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domingo, 14 de maio de 2017

5º Domingo da Páscoa: O Caminho, a Verdade e a Vida


+ Sergio da Rocha

Cardeal Arcebispo de Brasília
A passagem do Evangelho segundo João, deste 5o Domingo da Páscoa, se situa no contexto da última ceia, véspera da morte de Jesus na cruz. O clima de despedida, com os discípulos inquietos e preocupados, se transforma com as palavras de Jesus. "Não se perturbe o vosso coração", "vou preparar um lugar para vós", afirma Jesus, trazendo-lhes serenidade e esperança. No centro desta passagem joanina, está a resposta de Jesus a Tomé: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6). Não se trata apenas de uma bela afirmação, mas de um anúncio de validade permanente na vida da Igreja. Não é algo teórico, mas profundamente vivencial. Os cristãos de hoje, assim como nos primórdios, são convidados a fazer a experiência desta Palavra de Jesus na vida cotidiana. Hoje, há muita gente buscando o caminho a seguir, a verdade que dá sentido ao seu caminhar e a vida plena. Jesus é a resposta!
Os primeiros cristãos acreditaram na Palavra de Jesus, vivendo-a em comunidade. A comunidade cristã deve ser sinal e anúncio de Jesus, "o Caminho, a Verdade e a Vida", no seu modo de viver e de se organizar. Por isso, os apóstolos organizaram melhor o serviço da caridade, para atender  os mais pobres, representados pelas viúvas (At 6,1).  O serviço das mesas, a partilha do pão, não estava acontecendo de modo justo, pois faltava a devida atenção às viúvas, que naquela época figuravam entre as pessoas que mais sofriam desamparo e pobreza. Para este serviço, foram escolhidos os primeiros "diáconos".
Por melhor que uma comunidade cristã possa se organizar, ela jamais poderá ser equiparada a uma simples organização social ou associação. Permanecerá sempre uma comunidade de fé, um "edifício espiritual", alicerçado em Cristo, a "pedra viva" ou a "pedra angular", segundo a Primeira Carta de Pedro (1Pd 2,4-6). A imagem da "pedra viva", aplicada primeiramente a Cristo, a "pedra angular", refere-se também aos seguidores de Jesus. Nós somos "pedras vivas" do templo espiritual que é a Igreja. Por isso, somos chamados a ser "sacerdócio santo" e "nação santa". Ao invés de oferecer sacrifícios de animais, como ocorria no templo de Jerusalém, devemos "oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus", através de uma vida santa. Entretanto, é preciso permanecer firmes na fé, pois a rejeição da "pedra angular", que é Cristo, pode ser sofrida também pelas "pedras vivas" que são os seus discípulos.
A Igreja, “edifício espiritual”, é chamada a ser mãe misericordiosa e acolhedora, família unida pela fé e pela caridade. Nela, ocupa lugar especial a Mãe de Jesus e nossa mãe, Maria, assim como todas as mães, sinais e instrumentos do amor de Deus no mundo. Deus nos ama com amor de mãe. As mães amam com amor de Deus. A todas as mães, a gratidão e as preces dos seus filhos e de toda a comunidade!
Arquidiocese de Brasília

sábado, 13 de maio de 2017

5 orações para rezar neste 13 de maio

Virgem de Fátima / Crédito: Flickr Our Lady of Fatima International Pilgrim Statue (CC BY-SA 2.0
REDAÇÃO CENTRAL, 13 Mai. 17 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 13 de maio, a Igreja celebra o centenário da primeira aparição da Virgem Maria aos três pastorinhos na Cova da Iria, e a canonização de dois deles, Francisco e Jacinta Marto pelo Papa Francisco, que segue em peregrinação a Fátima.
Para acompanhar esses importantes momentos para toda a Igreja em comunhão com o Santo Padre, apresentamos a seguir 5 orações disponibilizadas pelos Servitas de Nossa Senhora de Fátima:
Nossa Senhora do Rosário
Frases de Nossa Senhora aos pastorinhos em 13 de julho de 1917:
"Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria!"
"Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem".
Francisco e Jacinta
Jacinta e Francisco, Pastorinhos de Fátima, queremos aprender convosco o caminho que nos leva a uma vida de verdadeira união com Jesus.
Ensina-nos Jacinta, a amar os outros com todo o nosso coração,
a reconhecer neles o Amor de Deus e a dar a vida para que nenhum se perca.
Ensina-nos a desejar tão intensamente como tu a conversão dos pecadores,
a começar por cada um de nós.
Ensina-nos, Francisco, o teu enorme amor, fiel e silencioso, por Jesus.
Faz-nos desejar cada vez mais a sua companhia na oração e identificar-nos
com a dor do seu Coração ferido pela ingratidão dos homens.
Pastorinhos de Fátima, pela vossa mão queremos entrar cada vez mais no coração de Maria, nosso refúgio, que nos há de conduzir até Deus. Amém.
Anjo
 "Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam".
"Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores".
Consagração a Nossa Senhora
Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser.
E porque assim sou Vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa.
Lembrai-Vos que Vos pertenço, terna Mãe, Senhora Nossa.
Ah, guardai-me e defendei-me como coisa própria Vossa.
Consagração ao Imaculado Coração de Maria
Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, ao Vosso Coração Imaculado nos consagramos, em ato de entrega total ao Senhor. Por Vós seremos levados a Cristo. Por Ele e com Ele seremos levados ao Pai. Caminharemos à luz da fé e faremos tudo para que o mundo creia que Jesus Cristo é o Enviado do Pai. Com Ele queremos levar o Amor e a Salvação até aos confins do mundo. Sob a proteção do Vosso Coração Imaculado seremos um só povo com Cristo. Seremos testemunhas da Sua ressurreição. Por Ele seremos levados ao Pai, para glória da Santíssima Trindade, a Quem adoramos, louvamos e bendizemos. Amém.
Acidigital

Papa declarou santos os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, videntes de Fátima

Santa Jacinta Marto e São Francisco Marto / Foto: Alexei Gotovskiy
FATIMA, 13 Mai. 17 / 06:55 am (ACI).- O Papa Francisco declarou santos neste dia 13 de maio Francisco e Jacinta Marto, os pastorinhos videntes de Fátima, no início da multitudinária Missa que celebra nesse momento no átrio do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal.
De acordo com o rito, o Santo Padre ouviu atentamente a solicitação do Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Augusto dos Santos Marto, para que se “inscreva os beatos Francisco Marto e Jacinta Marto no Catálogo dos Santos e, como tais, sejam invocados por todos os cristãos”.


Durante o pedido, o Prelado esteve acompanhado pela postuladora da causa, a religiosa Angela Coelho. Em seguida, leu uma breve biografia dos pequenos irmãos que, em 1917, junto com sua prima Lúcia – atualmente Serva de Deus –, foram testemunhas das seis aparições da Virgem Maria nesta localidade portuguesa.


Assim, após a ladainha dos santos, o Papa procedeu ao recitar a fórmula de canonização: “Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da 
vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, depois de termos longamente refletido, implorado várias vezes o auxílio divino e ouvido o parecer de muitos Irmãos nossos no Episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto, e inscrevemo-los no Catálogo dos Santos, estabelecendo que, em toda a Igreja, sejam devotamente honrados entre os Santos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Depois do agradecimento de Dom António Marto e aplauso dos milhares de fiéis, teve início a liturgia da palavra.
Antes de começar a Missa, a imagem de Nossa senhora de Fátima entrou em procissão levada pelos cadetes da Academia Militar.
Do mesmo modo, ingressaram as duas candeias contendo as relíquias de Francisco e Jacinta, carregadas pela postuladora, a irmã Angela Coelho, e pelo consultor da postulação, Pedro Valinho, acompanhados de cerca de 20 crianças e adolescentes entre 9 e 16 anos.
A imagem da Virgem e as relíquias foram colocadas à direita do altar. A Eucaristia é concelebrada por 8 Cardeais e 73 bispos e arcebispos.
Durante a homilia, o Papa assegurou que Maria, “antevendo e advertindo-nos para o risco do Inferno” ao qual uma vida sem Deus leva, apareceu em Fátima a três pastorinhos para “lembrar-nos a Luz de Deus que nos habita e cobre”.
Pois “é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, ‘mostrai-nos Jesus’”, afirmou.
O Papa recordou aos fiéis que “temos uma Mãe” e os exortou a agarrar-se a ela como filhos. Além disso, destacou que na celebração deste sábado “nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos” das aparições e que passaram “sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora”.
“Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos”, afirmou.
O Pontífice assinalou que “a presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a ‘Jesus Escondido’ no Sacrário”.
Finalmente, Francisco pediu que “sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.
Durante a apresentação das ofertas esteve presente o menino brasileiro que ficou curado milagrosamente graças à intercessão dos novos santos. O menor recebeu um afetuoso abraço do Santo Padre ao chegar ao altar.
Também esteve presente a família do argentino Jorge Sosa, vigilante e sacristão do Santuário, que se casou com Isabel, uma mulher portuguesa, e decidiram chamar seus dois filhos de Francisco e Jacinta, como os pastorinhos de Fátima.
Ao final da Eucaristia, o Santo Padre dirigiu umas palavras aos enfermos que participaram da Missa de canonização. “Jesus sabe o que significa o sofrimento, compreende-nos, consola-nos e dá-nos força, como fez a São Francisco Marto e a Santa Jacinta, aos Santos de todos os tempos e lugares”, assegurou-lhes, para em seguida abençoá-los pessoalmente com o Santíssimo Sacramento.
Finalmente, do altar, Francisco concluiu a Missa abençoando os milhares de peregrinos com o ostensório.
Acidigital

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Os Papas que peregrinaram a Fátima

EDAÇÃO CENTRAL, 11 Mai. 17 / 05:30 pm (ACI).- Dos nove Pontífices que a Igreja teve desde a aparição de Nossa Senhora de Fátima em 1917, três foram ao Santuário mariano em Portugal, terra onde a Mãe de Deus falou aos três pastorinhos.
O Papa Francisco será o quarto a peregrinar a esse importante lugar nos dias 12 e 13 de maio, pelo centenário das aparições.
O primeiro foi o Beato Pablo VI em 13 de maio de 1967, data em que o mundo celebrou os 50 anos da primeira aparição da Virgem de Fátima. “Queremos pedir a Maria uma Igreja viva, uma Igreja verdadeira, uma igreja unida, uma Igreja Santa”, disse o Beato durante sua homilia diante de milhares de fiéis.
O segundo foi São João Paulo II que, em 13 de maio de 1982, ao cumprir o primeiro aniversário do atentado que sofreu na Praça de São Pedro, visitou Fátima para agradecer a Virgem por tê-lo protegido.
Retornou ao Santuário de Fátima em 1991 como agradecimento pelos 10 anos de ter sido “salvo” pela “mão materna” de Maria durante o atentado. E voltou mais uma vez no Jubileu do ano 2000, para beatificar os videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto.
“A mensagem de Fátima é um chamado à conversão, alertando a humanidade para que não siga o jogo do ‘dragão’… A meta última do homem é o céu, sua verdadeira casa, onde o Pai celestial, com seu amor misericordioso, espera todos”, assinalou o Papa peregrino naquela ocasião que contou com a presença de Irmã Lúcia, a terceira vidente.
Ao comemorar os 10 anos da beatificação dos pastorinhos, o Papa Bento XVI também peregrinou ao Santuário de Fátima em 13 de maio de 2010 e celebrou uma multitudinária Missa. O Pontífice advertiu que “se equivoca quem pensa que a missão profética de Fátima está acabada”.
“Nossa Mãe bendita veio do Céu oferecendo a possibilidade de semear no coração de todos os que se acolhem a ela o Amor de Deus que arde no seu coração. A princípio foram só três, mas o exemplo de suas vidas se difundiu e multiplicou em inúmeros grupos por toda a face da terra”, destacou.
Nesta recontagem dos Pontífices que chegaram à Fátima, há dois que não foram incluídos porque peregrinaram ao Santuário antes de ser eleitos para a Sede de Pedro.
Em 13 de maio de 1956, o então Cardeal Roncalli (mais tarde Papa São João XXIII) presidiu as cerimônias da peregrinação pelo aniversário das aparições. Enquanto o Cardeal Albino Luciani (depois João Paulo I) esteve na Fátima em 10 de julho de 1977.
Acidigital

Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa

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(Cap.36,1-2;37-38: Funk 1,107-109)         (Séc.I)


Muitas veredas, um só caminho
        Este é o caminho, caríssimos, onde encontramos nossa salvação: Jesus Cristo, o pontífice de nossas oferendas, nosso defensor e arrimo nas fraquezas.
        Por ele nossos olhos se voltam para as alturas dos céus; por ele contemplamos, como num espelho, o rosto puríssimo e sublime de Deus; por ele abrem-se os olhos de nosso coração; por ele a nossa inteligência, insensata e obscurecida, desabrocha para a luz; por ele quis o Senhor fazer-nos saborear a ciência imortal, pois sendo ele o esplendor da glória de Deus, foi colocado tão acima dos anjos quanto o nome que herdou supera o nome deles (cf. Hb 1,3.4).
        Combatamos, portanto, irmãos, com todas as forças, sob as suas ordens irrepreensíveis.
        Consideremos os soldados, que combatem sob as ordens dos nossos comandantes. Quanta disciplina, quanta obediência, quanta submissão em executar o que se ordena! Nem todos são chefes supremos, ou comandantes de mil, cem ou cinquenta soldados, e assim por diante; mas cada um, em sua ordem e posto, cumpre as ordens do imperador e dos comandantes. Os grandes não podem passar sem os pequenos, nem os pequenos sem os grandes. A eficiência depende da colaboração recíproca.  
        Sirva de exemplo o nosso corpo. A cabeça nada vale sem os pés, nem os pés sem a cabeça. Os membros do corpo, por menores que sejam, são necessários e úteis ao corpo inteiro; mais ainda, todos se harmonizam e se subordinam para salvar todo o corpo.  
        Asseguremos, portanto, a salvação de todo o corpo que formamos em Cristo Jesus, e cada um se submeta ao seu próximo conforme o dom da graça que lhe foi concedido.  
        O forte proteja o fraco e o fraco respeite o forte; o rico seja generoso para com o pobre e o pobre agradeça a Deus por ter dado alguém que o ajude na pobreza. O sábio manifeste sua sabedoria não por palavras, mas por boas obras; o humilde não dê testemunho de si mesmo, mas deixe que outro o faça. Quem é casto de corpo não se vanglorie, sabendo que é Deus quem lhe dá o dom da continência.  
        Consideremos, então, irmãos, de que matéria somos feitos, quem éramos e em que condições entramos no mundo, de que túmulo e trevas nos fez sair aquele que nos plasmou e criou, para nos introduzir no mundo que lhe pertence, onde nos tinha preparado tantos benefícios antes mesmo de termos nascido.  
        Sabendo, pois, que recebemos todas estas coisas de Deus, por tudo lhe demos graças. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

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quarta-feira, 10 de maio de 2017

Do Tratado sobre a Trindade, de Santo Hilário, bispo

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(Lib. 8,13-16: PL10,246-249)         (Séc.IV)


A união natural dos fiéis em Deus
pela encarnação do Verbo
e pelo sacramento da Eucaristia
        Proclamamos como uma verdade que a Palavra se fez carne (Jo 1,14) e que na ceia do Senhor nós recebemos esta mesma Palavra que se fez carne. Então, como se pode negar que permaneça naturalmente em nós aquele que, ao nascer como homem, não só assumiu a natureza da nossa carne como inseparável de si, mas também uniu sua natureza humana à natureza divina no sacramento em que nos dá a comunhão do seu corpo? Deste modo todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está em nós. Portanto, ele está em nós pela sua carne e nós estamos nele; e através dele, o que nós somos está em Deus.
        Em que medida estamos nele pelo sacramento da comunhão com sua carne e com seu sangue, o próprio Cristo o afirma quando diz: Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis, pois eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós (Jo 14,19.20). Se com estas palavras o Senhor pretendia apenas significar uma unidade de vontade, por que então estabeleceu uma certa gradação e ordem na realização de tal unidade? Assim procedeu para acreditarmos que ele está no Pai pela natureza divina, e que nós estamos nele pelo seu nascimento corporal; além disso, ele também está em nós pelo mistério dos sacramentos. Ensina-nos desta forma a perfeita unidade estabelecida por meio do único Mediador. Nós estamos unidos a Cristo, que é inseparável do Pai, e Cristo, sendo inseparável do Pai, permanece unido a nós. Deste modo, temos acesso à unidade com o Pai. Porque se Cristo está por natureza no Pai, por ter sido gerado por ele, e se nós por natureza estamos em Cristo, então de certa maneira, também nós estamos por natureza no Pai através de Cristo. 
        Até que ponto esta unidade é natural em nós, o mesmo Senhor o declara: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele (Jo 6,56). Realmente, ninguém poderá estar em Cristo, se Cristo não estiver nele; isto é, Cristo somente assume em si a carne daquele que recebe a sua.
        O Senhor já havia ensinado antes o mistério desta perfeita unidade, dizendo: Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim (Jo 6,57). Vive, portanto, pelo Pai; e do mesmo modo que vive pelo Pai, também nós vivemos pela sua carne.
        Toda a comparação deve ser adaptada à inteligência de tal modo que o exemplo proposto nos ajude a compreender o mistério de que tratamos. Esta é, portanto, a causa da nossa vida: Cristo, pela sua carne,habita em nós, seres carnais, para que nós vivamos por ele como ele vive pelo Pai.
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terça-feira, 9 de maio de 2017

Dos Sermões de São Pedro Crisólogo, bispo

Presbíteros

(Sermo 108: PL 52,499-500)        (Séc.V)


Sê tu sacrifício e sacerdote de Deus
        Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos (Rm12,1). Paulo exorta, ou melhor, é Deus que por intermédio de Paulo nos exorta, pois deseja ser mais amado que temido. Deus exorta-nos, porque quer ser mais Pai do que Senhor. Deus exorta-nos, pela sua misericórdia, para não ter de nos castigar com o seu rigor. 
        Ouve como o Senhor exorta: Vede, vede em mim o vosso corpo, os vossos membros, o vosso coração, os vossos ossos, o vosso sangue. E se temeis o que é de Deus, por que não amais o que também é vosso? Se fugis do Senhor, por que não recorreis ao Pai? 
        Talvez vos perturbe a enormidade de meus sofrimentos causados por vós. Não tenhais medo. Esta cruz não me feriu a mim, mas feriu a morte. Estes cravos não me provocam dor, mas cravam mais profundamente em mim o amor por vós. Estas chagas não me fazem soltar gemidos, mas vos introduzem ainda mais intimamente em meu coração. O meu corpo, ao ser estirado na cruz, não aumenta o meu sofrimento, mas dilata os espaços do coração para vos acolher. Meu sangue não é uma perda para mim, mas é o preço do vosso resgate. 
        Vinde, pois, convertei-vos e pelo menos assim experimentareis a bondade do Pai, que paga os males com o bem, as injúrias com amor, tão grandes chagas com tamanha caridade. 
        Ouçamos, porém, a insistência do Apóstolo: Eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo (Rm 12,1). Pedindo deste modo, o Apóstolo ergueu todos os seres humanos à dignidade sacerdotal: a vos oferecerdes em sacrifício vivo. 
        Ó inaudito mistério do sacerdócio cristão, em que o ser humano é para si mesmo vítima e sacerdote! O ser humano não precisa ir buscar fora de si a vítima que deve oferecer a Deus; traz consigo e em si o que irá sacrificar a Deus. Permanecem intactos tanto a vítima como o sacerdote; a vítima é imolada mas continua viva, e o sacerdote que oferece o sacrifício não pode matar a vítima. 
Admirável sacrifício em que o corpo é oferecido sem imolação e o sangue sem derramamento! Pela misericórdia de Deus eu vos exorto a vos oferecerdes em sacrifício vivo. Irmãos, este sacrifício é imagem do sacrifício de Cristo que, para dar a vida ao mundo, imolou o seu corpo, permanecendo vivo; na verdade, ele fez de seu corpo um sacrifício vivo, porque tendo morrido, continua vivo. Num sacrifício como este, a morte teve a sua parte, mas a vítima permanece; a vítima vive,enquanto a morte é castigada. Por isso, os mártires nascem com a morte, no fim da vida é que começam a vivê-la; coma sua imolação revivem e brilham agora nos céus os que na terra eram tidos como mortos.  
        Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo. É o que também cantava o Profeta: Tu não quiseste nem vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo (cf. Sl 39,7; Hb 10,5). 
        Ó homem, sê tu sacrifício e sacerdote de Deus; não percas aquilo que te foi dado pelo poder do Senhor. Reveste-te com a túnica da santidade, cinge-te com o cíngulo da castidade; seja Cristo o véu de proteção da tua cabeça; que a cruz permaneça em tua fronte como defesa. Grava em teu peito o sinal da divina ciência; eleva continuamente a tua oração como perfume de incenso; empunha a espada do Espírito; faze de teu coração um altar. E assim, com toda confiança, oferece teu corpo como vítima a Deus. 
        Deus não quer a morte, mas a fé; ele não tem sede do teu sangue, mas do teu sacrifício; não se aplaca com a morte violenta, mas com a vontade generosa.
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Documento da CNBB sobre iniciação cristã busca maior integração entre catequese e liturgia

Dom Eugênio Rixen, membro da comissão do tema central da Assembleia dos Bispos / Foto: CNBB

APARECIDA, 08 Mai. 17 / 01:30 pm (ACI).- Durante a 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, os prelados brasileiros aprovaram o texto sobre o tema central, “Iniciação à Vida Cristã”, que será publicado como um documento, a fim de promover maior integração entre catequese e liturgia.
Segundo Dom Eugênio Rixen, membro da comissão do tema central e Bispo da Diocese de Goiás, a partir de agora, “o debate e as novas práticas em torno do tema central, ‘iniciação à vida cristã’, vão se desdobrar nas ações dos organismos da Igreja, nas pastorais, dioceses e regionais”.
Reunidos durante a assembleia de 26 de abril a 5 de maio, em Aparecida (SP), os Bispos brasileiros refletiram sobre o tema da “Iniciação à Vida Cristã”, discutiram e avaliaram o texto preparado por uma comissão designada para este fim.
Dom Eugênio Rixen lembrou ao site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que muitas paróquias, dioceses e regionais já vêm discutindo e aprofundando o tema e, neste sentido, a aprovação na Assembleia Geral foi mais um passo desse processo.
Assinalou ainda a necessidade de maior aproximação entre catequese e liturgia, com celebrações próprias no estilo catecumenal, como a celebração da Entrega da Palavra de Deus.
Um dos instrumentos de trabalho que inspirou a temática central da 55º Assembleia Geral foi o Ritual de Iniciação à Vida Cristã de Adultos (Rica), que traz os passos a serem executados (itinerários) nessa caminhada de conhecimento e adesão à fé cristã.
“Sentimos muita disposição e boa vontade dos bispos em levar adiante as mudanças necessárias para que mais pessoas façam a experiência do encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo”, expressou o Bispo.
O documento a ser publicado pela CNBB, indicou Dom Rixen, reconhece que atualmente vive-se em uma época dominada pelo secularismo. “Neste contexto, o texto reforça a necessidade de oferecer às pessoas uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo, por meio do Querigma”, assinalou.
Inspirado no capítulo 2 da Carta de São Paulo aos Filipenses, o texto reforça que não é suficiente apenas conhecer Jesus, mas buscar sentir o que ele sentiu e viver as suas atitudes: o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.
Acidigital

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Livro destaca a história pouco conhecida da Igreja Católica nos EUA

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Washington - Estados Unidos (Sexta-feira, 05-05-2017, Gaudium Press) Numerosos dados pouco conhecidos da história dos Estados Unidos, referidos às dificuldades e contribuições da Igreja Católica na história do país, são o atrativo principal de um livro recentemente lançado pela editora 'Stella Maris' da Espanha: "A história dos Estados Unidos como jamais te contaram". Seu autor, o escritor catalão Jorge Soley, buscou reconhecer a contribuição da Espanha na história dessa nação e "a situação dos católicos nos Estados Unidos, durante muito tempo cidadãos de segunda", segundo comentou ao blog 'Somatemps'.
A história da Igreja Católica nos Estados Unidos é pouco conhecida inclusive em ambientes católicos e a discriminação padecida pelos fiéis em alguns lugares como o estado de Maryland durante a independência, não é frequentemente relatada. "Alguns fatos foram chave para mudar este estado das coisas", explicou Soley, "como o papel das monjas que cuidaram de milhares de feridos durante a Guerra Civil ou o da universidade católica de Notre Dame que foi determinante para acabar com o Ku Klux Klan, por não falar dos numerosos missionários que evangelizaram o selvagem Oeste (tanto o chefe índio 'Touro Sentado' como 'Buffalo Bill' acabaram seus dias no seio da Igreja Católica)".

O legado dos católicos no país norte-americano tem uma nova notoriedade pelos fatos como a próxima canonização do Beato Frei Junípero Serra, fundador de nove missões espanholas na Alta Califórnia, uma das quais muito perto do lugar que ocuparia a cidade de Los Angeles: o zelo evangelizador do religioso levou além da Fé o desenvolvimento a uma terra considerada inóspita e que tomaria posteriormente grande relevância para a vida do país.
Os dados inusuais coletados pelo autor contribuem para formar uma imagem mais completa da história do país e não se limitam ao tema religioso, abarcando histórias como a da Batalha de São Patrício, composto por desertores do Exército dos Estados Unidos que decidiram colocar-se do lado dos mexicanos, junto a uma minoria de alemães, canadenses, poloneses e franceses, na Intervenção dos Estados Unidos nesse país em 1846. Narrações como esta são acompanhadas por anedotas inesperadas, como a da figura de Al Capone, famoso por liderar a máfia, convertido no final de sua vida em um fiel piedoso, promotor da devoção à Divina Misericórdia. (EPC)

Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/87055-Livro-destaca-a-historia-pouco-conhecida-da-Igreja-Catolica-nos-EUA#ixzz4gVMCXo3O
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte. 


Do Livro Sobre o Espírito Santo, de São Basílio, bispo

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(Cap 15,35-36: PG 32,130-131)        (Séc.IV)


O Espírito vivifica
        O Senhor que nos concede a vida, estabeleceu conosco a aliança do batismo, como símbolo da morte e da vida. A água é imagem da morte e o Espírito nos dá o penhor da vida. Assim, torna-se evidente o que antes perguntávamos: por que a água está unida ao Espírito? É dupla, com efeito, a finalidade do batismo: destruir o corpo do pecado para que nunca mais produza frutos de morte, e vivificá-lo pelo Espírito, para que dê frutos de santidade. A água é a imagem da morte porque recebe o corpo como num sepulcro; e o Espírito, por sua vez, comunica a força vivificante que renova nossas almas, libertando-as da morte do pecado e restituindo-lhes a vida. Nisto consiste o novo nascimento da água e do Espírito:na água realiza-se a nossa morte, enquanto o Espírito nos traz a vida.
        O grande mistério do batismo realiza-se em três imersões e três invocações, para que não somente fique bem expressa a imagem da morte, mas também a alma dos batizados seja iluminada pelo dom da ciência divina. Por isso, se a água tem o dom da graça, não é por sua própria natureza mas pela presença do Espírito. O batismo, de fato, não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso de uma consciência pura perante Deus. Eis por que o Senhor, a fim de nos preparar para a vida que brota da ressurreição, propõe-nos todo o programa de uma vida evangélica, prescrevendo que não nos entreguemos à cólera, sejamos pacientes nas contrariedades e livres da aflição dos prazeres e do amor ao dinheiro. Isto nos manda o Senhor, para nos induzir a praticar, desde agora, aquelas virtudes que na vida futura se possuem como condição natural da nova existência.
        O Espírito Santo restitui o paraíso, concede-nos entrar no reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna, numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos tanto na vida presente quanto na futura. Dá-nos ainda contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que pela fé esperamos usufruir como se já estivessem presentes. Ora, se é assim o penhor, qual não será a plena realidade? E, se tão grandes são as primícias, como não será a consumação de tudo?
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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF