Set. 17 / 05:30 pm (ACI).- Uma equipe de cientistas europeus confirmou parte da lenda do saco de pão que São Francisco de Assis enviou, com a ajuda de um anjo, aos frades franciscanos oprimidos pela fome e pelo isolamento em um mosteiro italiano, no inverno de 1224.
Em um artigo publicado na revista Radiocarbon, da Universidade de Cambridge, os cientistas, liderados por Kaare Lund Rasmussen, professor associado da University of Southern Denmark, destacaram que esta é a primeira vez que o “saco de pão São Francisco” foi estudado pela ciência.
Segundo a lenda, São Francisco estava na França e enviou o saco cheio de pães aos seus irmãos famintos no mosteiro de Folloni, perto de Montella, na Itália.
Mosteiro de São Francisco, em Folloni. Foto: University of Southern Denmark.
O saco de pão foi conservado no mosteiro até hoje.
Os cientistas explicaram: “Analisamos amostras do saco para obter uma data de radiocarbono (14C) e procurar vestígios de pão”.
O estudo revelou que o saco de pão realmente era do período de 1220 a 1295, “o que coloca o têxtil no período de tempo apropriado segundo a lenda”, explicaram.
Além disso, a análise química revelou a presença de ergosterol, “um biomarcador conhecido da fabricação da cerveja, do cozimento ou da agricultura”.
“Neste artigo demonstramos a validade do ergosterol como um biomarcador da presença de pão no passado”, assinalaram.
Em conclusão, os cientistas assinalaram que “parece que há uma boa correspondência entre a lenda franciscana e os dois métodos científicos mais decisivos que são relevantes para analisar o saco de pão”.
“Embora não seja uma prova, a nossa análise mostra que o saco de pão realmente poderia ser autêntico”.
Em declarações recolhidas pela University of Southern Denmark, Kaare Lund Rasmussen adverte que, embora o saco corresponda ao período da lenda, o fato de que foi enviado por São Francisco e levado por um anjo é mais um tema de fé do que da ciência.
ACI Digital

domingo, 24 de setembro de 2017

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,13:CCL41,539-540)                (Séc.V)

Os cristãos enfermos
Ao enfermo, diz o Senhor, não fortificastes (Ez 34,4). Diz aos maus pastores, aos pastores falsos, que buscam seu interesse, não o de Jesus Cristo. Aos que se alegram com as dádivas do leite e da lã, mas descuram totalmente as ovelhas e não cuidam das doentes. Parece-me haver diferença entre enfermo e doente – pois costuma-se chamar de enfermos os doentes; enfermo quer dizer não firme, e doente o que se sente mal.  
Na verdade, irmãos, esforçamo-nos de algum modo por distinguir estas coisas, mas talvez com maior aplicação poderíamos nós ou outro mais entendido e com o coração mais cheio de luz discernir melhor. À espera disto, para que não sejais privados em relação às palavras da Escritura, falo o que penso. É de se temer sobrevenha uma tentação ao enfermo que o debilite. O doente, ao contrário, já adoeceu por alguma ambição e por esta ambição se vê impedido de entrar no caminho de Deus, de submeter-se ao jugo de Cristo.  
Observai esses homens que desejam viver bem, já decididos a viver bem. São, no entanto, menos capazes de suportar os males do que fazer o bem. Pertence à firmeza do cristão não apenas fazer o bem, mas também tolerar os males. Aqueles, pois, que parecem ardentes nas boas obras, mas não querem ou não podem suportar as provações iminentes, estes são enfermos. Por outro lado, aqueles que amam o mundo e por qualquer desejo mau se afastam até das obras boas, jazem gravemente doentes, visto que pela doença, sem forças, nada de bom podem realizar. O paralítico era um destes, na alma. Os que o carregavam, não podendo levá-lo até junto do Senhor, descobriram o teto e fizeram-no descer. É isto que terias de fazer: descobrir o teto e colocar junto do Senhor a alma paralítica, com todos os membros frouxos, e vazia de obras boas, curvada sob o peso dos pecados e doente com o mal de sua cobiça. Portanto, se todos os seus membros estão frouxos e há paralisia interior para levá-la ao médico – talvez o médico esteja escondido no teu interior: seria este um sentido oculto nas Escrituras– se queres descobrir-lhe o que está oculto, descobre o teto e faze descer diante dele o paralítico.
A quem assim não procede e desdenha fazê-lo, ouvistes o que lhe dizem: Aos doentes não fortalecestes, ao fraturado não pensastes (Ez 34,4); já explicamos esta passagem. Estava alquebrado pelo terror das provações. Mas surge algo que restaura a fratura, estas palavras de consolo: Fiel é Deus que não permitirá serdes tentados além do que podeis suportar, mas com a tentação vos dará o meio de sair dela para que a possais suportar (1Cor 10,13).
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Crônica: A tamareira e a beleza da mulher na Bíblia

A tamareira e a beleza da mulher na Bíblia - AP

Dubai (RV*) - Amigas e amigos, a oportunidade de adentrar na literatura e folclore de uma região, induz o leitor ou observador a descobertas maravilhosas.  São fontes das quais surgem parábolas, comparações, anedotas e ditos que expressam sabedoria, sentimentos, nobreza e alegria.  Infalivelmente, encontramos elementos do ambiente que rodeiam ou estão ao alcance das pessoas. É assim que árvores, animais, montanhas, pedras, lua, águas fazem parte das narrativas.
Por isso, não nos surpreende que em Portugal, muitíssimas pessoas adotaram como sobrenome, nomes de espécies de árvores comuns em seu território, tais como, laranjeira, pereira, carvalho entre outros.
Basta abrir o Evangelho para percebermos de imediato como Cristo integrava elementos da natureza e cultura de sua época como meios para comunicar a Boa Nova.
Em regiões desérticas ou semiáridas, com vegetação escassa, pela altura, beleza e imponência sobressai a tâmara que, tanto em língua árabe (tamrah) como hebraico (thamar) significa literalmente “palmeira”.
Por ser uma árvore belíssima inspirou o autor o livro Cântico dos Cânticos para afirmar que a rara beleza de uma esposa é como aquela da tamareira. (7,8-9).
O Rei Davi teve uma filha bonita a quem chamou Tamar. Ela se distinguiu por defender sua dignidade e fidelidade à lei de seu tempo (2Sm 13:1-20). Pela sua força, resistência e formosura faz lembrar que “o justo florescerá como a palmeira” (Sl 92,13).
Contudo, na História Sagrada, a primeira mulher chamada Tamar, ”Palmeira”, foi uma estrangeira cananeia que casou com o filho de Judá. Durante a primeira parte de sua vida ela foi uma esposa submissa, obediente e forte nas adversidades, mas a partir do meio de sua história há uma reviravolta total. Agiu com inteligência, personalidade e criatividade. Com determinação conseguiu que seu sogro reconhecesse seus direitos, de acordo com a cultura de seu tempo.  Graças a ela, a promessa que do povo eleito surgiria o Salvador, continuou (Gn. 38,1-30), pois não havia outra mulher na família de Judá para gerar filhos. Transformou-se assim numa das mulheres na linhagem genealógica de Cristo (Mt 1,3).
"Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada" (Provérbios 31:30).
*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano.
Rádio Vaticano

EDITORIAL: Um pecado horrível

Imagem de menino
     Cidade do Vaticano (RV) – Na última quinta-feira, dia 21 de setembro, o Papa Francisco voltou a falar duro e sem meias palavras sobre uma questão que fere a sociedade e a Igreja: abusos sexuais contra menores. O Papa foi taxativo: na Igreja “tolerância zero”.
     O momento de recordar essa atitude da Igreja Católica foi a audiência aos membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos menores, na abertura da sua plenária. Francisco falando de modo espontâneo, ou seja, sem texto – o discurso escrito foi entregue depois aos presentes -, afirmou que a “Igreja tomou consciência tardiamente do problema dos abusos contra menores perpetrados por expoentes do clero e quando a consciência chega tarde os meios para resolver o problema chegam tarde”.  Mas disse “graças a Deus o Senhor suscitou homens profetas na Igreja” para fazer emergir o problema “e encará-lo de frente”.
     Francisco reconheceu em suas palavras que na Congregação para a Doutrina da Fé, que se ocupa dos abusos, há tantos casos que não vão para frente, e por isso se está procurando colocar mais pessoas que possam estudar os dossiês.
     Neste discurso sem meios termos Francisco foi muito preciso nas suas palavras afirmando que se existem provas de um abuso, “isso é suficiente para não aceitar recursos”. Não por uma aversão, mas simplesmente porque a pessoa que pratica esse delito é doente: se se arrepende é perdoada – destacou -, “após dois anos cai novamente”. E Francisco foi lapidário: “jamais assinarei a graça”.
     Voltando ao texto que foi entregue mas que o Papa não pronunciou, Francisco expressou dor e vergonha pelos abusos perpetrados por expoentes do clero. O Santo Padre ao mesmo tempo reforçou a fé naquela missão dedicada aos mais fracos, a missão do Evangelho, proteger todos os menores e adultos vulneráveis.
     O escândalo do abuso sexual é verdadeiramente uma ruína terrível para toda a humanidade, e que afeta muitas crianças, jovens e adultos vulneráveis em todos os países e em todas as sociedades. Francisco prosseguiu reafirmando que o abuso sexual é um pecado “horrível”, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja ensinam.
     O Pontífice com veemência reiterou uma vez mais que a Igreja, em todos os níveis, responderá com a aplicação das mais firmes medidas a todos aqueles que traíram seu chamado e “abusaram dos filhos de Deus”.
     Francisco declara-se satisfeito em saber que as Conferências Episcopais e de Superiores Maiores procuram a Comissão acerca das Diretrizes a serem aplicadas, e o trabalho em equipe com outras instituições vaticanas na formação de novos bispos e em vários congressos internacionais. A Igreja – recordou - é chamada a ser um lugar de piedade e compaixão, especialmente para os que sofreram. Concluiu afirmando que confia plenamente no trabalho da Comissão, agradecendo aos membros pelos conselhos e esforços realizados nesses três anos de atividades.
     Francisco expressou a sua confiança e plena convicção que a Comissão continuará a ser um lugar onde “escutar” com interesse as vozes das vítimas e dos sobreviventes, porque temos muito que aprender deles e de suas histórias pessoais de coragem e perseverança.
     A proteção dos menores é claramente uma das mais altas prioridades da Igreja no nosso tempo e a atenção da Igreja às vítimas de abuso e às suas famílias é uma consideração primária nesta missão. Para todos nós, - como disse o Papa - a Igreja Católica segue sendo um hospital de campanha que nos acompanha em nosso itinerário espiritual. (Silvonei José).
Rádio Vaticano

sábado, 23 de setembro de 2017

25º Domingo do Tempo Comum: Ide para a Vinha do Senhor!

                  + Sergio da Rocha
         Cardeal Arcebispo de Brasília
Para falar do Reino dos Céus, Jesus conta a parábola do patrão que sai em busca de trabalhadores para a sua vinha. O dono da vinha é uma figura do próprio Deus. Esta parábola ressalta a gratuidade e a generosidade do Senhor que chama trabalhadores nos diversos momentos do dia, “de madrugada” até o fim da tarde. A iniciativa é dele. É ele quem sai e vai ao encontro dos trabalhadores, oferecendo a todos a mesma oportunidade de estar na sua vinha, especialmente aos que se encontravam “desocupados”, “na praça”. Além disso, no final da jornada, ele demonstra a sua generosidade e a gratuidade do seu amor na igual recompensa oferecida aos trabalhadores contratados nos diferentes horários do dia. Os critérios do Reino de Deus não seguem a lógica dos reinos deste mundo.  Por isso, os que foram contratados primeiro murmuram contra o modo de proceder do dono da vinha.
O amor de Deus não se restringe aos limites estreitos da lógica farisaica da recompensa. Os trabalhadores da primeira hora esquecem-se de que estar na vinha há mais tempo, e nela atuar, deveria ser considerado um dom, uma graça, e não um peso. Eles também não estavam sendo capazes de dar o devido valor aos que começaram a trabalhar por último, achando-se mais dignos do que eles.  Essa atitude faz recordar a parábola em que o irmão mais velho reclama da acolhida generosa dada pelo Pai ao “filho pródigo”, esquecendo-se de que a sua alegria e recompensa já estavam no fato de ter permanecido o tempo todo na casa do Pai, participando dos seus bens. Quem está na “vinha” há mais tempo, já tem recebido a sua recompensa.
Esta parábola nos faz pensar no modo como os “últimos” são tratados, especialmente aqueles que chegam numa comunidade para dela participar e exercer diferentes funções pastorais, ou os que estão iniciando um caminho de conversão. A comunidade cristã deve acolher e valorizar os “últimos”. Quem está há mais tempo, merece o reconhecimento e a gratidão, mas é preciso acolher bem os que chegam e valorizar os que nela se encontram há menos tempo. Na comunidade, deve haver lugar e trabalho para todos.
O “Ide” da parábola dos vinhateiros faz pensar no “Ide” dirigido por Jesus aos discípulos, enviando-os a evangelizar. Necessitamos de discípulos dispostos a trabalhar na vinha do Senhor, participando da comunidade e sentindo-se responsáveis por ela. Faça a sua parte! Ajude a sua comunidade a ser cada vez mais fraterna e acolhedora! Ajude a sua comunidade a anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo. Para isso, faça diariamente a leitura e a meditação da Bíblia.  Neste Dia da Bíblia, responda “sim” à Palavra de Deus que nos envia para trabalhar na vinha do Senhor!
Arquidiocese de Brasília

Do Decreto Presbyterorum ordinis sobre o ministério e a vida dos presbíteros, do Concílio Vaticano II

O Sacerdote | Canção Nova
(N.12 )                  (Séc.XX)


A vocação dos presbíteros à perfeição
Pelo sacramento da Ordem, os presbíteros são configurados com Cristo sacerdote, na qualidade de ministros da Cabeça, para construir e edificar todo o seu corpo que é a Igreja, como cooperadores da ordem episcopal. De fato, já pela consagração do batismo receberam, como todos os cristãos, o sinal e o dom de tão grande vocação e graça para que, apesar da fraqueza humana, possam e devam procurar a perfeição, segundo a palavra do Senhor: Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5,48). 
Os sacerdotes, porém, estão obrigados por especial motivo a atingir tal perfeição, uma vez que, consagrados a Deus de modo novo pela recepção do sacramento da Ordem, se transformaram em instrumentos vivos de Cristo, eterno Sacerdote, a fim de poderem continuar através dos tempos sua obra admirável que reuniu com suma eficiência toda a família humana. 
Como, pois, cada sacerdote, a seu modo, faz as vezes da própria pessoa de Cristo, é também enriquecido por uma graça especial, para que, no serviço dos homens a ele confiados e de todo o povo de Deus, possa alcançar melhor a perfeição daquele a quem representa, e para que veja a fraqueza do homem carnal curada pela santidade daquele que por nós se fez Pontífice santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores (Hb 7,26). 
Cristo, a quem o Pai santificou, ou melhor, consagrou e enviou ao mundo, se entregou por nós, para nos resgatar de toda a maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem(Tt 2,1), e assim, pela Paixão, entrou na sua glória. De modo semelhante, os presbíteros, consagrados pela unção do Espírito Santo e enviados por Cristo, mortificam em si mesmos as obras da carne e dedicam-se totalmente ao serviço dos homens, e assim podem progredir na santidade pela qual foram enriquecidos em Cristo, até atingirem a estatura do homem perfeito. 
Deste modo, exercendo o ministério do Espírito e da justiça, se forem dóceis ao Espírito de Cristo que os vivifica e dirige, firmam-se na vida espiritual. Pelas próprias ações sagradas de cada dia, como também por todo o seu ministério, exercido em comunhão com o bispo e com os outros presbíteros, eles mesmos se orientam para a perfeição da vida. 
A santidade dos presbíteros, por sua vez, contribui muitíssimo para o desempenho frutuoso do próprio ministério; pois, embora a graça divina possa realizar a obra da salvação também por meio de ministros indignos, contudo Deus prefere, segundo a lei ordinária, manifestar as suas maravilhas através daqueles que, dóceis ao impulso e direção do Espírito Santo, pela sua íntima união com Cristo e santidade de vida, podem dizer com o Apóstolo: Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim (Gl 2,20).
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domingo, 17 de setembro de 2017

Papa no Angelus: abrir-se à alegria, à paz e à liberdade do perdão

"O perdão de Deus é o sinal de seu amor transbordante por cada um de nós" - AP
     Cidade do Vaticano (RV) – “O perdão não nega o erro sofrido, mas reconhece que o ser humano, criado à imagem de Deus, é sempre maior do que o mal que comete”. Por isto, quem experimentou "a alegria, a paz e a liberdade interior que vem do ser perdoado pode, por sua vez, abrir-se à possibilidade de perdoar".
     O Papa Francisco dedicou a sua reflexão que precede a oração mariana do Angelus ao perdão, inspirando-se na passagem de Mateus proposta pela liturgia do dia.
     “Perdoar setenta vezes sete, ou seja, sempre”, é a resposta de Jesus a Pedro ao ser questionado por ele sobre quantas vezes deveria perdoar. Se para ele perdoar sete vezes uma mesma pessoa já parecia ser muito, “talvez para nós pareça muito fazê-lo duas vezes”, observou o Papa.
     Jesus ilustra a sua exortação com a parábola do “rei misericordioso e do servo perverso, que mostra a incoerência daquele que antes foi perdoado e depois se recusa a perdoar”:
     “A atitude incoerente deste servo é também a nossa quando recusamos o perdão aos nosso irmãos. Enquanto o rei da parábola é a imagem de Deus que nos ama com um amor tão rico de misericórdia, que nos acolhe, nos ama e nos perdoa continuamente”.
     Com o nosso Batismo – recordou o Santo Padre – Deus nos perdoou de uma “dívida insolvível”, e continua a nos perdoar “assim que mostramos um pequeno sinal de arrependimento”. E Francisco nos dá um conselho quando temos dificuldade em perdoar:
     “Quando somos tentados a fechar o nosso coração a quem nos ofendeu e nos pede desculpa, nos recordemos das palavras do Pai celeste ao servo perverso: “eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?”.
     “Alguém que tenha experimentado a alegria, a paz e a liberdade interior que vem do ser perdoado pode, por sua vez, abrir-se à possibilidade de perdoar”, sublinhou Francisco, que recordou que “na oração do Pai Nosso, Jesus quis inserir o mesmo ensinamento desta parábola. Colocou em relação direta o perdão que pedimos a Deus com o perdão que devemos conceder aos nossos irmãos: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”:
     “O perdão de Deus é o sinal de seu amor transbordante por cada um de nós; é o amor que nos deixa livres para nos afastar, como o filho pródigo, mas que espera a cada dia o nosso retorno; é o amor contínuo do pastor pela ovelha perdida; é a ternura que acolhe todo pecado que bate à sua porta. O Pai celeste é pleno de amor e quer oferecê-lo, mas não o pode fazer se fechamos o nosso coração ao amor pelos outros”.
     Ao concluir, o Papa pede que “a Virgem Maria nos ajude a sermos sempre mais conscientes da gratuidade e da grandeza do perdão recebido de Deus, para nos tornarmos misericordiosos como Ele, Pai bom, lento para a ira e grande no amor”. (JE)
Rádio Vaticano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF