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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Angola. D. Filomeno: “Fratelli tutti” um convite a superar a globalização da indiferença

D. Filomeno do Nascimento Vieira Dias,
Arcebispo de Luanda (Angola) e Presidente da CEAST 

D. Filomeno do Nascimento Vieira Dias, Arcebispo de Luanda e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) destaca a Encíclica “Fratelli Tutti” como um convite à superação da indiferença e da não globalização da indiferença.

Anastácio Sasembele – Luanda, Angola

Na série de reportagens que nos propusemos apresentar em torno da Carta Encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco, hoje trazemos a reação do Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), D. Filomeno do Nascimento Vieira Dias.

D. Filomeno, na sua reflexão, afirma que a “Fratelli tutti” é um convite à superação da indiferença e da não globalização da indiferença.

“Precisamos ter saudades daquilo que é mais próprio do homem, o homem por natureza é alguém fraterno, solidário, alguém que vive com os outros”, afirma D. Filomeno.

Apresentada a 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, a Carta Encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco indica a fraternidade e a amizade social para construir um mundo melhor, pacífico e com mais justiça.

A “Fratelli tutti” é uma concretização daquilo que é doutrina, daquilo que é ensinamento, daquilo que é pregação, não ficarmos no ar, mas termos gestos concretos, gestos que manifestam essa proximidade concreta com os mais necessitados, disse D. Filomeno que antecipou o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado a 15 de novembro próximo, como uma oportunidade sublime de reafirmar que a Carta encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco busca aproximar os mais necessitados.

Para o dia 7 de novembro está agendada em Luanda, uma mesa redonda denominada “Fratelli tutti e Economia Solidária”, numa promoção da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Migrações, da CEAST.

Vatican News

“Avós-babás”: devemos limitar os favores que fazemos aos nossos filhos?

Monkey Business Images - shutterstock

Os pais podem ter dificuldade em encontrar um sistema adequado para cuidar de seus filhos, por razões financeiras ou mera escolha pessoal. Alguns decidem usar seus avós como babás. Um favor comum que se faz com prazer, mas não sob qualquer condição.

“Quando minha filha teve que voltar a trabalhar após a licença de maternidade, ela não tinha conseguido vaga numa creche nem tinha guarda compartilhada. Então ela me pediu para cuidar do bebê”, conta Patricia. Por sua vez, Geniviève ofereceu espontaneamente à sua filha para cuidar do neto todas às quintas-feiras à tarde. Quanto a Yolaine, ela cuidou de suas duas netas todas as quartas-feiras durante anos até elas entrarem no ensino médio. Com a falta de vagas em creches, o custo das babás e o aumento do número de pais solteiros, a geração mais velha é hoje muito mais procurada.

Que os nossos pais ou sogros cuidem dos nossos filhos é tão reconfortante como confortável: os filhos os conhecem bem, eles respeitam melhor o seu ritmo, os cuidados vão muito bem mesmo em caso de doença e as relações baseiam-se na confiança mútua.

Uma solução prática, sem dúvida, mas que tem vantagens e desvantagens. Para que funcione da melhor forma possível, é importante considerar os prós e os contras e definir as regras para cada um desde o início.

Ter um tempo para estar sós e tempo para estar com o cônjuge

Geneviève começa seu segundo ano cuidando de seu neto: “Fico feliz em ajudar minha filha e meu genro. Isso fortalece o relacionamento com minha filha: a gente se encontra quando ela vem deixar ele e ela pode ficar um pouco para conversar quando vem buscar ele. Tenho momentos lindos também com o Igor e fico feliz em estreitar nossos laços. Leio contos para ele, brinco com ele, faço mimos à ele, falo-lhe do Bom Deus também, tudo isso é cansativo, é verdade, mas traz tantas alegrias!”.

Os avós de hoje em dia são jovens. Mas um terço deles ainda trabalham. Muitos deles ainda carregam a carga dos seus próprios pais. A maioria está muito ocupada. E se estamos em ótima forma aos 55 anos, estamos menos aos 65 anos, inclusive se eles querem ajudar aos seus filhos, tornar-se uma babá no dia a dia não é fácil.

A conselheira matrimonial Christiane Behaghel recomenda refletir bem antes de começar essa idéia de ajuda aos filhos: “Além dos limites físicos (o neto ou neta tomar banho, por exemplo, é muito cansativo), é preciso levar em consideração as condições materiais do cuidado: há um jardim próximo ou moram num apartamento na cidade? Devemos usar o carro?” Para ela, também é fundamental que os dois avós concordem. O avô pode querer aproveitar seu tempo com sua esposa, para viajar, para organizar seu tempo como quiser, em vez de ser limitado por um compromisso regular. Por outro lado, os avós devem ter uma vida além dos seus netos e poder sair juntos para fazer qualquer coisa, com a condição, é claro, de avisar com antecedência. É importante que eles façam isto também, para não ficarem deprimidos quando eles são menos necessários. “Presto muita atenção em ter tempo livre para minhas atividades e compromissos pessoais”, explica Geneviève. “Minha filha sabe disso e respeita isso”. Por todas essas razões, o cuidado regular dos netos deve ser limitado no tempo, de acordo com Christiane Behaghel.

Esclarecer as expectativas de um lado e do outro

Depois de estar confirmado esse acordo desse cuidado habitual, como ele será realizado concretamente? Uma coisa é ser um “avô das férias” e outra ser um “avô do dia a dia”. Embora nas férias seja permitida uma certa flexibilidade na educação, nos horários ou na alimentação, durante o ano deve-se respeitar o ritmo da criança. Você também não deve ceder aos caprichos, sob a pena de ser oprimido. Os avós, em casa, farão o que quiserem, mas não devem ser substitutos dos pais, os primeiros educadores dos filhos. Os pais também podem ter desejos, como fazer com que o filho coma comida caseira, não levá-lo ao parque ou até mesmo não assistir televisão.

Para que exista confiança nas relações, Christiane Behaghel aconselha a deixar claras as expectativas de um lado e do outro: “Não é preciso dar por certo determinadas coisas pelo fato de estar com sua família”. Para não criar conflitos, os pais expressarão seus desejos, enquanto os avós estabelecerão suas limitações. É perfeitamente possível ouvir a necessidade de segurança de uma avó que está mais calma quando a criancinha está no parque. Por que não pedir com educação que deixe a criança pular livremente num quarto fechado por uma barreira? Por sua vez, Yolaine lembra: “Quando me pediram para alimentar minhas netas com comida caseira, salientei que preferia usar o tempo que estive na cozinha para brincar com elas. Por isso, minha nora era quem fazia as refeições. Quanto à televisão, afirmei que precisava de uma folga no dia, por isso combinamos que as crianças assistissem um filminho no tablet por meia hora”. Embora os relacionamentos entre mãe e filha sejam fluidos, talvez o sejam menos com uma nora. De acordo com Christiane Behaghel, “neste caso específico, parece-me que o vínculo deve ser nutrido com cuidado, por exemplo, avaliando regularmente o desenvolvimento dos cuidados”.

Esse serviço de babá parece tão natural que raramente é pago, por isso, é mais uma razão para os pais compensarem as despesas de gasolina, a compra e o abastecimento de produtos ou mantimentos e que sejam agradecidos. Uma forma de reconhecimento pelo belo gesto de amor oferecido pelos “avós-babás”.

Aleteia

Os Padres da Igreja não ensinaram a suficiência formal da Escritura

Portal Veritatis Splendor

Ao contrário do que os apologistas protestantes querem fazer crer, os Padres da Igreja JAMAIS ensinaram a suficiência formal das Escrituras. Deste modo eles não ensinaram a “Sola Scriptura”, mas sim a suficiência material das Escrituras, tal como os apologistas católicos sempre defenderam.

Isso é confirmado por um erudito protestante chamado Timothy Ward em seu livro “Word and Supplement: Speech Acts, Biblical Texts, and the Sufficiency of Scripture” (“Palavra e Suplemento: Atos Discursivos, Textos Bíblicos e a Suficiência das Escrituras”), publicado em 2002:

  • “Em geral, os Padres afirmam a suficiência material das Escrituras, mas negam sua suficiência formal” (Timothy Ward. “Word and Supplement: Speech Acts, Biblical Texts, and the Sufficiency of Scripture”. Nova Iorque: Oxford University Press, 2002, p.25).

Para quem não sabe quem é Timothy Ward e prefira dizer que ele é um ignorante, deixo aqui algumas informações sobre ele:

  • “Reverendo Tim Ward, MA, PhD. Professor de Homilética. Tim se graduou em Oak Hill. Antes de retornar (regressar) para Oak Hill, deu aula no Curso de Capacitação em Proclamação da Verdade em Cornhill. Antes ainda, serviu no ministério pastoral por 14 anos. É autor de um livro sobre a doutrina da Escritura, ‘Palavras de Vida: Escritura como a Palavra Viva e Ativa de Deus’ (IVP). Obteve seu PhD na Universidade de Edimburgo na década de 1990, cuja tese foi publicada como ‘Word and Supplement: Speech Atts, Biblical Texts and the Sufficiency of Scripture’ (OUP)” (cf. https://www.oakhill.ac.uk/people/tim-ward).

Mas antes que o protestante afirme que trata-se de uma falácia de autoridade, vamos confirmar o que os apologistas católicos e Tim Ward afirmam; para tanto, usaremos como exemplo um Padre da Igreja que os apologistas protestantes costumam citar como prova do ensino da suficiência formal ou “Sola Scriptura” na Patrística.

Estamos falando de Santo Atanásio: os protestantes frequentemente citam as seguintes palavras deste Padre da Igreja:

  • “As sagradas e inspiradas Escrituras são suficientes para declarar a verdade” (Contra os Pagãos 1,3).

Por si só, esta declaração parece mostrar que Santo Atanásio acreditava que a Escritura era tudo que um crente precisava (=suficiência formal). Mas devemos lembrar que, para mostrar que um Padre da Igreja acreditava na suficiência formal ou “Sola Scriptura”, ele teria que acreditar que as Escrituras não exigem qualquer outra autoridade para determinar o seu significado, tal como o ensino da Igreja ou a Tradição, já que a “Sola Scriptura” afirma a suficiência formal da Escritura.

Ora, para Santo Atanásio as Escrituras contêm a verdade do Evangelho; porém, também para ele, a correta interpretação dessa verdade deve ser buscada por aqueles que ensinam a fé (=Magistério). É por isso que em sua Carta Festal ele escreve:

  • “Mas depois dele e com ele estão todos os inventores de heresias ímpias, que na verdade se referem às Escrituras, mas NÃO SEGUEM AS OPINIÕES QUE OS SANTOS DISSERAM; e recebendo estas como tradição humanas, estão errados, porque não as conhecem corretamente, nem o seu poder. Por isso, Paulo elogia com justiça os coríntios [cf. 1Coríntios 11,2], porque as suas opiniões estavam em conformidade com suas tradições” (Carta Festal 2,6).

Do mesmo modo, confessa a autoridade do Concílio Ecumênico de Niceia e como Deus também fala através dele (e não somente pelas Escrituras):

  • “Porém, as palavras do Senhor proferidas pelo Concílio Ecumênico de Niceia permanecerão para sempre” (Carta Sinodal aos Bispos da África 2).

E quando examinamos outros Padres que são citados na defesa da Sola Scriptura, percebemos confusões semelhantes entre sua veneração sincera e importância das Escrituras e a ideia protestante da suficiência formal das Escrituras.

Se um protestante deseja demonstrar a Sola Scriptura nos Padres, ele deve demonstrar a diferença e ainda uma afirmação muito mais forte de que a Escritura é tão clara que nenhuma informação externa ou autoridade é necessária para interpretá-la.

Portanto, a menos que o protestante mostre que Padres como Agostinho e Atanásio não declararam que os Concílios eram infalíveis e que a Igreja não tinha autoridade para interpretar as Escrituras, eu pediria a ele que não perdesse o seu tempo. James White, Jason Enwerg, Willian Webster, entre outros apologistas protestantes, em vários debates com apologistas católicos, não foram capazes de encontrar respostas para a acusação de que os seus argumentos eram direcionados apenas para demonstrar a suficiência material e não a suficiência formal.

Portal Veritatis Splendor

Faleceu Andrew Walther, presidente da EWTN News

Andrew Walther | ACI Digital

Connecticut, 03 nov. 20 / 09:00 am (ACI).- Andrew Thomas Walther, presidente e diretor de operações da EWTN News, morreu na noite de domingo em New Haven, Connecticut, Estados Unidos. Recordado como um esposo e pai amoroso, em sua vida profissional se dedicou a servir a Igreja Católica e a defender as minorias religiosas perseguidas em todo o mundo. Walther tinha 45 anos.

Em junho, Walther ingressou na EWTN News como presidente e diretor de operações. Pouco depois, foi diagnosticado com leucemia. Durante o tratamento, Walther continuou liderando a equipe da EWTN News e servindo tanto a sua família como a Igreja.

“A morte de Andrew Walther é uma fonte de grande tristeza para todos nós da EWTN e para mim pessoalmente. Embora Andrew só estivesse em sua função de presidente e diretor de operações da EWTN News desde junho, já havia conquistado muito. Também foi um amigo e colaborador por muitos anos antes de entrar para a rede. Sua morte é uma grande perda para todos os que o conheceram, para a EWTN e para a Igreja”, relembrou Michael Warsaw, Presidente do Diretório e diretor executivo da EWTN, em 2 de novembro.

Dedicado durante muito tempo à causa de canonização do Pe. Michael McGivney, fundador dos Cavaleiros de Colombo, Walther morreu no dia seguinte à beatificação do sacerdote. Pouco antes de falecer, venerou uma relíquia do Pe. McGivney e cantou um hino de ação de graças à Santíssima Virgem Maria.

De 2005 a 2020, Walther trabalhou para os Cavaleiros de Colombo, onde foi Vice-presidente de Comunicações e Planejamento Estratégico. Nesse cargo, serviu como assessor do Cavaleiro Supremo Carl Anderson, enquanto supervisionava várias iniciativas para a organização fraterna católica, incluindo uma campanha de resposta à pandemia no início deste ano e outros projetos de resposta a crises.

Assumindo papéis de liderança nos meios de comunicação e defendendo a liberdade religiosa, Walther também supervisionou a publicação de livros e pesquisas dos Cavaleiros, que incluíram vários bestsellers do New York Times. Junto com sua esposa Maureen, ele foi coautor de "Cavaleiros de Colombo: Uma história ilustrada", um livro publicado este ano.

O trabalho de Walther em favor dos cristãos do Oriente Médio é especialmente notável e estava particularmente próximo de seu coração.

Desempenhou um papel essencial no esforço dos Cavaleiros de Colombo para ajudar os cristãos perseguidos e refugiados, por meio de um fundo que distribuiu mais de 20 milhões de dólares em ajuda, especialmente na Síria, Iraque e região circunvizinha. O mesmo esforço foi oferecido aos cristãos para reconstruir suas vidas, igrejas e até mesmo cidades destruídas pelo Estado Islâmico (ISIS), incluindo apoio para reconstruir completamente a cidade iraquiana de Karamles na planície de Nínive.

O trabalho de Walther na região foi amplamente elogiado por bispos e outros líderes cristãos em todo o Oriente Médio.

Nasceu em 30 de novembro de 1974, na Califórnia, e foi católico por toda a vida. Walther obteve graduação e pós-graduação em Clássicos na Universidade do Sul da California, onde ensinou redação por vários anos e foi reconhecido com o Prêmio de Excelência em Ensino da universidade.

Walther começou sua carreira como jornalista católico escrevendo para o National Catholic Register há duas décadas.

“Era um homem de profunda fé e dons extraordinários que sempre usava seus talentos para servir ao próximo. Deixa um legado tremendo que inclui anos de serviço à Igreja, à causa dos cristãos perseguidos em todo o mundo e à construção da cultura da vida. Meus pensamentos e orações vão para sua esposa Maureen e seus quatro filhos pequenos. Era um homem incrível e um amigo maravilhoso de quem terei muita saudade. O fato de sua morte ter ocorrido na solenidade de Todos os Santos é um grande consolo para todos nós”, lembrou Warsaw.

Os amigos dizem que foi a sua família o que mais alegrou a vida de Walther. Walther e sua esposa Maureen se casaram em 2010 e são pais de quatro filhos.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Fundador dos Cavaleiros do Colombo foi proclamado beato este fim de semana

Foto: Captura de tela YouTube/EWTN

Vaticano, 02 nov. 20 / 12:21 pm (ACI).- Em uma Missa celebrada este 31 de outubro na Catedral de São José em Hartford, em seu estado natal de Connecticut, (Estados Unidos), o Pe. Michael McGivney, fundador da Ordem dos Cavaleiros de Colombo, foi proclamado beato.

Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Joseph William Cardeal Tobin, Arcebispo de Newark e representante do Papa Francisco para a cerimônia de beatificação.

A memória litúrgica do Pe. McGivney se celebrará cada ano em 13 de agosto.

Na carta apostólica com a que o proclamou Beato, o Papa Francisco destacou que o ardor do fundador dos Cavaleiros do Colombo "pela proclamação do Evangelho e generosa preocupação pelas necessidades de seus irmãos e irmãs o fazem uma testemunha sobressalente da solidariedade cristã e a ajuda fraternal".

O milagre que permitiu sua beatificação foi a completa cura de um menino que padecia uma enfermidade terminal. O Papa Francisco aprovou o milagre em 27 de maio deste ano.

O Pe. McGivney é o quarto homem nascido nos Estados Unidos a ser beatificado, junto aos beatos Stanley Rother, James Miller e Solanus Casey.

O Pe. McGivney fundou em 1882 os Cavaleiros de Colombo em New Haven, Connecticut. Inicialmente, a organização tinha a intenção de ajudar às viúvas e suas famílias. Entretanto, ganhou um alcance mundial, com mais de dois milhões de membros que levam a obra de caridade e evangelização em todo mundo.

Em 2018, os 16 mil conselhos dos Cavaleiros de todo o mundo doaram mais de 185 milhões de dólares a entidades caritativas e deram mais de 76 milhões de horas de voluntariado em 2018. Seu trabalho voluntário incluiu apoio para os jogos paraolímpicos, campanhas de arrecadação de agasalho e campanhas de mantimentos para famílias necessitadas.

Entre 2017 e 2018, os Cavaleiros arrecadaram e entregaram 2 milhões de dólares para a cidade iraquiana de Karamles. Do mesmo modo, ajudaram os sobreviventes cristãos do genocídio cometido pelo Estados Islâmico (ISIS) na cidade a reassentar-se em seus lares e construir seu futuro.

A princípios deste ano, em uma audiência privada concedida ao cavaleiro supremo Carl Anderson, o Papa Francisco elogiou o “testemunho fiel particular da santidade e dignidade da vida humana, evidente tanto a nível local como nacional”.

O Papa Francisco no ângelus deste domingo recordou o novo beato afirmando que o Pe McGivney era um homem “comprometido com a evangelização, que se prodigou atendendo as necessidades dos pobres, promovendo a ajuda fraterna. Que seu exemplo nos mova a todos a testemunharmos cada vez mais o Evangelho da caridade. Um aplauso para o novo beato!”

ACI Digital

S. MARTINHO DE PORRES (OU DE LIMA), RELIGIOSO DOMINICANO

S. Martinho de Porres, século XVII 

O convento de Nossa Senhora do Rosário, em Lima, era uma estrutura impressionante. Ali, no final de 1600, viviam 100 frades Dominicanos. Seu maior problema era financeiro.
Certo dia, o prior decidiu fazer um pacote, com alguns objetos preciosos, e foi vendê-los para pagar as dívidas e ter um pouco de alívio. O jovem converso, encarregado dos afazeres mais humildes, por ser mulato, correu atrás do prior e, sem fôlego, lhe disse: "Não venda os objetos preciosos, mas me venda como escravo". O prior, petrificado, comoveu-se e mandou de volta aquele jovem que via todos os dias com a vassoura na mão e de bom humor, sem nunca se incomodar de ser "invisível" pela comunidade.

Cor da pele errada

Aquele jovem, um pouco mais que adolescente, chama-se Martinho: é de Lima, mas tinha a cor da pele errada, por ser a cor dos escravos. Sua mãe, Ana, era escrava, e tinha concebido Martinho por ter tido uma relação com seu patrão aristocrático espanhol, Juan de Porres. Uma história como tantas: uma mulher solteira com um filho ilegítimo, que era como inexistente. Mas Martinho era uma criança incomum: esperto, disposto, capaz, apesar de viver na miséria. Até seu próprio pai o percebeu, não obstante lhe tenha dado as costas, por tantos anos, por causa da cor da sua pele. Quando se transferiu para o Panamá, para desempenhar o cargo de Governador, Juan de Porres reconheceu seu filho e dispensou víveres à sua mãe para se manter com o menino, sem problemas.

Dom de curar

Martinho não foi apenas especialista em vassoura. Antes de entrar para o Convento, aprendeu, com alguns farmacêuticos vizinhos, as primeiras noções desta profissão. Além do mais, por algum tempo, frequentou uma barbearia, um trabalho que, não raramente, era associado ao de um cirurgião. Desta forma, em um convento lotado, o rapaz teve muitas oportunidades para ser apreciado como barbeiro e por dar bons conselhos, do ponto de vista médico. Mas, seu dom mais cristalino era a sua fé, que transparecia pelo seu modo de ser. Demonstrou a sua fé também com uma capacidade insuspeitável de transmitir o Evangelho aos pobres, que os entendia melhor que muitos outros.

Como São Francisco

A fama de Martinho aumentou rapidamente. Ele lembrava bem as incursões dos conquistadores no Peru. Por isso, o frade conquistou os corações, também de nobres e vice-reis. A ele são atribuídos sinais extraordinários. Mas, extraordinária era, certamente, a extensão da sua caridade. A enfermaria do convento, onde tinha a capacidade de curar, não apenas o corpo, o tornou uma autoridade indiscutível; muitas vezes, tornava-se casa provisória para migrantes e desempregados.
Para as crianças pobres, mandou construir um colégio, o primeiro da América do Sul. Além do mais, suscitava estupor também seu amor pelos animais, que os tratava com delicadeza e respeito. Tornou-se famoso o episódio dos ratos que roíam as roupas dos doentes. Martinho prometeu-lhes que mataria a sua fome se saíssem daquela casa. E assim foi. O convento ficou “livre” dos ratos e Martinho nunca se esqueceu de lhes levar comida.
Lendas, talvez, de uma história que, em todo o caso, fala de um amor pelas criaturas, semelhante ao de São Francisco de Assis.
Martinho faleceu serenamente na noite de 3 de novembro de 1639. Em 1962, o Papa João XXIII o proclamou Santo.

Vatican News

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O caráter definitivo da doutrina da «Ordinatio sacerdotalis»

Diocese de Eunápolis BA

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Artigo do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o caráter definitivo da doutrina da Carta Apostólica de São João Paulo II.

«Permanecei em mim, e Eu permanecerei em vós. Tal como o sarmento não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim» (Jo 15,4). Se a Igreja pode oferecer vida e salvação ao mundo inteiro é porque tem as suas raízes em Cristo, seu Fundador. Este enraizamento dá-se em primeiro lugar através dos sacramentos, com a Eucaristia no centro. Instituídos por Cristo, eles são colunas fundantes da Igreja, que geram continuamente como Seu corpo e Sua esposa. Intimamente ligado à Eucaristia, encontra-se o sacramento da Ordem, no qual Cristo se torna presente na Igreja como fonte da sua vida e da sua acção. Os sacerdotes estão configurados «com Cristo sacerdote, de modo a poder actuar em nome de Cristo, cabeça da Igreja» (Presbyterorum ordinis, n. 2).

Cristo quis conferir este sacramento aos doze apóstolos, todos homens, que, por sua vez, o transmitiram a outros homens. A Igreja sempre se reconheceu vinculada a esta decisão do Senhor, a qual exclui que o sacerdócio ministerial possa ser validamente conferido às mulheres. João Paulo II, na Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis, de 22 de Maio de 1994, ensinou, «com o fim de afastar qualquer dúvida sobre uma questão de grande importância que pertence à própria constituição divina da Igreja» e «em virtude do [seu] ministério de confirmar os irmãos» (cf. Lc 22, 32), «que a Igreja não tem de modo algum a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja» (n. 4). A Congregação para a Doutrina da Fé, em resposta a uma dúvida sobre o ensinamento da Ordinatio sacerdotalis, confirmou que se trata de uma verdade pertencente ao depósito da fé.

Nesta perspectiva, causa séria preocupação ver surgir ainda em alguns países vozes que colocam em dúvida o carácter definitivo desta doutrina. Para sustentar que tal doutrina não é definitiva, argumenta-se que não foi definida ex cathedra e que, portanto, uma decisão posterior de um futuro Papa ou Concílio poderia revogá-la. Semeando estas dúvidas, cria-se grave confusão entre os fiéis, não somente sobre o sacramento da Ordem como parte da constituição divina da Igreja, mas também sobre o Magistério ordinário que pode ensinar de modo infalível a doutrina católica.

Em primeiro lugar, no que se refere ao sacerdócio ministerial, a Igreja reconhece que a impossibilidade de ordenar mulheres pertence à «substância do sacramento» da Ordem (cf. Denzinger-Hünermann, 1728). A Igreja não tem capacidade para mudar esta substância, porque é precisamente a partir dos sacramentos, instituídos por Cristo, que ela é gerada como Igreja. Não se trata somente de um elemento disciplinar, mas doutrinal, enquanto diz respeito à estrutura dos sacramentos, que são lugar originário do encontro com Cristo e da transmissão da fé. Portanto, não estamos diante de um limite que impediria a Igreja de ser mais eficaz na sua actividade no mundo. Com efeito, se a Igreja não pode intervir, é porque nesse ponto intervém o amor originário de Deus. Ele actua na ordenação dos presbíteros, de modo que a Igreja tenha sempre, em cada situação da sua história, a presença visível e eficaz de Jesus Cristo «como fonte principal da graça» (Francisco, Evangelii gaudium, n. 104).

Consciente de não poder modificar, por obediência ao Senhor, esta tradição, a Igreja esforça-se também em aprofundar o seu significado, uma vez que a vontade de Jesus Cristo, que é o Logos, nunca está privada de sentido.Com efeito, o sacerdote actua na pessoa de Cristo, esposo da Igreja, e o seu ser homem é um elemento indispensável desta representação sacramental (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Inter insigniores, n. 5). Certamente, a diferença de funções entre o homem e a mulher não leva consigo nenhuma subordinação, mas um enriquecimento mútuo. Recorde-se que a figura perfeita da Igreja é Maria, a Mãe do Senhor, a qual não recebeu o ministério apostólico. Vê-se assim que o masculino e o feminino, linguagem originária que o Criador inscreveu no corpo humano, são assumidos na obra de nossa redenção. Precisamente a fidelidade ao desígnio de Cristo sobre o sacerdócio ministerial permite, então, aprofundar e promover sempre mais o papel específico das mulheres na Igreja, já que «no Senhor, nem o homem existe sem a mulher, nem a mulher existe sem o homem» (1 Cor 11, 11). Além disso, pode-se lançar assim uma luz na nossa cultura, que tem dificuldade em compreender o significado e a bondade da diferença entre o homem e a mulher, o que afecta também a sua missão complementar na sociedade.

Em segundo lugar, as dúvidas levantadas sobre o carácter definitivo da Ordinatio sacerdotalis têm graves consequências também no modo de compreender o Magistério da Igreja. É importante reafirmar que a infalibilidade não diz respeito somente aos pronunciamentos solenes de um Concílio ou do Sumo Pontífice quando fala ex cathedra, mas também ao ensinamento ordinário e universal dos bispos espalhados pelo mundo quando propõem, em comunhão entre si e com o Papa, a doutrina católica que deve ser considerada definitiva. Foi a esta infabilidade que se referiu João Paulo II na Ordinatio sacerdotalis. Assim, ele não declarou um novo dogma, mas, com a autoridade que lhe foi conferida como Sucessor de Pedro, confirmou formalmente e tornou explícito, com o fim de dissipar qualquer dúvida, aquilo que o Magistério ordinário e universal considerou ao longo de toda a história da Igreja como pertencente ao depósito da fé. Precisamente este modo de se pronunciar reflecte um estilo de comunhão eclesial, já que o Papa não quis actuar sozinho, mas como testemunha que escuta uma tradição ininterrupta e vivida. Por outro lado, ninguém negará que o Magistério possa expressar-se infalivelmente sobre as verdades que estão necessariamente relacionadas com o dado formalmente revelado, pois somente deste modo pode exercer a sua função de guardar santamente e expor fielmente o depósito da fé.

Outra prova do empenho com que João Paulo II examinou a questão, foi a consulta prévia que ele quis ter em Roma com os Presidentes das Conferências Episcopais que estavam seriamente interessados nesta problemática. Todos, sem excepção, declararam, com plena convicção, por obediência da Igreja ao Senhor, que ela não possui a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal a mulheres.

Sobre este ensinamento insistiu também Bento XVI, recordando, na Missa Crismal de 5 de Abril de 2012, que João Paulo II «declarou de maneira irrevogável» que a Igreja, em relação à ordenação de mulheres, «não recebeu nenhuma autorização da parte do Senhor». A seguir, Bento XVI perguntou-se, a propósito de alguns que não acolheram esta doutrina: «Mas a desobediência será verdadeiramente um caminho? Pode-se perceber nisto algo da configuração com Cristo, que é o pressuposto de toda a verdadeira renovação, ou, pelo contrário, não será apenas um impulso desesperado para fazer algo, para transformar a Igreja segundo os nossos desejos e as nossas ideias?».

Sobre o tema tratou também o Papa Francisco. Na sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium, reafirmou que não põe em questão «o sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se entrega na Eucaristia», e convidou a não interpretar esta doutrina como expressão de poder, mas de serviço, de modo que se perceba melhor a igual dignidade de homens e mulheres no único Corpo de Cristo (n. 104). Na conferência de imprensa, durante o voo de regresso da viagem apostólica à Suécia, em 1 de Novembro de 2016, o Papa Francisco reafirmou: «Sobre a ordenação de mulheres na Igreja Católica, a última palavra clara foi dada por São João Paulo II, e esta permanece».

Neste tempo, em que a Igreja é chamada a responder a muitos desafios da nossa cultura, é essencial que ela permaneça em Jesus, assim como os sarmentos na videira. É por isso que o Mestre nos convida a que as suas palavras permaneçam em nós: «se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor» (Jo 15,10). Somente a fidelidade às suas palavras, que não passarão, assegura o nosso enraizamento em Cristo e no seu amor. Somente o acolhimento do seu sábio desígnio, que toma forma nos sacramentos, revigora as raízes da Igreja, a fim de que possa dar frutos de vida eterna.

Fonte: link Cliturgica.org

https://www.presbiteros.org.br/

Do Livro sobre a morte de seu irmão Sátiro, de Santo Ambrósio, bispo

Santo Ambrósio | Canção Nova

(Lib. 2,40.41.46.47.132.133:CSEL 73,270-274.323-324)             (Séc.IV)

 

Morramos com Cristo, para vivermos com ele

Percebemos que a morte é lucro, e a vida, castigo. Por isso Paulo diz: Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro (Fl 1,21). Como unir-se a Cristo, espírito da vida, senão pela morte do corpo? Morramos então com ele, para com ele vivermos. Morramos diariamente no desejo e em ato, para que, por esta segregação, nossa alma aprenda a se subtrair das concupiscências corporais. Que ela, como se já estivesse nas alturas, onde não a alcançam os desejos terrenos, aceite a imagem da morte para não incorrer no castigo da morte. Pois a lei da carne luta contra a lei do espírito e apoia-se na lei do erro. Mas qual o remédio? Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm 7,24) A graça de Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor (cf. Rm 7,25s).

Temos o médico, usemos o remédio. Nosso remédio é a graça de Cristo, e corpo de morte é o nosso corpo. Portanto afastemo-nos do corpo e não se afaste de nós o Cristo! Embora ainda no corpo, não lhe obedeçamos, não abandonemos as leis naturais, mas prefiramos os dons da graça.

E que mais? Pela morte de um só, o mundo foi remido. Cristo, se quisesse, poderia não ter morrido. Não julgou, porém, dever fugir da morte como coisa inútil nem que nos salvaria melhor, evitando a morte. Com efeito, sua morte é a vida de todos. Somos marcados com sua morte, ao orar anunciamos sua morte, ao oferecer o sacrifício pregamos sua morte. Sua morte é vitória, é sacramento, é a solenidade anual do mundo.

Não diremos ainda mais sobre a sua morte, se provarmos pelo exemplo divino que dela resultou a imortalidade, e que a morte se redimiu a si mesma? Não se deve lastimar a morte, que é causa da salvação do povo. Não se deve fugir da morte, que o Filho de Deus não rejeitou, e da qual não fugiu.

Na verdade, a morte não era da natureza, mas converteu-se em natureza. No princípio, Deus não fez a morte, mas deu-a como remédio. Pela prevaricação, condenada ao trabalho de cada dia e ao gemido intolerável, a vida dos homens começou a ser miserável. Era preciso dar fim aos males, para que a morte restituísse o que a vida perdera. Pois a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça.

Por isso, tem o espírito de afastar-se logo da vida tortuosa e das nódoas do corpo terreno, e lançar-se para a celeste assembleia, embora pertença só aos santos lá chegar, e cantar a Deus o louvor, descrito no livro profético, que os citaristas cantam: Grandes e maravilhosas tuas obras, Senhor Deus onipotente; justos e verdadeiros teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temeria e não glorificaria teu nome? Porque só tu és santo; todos os povos irão e se prostrarão diante de ti (Ap 15,3-4). Contemplar também, ó Jesus, tuas núpcias, nas quais a esposa, ao canto jubiloso de todos, é conduzida da terra ao céu – a ti virá toda carne (Sl 64,3) – já não mais manchada pelo mundo, mas unida ao espírito.

Era isto que o santo Davi desejava, acima de tudo, contemplar e admirar, quando dizia: Uma só coisa pedi ao Senhor, a ela busco: habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida e ver as delícias do Senhor (Sl 26,4).

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Porque rezar pelas almas?

Canção Nova


A Tradição Católica de visitar os Túmulos e Rezar

Pelos Mortos no Dia de Finados 

Dois de Novembro é tradicionalmente o dia dedicado para visitar os túmulos dos entes amados que já voltaram para a “Casa do Pai”, levar flores e fazer preces e orações. Este costume vem desde o século XIII, mas, mesmo antes da Igreja fixar um dia de Homenagem aos mortos os cristãos já tinham reservavam um dia específico para essas intenções.

Porque rezar pelas almas? Em primeiro lugar porque são práticas de devoção e caridade. Interceder pelas almas do purgatório faz parte das Obras de Misericórdia, conforme define o Catecismo da Igreja Católica (2447): As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais.

Segundo por acreditar na existência do purgatório, “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam, após sua morte, passam por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na igreja do céu. … A Igreja denomina Purgatório a esta purificação final dos eleitos… (Catecismo da Igreja Católica, 1030-1031).

Por fim não podemos deixar de falar do conforto que traz aos corações dos familiares. Para Katia Souza, moradora de Taguatinga, visitar o cemitério dia de finados, é uma tradição na família desde que era criança. Iam juntos às sepulturas dos avós e tios. Não é que a gente esquece das pessoas que perdemos, diz Katia, mas é o dia que as orações se unem por todas as almas do purgatório.  No entanto de uns anos para cá, com o fato do cemitério ficar muito cheio nesse dia, a família passou a fazer as visitas aos túmulos do pai e do irmão, no Campo da Esperança do Plano Piloto, na semana que antecede o feriado.

Kátia ainda relata que a mãe e os irmãos já foram e que irá após o dia dois, ela ressalta que todos os anos no dia do falecimento dos entes queridos coloca a missa em intenção de suas almas. E o Dia de Finados carrega um sentimento especial pois, além de pedir pelo seu, também faz orações por todas as almas, mesmo sem conhecer, pois, as orações alcançam muitas almas que precisam. É um dia mais introspectivo, pensamos nas pessoas que com saudades e aperto no coração, mas o fato de nos reunirmos para rezar os mantém vivos em nossas memorias.

O Diácono Marcos Mascarenhas, da Paróquia Cristo Redentor de Taguatinga Norte nos lembra que o Dia Primeiro de Novembro é dedicado a Todos os santos e fala sobre a tradição de Finados, confira abaixo:

“É uma tradição bonita porque é o que demonstra que a Igreja de Cristo é única, é o  dia em que nós podemos meditar mais sobre os aspectos da Igreja que é peregrina, a igreja que é purgativa, no sentido de ser uma Igreja que se prepara para a eternidade, e uma Igreja triunfante, aqueles que já estão na Glória. É o dia que todo o povo de Deus se une nessa oração, ou seja, pela Igreja peregrina, pela Igreja suplicante, aquela que suplica estar o mais rápido possível na presença de Deus e a igreja triunfante, aqueles cuja almas já estão na Glória. É nesse sentido então que celebramos o Dia de Finados”.

Outra coisa interessante também, continua Diácono Marcos, “o cemitério é uma tradição de cristão católicos. Chamados Campos Santos, é uma tradição católica. Os cristãos enterravam seus irmãos, seus entes queridos em lugares assim chamados campos santos, após então as catacumbas. Temos então, a ideia de cemitério como conhecemos hoje trazidas pelos primeiros cristãos.

Importante ressaltar ainda, que todos aqueles que buscam rezar nesse dia, nos cemitérios ou nas missas, pelos fiéis defuntos, estando em estado perfeito de graça, logram indulgências para aqueles que estão no purgatório. Os que participam da oração da igreja, da missa, comungam na intenção do Papa, rezam o Pai Nosso e as Ave Marias próprias desse dia. Então a essas pessoas são concedidas indulgências até oito dias após o Dia de finados”.

No Brasil, além de ir ao cemitério visitar, enfeitar os túmulos e acender velas, há uma programação especial com vários horários para as celebrações da Santa Missa. Este ano por conta da pandemia, as missas serão nas paróquias que seguindo orientações da Arquidiocese procurando manter os mesmos horários das missas de domingo. Da mesma forma houve algumas alterações para alcançar a indulgência plenária aos os fiéis defuntos, isso para garantir que os fiéis possam cumprir suas devoções de forma segura.

Como as almas do purgatório nada podem fazer por si mesmas, cabe a nós cristãos rezar por elas, fazer orações em sufrágio, especialmente por aquelas mais esquecidas que ninguém se lembra. Elas sofrem por estar longe de Deus, pois nossa alma tem sede e almeja alcançar o céu. Conforme diz Santo Agostinho (Hom.,XVI), “Uma das obras mais santas, um dos melhores exercícios de piedade que podemos praticar neste mundo, é oferecer sacrifícios, esmolas e orações pelos defuntos”.

Cleides Batista – Escritora para a Pascom Brasília
Arquidiocese de Brasília

A missão de um sonhador

Gaia dos rios da Amazônia
27 outubro 2020

Gaia é o nome de uma típica embarcação que navega nos rios amazónicos, pintada de amarelo, inteiramente de madeira, com dois conveses e dotada de redes para dormir à noite sob o céu equatorial que se reflete nas águas escuras ou para ouvir o canto inquietador dos macacos. Tornou-se lenda, nesta terra de maravilhas naturais e de sofrimentos humanos, graças a um sonhador chamado Oliviero Pluviano. Jornalista, hoje aposentado, músico itinerante  e ex-correspondente no Brasil da Agência italiana de imprensa (Ansa), um belo dia decidiu que Gaia, já julgada inadequada para socorrer os doentes da região de Santarém, poderia ser o instrumento para realizar um sonho: levar o cinema aos povos indígenas mais distantes, pobres e isolados da Amazónia, a aldeias em palafitas onde ninguém jamais vira um filme e muitas pessoas nem sequer imaginavam que pudesse existir tal oportunidade de admiração e maravilha.

Levá-lo às comunidades mais isoladas, cuja identidade — e muitas vezes a própria sobrevivência — é ameaçada pela desflorestação, pela violência dos colonos e pelos devastadores incêndios criminosos que, para dar espaço ao cultivo especulativo, destroem o pulmão do planeta. Pluviano — sangue genovês, rosto emoldurado por cabelo macio, barba e bigode brancos — queria que a sua “gaiola” colorida, com uma marcha ligeiramente torta mas muito rápida, espalhasse cultura e alegria entre os índios.  «Não é justo viver só de mandioca e peixe». Na esteira de Fitzcarraldo, o homem que esperava construir um teatro de Ópera lírica na Amazónia e inspirador de um grande filme de Werner Herzog, em 2011 Oliviero zarpou com os primeiros filmes, recebidos da embaixada italiana. Havia também “La vita è bella”, de Roberto Benigni que, Pluviano recorda, se tornou um sucesso imediato entre as comunidades indígenas. Desde então até 2020, Gaia navega no coração da Amazónia para relançar a magia do cinema em lugares esquecidos por todos: do rio Tapajós, afluente do Amazonas, a cursos de água como o Arapiuns, com as suas brancas praias caribenhas e os seus crepúsculos ardentes, ou como o misterioso Paru, um rio de beleza pungente, rodeado pelas árvores mais imponentes da floresta, com quase 100 metros de altura. Em cada etapa, os membros da tripulação de Gaia preparam o cinema durante o dia. Penduram a lona onde podem, instalam o projetor e o sistema de som, verificam se o gerador elétrico funciona; cheias de encanto, as crianças acompanham as preparações, no meio de um alvoroço de macacos, tucanos e araras. A cozinheira de bordo, Lucineide, prepara as pipocas, que certamente não podem faltar num cinema digno desse nome. «A felicidade no olhar de uma criança não tem preço», explica o piloto de Gaia, Dinho, acostumado a navegar em águas traiçoeiras, onde há até piratas. Mas depois veio o coronavírus. Ao longo dos cursos de água, no sulco das doenças trazidas há séculos pelos conquistadores europeus, a Covid-19 atingiu cidades e aldeias, transformando a Amazónia na região mais afetada e indefesa do Brasil. Gaia voltou a zarpar, desta vez para entregar mais de 30 toneladas de ajudas alimentares às comunidades indígenas. «Quando chegamos, as pessoas recebem-nos com admiração», observa Pluviano, «pois  mais ninguém se ocupa delas». Durante a pandemia morreram vários feiticeiros e caciques idosos: assim desapareceram inteiras “bibliotecas” de conhecimentos, explica.

É por isso que, quando acabar a emergência de saúde, ele quer voltar a navegar, e não só para divulgar o cinema, mas também para reunir histórias e o saber dos sobreviventes mais idosos, antes que seja demasiado tarde. «Além disso, tenho outro sonho. Posso dizê-lo? Construir um Templo de Deus, em madeira e ferro, em Alter de Chão, um dos lugares mais lindos da Amazónia, para todos os credos, no centro de uma região onde está em jogo a salvação do planeta».

Elisa Pinna

L'Osservatore Romano

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF