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quinta-feira, 24 de junho de 2021

Deus, um delírio

Yumpu

Richard Dawkins passou grande parte do ano passado pensando em Deus. Em janeiro, estrelou um programa televisivo sobre Deus e a religião: The Root of All Evil? [“Raiz de todos os males?”]. Deus foi um assunto constante na sua nova página oficial. Dawkins brigou com Deus no rádio, falou de Deus para a revista TIME; chegou mesmo a ler um livro sobre Deus em público e em voz alta.

O livro, evidentemente, era o seu próprio: The God Delusion [traduzido no Brasil como Deus, um delírio]. Dawkins descreve-o como sendo “provavelmente a culminância” da sua guerra contra a religião. Embora seja um catatau de 416 páginas, trata-se de uma leitura fácil e, poderíamos dizer, leve. Há nele poucas coisas que Dawkins não tenha dito antes. O estilo é despojado e a estrutura, concisa.

O autor começa por isentar cientistas como Einstein de quaisquer suspeitas acerca de crenças religiosas e também por condenar o lugar privilegiado que a religião ocupa na sociedade. Depois, argumenta contra o agnosticismo, baseando-se na idéia de que a “hipótese Deus” é científica e, portanto, empiricamente verificável. Os dois capítulos subseqüentes são dedicados a desmontar os argumentos favoráveis à existência de Deus. Um deles trata do argumento ontológico, da primeira via de São Tomás e de diversos argumentos psicológicos; o outro detém-se exclusivamente no argumento do design inteligente. Dawkins foca a sua atenção na religião em geral. Medita sobre as possíveis razões para a ubiqüidade da religião nas sociedades humanas e tenta explicar o sentido moral por meio do conceito darwiniano de seleção natural. Nos três capítulos seguintes, parte para a ofensiva: diz que os preceitos religiosos são imorais, que as crenças religiosas causaram a maioria dos problemas do mundo; chama de abuso mental a educação das crianças numa fé específica. O capítulo final traz a visão de Dawkins sobre o modo como a ciência pode ocupar o papel inspirativo que teria sido usurpado pela religião. Se encarado como um trabalho sério, o livro tem poucos méritos. Há poucas referências diretas a textos de filosofia e teologia (ou mesmo de ciência, diga-se de passagem). Os argumentos mais ricos e conhecidos são os que menos atenção recebem: dedicam-se apenas três páginas a Tomás de Aquino. O tom de conversa confere ao texto clareza pelo preço da superficialidade; Dawkins esgrime abundantes metáforas, mas poucos argumentos. Atua como um franco-atirador. Se as pessoas acreditassem realmente em Deus, não se sentiriam tristes quando estão para morrer. O Deus do Antigo Testamento é “ciumento, mesquinho, injusto, implacável, opressor; um genocida vingativo e sedento de sangue”… (esse epítetos continuam por várias linhas). A maior parte do livro é constituída por episódios pessoais, piadas engraçadinhas sobre fundamentalistas cristãos, terroristas islâmicos e devoções populares católicas, e há ainda histórias de terror sobre o fanatismo religioso.
POPULARIDADE E PERSUASÃO

Por outro lado, é quase certo que Dawkins não quis escrever um trabalho acadêmico. Afinal, ele ocupa a cátedra Charles Simonyi para a Compreensão Pública da Ciência, e “compreensão pública”, para Dawkins, significa somente duas coisas: popularidade e persuasão.

É certo que The God Delusion se tornou popular. Atingiu o segundo lugar na lista de mais vendidos da Amazon.com e atualmente o nono na seção de não-ficção em capa-dura do New York Times. Contudo, a obra deve ser vista num contexto mais amplo. Trata-se de um livro essencialmente moderno. Teve o seu terreno preparado pela série de TV The Root of All Evil? Foi inflado por uma legião de blogueiros e pela página oficial de Dawkins. Chegou tempestuosamente às prateleiras, “cheio de som e fúria”. Particularmente, eu estava esperando também bonés e adesivos de carro promocionais.

A personalidade e a posição de Dawkins asseguraram a popularidade de The God Delusion. E quanto à persuasão? Em primeiro lugar, deixemos claro que Dawkins queria uma persuasão de tipo psicológico. O autor diz explicitamente que deseja conscientizar o público para quatro pontos: a força da seleção natural como ferramenta de explicação do mundo; a educação religiosa como abuso infantil; a possibilidade de se ser feliz, equilibrado, e realizado moral e intelectualmente como ateu; e o “orgulho ateu” como um contraponto da perseguição aos ateus. Dawkins quer que as pessoas “enredadas na religião” sejam capazes de “sair do armário” e assumir o seu ateísmo.

Nesse sentido, o livro pode ser visto como um tipo de guia de auto-ajuda para ateus. O subtítulo poderia ser: Como eu descobri o ateísmo e como você também pode fazê-lo. Há um apêndice com entidades de apóio àqueles que precisam de “ajuda para escapar da religião”. Só faltou mesmo uma seção de encontros (ateu de 40 anos procura uma companheira…). Embora Dawkins ache a idéia do culto à personalidade algo “altamente indesejável”, conforme disse ao Sunday Times, o seu livro está abarrotado de episódios pessoais e risonhas digressões em louvor da sagacidade coletiva do autor e dos seus pares intelectuais. Espera-se que nos sintamos privilegiados por captar esse lampejo do sutil intelecto da elite evolucionista. Mas será que isso persuade alguém?

A SELEÇÃO NATURAL MAL APLICADA

A seleção natural é uma teoria extremamente poderosa e Richard Dawkins nutre uma paixão incomum por expressá-la. Ainda assim, cai numa redundância insolúvel ao aplicá-la à filosofia. Veja-se, por exemplo, a maneira como trata da moral. Sustenta que temos códigos morais porque estes foram uma vantagem seletiva no passado. Como sabemos que os códigos morais eram uma vantagem seletiva? Porque nós os temos. Expressando em silogismo:

1) Os códigos morais existem porque sobreviveram e foram bem-sucedidos.

2) Os códigos morais que sobreviveram e foram bem sucedidos existem.

3) Logo, os códigos morais existem porque existem.

Ficamos, portanto, com uma moral que tínhamos de ter: uma conclusão redundante e determinista. (Curiosamente, Dawkins simplesmente “não está interessado” no tema do livre arbítrio.) A mesma conclusão inadequada vale para as suas aplicações da seleção natural a todos os fenômenos metafísicos: Deus, a causalidade, a verdade e a própria  existência. A seleção natural por si só não é capaz de explicar o porquê de nada.

A próxima conscientização de Dawkins – “não existe essa história de crianças cristãs” – é uma simples manifestação do seu preconceito anti-religioso. Ele admira-se de uma criança religiosa não seja considerada algo tão odioso como o seria uma “criança marxista” ou mesmo uma “criança atéia”. Será que a existência de crianças “inglesas” ou “indianas” o deixa igualmente nervoso? E um “criança judia”? E a “criança aborígene”? No fundo, Dawkins esconde o seu objetivo real – descolar a religião da identidade cultural – com uma acusação sentimental de abuso infantil. (Um dos subtítulos leva o tocante nome de “Em defesa das crianças”).

Acaso o livro de Dawkins atinge a sua meta principal? Fomenta o “orgulho ateu” e ajuda as pessoas que têm fé e inteligência a “saírem do armário”? Parte da resposta ainda está para ser vista. Uma outra parte, pequena, é evidente: as pessoas que concordam com Dawkins provavelmente vão achar o livro engraçado, e talvez desenvolvam um pouco de orgulho. O mais provável é que se tornem arrogantes.

A SÍNDROME DA TORRE DE MARFIM

Pouquíssimas pessoas estão dispostas a seguir Dawkins sem restrições. Isso que ele poderia chamar de “destino solitário de um pioneiro intelectual” pode ser simplesmente a síndrome da torre de marfim. A revista The Economist foi uma das suas poucas fontes de apoio integral – o que não é surpresa. Mas o aliado mais próximo de Dawkins, Daniel Dennett, enxerga alguma utilidade na religião, e não está convencido de que ela devesse “votada à extinção”. O físico Lawrence Krauss, na revista Naturedesejou que o autor “não fosse além das suas forças” e evitasse fazer sermões. O marxista Terry Eagleton descreve Dawkins como alguém  “assombrosamente sacana…, teologicamente analfabeto” que nem sequer fala por todos os ateus. Na verdade, Dawkins seria apenas um representante “da classe média liberal e racionalista da Inglaterra”.

Richard Kirk faz a crítica mais destrutiva do livro, ao qualificá-lo de “um exemplo de descaso…, uma diatribe gárrula  e mal editada”. A crítica constante é de que Dawkins não conhece o seu inimigo; antes, põe um espantalho no seu lugar. Mas isso não é tudo. Dawkins confecciona um espantalho, mas acerta a sua lança nos blocos de feno que estão no cercado. Depois, pragueja contra o capataz que pôs o feno ali e castiga o gado por ter causado um alvoroço. Um exemplo desse seu comportamento quixotesco é o seu argumento central. Dawkins acredita que a assim chamada “hipótese Deus” – a de que “existe uma inteligência sobre-humana e sobrenatural que projetou e criou deliberadamente o universo e tudo o que ele contém, inclusive nós” – é cientificamente suscetível de ser verificada. Ciência, no sentido moderno, é o estudo das coisas naturais ou físicas. Pois então como pode verificar uma hipótese que é, por definição, sobrenatural e metafísica?

Dawkins, na verdade, não acredita que Deus é cientificamente verificável. Mas não admite nenhuma epistemologia além da ciência. O seu raciocínio pode ser resumido da seguinte maneira: não existe realidade imaterial, portanto Deus não existe. Não é de admirar que ele “não esteja interessado” no livre arbítrio, ou na razão da existência da própria matéria. Dawkins não esclarece nenhum problema filosófico real. É um positivista démodé que tem preconceito contra a metafísica; a sua verdadeira querela deveria ser com os estruturalistas e desconstrucionistas, pois foram eles que conduziram o positivismo à sua conclusão lógica e, para Dawkins, indesejada. Mas ele, evidentemente, não se incomoda com isso; toca o tema apenas de passagem ao qualificá-lo de “alta francofonia”.

Dawkins acredita que a maior partes das pessoas estaria delirando, mas alguém poderia perguntar se Dawkins está assim tão sóbrio. As suas afirmações acerca de perseguição e marginalização soam suspeitosamente como paranóia, a sua verborréia nauseabunda beira a obsessão, e ele demonstra uma profunda ausência de noção acerca da sua competência filosófica, ou melhor, da sua falta de competência filosófica. Este livro pode fazer Dawkins perder mais amigos do que ganhá-los. Pode ser que em breve ele esteja navegando sozinho – rumo a quem sabe onde – com a sua própria carga de delírios. Pelo menos, ainda poderá rir das suas próprias piadas.

Phillip Elias

Fonte: Quadrante

https://www.presbiteros.org.br/

CAMINHO NEOCATECUMENAL: EQUIPE INTERNACIONAL

Equipe Internacional do Caminho Neocatecumenal
neocatechumenaleiter.org

EQUIPE INTERNACIONAL

A equipe responsável internacional do Caminho está composta, desde 2018, por Kiko Argüello – que é o seu responsável –, por María Ascensión Romero e pelo presbítero Mario Pezzi. Desde as origens do Caminho, em 1964, até 2016, era formada por Kiko Argüello e Carmen Hernández, seus iniciadores, e pelo P. Mario Pezzi. Depois do falecimento de Carmen, em 19 de julho de 2016, e segundo estabelecem os Estatutos do Caminho, María Ascensión Romero passou a integrar a equipe. Esta equipe se ocupa de levar adiante o Caminho Neocatecumenal em todo o mundo, com a colaboração das equipes itinerantes de cada nação. Entre suas responsabilidades encontram-se as de guiar a realização do Caminho Neocatecumenal e garantir a sua autenticidade; exercer as competências que são próprias, indicadas no Estatuto oficial; proceder às consultas que se considerem oportunas, manter regulares relações com os bispos diocesanos, assim como manter regulares relações com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida da Santa Sé, entre outras.

https://neocatechumenaleiter.org/

APRENDENDO COM A PANDEMIA

Cardeal Sérgio da Rocha | CNBB

Cardeal Sergio da Rocha

Arcebispo de Salvador (BA)

Temos muito a aprender com a pandemia que tem trazido tanto sofrimento à humanidade. É cedo para elencar lições completas ou achar que já não temos mais a aprender. O aprendizado continua no campo científico, nas relações humanas e na vida social, desafiando a dar passos. Tem sido grande o progresso científico com um conhecimento maior do vírus e a produção de vacinas em tempo recorde. Porém, a humanidade tem ocasião para aprender e crescer na vivência da corresponsabilidade pela vida e a saúde, para rever e aprofundar padrões de comportamento que não condizem com a dignidade humana e que geram injustiças e morte. As vacinas da COVID-19 trazem esperança de superação e vida nova. Infelizmente, há outros “vírus” que continuam a se espalhar e a exigir a atenção e os esforços de todos, pois também contagiam, provocando sofrimento e morte. Podem ser citados, com particular preocupação, a agressividade e as fake news, que não podem se instalar como algo normal no cotidiano das pessoas e nos noticiários. A superação desses “vírus” exige o empenho de cada um e a ação decidida das instituições. As redes sociais não devem disseminar o vírus do ódio ou da mentira, mas favorecer o respeito fraterno, a esperança e a paz, tão necessários neste tempo sofrido.

A pandemia tem sido um período especial para refletir sobre o sentido e os rumos dados à própria vida e à vida social. As medidas sanitárias estabelecidas nos obrigam a olhar para o outro sem fronteiras, a sentir-nos mais responsáveis pelo próximo. O planeta, tão grande, parece ficar pequeno com o vírus que se difunde atingindo a todos, especialmente os mais vulneráveis. A casa parece estreitar-se. Os laços que nos unem parecem mais fortes, ainda que sejam muitas vezes negados ou fragilizados por tantas situações de exclusão. Apesar das resistências, é motivo de esperança ver tantas pessoas assumirem medidas restritivas que exigem tantos sacrifícios. O cuidado da vida e da saúde necessita ser compartilhado com responsabilidade, sobretudo num cenário de agravamento da pandemia. Em meio a tanto sofrimento, necessitamos reconhecer, com gratidão e louvor, o coração generoso que move tantas mãos estendidas para cuidar, partilhar e consolar. São inúmeras as iniciativas de solidariedade, de serviço e de partilha voltadas para os doentes, os pobres e fragilizados. Não podemos nos cansar da caridade, nem desistir da solidariedade.

No cuidado de si e do outro é fundamental o cultivo da espiritualidade, especialmente, em momentos de crise.  Orar e meditar fazendo a experiência do amor de Deus é fonte de serenidade e de esperança, sustento para a vivência do amor solidário. Neste tempo de pandemia nós podemos aprender a conjugar mais os verbos orar, amar e servir.

Fonte: CNBB

Providentissimus Deus (Parte 4/5)

Papa Leão XIII | Veritatis Splendor

PROVIDENTISSIMUS DEUSDO PAPA LEÃO XIII

SOBRE OS ESTUDOS BÍBLICOS

Veneráveis irmãos, saúde e benção apostólica

23. Assim, pois, cuide-se com esmero que os alunos se preparem para a luta convenientemente apercebidos e doutrinados nos estudos bíblicos, para que não sejam frustradas as nossas esperanças, e, o que seria pior, para que, incautos, não fiquem expostos ao perigo de erro, iludidos pelas falácias e falsa erudição dos racionalistas. E adestrar-se-ão denodados apologistas se, tomando o caminho que nós lhes indicamos, cultivarem religiosamente e conhecerem a fundo a filosofia e a teologia, segundo a mente de S. Tomás. Deste modo caminharão com passo seguro já nos estudos bíblicos, já na teologia positiva.

24. Expor, demonstrar e ilustrar a doutrina católica, por meio duma legitima e esmerada interpretação dos Livros sagrados é, certamente, empresa de remontado alcance; há, todavia, outra de tão grave momento como árdua, e é: demonstrar dum modo invencível a autoridade absoluta das Escrituras. Tal demonstração só a poderá fazer o magistério autêntico da Igreja, a qual por si mesma, pela sua admirável propagação, exímia santidade e inexaurível fecundidade em todos os bens, pela sua unidade católica e invencível estabilidade é um grande e perpetuo motivo de credibilidade e um testemunho irrefragável da sua missão divina. E, porque o magistério da Igreja, divino e infalível, se baseia ainda na autoridade da sagrada Escritura, o primeiro cuidado será demonstrar direta e indiretamente que aquele livro é digno de fé, ao menos humana. Com as Escrituras, como testemunhas fidedignas da antiguidade, demonstra-se peremptoriamente a divindade e a missão de nosso Senhor Jesus Cristo, a instituição da hierarquia da Igreja, o primado conferido a Pedro e aos seus sucessores. É por isso de suma conveniência que muitos soldados da milícia sagrada combatam pela fé e repilam as investidas dos inimigos da Bíblia, revestidos sobretudo da armadura de Deus, tão recomendada pelo apostolo e apercebidos contra os embates e armas novas dos inimigos. Eloquentemente S. João Chrysostomo, falando dos deveres sacerdotais: — “Grande zelo devemos empregar a fim de que a palavra de Cristo habite abundantemente em nós; não nos contentemos com estarmos prestes para um só género de luta; a guerra toma diversas fases e são muitos OS inimigos; nem todos usam armas da mesma traça; não é uma só a estratégia com que intentam combater-nos. Torna-se por isso necessário que, se alguém quiser bater-se com todos, conheça as armas e as indústrias de todos; que seja sagitário e fundibulário, tribuno e comandante de manipulo, general e soldado, infante e cavaleiro, marinheiro e adestrado no ataque ás praças fortificadas. Se não conhece todos os artifícios bíblicos, sabe o diabo ordenar aos seus lobos que, pela parte desguarnecida, arrebatam as ovelhas”. Quase as falácias e variados artifícios dos adversários nos seus ataques contra a Bíblia, já os indicamos resta-nos dizer dos meios de defesa.

25. O primeiro é o estudo das antigas línguas orientais e da arte crítica. E como estas disciplinas são atualmente de grande importância e muito encarecidas, o professor eclesiástico que as cultive com maior ou menor desenvolvimento, consoante as circunstâncias do lugar e das pessoas, com mais aproveitamento poderá exercer o seu honroso magistério, porque deve ser tudo para todos e prestes sempre para responder ao que lhe peça a razão da esperança que manifesta. Torna-se, pois, necessário para os mestres da sagrada Escritura, e é conveniente para os teólogos, o conhecimento das línguas em que os livros canónicos foram primitivamente escritos pelos hagiógrafos; e seria muito para desejar que também as cultivassem os alunos teólogos, nomeadamente os que aspiram aos graus académicos. Igualmente é necessário que em todas as academias, imitando o louvável exemplo dalgumas se estabeleçam cátedras das demais línguas antigas, principalmente semíticas, e da sua literatura, como são de grande conta para os que se destinam ao magistério das sagradas Letras.

26. E, porque estes hão de exercer o magistério, é muito conveniente que tenham um conhecimento profundo e expedito da verdadeira arte crítica, visto que se inventou, ainda mal e com dano da religião, um novo artificio, decorado com o título de crítica superior, que, em vão, pretende demonstrar, exclusivamente com argumentos intrínsecos, como dizem, a origem, integridade e autoridade de qualquer livro. Mas a verdade é que, tratando-se de questões históricas, para demonstrar a origem e integridade dum livro qualquer, maior valor têm os documentos históricos do que as razões intrínsecas, e são precisamente aqueles que mais convêm investigar e discutir; que as razões intrínsecas não têm o mesmo, valor e só se podem aduzir para confirmar as extrínsecas. Seguir-se-ão grandes inconvenientes procedendo doutro modo. Assim crescerá a audácia dos inimigos da religião em impugnar e destruir a autenticidade dos Livros sagrados ; a chamada critica superior abrirá larga porta para que cada um siga a interpretação mais ao sabor dos seus desejos e prejuízos; não brilhará nas Escrituras a luz que se busca; não se deduzirá delias doutrina alguma certa; ficará aberto largo caminho para aquela conhecida característica do erro que é a variabilidade e a contradição no sentir, como já o demonstram os príncipes da nova critica superior; e porque muitos já estão eivados das ideias duma filosofia vã e racionalista, não se pejam de expungir dos Livros sagrados os milagres, as profecias, numa palavra, tudo que pertence à ordem sobrenatural.

27. O intérprete tem depois de haver-se com os que, abusando das ciências físicas e examinando minuciosamente os Livros sagrados, acusam os seus autores de ignorantes daquelas ciências e cobrem de vitupérios os seus escritos. E, como estas acusações versam sobre cousas sensíveis, tornam-se sumamente perigosas, quando conhecidas dos indoutos e muito principalmente da mocidade estudiosa, que, se deixa de prestar fé a um só artigo da revelação divina, facilmente a rejeitará toda. É por demais sabido que as ciências da natureza, se convenientemente estudadas são de subida importância para contemplar a glória do criador supremo refletida nas cousas criadas preversamente infiltradas em inteligências ainda tenras destroem os princípios da sã filosofia e depravam os costumes. Será por isso de muita conta para o professor da sagrada Escritura o conhecimento das ciências naturais, para que assim mais facilmente descubra e destrua os laços armados contra os Livros divinos.

28. Entre a teologia e as ciências experimentais não há, certamente, desacordo algum real, quando àquela e estas não ultrapassam a sua espera, precavendo-se ambas com esta admoestação dê Santo Agostinho:— “Nada se deve afirmar temerariamente, nem dar como conhecido o que é desconhecido”. Havendo discordância entre aquelas ciências e a teologia, de como se há de haver o teólogo di-lo está resumida norma de Santo Agostinho: — “Não colidem com o magistério da Escritura os factos científicos devidamente comprovados; o que as ciências da natureza opõem como contrário aquele magistério deve ser tido na conta de meras hipóteses ou falsas afirmações. Para devidamente ponderar a justeza desta norma devemos ter em vista que os hagiógrafos, ou antes “o Espírito de Deus que os inspirou, não intentara instruir os homens acerca da constituição intima do universo, como isto de nenhum proveito era para a salvação”. É por isso que os escritores sagrados, pondo de parte a observação da natureza, vão direitos ao seu fim; e se, por vezes, descem a falar das cousas criadas, empregam o sentido metafórico, servindo-se da linguagem vulgarmente usada naqueles tempos. Ainda hoje tal modo de dizer é frequente mesmo entre os sábios. Na linguagem vulgar, as cousas designam-se espontânea e propriamente como se apresentam aos sentidos. Assim procederam os hagiógrafos: — “descrevem as cousas, diz o Doutor angélico, tais como sensivelmente apareciam” ou então, o que o próprio Deus lhes significava, acomodando-os á linguagem humana e á capacidade dos mesmos escritores sagrados.

29. Da necessidade de defender valorosamente a Escritura santa não se conclui que devamos defender com o mesmo zelo todas as interpretações que cada um dos Padres e comentadores deram aos lugares bíblicos. Conformando-se, na exposição dos textos que se referem a fenômenos físicos, com as ideias correntes no seu tempo, talvez caíssem em erro, perfilhando ideias que hoje não se admitem. Por isso, é de necessidade examinar atentamente quais as cousas que ensinam como pertencentes a fé ou relacionadas com ela e quais as que unanimemente professam, porque nas que não são de fé necessária, diz S. Tomás, foi lícito aos Santos e é lícito a nós pensar de modo diverso. E noutro lugar acrescenta com grande prudência — “Parece-me ser mais seguro não afirmar como dogmas de fé o que os filósofos comumente sentem e que não colide com a fé, nem também negá-lo como oposto á fé, para não darmos azo a que os sábios deste mundo rejeitem a doutrina revelada”. No entanto, se bem que o intérprete deva demonstrar que nas Escrituras, intendidas como devem sô-lo, nada há que se oponha ao que os naturalistas afirmam como certo, esteja, contudo, de sobreaviso, pois pôde suceder que seja amanhã havido como duvidoso e até rejeitado como falso o que hoje é recebido como certo. Além disso, se os escritores de ciências experimentais, ultrapassando os limites da sua esfera, invadirem o campo da filosofia, semeando nele ideias erro nas, deixe o teólogo exegeta aos filósofos o encargo de as refutar.

Fonte: Portal Veritatis Splendor

Parolin: a Igreja está próxima dos que sofrem pela Covid

Cardeal Parolin e a Prefeita da Cidade do México Claudia Sheinbaum

O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, em visita ao México, celebrou ontem a Missa no Santuário Nacional da Virgem de Guadalupe: precisamos de uma fé coerente e ativa "contra todo desânimo, medo e confusão".

Vatican News

A realidade da pandemia, que atingiu o mundo inteiro, "fez sentir nossa fragilidade humana, paralisando nossas atividades, afetando nossa saúde e causando o luto em muitas famílias, na aparente ausência de Deus". Diante da imagem da Virgem de Guadalupe, no famoso Santuário nacional da Cidade do México, neste último domingo, 20 de junho, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, recordou o sofrimento, as expectativas e as esperanças da humanidade atingida pela emergência sanitária da Covid-19.

No meio de tantas provas, o cardeal disse em sua homilia em espanhol, "a Igreja, como família de famílias, procurou estar próxima, acompanhar, rezar, interceder por tantas pessoas profundamente feridas não só no corpo, mas também no espírito". Também hoje, acrescentou, "nossa súplica sobe aos ouvidos de Deus como um grito quase de desafio: Senhor, onde estás? Mestre, por dormes", acrescentou, retomando as palavras do Evangelho dominical centradas no episódio da tempestade acalmada por Jesus.

O Senhor, salientou o secretário de Estado, "fez sentir sua presença mais uma vez através da generosidade e do serviço de tantas pessoas boas que nos ajudaram espiritual e fisicamente, pessoas que souberam compartilhar, que nos acompanharam em oração". Mesmo neste tempo de provação - comentou - o Senhor fez com que o conhecêssemos, levantou-nos, nos está levantando, para construirmos juntos o futuro das nossas comunidades e do mundo inteiro". Diante da "Imperatriz das Américas", o celebrante se referia ao "barco agitado pelos ventos e pelas ondas, como a situação do México, e de muitos outros países latino-americanos, que vivem assim há muitos anos: desigualdade social, pobreza, violência do crime organizado, divisão por razões políticas, sociais e até mesmo religiosas".

Um México, explicou ele, que "precisa reconciliar-se consigo mesmo, encontrar-se como irmãos, perdoar-se mutuamente, unir-se como sociedade, superando a polarização". Um México, disse o cardeal, que "sabe olhar para sua história para não esquecer a grande riqueza de suas raízes e o legado de valores que forjaram sua identidade durante muitas gerações". Portanto, como crentes, "podemos afirmar que o encontro com Jesus Cristo foi e continua sendo o presente mais precioso e transcendente para os povos e culturas desta nação e do continente americano".

Também porque, observou, a nação mexicana "esforça-se para abrir melhores caminhos para o futuro, um futuro de reconciliação e harmonia". Por esta razão, o Secretário de Estado pediu um renascimento e um aprofundamento da fé nesta terra. "Também precisamos da fé que Jesus nos pede no Evangelho de hoje", insistiu ele, "contra todo desânimo, medo e confusão". Precisamos da fé de Maria, o que a torna grande, abençoada, como a sua prima Isabel a saudou: Abençoados sejam vocês que acreditaram".  Uma fé profunda, "convencida, consistente e ativa, que se transforma em testemunho de vida, tanto pessoal quanto comunitária, porque - como sabemos - a separação e às vezes a contradição entre fé e vida é um dos escândalos mais sérios que os cristãos podem dar ao mundo", concluiu ele.

Fonte: Vatican News

Papa denuncia a rigidez de cristãos que propõem “voltar atrás” como solução

Papa Francisco. Foto: Pablo Esparza / ACI Prensa

Vaticano, 23 jun. 21 / 09:14 am (ACI).- O papa Francisco criticou os pregadores que se veem como “guardiões da verdade” e portadores do único modo de ser cristão, na quarta-feira, 23 de junho, ao iniciar uma nova série de catequeses para as audiências gerais que será dedicada à reflexão sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas. Em sua alocução, Francisco retomou um tema ao que sempre volta, a rigidez, e criticou aqueles que propõem “que a solução para as crises de hoje é voltar atrás para não perder a genuinidade da fé”.

A situação refletida na Carta aos Gálatas “não está longe da experiência que vários cristãos vivem em nossos dias”, disse o papa Francisco. "Também hoje, como naquela época, há a tentação de se encerrar em certas certezas adquiridas em tradições passadas" e explicou que uma forma de reconhecer estas pessoas "é a rigidez diante da pregação do Evangelho”.

“Com efeito, ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, podem perturbar as comunidades. Apresentam-se não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros guardiães da verdade, assim se consideram, qual é a melhor maneira de ser cristão. Afirmam energicamente que o verdadeiro cristianismo é aquele ao qual estão ligados, frequentemente identificado com certas formas do passado, e que a solução para as crises de hoje é voltar atrás para não perder a genuinidade da fé”.

“Face à pregação do Evangelho que nos torna livres, jubilosos, eles são rígidos. Sempre a rigidez: deve-se fazer isto, deve-se fazer aquilo… A rigidez é própria dessas pessoas”, alertou.

“Seguindo o ensino do Apóstolo Paulo na Carta aos Gálatas ajudar-nos-á a compreender qual caminho seguir. O caminho que o Apóstolo indicou é aquele libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade, os novos pregadores não sabem o que é humildade nem fraternidade; é o caminho da confiança mansa e obediente, os novos pregadores não conhecem a mansidão nem a obediência”.

Segundo o papa, a Carta aos Gálatas mostra que Paulo “percebe um grande perigo” nas igrejas que fundou:  a infiltração de “alguns cristãos procedentes do judaísmo, que com astúcia começaram a semear teorias contrárias ao ensinamento do apóstolo, chegando a denegrir sua pessoa. Começam com a doutrina, depois denegrem o apóstolo” buscando “desautorizá-lo”.

“Como se vê, é uma prática antiga apresentar-se em algumas ocasiões como os únicos possuidores da verdade, os puros, e também tentar reduzir o trabalho realizado por outros com calúnias”, disse o papa.

Na interpretação de Francisco do escrito de São Paulo, “os gálatas teriam que renunciar à sua identidade cultural para se submeter às normas, prescrições e costumes típicos dos judeus. E não só isso. Esses adversários afirmavam que Paulo não era um verdadeiro apóstolo e, portanto, não tinha autoridade para pregar o Evangelho”.

Desta forma, o Pontífice destacou que “os Gálatas estavam em situação de crise. O que eles tiveram que fazer? Ouvir e seguir o que Paulo havia pregado para eles, ou ouvir os novos pregadores que o acusaram? É fácil imaginar o estado de incerteza que animava seus corações”.

“Para eles, ter conhecido Jesus e crido na obra de salvação realizada com a sua morte e ressurreição foi realmente o início de uma nova vida, uma vida de liberdade. Eles embarcaram em uma jornada que permitiu que fossem finalmente livres, entretanto, sua história foi tecida por muitas formas de escravidão violenta, não a menor a que os sujeitou ao imperador de Roma. Portanto, diante das críticas de novos pregadores, eles se sentiram perdidos e inseguros sobre como se comportar, mas quem está certo? Paulo ou essas pessoas que agora estão ensinando outras coisas? Quem deveriam ouvir?”, perguntou o papa.

“Em última análise, a fé no Espírito Santo presente na Igreja conduz-nos adiante e nos salvará”, concluiu o papa Francisco.

Fonte: ACI Digital

SOLENIDADE DO NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

SÃO JOÃO BATISTA, Iconostase de Cefalonia  (© Musei Vaticani)
24 de junho

A vocação profética de São João Batista é circundada, desde o seio materno, de eventos extraordinários, em preparação ao nascimento de Jesus. O evangelho de Lucas (1,39-45) narra que a sua mãe Isabel, enquanto estava grávida, recebeu a visita da sua prima Maria, que também estava grávida de Jesus, e que João exultou de alegria no seio materno ao ouvir a voz de Maria.

Isabel era estéril e idosa. O Arcanjo Gabriel anunciou ao seu esposo Zacarias, o nascimento de um filho: “Não temas Zacarias – disse-lhe – a tua oração foi ouvida e tua mulher, Isabel, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor”.

João Batista se apresenta

“Voz do que clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas’!” Assim João Batista definia a si mesmo e a sua missão. Os Evangelhos dizem que ele vivia no deserto, vestido com pelos de camelo e se alimentava de gafanhotos e de mel silvestre; fazia penitência e pregava convidando à conversão. Certo dia, às margens do rio Jordão, aconteceu o encontro com o próprio Messias, que lhe pediu para ser batizado também. O batismo de João era de penitência e representava o batismo segundo o Espírito: “Eu, na verdade, batizo-vos com água para a conversão - dizia a seus discípulos - mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar as correias das sandálias; ele vossa batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Após ter batizado o Salvador, afirmou: “Agora a minha alegria é completa. Ele deve crescer e eu, ao invés, diminuir”. A sua missão foi comprida.

Homem justo e o preço da verdade

João Batista amava a verdade e, por isso, morreu decapitado na prisão. Havia sido preso pelo Rei Herodes, por causa de Herodíade, mulher do seu irmão, Filipe, com a qual se casara. Com efeito, João lhe havia recordado que não era lícito conviver com a mulher do seu irmão. Herodes, porém, reconhecendo nele um homem justo, não queria mandar matá-lo. Mas, Herodíade venceu, convencendo a sua filha Salomé a pedir-lhe, como prêmio da sua dança em um banquete, a cabeça de Batista.

A cabeça de Batista

Com o passar dos séculos, houve muitas discrepâncias nas várias lendas e nas histórias de diversas supostas relíquias no mundo cristão. Diversos locais diferentes reivindicam a posse da cabeça de João Batista. Alguns cristãos acreditam que a cabeça que está exposta na igreja de “San Silvestro in Capite”, em Roma, seja a cabeça de São João Batista.

Fonte: Vatican News

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Dom José Aparecido é nomeado como Referencial da CNBB para a RCCBRASIL

Dom José Aparecido | RCC-BRASIL
Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Na última quinta-feira (17/6), Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida, bispo auxiliar de Brasília, foi nomeado como Referencial da CNBB para a RCCBRASIL. O bispo terá a missão de acompanhar e orientar todas as atividades no Movimento. A família carismática o acolhe com grande alegria e ânimo para juntos levarem a cultura de Pentecostes para todo o povo de Deus.

Nesta oportunidade, a RCCBRASIL também agradece a Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém (PA),  pelo pastoreio efetivo ao longo de tantos anos, reitera sua amizade, carinho e comunhão para com ele. Dom Alberto sempre se manifestou como um pai amoroso para todos os carismáticos, sendo presença importante em inúmeros momentos históricos e decisivos do Movimento, além diversos eventos formativos, celebrações da Santa Eucaristia, retiros, sempre se mostrou solicito a atender prontamente todas as realidades do Movimento. Rogamos ao bom Deus que o abençoe e retribua pelo cuidado prestado à família carismática do Brasil. A RCCBRASIL o traz no coração e sempre o amará. (fonte:RCCBRASIL)

Conheça Dom José Aparecido

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida nasceu em 21 de julho de 1960, na cidade de Ourinhos (São Paulo).  É o primogênito de quatro irmãos. Já desde pequeno acompanhava o falecido pai, Sr. Orlando, vicentino, nas visitas às famílias mais pobres de Ourinhos. Após os 15 anos foi aprendiz bancário. Aos 19 anos entrou no Seminário. Frequentou o curso de filosofia no Seminário Arquidiocesano de Londrina por um ano, completando-o nas Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI), em São Paulo (1980-1982), onde também fez os estudos teológicos, na Faculdade Nossa Senhora da Assunção (1983-1986).

Ordenado presbítero na Arquidiocese de São Paulo, no dia 21 de dezembro de 1986,e sucessivamente incardinado na Diocese de Santo Amaro, aos 15 de março de 1989. Conseguiu o doutorado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Santa Cruz, em Roma. Aos 8 de maio de 2013 foi nomeado Bispo Auxiliar de Brasília.

Nos primeiros anos do ministério sacerdotal, foi administrador paroquial da Paróquia Santa Cruz de Parelheiros – Diocese de Santo Amaro (1987-1988) e pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Jardim Prudência – Diocese Santo Amaro (1988-1990). Em 1990 foi enviado a Roma para uma especialização em Direito Canônico. Em 1994 foi convidado para trabalhar no Conselho Pontifício para os Textos Legislativos, exercendo a função de Adido de Secretaria até 2010. Em 2010 o Papa Bento XVI o nomeou Prelado de Honra de Sua Santidade e Subsecretário do mesmo Dicastério, função que exerceu até à nomeação episcopal.

Durante a sua permanência em Roma, prestou colaboração pastoral em várias atividades da Diocese de Roma: foi capelão da Clínica Sacra Famiglia, foi confessor extraordinário da Basílica de São Pedro durante o Grande Jubileu do ano 2000. Também prestou auxílio pastoral a algumas paróquias em Roma e na Diocese de Netuno e confessor externo no Pré Seminário São Pio X, no Vaticano.

Na Santa Sé, foi também nomeado Comissário para a defesa do vínculo das causas de Matrimônio ratificado e não consumado (pela Congregação para o Culto divino e a Disciplina dos Sacramentos, competência que passou a seguir para a Rota Romana); membro da Comissão de Arbitragem e Conciliação do Oficio do Trabalho da Sé Apostólica (ULSA). Foi convidado a trabalhar também em diversas comissões interdicasteriais para estudar questões de governo da Igreja que envolviam a competência de vários Dicastérios, além de várias colaborações ocasionais com outros Dicastérios. De 2010 a 2015, por nomeação do Papa Bento XVI, foi Consultor da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Atualmente, colabora  com a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica como auxiliar de comissariamento de alguns institutos.

Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil colabora com a CETEL Comissão Episcopal que cuida das versões dos textos litúrgicos, e de algumas outras comissões relacionadas com a Justiça Eclesiástica. No Regional Centro Oeste, acompanha também os Presbíteros e a Pastoral Vocacional.

Atualmente, na Arquidiocese de Brasília é bispo referencial para os Vicariatos Sul e Leste, acompanha os seminários e a formação permanente do clero, a Comissão de Bioética, alguns movimentos eclesiais, as chamadas novas comunidades e as comunidades religiosas.

Fonte: Arquidiocese de Brasília

Providentissimus Deus (Parte 3/5)

Papa Leão XIII | Veritatis Splendor

PROVIDENTISSIMUS DEUSDO PAPA LEÃO XIII

SOBRE OS ESTUDOS BÍBLICOS

Veneráveis irmãos, saúde e benção apostólica

16. Com este método, o uso da sagrada Escritura será de grande eficácia nas demonstrações teológicas. Não esqueçamos nunca que, além das causas de dificuldade que ordinariamente ocorrem para a inteligência dos livros antigos, ha outras peculiares dos Livros sagrados. Escritos sob o influxo do Espírito Santo contêm mistérios altíssimos que transcendem a esfera da razão humana e muitas outras verdades intimamente ligadas com eles; umas vezes o sentido é mais lato e recôndito do que a letra e as leis hermenêuticas parecem indicar, outras vezes o sentido literal oculta outros sentidos de muito alcance já para ilustrar o dogma, já para persuadir os preceitos mor a es. Não é, pois, de admirar que os Livros sagrados apareçam envolvidos em certa obscuridade religiosa, de modo que ninguém ouse estudá-los sem luz que lhe alumie os passos. Assim o dispôs a providência divina, no sentir comum dos Santos Padres, para que os homens os estudassem com mais vontade e diligência e ficassem profundamente gravados em sua alma os conceitos havidos com esforço, e, sobretudo, intendessem que Deus confiou as Escrituras á sua Igreja, como a mestra e guia segura e intérprete fiel da sua palavra. Em verdade, onde os dons de Deus, aí é que deve aprender-se a verdade; onde a sucessão apostólica aí é que está o magistério inerrante das Escrituras, como no-lo diz Santo Irineu. Esta doutrina, que é a de todos os Padres, proclamou- a o Concilio do Vaticano, quando renovou o decreto tridentino acerca da interpretação da palavra de Deus escrita: — É crença do Concilio que em pontos de fé e costumes, atinentes a edificação da doutrina cristã, deve ter-se como verdadeiro o sentido da sagrada Escritura aquele que sempre professou e professa a Santa Madre Igreja, a quem pertence julgar do verdadeiro sentido e interpretação das Escrituras santas; e por isso a ninguém é licito interpretar a Escritura sagrada contra aquele sentido ou ainda contra o consenso unanime dos Padres.

17. Com tal doutrina, toda informada duma alta sabedoria, a Igreja, longe de obstar aos progressos da verdadeira ciência bíblica, antes os fomenta, pondo-os a bom recato contra todo o erro. Na verdade, fica aberto a todo o intérprete largo campo onde pôde exercer seguramente a sua atividade e com grande proveito para a Igreja. Nos lugares da sagrada Escritura, cujo sentido ainda não está determinado dum modo certo e seguro, pode proceder por forma que os seus estudos sejam, por suave desígnio da providência divina, outros tantos subsídios para que a Igreja pronuncie o seu juízo supremo; nos lugares, porém, cujo sentido já está definido, pôde prestar ainda grandes serviços, tornando-o quer de mais fácil inteligência para os rudes, quer mais brilhante para os doutos, quer, finalmente, mais persuasivo para reduzir e levar de vencida os adversários. Por tanto, é dever sagrado de todo o interprete católico ajustar-se a esta norma: os lugares da sagrada Escritura, cujo sentido foi autenticamente determinado quer pelos hagiógrafos divinamente inspirados, como sucede em muitos lugares do novo Testamento, quer pela Igreja assistida do Espirito Santo, quer por um juízo solene, quer pelo magistério ordinário e universal da mesma Igreja, não são susceptíveis doutra interpretação; demonstrando, pelos subsídios de que dispõe, que tal interpretação é a única que se compadece com as leis duma sã hermenêutica. Quanto aos outros lugares, a norma suprema é seguir a analogia da fé e a doutrina católica tal como é proposta pela Igreja, pois que, sendo Deus o único autor dos Livros sagrados e da doutrina confiada ao magistério da mesma Igreja, é impossível que seja deduzido das regras duma legitima interpretação o sentido oposto àquela doutrina. Infere-se daqui que deve rejeitar-se como inepta e falsa aquela interpretação que de qualquer modo torne contraditórios entre si os autores inspirados ou colida com a doutrina da Igreja.

18. Brilhe pois no professor de hermenêutica sagrada não só uma solida ciência de toda a teologia, senão também um profundo conhecimento dos comentários dos Santos Padres e Doutores, e das obras dos intérpretes autorizados. Isto recomenda S. Jeronimo e com grande encarecimento Santo Agostinho, que, com justa queixa, exclama: — “Se qualquer disciplina, por mais humilde e fácil que seja, demanda, para ser intendida, um preceptor ou mestre, haverá nada mais temerário e soberbo que tentar conhecer os Livros divinos, rejeitando os seus intérpretes?’. O mesmo sentiu e confirmou com o seu exemplo os demais Padres, que “na investigação do sentido das Escrituras seguiam não o seu próprio juízo, mas os escritos e autoridade de seus maiores, como estes receberam da sucessão apostólica a regra da genuína interpretação”.

19. O ensino dos Santos Padres que “depois dos Apóstolos propagaram a santa Igreja, instruindo-a com o seu magistério, edificando-a com as suas virtudes, acrescentando-a com a sua doutrina”, é de suma autoridade sempre que todos são unanimes em explicar do mesmo modo um dado lugar bíblico relativo à fé ou a moral, porque naquela unanimidade nitidamente resplandece o facto de que tal ensino é, segundo a fé católica, de procedência apostólica. Deve ter-se ainda em grande preço o ensino dos Padres sobre o mesmo lugar bíblico, quando falam como doutores particulares, porque não só a sua remontada ciência da doutrina revelada e opulenta erudição, de grande momento para a inteligência dos livros sagrados, os torna altamente recomendáveis, senão também porque Deus auxiliou com mais vivas luzes e graças aqueles varões insignes em ciência e santidade. Se, pois, o intérprete quer ser digno deste nome siga com respeito os exemplos dos Santos Padres e estude com inteligente critério as suas obras.

20. Nem se diga que, procedendo assim, não pôde ir mais além, pois que, sendo necessário, deve progredir nas suas investigações, contanto que preste rendido obsequio aquele sábio preceito de Santo Agostinho, a saber: — “que nunca devemos abandonar o sentido literal e obvio, salvo se uma razão grave ou a necessidade nos obrigam a abandoná-lo”, preceito este que deve observar-se tanto mais firmemente quanto é certo que, neste maré Magnum de opiniões e desenfreada ambição de novidades, há perigo iminente de errar. Tenha também o intérprete todo o cuidado em não desprezar o sentido alegórico e analógico que os mesmos Padres deram, por translação, a alguns lugares bíblicos, mormente quando tal sentido se deduz do literal e tem em seu abono a autoridade de muitos. Este modo de interpretar recebeu-o a Igreja dos Apóstolos, e ela mesma o confirmou com o seu exemplo, como no-lo atesta a liturgia. Nem os Padres usaram do sentido alegórico para demonstrar os dogmas da fé, mas porque por experiência sabiam que tal sentido era de muito fruto para fomentar a virtude e a piedade.

21. É de menos conta, certamente, a autoridade dos demais intérpretes católicos; todavia, como os estudos bíblicos têm progredido muito na Igreja, é justo que se preste a devida honra aos comentários daqueles intérpretes, pois que grandes subsídios prestam para vingar o genuíno sentido e muita luz derramam sobre os lugares mais difíceis. O que de modo algum convém é que se desconheçam ou desprezem as excelentes obras que os nossos nos legaram, se prefiram as dos hereges e se procure neles, com perigo evidente da sã doutrina e não raro detrimento da fé, a explicação dos lugares que o talento e os escritos dos católicos já de há muito explicaram otimamente. Se é verdade que as obras dos hereges usadas com prudência, podem algumas vezes auxiliar o intérprete católico, é também verdade, como no-lo atestam numerosos documentos dos nossos maiores, que, fora da Igreja, nunca podemos achar o sentido incorrupto das sagradas Letras, nem tal sentido pode ser alcançado por aqueles que, privados da verdadeira fé, conhecem apenas muito superficialmente as Escrituras.

22. O que sobretudo é muito para desejar, necessário mesmo, é que o uso da sagrada Escritura seja como que a alma de todas as ações da teologia e as informe; que tal é a doutrina professada e praticada pelos Padres e teólogos preclaríssimos de todos os tempos. Procuraram eles, com efeito, estabelecer e demonstrar com argumentos tirados principalmente das sagradas Letras as verdades dogmáticas e as que destas se deduzem; aos mesmos Livros divinos recorreram e às tradições apostólicas para refutar as novas fabulas dos hereges e investigar a razão, o sentido e o nexo dos dogmas católicos. E não estranhemos que assim seja, pois é tão distinto o lugar que os Livros divinos ocupam entre as fontes da revelação que, sem o seu estudo e uso assíduo, a teologia não pôde ser cultivada como deve sê-lo, nem considerada com a dignidade que merece. Nada mais justo que os alunos das academias e escolas sejam doutrinados na ciência dos dogmas e que, mediante ordenada discussão, deduzam dos artigos de fé outras verdades, segundo as normas duma filosofia solida e digna deste nome; todavia, o teólogo erudito e grave nunca deve desprezar a demonstração dos dogmas, deduzida da autoridade da Bíblia. “A teologia não recebe os seus princípios das outras ciências, mas imediatamente da revelação divina. Por isso nada recebe das outras ciências como se estas lhe fossem superiores, mas serve-se delias como de inferiores e subalternas”. Este é o método do magistério da ciência sagrada, proposto e encarecido pelo príncipe dos teólogos, S. Tomás de Aquino. Conhecendo a fundo a Índole da teologia cristã, ensinou o aquinate como é que o teólogo pôde defender os seus princípios, quando impugnados. “Nas controvérsias, se o adversário admite alguns princípios revelados, então assim como argumentamos contra os hereges com a autoridade da Escritura, assim também com um artigo de fé podemos argumentar contra os que negam outro. Se porém o adversário nada admite do que a revelação ensina, ainda que não podemos argumentar com a razão para demonstrar artigos de fé, podemos, todavia, refutar com a razão os seus argumentos, se alguns aduz contra a fé”.

Fonte: Portal Veritatis Splendor

A humildade segundo os santos e doutores

Guadium Press
O que é humildade? Como se obtém?

Redação (22/06/2021 10:55Gaudium Press) A humildade é a base das virtudes, ou seja, sem verdadeira humildade não se pode praticar nenhuma virtude, pois a pessoa que não é humilde rejeita a graça de Deus. Sem ela não se pode praticar a caridade, que é o verdadeiro amor a Deus e ao próximo. Por ser essencial, deve-se  sempre suplicar para obtê-la.

A base de todos os vícios é o orgulho que é o contrário da humildade.

Mas o que é humildade? Como se adquire?

Eis algumas considerações de santos e doutores que podem nos ajudar:

“Humildade é a verdade, e a verdade é que não temos nada de bom que não tenhamos recebido de Deus” (Santa Teresa).

“Humildade é o conhecimento claro de quem somos, sem remover ou adicionar nada” (Bálsamo).

“Para chegar ao conhecimento da verdade, há muitos caminhos: o primeiro é a humildade, o segundo é a humildade, e o terceiro é a humildade” (Santo Agostinho).

“Quanto mais fores elevado, mais te humilharás em tudo, e perante Deus acharás misericórdia, porque só a Deus pertence a onipotência, e é pelos humildes que Ele é verdadeiramente honrado” (Eclo 3, 18-20).

“A verdadeira humildade consiste em se persuadir e se convencer de que sem Deus somos insignificantes e desprezíveis; e em aceitar que nos tratem como tal” (Santo Inácio de Loyola).

“A alma para vencer o poder do demônio precisa da oração, e não poderá entender seus enganos sem mortificação e humildade” (São João da Cruz).

“Humildade é algo muito estranho. No momento em que pensamos tê-la, já a perdemos” (Santo Agostinho).

“Humildade é estar convencido de que não se é nada por conta própria; não desprezar ninguém, e atribuir suas qualidades a um dom de Deus.” (Pischetta)

“A humildade é o hábito de pensar em si mesmo em comparação com o quão perfeito é Deus, e em comparação com a perfeição a qual Ele nos destinou e que não conseguimos alcançar.”

“A humildade é a virtude sobrenatural, que através do conhecimento exato de nós mesmos, nos inclina a nos estimar precisamente no que valemos, e a aceitar as humilhações e desprezos” (Tanquerey).

Tudo vem de Deus

“O humilde se considera como um mendigo diante do Poderosíssimo e generoso Deus. Quer tratar Deus como Deus, dono e Criador de tudo. Ele se considera indigno dos grandes benefícios que Nosso Senhor lhe faz e se admira de que Deus se incline com tanta bondade diante de uma criatura tão indigna e miserável” (Baudemón).

“A base suprema da humildade cristã é o reconhecimento de que o que somos e possuímos nos vem de Deus e que a Ele Lhe devemos” (Nacar).

Humildade não é fugir das grandes empresas: “O humilde foge de um defeito que lhe faz muito mal e que consiste em, por pequenez de ânimo, fugir das grandes obras, por julgá-las falsamente superiores à sua força. Ora, o humilde por si sabe que não é nada, mas ao mesmo tempo reconhece que com a ajuda de Deus pode fazer grandes obras” (Pischetta).

“Humildade é a etiqueta que exige o cerimonial para as audiências com Deus” (Padre Alfonso Milagro).

“O Espírito Santo exige daquele que deseja receber suas luzes e inspirações que seja humilde, ou seja, que reconheça que por si só não pode fazer nada, que tudo recebe de Deus” (Padre Luis Bonilla).

“Quando vejas em ti algo de bom, atribua a Deus, não a ti mesmo.” (São Bento).

“Deus prefere a humildade e odeia e abomina o orgulho, porque o orgulho é a mentira” (Pe Luis Bonilla).

Um dia comecei a pensar sobre qual seria o último posto que pode haver no mundo. E descobri que o último posto está aos pés do traidor Judas. E eu queria me colocar lá, mas não consegui, porque ali estava Jesus Cristo ajoelhado, lavando-lhe os pés. Desde então, meu apreço pela humildade cresceu (São Francisco de Borja).

Texto extraído de Humildade, Pe. Salesman.


Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF