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domingo, 4 de junho de 2023

Deus e os jovens na geração Z

Shutterstock I BAZA Production

Por Francisco Borba Ribeiro Neto

As recentes mudanças indicam um aspecto importante tanto para a “nova evangelização” quanto para a educação dos jovens que já crescem em famílias cristãs. Veja aqui:

Os jovens estão se tornando menos religiosos? A resposta que encontramos para essa pergunta normalmente é “sim, estão”. Pelo menos, isso é o que estamos vendo na maioria do mundo cristão, seja predominantemente católico ou evangélico. Contudo, no mundo islâmico parece estar havendo o processo contrário… E em muitos países “mais ateus” também parece estar havendo um aumento da religiosidade entre os jovens.

Essas observações são o resultado da pesquisa internacional “Global Religion 2023“, realizada pela Ipsos, uma empresa de análise de mercados, sobre o tema das religiões na atualidade. Não se trata de uma pesquisa destinada a construir um quadro completo das religiões no mundo, mas principalmente voltada a indicar tendências, a partir da análise de alguns países considerados mais significativos.

A religião declarada

Um dos aspectos interessantes deste estudo foi comparar a filiação religiosa, em diferentes países, para as grandes gerações atuais definidas pela literatura especializada: os baby boomers (nascidos entre o final da Segunda Grande Guerra e o início dos anos ’60, quando houve uma explosão de natalidade no mundo); a geração X (nascida entre o início da década de ’60 e o a década de ’80, crescendo após o fracasso dos projetos utópicos de 1968); os millennials (nascidos entre os anos ’80 e ’90, que se formaram durante a derrocada do projeto cultural moderno e o advento da pós-modernidade) e a geração Z (nascida aproximadamente entre 1995 e 2010, a primeira a conviver integralmente com o nosso mundo digital). O outro foi analisar não só a religião declarada, mas também as práticas religiosas e a importância da fé para a vida das pessoas. As conclusões apresentadas no parágrafo inicial desse texto nasceram de uma comparação entre a primeira geração (os baby boomers, hoje com mais de 60 anos) e a última (a geração Z, hoje formada por jovens e adultos com menos de 30 anos).

Uma observação interessante dessa pesquisa, como dito no início, foi que a religiosidade das novas gerações tende a ser maior do que a dos mais velhos em países “mais ateus”. De modo geral, as religiões hegemônicas tendem a perder fiéis no período recente, enquanto as religiões minoritárias tendem a crescer numericamente. Sociólogos especializados no estudo das religiões já apontaram essa tendência em outros estudos. Com o aumento dos intercâmbios culturais e da autonomia dos indivíduos, novas opções religiosas se tornaram possíveis (inclusive a não fé, que também é uma opção religiosa), aumento o pluralismo e a diversidade religiosa. A fragmentação demográfica do cristianismo no Brasil, com cada vez mais confissões religiosas cristãs e a redução porcentual da população católica, é um exemplo característico.

A religião vivida

Contudo, um outro aspecto também pode ser observado: a redução do número de fiéis “por tradição”, aqueles que professam uma religião apenas porque seus pais a professavam e/ou porque é a mais comum na comunidade em que vive, enquanto cresce o número de fiéis “por conversão”, aqueles que encontraram um sentido em sua vida ao descobrirem Deus numa determinada religião. Se a perda de fieis pode ser considerada má notícia para as religiões, esse aumento de fieis convertidos é muito desejável. Deus, que nos ama, não se interessa por estar em nossos documentos, mas sim em nosso coração e em nosso modo de viver. No estudo da Ipsos observou-se, por exemplo, que em países como a Alemanha e a Suécia, onde a porcentagem de ateus é elevada, o número de jovens que dizem acreditar em Deus está aumentando na geração Z.

Essas mudanças indicam um aspecto importante tanto para a “nova evangelização” quanto para a educação dos jovens que já crescem em famílias cristãs. As tradições e os valores religiosos devem ser mantidos e cultivados, afinal, é também por eles que a fé é transmitida e alimentada, mas os jovens devem redescobrir a fé a partir de um encontro pessoal, de uma experiência religiosa renovada e própria de cada um. Podemos ter um grande evento com milhares de jovens comemorando a fé, como uma Jornada Mundial da Juventude ou um festival de música católica, mas são aqueles encontros que acontecem no coração de cada um deles de um modo particular que contam. Por isso, tanto o anúncio quanto a educação da fé têm que deixar espaço e valorizar a liberdade e as particularidades da experiência de cada um que se converte (ou que “se converte mais”, como deve acontecer com todos nós que já somos convertidos).

A grande contribuição dos movimentos e novas comunidades para a história recente da Igreja foi exatamente isso: apresentando o mesmo Fato cristão a partir de uma grande diversidade de carismas e modos de ser, permitiram que cada um encontrasse aquela modalidade mais adequada a seu coração e pudesse experimentar uma conversão objetiva, que implicava até em uma socialização específica, sem deixar de participar de uma única Igreja Católica.

Voltemos a nossa pergunta inicial: os jovens estão se tornando menos religiosos? Sem dúvida estão menos apegados às tradições religiosas de seus pais, mas o que se passa no coração de cada um de nós permanece um segredo confiado à nossa liberdade e à onisciência de Deus. Muitos que se diziam religiosos no passado talvez não fossem verdadeiramente. Hoje, esses jovens são mais sinceros consigo mesmos na questão religiosa – e isso pode ser um grande ganho quando se trata de encontrar de fato Aquele pelo qual o nosso coração anesia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Doze chaves para compreender o dogma da Santíssima Trindade

12 chaves sobre  Santíssima Trindade | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 04 Jun. 23 / 06:00 am (ACI).- Hoje, a Igreja celebra a solenidade litúrgica da Santíssima Trindade, mistério central da fé cristã. A seguir, apresentamos doze dados importantes que deve saber sobre esta celebração:

1. A palavra Trindade nasceu do latim

Provém da palavra “trinitas”, que significa “três” e “tríade”. O equivalente em grego é “triados”.

2. Foi utilizada pela primeira vez por Teófilo de Antioquia

O primeiro uso reconhecido do termo foi o dado por Teófilo de Antioquia por volta do ano 170 para expressar a união das três divinas pessoas em Deus.

Nos três primeiros dias que precedem a criação do sol e da lua, o Bispo vê imagens da Trindade: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria” (Segundo Livro a Autólico 15,3).

3. Trindade significa um só Deus e três pessoas distintas

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica assim: “A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho” (CCIC, 48).

4. A Trindade é o mistério central da fé cristã

Sim, e o Compêndio explica desta maneira: “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (CCIC, 44).

5. A Igreja definiu de forma infalível o dogma da Santíssima Trindade

O dogma da Trindade se definiu em duas etapas, no primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) e no primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.).

No Concílio de Niceia foi definida a divindade do Filho e se escreveu a parte do Credo que se ocupa Dele. Este Concílio foi convocado para fazer frente à heresia ariana, que afirmava que o Filho era um ser sobrenatural, mas não Deus.

No Concílio de Constantinopla foi definida a divindade do Espírito Santo. Este Concílio combateu uma heresia conhecida como macedonianismo (porque seus defensores eram da Macedônia), que negava a divindade do Espírito Santo.

6. A Trindade se sustenta na revelação divina deixada por Cristo

Só se pode provar a Trindade através da revelação divina que Jesus nos trouxe. Não se pode demonstrar pela razão natural ou unicamente a partir do Antigo Testamento. O CCIC explica:

“O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana? Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios” (CCIC, 45).

Embora o vocabulário utilizado para expressar a doutrina da Trindade tenha levado um tempo para se desenvolver, pode-se demonstrar os diferentes aspectos desta doutrina com as Sagradas Escrituras.

7. A Bíblia ensina que existe um só Deus

O Fato de que só haja um Deus se manifestou no Antigo Testamento. Por exemplo, o livro de Isaías disse:

“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim” (Is 43,10).

 “Eis o que diz o Senhor, o rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro e o último, não há outro Deus afora eu” (Is 44,6).

8. O Pai é proclamado como Deus inúmeras vezes no Novo Testamento

Por exemplo, nas cartas de São Paulo se narra o seguinte: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação (...)” (2Cor 1,3).

“Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos” (Ef 4,5-6).

9. A Bíblia também demonstra que o Filho é Deus

Isto é proclamado em várias partes do Novo Testamento, incluindo o começo do Evangelho de São João:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,1.14).

Também:

“Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,17-18).

10. O Espírito Santo é Deus e assim afirmam as Escrituras

No livro dos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo é retratado como uma pessoa divina que fala e à qual não se pode mentir:

“Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado” (At 13,2).

“Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus” (At 5,3-4).

11. A distinção de três Pessoas divinas é demonstrada com a Bíblia

A distinção das Pessoas se pode demonstrar, por exemplo, no fato de que Jesus fala ao seu Pai. Isso não teria sentido se fosse uma e a mesma pessoa.

“Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo” (Mt 11,25-27).

O fato de que Jesus não é a mesma pessoa que o Espírito Santo se revela quando Jesus – que esteve operando como Paráclito (em grego, Parakletos) dos discípulos – diz que vai orar ao Pai e que o Pai lhes dará “outro Paráclito”, que é o Espírito Santo. Isso mostra a distinção das três Pessoas: Jesus que ora; o Pai que envia; e o Espírito Santo que vem:

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).

12. O Filho procede do Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho

“É certamente de fé que o Filho procede do Pai por uma verdadeira geração. Segundo o Credo Niceno-Constantinopolitano, Ele é “gerado antes de todos os séculos”. Mas a procedência de uma Pessoa Divina, como o termo do ato pelo qual Deus conhece sua própria natureza é propriamente chamada geração” (Enciclopédia Católica).

O fato de que o Filho é gerado pelo Pai está indicado pelos nomes dessas Pessoas. A segunda pessoa da Trindade não seria um Filho se não tivesse sido gerado pela primeira pessoa da Trindade.

O fato de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho se reflete em outra declaração de Jesus:

“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).

Isso representa o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho (“que vos enviarei”). As funções exteriores das Pessoas da Trindade refletem suas relações mútuas entre si. Também se pode dizer que o Espírito Santo procede do Pai por meio do Filho.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa: o sinal da cruz é o abraço de Deus que jamais nos abandona

Papa: o sinal da cruz é o abraço de Deus | Vatican News

Na Solenidade da Santíssima Trindade, o Papa falou da "comunhão de amor" que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo numa única família na qual a Igreja deve se espelhar.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa rezou o Angelus com milhares de fiéis na Praça São Pedro neste Domingo em que a Igreja celebra a Solenidade da Santíssima Trindade.

O Evangelho é extraído do diálogo de Jesus com Nicodemos, membro do Sinédrio. Apaixonado pelo mistério de Deus, Nicodemos reconhece em Jesus um mestre divino e, sem que o vejam, vai falar com Ele. Jesus o ouve e lhe revela o coração do mistério, dizendo que Deus amou tão profundamente a humanidade a ponto de enviar o seu Filho ao mundo. Jesus, portanto, o Filho, nos fala do Pai e do seu amor imenso.

Francisco ressaltou a relação familiar de Pai e Filho. "É uma imagem familiar que, se pensarmos, desequilibra o nosso imaginário sobre Deus. A própria palavra 'Deus', com efeito, nos sugere uma realidade singular, majestosa e distante, enquanto ouvir falar de um Pai e de um Filho nos leva de volta para casa."

Para o Pontífice, podemos pensar Deus através da imagem de uma família reunida à mesa, onde se compartilha a vida, já que a mesa é ao mesmo tempo um altar, símbolo com o qual alguns ícones representam a Trindade.

“Mas não é somente uma imagem, é uma realidade! É realidade porque o Espírito Santo nos faz degustar a presença de Deus: presença próxima, compassiva e terna. O Espírito Santo faz conosco o mesmo que Jesus faz com Nicodemos: nos introduz no mistério do novo nascimento, nos revela o coração do Pai e nos torna partícipes da própria vida de Deus.”

Sinal da cruz: abraço de amor

O convite, portanto, explicou o Papa, é estar à mesa com Deus para compartilhar o seu amor. Isto é o que acontece em cada Missa, no altar do banquete eucarístico, onde Jesus se oferece ao Pai e se oferece por nós.

"Sim, irmãos e irmãs, o nosso Deus é comunhão de amor: assim Jesus nos revelou. E sabem como podemos fazer para recordá-lo? Com o gesto mais simples que aprendemos desde crianças: o sinal da cruz. Traçando a cruz sobre o nosso corpo nos recordamos quanto Deus nos amou, a ponto de dar a vida por nós; e repetimos a nós mesmos que o seu amor nos envolve completamente, de cima a baixo, da esquerda à direita, como um abraço que jamais nos abandona. E, ao mesmo tempo, nos comprometemos a testemunhar Deus-amor, criando comunhão em seu nome."

Amar de modo familiar

Antes de concluir, Francisco propôs algumas perguntas aos fiéis: Testemunhamos Deus-amor? Ou Deus-amor se tornou, por sua vez, um conceito, algo já conhecido, que não estimula e não provoca mais a vida? Se Deus é amor, as nossas comunidades o testemunham? Sabem amar? São famílias? Mantemos a porta sempre aberta, sabemos acolher a todos, ressalto todos, como irmãos e irmãs? Oferecemos a todos o alimento do perdão de Deus e o vinho da alegria evangélica? Respira-se uma atmosfera doméstica ou parecemos mais um escritório ou um lugar reservado onde entram somente os eleitos?

"Que Maria nos ajude a viver a Igreja como aquela casa em que se ama de modo familiar, a glória de Deus Pai e Filho e Espírito Santo", foi a exortação final do Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Você conhece a Igreja Católica?

Antoine Mekary | ALETEIA | #image_title

Por Julia A. Borges

A Igreja Católica congrega, além dos dogmas e cânones fundamentais, um conjunto significativo de conceitos, nomes e classificações. Conhecê-los e entendê-los é de grande valia.

Passados mais de dois mil anos de sua fundação, a Igreja Católica congrega, além dos dogmas e cânones fundamentais, um conjunto significativo de conceitos, nomes e classificações. Conhecê-los e entendê-los é de grande valia para todo o católico e principalmente para o leigo, que muitas vezes, o fundamento baseado na Santa Igreja costuma ser parco.

A organização hierárquica costuma passar desapercebida ao entendimento do fiel, tanto as nomenclaturas usadas para as estruturas físicas, como a ordenação dos cargos. Nada é por acaso, e sendo, como já referido, uma instituição milenar, os parâmetros usados são bastante sólidos, já que a pedra angular da qual tudo provém é Jesus Cristo.

Arcabouço

Portanto, a começar pelo arcabouço, tem-se de imediata as seguintes diferenças: 

  • Basílica – Igreja de grande porte, possuidora de relíquias de alguns santos,  e que possua grande influência sobre determinada região geográfica, além de possuir um acentuado caráter espiritual que exerce sobre religiosos e leigos de uma jurisdição eclesiástica. Um exemplo bem conhecido é a própria Basílica de São Pedro, no Vaticano.
  • Catedral – São as Igrejas “mães” das Dioceses, ou seja, a Igreja principal, que possui a liderança do Bispo, e esse exerce domínio sobre os párocos das igrejas de sua diocese,  repassando, com sua autoridade eclesiástica, as diretrizes firmadas pelo Papa. Vale ressaltar que esta palavra vem da expressão em Latim Eclesiástico ecclesia cathedralis, “a igreja onde um bispo tem assento”. Nas Catedrais costuma-se estar também a cripta, que é localizada na parte subterrânea da Igreja, onde são sepultados os bispos diocesanos que passaram pela diocese. A cripta normalmente é subterrânea e tem horários próprios para visitação. A cripta é sobretudo um local de oração e silêncio.  
  • Igreja – A igreja é o local da pregação dos ensinamentos de Jesus Cristo. É o organismo visível da união entre Deus e os homens. O termo “igreja” vem do latim ecclesia, que tem o sentido de “assembleia, reunião”. As catedrais e basílicas também são igrejas, mas nem toda igreja pode ser considerada uma catedral ou basílica. 
  • Capela – Templo que comporta, normalmente, só um altar, caracterizada pela sua modesta estrutura física, onde o padre exerce suas funções, normalmente de forma itinerante. A capela está subordinada e pertence a uma determinada paróquia.
  • Paróquia – Subdivisão territorial que determina uma comunidade de fiéis. De acordo com o Código de Direito Canônico, a paróquia pode ser definida como: “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular. Seu cuidado é confiado ao pároco, como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano”.
  • Santuário – Igreja ou paróquia digna de apreço pelas relíquias que contém, normalmente do padroeiro de uma cidade ou Estado, pela  afluência de devotos ou sinais visíveis de grandes graças daí obtidas.  O local ganha esse título por ser preparado e específico para a peregrinação, na busca dos sinais da experiência de fé, porque ali acolhe muitas pessoas para celebrações eucarísticas, para o atendimento sacramental, para o aconselhamento, sendo um local de afluxo de peregrinos e de romarias.

Hierarquia

Quando falamos de hierarquia da Igreja Católica acerca dos cargos e o modo de autoridade que cada um exerce, há um desconhecimento ainda maior, gerando, em muitos casos, até mesmo um preconceito pela análise equivocada dos motivos que sustentam toda a organização. Portanto, antes de fazer qualquer juízo de valor, é necessário primeiramente ter conhecimento da estruturação institucional da parte visível da Igreja e perceber que toda essa engrenagem tem como válvula mestra o projeto de salvação inaugurado por Jesus na Cruz Redentora.

Fato é que essa hierarquia tem fundamento nas Sagradas Escrituras e à frente de todo esse grupo, encontra-se Pedro, escolhido pelo próprio Cristo, como chefe da Igreja Católica. Tal primado possui como fundamento o fato de que, tendo Jesus constituído os Apóstolos como enviados seus para pregar o Evangelho, para que o mesmo permanecesse uno e indiviso em si, apesar de serem muitos os anunciadores, Cristo instituiu o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e de comunhão da Igreja. Com isso, Pedro se torna vigário de Cristo, cabeça visível da Igreja, e, unido aos apóstolos, é quem governa a casa de Deus vivo.

Se pensarmos na nossa própria esfera de nação, é possível fazer uma associação, bastante limitada, mas de grande valia para um maior entendimento, com as Capitanias Hereditárias constituídas no século XVI. Com o objetivo de manter a unidade, mas tendo que governar um país de proporções estrondosas como o Brasil, foi necessário subdividir em territórios menores com seus governadores gerais respondendo à Coroa. Pois bem, a Igreja Católica é advinda da pedra, é fincada em uma só raiz, em um só chão, mas sua configuração e estruturação deveriam chegar a todo lugar, até aos confins da Terra. E, para tanto, era necessário um ordenamento.  

Dessa forma, se tomarmos, como exemplo, um bispo católico ordenado de uma diocese qualquer, vermos qual foi o bispo que o ordenou, e seguirmos numa regressão sucessiva na pesquisa de qual bispo ordenou qual bispo no passado, chegaremos, sem sombra de dúvida, até aos Apóstolos. Todos os Bispos sucedem aos Apóstolos como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (cf. Lc. 10,16).

Funções

Antes de delimitarmos, de modo claro, os diferentes graus da hierarquia da Igreja Católica convém salientar que, no que concerne à dimensão do Sacramento da Ordem, há somente 3 graus: primeiro grau, o diaconato; segundo grau, o presbiterato; e, terceiro grau, a plenitude do sacramento, que é o episcopado. Dito isso, vamos às funções:

  • Papa – O bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido a seus sucessores, é a cabeça do Colégio dos bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja católica 
  • Bispos – por divina instituição, são os sucessores dos Apóstolos, e são, por isso, os pastores da Igreja. São eles os mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo. A sua missão de ensinar, governar e santificar a Igreja só pode ser exercida dentro da comunhão hierárquica com a cabeça da Igreja e com os membros do Colégio. Os bispos são chamados diocesanos caso seja lhes entregue os cuidados de uma diocese. Os demais são chamados de titulares. Quem nomeia e escolhe os bispos é o próprio Papa, ou, é ele quem confirma os que foram legitimamente eleitos.
  • Arcebispos – é o bispo que preside a província eclesiástica metropolitana (cf: CIC 435). São, em geral, as dioceses mais antigas das quais surgiram outras dioceses menores. O arcebispo tem um papel mais de honra e de organização, e, eventualmente, quando as circunstâncias o exigirem, é chamado a intervir nas chamadas dioceses sufragâneas (dioceses vizinhas à arquidiocese, que participam de uma mesma província eclesiástica).
  • Presbíteros – Constituem estes o segundo grau do sacramento da ordem. Os presbíteros possuem a dignidade de agir, de modo íntimo, in persona Christi, ou seja, na administração dos sacramentos, sobretudo na Celebração do Santo Sacrifício da Missa e no Sacramento da Confissão. Dentro do presbiterato há, sobretudo nas dioceses, alguns títulos que são, em sua maioria, títulos honoríficos ou que designam uma função específica na diocese, como o Pároco, que é o pastor próprio da paróquia a ele confiada. É o responsável, administrativamente, canonicamente e espiritualmente, pelo pastoreio do território a ele confiado. (cf. CIC 519).
  • Diáconos – O primeiro grau da ordem, diaconal, tem raízes, também, na própria Escritura e Tradição. Ora, em Atos dos Apóstolos vemos a eleição dos sete primeiros diáconos, tendo já lá, por ministério e função, a assistência aos órfãos, às viúvas e aos pobres, e o serviço à mesa,  a fim de que os apóstolos e os anciãos não descuidassem da oração e da pregação da Palavra.

Conhecer a estrutura da instituição na qual o católico se insere e defende também é missão no combate contra falácias propagadas que só visam o esmorecer da Igreja. E o conhecimento é arma poderosa contra o mal.

Referências:

HIERARQUIA DA IGREJA CATÓLICA. Biblioteca Católica, 2023. Disponível em: https://bibliotecacatolica.com.br/blog/formacao/hierarquia-da-igreja-catolica/

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Deus Pai e Filho e Espírito Santo

A Santíssima Trindade | cebsdobrasil

DEUS PAI E FILHO E ESPÍRITO SANTO

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

O prefácio da missa da solenidade da Santíssima Trindade reza. “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Com vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo”. Esta oração de louvor professa a fé no Deus uno e trino, um só Deus em três pessoas. Um mistério inefável para a nossa capacidade humana e, mesmo assim, Ele se deu a conhecer, revelou-se.  

Foi Jesus Cristo quem nos revelou a intimidade de Deus. No Antigo Testamento Deus já era chamado como criador e Pai, particularmente dos pobres, órfãos e viúvas. Jesus revelou um novo sentido, totalmente original, ao se referir a Deus como “Pai”. “Ninguém conhece o Filho (Jesus) senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). Em outros momentos, Jesus deixou claro que estava realizando a “vontade do Pai”, “quem me vê, vê o Pai”, “eu o Pai somos um”. 

Jesus também anunciou “outro Paráclito” (defensor) o Espírito Santo, atuante desde a criação , “quem falou pelos profetas”, está agora junto dos discípulos e presente neles, para ensiná-los e conduzi-los à “verdade plena” (Jo16,13) Assim, o Espírito Santo é revelado como outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai. “O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois de seu retorno para junto do Pai. O envio da pessoa do Espírito, após a glorificação de Jesus, revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade” (Catecismo da Igreja Católica n. 244) 

Os textos bíblicos da solenidade da Santíssima Trindade (Êxodo 34,4-6.8-9, 2º Coríntios 13,11-13 e João 3,16-18) não se detém tanto no mistério da Trindade, mas falam do amor de Deus. O amor se constitui a essência divina e ao mesmo tempo a sua unidade. Moisés que conduz “um povo de cabeça dura” grita a Deus: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, rico em bondade e fiel”. No Novo Testamento , a 1ª Carta de São João (4,8) resume a Deus com uma única palavra: “Amor”. O santo Evangelho afirma: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que mundo seja salvo por ele.” 

O Deus revelado pelas escrituras falam claramente que Deus não é alguém fechado sobre si mesmo e satisfeito em sua autossuficiência, mas é vida que deseja comunicar-se, é abertura, é relação. Todas as palavras como misericórdia, clemente, rico em bondade, fiel e amor falam de relação. Um ser cheio de vida que quer transmitir e gerar vida. Este rosto de Deus revelou-se plenamente em Jesus Cristo, pois passou “por este mundo fazendo o bem” (Atos 10,38). Em nome deste Deus São Paulo saúda: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam como todos vós”.  

Desta realidade divina nasce uma luz para olhar a realidade humana. Criados à imagem e semelhança do Criador os humanos são chamados a viver uma vida de relações fraternas, de encontro, de diálogo, de amor. O ser humano só se realiza e se torna humano na medida em que sai do seu isolamento, forma comunidade e sociedade; em que tem preocupação com a vida do próximo desejando que ele viva.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Solenidade da Santíssima Trindade (A)

Solenidade da Santíssima Trindade  (©Renáta Sedmáková - stock.adobe.com)

Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Hoje, de um modo especial, celebramos Deus. Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?

Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser respondida por nós humanos. Deus nos supera!

Temos noção de quem Ele é, mas não conseguimos defini-lo. É impossível! Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.

Para conhecê-lo deveremos abrir a Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo Encarnado, nos diz.

O Evangelho de hoje, tirado de São João, nos fala que Deus é o Amigo do Homem, não apenas o seu Criador, mas o seu Redentor, aquele que o protege e que foi capaz de sofrer e morrer para que o Homem tivesse a plena felicidade.

Já São Paulo em sua Carta aos Coríntios nos orienta sobre a resposta a ser dada ao Deus Amigo. O homem deverá deixar-se transfigurar através  dos dons, das qualidades divinas, especialmente pelo amor, pelo perdão e pelo serviço.

Falar com Jesus é falar com Deus. Sua bondade foi tanta que Ele se revelou a nós na pessoa de Jesus.

Filipe, quem me vê, vê o Pai. Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou, saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se entregou até a morte.

O Espírito é escuta e disponibilidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 3 de junho de 2023

A história de Absalão: quando a conivência com o crime leva à tragédia

Rei Davi | Public Domain

Por Pe. José Eduardo

"Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem."

Uma das histórias mais intrigantes do Velho Testamento é a de Absalão. O drama começa com uma situação muito desumana: Amnom, primogênito de Davi, violentou uma de suas meio-irmãs, Tamar.

O irmão dela, Absalão, esperava que o pai fizesse justiça à princesa, a qual morou em sua casa por dois anos, durante os quais Davi não a chamou sequer para um beijo. Absalão casou, teve uma filhinha, em quem pôs o nome da irmã. Davi ficou inerte e Amnom passava impune por tudo isso, sendo ele o sucessor natural ao trono.

Depois deste biênio, Absalão resolve fazer justiça com as próprias mãos: manda matar Amnom e foge para a casa do avô, onde passa mais dois anos sem que nada seja feito.

Ele retorna a Jerusalém, mora a dois quilômetros do palácio. Passam mais dois anos e ele, então, força a barra para que Davi o receba. Quando os dois se confrontam, o pai apenas lhe dá um beijo, sem nada dizer, apesar de haver um estupro incestuoso, apesar de haver um fratricídio.

É então que Absalão, revoltado, diz que não há justiça na terra e começa uma revolta armada, uma subversão. O fim da história é triste: Absalão é morto e os gritos de Davi se nos tornam quase sonoros na Escritura – “Absalão, meu filho! Meu filho, Absalão! Por que não morri eu em teu lugar?”.

— Por detrás do ato subversivo de Absalão há uma história de injustiça e omissão, de proteção do crime e de desumanas delinquências. Julgar a história pelo fim é tratar o sintoma como causa. Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem.

Pe. José Eduardo Oliveira, via Facebook

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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"ABSALÂO - Personagem bíblica, filho de Davi e de Maaca, terceiro neto de Talmai, rei de Guesur. Nasceu em Hebron logo no começo do reinado de Davi. Rebelado contra a pai, fez-se proclamar rei, reuniu contingentes militares e avançou contra Davi, que, apanhado de surpresa, teve que fugir. Recompondo porém as forças, reagiu e acabou derrotando Absalão. Este, vendo-se perdido, põe-se em fuga. Seus cabelos ficaram agarrados numa árvore e Joab o matou, atravessando-lhe o coração com três dardos." 

Fonte: Dicionário Enciclopédico das Religiões - Volume I  Pág. 42

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

"A fé batismal na Trindade Santa teve as suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas"

"A glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino. O louvor e o agradecimento vão às três Pessoas divinas num único Deus. A unidade e a trindade revigoram as atividades humanas, o engajamento familiar, comunitário, social, as pastorais, os movimentos, os serviços vida da Igreja, no mundo e um dia na eternidade."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

A Igreja festeja a Trindade Santa, que é eterna, manifestada como o Deus Uno e Trino, o mistério dos mistérios que encerra a vida humana, dá sentido a toda a obra criadora, redentora, iniciada pelo Pai, assumida pelo Filho e completada pelo Espírito Santo. O ser humano é convidado a adorar a Deus em três Pessoas e três Pessoas num único Deus. Glórias sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, sendo o fundamento da existência humana e para que um dia as pessoas participem da vida eterna, em comunhão com o Deus Uno e Trino. A seguir dar-se-á uma visão a partir dos santos padres, os primeiros escritores cristãos a respeito da Trindade Santa.

O Batismo em nome da Santíssima Trindade

Os cristãos se distinguiram dos judeus e dos pagãos porque admitiam os convertidos à comunidade de Jesus Cristo e eram batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19). São Justino de Roma, padre da Igreja, século II disse que os catecúmenos eram conduzidos num lugar onde havia água em vista da regeneração e na recepção de um banho invocando o nome de Deus, Pai soberano do universo, e de Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo[1]. A fé batismal na Trindade Santa teve as suas raízes na experiência pascal das comunidades primitivas, experiência fundada na pessoa de Jesus Cristo que estava unido ao Pai em falar de seu nome, de morrer segundo a sua vontade pela salvação da humanidade e também pela esperança da vinda do Messias na efusão do Espírito Santo[2].

A Trindade em relação à fé batismal

Santo Ireneu de Lião reforçou a Trindade em relação à fé das pessoas que recebiam o batismo. Nas comunidades os catequistas falavam que os convertidos ao cristianismo acreditassem no Deus Pai, incriado, invisível, único Deus, Criador do Universo. Como segundo artigo de fé os educadores tinham presentes o Verbo, Filho de Deus, Jesus Cristo que apareceu aos profetas e assumiu a economia da salvação disposta pelo Pai, que por meio dele foi criado o universo e no final dos tempos virá para recapitular todas as coisas, destruir a morte, restabelecer a comunhão entre Deus e o ser humano (cfr. Ef 2,13-18). O terceiro artigo era o Espírito Santo, de cujo poder os profetas profetizaram e os Padres instruíram-se com relação a Deus, a todas as pessoas que realizaram o bem, mas que veio para renovar a face da terra e o ser humano para Deus (cfr. Sl 104 (103), 30[3].

A igualdade das Pessoas na Trindade

Orígenes, padre da Igreja em Alexandria, séculos II e III afirmou que na Trindade há igualdade das Pessoas, superando a idéia de diferenças entre as mesmas. A graça do Espírito Santo é comunicada a quem é digno, transmitida por Cristo e é operada pelo Pai, segundo o merecimento das pessoas que a acolham em seus corações. O autor alexandrino disse que o apóstolo Paulo indicou a igualdade de operações ao afirmar que há uma só e mesma potência na Trindade, pois se há diferenças nos dons, o Espírito é o mesmo; há distinções nas ações, no entanto, o Deus é o mesmo que faz as coisas em todos (1 Cor 12,4-7). O apóstolo ensinou com clareza que na Trindade não há nenhuma separação, mas há a igualdade nas Pessoas, pois o dom do Espírito vem do ministério do Filho, é operado por Deus Pai e é repartido a cada um conforme quem o quer (1 Cor 12,11)[4].

A Trindade fez o ser humano

Tertuliano, padre da Igreja em Cartago, séculos II e III afirmou que a Trindade fez o ser humano. O fato foi que o Senhor Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança: homem e mulher os fez” (Gn 1,126). O verbo utilizado foi no plural de modo que o Senhor não disse no singular como se fosse uma única Pessoa divina, sendo o Pai e o Filho e o Espírito Santo de modo que falou ao plural, as três Pessoas divinas. O Deus Criador, o Pai já tinha consigo a segunda Pessoa, o Filho, a sua Palavra e a terceira Pessoa, o Espírito Santo de modo que disse ao plural “façamos”. Com quem Deus o fazia semelhante? Ele o fazia semelhante ao Filho, que assumiria a natureza humana com o Espírito Santo que a santificaria já falava na unidade da Trindade como com ministros e testemunhas[5].

Criados e santificados por meio da Trindade

São Cromácio de Aquiléia, bispo nos séculos IV e V, disse que o ser humano foi criado e santificado por meio da Santíssima Trindade. Da mesma forma como a primeira criação foi feita por meio da Trindade, assim também a segunda criação foi feita também pela Trindade. O Pai enviou o seu Filho ao mundo e veio também o Espírito Santo, de modo que uma e idêntica foi a graça da Trindade. O ser humano foi salvo por meio da Trindade, porque esta graça não existiria se ao princípio não fosse criado pela Trindade[6].

A Unidade e a Trindade

São Basílio de Cesareia, bispo no século IV disse que a fé cristã leva à pessoa adorar a unidade e a trindade em Deus. Desta forma não existem três princípios, mas apenas um princípio, em que o Pai criou as coisas pelo Filho e aperfeiçoou pelo Espírito Santo. O Pai faz tudo por meio do Filho e o Filho perfaz por meio do Espírito. A Sagrada Escritura confirma esta unidade na Trindade. O evangelista João diz que no princípio estava com Deus e o Verbo era Deus (Jo 1,1); o Sopro da boca de Deus é o Espírito da Verdade que vem do Pai (Jo 15,26) [7] e do Filho.

A Santíssima Trindade, amiga do ser humano

São João Damasceno, monge e sacerdote do século VIII teve presente que a Santíssima Trindade é amiga do ser humano. São Três Pessoas co-eternas, mas um único Senhor Deus, reforçando-se a unidade da natureza divina, pois com fé as pessoas aclamam a Majestade divina, a Trindade Santa, liberte os servos que seguem a Trindade das tribulações deste mundo. O povo pede que a Santíssima Trindade, início da vida estabeleça as pessoas nos bens que não mudam, mas quem ficam eternamente. O fiel suplica que a Trindade Santa, amiga do ser humano tenha piedade e tenha misericórdia das pessoas pecadoras, ilumina a todas pela sua benignidade[8].

 Unidade na Trindade

Santo Agostinho, bispo de Hipona, dos séculos IV e V reforçou a unidade na Trindade. O ser humano é convidado a acreditar no Pai e no Filho e no Espírito Santo, como um só e único Deus, onipotente, grande, bom, justo, misericordioso, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, conforme a capacidade humana. Quando se tem presente as Pessoas uma não está desligada das outras. Em relação ao Pai, como um só Deus, não se separe o Filho e o Espírito Santo: o mesmo argumento é dado ao Filho como um só Deus, não seja separado do Pai e do Espírito Santo: da mesma forma é dito do Espírito Santo como um só Deus, não seja separado do Pai e do Filho. Não se trata de três deuses, mas de uma única essência, um só Deus em três Pessoas[9].

A glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, Deus Uno e Trino. O louvor e o agradecimento vão às três Pessoas divinas num único Deus. A unidade e a trindade revigoram as atividades humanas, o engajamento familiar, comunitário, social, as pastorais, os movimentos, os serviços vida da Igreja, no mundo e um dia na eternidade.

[1] Cfr. Justino de Roma. I Apologia 61,3. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 76.
[2] Cfr. B. Studer. Trinità. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Genova – Milano, Editrice Marietti, 2008, pgs. 5467-5468.
[3] Cfr. Irineu de Lyon. Demonstração da Pregação Apostólica, 6. São Paulo, Paulus, 2014, pgs. 75-76.
[4] Cfr. Orígenes. Tratado sobre os Princípios, 1,3,7. São Paulo, Paulus, 2012, pgs. 92-93.
[5] Cfr. Q.S.F.Tertulliano. Contro Prassea, XII, 1-3Edizione critica com Introduzione, Traduzione italiana, note e indici a cura di Giuseppe Scarpat. Torino, Società Editrice Internazionale, 1985, pgs. 171-173.
[6] Cfr. Cromazio di Aquileia. Sermone 18,4. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa, A cura di Giovanna della Croce, Presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 1996, pg. 167.
[7] Cfr. Basílio de Cesareia. Tratado sobre o Espírito Santo, 38. São Paulo, Paulus, 1998, pgs. 133-134.
[8] Cfr. Giovanni Damasccno. Ochtoêchos, VIII.  In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa, pg. 182..
[9] Cfr. Santo Agostinho. A Trindade, Livro VII, 12. São Paulo, Paulus, 1994, pgs. 256-257.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

100 quilômetros de santidade

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Por Hozana

Os passos de São José de Anchieta no Brasil foram reconstituídos e hoje é possível percorrê-lo em forma de peregrinação.

Entre os anos de 1553 e 1597, São José de Anchieta percorria regularmente uma distância de 100 quilômetros para levar a boa nova para a população do que viria a ser o estado Espírito Santo, no Brasil. Nos tempos atuais, com todas as facilidades em transportes particulares e públicos, cada vez mais rápidos… temos até dificuldade em imaginar que alguém possa percorrer 100 quilômetros de estrada a pé! E mais que isso, fazê-lo com frequência! 

Essa era, porém, a realidade de São José de Anchieta quando foi enviado em missão para o Brasil no ano de 1553. O homem estava longe de ter uma saúde de ferro! Veio para a nova terra de missão principalmente para tratar de uma tubercule óssea. Os ares do Brasil fariam bem para os seus pulmões. Foi o que julgaram os seus superiores.

Ora, a colonização havia acabado de se iniciar no novo continente. O principal meio de locomoção, principalmente para pessoas como São José de Anchieta, era de fato os seus pés e pernas. E foi assim que ele se tornou o primeiro peregrino do Brasil, percorrendo as terras do Espírito Santo principalmente para ir ao encontro dos povos locais que rapidamente ganharam sua afeição e proteção.

Há controvérsias sobre o papel histórico de São José de Anchieta em meio aos colonizadores portugueses. O santo, porém, está longe de se confundir com aquela figura do colonizador que abusa da religião para explorar e escravizar os povos indígenas. Pelo contrário! A influência de São José de Anchieta foi muito importante para que a relação entre colonizadores e povos nativos fosse mais humana e menos ideológica. Relatos históricos contam que ele muitas vezes lutou com os povos indígenas contra atitudes de violência dos conquistadores portugueses. 

Os passos de São José de Anchieta foram reconstituídos e hoje é possível percorrê-lo em forma de peregrinação. Os Passos de Anchieta é o nome do roteiro que reconstitui a trilha habitualmente percorrida por São José de Anchieta nos seus deslocamentos da Vila de Rerigtiba, atual cidade de Anchieta, à Vila de Nossa Senhora da Vitória, onde cuidava do Colégio de São Tiago. 

Esse ano Os Passos de Anchieta, em unidade com o Santuário de Anchieta, preparam três itinerários de oração no Hozana que têm como objetivo acompanhar os peregrinos de Anchieta no mundo real e no mundo virtual. O primeiro itinerário de oração já está pronto! Nessa caminhada espiritual você será convidado a mergulhar na espiritualidade inaciana, de forma simples e profunda, e a preparar seu corpo e alma para a vivência dos Passos de Anchieta.

A proposta é conhecer a vida de São José de Anchieta, marcada pela entrega e doação verdadeiras, como embrião do carisma inaciano, pelo conteúdo que uniu o santo aos primeiros companheiros. Os itinerários foram construídos para serem vivenciados por aqueles que se farão de fato presente na caminhada dos Passos de Anchieta como para aqueles que beberão dessa graça mesmo à distância. Clique aqui para se inscrever e seja um peregrino virtual dos Passos de Anchieta!

Que São José de Anchieta desperte em seu coração o desejo mais genuíno de ajudar e servir aos demais, assim como uma profunda experiência humano-espiritual, capaz de embasar todas as suas escolhas e projetos de vida.

Débora Moreira Araújo, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF