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sábado, 12 de outubro de 2019

Irmã Dulce dos Pobres, um grande amor à Eucaristia e à Virgem Maria

Irmâ Dulce dos Pobres, o "Anjo bom da Bahia"
Irmã Dulce dos Pobres
O bispo da Diocese de Irecê - BA, Dom Tommaso Cascianelli, foi orientador espiritual e conselheiro da religiosa que será declarada Santa na celebração de canonizações que o Papa Francisco presidirá este domingo, dia 13 de outubro, no Vaticano. Em entrevista concedida à Rádio Vaticano - Vatican - News, Dom Tommaso nos destaca os traços característicos da espiritualidade da futura Santa, seu amor à Eucaristia e a Nossa Senhora

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

Amigo ouvinte, o nosso espaço de formação e aprofundamento de hoje traz a participação do bispo da Diocese de Irecê (BA), Dom Tommaso Cascianelli, religioso da Congregação da Paixão de Jesus Cristo, mais conhecida como Congregação dos Passionistas.

Italiano, Dom Tommaso chegou ao Brasil em 1980 como missionário passionista, assumindo diferentes encargos educacionais e paroquiais no exercício de seu ministério sacerdotal em várias cidades da Bahia, entre as quais a capital Salvador, onde conheceu Irmã Dulce Lopes Pontes (nome de batismo, Maria Rita Lopes de Sousa Brito) e suas obras sociais, tornando-se mais tarde orientador espiritual e conselheiro da religiosa que será declarada Santa na celebração de canonizações que o Papa Francisco presidirá no próximo dia 13 de outubro no Vaticano.

Exemplo luminoso de caridade e de amor ao próximo, Irmã Dulce dos Pobres – como é chamada – é também conhecida como o “Anjo bom da Bahia”, recordada por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados.

Nascida em Salvador em 26 de maio de 1914, a religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus faleceu na capital soteropolitana em 22 de maio de 1992 e foi beatificada em 22 de maio de 2011. Como orientador espiritual e conselheiro de Irmã Dulce, Dom Tommaso acompanhou a religiosa nos últimos anos de sua vida.

“Irmã Dulce dizia ver nos pobres e nos enfermos, nos indigentes jogados nas marquises, o rosto sofredor de Jesus, razão pela qual sentia o dever de agir”, ressalta Dom Tommaso, a quem pedimos que nos destacasse os traços característicos da espiritualidade da futura Santa.

ACI Digital

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil

REDAÇÃO CENTRAL, 12 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”. Esses versos são cantados em todo o Brasil em honra à padroeira do país, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, cuja solenidade a Igreja celebra neste 12 de outubro.

A imagem de Aparecida foi encontrada em 1717. Na época, com a notícia da passagem do Conde de Assumar pela Vila de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram para pescar no Rio Paraíba.
Após muitas tentativas sem êxito, foram até o porto de Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançando novamente as redes, pegou a cabeça que faltava da imagem. E o que se seguiu foi uma pesca abundante para os três humildes pescadores.
A imagem, feita de terracota, possui uma cor escura, enegrecida, devido ao material com o qual é feita e por ter ficado por um tempo perdida no rio.
A família de Felipe Pedroso ficou com a imagem e levou-a para sua casa. Em um oratório construído no local, as pessoas da vizinhança vinham rezar à Virgem. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem. Assim, a devoção se espalhou por todo o Brasil.
Com o tempo, a casa já se fazia pequena para o grande volume de fiéis que vinham rezar e, por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas, o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma Igreja maior, a atual Basílica Velha.
Em 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada solenemente pelo então Bispo de São Paulo, Dom José Camargo Barros. No dia 29 de abril de 1908, a Igreja recebeu o título de Basílica Menor. E, em 1929, o Papa Pio XI proclamou nossa Senhora Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial.
Com o aumento da devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a primeira Basílica já não dava conta do fluxo de romeiro. Foi necessário, então, construir uma maior, que começou a ser erguida em 11 de novembro de 1955.
Em 1980, ainda em construção, a Basílica Nova foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida como Santuário Nacional, o “maior Santuário Mariano do mundo”.
A festa da Padroeira do Brasil já foi celebrada em diversas datas: dia da Imaculada Conceição (08 de dezembro), 5º domingo após a Páscoa, 1º domingo de maio (mês de Maria) e 7 de setembro (Dia da Pátria).
Foi durante a sua Assembleia Geral de 1953 que a CNBB determinou que a festa fosse celebrada definitivamente no dia 12 de outubro, por associação com a data de descobrimento da América, pela comemoração do Dia da Criança e por ser outubro o mês do encontro da Imagem, no rio Paraíba do Sul, em 1717.
Em 2013, ao visitar o Santuário Nacional de Aparecida, em sua viagem ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco recordou a história da Padroeira do país e questionou: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe?”.
ACI Digital

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

São João XXIII, o Papa bom

REDAÇÃO CENTRAL, 11 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Ah, os santos, os santos do Senhor, que em todos os lugares nos alegram, nos animam e nos abençoam!”, dizia São João XXIII, chamado “Papa bom” e cuja festa litúrgica é neste dia 11 de outubro.

Angelo Giuseppe Roncalli, mais conhecido como São João XXIII, nasceu na Itália em 1881. Ingressou muito jovem no seminário e foi ordenado sacerdote em 1904.
Na Segunda Guerra Mundial, quando era Bispo, salvou muitos judeus com a ajuda do “visto de trânsito” da Delegação Apostólica.
Em 1953, foi criado Cardeal e, com a morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice em 1958. Aos poucos, ganhou o apelido de “Papa bom”, por suas qualidades humanas e cristãs.
O mundo inteiro pôde ver nele um pastor humilde, atento, decidido, corajoso, simples e ativo. Enveredou-se pelos caminhos do ecumenismo e do diálogo com todos. Escreveu as famosas encíclicas “Pacem in terris” e “Mater et magistra” e convocou o Concílio Vaticano II.
Foi chamado à Casa do Pai em 3 de julho de 1963. No ano 2000, foi beatificado por São João Paulo II e canonizado pelo Papa Francisco em abril de 2014.
O milagre para sua beatificação foi baseado na cura de Irmã Caterina Capitani, uma religiosa que tinha uma grave doença estomacal.
As irmãs da paciente, que sabiam da grande admiração da Irmã Caterina por João XXIII, rezaram pedindo a intercessão do “Papa bom” e colocaram uma imagem dele no estômago da religiosa.
Minutos depois, a religiosa começou a se sentir bem e pediu para comer. Mais tarde, Irmã Caterina relataria que viu João XXIII sentado ao pé de sua cama e que lhe disse que sua oração havia sido escutada. A ciência não pôde dar explicações para esta cura.
ACI Digital

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

São Daniel Comboni, apóstolo de Cristo entre os africanos

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “São necessários evangelizadores com entusiasmo e com a paixão apostólica do Bispo D. Daniel Comboni, apóstolo de Cristo entre os africanos”, disse São João Paulo II sobre esse grande missionário, cuja festa é celebrada neste dia 10 de outubro.

“Ele empregou os recursos da sua rica personalidade e de uma sólida espiritualidade para tornar conhecido e acolhido Cristo na África, continente que ele amava profundamente”, acrescentou o Pontífice em sua homilia de canonização de São Daniel Comboni, em 5 de outubro de 2003.
São Daniel nasceu em Limone sul Garda (Bréscia, Itália), em 1831, em uma família de camponeses pobres. Estudou em Verona, no Colégio São Carlos, que era frequentado por crianças de baixos recursos econômicos. Mais tarde, descobriu sua vocação sacerdotal e missionária.
Foi ordenado sacerdote em 1854 e, anos depois, partiu para as missões na África, onde encontrou-se com uma realidade de pobreza muito chocante. Regressou para a Itália e dedicou-se a pedir ajuda para a missão africana, inclusive no Concílio Vaticano I.
Fundou dois Institutos missionários que hoje são os chamados Missionários Combonianos e Missionárias Combonianas. Foi nomeado Vigário Apostólica da África Central e ordenado Bispo em 1877.
Junto aos africanos, viveu secas, viu morrer sua gente, lutou contra a escravidão e até acusações infundadas. Entretanto, manteve-se fiel à Cruz para conseguir a consolidação da atividade missionária. Depois de ter servido a Cristo em sua querida África, partiu para a Casa do Pai em 10 de outubro de 1881.
Atualmente, os Combonianos seguem trabalhando em diversas obras missionárias do mundo.
ACI Digital

Cardeal Sarah critica que usem Sínodo da Amazônia para planos ideológicos

Imagem referencial. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI)
Vaticano, 09 Out. 19 / 01:46 pm (ACI).- O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, advertiu que é abominável e um insulto a Deus usar o Sínodo da Amazônia para introduzir planos ideológicos, como a ordenação sacerdotal de homens casados.
O Purpurado fez esta advertência em uma entrevista publicada pelo jornal italiano ‘Corriere della Sera’.
Questionado sobre a sua opinião sobre o Sínodo da Amazônia, o Cardeal Sarah assegurou ter escutado que queriam fazer deste evento "um laboratório para a Igreja universal", enquanto outros afirmaram "que depois desse sínodo nada será como antes". “Se isso é verdade, isso é desonesto e enganoso. Esse sínodo tem um objetivo específico e local: a evangelização da Amazônia”, afirmou.
“Temo que alguns ocidentais estejam usando esta assembleia para fazer avançar seus planos. Penso em particular na ordenação de homens casados, na criação de ministérios femininos e na jurisdição dos leigos. Esses pontos tocam a estrutura da Igreja Universal. Aproveitar a oportunidade para introduzir planos ideológicos seria uma manipulação indigna, um engano desonesto e um insulto a Deus que guia sua Igreja e confia a ela seu plano de salvação. Além disso, fiquei surpreso e indignado que a angústia espiritual dos pobres na Amazônia seja usada como uma desculpa para apoiar projetos típicos do cristão burguês e mundano. É abominável”, destacou na entrevista.
Também explicou que a proposta de ordenar viri probati, isto é, de homens idosos casados ​​de comprovada virtude, em áreas remotas para celebrar a Missa, confessar e dar a unção dos enfermos, sem função de guia, é uma “proposta teologicamente absurda e implica uma concepção funcionalista do sacerdócio, no sentido de que se pretende separar os três senhorios", santificante, docente e governante, “em total contradição com os ensinamentos do Concílio Vaticano II e de toda a Tradição da Igreja latina que estabelece sua unidade substancial”.
Também advertiu que "a ordenação presbiteral dos homens casados ​​significaria, na prática, colocar em discussão a obrigatoriedade do celibato como tal".
“Nesse sentido, é bom lembrar a frase de São Paulo VI que o Papa Francisco fez sua em um discurso a um grupo de jornalistas em 27 de janeiro de 2019: 'Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato'”, afirmou.
Por isso, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enfatizou que “não há nenhum medo. O sínodo estudará, depois o Santo Padre fará as conclusões”.
A questão é outra, assinalou, “compreender o sentido da vocação sacerdotal. Perguntar-se por que não há mais pessoas dispostas a dar-se por inteiro a Deus, no sacerdócio e na virgindade”.
“No entanto, prefere-se raciocinar sobre táticas, com a presunção de que estas possam ajudar a resolver os problemas maiores e geralmente de justiça. Quantas vezes ouvi dizer que, se os sacerdotes pudessem se casar, não haveria pedofilia. Como se não soubéssemos que o problema, de fato, o crime, está relacionado principalmente às famílias, porque é onde ocorre principalmente”, indicou.
Essas abordagens são, em sua opinião, “a presunção dos homens. E, francamente, não acho que as igrejas, onde hoje não existe o celibato sacerdotal, sejam muito mais prósperas que a Igreja Católica, se esse é o objetivo”.
ACI Digital


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Papa Francisco: Instrumentum laboris do Sínodo é um documento destinado a ser destruído

Papa Francisco nesta manhã na Sala do Sínodo. Crédito: Daniel Ibáñez / ACI
Vaticano, 07 Out. 19 / 08:50 am (ACI).- Em seu discurso aos participantes do Sínodo da Amazônia, cujos trabalhos começaram nesta segunda-feira, 7 de outubro, o Papa Francisco afirmou que o Instrumentum laboris é um documento "mártir" destinado a ser destruído.
Ao explicar a importância da ação do Espírito Santo no Sínodo, o Santo Padre lembrou que antes deste evento foram realizadas “consultas, discussões nas conferências episcopais, no Conselho Pré-sinodal, elaborou-se o Instrumentum laboris, que, como sabem, é um texto mártir destinado a ser destruído, porque é como ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós. E, agora, nós devemos caminhar sob a guia do Espírito Santo”.
O Pontífice confirmou assim o que disse há alguns dias o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, que em coletiva de imprensa explicou que o Instrumentum laboris não é um documento magisterial ou pontifício.
"Há críticas ao Instrumentum laboris e a primeira coisa que devo dizer é que não é um documento pontifício", disse o Cardeal italiano em entrevista coletiva em 3 de outubro, na Sala de Imprensa do Vaticano.
O Purpurado explicou que o texto é o resultado de dois anos de trabalho durante os quais “os povos amazônicos foram escutados e essa expressão foi coletada não apenas em uma única assembleia”, mas em várias, nas quais “os bispos, responsáveis diretos da evangelização, escutam o povo e devem registrar isso. Foram dois anos de preparação e essa é a síntese”.
O Secretário-Geral do Sínodo também indicou que, “se há um cardeal ou um bispo que não concorda e vê que há conteúdos que não correspondem, tudo bem. Contudo, direi que é necessário escutar e não julgar, porque (o Instrumentum laboris) não é um documento magisterial. É o documento de trabalho que será entregue aos padres sinodais e que será a base para poder começar os trabalhos e construir o documento final do zero”.
Em seu discurso nesta manhã, o cardeal italiano disse que, “nas três semanas de trabalho que hoje estão abertas diante de nós, o Instrumentum laboris constituirá o ponto de referência e a base necessária da reflexão e do debate sinodal e não um texto para fazer emendas".
A função do Instrumentum laboris, destacou, "conclui com a elaboração do Documento final, que reunirá os resultados alcançados por esta assembleia e por todo o processo sinodal".
Críticas ao documento de trabalho do Sínodo da Amazônia
Nos últimos meses, diferentes bispos e cardeais expressaram uma postura crítica sobre o documento de trabalho ou Instrumentum laboris do Sínodo da Amazônia.
O Bispo Emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, que serviu nesta jurisdição amazônica por quase 30 anos, escreveu vários artigos críticos sobre o Instrumentum laboris.
Em um deles, criticou o papel da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), que, em sua opinião, baseia-se em um “pensamento único” que é “ameaçador” para o caminho da sinodalidade e unidade eclesial do Brasil.
No início de setembro de 2019, os cardeais Walter Brandmüller e Raymond Burke escreveram uma carta em italiano para os outros membros do Colégio de Cardeais – às quais o Grupo ACI teve acesso – fazendo uma grave denúncia sobre alguns pontos do documento de trabalho.
O Cardeal Brandmüller alertou que “as formulações nebulosas do Instrumentum, como a pretendida criação de novos ministérios eclesiásticos para as mulheres e, sobretudo, a ordenação presbiteral dos chamados viri probati, suscitam a forte suspeita de que será colocado em questão até mesmo o celibato sacerdotal".
Em julho deste ano, o Cardeal Gerhard Müller, Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, também fez uma crítica ao documento de trabalho, especificando, por exemplo, que no texto “o significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira inflada”.
Especificamente, cita conceitos pouco explicados, como “caminho sinodal”, “desenvolvimento integral”, “Igreja samaritana, sinodal e aberta” ou “Igreja de Abertura, Igreja dos Pobres, Igreja da Amazônia”.
Em segundo lugar, assegura que "a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica". No Instrumentum laboris, “toda a linha de pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João Paulo II e Bento XVI".
“Talvez o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam, de maneira bastante incompetente de: ‘o mantra de Francisco’”, escreveu.
Nas últimas semanas, o Cardeal Jorge Urosa, Arcebispo emérito de Caracas, enviou à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, três artigos e uma breve declaração sobre o Sínodo da Amazônia.
No primeiro, o cardeal venezuelano destacou as fortalezas e as falhas do Sínodo, com a intenção de que os padres sinodais ajudem a melhorar estas últimas.
No segundo, o Purpurado explicou que o Instrumentum laboris “não é um documento para uma assembleia de ONGs, mas de um Sínodo eclesial, de uma assembleia muito importante da Igreja para ajudá-la a viver melhor sua missão, para revitalizar a Igreja lá e no mundo inteiro, para o qual devemos apresentar novos caminhos de evangelização autêntica”.
Enquanto no terceiro, o Arcebispo Emérito de Caracas especificou as razões pelas quais não se pode ordenar homens casados nem mulheres.
O Cardeal Urosa também fez uma declaração na qual explicou que "uma análise do Instrumento Laboris não é para atacar o Sínodo, mas para contribuir para o seu sucesso!".
O Arcebispo assinalou que “o Sínodo é muito importante e quero contribuir modestamente, para que seja um sucesso na evangelização, na revitalização da Igreja e na defesa da Amazônia e de seus habitantes. As observações são direcionadas ao texto, que, na minha opinião, pode e deve ser melhorado”.
ACI Digital

Nossa Senhora do Rosário, auxílio dos cristãos

REDAÇÃO CENTRAL, 07 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “O Rosário é minha oração preferida. Oração maravilhosa em sua simplicidade e em sua profundidade. Nesta oração repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem Maria escutou da boca do anjo e de sua prima Isabel. A estas palavras toda a Igreja se associa”. Estas são as palavras de São João Paulo II que remetem à data celebrada neste dia 7 de outubro, Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Foi a própria mãe de Deus quem pediu que essa oração fosse difundida para a obtenção de graças abundantes. Em 1208, a Virgem Maria apareceu a São Domingos de Gusmão para ensinar-lhe a rezar o Rosário e pediu que ele difundisse a devoção desta arma poderosa para vencer os inimigos da fé. Foi por causa deste anúncio do santo que as tropas cristãs, antes da Batalha de Lepanto (7 de outubro de 1571), rezaram o Santo Rosário e venceram os turcos otomanos.
Em agradecimento a Nossa Senhora, o Papa São Pio V instituiu esta data como a Festa de Nossa Senhora das Vitórias e acrescentou o título de “Auxílio dos Cristãos” às ladainhas da Mãe de Deus. Mais tarde, o Papa Gregório III mudou o nome para Festa de Nossa Senhora do Rosário.
Rosário significa “coroa de rosas”. Foi definido por São Pio V como “um modo muito piedoso de oração, ao alcance de todos, que consiste em ir repetindo a saudação que o anjo fez a Maria; intercalando um ‘Pai Nosso’ entre cada dez ‘Ave Marias’ e tratando de ir meditando enquanto isso na vida de Nosso Senhor”.
São João Paulo II, que acrescentou os mistérios luminosos à oração do Santo Rosário, escreveu em sua Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae” que esta oração “na sua simplicidade e profundidade, permanece, mesmo no terceiro milênio recém iniciado, uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade”.
Ao visitar o Santuário de Pompeia, na Itália, em março de 2015, o Papa Francisco se deteve em oração durante alguns minutos em frente à imagem de Nossa Senhora do Rosário e recitou a “Pequena Súplica”, extraída da histórica oração, composta pelo Beato Bartolo Longo, que, em 1875, levou a imagem ao Santuário de Pompeia. Esta é a oração:
“Virgem do Santo Rosário, Mãe do Redentor, mulher da nossa terra elevada aos céus, humilde serva do Senhor, proclamada Rainha do mundo, do profundo das nossas misérias recorremos a Ti. Com confiança de filhos, contemplamos o teu rosto dulcíssimo.
Coroada por doze estrelas, tu nos conduzes ao mistério do Pai, tu resplandeces de Espírito Santo, tu nos dais o teu Menino divino, Jesus, nossa esperança, única salvação do mundo. Mostrando-nos o teu Rosário, nos convidas a fixar o seu rosto. Tu nos abres o seu coração, abismo de alegria e de dor, de luz e de glória, mistério do Filho de Deus, que se fez homem por nós. Aos teus pés, nas pegadas dos Santos, sentimo-nos família de Deus.
Mãe e modelo da Igreja, tu és nossa guia e sustento seguro. Tu nos tornas um só coração e uma só alma, povo forte a caminho para a pátria do céu. Nós te apresentamos as nossas misérias, os tantos caminhos do ódio e do sangue, as antigas e novas pobrezas, sobretudo os nossos pecados. A ti confiamos, Mãe de Misericórdia! Obtém-nos o perdão de Deus! Ajuda-nos a construir um mundo, segundo o teu coração.
Ó Rosário bendito de Maria, doce corrente que nos liga a Deus; corrente de amor, que nos faz irmãos, não te deixaremos jamais. Nas nossas mãos serás a arma da paz e do perdão, estrela do nosso caminho. O nosso beijo a ti, com o último respiro, nos imergirá em um mar de luz, na visão da amada Mãe e do seu Filho divino, anseio e alegria do nosso coração, com o Pai e o Espírito Santo. Amém”.
ACI Digital

domingo, 6 de outubro de 2019

São Francisco de Assis: alguns fatos de uma grande vida

Redação (Sexta-feira, 04-10-2019, Gaudium Press) Em plena Idade Média, no início do décimo-terceiro século, havia na cidade de Assis, um homem oriundo de estirpe nobre, mas que se fizera mercador e dispunha de avultada fortuna.

Ele tinha um filho, que se chamava João. Como o seu comércio obrigava a constantes contatos com os franceses, fez questão que o filho aprendesse francês.
João chegou a falar tão bem essa língua, que recebeu a alcunha de François (Francisco), sob a qual é conhecido. Unicamente preocupados como os negócios, os pais do jovem Francisco haviam negligenciado a sua educação.
Este, a princípio, mostrava-se muito inclinado aos vãos divertimentos mundanos e a adquirir riquezas. Entretanto, obrigara-se a dar esmola a todo e qualquer pobre que a pedisse pelo amor de Deus.
Amar ao próximo por amor de Deus
Certa vez em que, muito ocupado, se recusara a atender um mendigo, arrependeu-se, e correu atrás dele para entregar-lhe o óbulo solicitado.
Outra vez, recuperando-se de grave moléstia, mandou fazer roupas luxuosas e montou a cavalo, disposto a divertir-se um pouco. De súbito, porém, no meio de uma planície, apeia-se, despoja-se das vestes, troca-as pelos andrajos de um mendigo, cuja miséria lhe comovera o coração.
Certo dia, ao dar com um leproso que se aproximava, o primeiro impulso de Francisco foi recuar, horrorizado, Recuperando-se, porém, beija o leproso e dá-lhe esmola, Era assim que aquele filho de mercador fazia seu aprendizado na virtude.
Solidão e Vontade de Deus
Finalmente decidido a chegar à perfeição, Francisco só achava prazer na solidão e pedia a Deus, incessantemente, que lhe desse a conhecer à vontade.
Muitas vezes visitava os hospitais, onde carinhosamente se punha a serviço dos enfermos; chegava a beijar-lhes as úlceras, sem dar atenção às fraquezas e repulsas da natureza.
Quando não dispunha de dinheiro para distribuir entre os pobres, dava-lhes suas próprias roupas.
Como enfrentou a irritação do pai
Irritado com as suas prodigalidades, o pai de Francisco o fez comparecer perante o bispo de Assis para que renunciasse aos seus bens.
Francisco devolveu-lhe até mesmo as roupas que usava, e cobriu-se com um surrado capote de camponês, que alguns dias mais tarde, substituiu por um manto de eremita.
Obedecendo um conselho evangélico
Dois anos depois, durante uma missa a que assistia, ficou extremamente impressionado com as palavras do Evangelho:
"Não queirais possuir ouro nem prata, nem tragais dinheiro em vossas cinturas, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão".
Obedeceu-lhe literalmente e aplicou-as a si mesmo; e, depois de jogar fora seu dinheiro, de tirar os sapatos e abandonar o cajado e o cinto de couro, vestiu um pobre hábito, que amarrou com uma corda.
Era o traje habitual dos pastores e dos pobres camponeses daquele cantão da Itália.
Patriarca dos Irmãos Menores
São Francisco tornou-se o patriarca de uma ordem religiosa que se espalhou pela terra inteira.
Deu a seus monges o nome de "Irmãos Menores", ou "Irmãozinhos", para distingui-los dos religiosos de São Domingos, denominados "Irmãos Pregadores".
No decorrer do tempo, receberam também as alcunhas de "franciscanos", e de "Cordeleiros", porque cingiam a cintura com uma corda.
Dividiram-se em várias famílias, das quais a dos Capuchinhos é a que mais estritamente observa a pobreza.
A Dama Pobreza
Francisco dizia que o espírito da pobreza era o fundamento da sua ordem.
Seus religiosos nada possuíam que lhes pertencesse exclusivamente. Também não permitia que recebessem dinheiro, apenas as coisas necessárias à subsistência diária.
Chamava a pobreza sua dama, sua rainha, sua mãe, sua esposa, reclamava-a insistentemente de Deus, como seu quinhão, seu privilégio:
"Ó Jesus, vós que vos comprouvestes em viver na extrema pobreza, fazei-me a graça de conceder-me o privilégio da pobreza. Meu desejo mais ardente é ser enriquecido com esse tesouro. Peço-o para mim e para os meus, a fim de que para a glória do vosso santo nome nada possuamos, nunca, sob o céu, para que devamos nossa própria subsistência à caridade dos outros e por isso mesmo sejamos muito moderados e muito sóbrios".
Obedecer: fazer a vontade de Deus

O amor de Francisco pela obediência não era menos digno de admiração.
Com frequência era visto consultando os últimos de seus irmãos, embora fosse dotado de rara prudência e até mesmo do dom da profecia.
Nas suas viagens costumava prometer obediência ao religioso que o acompanhava.
Considerava a propensão que tinha para a obediência uma das maiores graças que Deus lhe concedera, pois com a mesma facilidade e presteza obedecia tanto um simples noviço como ao mais antigo e prudente dos frades; dizia, justificando-se, que devemos considerar não a pessoa a quem obedecemos, mas à vontade de Deus manifestada através da vontade dos superiores.
Pequenos fatos de um grande Santo
Francisco tinha particular afeição pelas cotovias. Comprazia-se em admirar na plumagem desses pássaros o matiz pardo e acinzentado que escolhera para a sua ordem, a fim de dar aos frades frequentes ocasiões para meditarem na morte, na cinza do túmulo.
Ao mostrar aos seus discípulos a cotovia que se erguia nos ares e se punha a cantar, depois de ter apanhado alguns grãozinhos no chão, dizia alegremente:
"Vede, elas nos ensinam a dar graças ao Pai comum que nos proporciona alimento, a comer apenas para a sua glória, a desprezar a terra e a elevar-nos ao céu, onde devemos nos entreter."
Certa vez, quando pregava no povoado de Alviano e não conseguia ser ouvido por causa da algazarra das andorinhas que tinham construído o ninho naquele lugar, a eles se dirigiu nestes termos: "Irmãs andorinhas, já falastes bastante, chegou agora a minha vez de falar. Escutai a palavra de Deus e ficai em silêncio enquanto eu pregar".
As avezinhas não soltaram mais um único pio, e não se mexeram do lugar em que se encontravam.
São Boaventura, que narra o fato, acrescenta que, sentindo-se um estudante de Paris incomodado com o chilrear de uma andorinha, disse a seus condiscípulos:
"Devem ser uma das que perturbavam o bem-aventurado Francisco no seu sermão e à qual mandou calar-te".
Depois disse à andorinha: "Em nome de Francisco, servo de Deus, ordeno-te que te cales e que te chegues a mim".
Imediatamente o pássaro se calou e pousou-lhe na mão. Surpreso, ele a deixou ir, e não foi mais importunado.
Era assim que Deus se comprazia em honrar o nome do seu servo.
Um dia, quando São Francisco se preparava para tomar a refeição em companhia do irmão Leão, sentiu-se intimamente confortado ao ouvir o canto de um rouxinol. Pediu a Leão que também cantasse os louvores de Deus, alternando sua voz com a do pássaro.
Como o religioso se desculpasse, alegando falta de voz, o santo pôs-se a responder ao rouxinol, e assim continuou até à noite, quando foi obrigado a interromper-se, confessando com santa inveja que o passarinho o derrotara. Fê-lo pousar na sua mão, louvou-o por ter cantado tão bem, deu-lhe de comer, e só depois de ter recebido a sua benção, e com a sua permissão, foi que o rouxinol voou.
Quando, pela primeira vez, visitou o monte Alvergue, viu-se rodeado por uma multidão de pássaros que lhe pousaram na cabeça, nos ombros, no peito e nas mãos, batendo as asas e demonstrando com o movimento de suas cabecinhas o prazer que lhes causava a chegada de seu amigo. "Vejo, disse Francisco a seu companheiro, vejo que devo permanecer aqui, pois meus irmãozinhos estão contentes."
Durante uma estada sua nessas montanhas, um falcão, aninhando nas proximidades, afeiçoou-se ao santo homem; anunciava-lhe com um grito que chegara a hora em que costumava rezar; e, se Francisco se encontrava doente, dava-lhe o aviso uma hora mais tarde a fim de poupá-lo; e quando, ao romper do dia, sua voz, como um sino inteligente, tocava as matinas, tinha o cuidado de atenuá-la e suavizar-lhe a sonoridade.
Era, afirma São Boaventura, o divino presságio dos grandes favores que o santo receberia nesse mesmo lugar.
Antes de morrer recebeu as Chagas de Jesus
A milagrosa impressão dos estigmas de São Francisco, é comemorada no dia 17 de setembro.
Havia já dois anos que São Francisco recebera as cinco chagas de Nosso Senhor em seu corpo. Sua saúde declinava dia a dia; e tendo aumentado os pregos de seus pés, não podia mais caminhar.
Pedia que o levassem às cidades e às aldeias para animar os outros a carregarem a cruz de Jesus Cristo.
Numa dessas excursões, curou uma criancinha de Bagnara que, mais tarde foi São Boaventura.
Francisco tinha um grande desejo de voltar às primeiras práticas de humildade, servir os leprosos, e obrigar o corpo a servir-lhe, como no início da conversão.
O fervor do espírito compensava a fraqueza do corpo; mas as enfermidades de tal modo se agravaram que eram raros os lugares nos quais não sentia dores muito fortes; e, tendo as suas carnes se consumido inteiramente, só lhe restavam pele e ossos.
Os frades acreditavam defrontar outro Job, tanto por causa dos sofrimentos como da paciência com que os suportava.
O santo pediu-lhes que o levassem à Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, a fim de entregar a alma a Deus no mesmo lugar onde recebera o espírito da graça.
Nos seus últimos momentos, ditou uma carta dirigida a todos os superiores, sacerdotes e irmãos da ordem, recomendando-lhes respeito para com o santíssimo sacramento do altar.
O Transito dessa vida para a eterna
Sentindo aproximar-se a última hora, mandou que deitassem na terra nua, tirou a túnica, a fim de tornar mais sensível o seu perfeito despojamento; depois, erguendo os olhos ao céu, cobriu com a mão esquerda a chaga do lado direito e disse a seus irmãos:
"Fiz o que me cabia: Nosso Senhor vos ensinará o que deveis fazer".
Um dos religiosos, adivinhando a intenção do santo, apanhou uma túnica e uma corda e as apresentou ao moribundo dizendo:
"Empresto-vos este hábito como a um mendigo, aceitai-o por obediência."
O santo homem ergueu as mãos para o céu e bendisse a Deus por ter sido aliviado de todos os cuidados.
Mandou chamar todos os irmãos que se encontravam na casa e exortou-os a perseverarem no amor de Deus, na paciência, na pobreza, na fé da Igreja Romana; depois, estendendo sobre eles os braços colocados um sobre o outro em forma de Cruz, deu sua benção tanto aos ausentes como aos presentes.
Satisfazendo-lhe a um desejo, Frei Leão e Frei Ângelo cantaram em coro o cântico do irmão sol e da irmã morte.
Terminado o cântico, pediu que lhe lessem a Paixão de Nosso Senhor, segundo São João.
No fim dessa leitura, começou a recitar com voz agonizante o salmo de Davi:
"Com minha voz, clamei ao Senhor; com minha voz supliquei ao Senhor...".
Depois de pronunciar as últimas palavras do Salmo, sua boca fechou-se para sempre!
Era a noite do sábado para domingo, no dia 4 de outubro de 1226; quadragésimo-quinto da sua vida; vigésimo da sua conversão; décimo-oitavo da instituição da sua ordem...
Francisco não mais pertencia a este mundo, chegara ao fim de seu caminho, estava no Céu.
(JSG)
(Fonte: "Vida dos Santos", Padre Rohrbacher, Volume XVII)

Homilia do Papa na abertura do Sínodo para a Amazônia

O Papa Francisco durante a Missa inaugural do Sínodo da Amazônia.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI/Prensa
Vaticano, 06 Out. 19 / 07:01 am (ACI).- O Papa Francisco presidiu neste domingo 6 de outubro, na Basílica de São Pedro do Vaticano, a Missa de abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, conhecida também como Sínodo da Amazônia, e que se desenvolverá no Vaticano até o próximo 27 de outubro.
Na Missa, em que participaram também os 13 novos Cardeais criados no consistório celebrado ontem, sábado 5 de outubro, o Santo Padre contrapôs o fogo de Deus, “que ilumina, esquenta e dá vida”, ao fogo do mundo, “que destrói”.
O Santo Padre destacou a importância do Sínodo “para renovar os caminhos da Igreja na Amazônia, de modo que não se apague o fogo da missão”. Do mesmo modo, recordou que “muitos irmãos e irmãs na Amazônia levam cruzes pesadas e esperam a consolação libertadora do Evangelho e a carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.
A seguir, a homilia completa do Papa Francisco:
O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a «fazer Sínodo», a «caminhar juntos»; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo.
Começa dizendo: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos» (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de presente. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós mesmos no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de «servos inúteis» (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também «servos sem lucro». Por outras palavras, não trabalhamos para obter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus.
Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender é, literalmente, «dar vida a uma fogueira» [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo «sempre se fez assim», então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas «a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo.
O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, dador dos dons. Por isso, São Paulo continua: «Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14). E antes escrevera: «Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de prudência» (1, 7). Não um espírito de timidez, mas de prudência: em oposição à timidez, Paulo coloca a prudência. Que é, então, esta prudência do Espírito? Como ensina o Catecismo, a prudência «não se confunde com a timidez ou o medo», mas «é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir» (n. 1806). A prudência não é indecisão, não é um comportamento defensivo. É a virtude do Pastor que, para servir com sabedoria, sabe discernir, sensível à novidade do Espírito. Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazónia, para que não se apague o fogo da missão.
O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3, 2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazónia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos.
Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade; São Paulo faz uma última exortação: «Não te envergonhes de dar testemunho (…), mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus» (2 Tm 1, 8). Pede para testemunhar o Evangelho, sofrer pelo Evangelho; numa palavra: viver para o Evangelho. O anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja. Mais adiante, Paulo escreve: «Estou pronto para oferecer-me como sacrifício» (4, 6). Anunciar o Evangelho é viver a oferta, é testemunhar radicalmente, é fazer-se tudo por todos (cf. 1 Cor 9, 22), é amar até ao martírio. De facto, como assinala o Apóstolo, serve-se o Evangelho, não com a força do mundo, mas simplesmente com a força de Deus: permanecendo sempre no amor humilde, acreditando que a única maneira de possuir verdadeiramente a vida é perdê-la por amor.
Queridos irmãos, olhemos juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto por nós. Comecemos dali, porque dali brotou o dom que nos gerou; dali foi derramado o Espírito que renova (cf. Jo 19, 30). Dali, sentimo-nos chamados, todos e cada um, a dar a vida. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos.
ACI Digital

Beato Bartolo Longo, de espírita a “Apóstolo do Rosário”

REDAÇÃO CENTRAL, 06 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- O Beato Bartolo Longo foi um advogado e leigo que fundou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Itália) e que, além disso, dedicou-se a ensinar o catecismo e a difundir a devoção ao Santo Rosário.

Durante sua juventude, ingressou no espiritismo até que, finalmente, Deus tocou seu coração e converteu-se. O Beato Longo foi definido pelo Papa São João Paulo II como “o homem da Virgem”.
Na homilia de sua beatificação, em 26 de outubro de 1980, o Santo Padre disse que ele, “por amor de Maria, tornou-se escritor, apóstolo do Evangelho, propagador do Rosário, e fundador do célebre Santuário no meio de enormes dificuldades e adversidades; por amor de Maria criou institutos de caridade, fez-se mendicante em favor dos filhos dos pobres e transformou Pompeia numa viva cidadezinha de bondade humana e cristã; por amor de Maria suportou em silêncio tribulações e calúnias, passando através de um longo Getsêmani, sempre confiado na Providência, sempre obediente ao Papa e à Igreja”.
Bartolo Longo nasceu em Latiano (Itália), em 10 de fevereiro de 1841. Antes de obter a licenciatura como advogado na Universidade de Nápoles, enveredou-se na moda anticristã da época e dedicou-se à política, às superstições, ao espiritismo: chegou a ser “médium” de primeiro grau e “sacerdote espírita”.
Por outro lado, a filosofia ateia e o racionalismo o tinham totalmente preso. Começou a odiar a Igreja, organizando conferências contra ela e louvando os que criticavam o clero.
Graças à influência de seu amigo Vicente Pepe e do dominicano Pe. Alberto Radente, voltou à fé. Sua conversão aconteceu no dia do Sagrado Coração de Jesus, em 1865, na Igreja do Rosário de Nápoles.
Após seu encontro com Cristo, abandonou a vida libertina e dedicou-se às obras de caridade e ao estudo da religião.
Mais tarde, escreveu, fazendo alusão à sua própria experiência, que “não pode haver nenhum pecador tão perdido, nem alma escravizada pelo implacável inimigo do homem, Satanás, que não possa se salvar pela virtude e eficácia admirável do santíssimo Rosário de Maria, agarrando-se dessa corrente misteriosa que nos estende do céu a Rainha misericordiosíssima das místicas rosas para salvar os tristes náufragos deste tempestuoso mar do mundo”.
Em 1876, por sugestão do Bispo de Nola, iniciou uma campanha para construir um templo em Pompeia. Como resultado da cooperação e da intercessão da Virgem Maria, surgiu o belo Santuário.
No dia 5 de outubro de 1926, aos 85 anos, morreu em Pompeia. Em seu testamento, deixou escrito o seguinte: “Desejo morrer como terciário dominicano... entre os braços da Virgem do Rosário, com a assistência de meu pai São Domingos e de minha mãe Santa Catarina de Sena”.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF