Translate

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A Igreja no Sudão do Sul

A visita do Papa Francisco ao Sudão do Sul | Vatican News

Hoje mais da metade da população do Sudão do Sul é cristã, com predominância de católicos, que representam 52% da população, seguidos por anglicanos, presbiterianos e outras confissões protestantes, enquanto os ortodoxos (coptas, etíopes e greco-ortodoxos) representam menos de 1% da população. Há também uma presença consistente de seguidores de religiões tradicionais africanas, que segundo algumas fontes seriam até mesmo predominantes.

Vatican News

O Sudão do Sul tem uma população de cerca 13.794.000 de habitantes, dos quais cerca de 7.225.000 são católicos. As Circunscrições Eclesiásticas no país são 7, com 124 paróquias, 781 centros pastorais.

A Igreja no país africano é pastoreada por 10 bispos, 185 sacerdotes diocesanos, 115 sacerdotes religiosos (totalizando 300 sacerdotes). Os diáconos permanentes são 7, os religiosos não sacerdotes 35, as religiosas professas 218, os membros de Institutos Seculares 3, os missionários leigos 6 e os catequistas 3.756.

Em relação às vocações sacerdotais, os seminaristas menores são 313 enquanto os maiores 189.

Já os centros de educação de propriedade e/ou dirigidos por eclesiásticos e religiosos são: maternais e escolas primárias 202, médias e secundárias 33, superiores e universidades 7.

Os estudantes das escolas maternas e primárias, por sua vez, são 83.098. Das escolas médias inferiores e secundárias 10.959, dos institutos superiores e universidades 2.481.

Ademais, a Igreja administra 10 hospitais, 41 ambulatórios, 9 leprosários, 12 casas para idosos, inválidos e menores, 9 orfanatróficos e jardins da infância, 6 consultórios familiares, 1 centro especial de educação ou reeducação social, além de outras 5 instituições.

Cerca de 60 jovens peregrinos e líderes espirituais chegam à vila de Bori, nos arredores de Juba, em 2 de fevereiro de 2023, depois de caminharem a maior parte do caminho desde a cidade central de Rumbek, uma jornada de cerca de 400 quilômetros, pela paz antes da visita do Papa Francisco a Sudão do Sul de 3 a 5 de fevereiro de 2023. (Foto de Simon MAINA/AFP)

As origens

A história do cristianismo no Sudão do Sul está ligada à do Sudão, ao qual o jovem Estado africano se uniu até 2011. A primeira evangelização deste território remonta ao século VI por obra do clero de Bizâncio. A Igreja então se desenvolveu com os bispos que mais tarde passaram a se submeter ao patriarca copta de Alexandria.

Com o colapso do reino cristão da Núbia no início do século XIV seguiu-se o desaparecimento quase completo do cristianismo. Apenas algumas comunidades franciscanas permaneceram na região. Em meados do século XIX, começaram as primeiras novas tentativas de evangelização das missões ocidentais, que no entanto fracassaram devido à malária e às difíceis condições climáticas. Por outro lado, as tentativas dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus e das Irmãs Missionárias Pie Madri della Nigrizia foram coroadas de sucesso, ainda que com inúmeras dificuldades, graças à tenacidade do seu fundador, São Daniel Comboni (1831 -1881), a quem se deve o nascimento da Igreja local. Também graças ao seu trabalho, entre 1901 e 1964, o cristianismo experimentou um crescimento extraordinário no Sudão do Sul, contribuindo para fortalecer a identidade dos sul-sudaneses em relação à população árabe e muçulmana do norte.

A sua oposição às tentativas de islamização do Sul promovidas pelo governo de Cartum após a independência do Sudão do domínio anglo-egípcio (acompanhada de forte hostilidade aos missionários), alimentou os impulsos secessionistas na origem das duas sangrentas guerras civis (1955 - 1972 e 1983-2005) desencadeadas na independência do Sudão do Sul em 2011.

A Igreja no Sudão do Sul independente

Hoje mais da metade da população do Sudão do Sul é cristã, com predominância de católicos, que representam 52% da população, seguidos por anglicanos, presbiterianos e outras confissões protestantes, enquanto os ortodoxos (coptas, etíopes e greco-ortodoxos) representam menos de 1% da população. Há também uma presença consistente de seguidores de religiões tradicionais africanas, que segundo algumas fontes seriam até mesmo predominantes.

Com a independência do Sudão do Sul, a Igreja Católica e as outras Igrejas puderam se reorganizar e dedicar-se mais livremente às suas atividades pastorais. A Constituição reconhece explicitamente a igualdade entre as confissões religiosas e a liberdade de culto. Em mais de uma ocasião, os líderes políticos do Sudão do Sul independente expressaram seu apreço pelo apoio das Igrejas à paz e à construção da nação, elogiando sua contribuição para o crescimento humano, social e civil da sociedade Sudanês do Sul. No entanto, não faltaram atritos e tentativas por parte das autoridades sul-sudanesas de limitar a voz da Igreja quando esta não lhe agradava, como aconteceu em 2014 com as políticas do país em relação à guerra civil que eclodiu em 2013.

O empenho da Igreja pela paz e pelo desenvolvimento do Sudão do Sul

O tema da paz continua a dominar a Igreja local que, desde os tempos da luta pela independência do Sudão do Sul, sempre esteve ao lado da população atormentada pela guerra. As Igrejas cristãs, que colaboram no Conselho das Igrejas do Sudão do Sul (SSCC), são ainda hoje as únicas instituições nacionais que trabalham seriamente pela reconciliação com o apoio solidário das outras Igrejas africanas e no mundo e da Santa Sé.

Nestes anos, os bispos, missionários e outros líderes cristãos não cessaram de denunciar a dramática situação humanitária causada pela guerra e pela fome e foram feitos inúmeros apelos às partes em conflito e à comunidade internacional pela paz e pela reconciliação. Entre estes, recorda-se aquele lançado em julho de 2017 pelo presidente da Conferência Episcopal (SCBC), Dom Edward Hiiboro Kussala, na mensagem divulgada por ocasião do sexto aniversário da independência. No documento, o prelado pedia um cessar-fogo total, apoio ao diálogo nacional proposto pelo presidente Salva Kiir e de rezar incansavelmente pela paz. Também houve críticas da Igreja aos líderes políticos por suas responsabilidades no conflito.

O esforço da comunidade cristã pela reconciliação ocorre em vários níveis. Um é o da mediação, no qual as Igrejas locais estiveram envolvidas desde os primeiros anos de vida do novo Estado. Em 2013, o presidente Salva Kiir convocou o bispo emérito de Torit, Dom Paride Taban, e o arcebispo anglicano Daniel Deng Bul para liderar um novo comitê encarregado de promover o processo de reconciliação nacional. Nesses processos de mediação, as Igrejas foram ativamente apoiadas pelas Igrejas do mundo. Basta pensar na chamada "Iniciativa de Roma", o processo de paz paralelo promovido em 2020 pela Comunidade de Sant'Egidio para levar à mesa de negociações também os movimentos de oposição que não são signatários do acordo de paz revitalizado de 2018.

Entre as iniciativas para promover a reconciliação, destaca-se também o projeto Kit, um centro voltado para a formação dos cidadãos em temas de paz e cura interior, promovido pelas congregações missionárias da cidade de Rajaf e financiado pela Conferência Episcopal Italiana. Outro âmbito que vê as Igrejas sudanesas comprometidas em primeira linha é a assistência humanitária aos cerca de dois milhões de deslocados internos que fugiram da violência nos últimos anos. Além da Igreja local, várias organizações caritativas católicas estrangeiras estão envolvidas nesta obra. Entre estas  Catholic Relief Services (CRS) dos bispos estadunidenses, a Caritas italiana, Médicos com a África CUAMM e várias congregações religiosas. Digno de nota, a este respeito, o projeto "Solidariedade com o Sudão do Sul" lançado em 2008 pela UISG (União Internacional de Superiores Gerais) e pela USG (União de Superiores Gerais), a pedido da Conferência Episcopal Sudanesa, e apoiado por mais de 270 institutos, congregações, benfeitores e agências internacionais.

A estas iniciativas somam-se os muitos projetos de desenvolvimento e promoção humana levados a cabo durante anos, no meio de mil dificuldades, pelo clero, pelos missionários das várias congregações religiosas presentes no país.

A pobreza, a falta de educação e oportunidades de trabalho para os jovens e a situação difícil das crianças-soldados são, de fato, os principais obstáculos à paz no Sudão do Sul.

A proximidade do Papa Francisco ao povo sul-sudanês

Particular preocupação pelo martirizado povo sul-sudanês também foi expressa em várias ocasiões pelo Papa Francisco, que nos últimos anos lançou repetidos apelos pela paz, mas também várias iniciativas pelo Sudão do Sul.

Entre essas, a especial vigília de oração pela paz no Congo e no Sudão do Sul, por ele presidida na Basílica de São Pedro em 23 de novembro de 2017 e o Dia de Oração convocado para 23 de fevereiro de 2018, depois que sua viagem ao país foi adiada por motivos de segurança, juntamente com o primaz anglicano inglês Justin Welby, que havia sido anunciada para 2017.

Digno de nota é o retiro espiritual convocado para se realizar no Vaticano em 10 de abril de 2019 com os dois líderes rivais do Sudão do Sul. Um encontro em que fica gravada na memória a imagem do Pontífice beijando-lhes os pés.

Em 9 de julho de 2021, o Papa Francisco, o arcebispo Welby, juntamente com o então moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Jim Wallace, escreveram uma mensagem conjunta aos líderes do Sudão do Sul expressando satisfação com o progresso feito no processo de paz, reafirmando a necessidade de realizar "maiores esforços" para que o povo do Sudão do Sul possa "gozar plenamente dos frutos da independência". A mensagem também confirmou sua intenção de visitar o Sudão do Sul assim que as condições o permitissem.

A recordar, por fim, a iniciativa "O Papa pelo Sudão do Sul" lançada no verão de 2017, uma contribuição econômica de cerca de meio milhão de dólares para apoiar intervenções nos campos da saúde, educação e agricultura, com as quais Francisco quis expressar concretamente a caridade e proximidade com as populações da nação africana.

Após o novo adiamento da sua Viagem Apostólica aos dois países prevista para o verão de 2022, numa mensagem vídeo divulgada a 2 de julho, o Papa Francisco voltou a reafirmar a sua proximidade e afeto ao povo congolês e sul-sudanês, exortando-os a não deixar-se "roubar a esperança".

Sal da terra e luz do mundo

Sal da terra e luz do mundo | coracaodemaria

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

O Evangelho deste domingo (Mateus 5,13-16) é a continuação das bem-aventuranças que são retrato fiel de Jesus Cristo e referência permanente para todos os seguidores e discípulos dele.  O que é ser cristão? Através de três parábolas ou provérbios Jesus mostra alguns elementos do ser cristão: ser sal da terra, luz do mundo e brilhar do alto para todos. As três imagens convergem na mesma direção de que os cristãos servem os outros, de que os cristãos são uma presença suave e forte no mundo. Não passam despercebidos, eles são luz e sal como o próprio Cristo, pois, por onde passava coisas boas iam acontecendo. 

A primeira imagem usada por Jesus é o sal. É preciso dar sabor à vida dos homens. É a primeira das imagens à qual Jesus recorre para definir a identidade de seu discípulo. O sal faz parte do cotidiano da vida, empregado amplamente para dar sabor aos alimentos. Antes do aparecimento da geladeira e do freezer era praticamente o único meio para preservar os alimentos. Portanto, convivemos com sal e sabemos da sua utilidade.  

O rico simbolismo do sal ajuda a compreender a missão do seguidor de Jesus na sociedade. O sal é protagonista na culinária e a sua presença discreta na comida não é detectada; mas sua ausência logo é percebida. O sal se dissolve totalmente nos alimentos e deixa o seu sabor. É uma bela maneira de expressar a tarefa do cristão no mundo: ser sal da terra, sal humilde, derretido, saboroso. Atua de dentro, não se nota, mas que é indispensável. Jesus questiona: “Se o sal se tornar insosso, com que salgaremos?” Quimicamente parece que é impossível o sal não salgar. Com este questionamento, Jesus alerta os discípulos que não há meio termo, se é ou não se é discípulo. 

A segunda imagem usada por Jesus é a luz que ilumina o mundo. Torna-se a segunda característica do discípulo. A primeira página da Bíblia começa dizendo que a criação começa com a ordem: “haja luz” (Gn 1,3). A luz é um elemento vital para os seres vivos, somente raras espécies sobrevivem na escuridão no fundo do oceano. Também não basta ter olhos perfeitos, se não há luz, não se vê nada.  

O simbolismo da luz perpassa toda Escritura até chegar à plena luz, Jesus Cristo. “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não caminha da escuridão, mas terá a luz da vida” (João 8,12). O cristão iluminado por Cristo se converte em luz. Vai refletir a luz recebida, assim como a lua reflete a luz do sol.  

Os outros textos bíblicos da liturgia dominical aprofundam a compreensão do ser cristão como sal terra e luz do mundo. A fé professada e celebrada expressa-se em vivência moral, em atenção amorosa ao próximo. O profeta Isaías 58,7-10 ensina sobre a dimensão da atenção aos necessitados e indigentes, da partilha do pão e da roupa. “Então, brilhará a tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa”. Também exorta: “Se destruíres teus instrumento de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa (…) nascerá nas trevas a tua luz e tua vida será como o meio-dia”. O salmo 111/112 reza: “Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente!” 

São Paulo na 1ª Carta ao Coríntios 2,1-5 lembra para que o cristão seja sal da terra e luz do mundo “a vossa fé se baseasse no poder de Deus, e não na sabedoria dos homens”, mas seja uma demonstração do “poder do Espírito”. A vida cristã e suas obras não podem ser comparadas com os métodos eficientes do mercado e da indústria. O cristão produz seus frutos na medida em que reconhece suas fraquezas e confia em Deus. São Paulo testemunha: “não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado”.

A importância do matrimônio nos padres da Igreja

Vatican News

"O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança(Gn 1,26), como dons a serem desenvolvidos na realidade do mundo e em vista da glória do Senhor. Esta unidade do homem com a mulher e da mulher com o homem alude ao desejo do próprio Criador de que o casal viva bem, junto na paz e no amor. Tudo é dado de uma forma simples e humilde o qual este processo não pode se dissolver, porque como diz a Escritura o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois formarão uma só carne (Gn 2,24). Jesus retomou o ideal e a objetividade do matrimônio na criação quando foi perguntado pelos fariseus se era permitido ao homem despedir a mulher por qualquer motivo, afirmou ele que o Criador os criou para viverem unidos, pois, o que Deus uniu o ser humano não separe (Mt 19,3-6). O casal é abençoado por Deus desde as origens no mistério do amor do Senhor Deus Uno e Trino para com a humanidade. Será muito importante ver como os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos elaboraram esta doutrina que ilumina as pessoas nos séculos posteriores até chegar à atualidade. O matrimônio é graça de Deus e é responsabilidade humana.

O matrimônio como unidade de duas pessoas

O matrimônio era visto pelos padres da Igreja, como entrega de duas pessoas para uma vida em conjunto, tendo a benção de Deus para a sua unidade. Eles falaram de um acordo que foi ratificado por Deus que criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). O Senhor conduz a esposa ao esposo e o esposo à esposa tendo como conseqüência as núpcias e ratificando a sua união, dada pela Igreja[1]. O princípio da unidade e da indissolubilidade estavam presentes nos padres da Igreja ganhando força a palavra do Criador destes valores cristãos ao matrimônio e o Senhor Jesus que também colocou o matrimônio no plano das origens, do Criador em vista das pessoas buscarem uma vida indissolúvel, uma só carne (Mt 19,4-5)[2]

A benção do matrimônio cristão

Tertuliano, padre da Igreja no Norte da África dos séculos II e III afirmou a felicidade do matrimônio porque é a Igreja que ratifica a vivência de duas pessoas, une os jovens para viverem juntos sendo a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). É uma espécie de hóstia eucarística, uma benção selada, que os anjos anunciam nos céus e o Senhor Deus aprovou?[3]. Tertuliano colocou a importância do casal na unidade de seus projetos e de suas vidas. Para ele seriam dois fiéis, homem e mulher unidos numa única esperança num só desejo, num único respeito, numa única vida de serviço e doação[4].

Única carne na vida e na Igreja

Tertuliano reforçou também a unidade a partir do dado bíblico, proveniente do Senhor Jesus no qual o casal é dois numa única carne (Mt 19,6). Desta forma é uma só vida, sendo também um só espírito, onde juntos rezam, juntos se ajoelham, fazem as admoestações um ao outro, exortando-se um a outro, como também se confortam um ao outro[5].

Esta unidade na vida humana para ser uma só carne, é dada também na Igreja de Deus, no banquete do Senhor, da eucaristia, sendo também igual nas perseguições e nas consolações. O casal visita livremente os doentes, dá uma grande ajuda aos pobres. A cruz não se faz no esconderijo, a benção não é dada no silêncio na vida do casal. Ao ver e sentir estas coisas, o Senhor Jesus alegra-se, convidando-o à sua paz (Jo 14,27). Onde está o casal lá se encontra o Senhor (Mt 18,20) e onde Ele está, não há lugar para o mal[6].

O matrimônio: a união

São Clemente de Alexandria, Padre dos séculos II e III disse que o matrimônio é a união de um homem e de uma mulher, segundo a lei, em vista do amor e da procriação. A pessoa casa com o tempo com uma pessoa que o ama e assim o casal tenha as condições para a geração de filhos e de filhas[7]. O casal é convidado a se querer bem um com o outro e também seja ciente na procriação dos filhos[8].

A superação da divisão

São Clemente reforçava a idéia para os homens casados não buscarem a divisão com as suas próprias mulheres pela vida dos filhos e por ser uma opção que não favorece a lei do Senhor, a divisão é claro. O autor exortava para que se começasse a partir do matrimônio a mostrar em casa o valor de uma vida de santidade. É uma realidade excepcional a união conjugal, o matrimônio é uma grande graça para o serviço do Senhor no mundo[9].

A vivência da virtude e da unidade

O autor alexandrino teve também presente na unidade do casal a vivência das virtudes, da fé, da caridade no homem e na mulher, pois se tratava do matrimônio cristão. O fato é que o mesmo Deus está em ambos, e é também para ambos, o mesmo Pedagogo, Jesus Cristo. Uma é também a Igreja, a temperança, comum é o alimento, o vínculo nupcial, um é o respiro, a vista, o conhecimento, a esperança, a obediência, o amor porque todas as coisas são iguais na unidade do matrimônio. As pessoas as quais tem comunhão de vida pelo matrimônio, terão em comum, a graça e a salvação[10].

Deus os criou homem e mulher

Orígenes, padre alexandrino dos séculos II e III teve presente o dado bíblico de que o Senhor Deus criou o ser humano, homem e mulher, como imagem e semelhança suas, para que também crescessem, se multiplicassem, enchessem a terra e a dominassem (Gn 1,27-28). O Senhor abençoou os dois para que vivessem bem em unidade com as criaturas e com Deus[11].

A igualdade diante de Deus

Orígenes ressaltou que a forma como Deus criou o homem e a mulher conduz a unidade do casal e à plena igualdade diante do Criador. Não existe uma superioridade de um para com o outro pelo fato de serem criaturas feitas pelo Senhor. Por isso Orígenes é contra a dominação no casal por que toda a relação com Deus seja digna pela vivência da unidade no matrimônio, uma vez que o Salvador disse que assim não são mais dois, mas uma só carne (Mt 19,21). Quando as coisas reinam no matrimônio, como a concórdia, a harmonia por parte do marido para com a mulher, e por parte da mulher com o marido, agindo em favor da unidade e da igualdade é possível que a palavra de Deus se realize no matrimônio, pois não se trará mais de dois. É Deus mesmo que une as duas pessoas em uma só, afim de que não sejam dois seres distintos, mas que vivam unidos entre si, com os outros e com Deus[12]. Para Orígenes é muito importante afirmar que quando o matrimônio respira a graça de Deus, deriva a harmonia, o amor no casal. O matrimônio constitui uma graça divina, quando não existe a instabilidade, mas quando reina a paz, dom de Deus para o mundo e para o casal[13].

 O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união. As autoridades olhem com carinho as famílias para que hajam políticas públicas em favor das mesmas. Os padres da Igreja tiveram presentes as palavras do Criador lá no início e a retomada do Senhor Jesus ao mesmo plano de unidade, de fraternidade para assim formar um só ser no mundo e um dia na eternidade.

[1] Cfr. H. Crouzel – L. Odobrina. Matrimonio. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo di Berardino, F-0. Genova-Milano, Casa Editrice Marietti, 2007, pgs. 3133-3134.
[2] Cfr. Idem, pg. 3134.
[3] Cfr. Tertulliano. Alla sua sposa II, 8,6. In: La Coppia nei Padri. Introduzione, Traduzione e note di Giulia Sfameni Gasparro, Cesare Magazzù, Concetta Aloe Spada. Milano, Edizione Paoline, 1991, pg. 185.
[4] Cfr. Idem, 8,7, pg. 186.
[5] Cfr. Ibidem.
[6] Cfr. Idem, 8,8, pgs 186-187.
[7] Cfr. Clemente Alessandrino. Stromati II, 137-1-4. In: Idem, pgs. 200-201.
[8] Cfr. Idem, III, 58,1-2;, pgs. 202-203.
[9][9] Cfr. Clemente Alessandrino. Il Pedagogo, III,XI,84,1. In: Idem, pg. 203.
[10]Cfr. Idem, I,IV,10,1-2. In: Idem, pg. 205.
[11] Cfr. Origene. Omelie sulla Genesi I, 14. In: Idem, pg. 226.
[12] Cfr. Origene. Commento al Vangelo di Matteo XIV,16. In: Idem , pgs. 231-232.
[13] Cfr. Commento a 1 Cor., fr. 34e fr. 35: C. Jenkins, The Origen Citations in Cramer´s Catena on I Corinthians, JTS 9. In: Idem, pg 233.

“Todo ramo que não dá fruto será cortado”: o que isso quer dizer?

Comaniciu Dan | Shutterstock
Por Julia A. Borges

Quem lê a Bíblia em idioma moderno sabe que está em contato direto com textos divinos, mas a experiência não é tão simples quanto parece.

A Bíblia, para todo cristão, é a ferramenta linguística mais poderosa de evangelização. Cremos que ali estão fatos e episódios ocorridos antes de Cristo e também com a vinda de Jesus. Lê-la é condição essencial para um verdadeiro estreitamento com os ensinamentos de Deus. Entretanto, é interessante pensar como esse Livro, possuidor também de um brilhante teor histórico-literário, conseguiu atravessar tempo e espaço e ainda permanecer com seu propósito original.

Para tanto, refletir acerca de sua tradução é peça-chave para compreender trechos e passagens que parecem, muitas vezes, não refletir a mensagem cristã. Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se, sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes. Mas a situação muda já no século IV, e é a pedido do bispo Dâmaso I, que São Jerônimo faz a tradução para o latim.

A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta. O nome Vulgata vem da expressão versio, isto é “versão de divulgação para o povo”, e foi escrita em um latim cotidiano, usado na distinção consciente ao latim elegante de Cícero, o qual Jerônimo considerava seu mestre. Fato é que o termo Vulgata acabou por se consolidar na primeira metade do século XVI, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532, tendo sido definitivamente consagrada pelo Concílio de Trento, em 1546. 

Todas essas informações são fundamentais para o entendimento de que o ofício de qualquer tradução é uma tarefa muito exaustiva, árdua e muitas vezes de difícil entendimento. Quem lê a Bíblia em idioma moderno sabe que está em contato direto com textos divinos, mas a experiência não é tão simples quanto parece. O leitor muitas vezes encontra-se, sem saber, diante de uma tradução ruim ou imprecisa, entre tantas as que são realizadas da obra mais popular do planeta.

E a respeito das inúmeras versões, surgem trechos que fazem aflorar certa inquietação em sua leitura. O doutor e professor da Universidade de Coimbra, Frederico Lourenço, é tradutor premiado e coleciona trabalhos como ficcionista, poeta e ensaísta, e dentre seus escritos, há a tradução dos livros homéricos – Ilíada e Odisseia, além da tradução única da Bíblia, feita diretamente do grego ao português. O caráter que o estudioso dá às traduções realizadas é de um trabalho filológico intenso, no qual o repertório teórico-linguístico não é descartado.

Não obstante, ao cristão o que verdadeiramente importa é a leitura e a condução do Espírito Santo. Mas como passar desapercebido ao capítulo 15 de João, versículos 1 e 2 no qual, em muitas traduções lê-se: 

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda.”

O Evangelho de João é de fato singular. As palavras “amor” e “amar” surgiram mais vezes neste livro do que em qualquer outro. É neste Evangelho que Jesus diz “eu não julgo ninguém” (8:15). É o único Evangelho em que Jesus chora (11:35). Então como pensar que um homem de puro amor afirma cortar todo aquele que não dá fruto? 

Respeitando as terminações linguísticas, tem-se no original grego o termo αἴρει, ou seja, terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo αἴρω (aírō), que no sentido mais estrito significa levantar. 

Jesus está a nos dizer o que é sabido por todo o cristão: Ele é por amor, Ele é do amor, Ele é o amor. Em tempos de exclusões e extremismos de todos os lados, Jesus parece querer mostrar que o céu é para todos, para todos aqueles que querem fazer parte dessa videira. Nós, caro leitor, fatalmente falharemos, mas se estivermos Nele, com Ele e por Ele, certamente Sua benevolência será maior.

Não é ter um pensamento pequeno no qual não há mal nenhum falhar ou até mesmo pecar, porque tal concepção exclui o principio básico do propósito da vida: sermos melhores em Cristo, sermos semelhantes a Ele. Mas é, acima de tudo, saber que no combate diário não estamos sozinhos nunca. Afinal, se escolhemos combater no exército cristão, a vitória é certa, mesmo que no caminho surjam pequenos ou grandes obstáculos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

7 sinais de pessoas com “depressão escondida”

Tatyana Dzemileva - Shutterstock
Por Aleteia Brasil

Fique atento: alguém da sua família (ou você mesmo) pode estar ocultando a depressão - ou nem sequer sabe que tem a doença.

Existem pessoas que vão levando a vida com “depressão mascarada” ou “escondida“: elas tentam ocultar a sua depressão diante dos outros ou nem sequer sabem (ou não querem admitir para si mesmas) que têm depressão.

Isto acontece porque ainda existem, entre as pessoas, entendimentos vagos ou equivocados sobre esta doença de sintomas complexos, que variam de indivíduo para indivíduo: nem sempre é fácil identificar a presença da depressão em familiares, amigos, colegas ou até em nós próprios. O desconhecimento e os preconceitos a respeito da depressão estão diminuindo, é verdade, mas, mesmo assim, continuam sendo bastante frequentes.

No entanto, até nos casos em que o sofrimento parece “invisível”, ele deixa “sinais” que podemos captar se estivermos atentos.

E estes são 7 sinais de que uma pessoa pode estar sofrendo de “depressão escondida”:

1. A pessoa deprimida pode nem parecer deprimida, mas está constantemente cansada

Muita gente pensa que as pessoas com depressão não querem sair do quarto, ficam desleixadas e andam sempre tristes. Mas a depressão não tem os mesmos sintomas em todas as pessoas. Muitos doentes conseguem demonstrar uma aparência de boa saúde mental, mas, por baixo desse verniz, estão exaustos. De fato, um efeito bastante comum da depressão é um permanente cansaço – e, se o doente não foi diagnosticado adequadamente, nem ele sabe que a causa desse cansaço é a depressão. Talvez ele pense que está apenas com acúmulo de trabalho, ou se culpe por uma suposta preguiça, ou ache que está com “fraqueza”. Um diagnóstico sério é fundamental para dar início à solução deste quadro depressivo.

2. A pessoa deprimida pode se irritar com facilidade

Ainda é comum a ideia de que uma pessoa com depressão seja quieta, amuada, apática. Por isso, muita gente não imagina que a pessoa deprimida pode ficar bastante irritadiça. Mas ela pode; aliás, isso ocorre com frequência, já que ela precisa continuar lidando com as responsabilidades do cotidiano apesar da falta de energias, o que é bastante esgotador. Como o mundo inteiro parece mais acelerado e impaciente hoje em dia, é comum que as pessoas não interpretem essa irritabilidade como sintoma da depressão. E é por isso mesmo que é necessário ficar atento: a irritabilidade pode ser, sim, um sintoma da doença.

3. A pessoa deprimida pode parecer indiferente ao afeto dos outros

O indivíduo com depressão nem sempre se sente triste: muitas vezes, ele simplesmente não sente nada. São relativamente comuns os relatos de pacientes que se sentem frios, indiferentes, “entorpecidos”, e, nesse quadro, eles não reagem a palavras e atos de carinho. Este é outro sinal que pede atenção.

4. A pessoa deprimida pode abandonar atividades que antes gostava de fazer

O desinteresse por atividades antes prazerosas é um indicativo frequente da depressão, já que a doença esgota as energias físicas e mentais, reduzindo drasticamente a capacidade de sentir satisfação. Se não houver explicação plausível para o desinteresse crescente da pessoa por atividades das quais ela gostava, este mesmo fato pode ser um importante sintoma da depressão.

5. A pessoa deprimida pode assumir hábitos alimentares prejudiciais

A alteração dos hábitos alimentares pode ser um efeito colateral do descuido com a própria vida ou até uma tentativa de lidar com a doença: pode ser que o excesso de comida seja uma forma de tentar sentir algum prazer, por exemplo, ou que a perda de apetite seja um indicativo de que até o ato de comer já se tornou insípido e pesado. É comum achar que os maus hábitos alimentares de alguém se devam a mera falta de disciplina, mas eles também podem ser sinais relevantes de depressão clínica.

6. A pessoa deprimida pode se sentir pressionada ou exigida além das suas forças

Uma pessoa com depressão não tem as mesmas disposições de quem está mental e fisicamente sadio. Exigir o que ela não é capaz de fazer só serve para piorar o seu quadro, porque tanto pode perturbá-la e frustrá-la quanto deixá-la envergonhada e magoada. Se é sempre importante ser paciente e compreensivo com todas as pessoas no dia-a-dia, é mais importante ainda ter a sensibilidade de manter a paciência e a compreensão com as pessoas que enfrentam o peso da depressão: elas realmente não conseguem fazer as coisas com a mesma disposição de quem não sofre a doença. Não é frescura! É doença e requer tratamento – e muita paciência.

7. A pessoa deprimida pode oscilar de humor aleatoriamente

A depressão pode ser cheia de altos e baixos, alternando “dias bons” e “dias ruins” sem muita lógica aparente. Geralmente, não se percebe uma motivação específica para as variações de humor: elas podem ser apenas uma forma de manifestação da depressão. É importante prestar especial atenção à falsa impressão de que a pessoa está curada quando passa por uma série de “dias bons”: na verdade, o quadro poderá mudar de repente, reforçando a necessidade de ajuda especializada.

O que fazer se eu me identifiquei com esses sintomas?

Se você identificou esses sintomas em si mesmo ou em alguém que você conhece e concluiu que pode estar com depressão, não se assuste: a depressão é bastante comum em nossa sociedade e é perfeitamente tratável. Não se automedique: é fundamental procurar orientação médica especializada e responsável para que o tratamento seja um sucesso. Experimente consultar um psicólogo para compreender melhor o que está acontecendo; se for necessário, ele encaminhará você a um psiquiatra, que é o médico especializado nos tratamentos com medicação apropriada para reequilibrar o funcionamento do seu sistema nervoso. Junto com o tratamento, alimente a sua mente e a sua alma com motivação e fé, consciente de que essa perda de energias pode ser superada. A sua determinação de vencer e fazer o tratamento com empenho, mesmo que não sinta vontade para nada, é essencial para derrotar a depressão!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa chega ao Aeroporto de Juba, capital do Sudão do Sul

Papa chega ao Aeroporto de Juba, Sudão do Sul (Foto de SIMON MAINA/AFP)

Depois de pouco mais de 3 horas de voo, o Papa Francisco chegou ao Sudão do Sul para a segunda etapa de sua viagem ao continente africano.

Vatican News

Pouco antes das 15 horas locais (uma hora a mais, em relação a Roma), o avião da Ita Airways A359 tocou a pista do Aeroporto Internacional de Juba, capital do Sudão do sul, tendo a bordo o Papa Francisco e séquito, além dos 75 jornalistas de 12 países que o acompanham nesta "Peregrinação Ecumênica de Paz". O Sudão do Sul é a segunda etapa desta que é a 40ª Viagem Apostólica do Pontificado. A temperatura local na hora da chegada estava por volta dos 36°C, contrastando com o frio no continente europeu.

Após o avião parar na área reservada ao cerimonial, subiram a bordo para saudar o Papa o núncio apostólico, Dom Matheus Maria van Megen, o chefe do Protocolo, o arcebispo de Cantuária Justin Welby, e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. O Papa desceu do avião com um elevador, recebeu flores e uma pomba branca de um menino, e depois de passar pela Guarda de Honra se dirigiu à Sala Vip do aeroporto para a apresentação das delegações e um breve encontro com o presidente Salva Kiir Mayardit.

Do aeroporto, o Papa segue para o Palácio Presidencial, distante 5 km, para o encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, ocasião em que proferirá seu primeiro discurso em terras sul-sudanesas.

Uma intensa programação marca a visita do Papa ao país que se conclui no domingo, 5, e que tem por lema "Para que todos sejam um", extraída do Evangelho de João, capítulo 17. A esperança é que a presença dos três líderes religiosos possa ajudar a selar definitivamente o acordo de paz no país, nascido oficialmente em 9 de julho 2011, após a separação do Sudão.

De fato, a presença dos três líderes religiosos "é uma expressão muito significativa do ecumenismo, um ecumenismo - eu o chamaria - de testemunho", afirmou antes da viagem o cardeal secretário Pietro Parolin, observando que "as Igrejas cristãs trabalham a serviço de toda a população, onde muito frequentemente o Estado e às vezes até mesmo as agências internacionais não conseguem chegar. Portanto, elas gozam de confiança e autoridade entre a população e isto lhes permitiu desempenhar um papel significativo no complexo diálogo internacional".

O país vem sendo marcado pela violência desde sua independência. Somente ontem, véspera da chegada do Papa, 27 pessoas foram mortas no Estado da Equatorial Central, no confronto entre pastores de gado e membros de uma milícia.

São Brás

São Brás | RCC BRASIL
03 de fevereiro
São Brás

São Brás, médico, sacerdote e bispo. Protetor contra os males da garganta e dos animais.

São Brás foi um homem de fé, valoroso médico que não só curava as pessoas de suas doenças, mas também dos males da alma. Tinha grande compaixão dos mais necessitados e usava de seu oficio para ajudar a todos sem discriminação.

Um médico começa a se questionar

São Brás nasceu na cidade de Sebaste, Armênia perto do ano 300. Num certo tempo, começou a questionar sobre sua profissão de médico, pois queria servir a Deus, mas não sabia como. Resolveu, então, tornar-se um eremita e ficar em constante oração. Assim, viveu numa gruta por muitos anos.

Fama de santidade

Logo, sua fama de santo se espalhou por toda a região da Capadócia, pois ele atendia a todos que o procuravam e muitas vezes as pessoas ficaram curadas de suas doenças do corpo e da alma. Até os animais selvagens conviviam em total harmonia com o santo.

O médico se torna bispo

Quando o Bispo local morreu, a população de toda a região foi ao seu encontro, pedindo para que ele se tornasse padre para tomar conta do povo de Deus.  Ele aceitou e foi morar na cidade. Estudou e se ordenou padre. E, não muito tempo depois, foi sagrado Bispo. Construiu uma casa para abrigar a Diocese aos pés da gruta em que ele morou, e dali comandava a igreja de toda a região.

Vivendo em meio aos perseguidores

O prefeito de Sebaste na Capadócia era um tirano que combatia o cristianismo em toda a região. Ele se chamava Agricola, era amigo do Imperador do oriente Licinius Lacinianus. Que era cunhado de Constantino, Imperador do ocidente, que parou de perseguir os cristãos.

As perseguições começam

Um dia Agricola mandou seus soldados buscarem feras, leões, tigres, para servirem de espetáculo no martírio dos cristãos presos. Quando os soldados chegaram perto da gruta do santo, viram todo o tipo de animal da floresta convivendo em harmonia com ele. Com espanto geral correram para contar ao prefeito Agricola o que estava acontecendo.

Prisão de São Brás

Muito nervoso com o fato o Governador mandou prender São Brás. Ele não se opôs, não tiveram nenhum tipo de resistência. Chegando à presença de Agricola, foi ordenado que São Brás renunciasse a Jesus Cristo e à igreja, e adorasse os seus deuses. São Brás, então, disse que nunca deixaria de adorar a Deus e a Jesus Cristo. Disse ainda que a Igreja jamais acabaria porque era guiada pelo Espírito Santo. Por várias vezes o Prefeito chamou-o para tentar muda-lo de opinião, mas ele nunca cedeu. Muitas pessoas visitavam o Santo na prisão para vê-lo e pedir orações. São Brás, apesar do sofrimento das torturas, atendia a todos com conselhos e orações.

Um milagre que trouxe a benção das gargantas

Um dia, uma mãe desesperada o procurou porque seu filho estava quase morrendo com um espinho encravado na garganta. São Brás olhou para o céu, rezou e, em seguida, fez o sinal da cruz na garganta do menino. No mesmo instante, ele ficou milagrosamente curado. Por esse milagre, até os dias de hoje São Brás é invocado para curar os males da garganta.

Em todos os lugares do mundo, quando uma criança ou qualquer pessoa se engasga, a invocação direta ao Santo logo é rezada: "São Brás te proteja." Ou simplesmente: "São Brás."

Nas Igrejas de todo o mundo essa benção é feita especialmente no seu dia, com duas velas cruzadas sobre a garganta dos fiéis, que recebem a benção de São Brás.

Milagres e morte do santo na prisão.

Algumas mulheres que foram à prisão ajudar São Brás por causa dos ferimentos das torturas que ele sofrera. Porém, elas foram mortas pelos soldados do Governador após terem jogado em um lago os ídolos dados pelos soldados para que elas renunciassem a Jesus e à igreja. São Brás gritou com os soldados e contra o governador, que também mandou jogar o santo no lago, mas por milagre ele andou sobre as águas e nada lhe aconteceu.

A morte de São Brás

Voltando à terra, o governador enfurecido mandou decapitar São Brás. Assim, ele foi morto tendo sua garganta cortada pela espada. Era o dia 3 de fevereiro de 316. Sua festa é comemorada no dia 3 de fevereiro.

Até 732 o corpo e as relíquias de São Brás ficaram na catedral de Sebaste, na Armênia, depois quando iam ser levadas para Roma, uma tempestade conduziu o barco até a cidade de Maratea, em Potenza, onde os moradores fizeram uma Igreja e posteriormente a Basílica  de São Brás, mudando o nome do local para "Monte São Brás".

Oração a São Brás

"Ó glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar, obtende para nós todos a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar  e cantar os louvores a Deus. Amém".

A bênção de São Brás:

"Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. São Brás, rogai por nós. Amém."

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF