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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Religiosa vence MasterChef Brasil e dedica vitória aos missionários

A vencedora do MasterChef, Ir. Lorayne Caroline Tinti /
Foto: Facebook Irma Lorayne Caroline Tinti

SÃO PAULO, 04 nov. 20 / 03:53 pm (ACI).- Irmã Lorayne Caroline Tinti foi a vencedora do 17º episódio do MasterChef Brasil 2020, nesta semana, e dedicou sua vitória aos missionários, bem como aos jovens com os quais realiza um trabalho social.

Neste ano, o reality show de culinária chega à sua 7ª temporada com um formato diferente devido à pandemia. Assim, a cada semana, há a disputa entre oito participantes e um vencedor por programa.

Vencedora desta semana, a religiosa de 33 anos pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Ressurreição, em Catanduva (SP), há 15 anos. Conquistou o troféu após preparar dois pratos que nunca tinha cozinhado, um tiramisù e um estrogonofe de camarão.

“Eu já tinha comido o tiramisù, fui apresentada a ele no ano passado, mas não tinha memória de como ele era. Rafaela me ajudou com a receita e pedi a intercessão de todos os santos (...). Era Deus me falando pega isso, pega aquilo e assim eu fiz”, contou Ir. Lorayne ao site do programa.

Já na preparação do estrogonofe, a religiosa disse que teve uma “surpresa” quando o jurado Jacquin foi à sua bancada e encontrou “um camarão sujo”. “Foi aí que refiz a limpeza de todos os outros.  Ele veio do céu para me ajudar naquele momento”, comentou.

Ir. Lorayne contou que começou a cozinhar com sua avó, quando tinha “uns 9 ou 10 anos”. “Minha mãe e tia também sempre cozinharam. Os almoços de domingo eram festivos e caprichados em casa”, recordou.

Mas, foi no convento que aprimorou este dom, quando passou a cozinhar para cerca de 20 religiosas. “As atividades e tarefas domésticas são todas divididas, inclusive o preparo das refeições. Galinhada, lasanha, creme de milho e frango com molho são os pratos mais famosos. Foi lá, também, que acabei conhecendo os alimentos mais requintados, como alho-poró e camarão”.

Testemunho de vida religiosa na TV

Ir. Lorayne decidiu ingressar no convento ainda na adolescência. Como recordou, passou a ter mais contato com as religiosas na escola. “Elas eram muito presentes ali e aquilo foi crescendo dentro de mim como uma sementinha. Eu sempre achei a vida delas muito legal”, disse.

E foi aos 17 anos, quando cursava o terceiro ano do Ensino Médio que Lorayne ouviu seu chamado vocacional. “Apesar de gostar, eu, até então, nunca tinha pensado em ser religiosa. Mas, quando uma irmã recém-chegada me convidou para um encontro vocacional, me apaixonei. Senti muita paz e tranquilidade naquele encontro”, recordou a jovem religiosa, que professou seus votos aos 24 anos.

Para Ir. Lorayne, participar do programa de TV é também um testemunho. “Como as pessoas não nos conhecem, muitos acham que só temos proibições, mas também estamos passando por transformações e mudanças. A vida religiosa pode, sim, estar em todos os lugares; a junção de gastronomia com a igreja é muito real”, indicou, ao destacar que “nas passagens bíblicas, Jesus compartilhou o pão, foi a casamentos”.

“Estar no MasterChef é mostrar que a gente também come, cozinha e está inserida no contexto tecnológico”, completou.

Ao receber o troféu de vencedora do MasterChef, Ir. Lorayne disse ter consigo muitas pessoas, “cada uma das mulheres que já passaram pela minha vida e também todos os trabalhos que já realizei e pude conhecer, muitas pessoas, muitas culturas”.

“Então, todos os missionários, todos aqueles que fazem o bem estão aqui comigo, aqueles que têm amor pela culinária. Nós temos um trabalho social e neste trabalho social, nós tentamos ensinar as crianças e adolescentes de que, sim, a gastronomia é um caminho para você ter dignidade para o resto da vida, para isso ser um trabalho, mas um trabalho com amor”, concluiu.

ACI Digital

O Anticristo

Crédito: Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Do grego “Antichristos”. Em composições, o termo anti tem diferentes significados: antibasileus significa um rei que preenche um interregno; antistrategos, um pretor; anthoupatos, um procônsul; em Homero antitheos significa alguém semelhante a um deus em poder e beleza, enquanto em outras obras significa um deus hostil.

Seguindo a mera analogia alguém poderia interpretar anticristo como significando alguém semelhante a Cristo em aparência e poder; mas é mais seguro definir a palavra de acordo com seu significado bíblico e seu uso eclesiástico.

Sentido bíblico da palavra

A palavra Anticristo ocorre somente nas Epístolas Joaninas; mas existem assim chamados paralelismos a estas ocorrências no Apocalipse, nas Epístolas Paulinas, e outros menos explícitos nos Evangelhos e no Livro de Daniel.

Nas Epístolas Joaninas

São João supõe em suas Epístolas que os primeiros cristãos conheciam o ensinamento concernente à vinda do Anticristo. “Vocês ouviram que o Anticristo vem” (1Jo 2,18); “Este é o Anticristo, de cuja vinda vocês ouviram” (1Jo 4,3). Embora o Apóstolo fale de vários Anticristos, ele distingue entre os muitos e o agente único e principal: “O Anticristo virá. Já agora há muitos Anticristos” (1Jo 2,18). Novamente, o escritor esboça o caráter e a obra do Anticristo: “Eles saíram dos nossos, mas eles não eram dos nossos” (1Jo 2,19); “Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2,22); “E todo espírito que nega Jesus, não é de Deus; e este é o Anticristo” (1Jo 4,3); “Pois muitos sedutores estão à solta no mundo, que não confessam que Jesus Cristo veio na carne: este é um sedutor e um Anticristo” (2Jo 1,7). Também quanto ao tempo, o Apóstolo coloca a vinda do Anticristo na “última hora” (1Jo 2,18); novamente ele mantém que “ele já está agora no mundo” (1Jo 4,3).

No Apocalipse

Praticamente todos os comentaristas encontram o Anticristo mencionado no Apocalipse, mas eles não concordam quanto ao capítulo específico do Livro no qual a menção ocorre. Alguns apontam para a “besta” de 11,7; outros para o “dragão vermelho” de 12; outros ainda para a besta “com sete cabeças e dez chifres” de 13; enquanto muitos escolásticos identificam o Anticristo com a besta que tinha “dois chifres, como um cordeiro” e falava “como um dragão” (13,11); ou com a besta vermelha “com sete cabeças e dez chifres” (17); ou, finalmente, com Satanás “libertado de sua prisão” e seduzindo as nações (20,7). Uma discussão detalhada das razões pró e contra cada uma destas opiniões estaria fora de lugar aqui.

Nas Epístolas Paulinas

São João supõe que a doutrina concernente à vinda do Anticristo já é conhecida a seus leitores; muitos comentaristas acreditam que ela se tornou conhecida na Igreja através dos escritos de São Paulo. São João exortava contra os hereges de seu tempo que aqueles que negavam o mistério da Encarnação eram vagas imagens do futuro grande Anticristo. Este último é descrito em mais detalhes em 2Ts 2,3.7-10. Na Igreja de Tessalônica tinham ocorrido distúrbios por causa da crença de que a segunda vinda de Jesus Cristo era iminente. Esta impressão se devia parcialmente a uma interpretação errada de 1Ts 4,15, e parcialmente às maquinações dos enganadores. Foi tendo em vista remediar estas desordens que São Paulo escreveu sua Segunda Epístola aos Tessalonicenses, inserindo especialmente 2,3-10. A doutrina Paulina é esta: “o dia do Senhor” será precedido por “uma revolta”, e a revelação do “homem da iniquidade”. Este irá se assentar no templo de Deus, mostrando-se a si mesmo como se ele fosse Deus; ele irá realizar sinais e falsos prodígios pelo poder de Satanás; ele irá seduzir aqueles que não receberam o amor pela verdade, para que eles pudessem ser salvos; mas o Senhor Jesus irá liquidá-lo com o espírito de Sua boca, e destruí-lo com o resplendor de Sua vinda. Quanto ao tempo, “o mistério da iniquidade já opera; apenas esperando que aquele que o detém seja retirado do caminho”. Resumidamente, o “dia do Senhor” será precedido pelo “homem da iniquidade”, conhecido nas Epístolas Joaninas como Anticristo; este “homem da iniquidade” é precedido por “uma revolta”, ou uma grande apostasia; esta apostasia é o resultado do “mistério da iniquidade” que já “opera”, e que, de acordo com São João, mostra a si mesmo aqui e ali por vagos tipos do Anticristo. O Apóstolo dá três estágios da evolução do mal: a fermentação da iniquidade, a grande apostasia, e o homem da iniquidade. Mas ele adiciona uma cláusula calculada para determinar o tempo do evento principal mais precisamente; ele descreve algo primeiro como uma coisa (to datechon), e depois como uma pessoa (ho katechon), evitando a ocorrência do evento principal: “algo o detém” e “aquele que o detém”. Nós aqui só podemos enumerar as principais opiniões quanto ao significado desta cláusula sem discutir os seus valores:

1. O impedimento do evento principal é “o homem da iniquidade”; o evento principal é a segunda vinda do Senhor (Grimm, Simar).

2. O impedimento é o Império Romano; o evento principal impedido é o “homem da iniquidade” (a maioria dos Padres Latinos e intérpretes posteriores)

3. O Apóstolo referiu-se a pessoas e eventos de seu próprio tempo, o katechon e o “homem da iniquidade” são variadamente identificados com os Imperadores Calígula, Tito, Nero, Claudius, etc. (Teólogos protestantes depois do século 17).

4. O Apóstolo refere-se imediatamente a homens e eventos contemporâneos, que são, entretanto, tipos do katechon escatológico, o “homem da iniquidade”, e o dia do Senhor; a destruição de Jerusalém, por exemplo, é o tipo da segunda vinda do Senhor, etc. (Döllinger).

Antes de deixar a doutrina Paulina sobre o Anticristo, nos devemos nos perguntar, de onde o Apóstolo derivou seu ensinamento? Novamente aqui nós encontramos várias respostas.

1. São Paulo expressa meramente seu próprio ponto de vista baseado na tradição judaica e nas imagens dos Profetas Daniel e Ezequiel. Este ponto de vista tem sido defendido por vários escritores protestantes.

2. O Apóstolo expressa a impressão produzida na Igreja dos primeiros tempos pelo ensinamento escatológico de Jesus Cristo. Esta opinião é expressada por Döllinger.

3. São Paulo derivou a sua doutrina concernente ao Anticristo das palavras de Cristo, da profecia de Daniel, e dos eventos contemporâneos. Esta opinião, também, é expressada por Döllinger.

4. O Apóstolo proferiu uma profecia recebida através da inspiração do Espírito Santo. Os intérpretes católicos têm geralmente aderido a esta opinião.

Nos Evangelistas e Daniel

Depois de estudar a figura do Anticristo na Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses, alguém facilmente reconhece o “homem da iniquidade” em Dn 7,8.11.20.21, aonde o Profeta descreve o “pequeno chifre”. Um tipo do Anticristo é encontrado em Dn 7,8.23; 11,21-45, na pessoa de Antíoco Epífanes. Muitos comentaristas encontraram alusões mais ou menos claras ao Anticristo na vinda de falsos cristos e falsos profetas (Mt 24,24; Mc 13,6.22; Lc 21,8), na “abominação da desolação”, e naquele que “virá em seu próprio nome” (Jo 5,43).

O ANTICRISTO NA LINGUAGEM ECLESIÁSTICA

Bousset acredita que havia entre os judeus uma lenda completamente desenvolvida do Anticristo, que foi aceita e amplificada pelos cristãos; e que esta lenda diverge e contradiz em importantes pontos as concepções encontradas no Apocalipse. Nós não acreditamos que Bousset tenha provado completamente a sua opinião; sua visão quanto ao desenvolvimento do cristianismo e do conceito de Anticristo não excede os méritos de uma engenhosa teoria. Nós não precisamos entrar em uma investigação da obra de Gunkel, na qual ele traça a ideia de Anticristo ao dragão primevo das profundezas de Othe; esta visão não merece mais atenção do que o resto das fantasias mitológicas desse autor. O que então é o verdadeiro conceito eclesiástico de Anticristo? Suarez mantém que é de fé que o Anticristo é uma pessoa individual, um notável inimigo de Cristo. Isto exclui a afirmação daqueles que explicam o Anticristo ou como toda a coleção daqueles que se opõe a Jesus Cristo, ou como o Papado. Os hereges Valdenses e Albigenses, assim como Wyclif e Hus, chamavam o Papa pelo nome de Anticristo; mas a expressão era somente uma metáfora no caso deles. Não foi até o tempo da Reforma que o nome foi aplicado ao Papa no seu sentido próprio. Isto então passou praticamente ao credo dos Luteranos, e tem sido seriamente defendido por eles tão tardiamente quanto em 1861 no “Zeitschrift für lutherische Theologie”. A mudança da verdadeira Igreja para o reino de Anticristo é dita ter ocorrido entre 19 de fevereiro e 10 de novembro de 607 DC, quando o Papa Bonifácio III obteve do imperador grego Newton, o título “Chefe de Todas as Igrejas” para a Igreja Romana. Uma apelação foi feita a Ap 13,8, em confirmação desta data, e foi calculado a partir de Ap 11,3, que o fim do mundo poderia ser esperado em 1866 DC. O Cardeal Belarmino refutou este erro tanto do ponto de vista exegético como histórico em “De Rom. Pont.”, III. A pessoa individual do Anticristo não será um demônio, como alguns dos escritores antigos acreditavam; nem ele será a pessoa do demônio encarnada na natureza humana do Anticristo. Ele será uma pessoa humana, talvez de extração judaica, se a explicação de Gn 49,17, juntamente com a omissão de Dã do catálogo das tribos, como encontrado no Apocalipse, estiver correta. Deve ser lembrado que a tradição extra-escritural não nos fornece qualquer suplemento revelado às informações bíblicas concernentes ao Anticristo. Enquanto estas últimas são suficientes para fazer o crente reconhecer o “homem da iniquidade” no tempo de sua vinda, a falta de qualquer revelação adicional confiável deveria nos colocar em guarda contra os devaneios dos Irvingitas, dos Mórmons, e de outros recentes proclamadores de novas revelações.

Pode não estar fora de lugar chamar a atenção do leitor para duas dissertações do falecido Cardeal Newman sobre o assunto do Anticristo. Uma é chamada “A Ideia Patrística de Anticristo”; ela considera sucessivamente seu tempo, religião, cidade, e perseguição. Ela formou o número 83 dos “Tratados sobre os Tempos”, e foi republicada no volume chamado “Discussões e Argumentos sobre Vários Assuntos” (Londres, Nova Iorque, Bombaim, 1899). A outra dissertação está contida entre os “Ensaios Críticos e Históricos” do Cardeal (Vol. II; Londres, Nova Iorque e Bombaim, 1897), e traz o título “A Ideia Protestante do Anticristo”. Para entender a significância dos ensaios do Cardeal na questão do Anticristo, deve ser tido em mente que uma variedade de opiniões surgiram no decorrer do tempo concernentes à natureza deste oponente da cristandade.

1. Koppe, Nitzsch, Storr e Pelt argumentaram que o Anticristo é um princípio maligno, não corporificado em uma pessoa ou um governo; esta opinião está em oposição tanto a São Paulo como a São João. Ambos Apóstolos descrevem o adversário como sendo distintamente concreto em forma.

2. Um segundo ponto de vista admitiu que o Anticristo deve realmente aparecer em uma forma concreta, mas identificou esta forma concreta com o sistema do Papado. Lutero, Calvino, Zwingli, Melanchthon, Bucer, Beza, Calixtus, Bengel, Michaelis, e quase todos os escritores protestantes do Continente são citados como suportando este ponto de vista; o mesmo pode ser dito dos teólogos ingleses Cranmer, Latimer, Ridley, Hooper, Hutchinson, Tyndale, Sandys, Philpot, Jewell, Rogers, Fulke, Bradford, King James, e Andrewes. Bramhall introduziu qualificações na teoria, e após isso sua ascendência começou a se desvanecer entre os escritores ingleses. Nem se deve supor que a teoria Papa-Anticristo foi mantida por todos protestantes do mesmo modo; o Falso Profeta ou segunda Besta do Apocalipse são identificados com o Anticristo e o Papado por Aretius, Foxe, Napier Mede, Jurieu, Cunninghame, Faber, Woodhouse, e Habershon; a primeira Besta do Apocalipse tem esta posição na opinião de Marlorat, King James, Daubuz, e Galloway; ambas as Bestas são assim identificadas por Brightman, Pareus, Vitringa, Gill, Bachmair, Fraser, Croly, Fysh, e Elliott.

Após este panorama geral das visões protestantes concernentes ao Anticristo, nós devemos ser capazes de apreciar alguns dos comentários críticos do Cardeal Newman sobre a questão.

1. Se qualquer parte da Igreja for provada ser anticristã, toda a Igreja o é, inclusive o ramo protestante.

2. A teoria Papa-Anticristo foi gradualmente desenvolvida por três corpos históricos: os Albigenses, os Valdenses, e os Fraticelli, entre os séculos 11 e 16: são estes os expositores dos quais a Igreja de Cristo deve receber a verdadeira interpretação das profecias?

3. Os defensores da teoria Papa-Anticristo cometeram erros crassos em seus argumentos; eles citam São Bernardo como identificando a Besta do Apocalipse com o Papa, contudo São Bernardo fala na passagem do Antipapa; eles apelam para o Abade Joaquim como acreditando que o Anticristo será elevado à Sé Apostólica, enquanto o Abade realmente acredita que o Anticristo irá derrubar o Papa e usurpar sua Sé; finalmente, eles apelam ao Papa Gregório o Grande como declarando que qualquer um que alegue ser Bispo Universal é Anticristo, enquanto o grande Doutor realmente fala do Precursor do Anticristo que era, na linguagem de seu tempo, nada mais que a figura de um grande mal iminente.

4. Os protestantes foram levados à teoria Papa-Anticristo pela necessidade de opor uma resposta popular aos populares e convincentes argumentos dados pela Igreja de Roma para sua autoridade Divina.

5. Warburton, Newton, e Hurd, os advogados da teoria Papa-Anticristo, não podem ser comparados com os santos da Igreja de Roma.

6. Se o Papa é o Anticristo, aqueles que o recebem e seguem não podem ser homens como São Charles Borromeo, ou Fénelon, ou São Bernardo, ou São Francisco de Sales.

7. Se a Igreja deve sofrer como Cristo, e se Cristo foi chamado Belzebu, a verdadeira igreja de Cristo deve esperar uma reprovação similar; desse modo, a teoria Papa-Anticristo torna-se um argumento a favor da Igreja Romana.

8. A chacota “se o Papa não é o Anticristo, ele tem azar de ser tão parecido com ele”, é na verdade outro argumento a favor das alegações do Papa; uma vez que o Anticristo simula Cristo, e o Papa é uma imagem de Cristo, o Anticristo deve ter alguma semelhança com o Papa, se este for o verdadeiro Vigário de Cristo.

IRENAEUS, Adveresus Haer., IV, 26; ADSO (PSEUDO-RABANUS MAURUS), De ortu, vitâ et moribus Antichristi, P. L., CI, 1289-98); BELLARMIN, De Rom. Pont., III; NEWMAN, The Patristic Idea of Antichrist, No. 83 of Tracts for the Times, republished in Discussions and Arguments on Various Subjects (London, New York, and Bombay 1897).

Fonte: Enciclopédia Católica

https://cleofas.com.br/

Uma floresta humana a preservar

Waorani da Amazônia | L'Osservatore Romano
03 novembro 2020

«Devo admitir que o resto do mundo se perdeu, se com isto nos referimos por exemplo à cultura, aos hábitos, problemas, relacionamentos e a tudo o que faz parte da realidade da qual provenho», explica Marina Tana, que em 2017 empreendeu uma viagem solitária pela Amazónia, do Equador ao Brasil, e até 30 de outubro expôs em Milão as fotografias daquela experiência, contidas num percurso organizado por Paola Riccardi, intitulado “Human Forest”.

Na remota zona intangível do Parque Nacional Yasuní (criada no Equador em 1999 para proteger o território de alguns grupos indígenas), Marina Tana quis viver visitando também a comunidade Waorani de Bameno, apresentada pela primeira vez ao mundo em 1956 pela «Life Magazine» como “O pior povo da Terra”: dos anos 50 aos anos 70, objeto de uma verdadeira colonização, determinada pela presença de petróleo nos seus territórios, os Waorani voltaram a viver na floresta, um mundo tão distante do nosso: «A cosmogonia amazónica baseia-se em paradigmas completamente diferentes da nossa cultura ocidental, dominada pelo dualismo ontológico entre matéria e espírito, acrescenta Marina Tana, pois para eles os seres vivos e a floresta, a natureza e os espíritos, o corpo e a alma, nunca são concebidos como pura dualidade; tudo é imanente. Trata-se de uma perspetiva que para nós é difícil de compreender».

O coronavírus colocou em maior perigo as populações amazónicas, já cronicamente afetadas pela fragilidade económica e sanitária. «No ano passado, durante a emergência de incêndios na Amazónia, muitos países mobilizaram-se para ajudar a combater as chamas. E agora? — questiona Tana — na Amazónia, as pessoas têm relevância secundária,  ou até totalmente marginal, no que diz respeito à questão ambiental que, tendo um impacto sobre todos nós a nível global, exige uma série de ações internacionais concretas. Se houvesse ajuda médica, quem a deveria gerir? As comunidades indígenas, embora façam parte do mesmo Estado, não formam um corpo político coeso e isto favorece governos que não lhes querem dar voz nem sequer em assuntos que dizem respeito à segurança e à saúde». O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado fez um apelo em defesa e tutela destas comunidades em risco: «Sem qualquer salvaguarda contra este vírus altamente contagioso», escreveu, «os povos indígenas enfrentam o risco concreto de genocídio devido à contaminação causada pela entrada descontrolada nas suas terras e pelo acesso praticamente inexistente a instalações hospitalares». Grandes guerreiros e caçadores, os Waorani vivem em harmonia com a floresta da qual obtêm o sustento através da pesca e da caça, em que participam também as mulheres e as crianças: «Durante quatro semanas passadas na aldeia de Bameno, dei testemunho da vida diária descobrindo, para além do folclore rebuscado de um certo tipo de turismo, as dificuldades desta comunidade comprometida na preservação da memória dos seus costumes e no combate à ameaça ambiental, à corrupção e à sedução do Ocidente».

Mais de seis meses de preparação, entre estudos e organização prática e logística, com o desejo de conhecer o mundo, a viagem à Amazónia coroa um sonho que Marina Tana tinha desde a infância. Todos os seus projetos são analisados nos pormenores, para evitar problemas inúteis, através de estudos e leituras capazes de ampliar o conhecimento antropológico e histórico dos países onde ela escolhe pôr o dedo no globo. Formada em engenharia e comprometida na área da tecnologia e inovação a nível internacional, Marina Tana começa a viajar sozinha em 2014, e continua até hoje: a escolha de viajar sozinha não é um fútil princípio de independência feminina, mas um modo para não ser influenciada por companheiros de viagem e para viver cada experiência de maneira exclusiva. O desejo de fotografar transforma-se em necessidade, não apenas para testemunhar o que vê, mas como instrumento que a relaciona com as paisagens e as pessoas que são a alma vibrante daqueles lugares: «A fotografia é o meio expressivo que escolhi para dar voz às reflexões decorrentes desta incrível experiência humana — diz Tana — sobre a restituição da justa dignidade e função às pessoas e sobre a promoção da ideia de uma ecologia integral para o nosso futuro». Os Waorani de Bameno, através do apelo de Penti Baihua, líder daquela comunidade, reivindicam o direito de ser livres de viver no seu ambiente, a floresta amazónica, cuja sobrevivência é uma garantia essencial para o mundo: «Quando se fala de sustentabilidade, ela não pode limitar-se apenas aos aspetos ecológicos e ambientais — conclui — mas deve incluir também os seres humanos. Eis no que consiste o conceito de ecologia integral, promovido pelo Papa Francisco na encíclica Laudato si’».

Susanna Paparatti

L'Osservatore Romano

HAGIOGRAFIA: São Áquila

Ecclesia

São Áquila

(Apóstolo dos Setenta)

O Apóstolo era natural do Ponto e judeu, casado com S Priscila, era residente em Roma. S. Paulo que o tomou como discípulo, conheceu-o em Corinto (Actos 18,2-3; Cor 16,19) onde era fabricante de tendas, durante o exílio devido ao édito de Cláudio, na segunda viagem apostólica em 51, e fez dele e de sua esposa companheiros na visita a Éfeso e outros lugares(Atos 18, 18 e segs).

Deveriam ser conhecedores dos fundamentos cristãos, pois S Paulo refere (Actos 18, 26) que “expuseram com mais precisão a Via do Senhor a Apolo de Alexandria que ensinava e falava desassombradamente na Sinagoga”.

Regressando a Roma, São Aquila e Priscila, depois de terem ajudado a fundar igrejas entre os gentios, terão continuado a sua missão a partir de sua própria casa (Rom 16,3).

Segundo a tradição São Aquila foi feito bispo por S Paulo, para a Ásia, na Acaia e Heraclita, convertendo e confirmando na fé muita gente, e consagrando presbíteros.

Em conseqüência da destruição de ídolos e a pregação que fazia contra os falsos deuses, foi martirizado pelos pagãos, juntamente com sua mulher S Priscila.

Devido ao fato de S Paulo nomear Priscila em primeiro lugar quando os saudou uma vez(Rom 16, 3) alguns teólogos da Reforma consideram, sem fundamento, que ela seria a escolhida pelo Apostolo.


BIBLIOGRAFIA:

Boletim da Paróquia de S. Nicolau (Comunidade Ortodoxa da região de Aveiro)
Patriarcado Ecumênico - Diocese de Espanha e Portugal



Ecclesia

O hospital onde trabalharam 33 médicos que se tornaram santos

Fiore Silvestro Barbato-(CC BY-SA 2.0)
por Maria Paola Daud

O Hospital dos Incuráveis, de Nápoles, é considerado o único do mundo em funcionamento há mais de 500 anos.

Hospital dos Incuráveis é um dos muitos tesouros de Nápoles. Essa joia artística já garantiu suporte, alívio e esperança aos acometidos pelas doenças graves ou difíceis.

O hospital fica no ponto mais alto da cidade antiga, onde os gregos construíram as muralhas para defender a cidade.

De fato, o lugar se transformou em um complexo médico que, por mais de 500 anos, tem sido referência para todo o sul da Itália e até da Europa.

Origens e características do hospital

A fundação do Hospital dos Incuráveis ficou a cargo da nobre catalã María Lorenza Longo, que se dedicou por muitos anos às obras de caridade. Essa mulher hoje é beata. 

O complexo de estilo renascentista inclui, por exemplo, a igreja de Santa Maria do Povo, o oratório da Compagnia dei Bianchi della Giustizia, o Hospital de de Santa Maria do Povo dos Incuráveis, o convento de Santa Maria da Consolação, a igreja de Santa Maria de Jerusalém e o claustro das “Trinta e Três”.

Além disso, uma grande escada leva a um edifício que faz parte do corpo arquitetônico do século XVI. Trata-se, portanto, da sede do mosteiro das “Convertidas” ou “Arrependidas”, uma referência às prostitutas convertidas por María Lorenza Longo.

O complexo arquitetônico também conta com um museu em que estão em exibição instrumentos médicos e cirúrgicos antigos.

No entanto, a joia artística insuperável do complexo – obra do barroco do século XVIII – é sua famosa farmácia, que conta com várias obras de arte.

Médicos e santos

De fato, o complexo hospitalar é o único do mundo em funcionamento há mais de 500 anos. Ademais, é também o único hospital onde trabalharam 33 médicos que depois foram canonizados. Por isso, também é conhecido como Hospital dos Santos.

Trabalharam no local, por exemplo: São Luis Gonzaga, São Caetano de Thiene, Santo Afonso de Ligório, São Camilo de Lélis. Nas dependências do hospital, portanto, esses médicos santos aliviaram dores, salvaram vidas e curaram doenças consideradas incuráveis.

Aleteia

O MAIOR BULLYNG NACIONAL

Dom Ricardo Hoepers
Bispo de Rio Grande - RS

A que ponto chegamos! Ao tomar consciência da ADI 5668/2017 eu lembrei do mito grego de Procusto que fazia os viajantes deitarem numa cama, no meio da noite, imobilizava-os e os obrigava a ocupar o exato tamanho do leito oferecido. Dependendo do tamanho do hóspede, ele o adaptava à cama, cortando a cabeça ou os pés, ou esticando até quebrar os ossos. É isso que alguns partidos têm feito no Brasil com suas ideologias. Se as leis, a sociedade e toda a nação não se adaptarem aos seus projetos, não servem. Eles não podem ceder, mas o país inteiro tem que ceder a eles. Falam em diálogo, mas no fundo, querem imobilizar a todos com um monólogo de sua ideologia partidária.

O Plano Nacional de Educação (PNE) passou por um longo caminho para ser aprovado. A partir de 2011 foram quatro anos de discussões, incluídos diferentes setores da sociedade, realizadas consultas públicas e as diretrizes exaustivamente debatidas em todos os segmentos previstos. Enfim, em 2014, o PNE foi aprovado nas instâncias previstas. As propostas foram sendo depuradas para que o PNE pudesse atender aos novos desafios da Educação, em meio a uma sociedade em mudança de época. Longe de ser um PNE perfeito, foi democraticamente construído, e seu valor está, tanto no processo, quanto no resultado. Depois de 2014 vinha o desafio de implementar e fazer acontecer as adequações necessárias sobre os Planos educacionais dos Estados e Municípios. E, mais uma vez, o Brasil mostrou sua vitalidade aprovando os mesmos, em seus níveis subsequentes, com a participação vigorosa e atuante dos legisladores, educadores e famílias.

Diante desse contexto gostaria de afirmar que a ADI 5668, ajuizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é como a cama de Procusto: improcedente, incoerente, injusta, inconsequente, inadequada, interesseira.

·         Improcedente porque sua argumentação procede de uma carência de interpretação que quer incluir o que já está incluído.

·         Incoerente porque um partido que se diz democrático não pode impor algo que a sociedade não quer.

·         Injusta porque quer defender um único grupo em detrimento de outros.

·         Inconsequente porque não leva em conta as reais dimensões que envolvem um tema reduzindo-o a uma única estratégia.

·         Inadequada porque não considerou o processo realizado, mas só o resultado.

·         Interesseira porque não admite que seus interesses não estejam demarcados categoricamente como prerrogativa em detrimento do bem comum.

Sinceramente, não quero acreditar que o Supremo Tribunal Federal (STF) irá cair nas redes desse argumento maquiado de vingança, ajuizado na ADI 5668, que aparenta ser mais um imbróglio jurídico. Parece ser forçada por quem não admite derrota nos processos democráticos e quer impor sua ideologia goela abaixo, não se importando com quem vai se afogar. O STF tem uma chance privilegiada, um momento oportuno, de mostrar a sociedade que os processos democráticos têm um valor imprescindível para o equilíbrio social. Os partidos devem aprender a dialogar nas instâncias corretas, no momento certo e da maneira certa e não instrumentalizar o STF para seus deleites ideológicos. Ao meu ver, esse é o âmago da questão: um partido político, usando de um instrumento democrático como uma ADI, faz uma petição na maior instância jurídica do país (STF), para impor sobre toda a sociedade, através de um Plano Nacional de Educação, uma ideologia de desconstrução dos valores da família, chamada teoria de gênero. Todo o processo democrático de construção do PNE escolheu tirar essa referência ideológica. As famílias brasileiras não querem esse viés estranho aos seus valores nas escolas, pois educação sexual é uma prerrogativa do seio familiar. Mas, o PSOL não satisfeito, quer obrigar o fatídico retorno dessa proposta, através de um discurso maquiado de “prevenção do bullyng”. Isso, ao meu ver, é manipulação dos interesses da nação. O STF há de desconstruir esse intento antidemocrático.

E como fica a questão da prevenção do bullyng nas escolas públicas e particulares? O bullyng existe, é real e, de fato, muitas crianças, adolescentes e jovens sofrem essa realidade. A CNBB, em sua nota, colocou muito bem que são muitos tipos e cita alguns: em nível físico, moral, psicológico, material, verbal, sexual, social, religioso, familiar ou cibernético. Foi exatamente por isso que o PNL previu com muita propriedade toda essa amplitude que, contempladas nas Diretrizes, podem ser tratadas de modo personalizado nas suas realidades respeitando a cultura local. Assim foram aprovadas as Diretrizes do PNE:

Nas Diretrizes para a superação das desigualdades educacionais:
III – Superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação.

Nas Diretrizes para a promoção da qualidade educacional:
V – Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade.

Nas Diretrizes para a promoção da Democracia e dos Direitos Humanos
X – Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.

Está contemplada a abertura para todas as ações de defesa, proteção e prevenção ao bullyng na expressão: ERRADICAR TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO.

Estão contemplados os valores que fundamentam a sociedade. O Brasil tem VALORES MORAIS E ÉTICOS que devem ser respeitados dentro do processo democrático.

Está contemplado o respeito aos DIREITOS HUMANOS E À DIVERSIDADE que temos no nosso país.

Portanto, diante dessa perspectiva é necessário um grande esforço em nível nacional, de todos os setores da sociedade, para adequar as realidades educacionais àquilo de melhor que o PNE propõe, de maneira especial a valorização dos nossos educadores. Essa sim seria a pauta mais digna para uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF: A VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO. É inconstitucional o tratamento que está sendo dado aos profissionais da área da educação conforme rege a Constituição no art. 206, inciso V, que trata da valorização dos profissionais da educação escolar. Se alguém está sofrendo bullyng em nosso país, são os nossos educadores, que são intimidados a sofrer a humilhação de dar o melhor de si e receber o desprezo e a desvalorização profissional estampados nos seus salários. Esse é o maior bullyng nacional.

O Papa Francisco já se manifestou em muitos discursos oficiais sobre a ideologia de gênero. Falando para os jovens de Nápoles, em 2015, o Papa Francisco diz que a teoria de gênero é um erro da mente humana. E mais: “A crise da família é uma realidade social. Há as colonizações ideológicas das famílias, modalidades e propostas que estão na Europa e provêm também de além-mar. E ainda o erro da mente humana que é a teoria de gênero, que cria muita confusão. Assim a família está sob ataque”.

Os termos usados pelo PSOL para justificar a ADI 5668, tais como “heteronormatividade, norma cisgênera, homossexuais, bissexuais, assexuais, travestis, transexuais ou intersexos” são extremamente complexos, sem consenso científico, e trazem muita confusão quando utilizados indevidamente para crianças e adolescentes. E o problema se torna ainda maior ao ser jogado nas costas do educador a responsabilidade de distinguir essas situações e resolver esses dilemas criados e impostos por grupos ideológicos. Se a família está sob ataque, como diz o Papa, neste caso, eu diria que querem tornar a escola o campo de guerra.

Talvez para responder a esses desafios educacionais já temos uma perspectiva que nos traz o próprio Papa Francisco: um Pacto Educativo Global. É uma proposta que une as famílias, comunidades, escolas e universidades, as instituições, as religiões, governantes, a humanidade inteira “na formação de pessoas maduras”. O Pacto Educativo Global parte da figura de um provérbio africano: “Para educar uma criança, é necessária uma aldeia inteira”, isto é, todos somos responsáveis. Vamos voltar a focar no essencial, e para um país se desenvolver o essencial é cuidar da família e da educação, pois o resto vem por consequência.

CNBB

Líder católico explica por que extremistas muçulmanos atacam a França

Foto referencial. Crédito: Unsplash

PARIS, 03 nov. 20 / 10:05 am (ACI).- Após o atentado ocorrido à Catedral de Nossa Senhora da Assunção em Nice, Denis Jordan, vice-presidente da iniciativa juvenil Protège ton Église (Protege tua Igreja), garantiu que extremistas muçulmanos estão atacando a França porque esta é "a filha mais velha da Igreja".

“A França é um símbolo. A França é a filha mais velha da Igreja. É a nação com um rei santo que liderou as cruzadas (essas palavras específicas estão em uma comunicação de 25 de outubro de Thabat, a agência não oficial da Al Qaeda)”, explicou Jordan à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em 1º de novembro, após o ataque de 29 de outubro no qual três pessoas foram assassinadas.

Naquela manhã, um homem armado com uma faca entrou na Basílica de Nossa Senhora da Assunção de Nice, gritou "Allah Akbar" (Alá é grande) e matou três pessoas.

Jordan disse à ACI Prensa que a França "é considerada por um importante autor islâmico, Abou Moussah Al Souri, como a porta para a conquista da Europa". Este muçulmano “é conhecido por ser o ideólogo da 'terceira jihad (guerra santa muçulmana)' que vê a Europa como o primeiro lugar a atacar, especialmente a França, pelas guerras no Afeganistão e outros, e assim aumentar a islamofobia e dar aos muçulmanos uma razão para se unirem contra o Ocidente”.

“Essa retórica também foi usada por Ayman Al-Zawahiri, atual líder da Al Qaeda). Isso está escrito”, acrescentou Jordan.

O vice-presidente de “Protege a tua Igreja” disse que outro motivo para os ataques muçulmanos contra a França se encontra no Alcorão, exatamente na surata 9, versículo 36.

Esta passagem do livro sagrado islâmico indica que “o número de meses, para Alá, é doze. Foram inscritos na Escritura de Alá no dia em que criou os céus e a terra. Quatro deles são sagrados: Essa é a verdadeira religião. Não sejais injustos com vós mesmos não respeitando-os! E combatei unanimemente os idólatras, tal como vos combatem; e sabei que Alá está com os que o temem”.

Denis Jordan disse à ACI Prensa que “os muçulmanos acreditam que os cristãos são politeístas por causa da Santíssima Trindade. A explicação dos ataques é simples, está escrita em preto e branco numa folha de papel”.

Jordan disse que embora não tenham planejado nenhum evento em relação aos recentes ataques na França, certamente "apoiam as muitas manifestações de solidariedade e rezam pelas vítimas".

Quando questionado sobre o que pensa do atentado em Nice, o jovem católico disse que “este trágico acontecimento é um entre muitos outros que estão se tornando parte da vida cotidiana na França. Não há nada para 'pensar' exatamente sobre este evento, mas devemos considerá-lo para o futuro. O mais difícil é não entender, mas admitir”.

“Protège ton Église” (Protege tua Igreja) é uma iniciativa de um grupo de jovens na França que surgiu entre março e abril de 2019 em face da onda de ataques a templos católicos e lugares sagrados.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. CARLOS BORROMEU, ARCEBISPO DE MILÃO E CARDEAL

S. Carlos Borromeu, Giovanni Battista Crespi 

Das margens do Lago Maggiore pode-se ver a estátua de São Carlos Borromeu, que predomina sobre a cidadezinha de Arona: construída no século XVII, tem 35 metros de altura, incluindo sua base. A escultura em cobre e ferro representa o Arcebispo de Milão que abençoa. No entanto, o monumento tem uma particularidade: pode ser visitado por dentro, graças a uma longa escadaria. Quem consegue subir os numerosos degraus, pode admirar o mundo subjacente por meio de duas aberturas nos olhos de Borromeu. Nisto consiste o ensinamento deste Santo: olhar o mundo através dos seus olhos, isto é, através da sua caridade e humildade.

De "bispo-menino" a "gigante da santidade"

Primeiro, "bispo-menino", depois "gigante da santidade". A vida de São Carlos Borromeu desenvolveu-se sobre estes dois polos, em uma aceleração do tempo, proporcional à sua ação pastoral.
De fato, o pequeno Carlos queimou as etapas: nasceu em 2 de outubro de 1538, em Arona, na nobre família Borromeu, sendo o segundo filho de Gilberto e Margarida. Com apenas 12 anos, recebeu o título de "comendatário" de uma abadia beneditina local. Seu título honorífico proporcionava-lhe uma renda considerável, mas o futuro Santo quis destinar seus bens à caridade dos pobres.

O Concílio de Trento

Carlos Borromeu estudou Direito Canônico e Direito Civil em Pavia. Em 1559, aos 21 anos, tornou-se Doutor in utroque jure.
Poucos anos depois, faleceu seu irmão mais velho, Frederico. Muitos aconselharam Carlos a deixar o encargo eclesiástico para ser chefe de família. Ao invés, decidiu seguir sua vocação sacerdotal.
Em 1563, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote e, logo a seguir, consagrado Bispo, título que lhe permitiu participar das últimas etapas do Concílio de Trento (1562-1563). Assim, tornou-se um dos principais promotores da chamada "Contra-reforma" e colaborador na redação do"Catecismo Tridentino".

Arcebispo de Milão com apenas 27 anos

Colocando logo em prática as orientações do Concílio, que obrigava os Pastores a residir em suas respectivas dioceses, em 1565, com apenas 27 anos de idade, Carlos tomou posse da Arquidiocese de Milão como Arcebispo.
A sua dedicação à Igreja ambrosiana foi total: fez três visitas pastorais em todo o território, dividindo-o em Circunscrições; fundou Seminários para ajudar a formação dos sacerdotes; mandou construir igrejas, escolas, colégios, hospitais; fundou a Congregação dos Oblatos, sacerdotes seculares; deu aos pobres toda a riqueza da sua família.

"Conquistar as almas de joelhos"

Carlos dedicou-se a uma profunda reforma da Igreja, começando por dentro. Em uma época bastante delicada para a cristandade, o "menino-bispo" não teve medo de defender a Igreja contra as ingerências dos poderosos e tampouco lhe faltou coragem para renovar as estruturas eclesiais, sancionando e corrigindo seus erros.
Ciente de que a reforma da Igreja, para ser crível, tinha que começar pelos Pastores, Borromeu levou os sacerdotes, religiosos e diáconos a acreditar mais na força da oração e da penitência, transformando as suas vidas em um verdadeiro caminho de santidade. "Almas – repetia sempre – devem ser conquistadas de joelhos".

"Pastores devem ser servos de Deus e pais do povo"

A sua ação pastoral, profundamente animada pelo amor de Cristo, não lhe poupou hostilidades e resistências. Contra ele, os chamados "Humilhados" - ordem religiosa com risco de desvios doutrinários - organizaram um atentado, disparando em suas costas um tiro de mosquete, enquanto o futuro Santo estava recolhido em oração.
O ataque falhou e Carlos continuou a sua missão, porque "queria que os Pastores fossem servos de Deus e pais do povo, especialmente dos pobres" (Papa Francisco em Audiência à Comunidade do Pontifício Seminário Lombardo em Roma, 25.01.2016).

A epidemia de Milão

Pelos anos ‘70 de 1500, abateu-se uma epidemia sobre Milão. A cidade sucumbiu diante da pestilência e da escassez, podendo contar somente com seu Arcebispo, que não poupou esforços: fiel ao seu lema episcopal, "Humilitas", entre 1576 e 1577 visitou, consolou e empregou todos os seus bens para ajudar os enfermos.
Sua presença entre as pessoas foi tão constante que aquele período permaneceu nos anais da história como a "praga da São Carlos". Séculos depois, até Alessandro Manzoni comentou este fato em seu romance "Os noivos".

Peregrinação ao Sudário

O Arcebispo de Milão desempenhou também um papel fundamental para a vinda do Sudário à Itália. Por seu ardente desejo de rezar diante do Linho Sagrado, os duques de Savóia, em 1578, decidiram trasladar o Sudário de Cristo do Castelo de Chambéry, na França, para Turim, onde permaneceu até hoje. Borromeu foi para lá, em peregrinação a pé, caminhando por quatro dias, em jejum e oração.

A "Urna" na Catedral de Milão

O físico enfraquecido de Carlos Borromeu, devido aos muitos esforços, começou a ceder e se rendeu em novembro de 1584, vindo a falecer com apenas 46 anos, deixando, no entanto, uma imensa herança moral e espiritual.
Carlos Borromeu foi beatificado em 1602, por Clemente VIII e, depois, canonizado em 1610, por Paulo V. Desde então, seus restos mortais descansam na Cripta da Catedral de Milão, no chamado "Scurolo" (urna), coberto com painéis de prata, que descrevem a sua vida.

Das margens do Lago Maggiore pode-se ver a estátua de São Carlos Borromeu, que predomina sobre a cidadezinha de Arona: construída no século XVII, tem 35 metros de altura, incluindo sua base. A escultura em cobre e ferro representa o Arcebispo de Milão que abençoa. No entanto, o monumento tem uma particularidade: pode ser visitado por dentro, graças a uma longa escadaria. Quem consegue subir os numerosos degraus, pode admirar o mundo subjacente por meio de duas aberturas nos olhos de Borromeu. Nisto consiste o ensinamento deste Santo: olhar o mundo através dos seus olhos, isto é, através da sua caridade e humildade.


Vatican News

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Vírus Católico, República Universal e Autoridade Verdadeira

Guadium Press

Redação (29/10/2020 08:38Gaudium Press) Temos visto como, aos poucos, as rigorosas leis acerca dos cuidados sanitários contra a Covid-19 – aliás, indispensáveis – têm sido mitigadas em diversos países. Passados muitos meses, quase um ano, desde que o vírus começou a fazer seus estragos na saúde corporal, psicológica e espiritual, pode-se comprovar, com infelicidade, o descaso sacramental em que muitos fieis se encontram.

Embora devesse ser o contrário, o adensamento do caos mundial concorreu em larga medida para isto: a soma de ocorrências telúricas, escândalos financeiros e muito silêncio por parte daqueles que devem apontar os rumos dos fatos, cada cristão confessa estar “desnorteado”. Muitos se perguntam: “Em que direções da rosa dos ventos estará carregado os céus?!

No entanto, o que causa realmente perplexidade é constatar que, ou há uma incidência de fatos muito casual, ou é-se levado a crer haver rumos bem delineados, cujo rabisco, embora traçado no papel da Providência, é feito pelo homem.

As igrejas, desde há muito tempo não cheias, terminam de se esvaziar. Contudo, só pode entrar nelas o vírus: talvez seja ele a “expressão da catolicidade atual”.

Estaremos, pois, diante de um “vírus católico”?

Num outro viés, amadurece a ideia de desordem comum, preparatória do “advento duma República Universal, baseada nos princípios da igualdade absoluta dos homens e na comunhão dos bens, da qual seja banida qualquer distinção de nacionalidades e que não reconhece nem a autoridade do pai sobre os filhos, nem a do poder público sobre os cidadãos, nem a de Deus sobre a sociedade humana. Postas em prática, tais teorias devem desencadear um regime de inaudito terror”…[1]

Estaria sendo desbancada a autoridade suprema de nosso Senhor Jesus Cristo da face da terra? E, portanto, posto em xeque o sentido do pecado e a gravidade da ofensa a Deus?

Cabe ressaltar que quem realmente dita os acontecimentos e detém o timão da História são os justos; são eles que têm suplicado a Deus a implantação da verdadeira ordem das coisas. E, assim, como para deixar algo limpo, é necessário, antes, esfregar muito, a Providência parece estar esfregando muitas consciências, apontando para a autoridade verdadeira, a única capaz de deixar limpo um mundo, helás, imundo.

Com muito estro e precisão, afirmou certo autor: “Cada época é salva pelo santo que mais a contradiz”.[2]

De fato, os bons remédios são com frequência amargos na boca, mas curam. Se Santa Catarina de Siena, por exemplo, tivesse preferido ser doce, quando de suas repreensivas cartas a Gregório XI, os destinos da barca de Pedro teriam ido à deriva. Embora as circunstâncias, em nada, depusessem em favor da Mantellata[3]ela foi de uma severidade e rigor implacáveis – “em certos casos, a única forma de amar os homens é revestir de aço a alma mais delicada e feri-los em cheio no rosto”.[4]

Os santos são, pois, a verdadeira autoridade. Saibamos reconhecê-los, e não estaremos sujeitos a algum vírus universal, afastados de Cristo e de sua Igreja. Caso contrário, nos entregaremos a um novo regime de “inaudito terror”, como apontado por Bento XV.

Por Bonifácio Silvestre


[1] Bento XV, Motu proprio Bonum Sane de 25 de julho de 1920. Disponível em: http://www.vatican.va/content/benedict-xv/it/motu_proprio/documents/hf_ben-xv_motu-proprio_19200725_bonum-sane.html

[2] G. K. Chesterton. Suplementos Vida Nueva, nº. 1917, 23 de outubro de 1993.

[3]  Por andar vestida de branca com uma capa negra, os italianos apelidaram a Santa Catarina de Siena de la mantellata.

[4] ROPS. Daniel. A igreja da Renascença e da Reforma (II A Reforma Católica). São Paulo: Quadrante, 1996, p. 20.

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF