Translate

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Confissão: Sacramento da Alegria!

Presbíteros

Por Mons. José Maria Pereira

No Evangelho de São João (20,19 – 23), encontramos o relato da aparição de Jesus Ressuscitado aos Apóstolos: “Ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos…. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por ver o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Dito isso, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

As palavras de Jesus, no Evangelho Jo 20, 19ss, significam que: 1) Os Apóstolos, por um dom de Deus (“Recebei o Espírito Santo”), são habilitados a perdoar os pecados. 2) Trata-se de perdoar pecados propriamente ditos, faculdade essa que os israelitas atribuíam somente a Deus. Jesus disse ao paralítico: “Homem, teus pecados estão perdoados” ( Lc 5, 20 ). “Quem é esse que até perdoa pecados? (Lc 7, 49). Aquilo que Jesus fazia por si, quando peregrino na terra de Israel, Ele continua a fazê-lo depois de Ressuscitado e Glorificado, mediante o serviço dos seus ministros ordenados.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “ O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, ele, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo ( Mc 2, 1-12 ), quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o Sacramento da Penitência (Confissão) e o Sacramento da Unção dos Enfermos” ( n. 1421).

Ainda o Catecismo: “Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (n. 1446).

O Concílio Vaticano ll, na Lumen Gentium, diz: “Aqueles que se aproximam do Sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações” ( LG 11 ).

O Espírito Santo é o primeiro Dom de Cristo Ressuscitado à sua Igreja, no momento em que Esta é por Ele instituída e enviada a perpetuar a Sua Missão no mundo. Com a efusão do Espírito Santo, a instituição do Sacramento da Penitência (Confissão ) que, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, é um Sacramento eminentemente pascal, sinal eficaz da remissão dos pecados e da reconciliação dos homens com Deus, realizadas pelo Sacrifício de Cristo na Cruz. É interessante notar que Jesus confere a missão de perdoar aos mesmos que ordena consagrar o pão e o vinho em memória dEle: “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22, 19). Trata-se, pois, de pessoas especialmente chamadas por Jesus e, mais ainda, enriquecidas por um dom especial (“Recebei o Espírito Santo…”), a fim de realizar um ministério singular dentro da Igreja.

O Sacramento da Confissão é um presente de Páscoa que Jesus nos deixou. Não tem sentido dizer: “eu me confesso diretamente a Deus!” Jesus foi claro quando disse: “Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 22-23). A Igreja ordena que confessemos pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa. Não são somente os fiéis leigos que confessam, também padres, bispos, o Papa. É um sacramento para todos os cristãos que querem receber a Paz do perdão de Deus.

Onde encontrar remédio para tantos corações angustiados? Muitos procuram alívio para seus males no consultório de um psicólogo ou de um analista. Este pode realmente ajudar o paciente a descobrir a causa de seus problemas existenciais e a superá-los. Porém, o cerne de muitas angústias é o pecado, é a resistência à Voz de Deus que fala pela consciência. Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro. O pecado tira a paz da alma, pois é um Não dito ao Amor Infinito, explicita ou implicitamente reconhecido.  Há sentimentos de culpa que não se dissipam mediante conversa com um psicólogo, nem se extinguem com calmantes ou com mudança de clima, mas exigem que a pessoa se volte explicitamente para Deus no plano moral e receba do Senhor a certeza de que os pecados lhe estão absolvidos. É precisamente o que ocorre no Sacramento da Penitência (Confissão).

Como já nos profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa, em primeiro lugar, às obras exteriores, “ao saco e à cinza”, aos jejuns e às mortificações, mas à conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Catecismo da Igreja, n.1430). É forte esse apelo para a conversão, pois o pecado é, antes de tudo, uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo Sacramento da Penitência e da Reconciliação (cf. LG 11).

Conforme o mandamento da Igreja, “Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor. As crianças devem confessar-se antes de receber a Primeira Eucaristia” (n. 1457 do Catecismo da Igreja).

São Josemaria Escrivá aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas.

. Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. Muitas palavras denotam, às vezes, o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena, para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência;

. Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades;

. Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza;

. Confissão completa, íntegra. Sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.

A confissão sincera das nossas culpas deixa sempre na alma uma grande paz e uma grande alegria. A tristeza do pecado ou da falta de correspondência à Graça converte-se em júbilo. “Talvez os momentos de uma confissão sincera estejam entre os mais doces, os mais reconfortantes e os mais decisivos da vida” (Papa São Paulo Vl). Quando nos aproximamos deste Sacramento, devemos pensar, sobretudo, em Cristo. Ele deve ser o centro do ato sacramental. E a glória e o amor a Deus devem contar mais do que os pecados que tenhamos cometido. Trata-se de olhar muito mais para Jesus do que para nós mesmos; para a sua bondade mais do que para a nossa miséria, pois a vida interior é um diálogo de amor em que Deus é sempre o ponto de referência. Este esforço por colocar Cristo no centro das nossas confissões é muito importante para não cairmos na rotina, para tirarmos do fundo da alma tudo aquilo que mais nos pesa e que somente virá à tona à luz do amor de Deus. Este sacramento da misericórdia é refúgio seguro: aqui se curam as feridas, revitaliza-se o que estava gasto e envelhecido, e remedeiam-se todos os extravios, grandes ou pequenos; porque a confissão não é somente um juízo em que as ofensas são perdoadas, mas também remédio para a alma. Agradeçamos ao Espírito Santo que tenha incutido nos Pastores da Igreja a preocupação de fomentar a prática da Confissão frequente: com ela, progredimos na humildade, combatemos com eficácia os maus costumes – até desarraigá-los –, enfrentamos os focos de tibieza, robustecemos a vontade e a graça santificante aumenta em nós em virtude do próprio sacramento. Quantos benefícios o Senhor nos concede através deste sacramento!

Ensina São João Paulo ll: “Jesus Cristo traz-nos a chamada à santidade e dá-nos continuamente a ajuda necessária para a nossa santificação…” (Homilia, 18-03-1981). O caminho da santidade percorre-se mediante uma contínua purificação do fundo da alma, que é condição essencial para amarmos cada dia mais a Deus. Por isso, o amor à confissão frequente é um sintoma claro de delicadeza interior, de amor a Deus; se bem praticada, torna totalmente impossível um estado de tibieza na alma. Esta é a convicção que leva a Igreja a recomendar a confissão frequente.

O Catecismo da Igreja ensina-nos: “A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (cf. OP 31). Há razões profundas para isso. Cristo age em cada um dos sacramentos. Dirige-se pessoalmente a cada um dos pecadores…” (n. 1484).

“Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (Catecismo, n. 1446).

Todos os dias, em todos os recantos do mundo, através dos sacerdotes, seus ministros, Jesus continua a dizer: “Eu te absolvo dos teus pecados…”, vai e não tornes a pecar. É o próprio Cristo que perdoa. “A fórmula sacramental: “Eu te absolvo…”, a imposição das mãos e o sinal da cruz traçado sobre o penitente, manifestam que naquele momento o pecador contrito e convertido entra em contato com o poder e a misericórdia de Deus. É o momento em que, em resposta ao penitente, a Santíssima Trindade se torna presente para apagar-lhe o pecado e restituir-lhe a inocência, o momento em que a força salvífica da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo é comunicada ao penitente […]. Deus é sempre o principal ofendido pelo pecado – só contra Vós pequei! – e só Deus pode perdoar” (São João Paulo ll, Exort. Apost. Reconciliação e Penitência, 02-12-1984, n. 31). Na Confissão é o próprio Cristo quem nos absolve através do sacerdote, porque todo o sacramento é uma ação de Cristo. Na Confissão, encontramos Jesus ( cf. Conc. Vat. Ll, Const. Sacrosanctum Concilium, 7 ), como o encontrou o bom ladrão, ou a mulher pecadora, ou a samaritana, e tantos outros…; como o encontrou o próprio Pedro, depois das suas negações.

As palavras que o sacerdote pronuncia não são somente uma oração de súplica para pedir a Deus que perdoe os nossos pecados, nem um mero certificado de que Deus se dignou conceder-nos o seu perdão, antes, nesse mesmo instante causam e comunicam verdadeiramente o perdão: “Nesse momento, todos e cada um dos pecados são perdoados e apagados pela misteriosa intervenção do Salvador” (São João Paulo ll, RP, n. 31).

Grande é o presente que Jesus nos deu na Páscoa: O Sacramento da Penitência!  Vários são os efeitos espirituais desse Sacramento:

. A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a Graça;

. A reconciliação com a Igreja;

. A remissão da pena eterna devido aos pecados mortais;

. A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado;

. A paz e a serenidade da consciência, e a consolação espiritual;

. O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.

Santifiquemos as nossas almas, fazendo uso do Sacramento da Confissão que é expressão mais sublime do amor e da misericórdia de Deus para com os homens (cf. Lc 15, 11-32). O Senhor espera sempre com os braços abertos que voltemos arrependidos, para nos perdoar e nos devolver a nossa dignidade de filhos seus. “A confissão é um libertar-se no mais profundo de si mesmo e, por isso, um reconquistar a alegria de ser salvo, que a maioria dos homens do nosso tempo deixou de saborear” (São João Paulo ll). “Repara que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! – Porque, nos julgamentos humanos, castiga-se a quem confessa a sua culpa; e no divino, perdoa-se. – Bendito seja o Sacramento da Penitência!” ( São Josemaria Escrivá, Caminho, 309 ).

Sejamos apóstolos do Sacramento da Confissão! A nossa grande alegria será termos aproximado de Jesus, como fez João Batista, muitos que estavam longe ou se mostravam indiferentes, sem perdermos de vista que é a graça de Deus, não as nossas forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor. Deste modo, a Confissão robustece-nos a confiança na luta, e quem a pratica nota que se trata, sem dúvida, do “sacramento da alegria”  (Papa São Paulo Vl, Audiência Geral, 23-lll-1977).

Concluo com a oração de São João Paulo ll: “Santa Maria, Esperança nossa, olhai-nos com compaixão, ensinai-nos a ir continuamente a Jesus e, se caímos, ajudai-nos a levantar-nos, a voltar para Ele, mediante a confissão das nossas culpas e pecados no Sacramento da Penitência, que traz sossego à alma” (Oração à Virgem de Guadalupe, Janeiro de 1979).


https://www.presbiteros.org.br/

Videira, figura altamente simbólica

Guadium Press
Estes ensinamentos de Jesus nos mostram o quanto é pleno de vitalidade seu Corpo Místico. O Pai arranca os “ramos” improdutivos; e os que prometem frutos futuros, Ele os desponta e os acondiciona para se beneficiarem da seiva de modo mais excelente.

Redação (03/05/2021 08:40Gaudium Press)

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor” (Jo 15, 1).

Para Israel, a parreira de uva era uma realidade comum e corrente a ponto de, sob o reinado de Salomão, a Escritura referir-se com esta figura à paz por ele conquistada com todos os povos vizinhos: “Judá e Israel, desde Dã até Bersabeia, viviam sem temor algum, cada qual debaixo de sua vinha e de sua figueira” (I Rs 4, 25)

E qual o significado do vocábulo “verdadeira”, empregado pelo Mestre neste versículo? Antes já dissera: “Moisés não vos deu o pão do Céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do Céu” (Jo 6, 32), e João afirmara ser Ele “a verdadeira luz” (Jo 1, 9). Como explicar o uso destes adjetivos?

Em face das heresias de outrora, alguns Padres da Igreja procuravam esclarecer este particular pelos efeitos produzidos pela “videira”, pela “luz” ou pelo “pão” verdadeiros, pois alimentam a fé dos que deles se servem, enquanto os seres materiais correspondentes só servem para a sustentação ou desenvolvimento físico. Nós, todavia, somos levados a achar que Deus, na sua infinita e eterna sabedoria, criou estes seres todos ― luz, pão, vinha, pastor, caminho, etc. ― sobretudo para melhor Se fazer entender pelo homem. Neste sentido, não contêm eles a verdade inteira e apenas a simbolizam. A arquetipia destes seres se encontra no próprio Jesus. E por que Jesus, nessa ocasião, passa a falar em videira e agricultor? “Jesus disse a seus discípulos que vai separar-Se deles, mas esta separação será apenas segundo o corpo. Espiritualmente, deverão permanecer intimamente unidos a Ele para viver a vida divina; morrerão se d’Ele se separarem. Propõe esta doutrina envolta na alegoria da videira. ‘Eu sou a videira verdadeira’, a videira ideal e perfeitíssima, na qual, melhor que nas videiras do campo, verificam-se as condições próprias desta planta. O cultivador desta vide espiritual e incorruptível é o Pai: ‘E meu Pai é o agricultor’. Jesus não seria nossa videira se não fosse Homem; e não nos daria a vida de Deus se não fosse Deus. Logo, Jesus é o Messias, Filho de Deus”.[1]

“Meu Pai é o agricultor”

“Todo ramo que em Mim não dá fruto Ele o corta; e todo ramo que dá fruto, Ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15, 2).

Jesus afirmou que o Pai é o agricultor e, em consequência, é Ele quem assume a tarefa da poda, da limpeza, dos cuidados. Como já dissemos anteriormente, Deus criou a videira, entre outras razões, para servir de exemplo a esses procedimentos próprios ao Pai, bem como para melhor compreendermos o relacionamento que existe entre os batizados e Cristo. A videira, entre os vegetais, é o mais adequado para se entender a necessidade do corte ou a da poda. São Paulo é bem explícito em sua apreciação sobre o Agricultor: “Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus” (I Cor 3, 7-9). Estes ensinamentos de Jesus nos mostram o quanto é pleno de vitalidade seu Corpo Místico. Os “ramos” improdutivos, o Pai os arranca; e os que prometem frutos futuros, Ele os desponta e os acondiciona para se beneficiarem da seiva de modo mais excelente.

Não seria diminuto o elenco dos “ramos” infrutíferos, pois muitos são os vícios, más inclinações e pecados que bloqueiam o fluxo normal da “seiva” da graça. Em síntese, todos eles têm sua origem no egoísmo humano. O estar voltado sobre si mesmo, submerso em suas próprias conveniências, traz como consequência inevitável um corte com as graças de Deus, pois estas nos são dadas com vistas à caminhada rumo ao Reino.

Por outro lado, como afirma São João Crisóstomo,[2] ninguém pode ser verdadeiro cristão sem as boas obras. Ora, o egoísmo não as produz jamais. Quanto à “poda” dos ramos frutuosos, além das tentações e provações permitidas por Deus, há dons, consolações e estímulos sobrenaturais, ações divinas que visam multiplicar a fertilidade deles. Por este dito de Jesus, vê-se quanto as tentações são úteis para conferir mais virtude e mérito aos bons “ramos”.


Extraído de: CLÁ DIAS. João Scognamiglio. O Inédito sobre os Evangelhos. Città del Vaticano: L.E.V./São Paulo: Lumen Sapientiae, 2014, v.III., p. 331-334.

[1] GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Pasión y Muerte. Resurrección y vida gloriosa de Jesús. Barcelona: Rafael Casulleras, 1930, v.IV, p.225.

[2] Cf. SÃO JOÃO CRISÓSTOMO. Homilía LXXVI, n.1. In: Homilías sobre el Evangelio de San Juan (61-88). Madrid: Ciudad Nueva, 2001, v.III, p.167.

https://gaudiumpress.org/

O que aconteceu entre a ressurreição e a ascensão de Jesus?

Vivida Photo PC | Shutterstock
Por Philip Kosloski

São Leão, o Grande, explica o propósito do tempo decorrido entre a ressurreição e a ascensão.

Um período de tempo fascinante no Evangelho são os dias que transcorrem entre a ressurreição e a ascensão de Jesus.

Jesus apareceu para muitas pessoas e caminhou com seus discípulos em várias ocasiões.

São Leão, o Grande, fornece uma rica meditação sobre este período de tempo na Bíblia em um sermão apresentado no Ofício de Leituras da Igreja.

Em particular, ele assinala vários temas espirituais que Jesus pode estar tentando destacar.

Fim do medo da morte

Amados, aqueles dias que transcorrem entre a Ressurreição do Senhor e sua Ascensão não passaram em um lazer monótono, mas grandes mistérios foram confirmados neles e profundas verdades foram reveladas. Naqueles dias, o medo da morte foi removido com todos os seus terrores, e a imortalidade não apenas da alma, mas também da carne, foi estabelecida. Naqueles dias, o Espírito Santo é derramado sobre todos os apóstolos por meio do sopro do Senhor sobre eles, e ao bendito apóstolo Pedro, colocado acima dos demais, são confiadas as chaves do reino e o cuidado do rebanho do Senhor.

A ressurreição de Jesus é afirmada

Amados, durante todo este tempo que decorreu entre a Ressurreição do Senhor e sua Ascensão, a Providência de Deus tinha isso em vista, para ensinar seu próprio povo e imprimir em seus olhos e em seus corações que o Senhor Jesus Cristo havia ressuscitado, ressuscitado tão verdadeiramente quanto ele nasceu, sofreu e morreu. Daí os mais abençoados apóstolos e todos os discípulos, que haviam ficado aturdidos com sua morte na cruz e relutantes em crer em sua ressurreição, foram fortalecidos pela clareza da verdade de que o Senhor entrou nas alturas dos Céus, e assim abandonaram a tristeza e se se encheram de grande alegria.

Promessa de esperança e alegria

Foi nessa época que o Senhor juntou-se aos dois discípulos como companheiro de viagem e, para varrer todas as nuvens de nossa incerteza, repreendeu-os pela lentidão de seus corações tímidos e trêmulos. Seus corações iluminados tomam a chama da fé e, por mais mornos que tenham sido, são incendiados enquanto o Senhor revela as Escrituras.

Foi verdadeiramente grande e indizível a causa de sua alegria, quando aos olhos da multidão sagrada a Natureza da humanidade se elevou: acima da dignidade de todas as criaturas celestiais, para passar acima das fileiras dos anjos e para se elevar além das alturas dos arcanjos, e ter sua elevação limitada por absolutamente nada até que, recebido para sentar-se com o Pai Eterno, e associado ao trono de Sua glória, a cuja Natureza foi unido o Filho.

Este período de tempo no Evangelho, embora muito curto, teve importância grandiosa.

Aleteia

OS SEGREDOS DE FÁTIMA

ACI Digital
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

No dia 13 de maio, celebramos o 104o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três simples crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. São sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas da atualidade. Aquelas três simples crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, governantes, cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

Aos pastorinhos, em Fátima, Nossa Senhora revelou três segredos, mais tarde divulgados. O primeiro segredo diz respeito a cada um de nós, individualmente, e é sobre a nossa salvação eterna. Foi a visão do inferno, que assustou saudavelmente as crianças: “Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores…”. E recomendou-lhes a oração e o sacrifício pelos que estão longe de Deus: “muitas almas se perdem porque ninguém oferece sacrifícios por elas”. “Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

O segundo segredo diz respeito ao mundo, à sociedade em geral: a difusão do comunismo: “A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo”. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista.  Nossa Senhora nos alerta contra esse perigo, o esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.  Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século… Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

O terceiro segredo diz respeito à Igreja: a visão de um homem de branco, na praça de São Pedro, andando sobre os cadáveres de bispos e padres, sendo depois abatido, simbolizando a perseguição à Igreja, a cristofobia (ou cristianofobia), a decadência religiosa, a perda da fé, a perda da influência do cristianismo na civilização atual.

Enfim, Fátima é a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (São João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

CNBB

Papa Francisco soube que seria bispo em 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima

Ordenação Episcopal de Dom Jorge Mario Bergoglio/
Foto: Cortesia do irmão jesuíta argentino Mario Rafael Rausch

REDAÇÃO CENTRAL, 13 mai. 21 / 09:00 am (ACI).- O Pe. Jorge Mario Bergoglio, que durante uma época viveu em uma residência dos jesuítas em Córdoba, na Argentina, soube que se tornaria Bispo Auxiliar de Buenos Aires no dia 13 de maio de 1992.

Assim relata o livro biográfico “O jesuíta”, escrito pelos jornalistas Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti.

No livro, o Papa recorda que “o Núncio Apostólico naquela época, Dom Ubaldo Calabresi, me telefonava para perguntar sobre alguns sacerdotes que, certamente, eram candidatos a bispo. Um dia, ligou para mim e disse que desta vez a consulta seria pessoalmente”.

“Coma a companhia aérea realizava voos Buenos Aires-Córdoba-Mendoza e vice-versa, pediu-me para que nos reuníssemos no aeroporto, enquanto o avião ia e voltava de Mendoza. Então, conversamos lá – era 13 de maio de 1992 –, perguntou-me acerca de uma série de temas sérios e, quando o avião, já de volta de Mendoza, estava prestes a decolar em regresso a Buenos Aires e avisam que os passageiros deviam embarcar, ele disse: ‘Ah... uma última coisa... foi nomeado o bispo auxiliar de Buenos Aires e a nomeação será divulgada no dia 20’. Apenas disse isso”.

Ao ouvir a notícia da sua nomeação, o Santo Padre disse que sua primeira reação foi de surpresa. “Fiquei bloqueado. Como assinalei anteriormente, como consequência de um golpe, bom ou ruim, sempre me bloqueio. E a minha primeira reação também é sempre ruim”.

Ao ser perguntado posteriormente a respeito da sua nomeação como Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires, o Santo Padre disse que a sua reação foi “igual. Como era o vigário geral, quando (o Cardeal Antonio) Quarracino pediu a Roma um coadjutor, eu solicitei que não me enviassem a nenhuma diocese, mas novamente ser um bispo auxiliar responsável por um vicariato da região de Buenos Aires. ‘Eu sou portenho e fora de Buenos Aires não sei fazer nada’, expliquei. Mas na manhã do dia 27 de maio de 1997, telefonou-me Calabresi e me convidou para almoçar”.

“Quando estávamos tomando café, e eu estava prestes a agradecer-lhe pelo convite e despedir-me, vi que traziam um bolo e uma garrafa de champanhe. Pensei que era o seu aniversário e quase o parabenizei. Mas fiquei surpreso quando lhe perguntei. ‘Não, não é o meu aniversário – respondeu-me com um sorriso –, o que acontece é que você é o novo Bispo Coadjutor de Buenos Aires”.

ACI Digital

Aquele 13 de maio

O atentado a João Paulo II no dia 13 de maio de 1981 na Praça São Pedro
Vatican Newsa

Quarenta anos atrás, o dramático atentado ao Papa João Paulo II na Praça São Pedro. Um dia que entrou na memória coletiva no qual o amor e a oração derrotaram o ódio. Uma lembrança do Papa Francisco.

Alessandro Gisotti

Há datas, que devido ao acontecimento ao qual estão ligadas, não pertencem só aos livros de História, mas também estão fortemente marcadas nas páginas da história de nossas vidas. A marca deixada por estes acontecimentos é tão forte que, mesmo muitos anos depois, lembramos perfeitamente onde estávamos e o que estávamos fazendo quando recebemos a notícia do que aconteceu. O dia 13 de maio de 1981 é, sem dúvida, uma dessas datas.

https://youtu.be/CMtu_bVRhqA

Naquele dia, um evento considerado impossível, inimaginável, irrompeu na realidade: o atentado a um Papa na Praça São Pedro. Quarenta anos depois, ainda dá arrepios rever aquelas sequências dramáticas, ouvir novamente os sons, os rumores daquela tarde de primavera em Roma. Eram 17h19 quando João Paulo II, fazia a sua volta habitual entre os fiéis reunidos para a Audiência Geral da quarta-feira, quando pegou uma menina em seus braços e depois a entregou aos pais. Alguns momentos depois, ouviu-se o barulho ensurdecedor de um tiro e, em seguida, outro. O Papa, baleado no abdômen, desmaiou no papamóvel sem capota no qual percorria a praça. Foram momentos frenéticos. O povo ficou consternado. No início não entendiam, não podiam acreditar que isso tinha realmente acontecido.

Muitos peregrinos caíram em prantos, outros ajoelharam-se e se reuniram em oração com o Terço na mão, que tinham trazido consigo para o Papa abençoar. Há quem se lembre que, naquele mesmo dia, 13 de maio de 64 anos antes, Nossa Senhora tinha aparecido aos pastorinhos de Fátima. O Papa do Totus tuus, Maria! é assim confiado pelo Povo de Deus à Virgem.

Foi precisamente devido à intervenção da Mãe, que o Papa João Paulo II, confidenciou mais tarde, atribuiu a sua sobrevivência. Se uma mão queria matá-lo, outra mão mais poderosa desviou a bala, salvando sua vida. Logo depois, naquela tarde de 13 de maio, a oração se espalhou partindo do perímetro do Vaticano em rápidos círculos concêntricos até abranger o mundo inteiro, pois precisamente isto - rezar – foi o movimento espontâneo de milhões de pessoas assim que ficaram sabendo que o Papa estava lutando entre a vida e a morte.

Naquelas horas também estava rezando o Padre Jorge Mario Bergoglio, na época reitor do Colégio Máximo de San José em San Miguel na província de Buenos Aires, que também ficou abalado com o atentado. E o Papa Francisco compartilha conosco hoje a memória daquele 13 de maio: ele estava na Nunciatura Apostólica na Argentina, antes do almoço, com o Núncio Ubaldo Calabresi e o padre venezuelano Ugalde. Foi o então Secretário da Nunciatura, Dom Claudio Maria Celli, quem lhe deu a terrível notícia.

Portanto a oração dos fiéis foi incessante e não parou até que João Paulo II foi considerado fora de perigo. De alguma forma, pode-se dizer, que a oração o acompanharia e o guardaria até o final de sua vida terrena, especialmente nos momentos de sofrimento, de doença, que marcariam sua existência até os últimos dias vividos em outra primavera, a de 2005.

É significativo o que repórter da Rádio Vaticano, Benedetto Nardacci, que comentava a transmissão da Audiência daquela quarta-feira, consegue dizer com clareza apesar do momento de grande emoção. Naquele momento, obrigado a enfrentar uma situação que jamais teria pensado em relatar disse: "Pela primeira vez fala-se de terrorismo também no Vaticano. Fala-se de terrorismo em uma cidade da qual sempre foram enviadas mensagens de amor, mensagens de concórdia, mensagens de pacificação".

De fato, o desencadeamento do ódio provocado por aquele ato criminoso é impressionante, apocalíptico em alguns aspectos. Ainda mais forte, porém, seria o poder do amor, da misericórdia, que dirigiria de maneira luminosa e, ao mesmo tempo, "misteriosa", todo o percurso da vida terrena e do Pontificado de João Paulo II. Isto foi compreendido de uma maneira surpreendente quatro dias depois, quando falou no Regina Caeli do quarto do Hospital Gemelli onde estava hospitalizado: Karol Wojtyla garantiu seu perdão ao agressor, "o irmão que me atirou". Foi assim que ele o chamou: irmão.

E esta fraternidade comum - indelével apesar de tudo que possa acontecer na terra, porque está inscrita no Céu - seria protagonista também em outra data difícil de esquecer: 27 de dezembro de 1983. Naquele dia, João Paulo II visitou o atentador Ali Agca na prisão Rebíbia de Roma. Ele o fez publicamente. Assim, foi observado, o Papa quis salvar a vida do homem que quis tirar-lhe a vida.

"Nos encontramos como homens e como irmãos", disse o Papa após o encontro, "porque somos todos irmãos e todos os acontecimentos de nossas vidas devem confirmar a fraternidade que vem do fato de que Deus é nosso Pai". A mesma fraternidade que hoje o Papa Francisco nos indica como o único caminho possível para o futuro da humanidade.

Vatican News

Solenidade de Nossa Senhora de Fátima

Nossa Senhora de Fátima | Convento da Penha
13 de maio

Paz e Bem!

Celebramos hoje, 13 de maio, a Festa Solene da Aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal.

No dia 13 de maio de 1917 as três crianças, Lúcia, Jacinto e Francisca, estavam pastoreando nas colinas, quando sobre uma pequena árvore, surge um clarão e a figura “de uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, reluzindo mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios de sol mais ardente”. Lúcia, a mais velha, tinha dez anos, e os primos Francisco e Jacinta, nove e sete anos respectivamente. Os três eram analfabetos.

As crianças mudam radicalmente. Passam a rezar e a fazer sacrifícios diários. Relatam aos pais e autoridades religiosas o que se passou. Logo, uma multidão começa a acompanhar o encontro das crianças com Nossa Senhora. As mensagens trazidas por Ela pediam ao povo orações, penitências, conversão e fé.

As aparições só começaram a ser reconhecidas oficialmente pela Igreja em 13 de outubro, quando sinais extraordinários e impressionantes foram vistos por todos no céu, principalmente no disco solar. Poucos anos depois os primos Francisco e Jacinta morreram. A mais velha tornou-se religiosa de clausura tomando o nome de Lúcia de Jesus e permaneceu sem contato com o mundo por muitas dezenas de anos.

O local das aparições de Maria foi transformado num Santuário para Nossa Senhora de Fátima.

Oração a Nossa Senhora de Fátima

Virgem Santíssima,
transbordante da mais pura alegria
pela presença em vós do Verbo Divino Encarnado,
fazei com que, imitando na terra a pureza de vossa Anunciação,
a caridade de vossa Visitação a Santa Izabel,
amor terno a Jesus recém-nascido no presépio,
a humilde obediência com a qual vos apresentastes
no templo de Jerusalém,
possamos merecer também, como vós,
pela solicitude constante em buscarmos a Jesus durante a vida, encontrá-lo definitivamente no templo de Sua Glória Eterna.
Amém.

REFLEXÃO

Em todo o mundo católico é venerada Maria sob o título de Nossa Senhora de Fátima. A Virgem, mãe de Deus e nossa, trouxe ao mundo a mensagem de conversão e encontro com Deus. Com Maria nós aprendemos a buscar Jesus Cristo como nosso único salvador. Que possamos encontrar em Maria um abrigo seguro nos dias de tormenta e dor.

ORAÇÃO

Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignastes revelar aos três pastorinhos os tesouros de graças que podemos alcançar, rezando o Santo Rosário, ajudai-nos a apreciar sempre mais esta santa oração, a fim de que, meditando os mistérios da nossa redenção, alcancemos as graças que insistentemente vos pedimos. Maria Santíssima, volvei vossos olhos misericordiosos para este mundo tão necessitado de Paz, de Saúde e Justiça. Vinde em nosso auxílio, Mãe dos Aflitos, e Socorrei-nos com Vosso Amor e Piedade.

Amém!

https://conventodapenha.org.br/

quarta-feira, 12 de maio de 2021

O papel do Papa? Falemos disso com os ortodoxos

Santa Comunhão numa igreja ortodoxa em Moscou | Revista 30Dias

de Gianni Valente

O Simpósio sobre o Ministério Petrino, realizado a portas fechadas em Roma de 21 a 24 de maio por iniciativa do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, propôs-se a enfrentar com serenidade mas abertamente as quaestiones disputatae que há séculos são motivo de divisão entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas a respeito da função do bispo de Roma como sucessor de Pedro. O projeto do congresso foi exposto pelo próprio cardeal Walter Kasper em novembro de 2001, na reunião plenária do Dicastério vaticano para as relações ecumênicas que ele preside.
Na encíclica Ut unum sint, de 1995, João Paulo II pediu a colaboração de pastores e teólogos para “encontrar uma forma de exercício do Primado que, mesmo não renunciando de modo algum ao essencial de sua missão, abra-se a uma situação nova”. Já a Congregação para a Doutrina da Fé, em dezembro de 1996, promoveu um Simpósio com a intenção de identificar os elementos da doutrina católica sobre o primado do sucessor de Pedro considerados irrenunciáveis. Mas da sessão de estudos convocada pelo ex-Santo Ofício participaram apenas conferencistas católicos. A originalidade do Simpósio realizado em Roma no final de maio foi dar a responsabilidade pelas conferências a acadêmicos e eclesiásticos ortodoxos, capazes de documentar o ponto de vista das Igrejas orientais sobre a questão que de fato representa a principal pedra de tropeço ao reconhecimento da plena unidade de fé entre Igrejas irmãs.
ý programação articulava-se em torno dos passos iniciais da constituição do Primado como ministério da unidade da Igreja: seu “ato de fundação” delineado no Novo Testamento; sua recepção junto aos Padres gregos e latinos; sua definição nos primeiros sete Concílios ecumênicos, celebrados pela Igreja indivisa. Na última sessão, o Simpósio examinaria a jurisdição direta do Pontífice sobre toda a Igreja, tal como é definida pelo Concílio Vaticano I. Para cada um desses núcleos temáticos estavam previstas duas conferências em paralelo, uma proferida por ortodoxos e uma por católicos.
Entre os conferencistas católicos figuraram dom Joachim Gnilka, o professor Vittorio Peri, o agostiniano Vittorino Grossi e dom Hermann Josef Pottmeyer, membro da Comissão Teológica Internacional. Do lado ortodoxo, as conferências foram proferidas pelo professor Theodoros Stylianopoulos, pelo grego Vlassios Pheidás, pelo romeno Nicolae Dura e por Johannes Zizioulas, metropolita de Pérgamo, um dos teólogos mais reconhecidos da Ortodoxia. Dada a inspiração “vaticana” do Simpósio e a presença, entre os congressistas, de representantes enviados por diversas Igrejas Ortodoxas, é fácil intuir o quanto a iniciativa superou os limites do debate puramente acadêmico e serviu para experimentar o terreno para um futuro possível diálogo oficial entre Igreja Católica e Igrejas Ortodoxas sobre o tema decisivo da função do bispo de Roma.
G. V.

Revista 30Dias (Extraído do número 05 - 2003)

EM MARIA, A PALAVRA SE FEZ CARNE

Champagnat.org
Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

Em Maria, a Palavra se fez carne

Maio é considerado o mês das flores. Mesmo que, em algumas regiões, os sinais do outono tornam-se evidentes, consequentemente diminuem a exuberância das cores da natureza e suas flores.

Uma das razões para destacar o mês das flores é mês de Maria, a mãe de Jesus, o mês das mães. São tantas flores ofertadas às mães e a Nossa Senhora!

Com ternura e amabilidade o anjo Gabriel aproxima-se de Maria e comunica a notícia mais fantástica que uma jovenzinha poderia esperar, o anúncio de ser mãe, mãe do filho de Deus. É extraordinária essa notícia. Maria reluta, mas dialoga, e acolhe o anúncio sem grandes explicações. Santo Agostinho, no Sermão 215,4, diz: “após essas palavras do anjo, ela, cheia de fé, concebendo a Cristo em sua mente antes do que em seu seio, disse: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Eis a forma do comunicado do anjo para ela ser a mãe do redentor e encoraja, “não tenhas medo, conceberás pela obra do Espírito Santo”.

Santo Agostinho continua: “Por certo, a santa Virgem Maria fez totalmente a vontade do Pai, e por isso mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que a mãe de Cristo. Maior felicidade para ela ter sido discípula do que mãe. E, assim, esta é uma bem-aventurada, porque antes de dar à luz o Mestre ela já trazia em seu espírito” (Do Sermão 72 A. 7). Nestas palavras, Santo Agostinho destaca a grandeza de Maria para a Igreja. A devoção mariana justifica a espetacular devoção que enriquece a fé no Cristo Ressuscitado.

O mistério da encarnação de Jesus é a confirmação da presença criativa, insistente de Deus que caminha no meio de seu povo. A percepção da presença do Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, contribui para a Igreja crescer no amor e na ternura.

Jesus, o Verbo que se fez carne, é a comunicação do projeto do Reino de Deus para converter o mundo. Para o dia mundial das Comunicações Sociais, o Papa Francisco dá o tom da comunicação, “Vem e verás” (Jo 1, 46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. Como Maria, digamos sim à verdade e construamos a harmonia nas famílias e na sociedade, comunicando sempre a justiça.

Na Assembleia Geral da CNBB, em plataforma on-line, nos dias 12 a 16 de abril de 2021, o Tema central foi “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”. Diz o texto de estudos: “A imagem da Escritura como fonte da evangelização é de grande força evocativa. Se faltar a fonte, a água não jorra; a vida desfalece. Sem água a harmonia da criação se rompe. Ao propor-se à Animação Bíblica da Vida e da Pastoral, a Igreja no Brasil não busca nenhuma novidade. No entanto, reconhece que se quiser evangelizar com alma, com paixão, se deseja que a fonte da Palavra sempre jorre para seu povo, a Sagrada Escritura necessitará de um lugar central em tudo que projetar e fizer”.

Os inúmeros grupos de reflexão espalhadas no território da Arquidiocese são sinais de uma Igreja orante, que medita a Palavra de Deus na família e entre os vizinhos.

As comunidades espalhadas no território da Arquidiocese de Maringá, no mês dedicado a Maria, a mulher da fé, homenageiam a mãe, reconhecem que dela aprende-se os caminhos da fé, meditar sobre a Sagrada Escritura, crescer na espiritualidade, ser obediente a vontade de Deus.

Aproveitemos a oportunidade para fortalecer a fé através da Palavra de Deus, rezar e meditar em família. Como igreja doméstica peçamos a Maria, coragem e sensibilidade humana.

Que Jesus, Maria e José nos ajude a aliviar as dores de tantas famílias que perderam seus entes queridos, proteja os profissionais da saúde e tenham a força do ressuscitado na vida cotidiana.

CNBB

Por que a Igreja precisa de catequese e catequistas?

By Adam Jan Figel | Shutterstock
Por Márcio Leandro Fernandes, via Canção Nova

Catequese e catequistas são fundamentais na transmissão da fé.

A catequese é fundamental na transmissão da fé. Ela é “o conjunto de esforços empreendidos na Igreja para fazer discípulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus é o Filho de Deus” (Catecismo da Igreja Católica, n. 4). Na catequese, os catequistas formam os catequizandos no discipulado de Cristo, transmitindo a doutrina da Igreja Católica.

A catequese é necessária por ser “uma educação da fé das crianças, dos jovens e adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã” (CIC, 5). Não é apenas uma aquisição de teorias e conhecimentos, mas também momento privilegiado de experiência pessoal com Deus.

Catecismo da Igreja relaciona vários temas com a catequese, para que possamos entender sua importância e difundir, assim, a doutrina católica. Dentre algumas dessas temáticas, destaco duas: a catequese e a Sagrada Escritura. Essa relação acontece, porque a Bíblia é a base de toda catequese. É o lugar onde se encontra e conhece a Deus, que se revela em Jesus Cristo. Dessa forma, a Sagrada Escritura é o local de aprender a eminente ciência de Jesus Cristo (Fl 3,8), e nesta perspectiva, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo (Cf. CIC, 133). Assim, não se vive a dimensão catequética sem ter como fonte e base a Bíblia.

A catequese e o símbolo da fé

O símbolo da fé é a coletânea das principais verdades da fé. Ele é o ponto de referência da catequese (Cf. CIC, 188). Assim, é indispensável o conhecimento e uso do Catecismo da Igreja Católica para o aprofundamento da fé que a Igreja vive, professa e celebra. A catequese, com isso, pauta-se nesse horizonte, que deve estar intrinsecamente ligado ao símbolo da fé.

A necessidade dos catequistas

O catequista é necessário por ser um instrumento eficaz para ensinar o povo de Deus os conteúdos fundamentais da doutrina católica. Ele exerce o papel importante de transmitir a catequese nos seus respectivos conteúdos, métodos e estruturas, com a finalidade de falar e testemunhar Jesus Cristo ao catequizando.

O Catecismo nos ensina: “Aquele que é chamado a ensinar o Cristo deve, portanto, procurar, primeiro, esse ganho supereminente que é o conhecimento de Cristo (…), e conhecer o poder de Sua Ressurreição e a participação em seus sofrimentos” (CIC, 428). “É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciá-lo, de evangelizar e de levar outros ao sim da fé em Jesus Cristo” (CIC, 429).

Assim, o catequista deve empenhar-se no caminho do amor a Jesus Cristo, porque, por ter experimentado o Amor, agora ele anuncia Aquele que ama. Contudo, é elementar que o catequista testemunhe com a vida o que anuncia, para que seja eficaz cada palavra e gesto na catequese.

Portanto, o papel da catequese e dos catequistas é importantíssimo na Igreja. Papa Francisco, em uma mensagem nos dias 11 e 14 julho de 2017, disse aos catequistas: “Quanto mais Jesus ocupa o centro da nossa vida, tanto mais nos faz sair de nós mesmos, descentra-nos e nos aproxima dos outros”.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF