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sábado, 31 de agosto de 2024

13ª Jornada de Portas Abertas em prol do Seminário Redemptoris Mater

13ª Jornada de Portas Abertas (arqbrasilia)

Participe da 13ª Jornada de Portas Abertas em prol do Seminário Redemptoris Mater 

Este ano, a Jornada de Portas Abertas chega à sua 13ª edição, reafirmando-se como uma das festas mais tradicionais do Distrito Federal, com a participação de milhares de pessoas durante três dias de muita animação, oração e cultura. Todos estão convidados para essa grande festa que ocorrerá nos dias 30, 31 de agosto e 01 de setembro, no Seminário Redemptoris Mater, localizado no SEDB (Setor Ermida Dom Bosco) QL 32 AE 01, Lago Sul.

Criada em 2010, a Jornada foi idealizada para apoiar a missão de evangelização do Seminário Missionário Arquidiocesano “Redemptoris Mater”. O evento é fundamental para auxiliar na manutenção da estrutura do Seminário, que tem como missão preparar presbíteros para anunciar a Boa Nova do Reino de Deus e tocar os corações daqueles que buscam sentido para suas vidas. 

A Jornada de Portas Abertas promete uma programação diversificada que combina fé, cultura e diversão. As atividades incluem: Barracas Típicas com uma variedade de comidas irresistíveis; Música ao Vivo e Apresentações Culturais que animam o ambiente; Atividades para Crianças, garantindo a diversão dos pequenos; Momentos de Oração e Reflexão, convidando à espiritualidade; Tours Guiados pelo Seminário, oferecendo uma imersão na vida do Seminário. 

Este ano, além do tradicional Café Colonial, a Jornada traz novidades especiais, como o delicioso Churrasco na Barca, que será vendido no domingo (01/09), com unidades limitadas, uma oportunidade de desfrutar de boa comida enquanto se contribui para uma causa nobre. A compra antecipada do Churrasco na Barca pode ser feita através do link clique aqui!

A Jornada de Portas Abertas não é apenas uma festa; participar dessa celebração é uma forma direta de apoiar a missão de evangelização do Seminário, respondendo ao chamado de Cristo para anunciar o amor de Deus ao mundo.

Para mais informações sobre a programação e como participar, acesse o site oficial da Jornada de Portas Abertas (Clique aqui!) e siga o perfil oficial da Festa no Instagram (Clique aqui!)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

1º de setembro: a celebração da decisão que Deus tomou de criar

A celebração anual do Dia Mundial de Oração pela Criação é o momento para reconsiderarmos a forma como desempenhamos o nosso papel como zeladores da criação  (ANSA)

"Ao celebrar o Dia Mundial de Oração pela Criação, perguntamo-nos: cumprimos o papel que nos foi confiado pelo nosso Criador? A resposta é, clara e tragicamente, ‘não’. Minha cidade natal, Mumbai, é um bom exemplo das consequências de não cuidarmos do dom da criação de Deus."

Por dom Allwyn D’Silva*

O Dia Mundial de Oração pela Criação é celebrado todos os anos em 1º de setembro. Inspirado pela rica tradição da Igreja Oriental, para a qual neste dia se comemora a criação do mundo, este é um momento para celebrar a grande decisão de Deus de criar e refletir sobre como cuidamos do grande dom da criação.

Tudo isso é uma pedra angular da nossa fé. De fato, as Escrituras começam com o grande mistério da Criação. O Criador formou a vida a partir de um “vazio sem forma”, um grande nada sem luz ou vida (Gn 1, 2). A decisão do Criador de acender uma faísca no meio dessa escuridão é generosa para além da nossa compreensão. Tudo ao nosso redor, desde a mão de um ente querido até as flores no campo, flui desse ato amoroso de criação. Como nos diz o Papa Francisco, “todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus” (Laudato Si’ 84).

A criação não foi deixada entregue a si mesma. Nós, que fomos criados à imagem de Deus, fomos designados seus zeladores. Somos guardiães, instruídos a “cultivar e guardar” o jardim (Gn 2, 15). Como nos recordou o Papa Bento XVI: “A terra é um dom precioso do Criador, que delineou os ordenamentos intrínsecos, indicando-nos assim os sinais orientativos que devemos respeitar como administradores da sua criação”.

Ao celebrar o Dia Mundial de Oração pela Criação, perguntamo-nos: cumprimos o papel que nos foi confiado pelo nosso Criador? A resposta é, clara e tragicamente, ‘não’. Minha cidade natal, Mumbai, é um bom exemplo das consequências de não cuidarmos do dom da criação de Deus.

Mumbai é uma megacidade com quase 21 milhões de habitantes, espremida entre as montanhas e o mar. Passa naturalmente por monções, ciclones e calor extremo. No passado, a população de Mumbai enfrentava esses desafios. Embora fosse difícil, as pessoas aprenderam a se preparar para chuvas e tempestades e buscar alívio para o calor.

Mas o clima da Terra está mudando e os decisores políticos não estão acompanhando seu ritmo. As lições duramente aprendidas no passado já não servem ao povo de Mumbai. Pelo contrário, o calor extremo é crescente. No início deste ano, a área metropolitana de Mumbai registrou vários dias de calor de 39 a 43 graus. Até mesmo as horas da tarde e da noite agora dão menos alívio, o que é especialmente difícil para os pobres, que não têm acesso à refrigeração.

As megamonções e o crescimento desenfreado dos assentamentos irregulares nas encostas de montanhas estão levando a mortes por deslizamentos de terra. Ao mesmo tempo, as tempestades aproximam-se vindas do mar e, com o desaparecimento dos manguezais que costumavam abrandar a força das tempestades, as pessoas ao longo da costa ficam vulneráveis e sujeitas a perder suas casas. 

Trabalhei em duas favelas de Mumbai, Jerimeri e Dharavi, há 21 anos. Posso testemunhar que os pobres sentem esses problemas com muito mais intensidade. As famílias desses bairros já sofrem com falta de acesso à educação, infraestrutura e bons empregos. Elas simplesmente não conseguem ficar em casa e deixar de ir trabalhar quando o tempo está perigosamente quente, ou mudar de casa quando há ameaça de tempestades e deslizamentos de terra.

Forçar essas famílias a lidar com desastres climáticos, além de todo o resto que aguentam, é uma falha moral da mais alta ordem. A comunidade científica continua nos lembrando que as atividades humanas impulsionaram as mudanças no nosso clima. Não consigo imaginar que era isso o que o nosso Criador queria que fizéssemos como administradores do jardim.

A celebração anual do Dia Mundial de Oração pela Criação traz consigo uma grande oportunidade. É o momento para refletirmos sobre a decisão amorosa que Deus tomou de criar e reconsiderar a forma como desempenhamos o nosso papel como zeladores da criação.

Este dia de oração abre o período de um mês do Tempo da Criação. No dia 1º de setembro e durante todo o período, louvemos o Criador e ajamos juntos para cuidar do dom sagrado da criação. 

*Dom Allwyn D’Silva é Presidente do Escritório de Desenvolvimento Humano da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Salvar a Palavra

Setembro - Mês da Bíblia (Irmãs de São Camilo)

Salvar a Palavra

Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

Tempos primaveris emitem ares de esperança que nos conduzem na expectativa de semear novamente atitudes genuínas da nova criação. Primavera, palavra, semeadura, ação transformadora nos impulsionam positivamente na vida.

Consideramos setembro, o mês da Bíblia, da Palavra. Na Sagrada Escritura, a Palavra é orientação segura para o seguimento de quem cria, envia, tem uma missão, anunciar o Reino dos Céus que já está no meio de nós.

Em tempos de aceleramento de novas técnicas e facilidades, o ser humano vive a crise humanitária, provocada pela lentidão em desenvolver a arte do cuidado, a beleza do encontro, o respeito, a verdade. É preciso voltar às origens da razão de ser da vida humana. Vivemos para quê? Para quem? Para onde iremos? Qual é a missão? De quem é a missão?

O povo antigo era conduzido com palavras vivificantes, de alcance fácil. A verdade era original e segura. Obedecendo a palavra, a vida seguia seu ritmo normal: “Moisés falou ao povo, dizendo: Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais” (Dt 4,1). A missão é de Deus. Ele tem o rumo do destino da criatura humana, por ser obra Dele, somos criaturas Dele. Portanto, somos frutos da vontade de Deus que nos chama para a verdade, para a felicidade. Semeadores da Palavra que conduz e salva, entendemos que a observância das normas corretas nos garantem a solidez da palavra que edifica e constrói uma nova relação humana. “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas” (Tg 1,17-18).

Somos chamados a recuperar a espiritualidade que liberta, que salva. Notícias revelam as grandes mentiras que iludem os simples e solidificam posturas desonestas, tornando a mentira verdade e a verdade passa a ser mentira. É preciso retornar à simplicidade de vida seguindo os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos liberta de toda a mentira.

Setembro, o mês da Bíblia, somos convocados para purificar a palavra que nos conduz para a verdade que liberta e salva. A mentira é enganadora, não dura, é destruída, revelada. De nada adianta somar mundos e fundos com mentiras e falsidades. São Tiago nos ensina: “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas” (Tg 1,21b).
A Palavra que salva é fruto da fé amadurecida. Quem tem fé de verdade, vive da verdade, é da verdade, não mente. Retornar a Jesus, ser discípulo do Senhor na vida familiar, no mundo do trabalho onde estivermos, é o caminho que recupera a solidez da autenticidade, convertendo os corações, construindo a justiça e o amor. A paz é fruto do acolhimento e integração de todas as pessoas e convivência com toda a obra criada. Tiago insiste: “Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai, é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27).

Que neste mês dedicado à Bíblia meditemos sobre a Palavra da verdade que nos conduz no caminho da justiça e do amor. Transformemos nosso coração para receber as dádivas autênticas e verdadeiras, seguindo Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida”, purificando a Palavra que nos salva.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Luz refletida (1)

O afresco de Giusto de' Menabuoi, século XIV, que decora a cúpula do batistério da Catedral de Pádua [© Patrimônio cultural da diocese de Pádua] | 30Giorni

Luz refletida

Arquivo 30Giorni 09/2009

A Igreja é comparada à lua porque ela não brilha com a sua própria luz, mas com a de Cristo. Fulget Ecclesia non suo sed Christi lumine , escreve Santo Ambrósio.

por Lorenzo Cappelletti

Numa homilia dedicada a Santo Ambrósio, em 7 de dezembro de 1958, quando era arcebispo de Milão, Giovanni Battista Montini referiu-se a uma série de metáforas destinadas a delinear o «conceito complexo e real de Igreja» do seu santo antecessor na cátedra milanesa: «O simbolismo mais florido, cintilante de metáforas e analogias, insinua a Igreja onde quer que surja um pensamento de Deus sobre a humanidade para ser salva: a Igreja é um navio, a Igreja é uma arca, a Igreja é um exercício, a Igreja é um templo , a Igreja é cidade de Deus; a Igreja é até comparada à lua, em cujas fases de diminuição e crescimento se reflete a história alternada da Igreja que declina e ressurge, e que nunca falha, porque "fulget Ecclesia non suo sed Christi lumine", não brilha em seu luz própria, mas a de Cristo" ( Discursos e escritos em Milão , vol. II: 1954-1963 , pp. 2462-2463).

Hugo Rahner, o grande patrologista jesuíta, irmão do conhecido (pelo menos até há poucos anos) Karl Rahner, dedicou-se nesses mesmos anos a examinar algumas destas imagens da Igreja nos Padres gregos e latinos. Em particular, abordou o problema da relação que o cristianismo antigo estabeleceu com o conhecimento e os mitos em torno do sol e da lua, tomados à imagem de Cristo e da Igreja. Fê-lo em alguns textos que atualmente constituem capítulos de duas de suas obras intituladas respectivamente Mitos Gregos na Interpretação Cristã de 1957 (edição italiana de 1980, que chamaremos de Mitos ) e Símbolos da Igreja. A Eclesiologia dos Padres de 1964 (reedição italiana recente de 1994, que chamaremos de Símbolos ). Para simplificar, diremos que, como constam dos títulos dados a estes capítulos, “O mistério cristão do sol e da lua” e “Mysterium lunae”, o tema de um é Cristo como o verdadeiro sol, do outro o Igreja como verdadeira lua. Não pretendemos resumir os dois textos. Seria impossível e inútil. Eles estão à sua disposição. Queremos simplesmente extrair algum alimento possível para reflexão.

Comecemos por dizer que tudo o que a ciência e a poesia antigas, a partir da observação quotidiana mais natural, desenvolveram em torno do sol e da lua é adoptado, pelo menos por uma certa exegese grega e pela de Ambrósio e Agostinho que a ela se refere em parte - em parte, digamos, porque ainda mais do que os perigosos meandros da alegoria, utilizam o método da analogia, isto é, do regresso da criação ao Criador, das figuras à realidade -, para ilustrar o grande mistério de Cristo e do Igreja, como a chama Paulo na Carta aos Efésios 5, 32. As palavras de Empédocles transmitidas por Plutarco: “o sol tem raios que disparam intensamente, enquanto a luz da lua é graciosa”; ou as de Prisciano: «a lua é fraca portanto é fértil»; ou mesmo aqueles de Anaxágoras já retomados por Platão e depois por Hipólito Romano: "a lua não tem luz própria, mas a recebe do sol" (ver Símbolos , pp. 160-162), devem ter resultado, juntos com tantos outros, extremamente sugestivos para ilustrar aquele “grande mistério”.

Contrariamente a um julgamento que tende a ver a adoção de imagens típicas do mundo pagão como um sinal de fraqueza da fé cristã - escreve Rahner -, «graças à fé inabalável na ressurreição real de Cristo, o cristão que pensou segundo o espírito da antiguidade gozou da magnífica liberdade de introduzir no belo círculo de imagens que povoava o seu mundo o mistério da morte, do descanso sepulcral e da ressurreição do Senhor” ( Mitos , p. 132).
Ora, como todos sabem, o primeiro dia depois do sábado, o dia da ressurreição do Senhor, segundo o calendário pagão, era o dia do Sol. Isto foi logo visto pelos antigos cristãos como uma coincidência providencial.

Bastaria pensar no que isso significou para o imperador Constantino, o antigo adorador do Sol que em virtude dele soube fazer o seu e incentivar não só a celebração do domingo, mas a solene celebração dominical da Páscoa e do Santo Vigília por todo o Império. Por outro lado, esta coincidência não foi desdenhada nem mesmo por Agostinho, «que havia reconhecido a futilidade de se opor ao uso da denominação astral dos dias da semana» ( Mitos , p. 125), ou por Girolamo, que escreve: «O dia da ressurreição, este é o nosso dia. E se pelos pagãos se chama dies Solis, aceitamos de bom grado esta denominação: hoje nasceu a luz, hoje iluminou o Sol da justiça» ( Mitos , p. 127). A fé na realidade da ressurreição e da liberdade, pode-se dizer, mais do que a fé e a cultura. Mas vamos em frente.

Os antigos cristãos não só puderam ver no sol (Helios) a imagem brilhante do verdadeiro Sol da justiça, mas, confortados nisso também por muitas ocorrências nas Escrituras, viram na lua (Selene) «o símbolo daquele entidade maternalmente acolhedora e humildemente receptiva da luz, que se tornou realidade viva em Maria e na Igreja” ( Mitos , p. 176).

Centrar-nos-emos precisamente na lua e naquelas notas que os Padres consideraram apropriadas para a Igreja, notas que também podem evocar hoje uma imagem correspondente à sua natureza e à sua tarefa.

Cristo representado sob a forma de Hélios (o Sol) ascendendo ao céu na carruagem, mosaico do século III na abóbada do Mausoléu dos Julii, dentro da Necrópole do Vaticano, perto do túmulo de Pedro [© Fabbrica di San Pietro in Vaticano] | 30Giorni

A Lua Moribunda

Rahner trata primeiro da lua moribunda como uma imagem de Cristo e da Igreja.

De Cristo, porque o aumento e a diminuição da lua não são um defeito, mas sim o que foi estabelecido por Deus para fazer crescer sementes e plantas, orvalhos e marés. Como escreve Ambrósio no Exameron (IV, 8, 32), «a lua mingua para preencher os elementos. Este é um grande mistério. Aquele que deu graça a todos deu-lhe esta faculdade. Para que possa preenchê-lo, aquele que também se aniquilou para descer entre nós, aniquilou-o [ exinanivit ]; desceu entre nós para ressuscitar a todos: “subiu aos céus”, diz a Escritura, “para preencher tudo”. Aquele que veio aniquilado encheu os Apóstolos com a sua plenitude. Por isso um deles diz: “da sua plenitude todos nós recebemos”. Portanto a lua é a mensageira do mistério de Cristo” (ver Símbolos , p. 212). Portanto, ao parecer aniquilada ( exinanire ), a lua anuncia o mistério de Cristo.

Mas é ainda mais a imagem da Igreja militante. Ambrósio escreve novamente no Exameron : «A Igreja tem as suas fases, de perseguição, isto é, e de paz. Parece estar desaparecendo, como a lua, mas não é o caso." Na verdade, o seu desaparecimento é na verdade uma diminuição da intensidade luminosa. «A lua experimenta uma diminuição da luz, não do corpo […]. O disco lunar permanece intacto" (IV,2,7). A Igreja não está destinada a uma dialética de morte e ressurreição. Simplesmente, o seu destino histórico é comparável às fases da lua: «No fenómeno das fases lunares está representado simbolicamente o mistério da Igreja luminosa e moribunda» ( Simboli , p. 173). Para a tradição ortodoxa, tanto oriental, representada, por exemplo, por Cirilo de Alexandria, quanto ocidental, ou; ( Mitos , pág. 190).

Ainda mais do que pelas suas fases, portanto, a lua é imagem da Igreja porque brilha, mas não com luz própria. Cirilo: «A Igreja está rodeada pela luz divina de Cristo, que é a única luz no reino das almas. Há, portanto, uma só luz: nesta única luz, porém, brilha também a Igreja, que, no entanto, não é o próprio Cristo” ( Simboli , p. 197). E Ambrósio lhe faz eco: «A lua, que traz a imagem da Igreja tão amada [ dilecta ], certamente não é uma coisa trivial. […] A Igreja não brilha com a sua própria luz, mas com a de Cristo e tira o seu esplendor do Sol da justiça, para poder dizer “já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim”. Verdadeiramente feliz és tu, ó lua, que mereceste tão grande sinal! Feliz não pelas luas novas, mas por ser um sinal da Igreja; na verdade, com as luas novas você presta serviço [ servis ], como você é um sinal da Igreja você é amado [diligeris ]». É por isso que a verdadeira lua é a Igreja: porque, parece dizer Ambrósio, nela passamos de servos à felicidade de sermos amados. Em suma, ainda mais do que pelos seus altos e baixos, a lua é imagem da Igreja porque recebe a luz do sol, do qual deriva também a sua fertilidade.

Fonte: http://www.30giorni.it/

NAZARENO: “És tu o rei dos judeus?” (Barrabás, a flagelação) - (56)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 56 - “És tu o rei dos judeus?” (Barrabás, a flagelação)

A comitiva escoltada pelos guardas do templo acabou de sair do palácio do tetrarca para voltar ao pretório, para encontrar Pilatos. “Tu és o rei dos judeus?”. Jesus lhe respondeu: “Falas assim por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?”. Respondeu Pilatos: “Sou por acaso judeu? Teu povo e os chefes dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?”. Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui”. Pilatos lhe disse: “Então tu és rei?”. Respondeu Jesus: “Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade.

Assim como Herodes, Pilatos também não encontra no Nazareno nenhuma razão para uma condenação à morte, então, recordando-se da tradição de libertar um prisioneiro durante esses dias festivos, acrescenta: “É costume entre vós que eu vos solte um preso, na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos Judeus? A pequena multidão que assistia a cena grita: “Esse não, mas Barrabás!”. Yeoshua Bar Abbas, "Barrabás", o zelota assassino, é um homem gigantesco, vestido com trapos, com barba espessa e longa. Ele havia suportado bem a prisão. Eles o preferiram a Jesus. Pilatos, então, tomou Jesus e o mandou flagelar.

Enquanto isso, Pedro, João, Maria, a mãe de Jesus, e Maria Madalena acompanham a cena à distância. Maria espera poder encontrar o olhar do filho. Tiram sua túnica e amarram seus pulsos em um bloco de mármore. São quatro os seus algozes. A cada golpe, o corpo de Jesus estremece e sacode. Começa a morrer sob aqueles golpes. Como se isso não fosse suficiente, os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e jogaram sobre ele um manto de púrpura.

Eles o levaram de volta a Pilatos. O governador, vendo o estado em que ele se encontrava, repreendeu o centurião. Ele queria que o Nazareno fosse punido, não levado ao limiar da morte. Pilatos, de novo, saiu fora e lhes disse: “Vede: eu vo-lo trago aqui fora, para saberdes que não encontro nele motivo algum de condenação”. Jesus, então, saiu fora trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E Pilatos lhes disse: “Eis o homem!”.

O Nazareno está de pé, descalço e cambaleante, com o manto real grudado em suas chagas que sangram. Ele não tem mais fôlego em sua garganta.

Ao vê-lo, os chefes dos sacerdotes e os guardas do templo imediatamente gritam: “Crucificai-o! Crucificai-o!”. Disse-lhes Pilatos: “Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu não encontro culpa nele”. “Estou inocente desse sangue. A responsabilidade é vossa”, disse, e lava as mãos.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/08/30/12/138242455_F138242455.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Raimundo Nonato

São Raimundo Nonato (A12)
31 de agosto
País: Espanha
São Raimundo Nonato

Raimundo nasceu na cidade de Portell, na região da Catalunha, Espanha, no ano de 1204, de família nobre mas sem grande fortuna. Sua mãe faleceu durante o trabalho de parto, e por isso ele foi chamado “Nonato”, isto é, “não-nascido”, já que foi retirado do corpo falecido da mãe. Possuía inteligência privilegiada, tendo facilidade nos estudos primários, e já adolescente descobriu sua vocação para a vida religiosa.

O pai não aprovava esta ideia, e o colocou para trabalhar num pedaço de terra da família, de modo a que ele desenvolvesse outros gostos. Mas no ambiente propício da solidão e silêncio do contato com a natureza, Raimundo se dedicava à oração e contemplação nas horas de descanso, sedimentando seu discernimento de entrar para a Ordem de Nossa Senhora das Mercês, fundada pelo futuro São Pedro Nolasco, seu amigo. O carisma da Ordem era voltado para a libertação dos cristãos escravizados pelos mouros muçulmanos.

Obtida, com dificuldade, a permissão paterna, Raimundo ingressou na Ordem em 1224, e nela foi ordenado sacerdote. Missionário, foi para a Argélia, no norte da África, conseguindo libertar e devolver às famílias 150 cristãos.

Voltou para a Europa com o encargo de conseguir do Papa a aprovação da Regra da sua Ordem, e depois tornou à Argélia. Como os recursos para os resgates escasseassem, ofereceu-se ele mesmo para ficar no lugar dos presos, e por mais de um ano sofreu no cárcere torturas e humilhações.

Como continuasse a evangelizar, evitando a apostasia de muitos dos companheiros, reconvertendo apóstatas e até convertendo alguns muçulmanos, os mouros o condenaram a ter a boca perfurada para a fixação de cadeados, de modo a que ele não pudesse mais falar. Como consequência, seu testemunho silencioso de fé, confiança, paz e oração converteu outros mais.

Por fim, liberto, voltou para a Catalunha em 1239, mas com a saúde abalada. O Papa Gregório IX, informado das suas obras apostólicas na Argélia, tornou-o cardeal e seu conselheiro em Roma, o que não agradou à sua humildade, mas o que aceitou por obediência. Raimundo preparou-se o melhor que pôde para a viagem, mas com a saúde precária foi atingido por uma febre fortíssima e, em Cardona, próximo a Barcelona, faleceu em 31 de agosto de 1240, com 36 anos. O seu túmulo passou a ser um centro de peregrinação por causa dos inúmeros milagres aí obtidos.

 São Raimundo Nonato é padroeiro dos nascituros, das gestantes na hora do parto, das parteiras e dos obstetras.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A natividade incomum de São Raimundo foi uma prefiguração do seu verdadeiro nascimento no Batismo, o qual nos faz realmente nascer da morte do pecado para a vida em Cristo. Esta vida tem que ser mantida, e sempre de novo gerada entre os que não O conhecem, ou resgatada naqueles que se deixaram prender no cárcere do mundanismo. Para isso, os recursos de Deus jamais escasseiam, e por isso sempre será possível encerrar as torturas da apostasia, e a humilhação de quem não quis obter para si mesmo a aprovação das regras da ordem divina. Os meios de que Deus dispõe para o nosso bem são infinitos, e mesmo as mais bárbaras oposições às obras de caridade não as podem impedir. Não se pode calar a boca de Deus, que sempre terá os meios adequados para a salvação, individual, de todos os homens de boa vontade. De fato, o apostolado é sempre algo pessoal, pois não são “massas” de homens que o Criador fez, mas sim gerou particularmente a cada filho Seu, cuidando de cada um como se fosse o único. E portanto para cada um há um caminho próprio de salvação, pelo qual Deus age naquela alma. A evangelização é divinamente criativa, e, como sugere nesse sentido uma frase usualmente atribuída a São Francisco de Assis, “é preciso evangelizar sempre, até com palavras”. (Talvez ele não tivesse formulado a ideia exatamente nesta forma, mas uma versão da sua regra explicita, por um lado, a proibição dos frades de pregarem sem consentimento, mas que “No entanto, todos os irmãos podem pregar pelas obras” (RegNB 17.1 e 3). Oferecer-se de algum modo para devolver à família de Deus, isto é, a Igreja, os que dela estão afastados, é um direito e um dever oriundos do mesmo Batismo que nos salva. Esta é a vida do cristão, faz parte do exercício da sua caridade. E há muitos, muitos, muitos os que dela necessitam. A começar, sempre, por nós mesmos, na confissão frequente.

Oração:

Senhor Deus infinitamente bom e misericordioso, que nos libertais da morte infinita pela obra da Redenção, concedei-nos por intercessão de São Raimundo Nonato a graça de abrirmos os cadeados do coração de modo a que, depois de receber-Vos nos Sacramentos, podermos dar à luz Cristo para os irmãos, na pregação e nas boas obras, e viajarmos para a morte neste mundo obedecendo ao chamado superior da Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Doze verdades da Igreja Católica explicadas por santo Agostinho

O Triunfo de Santo Agostinho pintado por Claudio Coello | Domínio Público

Doze verdades da Igreja Católica explicadas por santo Agostinho

Por Redação central*

28 de agosto de 2024

A Igreja Católica celebra hoje (28) santo Agostinho de Hipona. A ACI Digital apresenta doze reflexões do santo bispo sobre a Igreja Católica.

1. A verdade que habita na Igreja Católica

"No seio da Igreja, permanece a verdade. Quem se separar do seio da Igreja, necessariamente falará falsidades (...). Repetimos-lhes: Eis o que Cristo disse: “O Messias devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia”. Reconheço aí nossa Cabeça, reconheço aí nosso esposo; reconhece tu também comigo a esposa”.

Comentário aos Salmos 57, 6

2. O sacramento do batismo

“O sacramento do Batismo é sem dúvida o sacramento da regeneração: portanto, assim como o homem que nunca viveu não pode morrer, e o homem que nunca morreu não pode ressuscitar, o homem que nunca nasceu não pode nascer de novo (...) um homem deve nascer de novo depois de ter nascido; pois a menos que um homem nasça de novo, ele não poderá ver o reino de Deus.

O mérito, o perdão dos pecados e o batismo dos bebês II, 43 XXVII

3. Abrir-se ao sacramento da reconciliação

"Quem é soberbo? Aquele que não faz penitência, não confessa seus pecados, de sorte que possa ser curado pela humildade. Quem é soberbo? Aquele que quer arrogar a si mesmo os poucos bens que parece ter, e procura diminuir a misericórdia de Deus".

Comentário aos Salmos 93, 15

4. O bem do casamento

“O bem do casamento em todas as nações e em todos os homens está em gerar e na fé da castidade; mas, no que diz respeito ao Povo de Deus, também na santidade do Sacramento”, pois “não se rompe o vínculo matrimonial, exceto em caso de morte do marido ou da mulher”.

O bem do casamento, 32

5. A eucaristia e a salvação

“Se o Apóstolo assim afirmou a respeito da Lei, a qual os judeus foram os únicos a receber, com muito mais razão se pode dizer com relação à lei natural, com a qual foi agraciado todo o gênero humano. Se a justiça vem da natureza, então Cristo morreu em vão? Porém, se Cristo não morreu em vão, ninguém pode alcançar a justificação e a redenção da ira justíssima de Deus, ou seja, do castigo, a não ser pela fé e pelo mistério do sangue de Cristo".

A Natureza e a Graça, 2

6. Adoração eucarística

“E como andou na terra segundo a carne, deu-nos a comer a própria carne para nossa salvação, e como ninguém recebe a sua carne sem primeiro adorá-la, descobrimos de que modo se adora o escabelo dos pés do Senhor. Não somente não pecamos por adorá-lo, mas pecaríamos se não o adorássemos".

7. A virgindade perpétua de Maria

“Nascido de uma mãe que, embora tenha concebido sem ser tocada pelo homem e permaneceu sempre assim intacta, na virgindade concebendo, na virgindade dando a luz, na virgindade morrendo”.

Sobre a catequese aos ignorantes, 22, 40

8. O sacrifício da Missa

“Não foi Cristo oferecido uma vez por todas em Sua própria pessoa como um sacrifício? E, no entanto, não é igualmente oferecido no sacramento como um sacrifício (...) diariamente nas nossas congregações?”.

Cartas 98, 9 

9. Purgatório

“Após o julgamento, aqueles que são dignos de tal purificação serão purificados inclusive pelo fogo, e estarão completamente livres do pecado, e se oferecerão a Deus em justiça, e serão de fato vítimas imaculadas e livres de toda imperfeição”.

A Cidade de Deus XX, 26

10. A intercessão dos santos

“Santos, a intercessão dos cristãos presta honras religiosas à memória dos mártires, tanto para nos encorajar a imitá-los e obter participação nos seus méritos, como também para a assistência das suas orações”.

Contra Fausto, o Maniqueu XX, 21

11. A Tradição apostólica

“Há muitas coisas que são observadas por toda a Igreja e, portanto, são justamente consideradas como ordenadas pelos apóstolos, mas que não são mencionadas em seus escritos”.

Do Batismo, Contra os Donatistas, v, 23, 31

12. As relíquias

"Porque ainda agora se fazem milagres em nome de Cristo, quer pelos seus sacramentos, quer pelas orações ou relíquias dos seus santos".

A Cidade de Deus XXII, 8

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/56007/doze-verdades-da-igreja-catolica-explicadas-por-santo-agostinho

O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção (4)

BBC NEWS BRASIL

O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção

  • Equipe de Jornalismo Visual da BBC News Brasil
  • 18 de dezembro de 2023
  • Brasil

O território brasileiro abriga hoje apenas 20% das estimadas 1.175 línguas que tinha em 1500, quando chegaram os europeus. E, ao contrário de outros países da região, como Peru, Colômbia, Bolívia, Paraguai e até Argentina, o Brasil não reconhece como oficiais nenhuma de suas línguas indígenas em âmbito nacional.

Ainda assim, o Brasil é considerado um dos 10 países com o maior número de línguas no mundo e um dos que possuem maior diversidade linguística – ou seja, grande quantidade de famílias diferentes e de línguas isoladas.

Para dar uma ideia da diversidade linguística e cultural do país, a BBC News Brasil fez uma seleção com a ajuda de especialistas indígenas e não indígenas.

O resultado é este especial, no qual mostramos 10 das línguas indígenas faladas hoje no Brasil, de diferentes famílias e em distintas situações de preservação.

Kayapó

a língua dos que "falam bonito"

Língua macro-jê

Os mẽbêngôkre-kayapó têm tipos diferentes de discurso para cada ocasião, e chamam sua língua kabẽn mex, ou "fala bonita". Essa importância do discurso se revela "em fórmulas que são usadas para fechar ou abrir os discursos e em certas palavras ou pronúncias que são específicas para estilos formais", explica o linguista Andrés Pablo Salanova, da Universidade de Ottawa, no Canadá.

Em cerimônias e ocasiões solenes, os homens em posição de liderança falam expulsando o ar como se tivessem sido golpeados na barriga – um estilo de discurso chamado de bẽn.

"Eles consideram ser eloquente, falar bem, como um atributo importante nos chefes", diz o pesquisador.

"Mas numa viagem recente eu vi uma coisa parecida acontecendo com as mulheres, uma espécie de oratória feminina que eu não tinha observado no passado. Acho que isso vem também do fato de que começam a existir associações informais femininas."

As mulheres também utilizam o chamado choro ritual — que não é apenas um choro, mas uma maneira de falar. Ele é uma espécie de melodia que se impõe à fala, segundo Salanova, e também exige que algumas palavras sejam modificadas.

A língua dos mẽbêngôkre — que também é falada pelo povo xikrin — têm a característica única de usar termos de parentesco chamados de "triádicos", ou seja, que se referem ao mesmo tempo à relação entre três pessoas.

Os kayapó são conhecidos internacionalmente pelo ativismo pela preservação da floresta amazônica e por direitos indígenas | Foto: Getty

"Por exemplo, se você for a minha irmã e eu quero falar do seu filho, há uma palavra que só posso usar se essa pessoa é também o meu sobrinho. Não digo apenas 'seu filho', como diria em português, mas, sim 'o seu filho que é meu sobrinho'", explica Salanova.

"As línguas da família jê no norte, como o mẽbêngôkre, têm um grande vocabulário desse tipo, mas isso não é conhecido em nenhuma outra língua da América do Sul."

Segundo o linguista, esses termos também são usados "'fora de contexto' em certos discursos, para criar empatia entre o falante e os ouvintes, dizendo mais ou menos que os parentes de um são considerados parentes do outro".

Por exemplo, akadjwỳj significa "a sua filha é minha filha (ou sobrinha paralela)" e nginhĩ é "a sua esposa é minha cunhada".

Hoje, os mẽbêngôkre-kayapó são mais de 11 mil, segundo estimativas do Instituto Socioambiental (ISA), espalhados por cerca de oito terras indígenas — algumas demarcadas e outras, não.

Tanto no Brasil quanto internacionalmente, eles ficaram conhecidos como "guardiões da floresta" pelo ativismo ambientalista e por demarcação de terras nas décadas de 80 e 90, liderados por nomes como o cacique Raoni Metuktire – que foi indicado para o prêmio Nobel da Paz em 2020.

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Nesse período, os kayapó afirmavam estar sofrendo invasões frequentes de garimpeiros e madeireiros em seu território. Desde então, conseguiram o reconhecimento oficial de cinco terras indígenas contínuas, um território maior do que o da Áustria, e um dos maiores territórios indígenas em posse de um único povo no Brasil e no mundo, segundo o ISA.

Apesar do crescente contato com os não indígenas, os mẽbêngôkre-kayapó mantém sua língua viva no cotidiano.

"Há pouco bilinguismo nas aldeias. Você ainda encontra muitas pessoas acima de 40 anos que não falam português e, entre os menores de 40, muitos têm o português limitado", diz Andrés Salanova.

Segundo o pesquisador, o mẽbêngôkre resiste à influência do português também porque não costuma pegar palavras emprestadas de outras línguas.

Os kayapó criam palavras novas para designar o que conhecem através dos não indígenas, juntando substantivos, como no alemão. Por causa disso surgem palavras curiosas.

"Para falar óculos, se diz no kam ixe, ou 'vidro no olho'; rádio é mẽ kabẽn djà ou 'instrumento de gente falar' e avião, màt kà, 'pele de arara'", explica Andrés Pablo Salanova.

Kheuól

a única língua crioula adotada por indígenas

Língua crioula

Dois povos indígenas que não têm origem comum dividem hoje uma língua que têm influência de colonizadores franceses, africanos escravizados, da língua de um desses povos, os galibi, e do português. O kheuól é a única língua crioula que faz parte da identidade de povos indígenas brasileiros.

As chamadas línguas crioulas nasceram em vários lugares do mundo do contato entre povos, geralmente em processos de colonização. Elas se formam quando língua dominante se sobrepõe a outras, e elas acabam por formar uma terceira, de características únicas, segundo o pesquisador Glauber Romling da Silva, da Universidade Federal do Amapá, em artigo no livro Índio não fala só tupi (Editora 7Letras, 2021).

No caso do kheuól, a mistura foi entre o francês, línguas africanas da família nigero-congolesa e o galibi, língua do povo indígena galibi-marworno (pronuncia-se marúorno), que vive entre o Brasil e a Guiana Francesa.

Hoje, ela é falada principalmente pelos galibi-marworno e pelos karipuna, que vivem em Oiapoque, no Amapá. E também por alguns dos indígenas palikur, que dominavam a região quando os outros grupos chegaram e a utilizam para as relações comerciais e políticas.

A história dessa língua começa na Guiana Francesa, a partir do contato dos franceses e dos povos do oeste africano que eles levaram, escravizados, àquela região, nos séculos 17 e 18. Como eles falavam diversas línguas diferentes, tinham que aprender o francês para se comunicarem.

"Esses adultos escravizados aprendiam as palavras, mas não as regras gramaticais próprias do francês, pois sua exposição à língua era muito limitada. Seu conhecimento começou a se transformar em uma língua crioula com estrutura gramatical complexa, quando os africanos cativos tiveram a primeira geração de filhos", explica Glauber Romling da Silva.

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As crianças, expostas ao vocabulário em francês dos pais, começaram espontaneamente a criar as regras gramaticais que ligavam aquelas palavras.

A nova língua foi adotada pelos galibi, que migraram para a região no século 17 fugindo da perseguição dos portugueses na ilha de Marajó e foram também escravizados pelos franceses na Guiana, até voltarem para o lado brasileiro no século 18. E, mais adiante, pelos karipuna, que fugiram do Pará e chegaram ao Amapá.

"Os galibi chegam na região e aos poucos perdem sua língua. E quando os karipuna chegaram, eles já não falavam sua língua ancestral, e, sim o nheengatu, que era a língua geral da Amazônia", diz a linguista Elissandra Barros da Silva, da Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Com a disputa entre Brasil e França pelo território e a fixação das fronteiras, o kheuól — já diferenciado do que se falava na Guiana Francesa — se tornou a língua franca de comunicação na região.

Hoje, os galibi-marworno são cerca de 2.800, vivendo juntamente com os karipuna, que são pouco mais de 3 mil.

Segundo Romling da Silva, o kheuól tem grande parte de seu vocabulário vindo do francês. Por exemplo, verbos como comer (mãje em kheuól e manger em francês), palavras como primeiro (pwomié em kheuól e premier em francês) e lugar (plas em kheuól e place em francês).

Kheuól foi adotado como língua de identidade dos povos vizinhos galibi-marworno e karipuna (na foto) | Foto: Cortesia Elissandra Barros

Outras palavras, como nomes de animais, vieram de línguas indígenas que eram faladas localmente. Por exemplo, kaimã, ou jacaré, vindo de uma língua da família karib. Outras, como kaz (casa) vieram do português. E até o inglês emprestou palavras como xuit (que vem de sweet, doce).

Os pesquisadores acreditam que as línguas africanas deram ao kheuól alguns traços da gramática, como os artigos vindo depois dos substantivos.

A pronúncia de línguas crioulas como o kheuól costuma ser mais próxima da língua dominante. No caso, o francês. E a gramática dessas línguas costuma ser mais simples: ordem direta nas frases, palavras sem prefixos ou sufixos.

"Ter uma estrutura mais simplificada não quer dizer que o kheuól não seja uma língua plena. Ela dá conta de transmitir tudo aquilo que o povo necessita transmitir, como qualquer outra", afirma Elissandra Barros.

Pela maneira como se formou, e sua relativa simplicidade, o kheuól frequentemente sofre preconceito de todos os lados, mesmo dentro da comunidade acadêmica, segundo a linguista.

Como nessa região quem falava línguas crioulas eram os negros e indígenas escravizados, o kheuól é uma língua absolutamente estigmatizada. Muitos não a reconhecem como língua indígena.

Elissandra Barros Linguista da Universidade Federal do Amapá

"Mas o que é uma língua indígena? É uma língua falada por um povo específico, que tem falantes nativos e que faz parte da identidade de um povo. Eles entendem que é a língua dos ancestrais deles. Os galibi e os karipuna têm essa relação com o kheuól."

Mas esse preconceito com a língua, diz Barros, se transfere também para o povo. "Se a minha língua não é língua, o meu povo também não é povo. Isso acaba sendo muito internalizado pelos indígenas."

Para a pesquisadora, o kheuól é uma "língua extremamente ameaçada" porque vem sendo cada vez menos falada em aldeias. Apenas uma aldeia karipuna na TI Galibi alfabetiza as crianças na língua.

"Não investimos em estudar a estrutura dessa língua e sistematiza-la. E com a influência do português, ela vai sendo corroída por dentro", alerta.

Sanöma

a mais diferente das línguas yanomami

Língua yanomami

Os yanomami têm uma narrativa que explica a existência de línguas diferentes no mundo.

Segundo Davi Kopenawa, xamã e porta-voz dos yanomami, nos primeiros tempos, os antigos foram levados pela correnteza como espumas, depois de uma grande inundação. Omama, o criador, conseguiu se salvar e resgatou as pessoas-espuma, colocando-as em locais diferentes: florestas, montanhas, continentes. Assim surgiram as diferentes etnias e línguas.

O povo yanomami tem a sua própria família linguística, mas ainda não há consenso absoluto sobre a quantidade de línguas nesta família.

As pesquisas mais recentes feitas por linguistas falam em seis – sanöma, yanomama, yanomamɨ, ninam, ỹaroamë e yãnoma, esta última recém-classificada – e 16 dialetos. Mas há quem defenda que há uma só língua com quatro grandes dialetos, e até a hipótese de que seriam 11 línguas diferentes.

O sanöma (pronuncia-se sanumá) é a terceira língua yanomami mais falada no Brasil e possui três dialetos. Os próprios indígenas a consideram a mais difícil de entender entre todos os idiomas da família.

Segundo Joana Autuori, doutora em linguística pela USP, que trabalha com os sanöma desde 2011, na língua sanöma é importante deixar clara a origem da informação quando se relata algo. Mas, se no português é preciso uma expressão para isso ("me disseram que" ou "eu vi que" ou "parece que"), nessa língua basta acrescentar determinadas partículas aos verbos.

Por exemplo, a partícula k seguida de uma vogal depois de um verbo significa algo que a pessoa testemunhou pessoalmente. Tha quer dizer que a pessoa não testemunhou e noa mostra que a pessoa está inferindo, ou seja, tem evidências para dizer que algo aconteceu.

A língua sanöma é apenas a terceira mais falada entre os yanomami, mas já tem um livro vencedor do prêmio Jabuti | Foto: Getty

Por exemplo, na frase hama töpö waloki ke ("Os visitantes chegaram"), a pessoa que fala viu quando os visitantes chegaram. Já em wa sanömo noa ("Você tomou banho"), a pessoa tem evidências de que a pessoa tomou banho, como os cabelos molhados, mas não testemunhou o banho. E em a tiä noa thali ("Ele teceu"), quem fala viu o produto, mas não o viu sendo tecido.

"Pra cada tipo de fonte de informação há uma partícula, que também carrega informações de tempo, localização e outras", explica Joana Autuori.

Além disso, também é possível usar o verbo de forma neutra, sem revelar de onde veio a informação. É a forma que os sanöma costumam usar para os relatos mitológicos.

"A nossa interpretação é que essa forma dá mais validade ao que está sendo dito. A pessoa não testemunhou, mas é como dizer 'aconteceu assim'", afirma.

Caçadores e coletores, os yanomami sanöma são conhecidos especialmente pelo cultivo e preparo de cerca de 15 espécies comestíveis de cogumelos da Amazônia, algumas só recentemente registradas pela ciência não indígena.

A língua sanöma é falada por pouco mais de 3 mil pessoas em comunidades ao longo da bacia do rio Awaris, e outros 1.400, aproximadamente, na Venezuela.

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Assim como outros yanomami, os sanöma têm sido afetados pelo aumento do garimpo na terra indígena nos últimos anos.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 2014, mostrou que 92% das pessoas na aldeia sanöma Aracaçá, próxima à fronteira com a Venezuela, apresentavam índices de mercúrio no organismo acima do limite indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Apesar do contato com não indígenas e com yanomami falantes de outras línguas, o índice de transmissão da língua sanöma, segundo Joana Autuori, é de praticamente 100%.

Todos os sanöma falam sua língua nativa, as crianças são alfabetizadas nela na escola, e pouquíssimos falam o português como segunda língua.

"Originalmente, a língua sanöma não tinha forma escrita. Os missionários da Missão Evangélica da Amazônia começaram lá um projeto de alfabetização nos anos 1960, com o intuito de traduzir a Bíblia para o sanöma", conta a pesquisadora.

"Apesar do proselitismo religioso, que não respeitava a visão de mundo dos yanomami, o lado positivo desse trabalho foi a criação de uma grafia que funciona muito bem."

"Hoje eles podem produzir material escrito sobre si mesmos, mostrar ao mundo que existem", diz Autuori.

Em 2017, o livro Ana Amopö: Cogumelos Yanomami (Instituto Socioambiental), sobre os cogumelos comestíveis dos sanöma, se tornou a primeira obra em língua indígena a ganhar o Jabuti, maior prêmio literário brasileiro, na categoria Gastronomia.

Créditos:

Texto e reportagem: Camilla Costa
Design: Caroline Souza
Edição e design de vídeo: Daniel Arce
Desenvolvimento: Marta Martí Marques, Alex Nicholas, Matthew Taylor
Edição e coordenação: Carol Olona
Agradecimentos: Felipe Corazza, Marcos Gurgel, Holly Frampton, Denny Moore, Gustavo Godoy, Bruna Franchetto, Hein van der Voort, Kristina Balykova, Januacele Francisca da Costa, Elissandra Barros, Gasodá Suruí, Julien Meyer, Joana Autuori, Andrés Pablo Salanova, Fernando Orphão de Carvalho, Edison Melgueiro Baniwa, Francy Fontes Baniwa, Janina dos Santos, Maria do Carmo Martins, Esmeralda Maria Piloto, Keila Felicio Iaparrá, Kilia Sanumá, Kalepi Amarildo Sanumá, Cacique Djik Fulni-ô, Fábia Fulni-ô, Éxetina Aristides Terena, Aronaldo Júlio, todas as mulheres e homens indígenas que cederam seus vídeos.
Vídeos:
Ikolen - Falantes: Sena Kéré’áàp Gavião e Vása Séèp Gavião Participantes: Oliveira Gavião e Tarami Gavião Imagens e edição: Julien Meyer e Laure Dentel | Cortesia do Museu Emilio Goeldi Tradução: Denny Moore, João Cipiábíìt Gavião e Julien Meyer
Nheengatu - Falantes: Maria do Carmo Martins e Esmeralda Maria Piloto Imagens e tradução: Edilson Melgueiro Baniwa
Parikwaki - Falante, imagens e tradução: Keila Felicio Iaparrá
Terena - Falante: Éxetina Aristides Imagens e tradução: Aronaldo Júlio
Guató - Falante: Eufrásia Ferreira (Djariguka) Imagens: Kristina Balykova e Gustavo Godoy Edição e tradução: Kristina Balykova
Yaathê - Falante: Cacique Djik Fulni-ô (Cícero de Brito) Imagens: Fábia Fulni-ô Tradução: Januacele Francisca da Costa
Ka’apor - Falantes e sinalizantes: Jarara Pirã Ka'apor e Sypo Ruwy mãi (Joana Ka'apor) Imagens, edição e tradução: Gustavo Godoy
Kayapó - Falante: Nhàkture (Maria Eugênia) Imagens, edição e tradução: Andrés Pablo Salanova
Kheuól - Falante, imagens e tradução: Janina dos Santos
Sanöma - Falante: Kilia Sanumá Imagens: Kalepi Amarildo Isaac Sanumá Tradução: Joana Autuori

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-3a23b0c2-e594-4145-ad26-32fbee5e9203

O Salvador do mundo

Jesus, Rei do Universo (cancaonova)

O Salvador do mundo 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

No momento mais sombrio da história, quando a última chama de esperança começava a decair; no entardecer do mundo, marcado por tantas descontinuidades, quando até o próprio templo ruía sob a sombria incapacidade humana de ajustar caminhos e aprumar objetivos; quando as cidades declinaram, os reinos viraram em outra direção, o brandir de espadas era a única luz a orientar o sentido; quando a ira e o desespero cortaram os céus, a humanidade elevou os olhos e foi tomada de surpresa. 

 Assim chegou Jesus Cristo, Filho eterno de Deus. Nele floresceu a natureza original da humanidade, num brilho e vigor que homem nenhum havia sustentado desde o antigo Adão, antes que sucumbisse ao mal. 

No centro do seu estandarte uma cruz, e os que a viram se derramaram em uma torrente de esperança e alegria. 

Em sua cabeça trazia uma coroa sem brilho, que nenhum ser vivente podia sustentar, pois fora forjada pelo próprio Deus. Desse modo, soubemos que o Salvador já caminhava na terra. 

Uma brisa nova que soprava do Leste desdobrou o seu estandarte. No centro jazia uma Cruz, brilhando e desafiando o mais forte e terrível inimigo dos povos. Em torno dela a figura de doze homens altivos, sérios e sólidos como a rocha, para substituir as antigas tribos de Israel e refundar a esperança histórica numa coisa nova e maior. Junto aos apóstolos uma mulher que lhes atraia o olhar, também ornada com uma coroa, cujo olhar fixava uma construção ornada de um material que parecia antigo e de um tempo anterior ao próprio aparecimento do mundo. Essa construção, erguida em torno do Salvador era consistente, e nunca o decepcionou. Uma assembleia de homens e mulheres que jamais o abandonaram. Receberam dEle a fidelidade, e propagaram no porvir dos tempos uma certeza indestrutível na vida e na eternidade. 

Dos primórdios dessas lembranças recordamos com carinho da Senhora da Igreja, seguidora de primeira hora do Salvador, mas que, na consumação do projeto, levantava-se altiva e firme como os pilares da terra, para defender seus filhos. Era como uma Senhora vestida com o sol, caminhando com a lua aos pés, ornada com uma coroa de doze estrelas. Ela se antepunha entre os perigos deste mundo e os membros da nova Assembleia. 

Foi assim que a pareceu uma coisa nova na história!  

No alvorecer desse dia, a labuta não foi mais temida, pois no cume da cidade santa, onde antes encontrava-se os nomes das doze tribos de Israel, foi reforçada com novos alicerces, sobre os quais estão os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (Ap 21,14). 

Rejuvenescida e refeita, a Assembleia do Senhor, que é a sua Igreja, marchou ainda cambaleante até os portões de seu adversário, a morte, e com convicção invencível bradou para que ela viesse fora e enfrentasse o seu castigo. 

A morte riu, porque ainda era senhora do mundo e sabia poder dominar os campos e turvar a vida dos viventes. Ela ainda era jovem e tinha forças! Em suas veias corriam sangue e vontade de vingança, pois ela mesma não era o último mal, mas mensageira de algo escondido e perverso. 

Entretanto, o mesmo poder bondoso de um senhorio que até então impediu a maldade e a mentira de avançarem no golpe final, emerge agora, pois mesmo o dia tendo se escurecido não precisamos mais de sol ou de lua para iluminá-lo, a glória de Deus o ilumina, e sua lâmpada é o Cordeiro (Ap 21,23). 

Assim, a vitória que parecia incerta se desenhou de modo avassalador com a presença do Salvador do mundo. Sem medo ou fragilidade, pois, alguém como Ele ninguém jamais havia visto, surgiu como Senhor Altivo e imperioso, em cuja face não existia dúvida, mas tão somente assertividade e o comprometimento com aquele que o enviara. 

Como único Senhor do mundo, não poderia deixar à sua sombra outros senhores, principalmente aqueles maléficos e perversos. Por isso mesmo exclamou: “Eu sou o primeiro e o último, o Vivente; estive morto, mas agora estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades” (Ap. 1,17). 

Foi ao Hades e sentou-se no trono daquele senhorio perverso e mentiroso, colocando-o sob seus pés e tomando-lhe a aljava. 

Detentor das chaves, o Senhor de tudo, não reconhece nenhum território estrangeiro. Até o reino da morte Ele controlou, e como o Pai lhe havia prometido, assumiu a senhoria do mundo e nos salvou. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: rezemos pelo grito da Terra, que está com "febre e doente"

Pelo grito da Terra (Vatican News)

Em "O Vídeo do Papa" de setembro, o Francisco convida-nos a rezar pelo cuidado do planeta e a ouvir “a dor de milhões de vítimas de catástrofes ambientais”.

https://youtu.be/BCQxQMMXBqI

Vatican News

“Rezemos pelo grito da Terra”: esta é a intenção de oração do Papa para setembroFrancisco faz uma constatação: a Terra está com febre e doente. E pergunta: “Nós ouvimos esta dor? Ouvimos a dor de milhões de vítimas de catástrofes ambientais?”.

Os que mais sofrem com as consequências destes desastres são os pobres, recorda o Pontífice, obrigados a abandonar as suas casas devido a inundações, ondas de calor ou secas.

Portanto, não se trata somente de um problema ecológico, mas fazer frente às crises ambientais provocadas pelo homem exige também respostas sociais, econômicas e políticas.

“Temos de nos comprometer na luta contra a pobreza e a proteção da natureza, alterando os nossos hábitos pessoais e os da nossa comunidade”, é o apelo do Pontífice.

“Rezemos para que cada um de nós ouça com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes ambientais e das alterações climáticas, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos.”

O homem e a Criação

A videomensagem proposta pela Rede Mundial de Oração do Papa foi realizada este mês com o apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. As imagens que acompanham as palavras do Papa Francisco mostram os efeitos da crise climática nos seres humanos: pessoas que fogem das catástrofes ambientais, aumento da emigração devido aos efeitos do clima e crianças obrigadas a viajar dezenas de quilômetros à procura de um pouco de água.

As preocupações do Papa são confirmadas por estudos fidedignos: segundo o Fórum Econômico Mundial, os países com rendimentos menores produzem um décimo das emissões, mas são os mais afetados pelas alterações climáticas. Estima-se que, até 2050, as alterações climáticas descontroladas obrigarão mais de 200 milhões de pessoas a migrar dentro dos seus próprios países, empurrando ao mesmo tempo 130 milhões de pessoas para a pobreza.

“A luta contra a pobreza” e “a proteção da natureza” são, para Francisco, dois caminhos paralelos, que devem ser seguidos da mesma forma: “alterando os nossos hábitos pessoais e os da nossa comunidade”. O homem, vítima da crise ambiental, pode, por isso, ser também o arquiteto da mudança, e as imagens de O Vídeo do Papa demonstram isso: da gestão dos resíduos à mobilidade, passando pela agricultura e pela própria política.

Espera e age com a Criação

A intenção deste mês insere-se no chamado Tempo da Criação, época do ano em que a Igreja Católica e demais denominações cristãs tradicionalmente se mobilizam para refletir sobre o cuidado da casa comum.

mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2024 é uma reflexão teológica inspirada na Carta aos Romanos: “Espera e age com a criação”. “A salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é eminentemente teológica: na realidade, diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do homem e o mistério de Deus”, reflete Francisco e acrescenta: “Nesta história, não está em jogo apenas a vida terrena do homem, está sobretudo em jogo o seu destino na eternidade”.

Tempo da Criação terá início no próximo dia primeiro de setembro e terminará no dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

O tesouro a ser guardado é mais importante que a tarefa do guardião (1)

Detalhe do arco triunfal: o trono divino ladeado pelos santos Pedro e Paulo com a inscrição Xystus episcopus plebi Dei , Basílica de Santa Maria Maggiore em Roma | 30Giorni

Arquivo 30Giorni

O tesouro a ser guardado é mais importante que a tarefa do guardião

Tradição segundo as cartas do Papa Celestino I (422-432)

por Lorenzo Cappelletti

10 de setembro de 422, o novo bispo de Roma é Celestino I. Sobe à sé de Pedro um homem cuja biografia nos é praticamente desconhecida, mas que, pelos poucos escritos que restam, sabemos que invocou a fé do pescador de Galiléia como sua única razão de estar e agir ali. Seu epistolar, que chegou em fragmentos devido às numerosas destruições sofridas pelos arquivos da Igreja de Roma, acaba de sair do prelo, pela primeira vez em uma bela tradução italiana completa de Franco Guidi, para os tipos de Città Nuova. É em grande parte constituído pelas suas intervenções na crise nestoriana, antes, durante e depois do Concílio de Éfeso de 431. Através delas não pretendemos, como caçadores de heresias, investigar o erro de Nestório condenado precisamente naquele Concílio, mas sim esclareceu positivamente os critérios que nortearam Celestino.

A fé que nos é transmitida pelos apóstolos com plenitude e clareza deve ser salvaguardada de acréscimos e deduções

O que inicialmente chama a atenção na abordagem da questão por Celestino é que ele não se preocupa nem um pouco em discutir a teologia de Nestório e as razões pelas quais ele pensa que deveria preferir o termo Christotòkos (mãe de Cristo) para Maria ao de Theotòkos (mãe). de Deus). É um campo minado. Mas sobretudo não pertence ao carisma de Roma, cuja originalidade, poder-se-ia dizer, é a de não ter originalidade teológica, de não propor soluções próprias. Celestino defende a fórmula do Credo Apostólico que simplesmente afirma que o Filho unigênito de Deus se tornou carne de Maria.

Anunciação, mosaico do arco triunfal, Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma | 30Giorni

Ao mesmo tempo, Celestino aproveita a experiência passada. No início da carta que envia a Nestório em agosto de 430, ele retrata os acontecimentos recentes da sé de Constantinopla: «Depois da sua morte [a morte de Ático, bispo de Constantinopla de 406 a 425] a nossa preocupação foi muito grande, porque pedimos interrogamo-nos se o seu sucessor também o sucederia na fé, pois é difícil que o bem dure muito tempo. Na verdade, muitas vezes o mal acontece com ele e toma o seu lugar. Porém, depois dele tivemos o santo Sisínio, que logo nos abandonaria [já em 427], colega elogiado pela sua simplicidade e santidade que pregava a fé que havia encontrado. Evidentemente, com a sua simples santidade e a sua santa simplicidade, ele leu que se deve preferir ter medo do que conhecimento profundo; e em outros lugares, que não devem ser examinados muito profundamente, e novamente: “Quem pregar de maneira diferente de como pregamos, seja anátema”” (pp. 109-110). A preocupação de Celestino é que o “discurso excessivo” (p. 111) de Nestório, que “preferiu colocar-se ao serviço das suas próprias ideias em vez de Cristo” (p. 107) e que quer “raciocinar sobre o Deus o Palavra diferente daquela que sustenta a fé comum” (p. 111), enriquece ou priva, faz o mesmo, o depositum fidei : “A pureza da fé tradicional não deve ser perturbada com palavras blasfemas sobre Deus. digno de anátema, se ele acrescentou ou tirou algo da fé? Com efeito, a fé que os apóstolos nos transmitem com plenitude e clareza deve ser salvaguardada de acréscimos e deduções. Lemos em nossos livros que nada deve ser acrescentado ou deduzido. Na verdade, quem soma e quem subtrai é atingido com uma grande penalidade [...]. Queixamo-nos porque as palavras que nos prometem a esperança de toda a nossa vida e de salvação foram retiradas do Credo transmitido pelos apóstolos” (p. 113). E ainda mais pessoalmente, deixando de lado o pluralis maiestatis : «Agitur ut mihi totius spei meae causa tollatur», ou seja: «Trata-se de ser privado da razão de todas as minhas esperanças» (p. 116). Passagem verdadeiramente decisiva: não pode haver outra fé senão a fides communis, a fé dos apóstolos, porque, paradoxalmente, só a fé comum é capaz de alimentar a esperança pessoal e razoável de um homem. Não há nada de mecânico na guarda do depósito, é uma ação livre, é um amor: «A guarda da doutrina transmitida não é menos importante que a tarefa de quem a transmite [faz a ênfase inversa que vemos hoje talvez indique falta de amor?]. Os apóstolos semearam as sementes da fé, a nossa preocupação as guarda, para que o nosso mestre encontre frutos abundantes ao chegar; a produtividade deve, sem dúvida, ser atribuída apenas a ele [hoje devem ter surgido algumas dúvidas, se ficamos tão entusiasmados]. E de facto, como diz o vaso de eleição [São Paulo], não basta plantar e regar se Deus não o faz crescer. Portanto, devemos trabalhar arduamente juntos para preservar os ensinamentos que nos foram confiados e que através da sucessão apostólica fizemos nossos até agora” (p. 144). Assim escreveu ao Concílio reunido em Éfeso em 8 de maio de 431. Alguns anos antes, visando as originalidades disciplinares e teológicas da província de Arles, Celestino mostrou que tanto a fé dos apóstolos alimenta a esperança pessoal, como a busca de novidades conduz a superstições ilusórias: «Sabemos que alguns sacerdotes do Senhor [isto é, bispos] se colocaram ao serviço da superstição em vez da pureza de espírito ou de fé [...]. Se começarmos a procurar novidades, pisaremos nas normas que nos foram transmitidas pelos nossos pais e abriremos espaço para superstições inúteis. Portanto, não devemos empurrar as mentes dos fiéis para tais externalidades. Na verdade, eles devem ser educados e não iludidos." Aos bispos das províncias de Viena e Narbonne, 26 de julho de 428 (pp. 61-62).

A aparição do Senhor a Abraão, painel da nave central, Basílica de Santa Maria Maggiore em Roma | 30Giorni

A proteção da doutrina transmitida não é menos importante que a tarefa de quem a transmite

Para dizer a verdade, outro motivo de preocupação entre Celestino tem sido comum a Nestório desde então com os bispos da Provença: ter ultrapassado as normas tradicionais relativas às eleições episcopais. O bispo, para Celestino, deve ser escolhido entre o clero da sua própria Igreja, pois deve ser um candidato que já se deu bem nos vários graus das ordens menores e maiores. Ele explica isso na carta que acabamos de citar: «Um bispo indesejado não deve ser imposto a ninguém. O consentimento é necessário e os desejos do clero, do povo e dos membros das ordens são levados em consideração. Que seja eleito outro, pertencente a outra Igreja, quando não se encontrar ninguém digno entre os clérigos da cidade para a qual será ordenado bispo, eventualidade que não acreditamos que ocorra. Com efeito, neste caso é necessário primeiro repreender esses clérigos, para que alguns pertencentes a outras Igrejas sejam justamente preferidos. Todos podem colher o fruto do seu serviço na Igreja onde passaram o tempo da sua vida desempenhando todas as funções.

 Absolutamente ninguém deveria colocar as mãos em serviços, e ninguém ousaria reivindicar para si a recompensa devida a outros. Os clérigos devem ter o direito de se opor se acreditarem que estão a carregar um fardo demasiado pesado, e não devem ter medo de rejeitar aqueles que consideram serem introduzidos de forma indireta; devem expressar livremente a sua opinião sobre quem os governará, se não for a pessoa que merecem” (pp. 67-68). Alguns anos depois, elogiando o novo bispo de Constantinopla, Celestino também desafiará Nestório (já afastado de Constantinopla) pela sua condição de teólogo famoso vindo de outros lugares: «[Massimiano] não é desconhecido, não foi trazido por outro local. Vocês tiveram um julgamento laudatório sobre uma pessoa entre vocês, vocês que no passado recente foram enganados, infelizmente, pela fama de um personagem ausente.” Ao clero e ao povo de Constantinopla, 15 de março de 432 (p. 180).

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF