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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Arcebispo de Aparecida pede pátria sem armas, mentira e corrupção

Dom Orlando Brandes durante a missa no Santuário de Aparecida.
Foto: Gustavo Cabral / Santuário de Aparecida

APARECIDA, 13 out. 21 / 03:17 pm (ACI).- Durante a missa solene da festa de Nossa Senhora Aparecida, no santuário nacional, na manhã de 12 de outubro, o arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, pediu, numa homilia bastante política, que todos construam juntos a “pátria amada”, que “não pode ser pátria armada” e deve ser “sem ódio, sem mentira e fake news, sem corrupção”. À tarde, o presidente Jair Bolsonaro participou da missa no santuário, quando fez uma das leituras da missa e rezou a consagração à padroeira do Brasil.

Dom Orlando Brandes destacou duas palavras da liturgia do dia: povo e aliança. O arcebispo afirmou que são Paulo VI, são João Paulo II, Bento XVI e o papa Francisco, ao enviar mensagens aos brasileiros, se referiram ao povo. “E eu quero pedir que cada um de nós abrace o Brasil, abrace o nosso povo”, disse, citando os indígenas, os negros, os europeus, as crianças, os pobres e os enlutados “pelas 600 mil mortes” por covid-19 no país. “E abraçamos também nossas autoridades, para que juntos construamos um Brasil pátria amada. Para ser pátria amada não pode ser pátria armada. Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio, sem mentira e fake news, sem corrupção. E pátria amada com fraternidade”, afirmou, ao se referir a Fratelli Tutti, encíclica do papa Francisco sobre a fraternidade e a amizade social.

Sobre a aliança, o arcebispo disse que “é sinônimo de amizade, amizade pessoal, mas, o papa pede e a doutrina social da Igreja também, uma amizade social”. “Aliança significa parceria, diálogo mútuo, empatia, união e democracia”, afirmou dom Orlando, pedindo ainda que todos sejam “aliados do bem-comum” e “que nenhum brasileiro e brasileira possa caçar no lixo ossos para sobreviver”.

Por fim, dom Orlando agradeceu a Nossa Senhora Aparecida, porque durante a pandemia “foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro, que hoje te agradece de todo coração”. “Porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida juntos salvando o povo brasileiro”, concluiu. Sem nomear ninguém, a fala de dom Orlando tocou em todos os pontos pelos quais o presidente Jair Bolsonaro tem sido atacado por seus críticos e opositores.

À tarde, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao Santuário de Aparecida acompanhado pelos ministros da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e da Cidadania, João Roma. Eles participaram da missa das 14h, presidida por dom Orlando Brandes. Na ocasião, Bolsonaro foi encarregado de fazer a primeira leitura e rezou a oração de consagração a Nossa Senhora Aparecida.

Dom Orlando Brandes não pronunciou a homilia durante esta celebração. A reflexão ficou a cargo do redentorista padre José Ulysses da Silva, que falou sobre a pandemia de covid-19. “Podemos dizer, graças a Deus estamos vivos, estamos aqui. Talvez, tivemos que chorar pessoas que se foram. Nossa Senhora, ao longo de toda essa pandemia, tenho certeza, enxugou as lágrimas de muitas pessoas, de muitas famílias”.

Segundo o sacerdote, “ao longo dessa pandemia certamente algo temos que aprender”. Disse que a “primeira lição que Nossa Senhora nos dá é o valor da vida de cada um de nós, um valor que deve prevalecer sobre todo e qualquer valor desse mundo, nossos interesses políticos, econômicos e até religiosos”. Além disso, afirmou que outra lição é que “nossa vida é conectada uns com os outros”. “Ninguém vive sozinho e certamente foi graças à solidariedade, ao cuidado que nós não atravessamos crises ainda mais violentas do que poderíamos atravessar”, disse e agradeceu “a Nossa Senhora por todos os agentes de saúde que se cansaram demais para dar conta desse tempo tão difícil”.

“Ficam as sequelas, as consequências e acho que Nossa Senhora pede a nós: continuem se cuidando. Há mesas vazias, há desemprego, há sequelas da enfermidade e tudo isso ainda vai levar algum tempo”, disse. Por isso, pediu para olhar “para Nossa Senhora e, com o mesmo carinho que Ela olha para você, continue sendo solidário, continue estendendo a mão, continue ajudando”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São Calisto I

São Calisto I | Vatican News
São Calisto I, Papa e Mártir

São Calisto I, defendeu a Misericórdia de Deus, que se expressa pela Igreja, que perdoa os pecadores

Os Papas da Igreja são por excelência os Príncipes do Cristianismo, e hoje lembramos um dos Príncipes da Fé que mais se destacou entre os primeiros Papas: São Calisto I.

Filho de uma humilde família romana, nasceu em 160. Administrador dos negócios de um comerciante, Calisto passou por grandes dificuldades, pois algo saiu de errado no trabalho, chegando a ser flagelado e deportado para a ilha da Sardenha, onde como condenação enfrentou trabalhos forçados nas minas, juntamente com cristãos condenados por motivos de fé.

Sem dúvida, com a convivência com os cristãos que enfrentavam o martírio, pois o Cristianismo era considerado religião ilegal, Calisto decidiu seguir a Jesus. Mais tarde muitos cristãos foram resgatados do exílio e a comunidade cristã o libertou.

O Santo de hoje colaborou com o Papa Vítor e depois como diácono ajudou o Papa Zeferino em Roma, pois assumiu, com muita sabedoria, a administração das catacumbas, na Via Ápia, que eram aqueles cemitérios cristãos, que se encontravam no subsolo por motivos de segurança, e também serviam para celebrações litúrgicas, além de guardar para a ressurreição os corpos dos mártires e dos primeiros Papas.

Com a morte do Papa Zeferino, o Clero e o povo elegeram Calisto como o sucessor deste, apesar de sua origem escrava. Foi perseguido, caluniado e morreu mártir, quando acabou condenado ao exílio. Segundo a tradição mais segura, morreu numa revolta popular contra os cristãos e foi lançado a um poço.

Durante os seis anos de pastoreio zeloso e santo, São Calisto I condenou a doutrina que se posicionava contra a Santíssima Trindade. Até o seu martírio defendeu a Misericórdia de Deus, que se expressa pela Igreja, que perdoa os pecados dos que cumprem as condições de penitência, assim, combatia Calisto os rigoristas que condenavam os apóstatas adúlteros e homicidas.

São Calisto I, rogai por nós!

Fonte: https://catholicus.org.br/

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Governo francês aproveita abusos sexuais para atacar segredo da confissão

Adresse aux Français I YouTube

Outros governos também pressionam, indevidamente, pela intervenção estatal no segredo da confissão sacramental.

O governo francês está se aproveitando do recente relatório sobre abusos sexuais perpetrados por clérigos criminosos para atacar o segredo da confissão sacramental.

Segundo o relatório publicado na terça-feira passada por uma comissão independente que investigou acusações ao longo de 32 meses, teria havido na França, entre 1950 e 2020, pelo menos 330.000 casos de abuso sexual contra menores, cometidos por bandidos dentro do clero ou entre leigos católicos em ambientes ligados à Igreja. Trata-se de uma estimativa com base em sondagens. O relatório registrou também que uma parte dos superiores católicos foi omissa diante dos casos relatados.

O segredo da confissão na mira do governo

A comissão independente, extrapolando as suas atribuições, chegou a sugerir uma “revisão do sigilo confessional”, o que a Igreja descarta porque o segredo de confissão sacramental é inviolável.

Dom Éric de Moulins-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal Francesa, enfatizou em entrevista à Rádio France Info que o segredo da confissão “é mais forte do que as leis”.

Reagindo a esta declaração de dom Éric, porém, o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, retrucou que “nada é mais forte que as leis da República”. Aliás, o governo do atual presidente Emmanuel Macron já havia chegado a afirmar, em ocasião anterior, que “as leis da República também estão acima das leis de Deus”.

O próprio Macron, quando questionado sobre os casos de abusos apontados pelo relatório, pediu a dom Éric que explicasse o porquê de se manter o sigilo confessional na Igreja. Adicionando mais pressão, o ministro francês do Interior, Gerald Darmanin, afirmou que receberá dom Éric no início desta semana, a pedido do presidente, para “esclarecer as coisas”. Cabe lembrar que o ministério de Darmanin é o responsável, no governo francês, pela tutela dos cultos religiosos.

Abusos sexuais, entre fatos e narrativas

A se confirmarem as estimativas levantadas pelo relatório, teria havido entre 1950 e 2020 cerca de 3.200 criminosos abusadores sexuais entre os padres, religiosos e leigos católicos da França. O número corresponde a cerca de 3% do total de pessoas consagradas no país, incluindo clérigos e leigos.

A ocorrência desses crimes evidentemente exige medidas firmes das autoridades eclesiásticas e civis para punir os bandidos e reprimir contundentemente essa prática abominável. Entretanto, o cenário tem servido de justificativa para generalizações ideologicamente enviesadas e para restrições desproporcionais à liberdade de consciência e de religião, o que equivale a alegar resolver um problema criando novos.

O mesmo cenário tem ocorrido em outros países que também pressionam, indevidamente, pela intervenção estatal no segredo da confissão sacramental. Um dos governos mais agressivos a este respeito é o da Austrália. Confira, a propósito, os artigos recomendados a seguir.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A QUESTÃO POLÍTICA E OS QUEBRADORES DE IMAGENS

Apologistas da Fé Católica

A QUESTÃO POLÍTICA E OS QUEBRADORES DE IMAGENS. A CONTROVÉRSIA ICONOCLASTA E AS GUERRAS ÁRABES: LEÃO III, UMA PERSPECTIVA DE GEORGE OSTROGORSKY.

A primeira e mais urgente tarefa do novo imperador era a defesa contra a ameaça crescente dos árabes, que mais uma vez ameaçaram a existência do Império. Como os conflitos internos frustraram o contra-ataque bizantino sob Anastácio II, a luta foi mais uma vez travada sob as muralhas da capital bizantina. Leão III organizou apressadamente a cidade em preparação para o cerco iminente e aperfeiçoou as medidas defensivas que Anastácio II já havia iniciado em antecipação prudente. Em agosto de 717, o irmão do califa, Maslama, estava diante de Constantinopla com um exército e uma frota. Como nos dias de Constantino IV, começou mais uma vez uma luta amarga que estava destinada a determinar o destino do Império Bizantino. E novamente, como quarenta anos antes, a batalha decisiva foi vencida por Bizâncio. Com a ajuda do fogo grego, os bizantinos conseguiram ver incendiar a esquadra do inimigo, enquanto as tentativas árabes de tomar Constantinopla de assalto fracassaram diante da Fortaleza das muralhas da cidade. Além disso, o inverno de 717 – 18 foi particularmente severo; os árabes morreram em grande número, e então o acampamento árabe foi assolado por uma fome terrível, que fez incursões ainda maiores sobre eles. Além disso, o exército árabe foi atacado pelos búlgaros, que lhes infligiram pesadas perdas. Em 15 de agosto de 718, exatamente um ano após seu início, o cerco foi levantado e os navios muçulmanos deixaram as águas bizantinas. Assim, pela segunda vez, o ataque árabe às portas da Europa desabou diante dos muros da capital bizantina.

Mas por terra a guerra logo foi renovada e travada com extrema amargura. Todos os anos, desde 726, os árabes invadiram a Ásia Menor; Cesaréia foi investida, Nicéia sitiada e a ameaça árabe só foi evitada com a vitória de Leão III em Acroinon, não muito longe de Amório, no ano de 740. O Império recebeu forte apoio através de sua tradicional amizade com os khazares, que se sentiam unidos aos brizantinos em comum hostilidade ao califado. Eles criaram sérias dificuldades para os árabes com as incursões no Cáucaso e na Armênia. A aliança com o reino Khazar foi ainda mais fortalecida pelo casamento do filho e sucessor de Leão III, Constantino, com a filha do Khazar Khan em 733.

A libertação de Constantinopla e a expulsão dos muçulmanos da Ásia Menor encerraram uma importante fase da luta dos muçulmanos bizantinos. Ataques posteriores dos árabes frequentemente causaram considerável preocupação ao Império, mas não ameaçaram sua própria existência. Nunca mais os árabes sitiaram Constantinopla e a Ásia Menor, que, graças à organização de seus temas, agora repousava sobre uma base sólida e sólida, permaneceu, apesar de muitos reveses, uma parte integrante do Império.

Ao desenvolver o novo sistema administrativo, Leão III dividiu o amplo tema do Anatolikon. O objetivo principal desta medida era prevenir quaisquer usurpações do trono, como as que aconteceram recentemente. Ninguém sabia melhor do que Leão os perigos aos quais o ocupante do trono estaria exposto, desde que um único estratego controlava uma área tão vasta. Ele, portanto, transformou a parte oeste do distrito da Anatólia em um tema independente. Isso foi chamado de tema da Tracesion, depois que os regimentos europeus uma vez se estabeleceram lá, que originalmente formaram uma turma com o tema Anatolikon. Esse procedimento lança luz considerável sobre a gênese do sistema temático. O tema Opsikion, igualmente grande, senão maior, permaneceu, porém, não particionado. Leão parecia satisfeito em nomear seu genro Artabasdus como comandante no tema Opsikion. Seu filho e sucessor estava destinado a descobrir a magnitude de seu erro; após um novo e fatídico aviso, seu filho dividiu o vasto território pela metade e elevou a porção oriental ao status de tema independente, que foi batizado de Bucellarion em homenagem aos antigos bucellarii que ali se estabeleceram. Por outro lado, o tema marítimo dos carabísios, que originalmente incluía todo o poderio naval das províncias imperiais, foi dividido em dois entre 710 e 732, sob o comando de Anastácio II ou Leão III. Cada subdivisão anteriormente governada por um draungarius sob a estratégia dos Carabisianos agora se tornou uma unidade independente: a costa sul da Ásia Menor com as ilhas vizinhas foi o tema Cibiracot, enquanto as ilhas Egeu formaram a drungariate do Mar Egeu (Aigaion Pelagos) que mais tarde alcançou a categoria de tema e foi posteriormente dividido. Creta deve ter sido elevada ao status de tema mais ou menos na mesma época. A divisão desses. Os enormes temas do século VII foram, sem dúvida, também significativos do ponto de vista da administração; deu elasticidade à máquina administrativa e, assim, ajudou a aperfeiçoar todo o sistema. Desse modo, os imperadores do século VIII deram continuidade à grande obra da dinastia heráclica, mesmo que em escala modesta. Um desenvolvimento mais abrangente do sistema de tema foi deixado para o século seguinte.

O manual jurídico que Leão III publicou no ano 726 em seu próprio nome e o de seu filho é um marco na história da codificação do direito bizantino. A Ecloga dos imperadores Leão e Constantino oferece uma seleção das decisões mais importantes de direito privado e penal existentes naquela época; uma atenção particular foi consagrada ao direito da família e ao direito das sucessões, enquanto o direito da propriedade ocupava um lugar secundário. O principal objetivo da publicação da Ecloga era fornecer ao juiz um manual jurídico que, em escopo e conteúdo, fosse adaptado às necessidades práticas e substituísse os pesados e raramente acessíveis manuais jurídicos de Justiniano I. A Ecloga foi baseada na lei romana, conforme estabelecido no Corpus Juris de Justiniano, que continuou a formar a base da jurisprudência bizantina. A Ecloga não foi elaborada para ser trechos das antigas leis, mas tentou uma revisão na direção de uma “humanidade maior”. A Ecloga de fato revela desvios consideráveis do Corpus de Justiniano, desvios que devem ser atribuídos por um lado à influência do direito canônico, por outro lado, à influência do direito consuetudinário oriental. Assim, a pátria potestas foi severamente limitada, enquanto os direitos da esposa e dos filhos foram consideravelmente ampliados e o casamento gozou de maior proteção. Particularmente notáveis foram certas mudanças na lei criminal que dificilmente foram ditadas por um espírito de filantropia cristã. Assim, a Ecloga forneceu todo um sistema de punições de vida e membros, que era desconhecido pela lei de Justiniano, por ex. cortar o nariz, arrancar a língua, cortar as mãos, cegar, raspar a cabeça e queimar o cabelo e assim por diante. Essas punições cruéis foram, de fato, em alguns casos, substitutos da pena de morte, em outros casos, eles substituíram as multas impostas pela lei de Justiniano. O verdadeiro deleite oriental na mutilação e nos horríveis castigos corporais revelados na Ecloga, em contraste para a lei romana, não era totalmente desconhecido em Bizâncio; a história do século VII fornece ampla evidência disso. Enquanto a Ecloga se afasta da lei de Justiniano, ela fornece um registro do direito consuetudinário conforme foi desenvolvido no curso do século VII. Mostra as mudanças que a lei bizantina e a consciência jurídica experimentaram desde os dias de Justiniano, mudanças que foram devidas em parte à penetração mais profunda da ética cristã, em parte a um endurecimento da moral sob a influência oriental. A publicação de um novo manual jurídico, facilmente acessível a todos e geralmente compreensível, foi sem dúvida uma vantagem na administração do direito e da justiça. No prefácio da Écloga, há uma declaração notável em que o Imperador expressa sua determinação de pôr fim ao suborno e à corrupção em nomeações legais e fazer com que todos os juízes, do questor para baixo, tenham seus salários pagos pelo estado. Nos anos posteriores, a Ecloga teve pouca reputação porque foi obra dos iconoclastas Leão e Constantino; no entanto, foi de considerável importância para a futura legislação bizantina e exerceu influência decisiva sobre o desenvolvimento da lei nos países eslavos além das fronteiras do Império Bizantino.

O conflito sobre os ícones abriu um capítulo novo e incomum na história bizantina. A oposição de Leão ao culto dos ícones deu início à crise que caracterizou essa época e fez do Império palco de severas lutas internas por mais de um século. A tempestade começou lentamente. Tomou a forma de um conflito de imagens devido ao significado simbólico particular que atribuía ao ícone segundo a concepção bizantina. Na Igreja Grega, a veneração de ícones sagrados tornou-se cada vez mais difundida no decorrer dos últimos séculos, particularmente no período após Justiniano, e se tornou uma das principais expressões da piedade bizantina. Por outro lado, havia muitos dentro da própria Igreja que se opunham a isso e sustentavam que o Cristianismo, como uma religião puramente espiritual, deve proibir o culto aos ícones. Essa oposição foi particularmente marcada nos distritos orientais do Império, por muito tempo o berço da fermentação religiosa, onde consideráveis resquícios de monofisismo persistiram e onde os Paulacianos, uma seita hostil a qualquer culto eclesiástico, estavam ganhando terreno gradativamente. Mas foi o contato com o mundo muçulmano que primeiro atiçou a desconfiança latente dos ícones.
A atitude hostil de Leão III foi atribuída por seus oponentes a Influências judaicas e muçulmanas. É verdade que Leão III perseguiu os judeus e forçou o batismo sobre eles, mas isso não exclui a possibilidade de que ele foi influenciado pelo ensino mosaico com seu repúdio estrito à veneração de imagens.

Da mesma forma, sua luta com o Islã não impede uma possível suscetibilidade à cultura muçulmana.

A perseguição aos judeus sob Leão III, uma das relativamente raras perseguições na história bizantina, deve ser considerada mais como evidência de um aumento da influência judaica na época. A partir do século VII, uma boa parte da polêmica teológica bizantina preocupou-se com os ataques dos judeus ao cristianismo. Mais significativo ainda é a indicação da atitude amigável de Leão para com os muçulmanos, revelada pelo apelido de “mentalidade sarracena” (capaknuoppwv) que seus contemporâneos lhe deram. Os árabes, que por alguns anos percorreram a Ásia Menor, trouxeram não apenas a espada, mas também sua própria civilização e sua aversão peculiarmente muçulmana a qualquer representação pictórica do semblante humano. Daí a controvérsia iconoclasta nos distritos orientais. Do Império surgiu da interação de uma fé cristã em busca da espiritualidade pura, com as doutrinas dos sectários iconoclastas, os dogmas das antigas heresias cristológicas e as influências de religiões não cristãs, como o judaísmo e principalmente o islamismo. O desafio militar do Leste foi vencido. Agora a luta começou contra a infiltração de influências culturais orientais, e isso tomou a forma de uma polêmica sobre o uso de ícones. O pioneiro nesta batalha estava o mesmo imperador que havia repelido o ataque muçulmano dos portões de Constantinopla.

Medidas ativas contra a veneração de ícones foram tomadas pela primeira vez pelo Império Omíada vários anos antes do início da controvérsia iconoclasta em Bizâncio. Ao mesmo tempo, um movimento hostil aos ícones estava ficando mais forte na Ásia Menor bizantina, onde um influente partido iconoclasta havia surgido. À sua frente estavam os dignitários eclesiásticos da Ásia Menor, o Metropolitan Thomas de Claudiópolis e particularmente Constantino de Nacolea, o verdadeiro instigador espiritual da iconoclastia bizantina, a quem os ortodoxos bizantinos chamavam de “o arqui-herege”. Leão III, ele próprio um asiático, que viveu muitos anos nos distritos orientais do Império e como estratego da Anatólia esteve em estreito contacto com os muçulmanos, também se associou ao movimento iconoclasta. Assim, a iconofobia latente foi transformada em iconoclastia aberto. No ano de 726, Leão III entrou publicamente nas listas contra os iconódulos pela primeira vez. Fê-lo a pedido dos bispos iconoclastas da Ásia Menor que estiveram na capital pouco antes de ter sido fortalecido na sua resolução por um forte terremoto que, como verdadeiro filho da sua idade, considerava um sinal divino ira dirigida contra o uso de ícones. O imperador então proferiu sermões nos quais tentava convencer seu povo da loucura da iconolatria. Isso por si só mostrava que ele considerava sua autoridade imperial confiada a ele por Deus; como escreveu mais tarde ao Papa, ele se considerava não apenas imperador, mas também sumo sacerdote. Mas ele logo recorreu a uma intervenção ativa. Um ícone de Cristo sobre o Portão de Bronze do Palácio Imperial foi removido por um oficial por ordem expressa do Imperador. Essa primeira tentativa de impor um programa iconoclasta mostrou quão ferozmente a população da capital se ressentia da política do imperador, pois a multidão enfurecida matou o agente imperial no local. Mais significativa do que essa briga de rua foi a insurreição que a notícia da hostilidade do imperador aos ícones provocou na Grécia. O tema Hellas criou um imperador rival e enviou sua frota para atacar Constantinopla. Assim, desde o início, as partes europeias do Império traíram suas simpatias iconódicas, atitude que estava destinada a se revelar ao longo da controvérsia. O imperador não teve dificuldade em reprimir a rebelião, mas a revolta de uma província inteira foi um aviso que não podia ser ignorado.

Apesar da devoção fanática de Leão à causa da iconoclastia, ele procedeu com a maior cautela. Foi apenas no décimo ano de seu reinado que ele decidiu se manifestar contra os ícones, e vários anos mais se passaram antes que ele desse o passo final.1 Esses anos foram gastos em negociações com as principais autoridades eclesiásticas; de modo a fortalecer sua posição, ele tentou conquistar o Papa e o Patriarca de Constantinopla. Mas suas propostas foram rejeitadas decisivamente pelo idoso Patriarca Germano, e a correspondência com o Papa Gregório II apenas produziu resultados negativos. Embora Gregório II tenha recusado as aberturas iconoclastas do imperador de uma maneira incomumente cáustica, ele se esforçou para evitar qualquer rompimento com Bizâncio. Ele foi ainda mais longe e tentou reprimir o descontentamento contra o imperador que se manifestava continuamente na Itália. Ao dissociar os religiosos da questão política, ele conseguiu preservar a lealdade total para com o imperador bizantino, cuja proteção contra o perigo lombardo ainda era essencial para o papado.

Ao lado do Patriarca Germano e do Papa Gregório II, o principal oponente do Imperador era João Damasceno. Um grego que ocupou cargos importantes na corte do califa em Damasco e mais tarde entrou no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém, João foi o maior teólogo do século. Os três discursos que escreveu em defesa dos ícones, embora não entre os seus escritos mais conhecidos, são os seus melhores e mais originais trabalhos. De modo a responder à acusação de que o culto aos ícones era um renascimento da idolatria pagã, John desenvolveu suas próprias visões sobre os ícones em que explicava que a imagem era um símbolo e um mediador no sentido neoplatônico, ele justificou o uso da imagem de Cristo pela doutrina da encarnação, ligando assim toda a questão dos ícones com a doutrina da salvação. Este sistema elaborado por João Damasceno determinou todo o desenvolvimento posterior do ensino do iconódulo.
Depois que todas as tentativas de negociação falharam, Leão III teve que recorrer à força para levar a cabo seus planos. Ele fez este curso e emitiu um édito ordenando a destruição de todos os ícones sagrados. Ao mesmo tempo, ele procurou manter uma pretensão de legalidade. Em 17 de janeiro de 730, ele convocou uma assembleia dos mais altos dignitários seculares e eclesiásticos, o chamado silentium, e pediu-lhes que assinassem o edital que seria promulgado. O Patriarca Germanus recusou e foi imediatamente deposto. Seu ex-sicelo Anastácio, que estava preparado para obedecer ao comando do imperador sem questionar, ascendeu ao trono patriarcal em 22 de janeiro. Pela promulgação do edital iconoclasta, a doutrina condenando o uso de ícones. Tornou-se legalmente válida. Os ícones foram destruídos e os iconódulos Perseguidos.

O imperador não estava em posição de impor a iconoclastia na distante Itália. Mas o conflito por ícones em Bizâncio teve sérias repercussões no relacionamento entre Constantinopla e Roma. Após a promulgação do édito iconoclasta estabelecendo a doutrina iconoclasta como o ensino oficial da Igreja e do Estado, a violação tão demorada não poderia mais ser evitada. O papa Gregório III, o sucessor de Gregório II, foi compelido a condenar a iconoclastia bizantina em um Concílio, enquanto Leão III mandou os legados de Gregório III serem jogados na prisão. O imperador e o papa falharam em suas esperanças de se converterem. Alienação política seguido de dissensão religiosa. O primeiro efeito político foi … O alargamento do abismo entre Constantinopla e Roma e um declínio notável na posição de Bizâncio na Itália.

Fonte: https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/

JORNADA MUNDIAL DOS POBRES 2021

CNBB

JORNADA MUNDIAL DOS POBRES 2021 DIVULGA 1º EPISÓDIO RADIOFÔNICO SOBRE A REALIDADE DA POBREZA NO BRASIL

A Jornada Mundial dos Pobres 2021 disponibilizou a partir da quinta-feira, 7 de setembro, o primeiro episódio radiofônico, de uma série de cinco edições, sobre a realidade da pobreza no Brasil. Os episódios serão disponibilizados nas próximas quintas, até o dia 4 de novembro.

O tema do primeiro episódio trata sobre a principal origem da pobreza no Brasil. O técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, aponta que as origens da pobreza no país estão localizadas em seu passado colonial e escravocrata.

“De lá para cá só reproduzimos as desigualdades. O Brasil é um país de renda média. Crescemos muito no século XX e não crescemos há bastante tempo. A gente nunca teve um conjunto de políticas públicas totalmente focado na redução da pobreza e das desigualdades”, afirma.

Acesse a série radiofônica e todos os materiais da Jornada Mundial dos Pobres 2021, incluindo a cartilha, aqui.

No Brasil, adotou-se o tema: “Sentes compaixão?”, um convite a não ter indiferença frente ao sofrimento das pessoas em situação de vulnerabilidade e à crescente pobreza socioeconômica que assola mais 51,9 milhões de brasileiros e brasileiras. O lema bíblico que inspira a celebração desta edição é: “Sempre tereis pobres entre vós”, extraído de Mt. 14, 7. E optou-se por fazer não apenas um evento de lançamento, mas oferecer a possibilidade um itinerário e um processo para não apenas chamar a atenção mas provocar a ações solidárias aos empobrecidos. As próximas atividades da jornada estão no calendário abaixo.

Calendário Jornada Mundial dos Pobres 2021 no Brasil


14 de outubro
Seminário Nacional de formação da Jornada Mundial dos Pobres
Horário: Às 9h30 às 12h30
Onde: formato online

7 a 14 de novembro
Semana nacional do gesto concreto da JMP 2021

13 de novembro
Celebração Eucarística
Horário: Às 7h
Onde: Capela Nossa Senhora Aparecida na sede da CNBB, em Brasília-DF – transmitida ao vivo pela Tvs Católicas

14 de novembro
Dia Mundial dos Pobres: Manifesto pela Vida
Formato texto e vídeo, áudio

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Jerusalém renova trajeto da Via Dolorosa

Jerusalém | Guadium Press
Aproveitando a ausência de peregrinos e turistas, a municipalidade de Jerusalém está reformando alguns pontos de peregrinação da cidade.

Israel – Jerusalém (12/10/2021 7:00, Gaudium Press) A prefeitura de Jerusalém está aproveitando a ausência de peregrinos e turistas para reformar um trecho da venerada e conhecida Via Dolorosa. Trata-se especificamente do trecho que vai da V estação da Via Sacra até a VII estação.

Em razão da política sanitária de Israel, o número de turistas e de peregrinos está fortemente reduzido. Aproveitando a ocasião, a prefeitura de Jerusalém está aproveitando para restaurar alguns pontos da cidade Santa que, em tempos normais, se torna impossível.

Assim, já no passado mês de julho, os operários renovaram a rua que passa perto da VIII estação da Via Sacra. Eles substituíram as pedras gastas pelos passos dos peregrinos por pedras inteiramente novas.

Agora, desde o começo de outubro, o objetivo é renovar o pavimento igualmente gasto que vai da V estação até a VII. Os trabalhos começam ao cair na noite, por volta das 19 horas e duram até o amanhecer.

Conforme relato de um comerciante local, a última reforma efetuada no local foi feita na década de 80, onde foram retirados paralelepípedos datando da época otomana. (FM)

Com informações de CathCH

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Arcebispo exige que Joe Biden atue como o "católico devoto" que ele diz ser

Foto: Joe Biden/ lev radin/Shutterstock

KANSAS, 13 out. 21 / 09:51 pm (ACI).- O arcebispo de Kansas City, dom Joseph Naumann, expressou sua decepção com o presidente Joe Biden, e exigiu que ele atue como o "católico devoto" que afirma ser.

Em entrevista ao canal católico EWTN no dia 8 de outubro, Naumann lamentou a decisão de Biden de reverter uma regra deixada por seu antecessor, Donald Trump, que restringia o financiamento do aborto.

"É realmente triste", disse o prelado, já que a administração Biden está "sob o controle de extremistas do aborto".

As duras críticas do Bispo de Kansas City foram dirigidas à decisão da administração Biden de reverter a "Regra de Proteção da Vida", que impediu que dinheiro recolhido em impostos fosse oferecido a organizações que promovem abortos.

Naumann urgiu Biden, o segundo presidente católico da história dos EUA, a defender e valorizar a vida humana.

"Ele gosta de ser tratado como um católico devoto. Eu exigiria que ele começasse a agir como tal, especialmente em questões relacionadas à vida", disse.

"E também para que realmente permita que sua fé perfile sua consciência e as decisões que está tomando, não sua plataforma partidária", acrescentou ele.

Biden tem expressado reiteradamente seu apoio ao aborto. Depois de décadas de apoio à Emenda Hyde, que impede o financiamento do aborto financiado pelos contribuintes, ele mudou sua posição durante a campanha presidencial.

Mais recentemente, diante de uma nova lei no estado do Texas que proíbe o aborto a partir do momento em que um batimento cardíaco é detectado pela ultra-som, Biden confirmou que sua administração está "profundamente comprometida" com o aborto como um direito constitucional.

Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, Biden "acredita que cabe à mulher tomar essas decisões e cabe à mulher tomar essas decisões com seu médico".

Neste momento, segundo o arcebispo, a administração Biden tem "aproveitado todas as oportunidades para expandir o aborto".

Em uma declaração divulgada no dia 7 de outubro, dom Naumann enfatizou que o programa do Título X, uma política pública para oferecer planejamento familiar aos cidadãos, foi originalmente "destinado e autorizado a ser um programa totalmente separado do aborto".

O aborto, concluiu ele, não é planejamento familiar. Pelo contrário, disse ele, prejudica as mulheres e "tira a vida de uma criança já concebida e em crescimento".

Fonte: https://www.acidigital.com/

Cardeal Stella: o milagre do Papa João Paulo I, a cura de uma menina argentina

Papa João Paulo II | Vatican News

O postulador da causa de beatificação de João Paulo I, o Cardeal Beniamino Stella, Prefeito Emérito da Congregação para o Clero e natural da Diocese de Vittorio Vêneto, fala do milagre ocorrido há 10 anos em Buenos Aires, da simplicidade e humanidade, mas também da "forte identidade cristã e sacerdotal" de seu bispo. Também recorda seu amor pela sua terra natal Canale D'Agordo.

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

"Um milagre que devemos à fé dos que rezaram ao redor do leito desta criança doente" com graves problemas neurológicos, "em condições praticamente desesperadas". É assim que o postulador da causa de beatificação de João Paulo I, o Cardeal Beniamino Stella, fala do milagre que logo permitirá que o "Papa do sorriso" seja venerado como beato. Prefeito Emérito da Congregação para o Clero e originário da diocese de Vittorio Veneto, Cardeal Stella teve Albino Luciani como bispo de 1959 a 1969.

Cardeal Beniamino Stella, como Vêneto, quais são seus sentimentos sobre esta grande notícia, tão ansiosamente aguardada, e como o senhor acha que será recebida em sua terra natal?

Conheci o bispo, Dom Albino Luciani, participei da sua ordenação episcopal na minha primeira viagem a Roma em 1958. Ele era um bispo amado pelo povo, amado pelos sacerdotes, e permaneceu praticamente o tempo todo no Vêneto, primeiro como bispo em Vittorio Veneto, cerca de dez anos, depois quase nove como Patriarca de Veneza. Sua formação familiar, a região de Belluno de onde ele veio, sempre fez com que fosse muito querido por nós, também por causa de seu estilo de vida muito simples, muito humano e muito sóbrio, e acima de tudo com uma forte identidade cristã e sacerdotal. Ainda hoje encontro pessoas que me dizem: "ele me crismou, eu o conheci", e todos falam bem deste bispo, porque se lembram dele com um sorriso, com grande humanidade. Este decreto papal é certamente uma esplêndida notícia. Imagino que haverá o badalar dos sinos, mas sobretudo será fonte de alegria no coração de muitos sacerdotes e muitos fiéis no Vêneto, porque ele é um sacerdote, é considerado verdadeiramente um bispo na terra vêneta. É lembrado precisamente por estas características: um trabalhador generoso, dedicado a seu ministério, uma pessoa que era muito apreciada precisamente por causa de sua grande humanidade e de sua vida como padre e bispo.

O senhor pode nos dizer algo sobre o milagre que logo nos permitirá venerar João Paulo I como Beato?

É um milagre que ocorreu na Argentina, em Buenos Aires, há cerca de dez anos. Naquela época uma menina, hoje uma moça de vinte e poucos anos, foi curada em circunstâncias extraordinárias de problemas neurológicos muito graves, em condições praticamente desesperadas. Ainda hoje eu vi vídeos dela andando, falando, e pode-se ver uma moça de vinte e poucos anos praticamente normal. Devemos isto à fé dos que rezaram ao redor desta pessoa quando ela estava doente. É um evento que certamente tem características extraordinárias, porque houve muito trabalho médico, mas sobretudo em uma noite em particular, um longo momento de oração, de intercessão, que é o que em última análise qualifica um evento deste tipo.

Missa no início de seu Pontificado | Vatican News

Depois de 43 anos do retorno do Papa João Paulo I à casa do Pai, que sugestão o senhor daria aos fiéis que gostariam de saber mais sobre sua vida e seu testemunho? De quais escritos que ele nos deixou pode-se começar?

Há seus famosos escritos de catequese, porque como sacerdote e bispo ele foi um catequista, um comunicador. Ele não era uma pessoa em busca de audiência, mas com o microfone em mãos, nascia seu carisma de bom comunicador, com palavras simples, de grande humanidade. Depois há o famoso livro "Illustrissimi": dezenas de cartas, vamos chamá-las de fictícias, que ele escreveu para grandes figuras da história, autores, poetas, contadores de histórias, romancistas e filósofos. Ele escreveu estas cartas nas quais destacou sua formação literária e histórica. É um livro que foi republicado recentemente e que dá a ideia de como o Papa Luciani era um homem de grande cultura, de grande profundidade literária. E depois eu gostaria de mencionar a positio que foi reescrita para circulação pública, que é a biografia oficial da postulação. Há também um artigo escrito sobre a morte do Papa. Depois há suas homilias, que também podem ser ouvidas, porque muitas delas foram registradas, e o arquivo em suas homilias e discursos como Papa. É um pequeno livreto de 100-130 páginas, e também ali vemos um Papa muito, muito simples, com um considerável conhecimento teológico, que fala ao povo de Deus, se faz entender, se faz amar. Esta é uma forma de conhecê-lo: ele é um Pontífice que pode ser lido e que também será amado pelas leituras que deixou, em forma de escritos, homilias e também áudios e vídeos da época de seu pontificado.

Como postulador ou como pessoa que deve muito ao Papa Luciani, o senhor quis fazer este presente para Canale d'Agordo, a cidade natal, de comprar a casa onde nasceu Albino Luciani?

A casa, três anos atrás, foi comprada pela Diocese de Vittorio Veneto. Consegui disponibilizar a soma necessária e aceitei que a compra seria anunciada em agosto deste ano, quando fiz 80 anos. Disse que quando se tem 80 anos de idade, também se deve ser leve diante de Deus, então disse que se poderia contar sobre esta transação entre a diocese e os sobrinhos do Papa Luciani. A casa estava à venda e era necessário fazê-lo rapidamente, pois era bastante claro o itinerário rumo aos altares e por isso achei importante que pudéssemos comprar aquela casa. Ajudei à minha diocese, que agora a possui, e também fiz trabalhos de restauração. Agora eu acho que também se está organizando o jardim em frente à casa, precisamente para torná-lo visível e utilizável por ocasião da futura beatificação. Acredito que esta casa será visitada por muitos peregrinos, porque Canale d'Agordo é uma cidadezinha que tem uma forte memória de seu concidadão, e por isso penso que a futura beatificação aumentará o interesse do povo cristão pelas raízes deste Pontífice, João Paulo I.

Casa do Papa João Paulo I | Vatican News

Aqueles quartos pequenos, mas confortáveis e a casa inteira também dizem muito sobre suas raízes, sobre sua simplicidade, mas também sobre a força da família que ele tinha atrás de si...

Certamente, ele viveu intensamente sua história familiar, com seus pais, depois com seus irmãos, irmãs e sobrinhos. Ele sempre voltou, mesmo quando era bispo, patriarca e cardeal, para ver a casa onde nasceu. Os visitantes ainda encontrarão o quarto onde ele nasceu. Ainda tem a estufa, e muitas outras lembranças e também o quarto onde ele ia às vezes descansar em uma breve estadia como bispo e cardeal. Canale d'Agordo é uma meta turística, mas acima de tudo é um destino de peregrinação que, creio, fará renascer a fé de muitos peregrinos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Bem-aventurados mártires espanhois

Bem-aventurados mártires espanhois | arquisp
13 de outubro
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A BEATIFICAÇÃO DE 522 MÁRTIRES ESPANHÓIS DO SÉCULO XX

Tarragona, Espanha
Domingo, 13 de Outubro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Uno-me de coração a todos os participantes na celebração, que tem lugar em Tarragona, na qual um grande número de Pastores, pessoas consagradas e fiéis leigos são proclamados Beatos mártires.

Quem são os mártires? São cristãos conquistados por Cristo, discípulos que aprenderam bem o sentido daquele «amar até ao extremo» que levou Jesus à Cruz. Não existe o amor por entregas, o amor em doses. O amor total: e quando se ama, ama-se até ao extremo. Na Cruz, Jesus sentiu o peso da morte, o peso do pecado, mas entregou-se totalmente ao Pai, e perdoou. Pronunciou apenas palavras, mas entregou a vida. Cristo «anticipa-nos» no amor; os mártires imitaram-no no amor até ao fim.

Dizem os Santos Padres: «Imitemos os mártires»! É preciso morrer sempre um pouco para sairmos de nós mesmos, do nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas, e abrir-nos a Deus, aos outros, sobretudo aos que mais precisam.

Imploremos a intercessão dos mártires para sermos cristãos concretos, cristãos com obras e não com palavras; para não sermos cristãos medíocres, cristãos envernizados de cristianismo mas sem substância, eles não eram envernizados, eram cristãos verdadeiros, peçamos-lhe a sua ajuda para manter firme a fé, mesmo que haja dificuldades, e sejamos assim fermento de esperança e artífices de fraternidade e de solidariedade. Peço-vos que rezeis por mim. Jesus vos abençoe e a Virgem vos proteja.

Fonte: www.vatican.va

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

http://arquisp.org.br/

terça-feira, 12 de outubro de 2021

“Fratelli tutti”, o apelo de Francisco à fraternidade

Encíclica do Papa foi publicada em outubro de 2020 | Vatican News

Assinala-se neste mês de outubro o primeiro ano da publicação da Encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco”. Recordamos aqui o comentário de dois bispos portugueses aquando da publicação do texto do Santo Padre.

Rui Saraiva - Portugal

Foi a 3 de outubro de 2020 que o Papa Francisco assinou a Encíclica “Fratelli Tutti”. Francisco de Roma deixou-se inspirar por Francisco de Assis e colocou-se na esteira do futuro propondo um caminho de fraternidade. Um texto no qual o Papa propõe “uma forma de vida com sabor a Evangelho”. O Evangelho de Jesus: amar o próximo como a ti mesmo.

Anseio mundial de fraternidade

A terceira Encíclica do pontificado de Francisco é um texto dedicado à fraternidade e à amizade social que procura acender uma luz de esperança numa humanidade sofrida. Especialmente neste tempo de pandemia.

O Papa Francisco refere-se, precisamente à covid-19, logo no número 7 da sua Encíclica afirmando que esta doença “irrompeu de forma inesperada” tendo deixado “a descoberto as nossas falsas seguranças”.

“Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade” – escreve Francisco na sua Encíclica.

Sem fraternidade não há liberdade e igualdade

Nas semanas após a publicação deste texto papal fomos publicando aqui comentários de vários bispos portugueses partindo da Encíclica do Papa. Nesta edição recordamos as opiniões de dois deles em entrevista ao Vatican News: D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda.

“Sem fraternidade nunca nos encontraremos em experiência de autêntica liberdade e igualdade” – disse o arcebispo de Braga. D. Jorge Ortiga refere que na Encíclica, o Santo Padre apresenta a fraternidade como um “princípio político de ação”:

“Parece-me que o essencial está na proposta da fraternidade como princípio político de ação situando-se fora do âmbito estritamente eclesial. Sabemos todos nós que o mundo moderno nasceu da revolução francesa e esta foi orientada pela liberdade, igualdade e fraternidade. Se olharmos um bocadinho para aquilo que norteia hoje a vida pública da comunidade internacional, a fraternidade não foi verdadeiramente assumida. E daí as dificuldades em interpretar, justamente, a liberdade e a igualdade. Falta a raiz, falta o fundamento, falta o suporte. Sem fraternidade nunca nos encontraremos em experiência de autêntica liberdade e igualdade. Creio que este é o princípio fundamental e o alicerce de toda esta Encíclica.”

Igreja não pode silenciar-se

Mas será que as grandes potências do mundo ouvem o apelo do Santo Padre à fraternidade? O arcebispo de Braga identifica alguns problemas que impedem a fraternidade e que a Igreja deverá denunciar: 

“O mundo admira o Papa Francisco, mas parece que o ouve muito pouco. A sua voz é a voz da Igreja e, muitas vezes, parece que a voz da Igreja brada no deserto. Só que a Igreja seguindo a voz do Papa não pode silenciar-se. Alguns exemplos do que nesta Encíclica é sublinhado e que a Igreja não pode esquecer: no plano político, as relações internacionais terão de mostrar uma colaboração efetiva e não uma soma de interesses nacionais. Continua a haver nações ricas e nações pobres e a fraternidade tem que passar por aqui. E a Igreja tem que o denunciar; a obrigação de proteger os débeis, os mais frágeis, os idosos e os deficientes. Nós sabemos que estes são aqueles a quem Deus mais ama; o problema dos refugiados e dos migrantes; os problemas contra a fraternidade, com tantos conflitos e guerras; o reacendimento dos populismos, o racismo e a campanha do ódio.”

Uma enorme função social

Por sua vez D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda destacou que o texto do Santo Padre tem uma enorme função social sendo um “dom semeador de mudança e de esperança”:

“A terceira Encíclica do Papa Francisco, “Fratelli tutti”, sobre a fraternidade e a amizade social é um dom semeador de mudança e de esperança à Igreja e ao mundo contemporâneo. E, como diz o Papa, é uma resposta aos sinais dos tempos que solicitam um desenvolvimento humano integral e a paz. S. Francisco de Assis continua a inspirar o Papa Francisco nas desafiantes propostas de uma forma de vida com sabor a Evangelho. A sabedoria do pobre de Assis exortava assim os seus irmãos à imitação de Jesus Cristo: ‘irmãos ponhamos todos diante dos olhos o Bom Pastor que para salvar as suas ovelhas sofreu a Paixão da Cruz’. Eu diria que a novidade também está aqui em traduzir, até com uma maior simplicidade, o Evangelho, dizendo que Deus dá sempre de graça. E é também interpelante o testemunho do beato Charles de Foucauld, o irmão universal, na conclusão deste caminho humano e espiritual. Por isso, esta Encíclica tem uma enorme função social.”

Cultura do diálogo e política pelo bem comum

Para D. José Cordeiro é necessário responder ao apelo do Papa a um “testemunho real da cultura do diálogo inter-religioso”. Porque “a fraternidade tem muito para oferecer à liberdade e à igualdade” – afirmou:

“A fraternidade tem muito para oferecer à liberdade e à igualdade. O dom da fraternidade humana universal compromete uma cultura consciente e constante desta mesma fraternidade universal, não num sentido geográfico, mas existencial do bem comum, da solidariedade e da gratuidade. O desafio maior é para uma cultura do diálogo e do encontro. A vida é a arte do encontro e a Encíclica é um grande apelo e um testemunho real da cultura do diálogo inter-religioso. O Papa referindo-se àquele grande texto do encontro entre as religiões e as culturas que pareciam tão distantes diz em nome de Deus que declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho, a colaboração comum como conduta, o conhecimento mútuo como método e critério. E temos de curar as feridas e restabelecer a paz. Um outro grande Papa, S. Gregório Magno, dizia que nós temos que ‘amar os amigos em Deus e amar os inimigos por Deus’. E é desafiante o tempo que vivemos”.

Recordamos aqui os comentários de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda aquando da publicação em outubro do ano passado da Encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti”, “Todos irmãos”.

Na sua Encíclica o Santo Padre indica o caminho da fraternidade, de “uma única humanidade”. Um caminho onde cada um deve trazer o que tem para partilhar, “cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” – escreve o Papa.

Laudetur Iesus Christus 

Fonte: https://www.vaticannews.va/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF