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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O SUICÍDIO NA ERA DO VAZIO

Dom Leomar Antônio Brustolin
Bispo auxiliar de Porto Alegre

Desde a década de 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) trata o suicídio como um problema de saúde pública. O suicídio é a morte que nasce de dentro, que mata a pessoa primeiro interiormente, para, depois, manifestar-se como gesto externo. O gesto do suicidado gera muitas aflições, questionamentos e dor à família e aos amigos que ficarão procurando o significado desse fim trágico.

As atuais pesquisas demonstram a extrema complexidade das motivações ou causas do comportamento suicida, que passam por fatores mentais, psicológicos, afetivo-emocionais, biológico-genéticos, etiológicos, socioeconômicos, culturais e religiosos.

Esse é um fenômeno no qual as causas e motivações individuais estão necessariamente associadas a determinadas relações sociais fundamentais. A estrutura social tem decisiva influência sobre o indivíduo, podendo proteger e ajudar o sujeito a viver, ou levá-lo à busca da autodestruição.

Nas sociedades em que a exclusão e o individualismo dominam, o suicídio agrava-se consideravelmente. Ao acentuar o individualismo, as sociedades regidas por uma lógica narcísica, multiplicam as iniciativas autodestrutivas. Numa sociedade marcada pela banalização e pelo relativismo, o suicídio, assim como o próprio fato da morte, torna-se um tabu, evitando-se falar sobre ele.

Produto da ordem alienada que a sociedade atual impõe ao indivíduo, o suicídio é hoje a expressão de uma crise de despersonificação. É o sujeito dessubstancializado, perdido no turbilhão de informações, vítima da overdose de opções de consumo que a sociedade tecnocientífica oferece para se atingir a felicidade, porém, uma felicidade momentânea, hedonista e eminentemente individual. Chega-se a dizer que se vive a era do vazio, numa atmosfera de várias opções de sentido e de ética, mas com dificuldades de se garantir o bem comum.  O indivíduo pós-moderno move-se sem um horizonte último, capaz de orientar a vida entre altos e baixos, ganhos e perdas.

A estrutura, o ambiente e a educação familiar, o senso de pertença à comunidade e o cultivo da espiritualidade são fundamentais para desenvolver níveis de felicidade que diminuam o instinto autodestrutivo. Aqui entram a ética e o cuidado para pensar preventivamente, atuando no sistema educacional, reconstruindo sentidos, resgatando valores, autorizando a expressão de sentimentos e pensamentos e fortalecendo os vínculos.

CNBB

O ponto fraco do diabo

Luc Viatour | CC BY SA 3.0
por Philip Kosloski

Sim, existe um jeito de combatermos o maligno.

Muitas vezes, quando vemos um grande mal no mundo, sentimos um desejo de “combater o fogo com fogo” e usar as mesmas táticas do inimigo. Começamos a nos convencer de que se fôssemos “poderosos” o suficiente, poderíamos derrubar Satanás e todos os seus seguidores.

No entanto, essa estratégia só vai nos machucar. Se realmente quisermos ter o poder de Satanás em nossas vidas, precisamos ir atrás de sua maior fraqueza.

Satanás ama o poder e usa nossa sede pelo poder contra nós. Mas há uma coisa que ele odeia e isso pode acabar com a sua suposta força: a humildade.

O maior exemplo de humildade que superou o mal foi a crucificação de Jesus Cristo. O Rei dos Reis estava despido na madeira da cruz em suprema agonia. Suas mãos e pés estavam pregados, deixando-o inteiramente vulnerável. Seus captores podiam fazer o que quisessem,e ele não podia fazer nada para se defender.

Porém, esse ato de fraqueza e humildade foi, na realidade, um ato de amor e sacrifício extraordinários. Era o real poder do amor, que continha os laços da morte e abriu as portas do céu.

Incontáveis homens e mulheres ao longo da história seriam inspirados a seguir os passos de Jesus e, como resultado, os impérios do mal foram destruídos e os sistemas políticos corruptos demolidos.

O filósofo Peter Kreeft aponta em seu livro The Philosophy of Tolkien [“A Filosofia de Tolkien] como até mesmo no Apocalipse, a “última batalha entre o bem e o mal é uma batalha entre dois animais míticos: o pequeno cordeiro manso e a terrível besta do dragão. E o cordeiro vence a besta por uma arma secreta: o seu próprio sangue”.

Kreeft prossegue explicando: “O ponto fraco do mal é que ele não consegue vencer a humildade. Não importa quanto poder o mal tenha, é sempre derrotado pela renúncia amorosa e livre do poder”.

Satanás despreza a humildade enquanto prospera na busca pelo poder terrestre. Quanto mais tentamos ser “fortes” e “influentes” no mundo, mais Satanás trabalha sobre nós. Pense em Madre Teresa. Ela trabalhava com os mais pobres dos pobres e, aos olhos do mundo, era uma mulher idosa baixa, fraca e frágil. Porém, na verdade, ela era uma das mulheres mais fortes que já viveu; era um espinho para Satanás. Ele nunca poderia conquistá-la nem destruir o bom trabalho que ela fez.

Portanto, se quisermos vencer o mal, o caminho para a vitória passa pela humildade e pelo sacrifício pessoal. Somente quando entregarmos tudo a Deus poderemos derrotar o mal.

Aleteia

Carta Apostólica do Papa dedicada a São Jerônimo: a “Biblioteca de Cristo”

São Jerônimo, sacerdote e doutor da Igreja 

“Verdadeiramente Jerônimo é a ‘Biblioteca de Cristo’, uma biblioteca perene que, passados dezesseis séculos, continua a ensinar-nos o que significa o amor de Cristo, um amor inseparável do encontro com a sua Palavra. Palavras do Papa Francisco, na Carta Apostólica “Scripturæ Sacræ Affectus”, uma homenagem São Jerônimo no XVI centenário da sua morte.

Jane Nogara – Vatican News

Foi publicada uma Carta Apostólica do Papa Francisco, na memória litúrgica de São Jerônimo “Scripturæ Sacræ Affectus”, uma homenagem ao santo no XVI centenário da sua morte. Francisco inicia a Carta recordando o grande amor do santo pela Sagrada Escritura: “O afeto à Sagrada Escritura, um terno e vivo amor à Palavra de Deus escrita é a herança que São Jerônimo, com a sua vida e as suas obras, deixou à Igreja. Tais expressões, tiradas da memória litúrgica do Santo, dão-nos uma chave de leitura indispensável para conhecermos, no XVI centenário da morte, a sua figura saliente na história da Igreja e o seu grande amor a Cristo”.

Visão na Quaresma de 375

Na Introdução do documento o Papa recorda a vida do santo, seu percurso, seus estudos que iniciaram a partir da visão, talvez na Quaresma de 375: “Aquele episódio da sua vida concorre para a decisão de se dedicar inteiramente a Cristo e à sua Palavra, consagrando a sua existência a tornar as palavras divinas cada vez mais acessíveis aos outros, com o seu trabalho incansável de tradutor e comentador”. E afirma: “Colocando-se à escuta na Sagrada Escritura, Jerônimo encontra-se a si mesmo, encontra o rosto de Deus e o dos irmãos, e apura a sua predileção pela vida comunitária”.

A chave sapiencial do seu retrato

“Para uma plena compreensão da personalidade de São Jerônimo – explica o Papa - é necessário combinar duas dimensões caraterísticas da sua existência de crente: por um lado, a consagração absoluta e rigorosa a Deus, renunciando a qualquer satisfação humana, por amor de Cristo crucificado (cf. 1 Cor 2, 2; Flp 3, 8.10); por outro, o empenho assíduo no estudo, visando exclusivamente uma compreensão cada vez maior do mistério do Senhor. É precisamente este duplo testemunho, admiravelmente oferecido por São Jerônimo, que se propõe como modelo, antes de tudo, para os monges, a fim de encorajar quem vive de ascese e oração a dedicar-se ao labor assíduo da pesquisa e do pensamento; e, depois, para os estudiosos a fim de se recordarem que o conhecimento só é válido religiosamente se estiver fundado no amor exclusivo a Deus, no despojamento de toda a ambição humana e de toda a aspiração mundana”.

“A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”

Recordando o amor do santo pela Sagrada Escritura o Pontífice destaca que “nos últimos tempos, os exegetas descobriram a genialidade narrativa e poética da Bíblia, exaltada precisamente pela sua qualidade expressiva; Jerônimo, ao contrário, destacava mais, na Escritura, o caráter humilde com que Deus Se revelou expressando-se na natureza áspera e quase primitiva da língua hebraica, quando comparada com o primor do latim ciceroniano. Portanto, não é por um gosto estético que ele se dedica à Sagrada Escritura, mas apenas – como é bem sabido – porque ela o leva a conhecer Cristo, pois a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”.

Obediência

“O amor apaixonado de São Jerônimo às divinas Escrituras está imbuído de obediência: antes de tudo, obediência a Deus, que Se comunicou em palavras que exigem escuta reverente e, consequentemente, obediência também a quantos na Igreja representam a tradição interpretativa viva da mensagem revelada”.

A Vulgata

“Mas – lê-se na Carta - para os leitores de língua latina, não existia uma versão completa da Bíblia na sua língua; havia apenas algumas traduções, parciais e incompletas, feitas a partir do grego. Cabe a Jerônimo – e, depois dele, aos seus continuadores – o mérito de ter empreendido uma revisão e uma nova tradução de toda a Escritura. Tendo começado em Roma, com o encorajamento do Papa Dâmaso, a revisão dos Evangelhos e dos Salmos, depois, já no seu retiro em Belém, lançou-se à tradução de todos os livros veterotestamentários diretamente do hebraico; uma obra, que se prolongou por vários anos”.

A tradução como inculturação

“Com esta sua tradução, Jerônimo conseguiu ‘inculturar’ a Bíblia na língua e cultura latinas, tornando-se esta operação um paradigma permanente para a ação missionária da Igreja” . Na verdade, ‘quando uma comunidade acolhe o anúncio da salvação, o Espírito Santo fecunda a sua cultura com a força transformadora do Evangelho’,  estabelecendo-se assim uma espécie de circularidade: se a tradução de Jerônimo é devedora à língua e à cultura dos clássicos latinos, cujos vestígios são bem visíveis, por sua vez ela, com a sua linguagem e o seu conteúdo simbólico e rico de imagens, tornou-se um elemento criador de cultura”.

Biblioteca de Cristo

Por fim, o Papa faz um apelo: “Entre muitos elogios feitos a São Jerônimo pelos seus vindouros, encontra-se este: não foi considerado simplesmente um dos maiores cultores da ‘biblioteca’ de que se nutre o cristianismo ao longo dos tempos, a começar pelo tesouro da Sagrada Escritura, mas aplica-se-lhe aquilo que ele mesmo escreveu sobre Nepociano: ‘Com a leitura assídua e a meditação constante, fizera do seu coração uma biblioteca de Cristo’. Recordando que “Jerônimo não poupou esforços para enriquecer a sua biblioteca, vendo nela um laboratório indispensável para a compreensão da fé e para a vida espiritual; e, nisto, constitui um exemplo admirável também para o presente”.

“Verdadeiramente Jerônimo é a ‘Biblioteca de Cristo’, uma biblioteca perene que, passados dezesseis séculos, continua a ensinar-nos o que significa o amor de Cristo, um amor inseparável do encontro com a sua Palavra”.

Vatican News

S. JERÔNIMO, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

S. Jerônimo, 1440 ca.  (© MET)

O nome completo deste Santo é Sofrônio Eusébio Jerônimo. Sua cidade natal é Estridão, atual Croácia. Não se sabe a data exata do seu nascimento, mas deve ser por volta de 347. De família cristã e rica, Jerônimo recebeu uma sólida educação e, ajudado pelos seus pais, completou os estudos em Roma. Ali, deu-se à vida mundana, deixando-se levar pelos prazeres. Porém, logo se arrependeu, recebeu o Batismo e seguiu a vida contemplativa. Transferiu-se para Aquileia, onde passou a fazer parte de uma comunidade de ascetas. Algum tempo depois, deixou a comunidade, decepcionado pelas inimizades surgidas naquele ambiente. Partiu para o Oriente, deteve-se em Tréveris, retornou a Estridão e partiu novamente. Permaneceu alguns anos em Antioquia, onde aperfeiçoou seus conhecimentos em língua grega; depois, se retirou como eremita para o deserto de Cálcis, ao sul de Alepo. Por quatro anos, dedicou-se totalmente ao estudo, aprendeu o hebraico e transcreveu os códigos e escritos dos Padres da Igreja. Foram anos de meditação, solidão e intensa leitura da Palavra de Deus, que o levaram a refletir sobre a disparidade entre a mentalidade pagã e a vida cristã. Decepcionado pelas diatribes dos anacoretas, provocadas pela doutrina ariana, retornou a Antioquia, onde foi ordenado sacerdote, em 379. A seguir, mudou-se para Constantinopla, onde continuou a estudar grego, sob a orientação de São Gregório Nazianzeno.

Secretário pessoal do Papa Dâmaso

Em 382, Jerônimo foi a Roma para participar de um encontro, convocado pelo Papa Dâmaso, sobre o cisma de Antioquia. Conhecido pela sua fama de asceta e erudito, o Pontífice o escolheu como Secretário pessoal e Conselheiro. Assim, o convidou para fazer uma nova tradução dos textos bíblicos em latim. Na Urbe, Jerônimo também criou um círculo bíblico, do qual participaram matronas da nobreza romana, que queriam aprofundar o estudo das Escrituras, desejosas de seguir o caminho da perfeição cristã e praticar a Palavra de Deus. Por isso, escolheram Jerônimo como mestre e diretor espiritual. Porém, seu rigor moral não era compartilhado pelo clero e suas regras, sugeridas às suas discípulas, eram consideradas muito severas. Jerônimo não era bem visto por muitos, por causa da sua divergência e temperamento agressivo, como também por condenar vícios e hipocrisias; muitas vezes, era até polêmico com sábios e eruditos. Por isso, depois da morte do Papa Dâmaso, decidiu voltar para o Oriente. Em agosto de 385, embarcou em Óstia com destino à Terra Santa, acompanhado por alguns de seus monges e um grupo de seguidores, inclusive a nobre Paula com sua filha Eustóquia. Começou, assim, sua peregrinação, que o levou ao Egito e, depois, a Belém, onde abriu uma escola, oferecendo seus ensinamentos gratuitamente. Graças à generosidade de Paula, foram construídos dois mosteiros, um masculino e um feminino, e uma hospedagem para viajantes, que visitavam os lugares santos.

Retiro em Belém

Jerônimo passou o resto da sua vida em Belém, onde sempre se dedicou à Palavra de Deus, à defesa da fé, ao ensino da cultura clássica e cristã e ao acolhimento dos peregrinos. Faleceu em sua cela, nas proximidades da Gruta da Natividade, em 30 de setembro, provavelmente no ano 420. Este santo homem, impetuoso e, muitas vezes, polêmico e divergente, era odiado, mas também muito querido. Não era fácil dialogar com ele, porém deu uma contribuição ao Cristianismo, com seu testemunho de vida e seus numerosos escritos. Com efeito, deve-se a ele a primeira tradução da Bíblia para o latim, chamada Vulgata: traduziu os Evangelhos do grego e o Antigo Testamento do hebraico; ainda hoje, a Vulgata, embora revisada, é o texto oficial da Igreja de língua latina. A Palavra de Deus, que ele tanto estudou e interpretou, também foi “vivida concretamente”, disse Bento XVI, que dedicou duas catequeses a Jerônimo, nas Audiências gerais de 7 e 14 de novembro de 2007.

Seus ensinamentos e obras

“O que podemos aprender de São Jerônimo? Parece-me, sobretudo, o seguinte: “Amar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura; é importante, hoje, que os cristãos vivam em contato e em diálogo pessoal com a Palavra de Deus, que nos foi dada pela Sagrada Escritura... esta Palavra também constrói comunidades, que constituem a Igreja. Logo, devemos lê-la em comunhão com a Igreja viva”. São Jerônimo é um dos quatro Padres da Igreja Ocidental – além dos Santos Ambrósio, Agostinho e Gregório Magno -, proclamado Doutor da Igreja, em 1567, por Pio V. Ainda hoje, podemos contar com seus comentários, homilias, epístolas, tratados, obras historiográficas e hagiográficas, entre as quais sua famosa “De Viris Illustribus”: biografias de 135 autores, de maioria cristã, mas também de judeus e pagãos; isso demonstra quanto a cultura cristã era “uma verdadeira cultura, digna de ser comparada com a clássica”. Não podemos esquecer também a sua obra “Chronicon” – uma tradução e reelaboração em latim daquela obra do grego, perdida por Eusébio de Cesareia – sobre a narração da história universal, entre dados reais e mitos, desde o nascimento de Abraão até o ano 325. Enfim, suas muitas Epístolas, ricas de ensinamentos e cuidadosos conselhos, que revelam sua profunda espiritualidade.

Vatican News

terça-feira, 29 de setembro de 2020

O maior amor que já existiu

Antoine Mekary | ALETEIA
por Talita Rodrigues

O propósito de Deus ao permitir as dores deste mundo talvez seja para que nos lembremos do que Ele disse e provou: "Ninguém nos ama como Ele!".

Jesus Cristo é o único e verdadeiro sentido do nosso viver. Vivemos tempos difíceis, em que o vazio existencial se tornou predominante dentro do coração de cada ser humano.

Finalmente percebemos que o que temos buscado neste mundo simplesmente não é o bastante para preencher todo o vazio que está dentro de nós – e que sequer cabe em nós.

Jesus Cristo ao passar por esta terra com toda certeza se sentiu sozinho e desamparado por Deus em algum momento. Na própria cruz, ele disse: “Pai, por que me abandonastes?” Quantos de nós hoje, não fazemos essa pergunta a Deus, ao nos sentirmos completamente abandonados por Deus?

É justamente neste momento que devemos nos voltar a Ele e clamar para que Ele aquiete nossas almas. Pode não parecer, mas é somente em meio a dor que nos sentimos mais próximos de Deus. É neste momento que percebemos que só Jesus nos ama apesar de todos os pesares, e a pesar de todas as nossas tantas limitações e ingratidões. Em momentos de dor, quando tudo parece nos tirar o ar, é que eu percebemos que só Jesus Cristo pode trazer tons alegres novamente com seu amor.

Só percebemos a joia que o nosso sofrimento carrega passando pela experiência do vazio existencial e da dor. E se pensarmos bem, talvez concluímos que o propósito de Deus ao permitir as dores e os sofrimentos deste mundo seja para que nos lembremos sempre do que Ele já disse e provou uma vez, através de sua própria morte e ressurreição: “Ninguém nos ama como Ele!”.

Santa Faustina revelou em seu diário que passou por uma noite escura da alma. Logo, me pego pensando: quantos de nós estamos vivendo uma noite escura da alma? Quantos de nós não enxergamos mais a beleza que existe em nós e em nossas vidas por estarmos num momento de dor, sofrimento ou até mesmo num momento de escuridão – assim como nos dias de sol?

Deus está e estará sempre presente em cada detalhe de nossas histórias de vida. Deus está presente nos dias mais ensolarados de nossa história de vida, mas também está presente em uma noite escura – e se você estiver aberto(a), Ele será capaz de fazer com que você enxergue beleza em sua noite mais escura, só por estar presente.

Que possamos entender as dificuldades da vida como uma rosa. Ela é linda e sempre existirá beleza apesar dos tantos espinhos que possui. Tudo que Deus faz é lindo, certo e para o nosso bem. Deus é incrível em realizar sonhos e fazer com que a nossa alma ganhe o fôlego necessário para viver novamente, como antes de uma noite escura.

A vida te machuca e te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração. A vida te esconde tesouros até que você aprenda a sair para a vida e buscá-los. A vida te nega Deus até você vê-lo em todos e em tudo. A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta.

Mas creia: isso é para que seu melhor se manifeste… Até que só o amor permaneça em você. Até que só Jesus Cristo, permaneça em você.

Aleteia

Governo britânico financia jogo sexual para alunos a partir de 13 anos

Proud Trust / Redes Sociais (Reprodução)

Os alunos devem citar atos sexuais que podem ser praticados com a combinação das palavras sorteadas por dois dados lançados juntos.

Entre as “ferramentas de educação sexual” que o governo britânico financiou para serem utilizadas em escolas há um “jogo” em que adolescentes devem lançar dois dados e discutir os atos sexuais relacionados com os termos sorteados em cada dado. Entre as palavras impressas nos dados para serem “discutidas” pelos alunos estão os órgãos genitais masculino e feminino, mas também os termos “ânus”, “mãos e dedos” e “boca”. A “brincadeira” pede que as crianças apontem atividades sexuais que podem ser praticadas com a combinação das palavras sorteadas pelos dois dados lançados conjuntamente.

Segundo matéria do jornal The Times, o manual desta “ferramenta de educação sexual” avisa aos professores que “nem todas as combinações serão fáceis de discutir e algumas poderão parecer impossíveis, mas o objetivo é fazer as pessoas falarem e limitarem as suposições sobre que tipo de sexo pode ser praticado”.

A empresa criadora do “jogo” é a Proud Trust e o nome do seu material é “Sexuality aGender v2”, descrito como “uma ferramenta inclusiva de saúde sexual”. De acordo com a empresa, o “kit” é destinado “a adolescentes a partir de 13 anos e voltado ao uso em escolas secundárias, faculdades e outros ambientes juvenis”. O site da Proud Trust complementa:

“O ‘Sexuality aGender v2’ é um kit de ferramentas que proporciona um conjunto mais amplo e útil de conversas com todos os tipos de jovens, porque presume que todos têm um gênero, mas podem ter maneiras diferentes de descrever ou vivenciar o seu; que todos têm uma sexualidade, mas podem ter maneiras diferentes de descrever ou vivenciar a sua; que todos têm um corpo com órgãos genitais, mas os órgãos genitais de um corpo podem ser diferentes dos de outro; que todos têm gostos e desejos, mas cada um pode ter gostos e desejos diferentes dos outros; que as partes do corpo se unem na atividade sexual, mas os gostos e desejos sexuais de uma pessoa podem ser diferente dos de outra pessoa”.

O desenvolvimento do projeto do “kit Sexuality aGender v2” recebeu 99.960 libras esterlinas do governo britânico, equivalentes a cerca 707.700 reais.

O Reino Unido também anunciou, recentemente, que poderá penalizar as escolas que não ensinarem “questões LGBT” às crianças. Um porta-voz do Ofsted, órgão regulador do ensino britânico, expôs o assunto nesses termos, segundo o jornal Daily Mail:

“A orientação do Departamento de Educação deixa claro que as escolas secundárias devem ensinar questões LGBT. Portanto, a partir do próximo verão, se as escolas secundárias não ensinarem sobre todas as características protegidas, elas receberão o parecer de ‘requer melhorias’ para a liderança e a gestão. A orientação do governo é que as escolas primárias tenham mais poder discricionário sobre quando as questões LGBT são adequadas à idade, e, portanto, não necessariamente serão mal classificadas se as excluírem”.


Aleteia

TEOLOGIA: A Catolicidade da Igreja (Parte 6/8)

 

George Florovsky | ECCLESIA

A Catolicidade da Igreja

Trad.: Pe. Pedro Oliveira Junior

7. Liberdade e autoridade

Na catolicidade da Igreja as dolorosas dualidade e tensão entre liberdade e autoridade é resolvida. Na Igreja não há e não pode haver autoridade externa. Autoridade não pode ser uma fonte de vida espiritual. Assim a autoridade cristã apela para a liberdade; essa autoridade deve convencer, não constranger. Sujeição oficial não seria de maneira nenhuma verdadeira unidade de mente e coração. Mas isso não significa que todos receberam liberdade ilimitada de opinião pessoal. É precisamente na Igreja que "opiniões pessoais" não devem e não podem existir. Um duplo problema é encarado por todo membro da Igreja. Antes de tudo, ele deve controlar sua subjetividade, colocar-se livre de limitações psicológicas, elevar o padrão de sua consciência para sua medida inteiramente católica. Em segundo lugar, ele deve viver em espiritual simpatia com, e compreender a histórica plenitude da experiência da Igreja. Cristo não se revela para indivíduos separados e nem é o destino pessoal desses indivíduos que Ele dirige.

Num certo sentido o todo da História é História sagrada. No entanto, ao mesmo tempo, a história da Igreja é trágica. A catolicidade foi dada para a Igreja; o atingimento dessa catolicidade é a tarefa da Igreja. A verdade é concebida em trabalho e luta. Não é fácil superar subjetividade e particularismo. A condição fundamental do heroísmo cristão é humildade diante de Deus, aceitação de sua revelação. E Deus revelou-se na Igreja. Essa é a revelação final, que não passa. Cristo revela-se a nós, não em nosso isolamento, mas em nossa catolicidade mútua, em nossa união. Ele se revela como o novo Adão, como a Cabeça da Igreja, a Cabeça do Corpo. Por isso, humildemente e com confiança, devemos entrar na vida da Igreja e tentar encontrarmo-nos nela. Nós devemos acreditar que é justo na Igreja que a plenitude de Cristo é realizada. Cada um de nós deve enfrentar suas próprias dificuldades e dúvidas. Mas nós acreditamos e esperamos que com esforços unidos, católicos e heróicos, essas dificuldades possam ser resolvidas. Cada trabalho de companheirismo e concórdia é um passo na direção da plenitude católica da Igreja. E isso é agradável aos olhos do Senhor: "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18:20). 

8. A mente católica

É impossível começar com uma definição formal da Igreja. Pois, estritamente falando, não há ninguém que possa pleitear qualquer autoridade doutrinal. Nada pode ser encontrado nos padres. Nenhuma definição foi dada pelos Concílios Ecumênicos. Nos sumários doutrinais esboçados em várias ocasiões na Igreja Ortodoxa no século dezessete e tomados com freqüência (mas erroneamente) como os "livros simbólicos," de novo nenhuma definição da Igreja foi dada, exceto uma referência à relevante cláusula do credo, seguida por alguns comentários. Essa falta de definição formal não significa, entretanto, uma confusão de idéias ou qualquer obscuridade de visão. Os padres não ligaram muito para a definição da Igreja precisamente porque a gloriosa realidade da Igreja estava aberta para a visão espiritual deles. Não se define o que está auto-evidente. Isso conta para a ausência de um capítulo especial sobre a Igreja em todas primeiras apresentações da doutrina cristã: em Orígenes, em São Gregório de Nyssa, até em São João Damasceno. Muitos eruditos modernos, tanto ortodoxos quanto católico-romanos, sugerem que a Igreja ainda não definiu sua essência e natureza. "Die Kirche selbst hat sich bis heute noch nicht definiert," diz Robert Grosche, (Robert Grosche, Pilgernde Kirche, Freiburg am Breisgau, 1938, p. 27). Alguns teólogos vão mais longe e alegam que a definição da Igreja não é possivel (Sergius Bulgakov, The Orthodox Church, 1935, p. 12; Stefan Zankow, Das Orthodoxe Christentum des Ostens, Berlim 1928, p. 65; Tradução Inglesa pelo Dr. Lowrie, 1929, p. 6gf). Em todo caso, a teologia da Igreja está ainda, im Werden, em processo de formação (ver M.D. Koster, Ecclesiologie im Werden, Paderborn 1940).

Em nosso tempo, ao que parece, deve-se ir além das modernas disputas teológicas para se recuperar uma perspectiva histórica mais ampla, para recuperar a verdadeira "mente católica," que englobaria o todo da experiência histórica da Igreja em sua peregrinação através dos séculos. Deve-se sair da sala da escola e ir para a Igreja orante e talvez mudar o dialeto de escola usado na teologia para a linguagem pictórica e metafórica das Escrituras. A verdadeira natureza da Igreja pode muito mais ser pintada e descrita do que propriamente definida. E seguramente isso só pode ser feito de dentro da Igreja. Provavelmente essa descrição só será convincente para aqueles da Igreja. O Mistério é apreendido somente pela fé. 

Ecclesia

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 4/12) – A palavra “Batismo” no texto grego

 

Veritatis Splendor

  • “E ele, respondendo, disse: ‘Aquele que molhou comigo a mão no prato, esse me há de trair” (Mateus 26,23).

Aqui, a palavra grega para “molhou” é “bapto”, e não tem necessariamente o significado de mergulhar o corpo inteiro para tornar efetivo a palavra “batismo”, mas apenas uma parte do corpo (neste caso, a mão) como bem apontou o Dicionário Bíblico Strong’s, [na 1ª parte] deste artigo.

Outro exemplo:

  • “E, clamando, disse: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama'” (Lucas 16,24).

Igualmente, a palavra grega aqui é “bapto” e é desnecessário todo o corpo para tornar efetiva a palavra “batismo”, pois a única coisa que se pretendia molhar era a ponta do dedo!

A SEPTUAGINTA COMO EXEMPLO

Todos sabemos que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, porém também sabemos que existe uma versão grega chamada “Septuaginta” [LXX], empregada no tempo dos Apóstolos. Ainda que os textos originais estejam perdidos (do mesmo modo como ocorreu com os escritos do Novo Testamento), há cópias e, atualmente, esta interessante versão pode ser obtida através de algum aplicativo [para celular ou computador].

Vejamos então, através desta versão grega do Antigo Testamento, como a palavra “batismo” também era empregada para “molhar” por simples toque.

Em português:

  • “Um homem puro tomará o hissopo, o molhará na água e aspergirá sobre a tenda e sobre todos os objetos e pessoas que estiverem nela e, igualmente, sobre aqueles que tocaram os ossos do assassinado, ou o falecido, ou a sepultura” (Números 19,18, cf. LXX).

Em português:

  • “Tomará depois o pássaro vivo, a madeira de cedro, a púrpura escarlate e o hissopo, e os molhará juntamente com o pássaro vivo no sangue do pássaro imolado sobre a água viva (…) E tomando a madeira de cedro, o hissopo e a púrpura escarlate, com o pássaro vivo, os molhará no sangue do pássaro degolado e na água viva; e aspergirá na casa sete vezes” (Levítico 14,6.51, cf. LXX).

Nestes dois textos a versão da Septuaginta emprega a palavra grega “bapto” utilizada para molhar em sangue ou água através da aspersão.

Vejamos mais um texto da Septuaginta:

  • “A ponto que se cumpriu a palavra em Nabucodonosor: foi afastado de entre os homens, se alimentou de erva como os bois, seu corpo foi banhado do orvalho do céu, até crescer-lhe seus cabelos como penas de água e suas unhas como as das aves” (Daniel 4,30, cf. LXX).

Aqui se descreve o umedecimento do corpo de Nabucodonosor com o orvalho do céu, empregando a Septuaginta a palavra “bapto” para “umedecer”. Tal palavra não traz a ideia de “imersão” ou “mergulho”.

Como vemos então, a palavra “batismo” não significa apenas “submergir”, mas tem também um sentido mais amplo do que este, como bem demonstrou ainda o Dicionário Bíblico Reina-Valera, [na 1ª parte] deste artigo.

TEXTOS DO NOVO TESTAMENTO

Vejamos mais textos, agora do Nuevo Testamento, para continuarmos observando que a palavra “batismo” possui outros significados além de somente “submergir”:

  • “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” (1Coríntios 10,1-2).

Se a palavra “baptizo” significasse apenas “imersão”, esta passagem não teria sentido. No entanto, esta não se refere de modo nenhum ao batismo pela água. Aqui, o sentido é figurado, apresentando a ideia de que eles estavam relacionados com Moisés, como que para se identificarem com ele.

O povo de Israel tinha sido separado para seguir Moisés, seu condutor divinamente escolhido. A nuvem e o mar proporcionavam proteção, direção e salvação para todos os que, assim, estavam unidos a ele. O povo passou do estado de escravidão no Egito para o estado de liberdade sob as ordens de Moisés. Eram guardados por Moisés, identificados com ele e unificados sob as suas ordens. Esta é uma ilustração perfeita do uso figurado de “baptizo”, significando a transformação de um estado para outro. Eles foram transformados mediante sua identificação com Moisés.

Deste modo, São Paulo emprega a palavra “batismo” se referindo ao sentido de transformação. Sabemos que os hebreus não mergulharam na água, mas passaram pelo solo seca, de modo que a palavra “batismo” aqui não se aplica para “submergir” (quem certamente “submergiram” foram os soldados egípcios e morreram; mas, claro, o texto não se refere a eles).

Vejamos outro texto:

  • “Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes; e, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas” (Marcos 7,3-4).

Aqui as palavras “bapto” e “baptizo” são usadas para “lavar” e “lavarem”. Os judeus tinham o costume de lavar as mãos até a altura dos cotovelos e, portanto, a palavra batismo não se aplica como “mergulhar”, como equivocadamente pregam nossos amigos imersionistas. Os rabinos exigiam que se derramasse água sobre as mãos antes de comer, como parte do rito. As mãos eram colocadas na água ou a água era vertida sobre elas. O Talmud dispõe que a água deveria ser vertida sobre as mãos até a altura dos punhos (Yadaym, cap. 2; Mishnah 3). O uso de “baptizo” em referência a este costume, em Lucas 11,38, é mais uma evidência de que a palavra era empregada para indicar ações que não implicavam a ideia de imersão.

Igualmente, o versículo 4, onde a palavra “batismo” é empregada para a lavagem dos cálices, jarros e bandejas.

Jesus os criticou ou questionou por fazerem essas lavagens através da infusão ou aspersão? Não! O que Jesus questionou foi a sua hipocrisia, fazendo-os saber que o importante é estarem puros interiormente:

  • “Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo” (Mateus 23,26).
Veritatis Splendor

SÃO MIGUEL ARCANJO

São Miguel Arcanjo  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

«À medida que nos aproximávamos daquele grupo, comecei a ouvir o coro: "Maria, intercedei por nós", como também "Miguel”, “Pedro” e “Todos os Santos"».  (Purgatório, 49-51)

Estes são os versículos do Purgatório de Dante, no Canto XIII. O Poeta vagueia comovido entre as almas dos invejosos, enquanto a área do círculo, onde se desenvolve a cena, é invadida por vozes misteriosas, que recordam exemplos de caridade. Das sombras atormentadas também se elevam ladainhas. Imploram a intercessão da Virgem e, logo depois dela – e antes de Pedro e de Todos os Santos – invocam o nome de “Miguel”. Quando cita o Arcanjo no capítulo 51, o autor da Comédia, no Canto precedente, acabava de ver o outro anjo, definido «a mais nobre das criaturas», caindo «do céu e despencando como um raio».

A espada contra o mal

Miguel e Lúcifer. Na Divina Comédia, encontra espaço também o confronto mortal entre aquele que na Bíblia é descrito como comandante “supremo do exército celeste” e o chefe dos anjos, que decidiram fazer a menos de Deus e foram precipitados no inferno.
Segundo a tradição, o Arcanjo Miguel é o Príncipe que luta contra o mal, de cujos assaltos defende perenemente a fé e a Igreja. Dante, em 1200, mostra também que é reconhecido o poder da intercessão, atribuído a esta figura, muito venerada tanto no Oriente como no Ocidente.

“Quem é como Deus”?

No mundo, são incontáveis as catedrais, os santuários, os mosteiros, as capelas – mas também montes, grutas, colinas – dedicados ao Arcanjo Miguel, cujo nome, citado cinco vezes na “Sagrada Escritura”, deriva da expressão “Mi-ka-El”, ou seja, “quem é como Deus?”. Pela sua popularidade secular, o Anjo guerreiro que, com a sua espada desembainhada, vigia, do Castelo Santo Anjo, a Cúpula de São Pedro, é também centro de numerosas histórias e anedotas. Uma delas remonta ao dia 13 de outubro de 1884.

A súplica de Leão XIII

No dia 13 de outubro de 1884, logo após a celebração da Missa na Capela Vaticana, Leão XIII permanece inerte por uns dez minutos. Seu rosto, dizem as testemunhas, revela, ao mesmo tempo, terror e maravilha. A seguir, o Papa Pecci vai depressa ao seu escritório, senta-se à mesa e escreve de impulso uma oração ao Arcanjo Miguel. Meia hora depois, chama o Secretário e lhe entrega a folha de papel, pedindo-lhe para ser imprensa e enviada a todos os Bispos do mundo, para que a súplica fosse recitada no final da Missa. Leão XIII narra ter tido, naqueles poucos minutos, uma estarrecedora visão de “legiões de demônios” que atacavam a Igreja, quase a ponto de destruí-la, e de ter assistido a intervenção defensiva e decisiva do Arcanjo. “Depois – acrescenta – vi São Miguel Arcanjo intervir, não naquele instante, mas muito mais tarde, quando as pessoas tivessem intensificado suas ferventes orações ao Arcanjo”. Com o tempo, a súplica caiu em desuso, mas foi recordada por São João Paulo II no Regina Coeli de 24 de abril de 1994: “Convido todos a não se esquecer dela – disse Papa Wojtyla – mas também a rezá-la para obter ajuda na luta contra as forças das trevas e contra o espírito deste mundo”.

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SÃO GABRIEL ARCANJO

San Gabriel Arcanjo, século XIII 

"Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo... Eis que conceberás um filho e lhe darás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo" (cf. Lc 1,26-38)!

Este anúncio do Arcanjo Gabriel a Maria é o mais conhecido na história. A tradição da Igreja identifica, no anúncio do Anjo à Virgem e no seu dócil acolhimento da vontade divina, o momento em que Deus assumiu a natureza humana: "O Verbo se fez carne" (cf. Jo 1,14). Trata-se da Anunciação, que a Igreja celebra no dia 25 de março do calendário litúrgico.
O Anjo Gabriel revelou ainda a Maria: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Portanto, aquele que nascerá de ti será Santo e chamado Filho de Deus".
No Evangelho de Lucas, lemos "foi enviado"; logo, o Arcanjo Gabriel é o mensageiro de Deus, encarregado de explicar à "Virgem, prometida a um homem da casa de Davi, chamado José", o modo com o qual Deus deveria se encarnar.

Padroeiro das comunicações

Mencionado várias vezes no Antigo e no Novo Testamento, Gabriel, mensageiro por excelência, é o Padroeiro das Comunicações. Pio XII, com um Breve apostólico, datado em 1° de Abril de 1951, «achou por bem conceder o benefício de uma especial proteção celeste a estas maravilhosas ciências e àqueles que as utilizam ou as exploraram; telegrafar aos ausentes, com uma maravilhosa rapidez; telefonar a distâncias extraordinárias; enviar mensagens por ondas aéreas e, enfim, contemplar a visão de coisas e acontecimentos distantes de onde vivemos. Estabelecemos e declaramos o Arcanjo São Gabriel, Padroeiro celeste desta profissão, dos seus especialistas e funcionários» escreveu o Papa Pacelli. Desde então, o Arcanjo Gabriel foi declarado padroeiro também da Rádio Vaticano.
Além de Gabriel, as Escrituras mencionam também os Arcanjos Miguel e Rafael, investidos de cargos diferentes. Celebrados, antes, em datas diferentes, com as reformas do Concílio Vaticano II agora os Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael são recordados em um só dia: a sua memória litúrgica ocorre em 29 de setembro.

Os anúncios do Arcanjo Gabriel

Os episódios bíblicos, dos quais Gabriel é protagonista, são narrados no Livro do profeta Daniel - o Arcanjo aparece a Daniel para explicar-lhe o significado de uma visão misteriosa (Dn 8,15-18), enquanto, em outra (Dn 9,20- 27), preanuncia certos eventos – e ainda no Evangelho de Lucas, quando ele comunica a Zacarias sobre o nascimento do seu filho João (Lc 1, 8-20): "Um anjo do Senhor apareceu-lhe, em pé à direita do altar do incenso... Sua esposa Isabel lhe dará um filho que se chamará João". Zacarias, incrédulo, pede explicações, achando que não era possível o feliz acontecimento, por causa da sua velhice e da idade avançada da sua esposa. A resposta do Arcanjo ofereceu-lhe maiores detalhes sobre a sua identidade: "Eu Gabriel, que está na presença de Deus, fui enviado para falar-lhe e trazer-lhe este anúncio feliz".
Assim, Gabriel revela, de modo bem mais claro, ser uma criatura celeste, estar na presença de Deus e ser seu mensageiro.

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF