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sábado, 15 de maio de 2021

Sacerdote de Mianmar: o Papa está conosco e com todos que sofrem injustiça

Católicos recebem o Papa Francisco em Mianmar em 2017

No domingo 16 de maio o Papa Francisco celebrará uma missa na Basilica Vaticana com a comunidade birmanesa que reside em Roma. Padre Maurice Moe Aung dos Missionários da Fé, pede solidariedade e responsabilidade a todos os que têm no coração o destino de um país onde a estabilidade política, social e econômica ainda está longe.

Antonella Palermo – Vatican News

Quando - na entrevista que concede ao Vatican News - a palavra "ditadura" tem que ser pronunciada, sua voz fica embargada. Seu coração e pensamentos estão constantemente ligados ao seu país natal, Mianmar, onde, segundo os dados mais recentes, 5% da população é cristã, cerca de 700.000 são católicos. Padre Maurice Moe Aung é um padre católico birmanês da Congregação dos Missionários da Fé. Deixou seu país há trinta anos para estudar filosofia e teologia em Roma, depois voltou para Mianmar e nos últimos anos retornou à Itália onde é vigário paroquial da Igreja Mãe da Divina Graça em Ponte Galeria, Roma. Nascido no Estado de Kayah, na fronteira com a Tailândia, ele conheceu o trabalho do PIME, que deu muito impulso à evangelização no país asiático.

Antes dos preparativos para a Missa a ser presidida pelo Papa Francisco para os fiéis católicos residentes em Roma no dia 16 de maio, a comunidade dos que emigraram de Mianmar se redescobriu mais unida, relata o padre. "Os birmaneses na Itália são principalmente estudantes. As comunidades religiosas são numerosas e depois há os leigos que trabalham", ele aponta. E esclarece: "O sudeste asiático tem sofrido muito. Camboja, Vietnã, Mianmar. Não podemos mais esperar. O mundo deve nos ajudar, com determinação".

Entrevista

Que lembranças o senhor tem de seu país?

R. - Todos amam seu país: suas origens, seus costumes, a paisagem. Minha família é católica. Entretanto, há situações, como acontece em outros países - em alguns países da América Latina, no Vietnã, na China - em que se tenta sobreviver o melhor que se pode. Felizmente, consegui sair e me tornar um sacerdote.

O senhor se sentia sufocado em sua realização como cidadão e em sua vocação para a vida consagrada?

R. - Não apenas eu. Penso em muitos outros jovens que já viveram isso...

Existe algum episódio, em particular, que ainda constitua uma ferida difícil de sarar mesmo de longe e à distância do tempo?

R. - Toda a vida, toda a vida... Desde que éramos crianças. Talvez alguém diga que não é acreditável, "deve ser uma invenção sua"..., mas eu lhe asseguro que é tudo verdade. Um dia, por exemplo, lembro que os militares chegaram em nossa paróquia. Eles usaram nosso telefone sem nenhum respeito, como se fossem os proprietários da casa, para seus próprios fins. Teria muitos episódios a contar. A Igreja Católica sempre se empenhou sobretudo em obras sociais, mas muitas vezes, por exemplo, o trabalho de algumas paróquias foi perseguido, controlado, e as ajudas bloqueadas...

O que faz com que vocês sigam em frente, de qualquer modo?

R. - Antes de tudo a fé. Não há amor maior, como ouvimos na liturgia do domingo passado, do que dar a vida por seus amigos. A Igreja Católica está testemunhando a essência do Evangelho, o amor ao próximo, sem distinção de raça ou crença religiosa. Trabalhamos nos últimos anos desta forma, sem usar violência, e continuamos a fazer isso.

O que é liberdade para o senhor?

R. - Para mim, para nós, é um sonho. Continuamos a sonhar, continuamos a ter esperança. Liberdade é poder viver sua fé sem ter sempre que avaliar tantas outras coisas... Creio que seja para todos um desejo primário, o mais importante, na minha opinião.

O senhor lembra do estado de espírito que tinha quando deixou seu país pela primeira vez?

R. - Triste.

Agora não está aliviado?

R. - Não se consegue ficar aliviado. Para mim, sim, abriu-se uma luz. Mas penso nos meus companheiros, em tantos jovens que permaneceram naqueles anos... É uma triste lembrança.

Seus familiares?

R. - Minha família mora lá. Até alguns meses atrás as coisas estavam indo um pouco melhor, nos últimos dez anos pudemos viver um pouco mais livremente. Agora voltou esta situação difícil. É um pouco como reviver os anos do passado.

Mianmar seria um país rico se pensarmos em seus recursos naturais. Ao invés disso, existem grandes desigualdades. Como podem ser canceladas?

R. – Isso pode ser superado apenas com a democracia. Ultimamente, as coisas estavam melhorando, mas parece que as esperanças desapareceram.

O senhor tem confiança nas novas gerações? Acha que serão capazes de iniciar uma história virtuosa para o país?

R. - Sim, eu tenho fé nos jovens de hoje que estão muito mais atualizados e preparados do que os da minha geração. Eles sabem como se mover, no que se concentrar. Não tenho palavras para dizer o que eles estão fazendo, a julgar pelo que vejo.

Como a Igreja Católica coexiste com outras religiões e com os vários grupos étnicos que existem em Mianmar?

R. - Nunca tivemos grandes problemas com outras religiões. Nós colaboramos. Como cristão, sinto que posso dizer que não teremos muitos problemas a este respeito.

O senhor estava em Mianmar durante a visita do Papa Francisco ao país?

R. - Não, infelizmente. Eu estava aqui. Somos religiosos e, se não coincidir com o período de férias, não podemos nos deslocar. Eu não tinha possibilidade voltar ao país.

À distância, o que mais o impressionou na visita do Papa?

R. - Sua grande paternidade, sua ternura, sua humildade. O Papa conquistou os corações também dos budistas, dos muçulmanos graças à sua humildade.

O que a Igreja em Mianmar mais precisa?

R. - As coisas são escassas, vamos precisar de muita ajuda, especialmente para a educação. Nossas comunidades continuam a se dedicar à educação das crianças. Vamos precisar de ajuda material e moral. Acrescento que é importante que o mundo reconheça nossas dificuldades, de algum modo em Mianmar vivemos a mesma situação que outros países: por exemplo, Iraque, Síria, Líbia. Devo reconhecer que nos últimos meses tem-se falado muito. Também em nome do povo birmanês, acho que posso realmente agradecer-lhes. Também pelo apoio de vários governos.

Qual é o sinal da missa celebrada pelo Papa no Vaticano, marcada para o domingo 16 de maio para os fiéis birmaneses em Roma?

R. - É um grande sinal de esperança e de paz. Onde quer que ele tenha ido, sempre gerou paz, esperança, amor fraternal. Neste domingo não devemos pensar que somos os protagonistas, que é uma coisa estreita. O Santo Padre está conosco, com o povo birmanês, mas ele está com todos os povos que sofrem injustiça e guerra.

O senhor recorda alguma bela imagem que pertence à sua memória quando criança?

R. - Lembro-me de minha primeira confissão, com Dom Giovanni Battista, um missionário do PIME. Eu tremia muito, estava com muito medo. Ele tinha uma longa barba branca... Quando fui, porém, não encontrei um pequeno tribunal, como eu imaginava, com um juiz que te dá uma penitência. Eu encontrei o abraço de um pai, a ternura, a misericórdia de um pai. Isso ficou muito marcado em mim. Hoje, como sacerdote, quando me coloco à disposição para as confissões, tento fazer com que as pessoas sintam essa emoção, esse sentimento. Também hoje, como então, a confissão é fazer uma experiência de misericórdia do Pai.

No fundo é a necessidade de afeto inerente à alma de cada ser humano...

R. - Sim, com efeito. Lembro também que, quando estávamos lá, eram feitas procissões. Podíamos andar pelas ruas. Mesmo os budistas às vezes se ajoelham, não exatamente em adoração, mas como um sinal de respeito pela imagem de Nossa Senhora, respeito pelo Santíssimo Jesus. Eu era uma criança, era um acólito, não entendia muito, mas este profundo respeito permaneceu impresso em mim, apesar da situação política. Eu estudei em um mosteiro budista quando eu era criança, mas nunca sofri nenhuma discriminação. Lembro que minha família morava em uma localidade onde éramos os únicos católicos. E assim meu pai convidava pessoas de diferentes religiões para virem à nossa casa e rezávamos juntos. Era a segunda metade dos anos oitenta. Posso dizer que vivi uma juventude bastante pacífica, nesse aspecto.

O senhor sente que viveu ou sobreviveu?

R. - Eu vivi. Os outros não tiveram a chance que eu tive, e lamento muito por isso, porque eles teriam mais potencial para si mesmos, para o país, muito mais do que eu.

Qual é o seu desejo para o seu país?

R. - De grande paz. De harmonia entre os vários grupos étnicos, isso... unidade nacional, o amor.

Vatican News

Santa Dionísia

Santa Dionísia (A12)
15 de maio
Santa Dionísia

Dionísia foi uma das muitas vítimas cristãs das perseguições romanas dos primeiros séculos. Nasceu na Anatólia, Turquia, em 234. Na época o imperador Décio, intolerante ao Cristianismo, fazia muitos mártires tendo mandado matar o Papa Fabiano. Na Ásia Menor, seu procônsul Ottimo seguia diligentemente as suas ordens.

Assim prendeu os irmãos André e Paulo, e os amigos Pedro e Nicômaco, torturando-os para que negassem o Cristo. Dionísia acompanhou de perto a prisão deles, e pôde presenciar a apostasia de um só deles; Nicômaco: este, liberto, e a ponto de sacrificar aos deuses pagãos como lhe fora exigido, caiu subitamente no chão, tomado por convulsões, e morreu. A isto, ela chorou, comentando que ele perdera a vida eterna por alguns poucos momentos de vida terrena...

Quando presa foi levada ao tribunal e declarou-se cristã, e diante da ameaça de Ottimo respondeu que o seu Deus era muito mais poderoso do que o dele. Era uma donzela de 16 anos, e o procônsul a entregou à soldadesca para ser violentada. Mas os legionários, miraculosamente, permaneceram estáticos, impedidos de tocá-la.

Chegou o momento em que André e Paulo foram retirados da prisão para serem mortos na arena. Dionísia conseguiu escapar da sua própria cela e, juntando-se a eles, teria dito: “Eu partilhei os vossos sofrimentos no coração, por isso poderei partilhar a vossa glória no Céu.” Os soldados romanos a decapitaram. O martírio de Dionísia, Pedro, Paulo e André aconteceu em Lâmpsaco, no Helesponto, atual Turquia, aos 15 de maio de 250.

 Entre as relíquias de Dionísia, conserva-se uma jarra contendo o seu sangue cristalizado, na igreja da Abadia de Flône, Bélgica.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Impressiona sempre a firmeza dos primeiros mártires católicos, sobretudo porque incluíam não apenas varões, mas crianças, idosos, mulheres e jovens, cuja fragilidade e impossibilidade de defesa deveria antes enternecer os corações dos algozes, e que a covardia dos que perseguem a Deus parece que, ao contrário, estimulavam na maldade. Esta coragem e tão firme convicção na recompensa do Paraíso seriam a atitude esperada também para nós… e contudo não é difícil ficarmos abatidos com a perseguição verbal e moral, muitas vezes a ponto de não termos reagirmos adequadamente. Mas, como esclareceu Santa Dionísia diante do procônsul, nosso Deus é de fato mais poderoso. Diante da ameaça de morte por causa da Fé, seríamos como ela ou Nicômaco? Por mais alguns momentos nesta vida terrena e inevitavelmente passageira, perder a vida eterna! Várias outras santas, como por exemplo Joana d’Arc, viram sua castidade ameaçada, e foram miraculosamente resguardadas. Não é pequeno o valor que Deus dá à pureza e castidade. Que contraste para com os nossos tempos, de imoralidade e depravação exacerbadas e exaltadas, aceitas e incentivadas, inclusive para com a infância. Na medida em que Deus valoriza e preserva a pureza, assim será a gravidade da Sua punição por estes pecados. Aos católicos, além da rejeição a estas perversidades em todos os âmbitos, espera-se – Deus mais do que todos – um vestuário e comportamento decente. Como educar os filhos na castidade, se nas igrejas, diante do Santíssimo, vê-se mulheres católicas com roupas indecentes, e homens de chinelos e bermuda, como num boteco? Serão todos tão pobres que não podem usar roupas minimamente dignas?

Oração:

Senhor Deus, de bondade mas também de infinito poder, concedei-nos por intercessão de Santa Dionísia e seus companheiros mártires a alegria de partilhar corajosamente os Vossos sofrimentos nesta Terra, para podermos também partilhar da Vossa Glória no Céu, cristalizando o nosso sangue junto ao do Redentor, de modo a que se tornem, por Vossa graça e amor infinitos, inseparáveis nos trabalhos e na recompensa. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Mark Wahlberg e Mel Gibson filmam história de boxeador que virou padre

Mark Wahlberg (à esquerda) e Mel Gibson
(à direita) / Crédito: Caroline Bonarde -
Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0) e Georges Biard -
Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0)

HOLLYWOOD, 13 mai. 21 / 03:51 pm (ACI).- Os atores Mark Wahlberg e Mel Gibson começaram a gravar um filme biográfico sobre Stuart Long, um ex-boxeador que se descrevia como “anticristão por excelência”, mas que depois de um grave acidente se converteu ao catolicismo e foi ordenado sacerdote.

Padre Long morreu de uma doença muscular degenerativa aos 50 anos, em 9 de junho de 2014, no Big Sky Care Center de Helena, capital do estado de Montana, EUA.

Segundo The Hollywood Reporter, o filme “Father Stu” (Padre Stu), como era conhecido Stuart Long, está nos projetos de Wahlberg há pelo menos seis anos.

“Wahlberg contratou Mel Gibson e a roteirista e diretora Rosalind Ross, parceira de longa data de Gibson, para o filme biográfico intitulado Father Stu. Ross escreveu o roteiro e fará sua estreia como diretora de longas-metragens, com Wahlberg interpretando o padre. Gibson interpretaria o pai de Long, e Teresa Ruiz, uma das estrelas de ‘Narcos: Mexico’, embarcou para interpretar sua namorada”, informou The Hollywood Reporter.

A produção do filme teve início em meados de abril de 2021, em Los Angeles.

vida do Padre Stu

Stuart Long nasceu em Seattle, em 26 de julho de 1963. Quando ainda era criança, a família se mudou para Helena, a cidade natal de seus pais, Bill e Kathleen Long.

Long começou sua educação primária na Central School em Helena e se formou na Capital High School, em 1981. Começou sua vida universitária no Carroll College em Helena, onde se tornou um atleta completo. Jogava futebol americano, treinava luta livre e ganhou o título de peso pesado na competição de boxe das Luvas de Ouro de 1985 para Montana.

Em 1986, Long se formou em literatura e redação inglesa no Carroll College.

Embora tivesse decidido lutar boxe profissionalmente, uma cirurgia reconstrutiva da mandíbula interrompeu seus planos. Por sugestão de sua mãe, mudou-se para Los Angeles com a intenção de se dedicar ao teatro, outra de suas paixões. Desiludido, long foi trabalhar no Museu Norton Simon em Pasadena, do qual se tornou gerente, cargo que ocupou por sete anos.

Apesar de ter estudado em uma faculdade católica, Stuart Long não era crente e até se descreveu como o "anticristão por excelência", o que o levou a entrar em conflito com padres e colegas.

Em 1994, Long sofreu um acidente de motocicleta, no qual foi atropelado por dois carros. Ao se salvar da morte, ele começou a descobrir sua fé e foi batizado como católico no mesmo ano 1994.

Stuart Long sentiu a vocação ao sacerdócio assim que foi batizado. Para testá-la, deixou o museu em 1998 e lecionou por três anos em uma escola católica em Mission Hills, Califórnia. Depois, passou a servir com os frades capuchinhos na cidade de Nova York, trabalhando em alguns dos bairros mais pobres da cidade.

Os frades o enviaram à Universidade Franciscana de Steubenville, Ohio, para estudar Filosofia. Depois de obter seu mestrado em Filosofia, recebeu sua formação sacerdotal para a diocese de Helena em Mount Angel Seminary, em Oregon. Foi ordenado sacerdote em 14 de dezembro de 2007, na catedral de Santa Elena.

Stuart Long caminhava com a ajuda de muletas durante sua ordenação, pois havia sido diagnosticado com miosite por corpos de inclusão, uma doença autoimune extremamente rara que mimetiza os sintomas de ELA (doença de Lou Gehrig) para a qual não há cura.

De acordo com seus amigos, ele descobriu seu grande amor servindo como sacerdote, administrando os sacramentos e aconselhando os fiéis.

Em 2010, a diocese o levou para casa em Helena, onde o padre Stu começou uma nova vida e ministério no Big Sky Care Center, agora usando uma cadeira de rodas elétrica.

O padre Stu fez trabalhos de caridade nas paróquias de Helena, aceitando de boa vontade a dor e a fraqueza que sentia. Celebrava missa regularmente na paróquia de Santa Maria e no Big Sky Care Center, além de viajar para onde pediam.

Uma vez ele comentou que sua doença foi a melhor coisa que lhe aconteceu, porque lhe permitiu deixar de lado o orgulho que havia sentido durante a maior parte de sua vida.

ACI Digital

O ROSTO

Dom Jaime Spengler | Arcebispo de Porto Alegre
Por Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

O momento atual favorece o atiçamento de ódios e a disseminação de preconceitos e crendices. Tal situação está ancorada na tendência de setores da sociedade em negar a importância do rosto.

Não se pode, porém esquecer que nos reconhecemos contemplando o próprio rosto e o rosto do outro. O rosto alheio informa sobre o rosto do outro, mas também sobre nós mesmos.

Num tempo em que somos exortados a cobrir o rosto com uma máscara, corre-se o risco de habituar-se a caminhar isolados uns dos outros, sem reconhecer-se na própria identidade. Vale recordar que antigamente era proibido por lei cobrir o rosto em público; agora somos proibidos de descobri-lo.

Contudo, somos convidados a nos colocar em movimento, a estar com as pessoas, ouvi-las, colher sugestões que a realidade oferece para melhor reconhecer a nós e aos demais.

Sabemos que notícias, informações e imagens podem, por infinitas motivações, ser facilmente manipuláveis. Não se trata de demonizar o instrumental usado para tanto, mas tornar presente a necessidade de resgatar o lugar da verdade e a dignidade de todos os envolvidos, pois, em jogo, está sempre uma identidade, um rosto.

O rosto do outro me interpela. Por isso, não se pode ignorar as situações cotidianas envolvendo pessoas, possuidoras de uma identidade, de rosto. Ir ao encontro do outro, ver e deixar-se ver para então compartilhar o encontrado e o visto, é algo decisivo para o convívio social sadio e harmonioso.

Os elementos oferecidos pelo tempo presente e a inspiração cristã que caracteriza a cultura ocidental, nos impulsionam a resgatar a dignidade e a nobreza do rosto humano, e sua importância, por exemplo, para a comunicação no convívio social.

A experiência cristã pode ser descrita como uma história de encontros, de rostos que convergem, marcados pelo desejo de comunicar.

Há dois milênios uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. Comunicar esperança e amor nestes tempos complexos é o desafio de todos os batizados. Amor e esperança também se transmite com o olhar. Se devemos neste tempo cobrir o rosto com uma máscara, permitamos ser contagiados pelo desejo de nos olharmos nos olhos!

CNBB

4 maneiras de aumentar a presença do Espírito Santo em você

Kichigin | Shutterstock

São quatro atitudes simples que nos ajudam a entender o verdadeiro objetivo da vida cristã.

Um dia, os apóstolos pediram a Jesus: “Senhor, aumenta a nossa fé”. E Jesus respondeu-lhes usando a imagem do grão de mostarda. Nós também podemos ser tentados a pedir uma medida maior do Espírito Santo para poder realizar grandes coisas, mas lembremo-nos primeiro, que o Espírito Santo é uma das três pessoas da Trindade, embora se expresse sem rosto pessoal. Quando o Espírito Santo é dado, é dado pessoalmente, sem medida e completamente. É um dom radical e plenário, reflexo eficaz do amor absoluto do Pai e do Filho.

A questão está mais do lado da área em que o Espírito Santo quer atuar, neste caso nossas vidas. Para falar de sua vinda em nós, mais do que presença, a tradição fala da sala. Embora, como São Paulo, sejamos capazes de dizer: “Já não vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2,20), não devemos nunca deixar de nos maravilhar com esta grande realidade. Fomos capazes de suportar a presença sobrenatural de Deus nas profundezas do nosso ser, o que autoriza Santo Agostinho a dizer: “Pergunta ao teu coração, se tu sabes que tens caridade, tens o Espírito Santo”.

1. Termos a certeza que nossa alma está disponível para receber o Espírito Santo

Em primeiro lugar, devemos cuidar da morada do Espírito Santo, pois Ele quer fazer-se “doce hóspede das nossas almas”, retomando as palavras da sequência do Pentecostes. A hotelaria que constitui a nossa alma está disposta a acolher este Hóspede que bate à sua porta? Porque se nos tornarmos bons anfitriões de nossas almas, prontos para receber este Convidado que é o Espírito Santo, então esta vinda transformará nossas vidas e nos tornaremos santos.

2. Reconhecer a desordem do pecado em nossa vida, pedir o perdão de Deus

Arrumar a hotelaria, torná-la agradável com um cheiro bom, confortável, tanto que dá vontade de ficar aí, tudo isso requer a nossa colaboração. Colocar a hotelaria em ordem significa reconhecer a desordem do pecado em nossa vida, pedir o perdão de Deus.

3. Viver atos de caridade e de benevolência

É isso que torna nossa alma mais agradável. Ficar pronto para abrir a porta não é possível se nos dispersarmos sem parar.

4. Não esquecer de rezar todos os dias

O treino diário da oração ajuda a estar pronto, a oração na qual clamamos a Deus: “Vem, vem a nós, consolador soberano!”. O que temos que aumentar é nosso desejo de recebê-lo e nossa capacidade de reconhecer seus passos e ouvi-lo bater à porta de nossa alma. São Serafim de Sarov, aquele grande místico russo, fala desse desejo do Espírito como de uma conquista: “O verdadeiro objetivo de nossa vida cristã é adquirir este Espírito de Deus; enquanto a oração, as vigílias, o jejum, a esmola e outras ações virtuosas, feitas em Nome de Jesus Cristo, são apenas meios para adquiri-lo. O Espírito Santo deseja atuar em cada pessoa de boa vontade que deseja fazer de sua alma uma agradável morada para a vida sobrenatural de Deus. Dê um espaço ao Espírito, sua alegria será imensa. 

Aleteia

O Papa: "Sem natalidade não há futuro. Uma sociedade que não acolhe a vida deixa de viver"

O Papa Francisco durante a abertura dos Estados Gerais da Natalidade
Vatican News

O Pontífice abriu os trabalhos dos Estados Gerais da Natalidade, promovido pelo Fórum das Associações Familiares, junto com o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi. É triste ver mulheres no trabalho que escondem a barriga para não serem demitidas.

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

Por um lado, a "perplexidade devido à incerteza do trabalho", por outro, o "medo causado pelos custos cada vez menos sustentáveis para a criação dos filhos" e a "tristeza" para as mulheres "que no trabalho são desencorajadas a terem filhos ou têm que esconder a barriga". Tudo isso são "areias movediças que podem afundar uma sociedade" e contribuem para tornar ainda "mais frio e escuro" aquele inverno demográfico que agora é constante na Itália. O Papa Francisco abriu os trabalhos dos Estados Gerais da Natalidade, encontro promovido pelo Fórum das Associações Familiares no Auditório da Conciliação e dedicado ao destino demográfico da Itália e do mundo.

Presente o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi

O Pontífice chegou pontualmente por volta das 9h ao Auditório de Santa Cecília situado a poucos passos da Praça São Pedro, seguido pelo primeiro-ministro, Mario Draghi. No palco estavam oito crianças que o acompanharam durante todo o encontro. Na primeira fila, a prefeita de Roma, Virginia Raggi, o presidente da Região do Lazio, Nicola Zingaretti, e o embaixador italiano junto à Santa Sé, Pietro Sebastiani. O presidente do Fórum das Associações Familiares, Gigi De Paolo, abriu o encontro e Draghi interveio imediatamente, iniciando a série de discursos dos convidados a três mesas temáticas: representantes de bancos, empresas, seguradoras, mídia e esporte, todos reunidos para um debate sobre o tema da natalidade num país que, em 2020, houve uma redução de 30% dos nascimentos.

O Papa acaricia e abençoa as crianças que o acompanharam no palco dos Estados Gerais

Metade dos jovens acredita que terá apenas dois filhos

É precisamente esta tendência que precisa ser "revertida" para "colocar a Itália novamente em movimento a partir da vida, a partir do ser humano", disse o Papa Francisco no início de seu discurso, no qual ele dirige seu pensamento sobretudo aos jovens cujos sonhos foram desfeitos no gelo deste inverno rigoroso, desanimados a tal ponto que "a metade acredita que conseguirá ter apenas dois filhos em sua vida".

"A Itália está assim há anos com o menor número de nascimentos na Europa", observou o Pontífice, "no que está se tornando o Velho Continente não mais por causa de sua história gloriosa, mas por causa de sua idade avançada".

Todos os anos é como se uma cidade de mais de duzentos mil habitantes desaparecesse. Em 2020, houve o menor número de nascimentos desde a unidade nacional: não apenas por causa da Covid, mas por uma tendência contínua e progressiva de queda, um inverno cada vez mais rigoroso.

https://youtu.be/q3Vq8UIiKfQ

Pais divididos entre casa e trabalho, avós salva-vidas

O Papa citou o presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, quando reiterou que "as famílias não são o tecido conjuntivo da Itália, as famílias são a Itália". Ele então voltou seu olhar para a realidade das muitas famílias que nestes meses de pandemia "tiveram que trabalhar horas extras, dividindo a casa entre trabalho e escola, com pais agiram como professores, técnicos de informática, operários e psicólogos". Sem esquecer os "sacrifícios" exigidos aos avós, "verdadeiros botes salva-vidas para as famílias", bem como "memória que nos abre para o futuro".

“Para que o futuro seja bom, é necessário cuidar das famílias, particularmente das famílias jovens, atormentadas por preocupações que correm o risco de paralisar seus projetos de vida.”

Triste ver mulheres obrigadas a esconderem a barriga no trabalho

Falando de paralisia, o Papa criticou a situação em que tantas mulheres se encontram no local de trabalho, com medo de que uma gravidez possa resultar em demissão, a ponto de chegar a esconder a barriga.

Como é possível que uma mulher se sinta envergonhada pelo presente mais bonito que a vida pode oferecer? Não a mulher, mas a sociedade deveria se envergonhar, porque uma sociedade que não acolhe a vida deixa de viver. Os filhos são a esperança que faz um povo renascer"!

O Papa Francisco saúda os relatores dos Estados Gerais

Agradecimento pelo subsídio único

O Bispo de Roma agradeceu a aprovação do subsídio único para cada filho. A esperança é que "este subsídio vá ao encontro das necessidades concretas das famílias, que tantos sacrifícios fizeram e estão fazendo, e marque o início das reformas sociais que colocam os filhos e as famílias no centro".

Se as famílias não estiverem no centro do presente, não haverá futuro; mas se as famílias recomeçam, tudo recomeça.

A primazia do dom

O cenário é difícil e o futuro incerto, mas o Papa Francisco vê uma "primavera" no horizonte. Para alcançá-la, ele oferece três "pensamentos". Primeiramente, o "dom":

“Cada dom é recebido, e a vida é o primeiro presente que cada um recebeu... Somos chamados a transmiti-lo". Um filho é o maior presente para todos e vem em primeiro lugar.”

"A falta de filhos, que causa o envelhecimento da população, afirma implicitamente que tudo termina conosco, que somente os nossos interesses individuais contam". A "primazia do dom" tem sido esquecida, especialmente nas sociedades mais abastadas e consumistas. "Na verdade, vemos que onde há mais coisas, muitas vezes há mais indiferença e menos solidariedade, mais fechamento e menos generosidade".

Sustentabilidade geracional

O segundo pensamento é a sustentabilidade. A sustentabilidade econômica, tecnológica e ambiental, é claro, mas também a "sustentabilidade geracional". "Não poderemos alimentar a produção e proteger o meio ambiente se não estivermos atentos às famílias e aos filhos. O crescimento sustentável vem daqui", disse o Papa Francisco, mas é sobretudo a história que nos ensina isto com a reconstrução do pós-guerra. "Não houve reinício sem uma explosão de nascimentos". E ainda hoje, na "situação de reinício" em que nos encontramos por causa da pandemia, "não podemos seguir modelos de crescimento míopes, como se para nos prepararmos para o amanhã fossem necessários apenas alguns ajustes apressados". Não, os números dramáticos dos nascimentos e os números assustadores da pandemia exigem mudança e responsabilidade".

Na escola amadurecem "rostos", não "notas"

O Papa questionou a escola que "não pode ser uma fábrica de noções a serem derramadas sobre indivíduos", mas sim "um momento privilegiado de encontro e crescimento humano". Na escola, não são apenas "notas", mas "rostos" que amadurecem, porque "para os jovens é essencial entrar em contato com modelos elevados, que formam tanto corações quanto mentes".

É triste ver modelos que só se preocupam em aparecer, sempre bonitos, jovens e em forma. Os jovens não crescem graças aos fogos de artifício da aparência, eles amadurecem se atraídos por aqueles que têm a coragem de perseguir grandes sonhos, de sacrificar-se pelos outros, de fazer o bem ao mundo em que vivemos. E manter-se jovem não vem de fazer selfie e retoques, mas de ser capaz de refletir-se um dia nos olhos dos filhos.

De fato, às vezes, "se passa a mensagem de que realizar-se significa ganhar dinheiro e ter sucesso, enquanto os filhos parecem quase uma distração, que não deve dificultar as aspirações pessoais". Esta mentalidade é, segundo Francisco, "uma gangrena para a sociedade e torna o futuro insustentável".

Solidariedade estrutural

A terceira palavra é "solidariedade". Uma solidariedade "estrutural", ou seja, não ligada à emergência, mas estável para as estruturas de apoio às famílias e de ajuda aos nascimentos.

Em primeiro lugar, são necessárias políticas familiares abrangentes e clarividentes: não baseadas na busca de consenso imediato, mas no crescimento do bem comum a longo prazo. Aqui está a diferença entre administrar os assuntos públicos e ser bons políticos. É urgente oferecer aos jovens garantia de emprego suficientemente estável, segurança para a casa e incentivo para não deixar o país.

Economia, empresas que promovem vidas e não apenas lucros

Esta tarefa também diz respeito à economia: "Como seria bonito ver um aumento no número de empresários e empresas que, além de produzir lucros, promovem vidas, que estão atentos a nunca explorar as pessoas com condições e horários insustentáveis, que chegam ao ponto de distribuir parte dos lucros aos trabalhadores, na ótica de contribuir para um desenvolvimento impagável, o das famílias", exclamou o Papa. "É um desafio não só para a Itália, mas para tantos países, muitas vezes ricos em recursos, mas pobres em esperança".

Formar informando: uma informação "formato família”

A solidariedade também é declinada no campo da informação, especialmente hoje, quando "as últimas tendências e palavras fortes estão na moda". Por outro lado, o critério "para formar informando não é a audiência, não a polêmica, mas o crescimento humano". Em outras palavras, o que é necessário é "uma informação em formato família", onde se fala dos outros "com respeito e delicadeza, como se fossem seus próprios parentes", mas que, ao mesmo tempo, "traz à tona os interesses e tramas que prejudicam o bem comum, as manobras que giram em torno do dinheiro, sacrificando famílias e as pessoas".

"Sem natalidade não há futuro"

Em conclusão, uma palavra simples e sincera: "Obrigado". "Obrigado a cada um de vocês e a todos aqueles que acreditam na vida humana e no futuro." Às vezes vocês terão a sensação de gritar no deserto, de lutar contra moinhos de vento. Mas vão em frente, não desistam, porque é bonito sonhar o bem e construir o futuro. E sem natalidade não há futuro".

O Papa Francisco durante o encontro dos Estados Gerais

Vatican News

Papa Francisco: Ascensão nos convoca a ‘olhar além das coisas terrenas’

Papa Francisco no Vaticano. Foto: Vatican Media

VATICANO, 13 mai. 21 / 02:48 pm (ACI).- A Ascensão do Senhor nos convida a olhar "além das coisas terrenas" e nos lembra da missão que Cristo nos confiou na terra disse o papa Francisco, no dia 12 de maio, durante a Audiência Geral realizada no pátio de São Dâmaso, dentro do Vaticano, com a participação de cerca de 400 pessoas.

A solenidade da Ascensão é celebrada na Santa Sé na quinta-feira quarenta dias depois da Páscoa, o que, neste ano, caiu no dia 13 de maio. Em muitos lugares do mundo, porém, os bispos mudam a data ara o domingo seguinte.

A ascensão, disse Francisco “dirige nosso olhar para o alto, para além das coisas terrenas. Ao mesmo tempo, lembra-nos da missão que o Senhor nos confiou aqui na terra. Que o Espírito Santo nos guie no bom combate que devemos combater”, disse o papa na saudação aos fiéis de língua alemã.

O papa acrescentou que o mistério da Ascensão “juntamente com a efusão do Espírito no Pentecostes, imprime e transmite para sempre à missão da Igreja o seu delineamento mais íntimo: o de ser obra do Espírito Santo, e não consequência das nossas reflexões e intenções.” Portanto, concluiu, “esse é o traço que pode tornar fecunda a missão e preservá-la de qualquer suposta autossuficiência”.

Em 2020, o Santo Padre escreveu em uma mensagem que a Ascensão do Senhor “comemora a despedida de Jesus dos seus discípulos e deste mundo” e acrescentou que “antes de partir, Jesus disse aos seus discípulos que havia de lhes mandar o Espírito, o Consolador. E de igual modo deixou entregue ao Espírito também a obra apostólica da Igreja ao longo da história até ao seu retorno”.

ACI Digital

S. MIGUEL GARICOTS, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS SACERDOTES MISSIONÁRIOS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

S. Miguel Garicots | Vatican News
14 de maio

«Nada mais posso fazer a não ser admirar, adorar e amar a iniciativa da Providência divina. Oh, quanto é importante esta condição: ser pobres instrumentos!».

Miguel nasceu em Ibarre, entre as montanhas dos Pireneus, não muito distante da fronteira com a Espanha. Estudou pouco, porque, em sua família, havia outros quatro filhos, e faltava dinheiro. Por isso, foi obrigado a ser pastor de rebanho.
Enquanto pastoreava seu rebanho, detinha-se a conversar com outros pastores, sobre assuntos difíceis de se entender, inadequados para um jovem como ele. Tanto é verdade que ele foi, logo, denominado "doutorzinho". Mas, foi precisamente a partir das suas origens humildes e da sua família, rica apenas de coragem, que Miguel obteve a força de empreender o caminho para a santidade.

Quando o exemplo é tudo

A educação e o testemunho, que recebemos de nossos pais, quando ainda éramos crianças, não são tudo, mas muito. Seus pais, por exemplo, viviam uma fé tão autêntica, a ponto de os levar a "fugir" para os países Bascos, na Espanha – pouco distante da fronteira francesa - para se casar na igreja e batizar seus cinco filhos.
Além do mais, durante os anos de Terror da Revolução Francesa, a avó, correndo risco de vida, esconde e ajuda, em sua casa, um sacerdote, que, por reconhecimento, dava as primeiras lições a Miguel, que demonstrava uma inteligência excepcional.
Porém, ele não conseguiu fazer a Primeira Comunhão, antes dos 14 anos, que lhe foi motivo de grande tristeza.
Em 1819, finalmente, conseguiu entrar para o seminário em Dax. Recebeu o sacerdócio, em 1823, e, dois anos depois, foi enviado ao seminário de Bétharram, onde foi professor de filosofia e, por fim, realmente doutor.

A França após a Revolução

A época, em que Miguel viveu, era particularmente difícil para a Igreja na França. A Revolução havia destruído tudo: igrejas, obras religiosas, muitas Congregações desapareceram e não foram substituídas. Até no seio da própria Igreja havia sacerdotes chamados "constitucionalistas", - que juravam lealdade à nova Constituição imposta pelo Estado, - contrários aos ditos "refratários", que permaneceram fiéis ao Papa.
Naquele contexto dilacerado, o jovem Padre Miguel, que era confessor das Filhas da Cruz, entrou em contato com a vida religiosa, sendo confidente de muitos Bispos que se queixam da queixa de insubordinação de tantos padres; ele então decidiu adotar total obediência a seu próprio bispo como o princípio básico de sua missão. A semente é lançada.

O santo de "Aqui estou eu!"

Deixamos Michele em Betharram, no belo seminário às margens do Gave. Aqui ele leva uma existência atormentada e vê ao seu redor: sacerdotes despreparados e desorientados, tateando no escuro, em vez de trazer aos outros a luz da fé. Algo está amadurecendo dentro dele: ele entende isso em 1833, quando reúne o primeiro grupo de padres que voluntariamente assumem a missão de re-cristianizar o campo abandonado e educar os jovens. Essas são as duas atividades mais urgentes. Muitas são as adesões que ele recebe e, dois anos depois, nasce a nova família religiosa dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus - então conhecidos como sacerdotes de Bétharram - uma comunidade concebida para servir a Igreja e o clero, com voluntários para enviar para apoiar. do clero em seminários, paróquias e faculdades com o objetivo de revitalizar a fé. Logo, um grupo de padres partiu para uma missão na Argentina, onde a Igreja tem as mesmas necessidades. Mas também existem conflitos com o bispo, que gostaria de manter o trabalho dentro da diocese, enquanto Michele aspira ao reconhecimento pontifício, que ocorrerá somente em 1875, após sua morte.

Os últimos anos e morte

Mas há também bispos que consideram Michael muito atencioso, como o de Tarbes, que em 1858 o envia duas vezes para encontrar Bernadette Soubirous, que tem aparições regulares da Virgem Maria nas proximidades de Lourdes. Michele se torna um dos maiores apoiadores da pequena vidente e agora também sente o conforto da proximidade de Madonna. Enquanto isso, ele já está doente: em 1853, ele foi vítima de uma paralisia e depois venceu, mas a doença não o descansa e quase sempre o obriga a dormir por 9 anos, até que ele retorne à casa do pai em 1863. Seus padres, a essa altura, eles estão espalhados por toda a América do Sul. Pio XII proclamou-o santo em 1947.

Vatican News

São Matias, apóstolo

S. Matias | Editora Paulus
14 de maio

Matias é nome frequente entre os judeus e quer dizer “dom de Deus”. É o apóstolo que recebeu o dom do grande privilégio de ser agregado aos Doze, tomando o lugar vago deixado pela deserção de Judas Iscariotes. Sua eleição foi mediante sorteio, após a ascensão do Senhor, pela proposta de Simão Pedro, que em poucas palavras fixou os três requisitos para o ministério apostólico: pertencer aos que seguiam Jesus desde o começo, ser chamado e enviado: “É necessário, pois, que, destes homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado, haja um que se torne conosco testemunha de sua ressurreição”.

Matias esteve, portanto, constantemente próximo de Jesus desde o início até o fim de sua vida pública. Testemunha de Cristo e mais precisamente da sua ressurreição, pois a ressurreição do Salvador é a própria razão de ser do cristianismo. Matias, portanto, viveu com os onze o milagre da Páscoa e poderá com todo o direito anunciar Cristo ao mundo, como espectador da vida e da obra de Cristo “desde o batismo de João”. Também a segunda e a terceira condições, ser divinamente chamado e enviado, estão claramente expressas pela oração do colégio apostólico: “Senhor, tu que conheces o coração de todos, mostra qual destes dois escolheste”.

A eleição de Matias por sorteio pode causar-nos espanto. Tirar a sorte para conhecer a vontade divina é método muito conhecido na Sagrada Escritura. A própria divisão da Terra prometida foi mediante sorteio; e os apóstolos julgaram oportuna a conformidade com esse costume. Entre os dois candidatos propostos pela comunidade cristã, José filho de Sabá, cognominado o Justo, e Matias, a escolha caiu sobre o último. O novo apóstolo, cujo nome brilha na Escritura somente no instante da eleição, viveu com os onze a fulgurante experiência de Pentecostes antes de encaminhar-se, como os outros, pelo mundo afora a anunciar “a glória do Senhor”.

Nada se sabe de suas atividades apostólicas, nem se morreu mártir ou de morte natural, pois as narrações a seu respeito pertencem aos escritos apócrifos. À tradição da morte por decapitação com machado se liga o seu patrocínio especial aos açougueiros e carpinteiros. Sua festa celebrada por muito tempo a 24 de fevereiro, para evitar o período quaresmal, foi fixada pelo novo calendário a 14 de maio, data certamente mais próxima do dia da sua eleição.

Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.

https://www.paulus.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF