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segunda-feira, 29 de março de 2021

São Segundo de Asti

S. Segundo | ArqSP
29 de março

Segundo era um soldado pagão, filho de nobres, nascido em Asti, norte da Itália, no final do século I e profundo admirador dos mártires cristãos, que o intrigavam pelo heroísmo e pela fé em Cristo. Chegava a visitá-los nos cárceres de Asti, conversando muito com todos, quantos pudesse. Consta dos registros da Igreja, que foi assim que tomou conhecimento da Palavra de Cristo, aprendendo especialmente com o mártir Calógero de Bréscia, com o qual se identificou, procurando-o para conversar inúmeras vezes.

Além disso, Segundo era muito amigo do prefeito de Asti, Saprício, e com ele viajou para Tortona, onde corria o processo do bispo Marciano, o primeiro daquela diocese. Sem que seu amigo político soubesse, Segundo teria estado com o mártir e este encontro foi decisivo para a sua conversão.

Entretanto, esta só aconteceu mesmo durante outra viagem, desta vez a Milão, onde visitou no cárcere os cristãos Faustino e Jovita. Tudo o que se sabe dessa conversão está envolto em muitas tradições cristãs. Os devotos dizem que Segundo teria sido levado à prisão por um anjo, para lá receber o batismo através das mãos daqueles mártires. A água necessária para a cerimônia teria vindo de uma nuvem. Logo depois, uma pomba teria lhe trazido a Santa Comunhão.

Depois disso, aconteceu o prodígio mais fascinante, narrado através dos séculos, da vida deste santo, que conta como ele conseguiu atravessar a cavalo o Pó, sem se molhar, para levar a Eucaristia, que lhe fora entregue por Faustino e Jovita para ser dada ao bispo Marciano, antes do martírio. O Pó é um rio imponente, tanto nas cheias, quanto nas baixas, minúsculo apenas no nome formado por duas letras, possui mil e quinhentos metros cúbicos de volume d'água por segundo, nos seiscentos e cinqüenta e dois quilômetros de extensão, um dos mais longos da Itália.

Passado este episódio extraordinário, Saprício, o prefeito, soube finalmente da conversão de seu amigo. Tentou de todas as formas fazer Segundo abandonar o cristianismo, mas, não conseguiu, mandou então que o prendessem, julgassem e depois de torturá-lo deixou que o decapitassem. Era o dia 30 de março do ano 119.

No local do seu martírio foi erguida uma igreja onde, num relicário de prata, se conservam as suas relíquias mortais. Uma vida cercada de tradições, prodígios, graças e sofrimentos foi o legado que nos deixou São Segundo de Asti, que é o padroeiro da cidade de Asti e de Ventimilha, cujo culto é muito popular no norte da Itália e em todo o mundo católico que o celebra no dia 29 de março.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

Papa reza por vítimas de atentado diante de Catedral na Indonésia

Atentado em Sulawalesi do Sul, Indonésia | Vatican Media

Segundo notícias que nos chegam do país asiático, o balanço é de pelo menos 14 pessoas feridas no atentado suicida realizado na manhã deste domingo (28/03) contra a Catedral do Sagrado Coração de Jesus em Makassar, na província oriental de Sulawalesi do Sul, na Indonésia. O Santo Padre rezou pelas vítimas da violência.

Raimundo de Lima - Vatican News

“Rezemos por todas as vítimas da violência, em particular as do atentado ocorrido esta manhã na Indonésia, em frente à Catedral de Makassar.”

Foi o pedido do Santo Padre na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus no final da missa na manhã deste Domingo de Ramos, início da Semana Santa.

Segundo notícias que nos chegam do país asiático, o balanço é de pelo menos 14 pessoas feridas no atentado suicida realizado na manhã deste domingo (28/03) contra a Catedral do Sagrado Coração de Jesus em Makassar, na província oriental de Sulawalesi do Sul, na Indonésia.

Atentado ao final da missa

A explosão - informam fontes da polícia local - ocorreu às 9h26, hora local, quando uma moto se aproximou da entrada lateral do prédio no final da missa do Domingo de Ramos. O autor do atentado teria morrido. "Aconteceu no final da missa, quando as pessoas estavam voltando para casa", declarou aos jornalistas o sacerdote Wilhelmus Tulak.

Esta não é a primeira vez que as igrejas indonésias são alvo de extremistas islâmicos na Indonésia, país de maioria muçulmana mais populoso do mundo.

Em particular, em maio de 2018, seis membros de uma família se fizeram explodir em três igrejas, uma católica e duas protestantes, em Surabaya, a segunda maior cidade do país, matando uma dúzia de fiéis. A família era membro do grupo jihadista Jamaah Ansharut Daulah (Jad) e o ataque foi reivindicado pelo autoproclamado Estado islâmico.

País é multi-religioso, multiétnico e multicultural

A Indonésia não é um Estado confessional, mas se baseia no Pancasila, cinco princípios inscritos na Constituição (fé num único Deus supremo, humanidade justa e civilizada, unidade, democracia guiada pela sabedoria, justiça social) que garantem liberdade a todos os crentes.

A sociedade indonésia é de fato multi-religiosa, multiétnica e multicultural, tanto que o lema do país é "unidade na diversidade", uma peculiaridade que tem contribuído para o caráter historicamente tolerante do Islã no país, que sempre esteve acostumado a viver com pluralismo. Esta tolerância também beneficiou a comunidade católica, que representa pouco mais de 3% da população.

Vatican News

Quando Jesus morreu? 7 pistas nos indicam a data

Cristo crucificado. Créditos: Pixabay
por Harumi Suzuki

ALABAMA, 29 mar. 21 / 08:00 am (ACI).- Faltando pouco para o início da Semana Santa, o tempo litúrgico mais importante da Igreja Católica, uma das perguntas que as pessoas podem se fazer é quando Jesus morreu.

Em um artigo publicado no National Catholic Register, o escritor Jimmy Akin dá algumas pistas para tentar determinar quando esse evento histórico ocorreu.

Akin indicou que é de conhecimento geral que a entrega de Cristo na cruz por amor à humanidade aconteceu em Jerusalém no primeiro século. "Isso separa Jesus das divindades míticas pagãs, que supostamente vivem em lugares ou épocas que ninguém pode especificar", assinalou.

Mas quão específico se pode ser ao falar da data da morte de Jesus? Akin apresentou sete chaves que podem ser uma orientação para encontrar esta resposta concreta.

1. O sumo sacerdócio de Caifás

Akin assinalou que, de acordo com os Evangelhos, "Jesus foi crucificado por instigação do sumo sacerdote do primeiro século chamado Caifás".

"Sabemos por outras fontes que serviu como sumo sacerdote entre 18 e 36 d.C., de modo que isso situa a morte de Jesus nesse período", acrescentou.

2. O governo de Pôncio Pilatos

O escritor indicou que "todos os quatro evangelhos coincidem em que Jesus foi crucificado por ordem de Pôncio Pilatos", que serviu como governador da Judéia de 26 a 36 d.C., o que reduz a possibilidade em 8 anos.

3. Após o "décimo quinto ano de Tibério César"

“O Evangelho de Lucas nos conta quando começou o ministério de João Batista: No décimo quinto ano do reinado de Tibério César... a palavra de Deus veio a João, filho de Zacarias, no deserto [Lc 3, 1-2]”, destacou.

Akin acrescentou que este ano foi especificamente o 29 d.C. e, uma vez que os Evangelhos indicam que o ministério de Jesus aconteceu depois que João Batista começou o seu, "a morte de Cristo teve que ser em um período de 7 anos: entre 29 e 36 d.C.".

4. Crucificado em uma sexta-feira

Akin lembrou que os Evangelhos coincidem em que Jesus foi crucificado em uma sexta-feira, "pouco antes do sábado, que era antes do primeiro dia da semana (Mateus 28, 1; Marcos 16, 2; Lucas 24, 1; João 20, 1)".

“Sabemos que era sexta-feira porque é conhecido como 'o dia da preparação', ou seja, o dia em que os judeus realizavam os preparativos necessários para o sábado, já que não podiam realizar nenhum trabalho neste dia. Assim, cozinhavam antes e realizavam todas as preparações necessárias”, assinalou.

O escritor destacou que, de acordo com a Enciclopédia Judaica, sexta-feira é chamada de 'Ereb Shabat’ (A véspera do sábado), cujo termo 'Ereb admite o significado de "tarde" ou "mistura", mostrando que sexta-feira é o dia "onde começa o sábado, ou o dia em que se prepara a comida tanto para o próprio dia como para os dias seguintes”.

"Isso elimina seis dos dias da semana, mas ainda havia muitas sextas-feiras entre 29 e 36 d.C.", assinalou.

5. Uma sexta-feira na Páscoa

"Os Evangelhos também coincidem em que Jesus foi crucificado na festa anual da Páscoa (Mateus 26, 2; Marcos 14, 1; Lucas 22, 1; João 18:39)", assinalou Akin.

O escritor ressaltou que, segundo João, na manhã da Sexta-feira Santa "as autoridades judaicas ainda não haviam feito a refeição da Páscoa", o que mostra que a Páscoa era celebrada “começando no que chamaríamos de sexta-feira à noite”.

Akin indicou que dos oito anos entre 29 e 36 d.C., apenas em dois o início da Páscoa foi celebrado em uma sexta-feira, sendo essas datas a sexta-feira, 7 de abril de 30 d.C.; e sexta-feira, 3 de abril de 33 d.C.

6. As Três Páscoas de João

O escritor assinalou que no Evangelho de João registram-se três Páscoas diferentes durante o ministério de Jesus, a primeira está em João 2, 13, perto do começo do ministério do Senhor, a segunda em João 6, 4, no meio do ministério de Jesus, e a última em João 11, 55, ao final do ministério de Cristo.

“Isso significa que o ministério de Jesus deve ter durado pouco mais de dois anos. Um tratamento mais completo revelaria que durou cerca de três anos e meio, mas mesmo supondo que tenha começado imediatamente antes da Páscoa número 1, o acréscimo de mais duas Páscoas mostra que durou pelo menos mais de dois anos”, afirmou.

Akin disse que esses dados excluem a data de 30 d.C. como um possível dia da crucificação de Jesus, porque "não há tempo suficiente entre o décimo quinto ano de Tibério César (29 d.C.) e a Páscoa do ano seguinte para acomodar um ministério de pelo menos dois anos".

"Como resultado, a data tradicional da morte de Jesus, sexta-feira, 3 de abril de 33 d.C., deve ser considerada correta", enfatizou.

7. A hora nona

Akin indicou que “Mateus, Marcos e Lucas registram cada um que Jesus morreu por volta da 'hora nona'”, que na hora atual seria por volta das 15h.

"Isso nos permite reduzir o tempo da morte de Jesus em um momento muito específico da história: por volta das 15h na sexta-feira, 3 de abril de 33 d.C.”, concluiu.

ACI Digital

domingo, 28 de março de 2021

PAIS DA IGREJA: Jacques de Saroug

Ícone de Moisés | ECCLESIA

Jacques de Saroug

(cerca 449-521), monge e bispo sírio

«Homilia sobre o véu de Moisés»

«Foi de mim que falaram na Escritura»

“O rosto de Moisés resplandecia porque ele tinha falado com Deus. Aarão e todos os Israelitas o viram… e tiveram medo de se aproximarem dele… Quando Moisés acabou de lhes falar, cobriu o rosto com um véu” (Ex 34,29s).

O brilho com o qual o rosto de Moisés resplandecia, era Cristo que brilhava nele; mas não se mostrou aos olhos dos Hebreus; eles não o viram… Todo o Antigo Testamento se nos apresenta velado, como Moisés, o símbolo de toda a profecia. Por detrás desse véu, estendido sobre os livros dos profetas, aparece Cristo, augusto juiz, sentado sobre o seu trono de glória…

Se Moisés estava velado, que outro profeta poderia descobrir a face? Por conseguinte, a seguir a ele, todos estavam velados nos seus discursos. Simultaneamente, anunciavam e cobriam; apresentavam a sua mensagem, e ao mesmo tempo encobriam-na com um véu… É porque Jesus brilhava nos seus livros que um véu o escondia aos olhos, véu que proclamava a todo o universo que as palavras das Santas Escrituras tinham um sentido escondido…

Nosso Senhor levantou este véu quando explicou os mistérios ao universo inteiro. Pela sua vinda, o Filho de Deus descobriu o rosto de Moisés velado até então, palavras ininteligíveis. A nova aliança veio iluminar a velha; o mundo pode enfim apoderar-se dessas palavras que mais nada encobre. O Senhor, nosso Sol, elevou-se sobre o mundo e iluminou toda a criatura; mistério, enigmas são finalmente esclarecidos. O véu que cobria os livros foi levantado e o mundo contempla o Filho de Deus com o rosto descoberto.

ECCLESIA

Cardeal das Filipinas é o novo Arcebispo de Manila

Cardeal José Advincula | Guadium Press
O novo arcebispo de Manila, que foi elevado ao Colégio Cardinalício em novembro, fará 69 anos em 30 de março.

Redação (27/03/2021, 13:30, Gaudium Press) O anunciou foi feito em Manila e no Vaticano no último dia 25 de março: O Papa Francisco indicou o Cardeal José Advincula de Capiz como novo Arcebispo de Manila.

Com esta nomeação a Santa Sé preencheu a vaga que o cardeal Luís Antônio Tagle deixou em fevereiro de 2020 ao ser nomeado como atual Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, presidente da Comissão Interdicasterial para os Religiosos Consagrados e Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Urbaniana

O arcebispo Romulo Valles, presidente da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas, desejou ao cardeal Advincula “as abundantes bênçãos de Deus em sua nova missão” e ofereceu-lhe “nossas contínuas orações e apoio”. O novo arcebispo de Manila, que foi elevado ao Colégio Cardinalício em novembro, fará 69 anos em 30 de março.

Qual o pensamento que o Purpurado já manifestou sobre alguns pontos?

O UCA-News relatou que o cardeal disse:

“A Igreja não pode simplesmente ignorar os direitos humanos, porque há uma dimensão moral neles. O direito à vida, por exemplo, é consistente com o ensino da Igreja de que há dignidade na pessoa humana”.

Antes do consistório de novembro, o novo Arcebispo de Manila afirmou ao Vatican News:

“A pobreza é uma das razões pelas quais temos problemas sociais” e que ele via a educação como “a forma de desenvolver as pessoas para que possam ganhar mais para viver uma vida mais digna.”

Quem é o novo Arcebispo de Manila

Jose Fuerte Advincula, nasceu nas Filipinas em Dumalag, Capiz, em 30 de março de 1952.

Foi ordenado sacerdote em Capiz, em 14 de abril de 1976.

Em 1995 foi tornou-se Reitor do Seminário São Pio X de Capiz e também Defensor do Vínculo, Promotor de Justiça e finalmente Vigário Judiciário em Capiz.

Em 1999 foi nomeado pároco de São Tomás de Vilanueva, Dao.

Foi indicado pelo Papa João Paulo II com Bispo de São Carlos em 25 de julho de 2001 tendo sido consagrado em 8 de setembro de 2001, na Catedral da Imaculada Conceição de Roxas, por Dom Antônio Franco, núncio apostólico nas Filipinas.

Em 9 de novembro de 2011, o Papa Bento XVI elevou Dom Fuerte Advincula a Arcebispado Metropolitano de Capiz, substituindo o arcebispo que se aposentava, Dom Onesimo Cadiz Gordoncillo.

Em 25 de outubro de 2020, o Papa Francisco anunciou a sua criação como Cardeal no Consistório de 28 de novembro quando recebeu o anel cardinalício, o barrete vermelho e o título de Cardeal-presbítero de São Virgílio.

A 25 de março de 2021, o Papa Francisco nomeou-o Arcebispo de Manila.   (JSG)

(Com informações UCA-News-Foto Wikipédia)

https://gaudiumpress.org/

Depressão e suicídio na Igreja: quando os padres precisam de ajuda

© Gorinov / Shutterstock

Está na hora de estender a mão aos religiosos e religiosas sobrecarregados: eles também são seres humanos necessitados.

16 de novembro de 2016: o padre Rosalino Santos, de 34 anos, pároco na cidade sul-matogrossense de Corumbá, publica no Facebook uma foto de quando era criança, legendada com frases soltas: “Dei o meu melhor“, “Me ilumine, Senhor“. Dois dias depois, o seu corpo sem vida é encontrado pendendo de uma forca.

Oito dias antes, o padre Ligivaldo dos Santos, de Salvador, se atira de um viaduto aos 37 anos de idade.

Dentro do mesmo período de 15 dias, um terceiro sacerdote brasileiro dá fim à própria vida, com apenas 31 anos: o pároco Renildo Andrade Maia, em Contagem, Minas Gerais.

A sequência de suicídios de padres católicos chamou a atenção da mídia e voltou a ser abordada recentemente em uma relevante reportagem da BBC Brasil, que, a respeito desses casos, consultou  o psicólogo Ênio Pinto, atuante há 17 anos no Instituto Terapêutico Acolher, em São Paulo. Desde que foi fundado, no ano 2000, o instituto voltado ao atendimento psicoterápico de padres, freiras e leigos a serviço da Igreja atendeu por volta de 3.700 pacientes.

Autor do livro “Os Padres em Psicoterapia“, Ênio observa que “a vida religiosa não dá superpoderes aos padres. Pelo contrário. Eles são tão falíveis quanto qualquer um de nós. Em muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para superar momentos difíceis”.

Esta visão é compartilhada pelo psicólogo William Pereira, autor do livro “Sofrimento Psíquico dos Presbíteros“. Para William, “o grau de exigência da Igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelo de virtude e santidade. Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvo de crítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda”.

Os especialistas consultados pela reportagem da BBC indicam o excesso de trabalho, a falta de lazer e a perda de motivação entre os possíveis fatores que levam religiosos ao suicídio.

De fato, uma pesquisa feita em 2008 pela organização Isma Brasil, voltada a estudar e tratar do estresse, já apontava que a vida sacerdotal era uma das ocupações mais estressantes: dos 1.600 padres e freiras entrevistados naquele ano, 448 (28%) se disseram “emocionalmente exaustos”, um percentual superior ao dos policiais (26%), dos executivos (20%) e dos motoristas de ônibus (15%).

Para Ana Maria Rossi, a psicóloga coordenadora da pesquisa, os padres diocesanos são mais propensos a sofrer de estresse do que os religiosos que vivem reclusos: “Um dos fatores mais estressantes da vida religiosa é a falta de privacidade. Não interessa se estão tristes, cansados ou doentes: os padres têm que estar à disposição dos fiéis 24 horas por dia, sete dias por semana”.

Muito distante da “vida mansa” que os desinformados imaginam, o dia-a-dia da maioria dos sacerdotes é pontuado por celebrações de batizados, casamentos, unções dos enfermos, escuta de confissões e muitas atividades pastorais que incluem a caridade e as atenções a pessoas necessitadas, além da celebração diária da Santa Missa, das orações pessoais ou comunitárias e dos tempos de estudo – sem mencionar os muitos casos em que o padre ainda dá aulas e atende os fiéis em direção espiritual.

Conforme os dados de 2010 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a média nacional é de 1 padre para cada 5.600 fiéis.

Diretor da Âncora, uma casa de repouso no Paraná para padres e freiras com estresse, ansiedade ou depressão, o padre Adalto Chitolina confirma que, para eles, “sobra trabalho e falta tempo. Se não tomar cuidado, o sacerdote negligencia sua espiritualidade e trabalha no piloto automático. Ao longo de 2016, a nossa taxa de ocupação foi de 100%. Em alguns meses, tivemos lista de espera”.

Um dos sacerdotes atendidos pelo centro Âncora foi o padre Edson Barbosa, de Andradina, SP, que, dormindo pouco, comendo mal e se sentindo irritadiço, começou a beber. Ao se dar conta do rumo que estava tomando, pediu dispensa das atividades paroquiais e se internou durante três meses na casa de repouso. Após as consultas médicas, palestras de nutrição e exercícios físicos que o ajudaram a trocar o álcool pelo novo hábito de fazer caminhadas e pedalar, o padre de 36 anos está sóbrio há um ano e nove meses e testemunha: “Não sei o que teria acontecido comigo se não tivesse dado essa parada. Demorei a perceber que não era super-herói”.

O padre Douglas Fontes, reitor do seminário São José, de Niterói, RJ, costuma alertar os futuros sacerdotes sobre a importância de cuidarem mais da própria saúde: “Jamais amaremos o próximo se antes não amarmos a nós mesmos. E amar a si mesmo significa levar uma vida mais saudável. Tristes, cansados ou doentes não cumpriremos a missão que Deus nos confiou”.

O bom conselho é reforçado pelo arcebispo de Porto Alegre, RS, dom Jaime Spengler, que preside a comissão da CNBB voltada à vida pessoal dos padres. Ele afirma que os sacerdotes devem pedir ajuda ao bispo quando sentirem tensão psicológica ou esgotamento físico: “Os padres não estão sozinhos. Fazemos parte de uma família. E, nesta família, cabe ao bispo desempenhar o papel de pai e zelar pelas necessidades dos filhos”.

O Brasil não é exceção no quadro de estresse que afeta os religiosos sobrecarregados. A universidade espanhola de Salamanca ouviu 881 sacerdotes do México, da Costa Rica e de Porto Rico para identificar uma alta incidência, entre eles, de transtornos relacionados à atividade sacerdotal: “Três em cada cinco experimentavam graus médios ou avançados de burnout, a síndrome do esgotamento profissional”, informa Helena de Mézerville, autora da pesquisa.

burnout é conhecido na Itália, entre alguns sacerdotes, como a “síndrome do bom samaritano desiludido”.

Mas os padres católicos estão longe de ser os únicos atingidos. A BBC também ouviu o xeque do Centro Islâmico de Foz do Iguaçu, PR, Ahmad Mazloum, para quem “é preciso satisfazer, de maneira lícita e correta, as necessidades básicas do espírito, da mente e do corpo. Caso contrário, estaremos sempre em perigoso desequilíbrio”. O rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, concorda e observa que “a natureza do trabalho é a mesma. Logo, estamos sujeitos aos mesmos riscos”.

Fiéis devem ficar atentos, julgar menos e ajudar mais

É oportuno lembrar aos leitores católicos que é dever cristão de todos nós zelar pelo bem das almas – e isto inclui a alma dos nossos sacerdotes, religiosos, seminaristas, freiras e leigos consagrados. Eles contam com especial graça de Deus, certamente, mas Deus sempre deixou claro que confia o acolhimento da Sua graça à nossa liberdade, inteligência e caridade: precisamos fazer a nossa parte por nós próprios e pelos outros, ajudando-os especialmente quando estão sobrecarregados e necessitados da nossa fraternidade.

Devemos tomar em especial o cuidado de não cometer injustos julgamentos baseados na visão imatura de que “o que falta a esses padres é vida de oração“. Isto é um reducionismo que pode chegar a ser grave pecado de calúnia ou, no mínimo, maledicência. Mesmo as pessoas que vivem intensamente a fé e uma sólida espiritualidade estão sujeitas, sim, ao esgotamento físico e, portanto, à necessidade de ajuda.

Se julgarmos menos e ajudarmos mais, viveremos com mais coerência o cristianismo que dizemos professar e que tanto gostamos de cobrar dos outros.

A partir do artigo “Depressão no altar: quando padres e sacerdotes precisam de ajuda“, da BBC Brasil.

Aleteia Brasil

O Papa no Domingo de Ramos: Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento

Santa Missa do Domingo de Ramos | Vatican Media
28/03/2021
Santa Missa do Domingo de Ramos presidita pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro.

“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados”, disse o Papa Francisco este Domingo de Ramos, início da Semana Santa, na missa celebrada esta manhã (28/03) na Basílica de São Pedro.

Raimundo de Lima – Vatican News

O Papa Francisco presidiu na manhã deste domingo (28/03), na Basílica de São Pedro, a missa do Domingo de Ramos, início da Semana Santa, em que celebraremos os mistérios da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo.

Com uma presença limitada de fiéis no respeito às medidas sanitárias previstas devido às exigências que a crise pandêmica da Covid-19 impõe, a celebração teve início com a tradicional bênção dos ramos, que recorda a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.

O rito foi feito aos pés do Altar da Confissão da Basílica Vaticana: os fiéis tinham em mãos os ramos de oliveira. Depois de abençoar os ramos e ser lido um breve texto do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, o Papa dirigiu-se ao altar da Cátedra, prosseguindo a missa.

Olhar para a cruz

“Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro”, disse o Pontífice em sua homilia, destacando, entre outros, a necessidade de se passar da admiração à surpresa.

Todos os anos, disse, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: “passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa”, exortou.

“Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho”, continuou Francisco. Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz, observou.

“Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos ‘hossanas’ a Jesus ao grito ‘crucifica-O’? Aquelas pessoas seguiam mais uma imagem de Messias do que o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele.”

Diferença entre surpresa e admiração

A surpresa é diferente da admiração, destacou. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade, frisou o Papa, acrescentando:

“Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história... Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.”

E qual é o aspeto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? – perguntou Francisco, respondendo: “o fato de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos”.

Isto surpreende, observou o Papa, “ver o Omnipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado”.

Não estamos sozinhos: Deus está conosco em cada ferida

O Pontífice disse que Jesus sofreu toda esta humilhação para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar.

“Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos.”

Agora sabemos que não estamos sozinhos, frisou o Santo Padre. “Deus está conosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos”, explicou.

Se a fé perde o assombro, torna-se surda

Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta, disse o Pontífice. “Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar?”

Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro, exortou o Papa.

Francisco observou que o Espírito Santo é Aquele que nos dá a graça do assombro, convidando-nos a recomeçar do espanto, a olhar para o Crucificado.

Jesus está nos últimos, nos rejeitados

“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados.”

O Evangelho de hoje, imediatamente depois da morte de Jesus, mostra-nos o ícone mais belo da surpresa. É a cena do centurião, que, “ao vê-Lo expirar daquela maneira, disse: ‘Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!’”, frisou o Santo Padre, concluindo com uma exortação:

“Hoje, Deus ainda surpreende a nossa mente e o nosso coração. Deixemos que nos impregne este assombro, olhemos para o Crucificado e digamos também nós: ‘Vós sois verdadeiramente Filho de Deus. Vós sois o meu Deus’.”

Vatican News

9 coisas que deve saber sobre o Domingo de Ramos

Imagem referencial / Crédito: ACI Prensa

REDAÇÃO CENTRAL, 28 mar. 21 / 06:00 am (ACI).- O Domingo de Ramos, celebrado neste dia 28 de março, marca o início da Semana Santa comemorando não um, mas dois acontecimentos muito significativos na vida de Cristo.

Aqui estão as 9 coisas que você precisa saber sobre essa data.

1. Este dia é chamado de "Domingo de Ramos" ou "Domingo da Paixão"

O primeiro nome vem do fato de se comemorar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão o recebeu com ramos de palmas (João 12, 13).

O segundo nome provém do relato da Paixão que é lido neste domingo, porque de outro modo não seria lido em um domingo, já que no próximo a leitura tratará da Ressurreição.

Segundo a carta circular do Vaticano sobre “A Preparação e Celebração das Festas Pascais” de 1988, o Domingo de Ramos "une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da paixão. Na celebração e na catequese deste dia sejam postos em evidência estes dois aspectos do mistério pascal".

2. Ocorre uma procissão antes da Missa

A procissão pode ocorrer apenas uma vez, antes da Missa. Pode ser tanto no sábado, como no domingo.

"Desde a antiguidade se comemora a entrada do Senhor em Jerusalém com a procissão solene, com a qual os cristãos celebram este evento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias, que foram ao encontro do Senhor com o canto do Hosana", detalha a carta das celebrações da Páscoa.

3. Pode-se levar palmas ou outros tipos de plantas na procissão

Não é necessário usar folhas de palmeira na procissão, também podem utilizar outros tipos de plantas locais, como oliveiras, salgueiros, abetos ou outras árvores.

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia: "Os fiéis gostam de conservar em suas casas, e às vezes no local de trabalho, os ramos de oliveira ou de outras árvores, que foram abençoados e levados na procissão".

4. Os fiéis devem ser instruídos sobre a celebração

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, "os fiéis devem ser instruídos sobre o significado desta celebração para que possam compreender seu significado".

"Deve ser lembrado, oportunamente, que o importante é a participação na procissão e não só a obtenção das folhas de palmeira ou de oliveira", que também não devem ser conservadas "como amuletos, nem por razões terapêuticas ou mágicas para afastar os maus espíritos ou para evitar os danos que causam nos campos ou nas casas", indica o texto.

5. Jesus reivindica o direito dos reis na entrada triunfal em Jerusalém

O Papa Emérito Bento XVI explica em seu livro "Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição" que Jesus Cristo reivindicou o direito régio, conhecido em toda a antiguidade, da requisição de meios de transporte particulares. 

O uso de um animal (o burro) sobre o qual ninguém havia montado é mais um indicador do direito régio. Jesus queria que seu caminho e suas ações fossem compreendidos com base nas promessas do Antigo Testamento que nele se tornaram realidade.

"Ao mesmo tempo, esse atrelamento a Zacarias 9,9 exclui uma interpretação ‘zelota’ da sua realeza: Jesus não Se apoia na violência, não começa uma insurreição militar contra Roma. O seu poder é de caráter diferente; é na pobreza de Deus, na paz de Deus que Ele individualiza o único poder salvador", detalha o livro.

6. Os peregrinos reconheceram Jesus como seu rei messiânico

Bento XVI também assinala que o fato de os peregrinos estenderem suas capas no chão para que Jesus caminhe também "pertence à tradição da realeza israelita (2 Reis 9, 13)".

"A ação realizada pelos discípulos é um gesto de entronização na tradição da realeza davídica e, consequentemente, na esperança messiânica", diz o texto.

Os peregrinos, continua, "cortam ramos das árvores e gritam palavras do Salmo 118 – palavras de oração da liturgia dos peregrinos de Israel – que nos seus lábios se tornam uma proclamação messiânica: ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’ (Mc 11, 9-10; cf. Salmos 118, 26)".

7. "Hosana" é um grito de alegria e uma oração profética

No tempo de Jesus essa palavra tinha significado messiânico. Na aclamação de Hosana se expressam as emoções dos peregrinos que acompanham Jesus e seus discípulos: o jubiloso louvor a Deus no momento da entrada processional, a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias.

Ao mesmo tempo, era uma oração que indicava que o reino davídico e, portanto, o reino de Deus sobre Israel, seria restaurado.

8. A multidão que aplaudiu a chegada de Jesus não é a mesma que exigiu sua crucificação

Em seu livro, Bento XVI afirma que, os três Evangelhos sinóticos, assim como o de São João, mostram claramente que aqueles que aplaudiram Jesus na sua entrada em Jerusalém não eram seus habitantes, mas as multidões que acompanhavam Jesus e entraram na Cidade Santa com ele.

Este ponto é mais claro no relato de Mateus, na passagem depois do Hosana dirigido a Jesus: "E entrando em Jerusalém, a cidade inteira agitou-se e dizia: ‘Quem é este?’. A isso as multidões respondiam: ‘Este é o profeta Jesus, o de Nazaré de Galileia’" (Mt 21, 10-11).

As pessoas tinham escutado falar do profeta de Nazaré, mas isso não parecia importar para Jerusalém, e as pessoas de lá não o conheciam.

9. O relato da Paixão desfruta de uma solenidade especial na liturgia

A Carta das Celebrações das Festas Pascais diz o seguinte no número 33:

"É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo. A Passio é cantada ou lida pelos diáconos ou sacerdotes ou, na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote”.

A proclamação da paixão é feita sem os portadores de castiçais, sem incenso, sem a saudação ao povo e sem o toque no livro; só os diáconos pedem a bênção do sacerdote.

“Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem".

ACI Digital

Reflexão para o Domingo de Ramos

Domingo de Ramos | Vatican News

“Anunciamos Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus!”, aclamamos a cada consagração do pão e do vinho.

Padre Cesar Agusuto, SJ - Vatican News

Neste domingo, que abre a Semana Santa, a Liturgia nos propõe refletirmos sobre a entrada de Jesus em Jerusalém, para ser aclamado como Filho de Davi e para alguns dias depois, ser julgado e condenado como um grande malfeitor, um bandido que subleva o povo.

Estamos chegando no auge, no pico do Ano Litúrgico, com a solenidade das solenidades que é a Páscoa da Ressurreição do Senhor, no domingo próximo.

Nesta Semana, vamos refletir sobre a entrega de Jesus na Nova e Eterna Aliança, na quinta-feira e na paixão e morte de Jesus, na sexta. Tendo o sábado como um dia de esperança, aguardando a realização da promessa do Senhor, de que ressuscitaria, passamos estes dias ao lado da Virgem Maria, a Nossa Senhora das Dores, a Mãe da Esperança, em casa, no aguardo da Vida Nova.

Esta Semana Santa, de 2021, como a do ano passado, de 2020, terá suas celebrações diferentes, em muitas cidades serão transmitidas online, com todos os fiéis leigos em casa, protegendo-se da pandemia. Isso nos afervora o sentimento de meditação e contemplação, já que nada será motivo de distração, mas sim, de união com o Cristo que sofre sua paixão, também nos irmãos que estão enfermos e, muitos, agonizantes, além de estar presente naqueles que fazem o papel de cireneu, os médicos e enfermeiros e todos da área da saúde, que lidam direta ou indiretamente a favor daqueles que sofrem.

Veremos a Virgem Dolorosa também nas pessoas que, aflitas, acompanham, de longe, o sofrimento dos amados, dos queridos, daqueles que importam em suas vidas. Por que não citar aquelas pessoas que como Maria, outras mulheres, João Evangelista e José de Arimatéia fazem um cortejo fúnebre, mesmo apenas com o coração, e sepultam ou cremam os corpos de seus entes queridos?

Esta semana será Santa em todos os sentidos. Vamos vivê-la na dimensão unitiva com todos os que padecem em nosso mundo.

A primeira leitura da missa deste domingo, extraída de Isaías 50, 4-7, inicia dizendo que o Senhor deu ao personagem principal do texto, capacidade de confortar pessoa abatida e para ouvir, como discípulo. Ao mesmo tempo, o personagem principal sofre agressões e afrontas, mas não perde o ânimo porque sabe que o Senhor é o seu auxílio e não sairá humilhado dessa situação de ultrajes. A cena pode ser aplicada ao Cristo, em sua paixão, e a nós, em situações de profundo sofrimento. A esperança em Deus permanece. O Senhor pode não nos livrar de vexames e afrontas, mas Ele nos liberta dentro dessa situação e nos mantem, apesar das humilhações, com nossa dignidade intocável. O salmo responsorial, Sl 21 (22) descreve com tragicidade o que acontece com o Servo do Senhor, mas será o Sl 23(22), o que nos falará do sentimento mais profundo durante a experiência de atroz sofrimento: “Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim ... minha morada é a casa do Senhor por dias sem fim.”

Na segunda leitura, tirada de Filipenses 2, 6-11, São Paulo nos fala explicitamente de Jesus Cristo ao fazer a kenosis de si mesmo, isto é, ao se esvaziar da postura de Filho de Deus para se preencher com a condição de escravo e se igualar aos seres humanos.

Vivemos essa entrega do Senhor a cada Eucaristia, onde ele assume nosso lugar e sendo homem e Deus, faz a aliança nova e eterna com o Pai, renovada a cada sim dado ao Pai, quando saímos de nós mesmos e aceitamos morrer e abraçar a vida nova.

A Quinta-Feira Santa e a Sexta-Feira Santa celebram especialmente essa entrega do Senhor, que também pode, aos poucos, ir se tornando a nossa, quando conscientes no dia de nosso Batismo, demos o Sim radical ao Senhor da Vida, a cada dificuldade o vamos repetindo, até o Sim absoluto dado na hora de nossa morte.

“Anunciamos Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus!”, aclamamos a cada consagração do pão e do vinho. Aí, jaz a esperança, ou melhor, a certeza de que a vida dará sua palavra final com a ressurreição. A do Senhor já aclamada, e a nossa, imbricada na Dele.

Vatican News

Santa Gisela

Santa Gisela (A12)
28 de março
Santa Gisela

Gisela nasceu em 985 na Baviera, Germânia (atual Alemanha). Filha do duque bávaro Henrique e de Gisela de Borgonha. Era a irmã mais nova de Henrique II da Alemanha, de Bruno, bispo de Augsburgo, e de Brígida, futura abadessa de Mittelmuenster.

Em 996 o rei Estevão da Hungria, por meio de emissários, a pediu em casamento. Gisela havia se consagrado a Deus no íntimo de seu coração, mas aceitou. Assim, em obediência e por providência divina, tornou-se a primeira rainha católica húngara. Através dela se converteu o rei, e com ele os seus súditos.

Gisela ajudou na construção e reparos de muitas igrejas, inclusive a catedral de Vezprim, para a qual doou ricos feudos. Fez questão de importar os mais destacados artistas da época, incluindo escultores gregos, para embelezar as obras. Além da importância religiosa e cultural que seu reinado obteve, sua benéfica influência política, através do casamento e da conversão da Hungria, permitiu que as boas relações com a Alemanha atravessassem os séculos.

Sofreu porém com a morte, primeiro de uma filha e logo depois de um outro filho. Suas outras duas filhas casaram e nunca mais as pôde ver, pois mudaram para lugares muito distantes. Em 15 de agosto de 1038, na festa da Assunção de Nossa Senhora, dia em que se consagrara anos atrás, seu esposo faleceu, sendo depois também canonizado. O filho Américo, que deveria sucedê-la no trono, igualmente morreu e foi canonizado.

Depois de tantas perdas familiares, os húngaros pagãos da oposição assumiram o poder e neutralizaram a sua influência junto ao povo, mantendo-a presa por vários anos e impedindo seu contato com quaisquer parentes do exterior, e confiscaram seus bens. Finalmente, em 1042, após vários anos de prisão, e de muitas negociações com o rei Henrique III, Gisela pôde retornar à Alemanha, onde se recolheu no mosteiro beneditino de Niedernburg na Baviera. Esta cidade era uma abadia principesca, significando que a abadessa eleita era, automaticamente, a princesa do Império Alemão. Por seus dons e experiência, pouco depois de sua entrada, Gisela foi eleita abadessa-princesa, governando com sabedoria e prudência.

Faleceu aos 80 anos, em 7 maio de 1065, e sepultada em Passau, na Baviera. Ficou conhecida como Santa Gisela da Baviera ou da Hungria, e seu culto, muito antigo, é ainda intenso no norte da Itália, na Hungria, Alemanha, França, por todo o Oriente, e nos países onde os beneditinos se instalaram.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Gisela foi soberana na evangelização, iniciando pelo seu próprio lar, o que permitiu à Igreja ser coroada com outro grande santo, na pessoa de Estêvão. E por eles, todo um país pôde se beneficiar da Palavra de Deus e das suas naturais consequências, como a boa cultura cristã, que valoriza a Arte e assim contribui para embelezar os lugares, como os templos, tanto materiais quanto espirituais. Como é importante a mentalidade católica, nos cargos de direção! Mas a nobreza evangelizadora de Gisela não se manifesta somente nos bons e favoráveis momentos, pois seu exemplo de confiança na Providência, após grandes perdas humanas e de pertences, e também da liberdade física, é testemunho ainda maior. Como Jesus, ela inicialmente foi valorizada pelas belas obras, depois suprimida por inveja e cobiça, para então ser recompensada definitivamente com a realeza espiritual, como abadessa, princesa e santa. Nobre também foi São Guntrano, na sua conversão: franco por condição, também o foi na honestidade de alma. Reconhecendo que os casamentos por conveniência mundana não geram frutos, uniu-se convictamente à Igreja, o que o tornou pai de sacras obras.

Oração:

Senhor, que dignificais a Humanidade com os dons da Vossa imagem e semelhança, concedei-nos pela intercessão de Santa Gisela e São Guntrano o casamento firme e sincero da vontade com o serviço à Vossa Igreja, de modo que a beleza das boas obras seja a regente das nossas ações, dignas dos herdeiros da Pátria Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF