Translate

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Do Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, de São Gregório de Nissa, bispo

S. Gregório de Nissa | Instituto Hesed

Do Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, 

de São Gregório de Nissa, bispo

(PG46,254-255) (Séc.IV)

O cristão, outro Cristo

Paulo sabe quem é Cristo, mais acuradamente do que todos. Com efeito, por suas atitudes mostrou como deve ser quem recebe o nome do Senhor, porque o imitou tão exatamente que revelou em si mesmo o próprio Senhor. Por tal imitação cheia de amor, transferiu seu espírito para o Exemplo, de modo que não mais parecia ser Paulo e sim Cristo, como ele mesmo bem o diz, reconhecendo a graça em si: Quereis uma prova daquele que em mim fala, o Cristo. E mais: Vivo eu, já não eu, mas é Cristo quem vive em mim.

Manifestou então para nós que força possui este nome de Cristo, ao dizer que Cristo é a Virtude de Deus, a Sabedoria de Deus e deu-lhe os nomes de Paz, Luz inacessível onde Deus habita, Expiação, Redenção, máximo Sacerdote e Páscoa, Propiciação pelas almas, Esplendor da glória e Figura de sua substância, Criador dos séculos, Alimento e Bebida espirituais, Pedra e Água, Fundamento da fé e Pedra angular, Imagem do Deus invisível, grande Deus, Cabeça do Corpo da Igreja, Primogênito da nova criação, Primícias dos que adormeceram, Primogênito entre os mortos, Primogênito entre muitos irmãos, Mediador entre Deus e os homens, Filho unigênito coroado de glória e de honra, Senhor da glória, Princípio das coisas e Rei da justiça, e ainda de Rei da paz, Rei de tudo, Possuidor do domínio sobre o reino que não tem limites.

Com esses e outros nomes do mesmo gênero designou o Cristo, nomes tão numerosos que não se pode contá-los com facilidade. Se forem combinadas e enfeixadas as significações de cada um, eles nos mostrarão o admirável valor e majestade deste nome, Cristo, que é impossível de traduzir-se por palavras, mas pode ser demonstrado, na medida em que conseguimos entendê-lo com nosso espírito.

Por ter a bondade de nosso Senhor nos concedido o primeiro, o maior e o mais divino de todos os nomes, o nome de Cristo, nós somos chamados “cristãos”. É necessário, então, que se vejam expressos em nós todos os outros nomes que explicam o nome do Senhor, para não sermos falsamente ditos “cristãos”; mas o testemunhemos com nossa vida.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Providentissimus Deus (Parte 1/5)

Papa Leão XIII | Veritatis Splendor

PROVIDENTISSIMUS DEUSDO PAPA LEÃO XIII

SOBRE OS ESTUDOS BÍBLICOS

Veneráveis irmãos, saúde e benção apostólica

1. Deus providentíssimo, que por um admirável desígnio da sua caridade, elevou o gênero humano, desde a sua origem, a participante da natureza divina, e depois, regenerado da culpa e pena universal, o restituiu á pristina dignidade, dignou-se liberalizar-lhe uma graça singular revelando-lhe por meios sobrenaturais os arcanos da sua divindade, sabedoria e misericórdia. E, se bem que na revelação divina há verdades accessíveis a inteligência humana, foram, todavia, reveladas ao homem para que lograssem ser conhecidas por todos, dum modo expedito, com firme certeza, sem mescla de erro; não porque para tais verdades fosse de absoluta necessidade a revelação divina, mas porque Deus em sua infinita bondade ordenou o homem a um fim sobrenatural.

Ora, esta revelação sobrenatural está contida, consoante no-lo ensina a crença da Igreja universal, já nas tradições orais, já nos livros sagrados e canónicos, assim chamados, por isso que, escritos sob o influxo do Espírito Santo, têm a Deus por autor e como tais foram confiados â sua Igreja. Esta é a crença que, acerca dos livros de ambos os Testamentos, a Igreja sempre e em toda a parte publicamente professou; e são conhecidos os documentos tão antigos como autorizados, onde se diz que aquele Deus que falara primeiramente pelos profetas, depois por si e, finalmente, pelos apóstolos, esse mesmo é o autor da Escritura canónica, oráculo e palavra de Deus, uma como carta enviada pelo Pai celeste e transmitida pelos apóstolos ao género humano, peregrino longe da pátria. Sendo, pois, tão remontada a excelência e dignidade das Escrituras, oriundas do próprio Deus, e sendo altíssimos os mistérios, desígnios e maravilhas que encerra, é da mais subida excelência e utilidade aquela parte da sagrada teologia que tem por fim interpretar e defender a doutrina contida nos livros divinos. Por isso é que Nós, assim como diligenciamos, mediante repetidas cartas e exortações, promover, e não sem fruto, mercê de Deus, o esplendor de outras disciplinas de grande momento para a gloria de Deus e salvação das almas, assim também de ha muito assentamos excitar e recomendar o nobilíssimo estudo das sagradas Letras, imprimindo-lhe a direção que as circunstâncias dos tempos reclamam. A solicitude do nosso múnus apostólico move-nos e como que nos impele a que não só seja conhecida com segurança e fruto para a grei cristã aquela preclaríssima fonte da revelação católica, mas também a que não consintamos que seja nem ao de leve violada por aqueles que, ousada e impiamente, impugnam a sagrada Escritura ou com falazes e imprudentes inovações tramam contra ela. Bem sabemos, veneráveis irmãos, que muitos católicos, varões de grande engenho e doutrina, se dedicam de boa mente e animo inquebrantável a defesa dos Livros sagrados ou a tornar mais nítido e vasto o seu conhecimento e sentido. E se louvamos, como é de razão, tais e tão frutuosos trabalhos, não podemos deixar de exortar instantemente outros varões cujo talento, doutrina e piedade prometem grandes cousas, a que sigam o louvável propósito daqueles. É nosso veemente desejo que seja grande o número dos defensores das Letras divinas e que permaneçam constantes nesta missão, principalmente os que a graça divina chamou ao santuário, pois que a estes com toda a justiça impende a obrigação de as ler com mais diligência e indústria, de as meditar e explicar.

2. A razão principal que torna altamente recomendável este estudo, não falando já da sua excelência e do obsequio devido á palavra de Deus, está nos grandes bens que, segundo a promessa infalível do Espírito Santo, dele dimanam: —Toda a Escritura, divinamente inspirada, é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e aparelhado para toda a obra boa. O exemplo de Cristo e dos apóstolos mostra-nos que com tal desígnio nos foram dadas as Escrituras. Jesus Cristo — que pelos seus milagres conquistou autoridade, pela autoridade mereceu fé, pela fé atraiu as multidões — costumava apelar para as sagradas Letras como testemunhas da sua missão divina. Com as Escrituras mostra que não só é legado de Deus, mas verdadeiro Deus; delias deduz argumento para ensinar os discípulos e confirmar a sua doutrina, para vingar a sua pregação das calúnias dos detratores, para arguir os fariseus e saduceus e confundir o próprio Satanás, quando impudentemente o tentava; às mesmas Escrituras recorreu, enfim, nos derradeiros momentos da sua vida mortal, e, depois de ressuscitado, as explicou aos seus discípulos até à sua ascensão à gloria do Pai. Fiéis à palavra e mandatos do Mestre, os apóstolos, ainda que em nome de Cristo operavam milagres, hauriram, todavia, dos Livros divinos aquela extraordinária eficácia com que difundiram entre os gentios a sabedoria cristã, reduziram a obstinação dos judeus e esmagaram as heresias nascentes. Assim no-lo dizem as pregações apostólicas e nomeadamente as do B. Pedro, onde brilha, deduzido de várias passagens do velho Testamento, firmíssimo argumento em prol da nova Lei. O mesmo facto achamos consignado nos Evangelhos de S. Matheus e S. João, nas Epistolas católicas, e, dum modo brilhantíssimo, no testemunho daquele que se gloria de ter aprendido aos pés de Gamaliel a lei de Moisés e os Profetas, a fim de que, munido de auxílios espirituais, pudesse confiadamente dizer: As armas da nossa milícia não são carnais, mas o poder de Deus. Pelo exemplo, pois, de Cristo e dos apóstolos intendam todos, e nomeadamente os alunos da milícia sagrada, quão grande seja o preço das Letras divinas e com que fervor e piedade devem recorrer a elas como a um bem provido arsenal, porque não há, para os que têm de ensinar a doutrina católica a doutos e indoutos, mais opulenta fonte de provas, nem mais persuasiva demonstração de Deus, bem sumo e perfeitíssimo e das obras que proclamam a sua glória e bondade. Acerca do Redentor do género humano, o magistério da Bíblia é, sobre abundante, duma clareza inexcedível; e com razão afirma S. Jeronimo que — ignorar as Escrituras, o mesmo é que ignorar a Cristo. Ha, com efeito, nas Escrituras uma como imagem viva e inspiradora de Cristo que nos alenta na adversidade, nos exorta a prática da virtude e nos incita ao amor divino. Relativamente à Igreja, as sagradas Páginas subministramos tantos e tão peremptórios argumentos da sua instituição, natureza, poderes e graças, que S. Jeronimo pode dizer com inteira verdade: — É um baluarte da Igreja aquele que está apercebido com o estudo das sagradas Escrituras —. Para a formação dos costumes e disciplina moral têm os varões apostólicos, na Bíblia, ótimos e abundantes subsídios preceitos da mais sublime santidade, exortações opulentas de doçura e eficácia, exemplos insignes de todas as virtudes, a promessa divina duma eternidade de prémios e a cominação de penas eternas também.

3. Esta virtude própria e peculiar das Escrituras, oriunda da inspiração do Espírito Santo, dá novo realce a autoridade do orador sagrado, robustece a liberdade apostólica com que deve falar e inspira-lhe uma eloquência por igual enérgica e vitoriosa. O orador que informa a sua pregação do espírito e da força do verbo divino, esse não prega só de palavra, mas com eficácia, com a virtude do Espírito Santo, logrando abundante fruto. Procedem mal e desatinadamente os oradores sagrados que, anunciando a palavra de Deus, põem quase completamente de parte os argumentos divinos, para que nos seus discursos mais avultem as palavras da ciência e da prudência humana. Os discursos de tais oradores, por mais brilhantes que sejam, tornam-se necessariamente áridos e frios, como não os inflama o fogo da palavra de Deus; estão muito longe daquela virtude que informa a palavra divina, viva e eficaz, mais penetrante que a espada de dois gumes, e que vae até ao íntimo da alma. Assentindo ao juízo de graves autoridades, tenhamos como certo que há nas sagradas Letras uma eloquência admiravelmente variada, opulenta e digna dos mais alevantados assumptos. Assim o afirma e largamente demonstra Santo Agostinho, assim o confirmam oradores sagrados excelentes e beneméritos que, rendendo graças a Deus, confessam dever o seu renome principalmente ao estudo assíduo e pia meditação da Bíblia.

4. Bem conhecidas foram e aproveitadas pelos Santos Padres todas estas riquezas das Letras divinas, por isso lhe tecem incessantes louvores e exaltam os seus frutos. Às Escrituras recorrem frequentemente, já como a tesouro opulentíssimo de celeste doutrina, já como a fonte perene de salvação, ora propondo-no-las como férteis e ameníssimos prados onde a grei cristã recebe admirável e delicioso pasto. Vem aqui muito a propósito aquelas palavras de S. Jeronimo ao clérigo Nepociano: — “Lê muitas vezes as divinas Escrituras, ou antes, nunca interrompas a lição sagrada, instrui-te para instruíres os outros. . . seja a linguagem do presbítero toda baseada na lição das Escrituras”. É também o sentir de S. Gregório Magno, o doutor que mais sabiamente descreveu os múnus dos pastores da Igreja: — “Para os que se dedicam ao ofício da pregação é de necessidade o estudo assíduo das sagradas Letras”. Apraz-nos recordar a admoestação de Santo Agostinho, o qual afirma que — “é vão pregador da palavra de Deus aquilo que a não tem gravada em sua alma”. O mesmo S. Gregório Magno ordena aos oradores sagrados que— “antes de recitarem os seus discursos, metam a mão na sua consciência, para que não suceda que, condenando as ações dos outros, a si próprios se condenem”, seguindo a palavra e o exemplo de Cristo que inaugurou a sua vida apostólica ensinando e praticando, o apostolo preceitua tal doutrina não só a Timóteo, senão também a toda a hierarquia clerical olha por ti e pela instrução dos outros, insta nestas cousas, porque, procedendo assim, lograrás a tua salvação e a dos próximos. Ha, na verdade, nas sagradas Letras excelentes subsídios, abundantíssimos nos Salmos, para a perfeição própria e alheia, mas que só aproveitam aos de animo dócil e atento, de vontade piedosa e rendida á palavra divina. Não é o mesmo nem de vulgar conhecimento o desígnio e a traça de todos os livros sagrados; mas, como foram escritos sob o influxo do Espírito Santo e contêm cousas gravíssimas, em muitos lugares recônditas e difíceis, havemos necessidade, para as intender e expor, do — advento — do mesmo Espírito, isto é, das suas luzes e graças que, como instantemente no-lo persuade a autoridade do salmista inspirado, devemos implorar com humilde prece e fielmente guardar mediante uma vida santa.

5. Daqui vem a providência sobre todo o encarecimento admirável com que a Igreja estabeleceu leis sabias e criou instituições, a fim de— conservar no devido acatamento aquele tesouro celeste dos livros sagrados que a suma liberalidade do Espírito Santo concedeu aos homens. Assim pois determinou a Igreja não só que uma grande parte das Escrituras fosse recitada e piedosamente meditada no ofício quotidiano da salmodia divina, senão também que varões idôneos as expusessem e interpretassem nas Igrejas catedrais, mosteiros e conventos de regulares, onde tais estudos pudessem comodamente estabelecer-se, impondo além disto aos pastores de almas o dever de subministrar aos fiéis, ao menos nos domingos e dias santificados, o pasto salutar do Evangelho. Deve-se ainda ao zelo e solicitude da Igreja aquele culto da Sagrada Escritura que atravessou sempre vivo todas as idades e sempre fecundo em opimos frutos.

6. E, para dar mais força ao nosso asserto e às nossas exortações, apraz-nos consignar que, desde o alvorecer do cristianismo, floresceram no estudo das sagradas Letras muitos varões insignes na ciência das cousas divinas e em santidade. S. Clemente Romano, Santo Ignácio de Antioquia, S. Policarpo, discípulos imediatos dos apóstolos, e, dentre os apologistas, S. Justino e Santo Irineu, hauriram principalmente das Escrituras aquela fé, energia e unção com que, nas suas epístolas e livros, ora defendiam ora recomendavam os dogmas católicos. Nas mesmas escolas catequéticas e teológicas instituídas em muitas Sés episcopais, nas celebérrimas cátedras de Alexandria e Antioquia, abertas ao ensino, o magistério quase todo se resumia na leitura, exposição e defesa da palavra de Deus escrita. De tais institutos [saiu uma legião de Padres e escritores cujo talento fecundo e obras de subido valor, durante o longo período de três séculos, mereceram que aquela época fosse dado, e com toda a justiça, o título de idade áurea da exegese bíblica. Entre os orientais ocupa um lugar primacial Orígenes, admirável pela perspicácia do seu talento e tenacidade no estudo. Aos seus muitos escritos, a sua momentosa obra das Héxaplas, recorreram quase todos que se lhe seguiram. Ha a acrescentar a estes uma numerosa plêiade de escritores que alargaram o âmbito da exegese, sobressaindo, entre os mais distintos, em Alexandria, Clemente e Cirilo; na Palestina, Eusébio e Cirilo de Jerusalém; na Capadócia, Basílio Magno e os dois Gregórios, Nazianzeno e Nisseno; em Antioquia, aquele João Chrysostomo em cuja pena de exegeta a excelência da doutrina disputa primazias com a sublimidade da eloquência. Não menor é o esplendor da exegese no Ocidente. Entre os muitos que tanto se avantajaram nesta disciplina fulgem os nomes de Hilário e Ambrósio, de Leão e Gregório Magno, e, com brilho especial, os de Agostinho e Jeronimo; o primeiro, de admirável agudeza de engenho na investigação do sentido da palavra de Deus e de não menos admirável fecundidade em deduzir da mesma palavra divina argumentos em prol da verdade católica; o segundo, notável pela sua rara erudição bíblica e momentosos trabalhos escriturísticos, bem mereceu que a Igreja o proclamasse Doutor máximo.

7. Desde então até ao século XI, ainda que os estudos bíblicos não tenham logrado aquele esplendor, nem produziram aqueles frutos que nos séculos idos, floresceram, todavia, principalmente nas obras de escritores eclesiásticos. Cuidaram estes com efeito em colecionar o que de mais importante escreveram os antigos, em dispô-lo ordenadamente, e enriqueço-o de novas investigações, e tais foram os trabalhos de Isidoro de Sevilha, de Beda e Alcuino principalmente; em ilustrar de glosas os sagrados códices, como fizeram Valafridio e Anselmo de Laon; em firmar com novos argumentos a integridade do texto sagrado e este foi o trabalho de S. Pedro Damião e Lanfranco. No século XII muitos teólogos houveram que cultivaram com merecido louvor a exposição alegórica da Sagrada Escritura; a todos, porém se avantajou S. Bernardo, cujos sermões são, na sua quase totalidade, extraídos das sagradas Letras.

Fonte: Portal Veritatis Splendor

4 motivos para você perdoar

By Stokkete | Shutterstock

O perdão traz tranquilidade e autocontrole. Alimentar o rancor e o ressentimento só te fará mal.

1. Você se livra daquela sensação ruim

Todas as vezes que você lembra da pessoa que te feriu vem aquela sensação ruim. Naturalmente seu corpo reage às emoções negativas. No momento em que você para de relembrar a ofensa, abre espaço para colocar a atenção nas coisas boas da vida. E assim passa a aproveitar melhor o presente, deixando de reviver os sofrimentos que já fazem parte do passado.

2. Você deixa de dar poder à outra pessoa

Ficar remoendo um acontecimento ruim só vai dar à pessoa responsável pela ofensa o poder de te fazer sofrer. Será que é isso que você quer? E, quem sabe, não é exatamente isso que essa outra pessoa quer?

Proteja seus sentimentos. Quando uma pessoa tenta ofender alguém e não consegue, ela fracassa. Além de ter que conviver com seus próprios problemas e com sua infelicidade, não vai conseguir transmitir nada disso para você.

3. Você se afasta emocionalmente

Se a pessoa que te ofendeu é uma pessoa de poucas virtudes e de comportamentos questionáveis, isso é mais uma razão para você não alimentar pensamentos relacionados com essa pessoa. O melhor é se libertar da raiva que acaba te mantendo ligado a quem você não quer.

4. Você deixa de se concentrar nas suas mágoas

Ficar vivendo a mágoa e o ressentimento nos leva a desviar nossa atenção do que realmente vale a pena. Se você quer que aconteçam coisas boas na sua vida, precisa olhar com mais otimismo para o presente. Sinta alegria pelo seu dia de hoje e pelas pessoas que hoje convivem com você. Perdoe e esqueça quem te prejudicou no passado. A importância que você dá aos acontecimentos define o que será importante na sua vida. Não supervalorize as ofensas.

O perdão traz tranquilidade e autocontrole. Alimentar o rancor e o ressentimento só te fará mal.

Fonte: Aleteia

Tempestades da vida

Guadium Press
Analisando os acontecimentos ao longo da História, veremos que Deus permite às almas e às grandes instituições momentos de grande tribulaçãoPor que?

Redação (20/06/2021 09:29Gaudium Press): Lê-se nas Escrituras que Nosso Senhor, em meio às longas jornadas, ensinando e pregando ininterruptamente ao povo, buscava descanso em três refúgios: no monte, no deserto ou no barco.[1]

Após o sermão da Montanha e a realização de sinais e curas em Cafarnaum, encontra-se, na liturgia de hoje, a decisão do Divino Mestre de partir com seus discípulos rumo ao mar, pois Cristo buscava descanso para Si e para os seus.

No entardecer daquele dia, – descreve o Evangelho – tendo os discípulos despedido as multidões, entraram com Jesus na barca. Mal tinham adentrado nas águas, uma forte ventania soprou, e as ondas lançavam-se com violência sobre a embarcação, de modo que esta já começava a encher. Contudo, Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Então, os discípulos, tomados de pavor, acordaram-No e disseram:

“‘Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?’ Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: ‘Silêncio! Cala-te!’ O vento cessou e houve uma grande calmaria. Então Jesus perguntou aos discípulos: ‘Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?’ Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: ‘Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?’ (Mc 4, 38-41)

            Ao comentar esta passagem do Evangelho de São Mateus, São João Crisóstomo ressalta certo pormenor despercebido por São Marcos: antes mesmo de dar ordens ao mar, Jesus primeiramente se dirige aos Apóstolos, dizendo: “Homens de pouca fé, por que tendes tanto medo?” (Mt 8, 26). Ou seja, “antes mesmo de acalmar a tempestade, apazigua-lhes a [tempestade] de suas almas, e repreende-os pela falta de fé, pois ainda não eram capazes de acreditar que Jesus fosse capaz de realizar um milagre, estando dormindo”.[2]

Ora, por que Nosso Senhor permitiu esta tempestade? Será um castigo pela falta fé dos Apóstolos? Crisóstomo responde: “O Senhor permitiu esta tempestade para exercitá-los na fé, e dar-lhes esta prova como um prelúdio das tormentas que lhes sobreviriam”.[3]

As tormentas interiores

Se analisarmos os acontecimentos, veremos que, ao longo de toda a História, Deus também permitiu às almas e às grandes instituições momentos de grande tribulação.

Nesta linha, o santo carmelita, João da Cruz, denomina tais provas como “noites escuras”. Isto é, ocasiões em que “quanto mais a alma se aproxima de Deus, mais profundas são as trevas que sente, maior a escuridão, por causa de sua própria fraqueza”.[4] Às vezes, em meio à tempestade, um ou outro raio cai nas águas agitadas de nossa alma, e ilumina nosso horizonte, mas logo as trevas obscurecem esta luz, e encontramo-nos novamente na escuridão. São as “águas tenebrosas, símbolo da escuridão de nosso entendimento, e da toldada contemplação de Deus”.[5]

Como então se unir ao Criador? “Se queres, ó alma, unir-te e desposar-te comigo, hás de vir interiormente vestida de fé”.[6] Pois “esta brancura da fé reveste a alma na saída desta noite escura, quando caminha em meio às trevas interiores”.[7]

Deus prova, pois, a alma deste modo, porquanto quer vê-la “despojada das coisas do mundo, tirando o seu coração de todas elas – sem prendê-lo a nada –, para elevá-la com vivacidade e ânimo, às alturas da vida eterna”.[8] Por isso, “confiem em Deus, pois Ele não abandona aos que O buscam com simples e reto coração. Não lhes deixará de dar o necessário para o caminho até conduzi-los à clara e pura luz do Amor”.[9]

Santa Catarina de Sena, a grande mística do século XIV, foi uma representação de inteira correspondência em meio às “noites escuras” de sua vida. Conta-se que ainda jovem, pouco tempo depois de ter recebido o hábito da Ordem de São Domingos, padeceu duras tentações contra a pureza. Muitos demônios a rodeavam, repetindo palavras impuras e obscenas em seus ouvidos. Ela, porém, se refugiava na oração e clamava a Deus em seu interior para que a tempestade se acalmasse. Todavia, nenhuma voz se fazia ouvir, nenhum auxílio sobrenatural parecia vir em seu socorro. Naquela procela interior em que se encontrava, Deus parecia repousar em um profundo sono…

Certo dia, entretanto, ao voltar da Igreja, Nosso Senhor apareceu-lhe radiante de luz, e Catarina, transbordante de alegria, exclamou:

– Senhor, onde estáveis Vós quando meu coração se sentia atormentado de tantas impurezas?

– Catarina – respondeu-lhe Nosso Senhor – Eu estava em teu coração! Eu obrava em ti, defendia teu coração contra o inimigo, estava em teu interior e não permitia as acometidas do demônio, senão quando podiam redundar em tua salvação”.[10]

Em meio às tormentas da barca de Pedro

Ora, como anteriormente mencionado, não é apenas sobre as almas que advêm estas “noites escuras”. A Santa Igreja, ao longo de dois mil anos de sua existência, também percorreu por vezes estes itinerários de tribulações: heresias, martírios, traições e horrendas abominações desencadearam-se sobre Ela. Momentos estes em que a barca de Pedro parecia soçobrar inevitavelmente, no mais profundo dos mares da completa rejeição dos maus, e da tibieza dos bons. No entanto, as palavras de Cristo: “As portas do inferno não prevalecerão contra Ela”, sempre ressoaram nas trevas das calamitosas tempestades, fazendo-A ressurgir ainda mais rejuvenescida, Santa e Imaculada.

Se nas atuais circunstâncias, Deus parece “dormir”, não duvidemos: próxima está Sua intervenção, pois Ele prometeu: “Eis que estarei convosco até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Por Guilherme Motta


[1] Cf. REMÍGIO. Apud TOMMASO D’AQUINO. Catena aurea: Vangelo secondo Marco IV, 35-41. Bologna: ESD, 2012, v. 3, p. 169.

[2] JUAN CRISOSTOMO. Homilías sobre San Mateo XXVIII, n. 1. Madrid: BAC, 2007, v. 57, p. 568.

[3] Ibid., p. 570.

[4]  JOÃO DA CRUZ. A Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cautelas. Rio de Janeiro: Vozes, 1960, p. 377.

[5] JOÃO DA CRUZ. A Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cautelas. Rio de Janeiro: Vozes, 1960, p. 377-378.

[6] Ibid., p. 394.

[7] JOÃO DA CRUZ. A Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cautelas. Rio de Janeiro: Vozes, 1960, p. 377-378.

[8] Ibid., p. 394-395.

[9] Ibid., p. 315.

[10] Cf. ALVAREZ, Paulino. Santa Catalina de Sena. ed. 3. Vitoria: Vergara, 1926, p. 74-75.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Papa pede acolhimento aos deslocados no Dia Mundial do Refugiado

O papa presidiu a oração do Angelus no palácio apostólico.
Foto: Vatican Media
Por Miguel Pérez Pichel

Vaticano, 20 jun. 21 / 12:00 pm (ACI).- Neste domingo, 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado, o papa Francisco voltou a pedir acolhimento para as pessoas que precisam fugir dos seus países e que se embarcam numa perigosa viagem, para salvar suas vidas ou buscar novas oportunidades.

“Hoje celebra-se a o Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas, com o tema ´Juntos conquistamos tudo´. Abramos os nossos corações aos refugiados, façamos com que as suas tristezas e as suas alegrias sejam também as nossas. Aprendamos com a sua valente resiliência, e assim, todos juntos, faremos crescer uma comunidade mais humana, uma grande e única família”, foram as palavras do pontífice ao finalizar a oração do Angelus dominical, no palácio apostólico do Vaticano.

O Dia Mundial do Refugiado foi criado no dia 4 de dezembro de 2000, através da resolução 55/76 do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e foi aprovado pela assembleia geral das Nações Unidas no dia 12 de fevereiro de 2001.

A data escolhida para a jornada foi o dia 20 de junho. A intenção da jornada é homenagear o trabalho realizado pelo ACNUR “em favor dos repatriados, apátridas e deslocados internos”, e recordar os propósitos das Nações Unidas (ONU) ao promover “a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento”.

A origem do ACNUR remonta à situação da Europa após a segunda guerra mundial, quando o continente estava arrasado pelo confronto bélico e milhões de pessoas tinha sido deslocadas, tanto pela guerra como pela redefinição dos limites fronteiriços. Em 1950, o ACNUR foi criado para “ajudar milhões de europeus que fugiram ou perderam as suas casas” durante a grande guerra.

ACI Digital

Patris corde

Patris corde - LEV | Vatican News

Patris corde

Carta apostólica por ocasião do 150º aniversário da declaração de são José como padroeiro da Igreja.

Giuseppe Merola

Este é o texto da Carta Apostólica emitida pelo Papa Francisco por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Patrono da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX em 8 de dezembro de 1870. Depois de Maria, Mãe de Deus, nenhum santo ocupa tanto espaço no Magistério papal como José, seu esposo.

As reflexões do Papa Francisco retomam a mensagem contida nos poucos versículos transmitidos nos Evangelhos para destacar ainda mais, assim como seus antecessores, o papel central de José na história da Salvação: o Beato Pio IX o declarou "Padroeiro da Igreja Católica", o Venerável Pio XII o apresentou como "Padroeiro dos Trabalhadores", e São João Paulo II como "Guardião do Redentor".

Esta edição inclui também o Decreto Jubilar um ensaio sobre São José e os Papas (de Pio IX ao Papa Francisco) e orações a São José. 

Confira o link:

Patris corde

Fonte: Vatican News



São Luís Gonzaga, religioso

S. Luís Gonzaga | Paulus
21 de junho
São Luís Gonzaga

Ferrante Gonzaga, marquês de Castiglione delle Stiviere e irmão do duque de Mântua, gostaria que o seu primogênito Luís, nascido a 9 de março de 1568, seguisse seus passos de soldado e comandante no exército imperial. Com a idade de cinco anos, Luís já vestia uma couraça, com escudo, capacete, cinturão e espada e marchava atrás do exército do pai, aprendendo dos rudes soldados o uso das armas e o seu vocabulário colorido. Um dia aproveitou-se até da distração de um sentinela para pôr fogo a uma pequena peça de artilharia. Mas aquele menino daria fama à família Gonzaga com armas totalmente diferentes. Enviado a Florença na qualidade de pajem do grão-duque da Toscana, aos dez anos Luís imprimiu em sua própria vida uma direção bem definida, voltando-se à perpétua virgindade.

Também uma viagem à Espanha, onde ficou alguns anos como pajem do Infante Dom Diego, serviu-lhe para o estudo da filosofia na universidade de Alcalá de Henares e a leitura de livros devotos, como o Compêndio da vida espiritual, de Luís de Granada. Aos doze anos, após ter recebido a primeira comunhão das mãos de são Carlos Borromeu, decidiu entrar para a Companhia de Jesus. Mas foram necessários mais dois anos para vencer as resistências do pai, que o despachou para as cortes de Ferrara, Parma e Turim. “Também os príncipes — Luís escreverá mais tarde — são pó como os pobres: talvez, cinzas mais fedidas”.

Para que sua alma se perfumasse mais das virtudes cristãs, Luís renunciou ao título e à herança paternas e aos catorze anos entrou no noviciado romano da Companhia de Jesus, sob a direção de são Roberto Belarmino. Esqueceu totalmente sua origem de nobreza e escolheu para si as incumbências mais humildes, dedicando-se ao serviço dos doentes, sobretudo na epidemia que atingiu Roma em 1590. Acabou contraindo a terrível doença provavelmente por algum gesto de piedade: encontrando um moribundo na estrada, carregou-o nas costas até o sanatório, aos pés de Capitólio, onde trabalhava.

Morreu aos vinte e três anos, no dia por ele preconizado, a 21 de junho de 1591. O corpo de são Luís, “Patrono da juventude”, repousa na igreja de santo Inácio, em Roma. Este santo, ao contrário do que é apresentado em certos livros, era dotado de temperamento forte. As duras penitências às quais se submeteu são sinais de determinação não comum, rumo a uma meta que se havia proposto claramente desde a primeira adolescência.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

Fonte: https://www.paulus.com.br/

domingo, 20 de junho de 2021

MEIO MILHÃO DE VIDAS PERDIDAS: ENTIDADES DO PACTO PELA VIDA E PELO BRASIL SE MANIFESTAM DIANTE DAS MORTES PELA COVID

Crédito: CNBB
MEIO MILHÃO DE VIDAS PERDIDAS

A CNBB, juntamente com a Ordem dos Advogados do Brasil, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Brasileira de Imprensa e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, escreveram uma carta em que prestam solidariedade às milhares de famílias afetadas pela perda de entes queridos pela Covid-19.

As entidades também manifestaram indignação pelas manifestações contrárias às medidas recomendadas por organismos sanitários no cuidado e na promoção da vida. Por fim, ainda destacaram a importância do trabalho da CPI da Pandemia, instalada no Congresso Nacional, para investigar as ações da gestão pública diante da crise da pandemia.

As seis entidades signatárias dessa carta se sensibilizaram com a situação provocada pela pandemia e se uniram desde abril do ano passado, quando lançaram o Pacto Pela Vida e Pelo Brasil, endossado por organizações e pessoas de todo o país. Naquela época, logo no início da pandemia, as entidades perceberam que eram necessárias medidas firmes, guiadas pela ciência, para conter o seu alastramento. Previa-se que a crise sanitária atingiria de forma desigual a população brasileira, afetando particularmente os mais vulneráveis.

Leia a carta Meio milhão de vidas perdidas na íntegra:

MEIO MILHÃO DE VIDAS PERDIDAS

Em sete de abril de 2020, Dia Mundial da Saúde, as seis entidades signatárias desta carta manifestaram-se diante da expansão da Covid-19, lançando o Pacto Pela Vida e Pelo Brasil, endossado por organizações e pessoas de todo o país. Sinais indicavam se tratar de um vírus de alta transmissão, com impactos graves sobre o organismo humano, pedindo medidas firmes, guiadas pela ciência, para conter o seu alastramento. Previa-se que a crise sanitária atingiria de forma desigual a população brasileira, afetando particularmente os mais vulneráveis.

O Brasil contava, então, com 688 óbitos pelo coronavírus. Hoje, passado pouco mais de um ano, são 500 mil óbitos, meio milhão de vidas perdidas. O equivalente a duas vezes e meia o número de mortos pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945.

Uma palavra de esperança sempre será necessária para confortar as milhares de famílias afetadas pela perda de entes queridos. A todas, nosso sentimento e nossa solidariedade. Contudo, continua causando estranheza, e também indignação, as manifestações contrárias às medidas recomendadas por organismos sanitários, no cuidado e na promoção da vida humana.

É incompreensível, especialmente por parte do Presidente da República, no exercício de suas atribuições constitucionais, a promoção de aglomerações com objetivos ideológico-políticos, estimulando comportamentos sociais com risco epidemiológico. Tais atitudes são um atentado contra a vida e contra os valores democráticos.

Manifestações de autoridades promovendo o uso de medicação sem eficácia no combate ao vírus, o descrédito propagado em torno da ciência, a omissão em relação às vacinas, a multiplicação de fake news, a desorientação sanitária e a falta de coordenação nacional no enfrentamento da pandemia cooperaram para que o número de doentes e mortos alcançasse níveis exorbitantes.

Pertinente e indispensável é a CPI instalada no Senado Federal, que se debruça sobre um mar de informações, convergindo para uma certeza: negacionismo mata. Desejamos que a CPI, ao concluir seus trabalhos, elucide a verdade dos fatos para os brasileiros, podendo abrir um novo capítulo em nossa história democrática.

Importante ressaltar que a falsa oposição entre salvar vidas e salvar a economia, que ainda alimenta o discurso oficial, revela a estratégia de quem não faz nem uma coisa nem outra. A população sofre com a falta de vacinas, cuja compra foi sistematicamente negligenciada por órgãos oficiais, assim como sofre pela falta de trabalho e de perspectivas. A concentração de renda, uma das maiores do mundo, segue seu curso, enquanto a fome se instala em milhões de lares. E o necessário auxílio emergencial, que deveria continuar a ser de R$ 600, serve como paliativo, jamais como solução.

O Estado democrático de direito, com amplo respeito às instituições, promove o convívio social pacífico, estimulando o entendimento e a disposição para a construção de uma nação mais justa e fraterna. Porém, não é nessa direção que caminham alguns setores da sociedade e parcela dos governantes. O vazio de políticas públicas, ao lado das políticas da desconstrução, não só no âmbito da saúde, mas em educação, cultura, meio ambiente, moradia, emprego, geração de renda, apoio à ciência e inovação, revela a sociedade que se sente confusa, abandonada e adoecida.

Expressamos aqui a nossa solidariedade, com uma palavra de conforto. Se, por um lado, a morte de tantos requer o silêncio respeitoso e as preces dos que têm fé, de outro lado, conclamamos mais uma vez a união nacional em defesa da vida e da democracia no Brasil. Dias melhores virão. Seja esta a bandeira de um novo tempo. Vidas perdidas não serão esquecidas.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

José Carlos Dias, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC

Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI

Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

Fonte: CNBB

Cooperativismo jesuítico-guarani, uma semente de fraternidade (Parte 3/3)

Caminho das Missões, em Jesus PY - Foto; José Roberto de Oliveira

Cooperativismo jesuítico-guarani

"Um processo de cooperação é extremamente importante para o mundo novo que nós sonhamos, para esse mundo mais igualitário, mais fraternal". A cooperação deve ser o fundamento do nosso mundo cristão, porque é um jeito de romper os individualismos que existem dentro de cada um de nós, afirma o pesquisador das Missões jesuítico-guaranis, uma "utopia" que existiu na América do Sul nos séculos XVII e XVIII.

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Essa “experiência” vivida no sul da América do Sul, das Reduções jesuítico-guaranis, foi um sonho que acabou sendo destruído pelo conflito de interesses entre as Coroas portuguesa e espanhola. Há vozes que dizem que haveria por parte dos próprios jesuítas, não de maneira geral, escravização de indígenas dentro das Reduções. O que você poderia dizer sobre esse tipo de observação, que vem inclusive de alguns antropólogos.

Veja, tu tens razão, todavia, eu sou um defensor do processo histórico-cultural que aconteceu aqui. A história ela é inexorável! Em 1629 em diante, os luso-brasileiros, os bandeirantes especialmente, buscaram os índios guaranis como escravos. Todo mundo sabe disso, apesar de que, por exemplo no Brasil, o bandeirantismo é louvado como o “grande herói pátrio”. Mas veja, só eles, os bandeirantes, naquele período entre 1629 e 1645, eles mataram 600 mil guaranis. 300 mil levando como escravos e depois na maioria deles dava uma tristeza, o Banzo que os negros chamam, morriam de tristeza ali em São Paulo, Rio, na região de São Vicente. Nos ataques, mas 300 mil foram mortos, ou seja, então 600 mil foram mortos naquele período, isso no mundo luso-brasileiro. No mundo espanhol, os índios eram encomendados, os seja, las encomiendas. O que é isso? Quando você ganhava um conjunto de terra, eram grandes áreas, duas, três, quatro, cinco, seis sesmarias, ou seja, multiplica por 8.600 hectares qualquer um desses números, então dentro dessa área, no mundo espanhol, havia obviamente indígenas que viviam milenarmente naquele lugar ali, famílias, aldeias. Então esses indígenas eram encomendados, ou seja, era uma espécie de escravidão, mas no mundo espanhol era proibido se falar e dizer que você tinha escravos. Eram escravos também, todo mundo sabe disso. Por quê? Porque eram obrigados a dar tantos dias de serviço ao dono da terra, ao novo dono da terra que ganhou do governo espanhol. Veja que os guaranis reduzidos eles tinham uma terceira hipótese.

Quer dizer, a primeira hipótese, ou você era encomendado, do mundo espanhol, ou era escravo do mundo português - porque eles buscavam os guaranis, porque eles eram os únicos agricultores nessas terras planas da América, no Sul América do Sul. Então os guaranis plantavam milenarmente batata-doce, amendoim, mandioca, toda sua produção, que era o normal deles, eles eram agricultores, eram seminômades, é verdade, mas eram agricultores. Então eles precisavam muito de mão de obra, tanto no mundo espanhol como no mundo luso-brasileiro.

“Então, as Reduções são uma via possível de não ser escravizado no modelo bandeirante ou das encomiendas.”

Então veja que havia uma escolha livre. O cooperativismo exige isso, que as pessoas escolham livremente estar naquele processo, isso é elemento central do cooperativismo. Então veja que eles ficavam nas Reduções jesuíticas exatamente porque não queriam ser escravizados. E o que eu chamo de inexorável? Inexorável é isso, havia três hipóteses: ou ser escravo, ou ser encomendado ou ficar nas Reduções. Claro, que alguns índios ficaram na selva, como por exemplo os mbiás [Mbyá, M'byá, Guarani Mbya, Mbyá-Guarani ou embiás] que hoje estão mais perto das cidades, foram terminando essas grandes áreas de florestas, e os mbiás hoje estão presentes, como estão aqui na região. Mas os guaranis que foram cristianizados não foram os mbiás, foram outras tradições guaranis. Então centralmente é isso.

Mas veja que o modelo de cooperação, ele exige que as pessoas deem isso, cada um de acordo com sua capacidade. Então, veja que o modelo que se trabalhou foi um modelo de cooperação. E a história é inexorável. Ajudaram, colaboraram, fizeram, por exemplo os jesuítas mais importantes dentro da Igreja, naquele período dos anos 1600-1700? Sim! Agora ocorreu um grande desenvolvimento em termos de tecnologia, de educação, de conhecimento para essas famílias? Também sim! Então buenas, vamos dizer, cada um que vê, olha com os seus olhos. Talvez um antropólogo dissesse: ‘Ah! Os jesuítas nunca podiam ter cristianizado os guaranis!’ Mas veja, que a história é inexorável. A vinda deles para a América, vem exatamente nessa linha do desenvolvimento do cristianismo, do conhecimento, da educação, do processo da industrialização que é o centro dos jesuítas, que é isso, um cristão dos fazeres, não é um cristão do rezar. Claro que reza também, mas é acima de tudo um cristão que faz coisas, que desenvolve econômica e socialmente aquela sociedade. E este processo é o processo que se deu. Então é possível que alguém olhe com esses olhos que a tua pergunta fez, é possível, mas essa pessoa esquece o inexorável processo histórico daquele passado, daqueles anos 1600-1700, quem sabe um pouquinho até antes, os 1585 em diante. Então é muito importante e hoje eu vejo que a sociedade analisa isso, mas eu faço essa minha fala nesse sentido, de que é importantíssimo que não se veja simplesmente com os olhos simplesmente de 2021, mas que se olhe com os olhos daquele 1585, do 1609 ou do 1700. Como era a sociedade e como eram as exigências tanto do rei de Espanha como do reinado de Portugal. Como eles exigiam...

“Se há uma coisa inexorável é 1492, que foi o descobrimento, a ocupação da América.”

Quer dizer, essa data é inexorável, porque a partir disso os europeus, como todo mundo sabe, exigiam que se retirasse, se encontrasse nestas terras as riquezas, as que haviam: prata, ouro, pedras preciosas – especialmente esses três elementos – mas quando não tinha isso nas terras, se exigia produção. Então, se algo é inexorável é a história que ocorreu e que foi efetivamente a que ocorreu, e com todas as lutas e com todos os heróis que sucederam neste período todo e com o povo que está aqui vivo hoje na América Latina. Então, nós somos todos – mesmo aquelas famílias alemãs, italianas, polonesas e tantas outras etnias que vieram para cá depois - nós somos muito reflexo desse processo histórico todo e que nos diz, que nos dá os sobrenomes que nós temos hoje, e o nosso modo de ser, que os guaranis chamam de Ñde reko, que é o modo se ser das pessoas, cada um com um pouquinho mais ou um pouquinho menos de inflexão desse processo histórico.

Catedral de Santo Ângelo e peregrinos.
Foto: José Roberto de Oliveira

Fazendo um salto do passado para o presente, mas também com uma perspectiva futura: como o cooperativismo pode representar um contraponto, e também porque não o modelo e uma esperança em um mundo que a gente vive, às vezes tão egoísta individualista?

O processo de cooperação ele nasce dentro de cada um de nós, através de uma coisa que eu chamo de “índice de capacidade humana e social do desenvolvimento”, que esse é meu trabalho de mestrado, é a minha pesquisa toda que eu fiz, ela acabou se transformando num livro chamado “Índice de capacidade humana e social do desenvolvimento”, que é um índice matemático – eu estudei engenharia, então eu penso também em números. Então tem lugares que são mais empreendedores, tem lugares que têm níveis de empreendedorismo, níveis de conhecimento sobre os temas, níveis de confiança, que é fundamental entender por que algumas comunidades desenvolvem e outras não, que é o nível de confiança existente naquele lugar, ou seja, o capital social existente naquele lugar. Então essas relações elas dizem que cada um de nós, ele se integra a um processo de desenvolvimento de diversas formas. Algumas pessoas são extremamente individualistas e que precisamos de pessoas que trabalham com essas ideias mais individualistas no mundo. Mas precisamos também de ideias de mais cooperação no mundo. Então tem pessoas que têm índoles maiores de serem cooperadores com processo de desenvolvimento local, regional e de países. Então, essa forma de pensar da cooperação ela interage e age de diferentes formas dentro de cada um de nós. Algumas pessoas têm índoles para serem funcionários, outras pessoas têm para serem empreendedores, outras querem ser empreendedores, mas têm dificuldades econômicas, essas questões naturais da vida. Então, o processo de cooperação é um processo que pode ser criado dentro das mentes das pessoas, para isso precisa aprender isso e obviamente muito mais que aprender, colocar isso no coração das pessoas.

Então veja que o mundo precisa muito de cooperação, tanto para o desenvolvimento das comunidades mais pobres, você sabe que nós temos em grande quantidade no Brasil e no conjunto todo da América Latina, então a cooperação ela deve ser incentivada, ela deve ser adubada, vamos dizer assim, no conjunto da sociedade, no sentido que nós possamos nos unir e comunidades unidas, elas têm poder imenso, até poder político mesmo, essa coisa do voto mesmo, e no cooperativismo, não importa o tamanho do teu capital, importa é que você tenha o valor de um voto, então todo o processo de cooperação, isso é fundamental. E veja que na vida a gente tem que pensar nas coisas também.

“Então, um processo de cooperação ele é extremamente importante para o mundo novo que nós sonhamos, para esse mundo mais igualitário, mais fraternal.”

Quer dizer, essas ideias lá da Revolução Francesa elas deveriam estar presentes hoje em cada um de nós, na nossa luta diária, no escrever, no dizer, no fazer isso especialmente. E o cooperativismo, a cooperação ela deve ser o fundamento do nosso mundo cristão, porque é um jeito de romper esses individualismos e que está dentro de cada um, sem dúvida nenhuma. Mas veja que é uma luta diária, para nós nos melhorarmos como pessoa, como gente, como cristão, e começar a pensar nesse mundo novo, mais irmão, mais cooperador, mais de ajuda mútua mesmo, com mais “amor”, que é o centro, parece, da ideia da cooperação.

Ruínas de São Miguel Arcanjo.
Foto: José Roberto de Oliveira

Uma mensagem final...

Sempre agradecer pela condição nossa de falar sobre as Missões e convidar as pessoas – eu vejo que as nossas falas têm refletido muito. Eu recebi vários comunicados via whatsapp, telefonemas de gente de vários países, falando da importância que foi a nossa última conversa, e essa de agora com certeza também vai refletir muito e que as pessoas acabam também pensando sobre essas coisas todas e conhecendo toda essa nossa história de Missões. Então nós convidamos as pessoas também para virem para cá, para verem diretamente essa história que ainda está vivíssima, esse mundo bonito da terra vermelha, que aqui une três países e especialmente nós aqui do lado brasileiro. Então convidamos a nossa gente do país, do Brasil, mas também gente de toda a América Latina e europeus que venham conhecer essa experiência cristã, fundamental para o mundo que se construiu e que temos hoje, e que se Deus quiser, teremos no futuro um mundo mais irmão, mais fraterno, mais igualitário.

*José Roberto de Oliveira é natural de Santo Ângelo (RS), engenheiro de formação, na área da Topografia e Cartografia; foi por longo tempo docente na URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões); diretor de desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul; um dos fundadores do Ministério do Turismo; criador em 2012, junto com os jesuítas, mais argentinos e paraguaios, da “Nação Missioneira”; foi criador do Circuito Internacional Missões Jesuíticas e representante brasileiro no Mercosul, também em função de seu envolvimento no tema das Missões.

Fonte: Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF