Ecclesia |
Tradução: Carlos Martins Nabeto
II. DA CONCEPÇÃO À ASSUNÇÃO: GRAÇA
II. DA CONCEPÇÃO À ASSUNÇÃO: GRAÇA
Em suma:
1. Foi concebida por geração seminal
2. Foi preservada do pecado original
3. Sua graça, desde o primeiro instante, foi mais abundante do que a de todos os anjos e homens
4. Sua graça foi aumentando enquanto viveu sobre a terra
5. Supera muitíssimo todas as demais criaturas
1. Foi concebida por geração seminal
2. Foi preservada do pecado original
3. Sua graça, desde o primeiro instante, foi mais abundante do que a de todos os anjos e homens
4. Sua graça foi aumentando enquanto viveu sobre a terra
5. Supera muitíssimo todas as demais criaturas
1. A VIRGEM MARIA FOI CONCEBIDA POR SEUS PAIS DE MODO NATURAL, ISTO É, ATRAVÉS DE GERAÇÃO SEMINAL
Não consta claramente na Sagrada Escritura, mas é possível efetuar deduções dignas de crédito:
“O anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra” (Lucas 1,35).
Esclarecimento: É evidente que “concebeu”, porém que não “foi concebida” por obra milagrosa do Espírito Santo. Ademais, o privilégio de ser concebido milagrosamente exige-se pela dignidade da união hipostática, que é própria apenas de Cristo.
“E o Verbo se fez carne” (João 1,14).
2. A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA FOI PRESERVADA IMUNE DO PECADO ORIGINAL, POR GRAÇA E PRIVILÉGIO DE DEUS, DESDE O PRIMEIRO INSTANTE DE SUA CONCEPÇÃO E EM RAZÃO DOS MÉRITOS DE CRISTO, SALVADOR DO GÊNERO HUMANO
a) No Antigo Testamento:
a) No Antigo Testamento:
“Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênese 3,15).
Esclarecimentos:
– Tua linhagem: os pecadores.
– Linhagem dela: o Messias, Cristo.
– A mulher: Maria.
– Hostilidade: negação de qualquer relação amistosa com o diabo; imunidade perfeita contra a escravidão do diabo; imunidade perfeita de todo pecado; libertação do reino do diabo e de sua hostilidade que tende a fazer buscar o mal.
– Linhagem dela: o Messias, Cristo.
– A mulher: Maria.
– Hostilidade: negação de qualquer relação amistosa com o diabo; imunidade perfeita contra a escravidão do diabo; imunidade perfeita de todo pecado; libertação do reino do diabo e de sua hostilidade que tende a fazer buscar o mal.
Disto se deduz a hostilidade comum da mulher (Maria) e de sua descendência (Cristo). Portanto, o triunfo está consumado e é comum a um e ao outro, ou seja, a hostilidade e o triunfo de Cristo e Maria contra o diabo é comum a ambos. Com efeito, a hostilidade de Cristo contra o diabo é absoluta e perpétua, com triunfo totalmente perfeito; e o mesmo ocorre com Maria.
Tal hostilidade e triunfo de Maria contra o diabo não poderiam ocorrer se ela tivesse sido manchada pelo pecado original. Conseqüentemente, Maria nunca teve a mancha do pecado original, ou seja, foi preservada dele.
b) No Novo Testamento:
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo'” (Lucas 1,28).
Esclarecimentos:
Esta saudação solene e sem igual expressa uma denominação nova e própria, adequada e proporcional à dignidade da Mãe de Deus. Porém, esta plenitude da graça não exclui nenhum grau de limitação que Deus pode conceder a uma pessoa criada, nem em abundância, nem em duração. Por conseguinte, Maria obteve uma união contínua com Deus pela graça concedida desde o primeiro instante de sua concepção e na plenitude máxima de que era capaz como criatura. Logo, em Maria jamais houve algum pecado, o qual é diametralmente oposto à graça.
Comparando os dois textos [A.T. x N.T.], vê-se que a plenitude da graça que o anjo reconhece a ela está em perfeita consonância com a hostilidade perpétua e absoluta com o diabo.
3. A GRAÇA CONCEDIDA À VIRGEM MARIA, NO PRIMEIRO INSTANTE DE SUA CONCEPÇÃO, FOI MAIS ABUNDANTE QUE A GRAÇA CONCEDIDA AOS ANJOS E AOS HOMENS, CONSIDERADOS COLETIVAMENTE
Não há textos claros na Sagrada Escritura para apoiar esta verdade; porém, existem duas alusões que permitem afirmá-la sem temer incorrer em erro:
Não há textos claros na Sagrada Escritura para apoiar esta verdade; porém, existem duas alusões que permitem afirmá-la sem temer incorrer em erro:
“Fundada sobre as montanhas sagradas, Iahweh ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacó” (Salmo 86,1-2)
Esclarecimento: Onde os outros se consumam e terminar, ali começa a Virgem Maria.
“Dias virão em que o monte da casa de Iahweh será estabelecido no mais alto das montanhas e se alçará acima de todos os outeiros” (Isaías 2,2).
Esclarecimento: A graça que para outros foi vértice e ápice, para Maria foi raiz e fundamento (São Gregório).
4. A VIRGEM MARIA FOI RECEBENDO AUMENTO DA GRAÇA ENQUANTO VIVEU SOBRE A TERRA.
Não há testemunho certo na Sagrada Escritura; porém, podem ser aplicadas a ela estas palavras:
“Mas a senda dos justos brilha como a aurora e vai alumiando até que se faça o dia” (Provérbios 4,18).
5. MARIA SUPERA MUITÍSSIMO TODAS AS DEMAIS CRIATURAS NA PLENITUDE DAS GRAÇAS
“Cheia de Graça” (Lucas 1,28)
Esclarecimento: Maria é saudada pelo Anjo com a denominação “Cheia de Graça” como nome próprio que a distingue e destaca de todas as outras criaturas.
“O Senhor é contigo” (Lucas 1,28)
Esclarecimento: Expressa a proteção de Deus para que possa cumprir a altíssima missão que lhe foi confiada; e como isto exige extraordinária santidade interna, verifica-se que a graça que lhe foi concedida é muito maior que a de todas as demais criaturas.
Veritatis Splendor