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sábado, 22 de janeiro de 2022

Brasileiros receberão ministério de catequista em Missa com o Papa

Wanderson e Regina / Foto: Divulgação-CNBB

Wanderson Saavedra Correia e Regina de Sousa Silva, da diocese de Luziânia (GO), receberão o ministério de catequistas neste Domingo da Palavra de Deus na Basílica de São Pedro.

Da Redação, com CNBB

celebração do Domingo da Palavra de Deus com o Papa Francisco neste domingo, 23, na Basílica de São Pedro, terá momentos significativos. Um deles é a realização do rito pelo qual o ministério de catequista será conferido a fiéis leigos, mulheres e homens.

Receberão o ministério do leitorado alguns fiéis leigos provenientes da Coreia do Sul, Paquistão, Gana e de várias partes da Itália. Do Brasil, para receber o ministério de catequista, estarão presentes Wanderson Saavedra Correia e Regina de Sousa Silva, provenientes da diocese de Luziânia, Goiás.

Wanderson Saavedra Correia é catequista há 11 anos na Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Luziânia, Goiás, e animador da forania de Luziânia. Ele também ajuda nas formações de catequistas na diocese e é membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, do regional Centro-Oeste da CNBB.

Ele explica que o convite surgiu a partir do bispo diocesano, Dom Waldemar Passini, para serem instituídos ministros da catequese pelo Papa Francisco, em Roma. Ele e Regina estão cumprindo protocolos sanitários no Vaticano – isolamento de dez dias – para que no próximo dia 23, domingo, possam ser instituídos pelo Papa Francisco como ministros da catequese.

Wanderson conta que é uma honra representar o Brasil e sua caminhada na catequese. “Para nós, hoje, é gratidão que se resume tudo. É uma graça e não por questões de mérito nosso, mas em representar todo o Brasil nessa caminhada de estar próximo a Cristo e de mostrar a pessoa de Cristo a todos os nossos irmãos e irmãs que precisam estar mais próximo, então é muito gratificante”.

Para Wanderson, pensar num futuro após essa instituição, pelo Papa Francisco, é pensar que eles estão de fato levando o Evangelho a todos. “Seremos portadores dessa mensagem de uma forma mais especial, porque esse carinho todo, essa alegria que o Papa nos demonstra é algo que devemos transmitir”.

Testemunho de Regina

Já Regina de Sousa Silva é catequista há 11 anos na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Céu Azul, em Valparaíso de Goiás (GO). Ela é coordenadora paroquial de catequese, é catequista e animadora da forania de Valparaíso de Goiás, pertencente à diocese de Luziânia (GO).

Para ela, é uma grande honra representar o Brasil e toda a caminhada. “Até aqui foi uma grande surpresa. Nós não esperávamos que fôssemos escolhidos entre tantos catequistas no Brasil, mas nós temos a ciência de que não é só o nosso mérito”, disse.

Regina salientou que ela e Wanderson estão representando todos os catequistas e a catequese que é constituída por homens e mulheres, que obedientes à ação do Espírito Santo dedicam a sua vida com muito esforço e com muitas lutas.

“Ser catequista é um serviço essencial para a vida da Igreja. A catequese vem à frente de grandes desafios, um deles é despertar o entusiasmo de cada batizado e, para isso, requer a escuta da voz do Espírito Santo, que nunca deixa faltar a sua presença que é fecunda em nós, para que nós possamos revelar Deus a todas as pessoas, então para nós é uma grande graça’, apontou.

Regina apontou que, após essa instituição, o foco é continuar a missão, só que com a alegria maior porque houve o reconhecimento pelo Papa Francisco e por todo o carinho que ele emprega na missão. “Somos eternamente gratos”, finalizou.

Acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e acolitado

O Papa Francisco modificou um cânon do Código de Direito Canônico e agora está institucionalizado o acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e acolitado. Na carta apostólica em forma de Motu Proprio Spiritus Domini, divulgada no início de janeiro, Francisco estabeleceu que esses ministérios sejam de agora em diante também abertos às mulheres, de forma estável e institucionalizada, com um mandato especial.

Fonte: https://noticias.cancaonova.com/

A Idade Moderna – De Erasmo a Nietzsche (Parte 2/6)

Presbíteros

A Idade Moderna
De Erasmo a Nietzsche
ESTUDOS DE IDEIAS POLÍTICAS
por Eric Voegelin

Tradução e abreviação de M. C. Henriques, Lisboa, Ática, 1996

§ 3. Os símbolos de Igreja e Transubstanciação

As questões muito específicas da Disputa de Leipzig exemplificam a crise de um conteúdo ornara difícil de digerir intelectualmente. A essência do cristianismo exige um reajustamento permanente de expressão. O que é já um problema grave no interior de uma sociedade, ainda mais se complica quando o reajustamento bule com a grandeza de várias civilizações. A Igreja é uma parcela de eternidade na história mas as expressões doutrinárias da verdade cristã não parecem tão eternas quando atingidas pela relatividade histórica. A principal vítima da dificuldade de lidar com a historicidade do cristianismo foi o símbolo da própria Igreja. Na Antiguidade, S.Paulo estabelecera um compromisso mediante a interpretação da cultura pagã e da lei hebraica como prelúdios da revelação cristã. Os concílios da cristandade romana tinham harmonizado a pluralidade de sociedades cristãs através de consenso na Cristologia. Após Carlos Magno e as cruzadas, a situação cismática dormente na Igreja sofreu um agravamento com o novo horizonte histórico oriental e com as crises internas ocidentais. Se a romanitas como poder espiritual não era um símbolo vão, a supremacia pontifícia aparecia sobretudo como a evocação do império romano do Ocidente. Nesse caso, a relativização histórica da ideia imperial seria também a relativização do cristianismo. Como deveria ser defendida a ideia da Igreja universal?

A outra questão ardente da reforma era a transubstanciação. O termo tomista conversio descreve o mistério da transformação do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo, posição inquestionada até ao séc. XIII. A partir de então, a vaga crescente de intelectualismo suscita tentativas sucessivas para explicar o mistério como um problema que pudesse ser positivamente resolvido. O 4º Concílio de Latrão, de 1215, definiu que Transubstanciação era uma mudança de substância que não afetava os acidentes. A conversio é um símbolo de origem pré-cristã cujo alcance pode ser detectado em passagens como I Coríntios 11,23-29, por exemplo: “O que recebi do Senhor, transmito-vos também…Quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor sem merecimento (anaxiós) será culpado do sangue e corpo do Senhor… Quem beber e comer sem discernir (mé diakrinón) o corpo do Senhor bebe e come juízo (krima) para si mesmo “. Como lemos em Gálatas 1 e 2, a conversio narra a experiência autêntica do Evangelho revelado pelo Senhor a Paulo. Após a revelação na estrada para Damasco, Paulo retira-se para a Arábia, depois regressa a Damasco, vai a Jerusalém passados três anos encontrar-se com Pedro e Tiago com quem fica quinze dias e só depois de catorze anos regressa a Jerusalém com Barnabé e Tito para informar os apóstolos do Evangelho que pregava aos gentios. A conversio é uma experiência real e uma experiência não pode ser desmentida. Mantém a sua verdade enquanto o crente a aceitar e enquanto o símbolo despertar a experiência por anamnesis: “Fazei isto em memória de Mim “. Tais elementos são reveladores, diferentemente do que afirma a chamada historiografia “crítica” do Evangelho, não porque ponham em causa a validade dos Sinópticos mas porque neles se detecta a admirável passagem do rito pré-cristão para o símbolo da doutrina cristã que lhe veicula o significado.

Estes elementos ajudam a estabelecer o nível teórico da questão maltratada na Reforma. Teoricamente é muito discutível submeter um mistério como a conversio a uma interpretação em termos da metafísica aristotélica, tal como sucedeu na doutrina da transubstanciação. Quando a conversio se torna uma proposição de química transcendental, a sua verdade torna-se discutível. Metafísicos especiosos como Durand, Occam e d’Aillly ensaiaram soluções tais como considerar que a substância do pão coexiste com o corpo do Senhor. Trata-se de variantes da ideia de consubstanciação a que também pertencem as doutrinas luterana da “presença real”, ou a retórica de Calvino, ou a simbolização comemorativa de Zuínglio. Todas falham em resolver a questão. Uma vez ultrapassada a idade da fé elementar seria possível renová-la através da compreensão anamnética de experiências anteriores, como fez Agostinho na sua teoria do símbolo, Crede et manducasti, uma solução de profundo nível espiritual. O risco cresce na zona mediana entre a fé pura e a sofisticação intelectual. Ora a sofisticação intelectual da Renascença permitia ver o problema mas não permitia ver a solução. A questão da transubstanciação degenerava numa querela pseudo-metafísica entre intelectuais que não dominavam o assunto.

A confusão é instrutiva acerca das tendências em conflito: 1) Era possível desejar o regresso à aceitação simples da fé pura. Lutero insiste por vezes na presença real sem mais nada acrescentar. Será uma solução inconsistente mas pelo menos não é errada. 2) Compreende confusamente a necessidade de um aprofundamento espiritual. Na obra de 1520, Das hauptstück des ewigen und newen Testaments etc.(…) ensaia a distinção entre a palavra e o signo de Jesus Cristo: “Podemos dispensar o signo mas não a palavra: porque não existe fé sem a palavra divina“. Deste modo, a comunhão real é o fortalecimento da fé através da palavra e o sacramento só pode ser recebido na confirmação da fé. 3) Enfim, podia-se levar ao extremo a destruição parcial do símbolo ensaiada pela metafísica e enveredar pela alegorização completa tal como fazem Carlstadt, Zuínglio e Ecolâmpadio. E, acrescente-se como corolário para a história das ideias, verifica-se assim que a inclinação para generalizar as operações do intelecto ao domínio da fé e da crença é afinal uma criação de crentes Católicos do sec. XII, agravada pelos crentes Protestantes do séc. XVI e que só se evidencia com a ação dos descrentes iluministas no séc. XVIII.

BIBLIOGRAFIA:

Joseph Denifle, Luther und seine Entwicklung, 2 vols., 1904-6

Jacques Maritain, Trois Réformateurs, 1923

Fonte: https://www.presbiteros.org.br/

Entrevista com um monge: o deserto pode ser um lugar implacável

Shutterstock | Photonyx Images
Por Daniel R. Esparza

O mestre convidado da Abadia de Cristo no Deserto, Novo México, compartilha perspectivas beneditinas sobre hospitalidade, tentação e vida contemporânea.

São Bento de Núrsia é habitualmente considerado o pai do monaquismo ocidental, mas ele não foi o primeiro monge cristão. Esse título muitas vezes vai para Antão, o Grande. A vida cristã monástica e eremítica nasceu no deserto egípcio pelo menos dois séculos antes de Bento, por volta do ano 270. Enquanto Paulo de Tebas foi o primeiro a se aventurar no deserto, foi Antão quem o transformou em movimento. Aqueles que o seguiram logo formaram uma espécie de sociedade cristã – os famosos Padres do Deserto. Foi um desses padres, São Pacômio, quem organizou as primeiras comunidades monásticas cristãs sob a autoridade de uma figura conhecida como “abade” – palavra derivada do aramaico “abba”, pai.

Isso significa que a famosa Regra de São Bento não é a primeira regra monástica. No entanto, quando comparada com as de São Basílio ou Pacômio, a sua é certamente mais ampla. Organizada em 73 capítulos, é utilizada ininterruptamente pelos monges beneditinos desde o século VI.

Regra

Uma das passagens mais famosas da regra de Bento XVI é o capítulo 53. O texto é relativamente breve. Em poucas linhas, resume o princípio da lendária hospitalidade beneditina. Lê-se da seguinte forma:

Todos os hóspedes que chegarem ao mosteiro sejam recebidos como o Cristo, pois Ele próprio irá dizer: “Fui hóspede e me recebestes”.

As comunidades monásticas consideram a hospitalidade como o cerne de sua missão e identidade, especialmente se estiverem no deserto ou em outras áreas relativamente isoladas, onde os mosteiros são frequentemente encontrados – os viajantes que vagam por essas regiões particularmente remotas precisam de toda ajuda possível.

A caridade cristã obrigaria os monges a ajudar. Essa tradição ainda é preservada e honrada hoje. Entrevistamos o responsável pela hospitalidade da Abadia Beneditina de Cristo no Deserto (fundada em 1964 pelo Pe. Aelred Wall), para discutir brevemente hospitalidade, contemplação e vida.

Lugar

Chega-se a esse mosteiro depois de percorrer 5 km ao longo de uma estrada de terra e cascalho fora da Rota 84, no noroeste do Novo México. O mosteiro, projetado pelo famoso George Nakashima, é cercado por quilômetros de uma paisagem desértica protegida pelo governo, garantindo assim a solidão e a tranquilidade da vida monástica. Começamos nossa entrevista perguntando ao frei Crisóstomo sobre esta localização excepcional.

Thomas Merton disse que o Mosteiro de Cristo no Deserto é o melhor edifício monástico dos EUA. É impressionante como ele se encaixa na paisagem. Você pode dizer mais sobre por que isso é importante para a comunidade monástica?

Os moradores da cidade tentam permanecer conectados ao seu entorno por meio de construções, temas arquitetônicos e cores. Também desejamos seguir esta tradição de nos misturarmos com o nosso ambiente. Sentimos que ao fazê-lo não estamos apenas contribuindo para sua preservação, mas estamos valorizando o respeito pela natureza de que fala o Papa Francisco na Laudato Si’, sua segunda encíclica. A estruturas [do mosteiro] parece ter sido esculpida nas paredes do cânion.

A hospitalidade é um valor bíblico paradigmático. Alguns escritores espirituais explicam que a criação é o principal gesto hospitaleiro de Deus. Se não fosse por sua hospitalidade, Abraão nunca teria tido Isaac. Inúmeras referências bíblicas à hospitalidade (incluindo o nascimento de Jesus) deixam claro que esta é uma preocupação central abraâmica. Sendo o responsável pela hospitalidade de um mosteiro (no deserto, nada menos), como o senhor acha que a hospitalidade poderia ser trazida para a vida cotidiana de todos?

Acredito na mesma coisa que outros escritores espirituais mais instruídos expressaram sobre Deus: Ele é o grande provedor de hospitalidade. A criação foi feita para a sua Igreja. Para não teologizar demais como Deus é hospitaleiro com Sua criação, basta perceber que Ele sabe o que faz. Nós, sua criação, por outro lado, podemos nos beneficiar de lembretes sobre como participamos de Sua criatividade e Sua hospitalidade. Sim, dar abrigo aos pobres, roupas aos nus, comida aos famintos são aspectos importantes da hospitalidade. Jesus nos diz que quando fazemos isso pelo menor de nossos irmãos, fazemos por Ele. No entanto, a hospitalidade pode ser estendida às nossas atitudes abertas e amorosas para com as pessoas, nossa falta de pré-julgamento e nossa disposição de ouvir os outros. Esses também são atos de hospitalidade que não devemos ignorar.

A maioria das pessoas pode ter uma ideia quase romântica do deserto, como se tudo fosse silêncio e paz. Mas o nome do seu mosteiro (“o Mosteiro de Cristo no Deserto”) refere-se claramente ao fato de que o deserto é de fato o lugar onde se é tentado. O senhor poderia compartilhar seus pensamentos sobre isso?

O deserto é de fato romantizado. E, sim, Cristo foi compelido a ir ao deserto logo após ser batizado. Lá ele foi tentado por Sua fome (ele jejuou por 40 dias) e Sua mansidão (ele foi desafiado a provar a Si mesmo como Deus e foi oferecido domínio sobre centros de poder). Pessoalmente, achei o deserto um lugar lindo e implacável também. Lindos céus (dia e noite), o canyon, o rio, a flora e a fauna contribuem para esta paisagem inesquecível. Também pode ser inóspito para a vida às vezes. Pode ser perigoso. Pode ser muito frio e muito quente, às vezes no mesmo dia! O deserto, para mim, é um lugar que pode te tirar, não sem dor, da arrogância da autossuficiência. É também um lugar onde as distrações se dissipam e a simplicidade da vida emerge: Onde está a água? Onde está a comida? O que eu realmente preciso para sobreviver?

A vida contemporânea está repleta de conversas aparentemente intermináveis ​​– telefones celulares e laptops mantêm todos expostos incessantemente a praticamente tudo. Em um mundo em que reina a informação, a contemplação e o silêncio parecem contraculturais, até mesmo inúteis. O que pode nos dizer sobre isso?

Acredito que as distrações daquilo que desejamos perseguir ou focar sempre estiveram conosco. Em nosso mundo moderno, dependendo das escolhas do indivíduo, essas distrações aumentam em múltiplos, talvez até exponencialmente! Recentemente, refleti sobre Nossa Mãe Maria durante sua festa de 1º de janeiro. Ao longo das Escrituras, os escritores dos Evangelhos a descrevem como guardando coisas e ponderando os mistérios dessas coisas em seu coração: a Anunciação, água se transformando em vinho nas bodas de Caná, a visita dos Magos. Maria deve ter guardado muitas lembranças de seu filho notável, Jesus. Nós, como Maria, armazenamos memórias de como Deus trabalhou em nossas vidas ao longo dos anos, as quais podem vir à mente para nós no deserto. Podemos compor um florilegium (um livreto) que ganha vida quando temos tempo para ficar quietos e sentar em solidão e silêncio. Pode parecer inútil para alguns, mas eu digo, experimente! Você nunca sabe que frutos inesperados podem vir de um corajoso passo de fé.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa fala de abuso sexual, dissolução do casamento e sínodo à Congregação para a Doutrina da Fé

Papa Francisco / Daniel Ibáñez (ACI)

Vaticano, 21 jan. 22 / 01:41 pm (ACI).- O papa Francisco falou sobre a necessidade de discernimento em três questões que afetam a Igreja hoje: os abusos sexuais por parte do clero, a dissolução de casamentos e o caminho sinodal.

Discursando hoje, 21 de janeiro, aos participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, o dicastério da Igreja que tem como uma de suas funções lidar com acusações de abusos perpetrados por membros do clero, o papa disse que a Igreja já está progredindo nesse caminho para tornar a “ação judicial mais incisiva”.

“O exercício do discernimento encontra uma aplicação necessária na luta contra abusos de todo tipo”, destacou Francisco.

“A Igreja, com a ajuda de Deus, leva adiante com determinação seu compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos por parte de seus membros, aplicando com especial cuidado e rigor a legislação canônica prevista”, disse o papa. "Nesse sentido, recentemente procedi à atualização das normas sobre crimes reservados à Congregação para a Doutrina da Fé, com o desejo de tornar a ação judicial mais incisiva. Isto por si só não pode ser suficiente para conter o fenômeno, mas é um passo necessário para restabelecer a justiça, reparar o escândalo e emendar o réu".

O papa disse depois que outro campo importante para o discernimento é o da “a dissolução do vínculo matrimonial in favorem fidei” (em favor da fé).

“Quando, em virtude do poder petrino, a Igreja concede a dissolução de um vínculo matrimonial não-sacramental, não se trata apenas de pôr um fim canônico a um casamento, que já falhou de fato, mas, na realidade, através desse ato eminentemente pastoral, pretendo sempre favorecer a fé católica - in favorem fidei! - na nova união e na família, da qual este novo casamento será o núcleo”, disse o papa.

O papa Francisco falou também sobre a importância do discernimento no processo sinodal, o caminho começado na Igreja em todo o mundo em outubro de 2021 e que terminará com o Sínodo da Sinodalidade no Vaticano em 2023.

“Qualquer um pode pensar que o caminho sinodal é ouvir a todos, fazer uma pesquisa e dar os resultados. Tantos votos, tantos votos, tantos votos... Não.”

O papa explicou que “um caminho sinodal sem discernimento não é um caminho sinodal. É necessário discernir continuamente opiniões, pontos de vista e reflexões. Não se pode percorrer o caminho sinodal sem discernir”.

"Esse discernimento é o que fará do Sínodo um verdadeiro Sínodo, no qual - digamos – o personagem mais importante é o Espírito Santo, e não um parlamento ou uma pesquisa de opiniões que a mídia possa realizar."

Em seu discurso, o papa Francisco refletiu sobre três palavras: dignidade, discernimento e fé.

“A dignidade de cada ser humano tem um caráter intrínseco e é válida desde o momento da concepção até a morte natural”, disse Francisco.

 O papa destacou a importância de reconhecer a dignidade em todas as pessoas, para vencer “a tentação de considerar o outro como um estranho ou um inimigo, negando-lhe a real dignidade”.

“A afirmação da dignidade é o pré-requisito inalienável para a proteção de uma existência pessoal e social, e também a condição necessária para que a fraternidade e a amizade social sejam realizadas entre todos os povos da Terra”, disse Francisco.

“A Igreja, desde o início de sua missão sempre proclamou e promoveu o valor intangível da dignidade humana.”

Sobre a fé, o papa Francisco disse que sem ela “a presença de crentes no mundo seria reduzida à de uma agência humanitária”.

“A fé deve estar no coração da vida e da ação de todo batizado. E não uma fé genérica ou vaga, como se fosse um vinho aguado que perde valor, mas uma fé genuína e sincera, como o Senhor quer quando diz aos seus discípulos: 'Se tivessem fé como um grão de mostarda'" .

Citando seu próprio discurso à Cúria Romana de dezembro de 2017, o papa disse que “nunca devemos esquecer que uma fé que não nos põe em crise é uma fé em crise; uma fé que não nos faz crescer é uma fé que deve crescer; uma fé que não nos questiona é uma fé sobre a qual nos devemos questionar; uma fé que não nos anima é uma fé que deve ser animada; uma fé que não nos sacode é uma fé que deve ser sacudida”.

“Não nos contentemos com uma fé morna e habitual. Colaboremos com o Espírito Santo e uns aos outros para que o fogo que Jesus trouxe ao mundo possa continuar aceso e incendiar o coração de todos”, conclui o papa.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Relíquias dos mártires salvadorenhos, testemunho de amor

Relíquia do padre Rutilio Grande | Vatican News

Rutilio Grande foi assassinado por paramilitares em 12 de março de 1977, no final da tarde, quando ia celebrar a Missa da novena em honra de São José, padroeiro do El Paisnal, em Salvador. No dia 22 de janeiro será beatificado juntamente com Manuel Solórzano, o jovem Nelson Lemus e o frade franciscano de origem italiana Cosme Spessotto. Na cerimônia, uma relíquia é o símbolo da presença viva do mártir.

Pe. Manuel Cubías - Cidade do Vaticano

Na manhã de 20 de janeiro, o Museu dos Mártires entregou a relíquia do padre Rutilio Grande à Comissão que cuida da beatificação prevista para o sábado, 22 de janeiro. Trata-se de um lenço que o sacerdote carregava consigo no dia de seu assassinato. É feito de tecido branco e linhas verdes, com o nome do padre Grande bordado em um canto. O sangue e o tecido juntos nos falam hoje de uma pessoa que deu a vida pelos mais pobres.

A relíquia: do silêncio, um testemunho de amor

Na tarde de 12 de março de 1977, o sol estava radiante e quente. A estrada de Aguilares a El Paisnal não era pavimentada e em muitos lugares passava por extensas plantações de cana-de-açúcar. É nesta estrada que o carro do padre Grande e dos seus dois companheiros, Manuel e Nelson, foi emboscado. Dezenas de disparos atingiram os corpos dos três passageiros e uma bala perfurou sem piedade o livro de orações litúrgicas. Respingos de sangue uniram, numa triste despedida, o sacerdote e os leigos, o jesuíta e os camponeses, os mártires e a terra. Uma testemunha do antes e do depois desta tragédia será a relíquia que fará Rutilio Grande presente na cerimônia de beatificação: um lenço.

Vidro protege objetos pertencentes a padre Rutilio | Vatican News

O servidor

Um lenço como símbolo de "serviço" nos permite preservar a memória. Para que Rutilio o usava? Para enxugar o suor dos dias quentes depois de um dia de trabalho e para enxugar as lágrimas do sofrimento e das preocupações. Para que mais poderia ser usado?

O lenço com sangue e o nome do padre Rutilio bordado | Vatican News

A testemunha

E o lenço, que estava no bolso de trás da calça, tornou-se uma testemunha. No dia do assassinato do padre Grande e de seus companheiros, ficou encharcado por seu sangue. Hoje, o lenço traz o nome e a identidade do mártir. Num canto aparece o nome do padre Grande e por toda a superfície os vestígios do seu sangue que o tempo não conseguiu apagar e que continuam a nos falar de sua vida, de sua dedicação e do seu amor pelos mais pequeninos da terra.

Livro ritual com marca do disparo | Vatican News

O martírio

Por fim, os vestígios de sangue que estão no lenço, sangue que fala de santidade e que clama por verdade e justiça para este caso e para todos aqueles que ficam impunes. As relíquias do padre Rutilio Grande e dos outros mártires são parte importante da cerimônia de beatificação e são um convite a percorrer hoje o caminho a serviço do povo de Deus até a entrega da própria vida, precisamente como fez Jesus, e nunca ser entendida como uma mortalha que acompanha à morte.

Entrega da relíquia pelo Museu dos Mártires à comissão de beatificação | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Beato José Nascimbeni

Beato José Nascimbeni | arquisp
22 de janeiro

Beato José Nascimbeni

José Nascimbeni era o único filho do carpinteiro Antonio Sartori e da dona de casa Amadea, que foi batizado no dia 22 de março de 1851. Cresceu e fez o curso primário na sua cidade natal, Torri Del Benaco, Itália. A família modesta, mas rica em fervor a Deus, o enviou para o Colégio dos Jesuítas de Verona e depois para o Seminário diocesano.

Em 1874, recebeu o diploma de professor e foi ordenado sacerdote. Logo foi designado para a cidade de São Pedro de Lavanho, na diocese de Verona, como auxiliar do pároco e professor. Três anos depois foi transferido para a paróquia da pequena cidade de Casteletto de Brenzone, também em Verona. Quando o velho pároco morreu, as famílias influentes pediram para que o padre Nascimbeni fosse nomeado o seu sucessor, em 1885.

Padre Nascimbeni empenhou todo seu vigor na vida religiosa e civil daqueles mil habitantes. Estimulou as atividades dos paroquianos leigos, valorizando os talentos para a formação de associações e grupos religiosos. Teve igual empenho para o desenvolvimento da cidade, criando asilos, escolas para órfãos e internatos para crianças abandonadas. Para os jovens, ajudou a fundar uma fábrica de roupas, uma tipografia, uma fábrica de azeite e uma cooperativa rural. Para melhorar a vida dos habitantes conseguiu a energia elétrica, a água potável e uma agência postal.

Não se compreendia como, estando tão ocupado, ele ainda encontrasse tempo para se dedicar as orações e as penitências que se impunha de dia ou de noite. Ele rezava em qualquer lugar, com seu rosário bem visível e sem se incomodar com as ironias. Não era raro atravessar a cidade descalço, por ter dado seus sapatos a algum mendigante.

Padre Nascimbeni precisava de religiosas com urgência para cuidar das crianças, dos velhos, dos doentes e da paróquia. Mas não as encontrava. Foi então solicitar ajuda ao bispo, que o encorajou a fundar uma congregação de religiosas para suprir esta necessidade da comunidade.

Em 1892, ele e mais quatro jovens, que depois tomaram o hábito religioso, fundou a Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família. Estas religiosas hoje estão presentes em toda a Itália, Suíça, Albânia, Angola, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil.

No dia 31 de dezembro de 1916, padre Nascimbeni sofreu uma isquemia cerebral que o deixou inválido. Foram cinco anos de sofrimentos físicos, orações e penitências, até sua morte em 22 de janeiro de 1922. Foi sepultado na Casa Mãe das Pequenas Irmãs da Sagrada Família, na cidade de Casteletto de Brenzone, Verona, Itália.

O papa João Paulo II beatificou José Nascimbeni em 1988, em Verona, e dedicou o dia 22 de janeiro para sua homenagem.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

São Vicente

S. Vicente | arquisp
22 de janeiro

São Vicente

Vicente era natural de Huesca e pertencia a uma das mais distintas famílias da Espanha.
Desde menino, foi entregue por seus pais à orientação do bispo Valério, de Saragoça, recebendo uma sólida formação religiosa e humana.

Muito jovem ingressou na vida religiosa e logo foi ordenado diácono da Igreja. Depois, devido ao seu preparo intelectual e tendo o dom da palavra, foi escolhido para assistir o bispo, ficando encarregado do ministério da pregação do Evangelho. Isto porque o bispo, em virtude da idade avançada, já não tinha mais forças para exercer esta tarefa. Vicente desempenhou este cargo com total dignidade e, graças a eloqüência dos seus sermões e obras, obteve expressivos resultados para a Igreja convertendo à fé, grande número de pagãos.

Neste período, iniciava a terrível perseguição decretada pelos imperadores romanos Diocleciano e Maximiano, no solo espanhol. Daciano, governador da província de Saragoça e Valência, querendo mostrar a sua lealdade e obediência aos decretos imperiais, mandou prender Valério e Vicente, ordenando que fossem levados para a prisão de Valência.

Depois de processados foram condenados à morte, mas o governador mostrando uma certa clemência para o bispo muito idoso, mandou que fosse exilado. Entretanto reservou seu requinte de crueldade para Vicente, que foi barbaramente chicoteado e esfolado, tendo os nervos e músculos esmigalhados. Mas ele continuava vivo entoando hinos de louvor à Deus. Os carrascos ficaram tão espantados e assustados, que desistiram da tortura, e tiraram Vicente da cela quando então ele morreu. Era o ano 304.

Segundo a tradição, Daciano mandou que seu corpo fosse atirado num terreno pantanoso, para que os animais pudessem devorá-lo, mas acabou protegido por um corvo enorme, que não permitiu que seus restos fossem tocados. Por isto, transtornado o governador mandou que o jogassem ao mar, com uma grande pedra amarrada no pescoço. O corpo de Vicente não afundou. O Senhor o conduziu à praia, onde os fiéis o recolheram e sepultaram fora dos muros da cidade de Valência. Neste lugar foi construída a belíssima Basílica dedicada à ele e que guarda suas relíquias até hoje.

São Vicente, diácono, é o mártir mais célebre da Espanha e Portugal. Um século após o seu testemunho da fé no Cristo, Santo Agostinho, doutor da Igreja, lhe dedicava todos os anos neste dia uma missa. Por este motivo a Igreja manteve a sua festa nesta data.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Papa Francisco, São José e 4 belas reflexões sobre a ternura de Deus

Audiência Geral. Foto: Vatican.Va

Na audiência de quarta-feira, 19 de janeiro, o Papa parou para refletir sobre a ternura de Deus e sobre a figura de São José.

 ZENIT REDAÇÃO AUDIÊNCIA GERAL

20 de janeiro de 2022

(ZENIT News / Cidade do Vaticano, 19.01.2022).- Na audiência geral desta quarta-feira, 19 de janeiro, o Papa Francisco falou de São José como o "pai da ternura", desenvolvendo sua reflexão sobre esse traço do amor de Deus que Jesus experimentou através Joseph. O Santo Padre baseou-se em sua Carta Apostólica Patris corde, da qual cita vários fragmentos. Terminou, como já é habitual neste ciclo de catequese, com uma breve oração dirigida a São José. Apresentamos a seguir o texto integral da audiência com títulos acrescentados de ZENIT.

***

1) A ternura de Deus na figura de São José

Hoje gostaria de mergulhar na figura de São José como pai na ternura. Na Carta Apostólica Patris corde (8 de dezembro de 2020) pude refletir sobre este aspecto da ternura, um aspecto da personalidade de São José. De fato, ainda que os Evangelhos não nos dêem detalhes sobre como exerceu a paternidade, podemos ter certeza de que o fato de ser um homem “justo” também se traduziu na educação dada a Jesus. «José viu Jesus progredir dia após dia “em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52): assim diz o Evangelho. Como o Senhor fez com Israel, também "ensinou-o a andar e tomou-o nos braços: era-lhe como um pai que levanta um filho até o rosto e se inclina para ele para alimentá-lo" (cf. Os 11,3-4)» (Patris corde, 2). É linda essa definição da Bíblia que faz ver a relação de Deus com o povo de Israel. E pensamos que a mesma relação foi entre São José e Jesus.

2) São José transmitiu a Jesus a ternura de Deus

Os Evangelhos testemunham que Jesus sempre usou a palavra "pai" para falar de Deus e de seu amor. Muitas parábolas têm como protagonista a figura de um pai. Entre os mais famosos está certamente o do Pai misericordioso, narrado pelo evangelista Lucas (cf. Lc 15,11-32). Precisamente nesta parábola, para além da experiência do pecado e do perdão, sublinha-se o modo como o perdão chega a quem cometeu um erro.

O texto diz assim: "Estando ele ainda longe, seu pai o viu e, comovido, correu, jogou-se em seu pescoço e beijou-o efusivamente" (v. 20). O filho esperava um castigo, uma justiça que mais lhe daria o lugar de um dos criados, mas vê-se envolvido pelo abraço do pai. A ternura é algo maior que a lógica do mundo. É uma forma inesperada de fazer justiça.

É por isso que nunca devemos esquecer que Deus não tem medo de nossos pecados: vamos colocar isso bem em nossas cabeças. Deus não tem medo dos nossos pecados, é maior do que os nossos pecados: é pai, é amor, é terno. Ele não tem medo de nossos pecados, de nossos erros, de nossas quedas, mas tem medo do fechamento de nosso coração —sim, isso o faz sofrer—, tem medo de nossa falta de fé em seu amor. Há uma grande ternura na experiência do amor de Deus. E é bonito pensar que a primeira pessoa a transmitir esta realidade a Jesus foi precisamente José.

De fato, as coisas de Deus sempre chegam até nós pela mediação das experiências humanas. Há algum tempo - não sei se já contei — um grupo de jovens que fazem teatro, um grupo de jovens pop, "inovadores", ficaram impressionados com essa parábola do pai misericordioso e decidiram fazer uma peça pop com esse argumento, com essa história.

 E eles se saíram bem. E toda a trama é, no final, que um amigo ouve o filho que se afastou do pai, que queria voltar para casa, mas tinha medo de que o pai o expulsasse e castigasse. E o amigo lhe diz, naquela peça pop: "Mande um mensageiro e diga que você quer ir para casa, e se o pai vai te receber, ponha um lenço na janela, aquele que você vê assim que pega a estrada final". Então ele fez. E a peça, com cantos e danças, continua até o momento em que o filho entra na rua final e a casa é vista. E quando ergue os olhos, vê a casa cheia de lenços brancos: cheia. Não um, mas três e quatro em cada janela. Tal é a misericórdia de Deus. Não tem medo do nosso passado, das nossas coisas ruins: tem medo apenas do encerramento. Todos nós temos contas a acertar; mas fazer as contas com Deus é algo muito legal, porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura! porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura! porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura!

3) A experiência de ternura e nossa fragilidade redimida

Então podemos nos perguntar se nós mesmos experimentamos essa ternura e se nos tornamos testemunhas dela. De fato, a ternura não é antes de tudo uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de sentir-se amado e acolhido precisamente em nossa pobreza e miséria e, portanto, transformado pelo amor de Deus.

Deus confia não apenas em nossos talentos, mas também em nossa redimida fraqueza. Isso, por exemplo, leva São Paulo a dizer que há também um projeto sobre sua fragilidade. Assim, de fato, escreve à comunidade de Corinto: «Para não me deleitar com a sublimidade daquelas revelações, foi dado um ferrão à minha carne, um anjo de Satanás que me esbofeteia […]. Por isso, três vezes implorei ao Senhor que se afastasse de mim. Mas ele me disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”» (2Cor 12,7-9). O Senhor não tira todas as nossas fraquezas, mas nos ajuda a caminhar com as fraquezas, tomando-nos pela mão. Ele toma nossas fraquezas pela mão e fica perto de nós. E isso é ternura. A experiência da ternura consiste em ver o poder de Deus passar precisamente pelo que nos torna mais frágeis; enquanto nos convertermos do olhar do Maligno que "nos faz olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo", enquanto o Espírito Santo "a traz à luz com ternura" (Patris Corde, 2). «A ternura é a melhor maneira de tocar o que há de frágil em nós. […] Veja como as enfermeiras tocam as feridas dos doentes: com ternura, para não machucá-los mais.

E assim o Senhor toca nossas feridas, com a mesma ternura. Por isso é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, na oração pessoal com Deus, fazendo experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, até o Maligno pode nos dizer a verdade: é um mentiroso, mas consegue nos dizer a verdade para nos levar a mentir; mas, se o fizer, é para nos condenar. Em vez disso, o Senhor nos diz a verdade e estende a mão para nos salvar. Sabemos, porém, que a Verdade que vem de Deus não nos condena, mas nos acolhe, nos abraça, nos sustenta, nos perdoa” (Patris Corde, 2). Deus sempre perdoa: coloque isso na sua cabeça e no seu coração. Deus sempre perdoa. Somos nós que cansamos de pedir perdão. Mas ele sempre perdoa

4) A ternura de Deus em nossos erros

Faz-nos bem, pois, olhar-nos na paternidade de José, que é espelho da paternidade de Deus, e perguntar-nos se permitimos que o Senhor nos ame com a sua ternura, transformando cada um de nós em homens e mulheres capazes de amar assim. Sem esta “revolução da ternura” —é necessária uma revolução da ternura! — corremos o risco de ficar presos numa justiça que não nos permite levantar facilmente e que confunde redenção com castigo. Por isso, hoje quero recordar de modo particular os nossos irmãos e irmãs que estão na prisão. É justo que aquele que cometeu um erro pague por seu erro, mas é igualmente justo que aquele que cometeu um erro possa se redimir de seu próprio erro.

Não pode haver convicções sem janelas de esperança. Qualquer convicção sempre tem uma janela de esperança. Pensemos nos nossos irmãos e irmãs presos, pensemos na ternura de Deus por eles e rezemos por eles, para que encontrem naquela janela de esperança uma saída para uma vida melhor.

Uma oração a São José, pai da ternura

E concluímos com esta oração:

São José, pai em ternura,

ensina-nos a aceitar ser amado justamente no que há de mais fraco em nós.

Não coloquemos nenhum impedimento

entre a nossa pobreza e a grandeza do amor de Deus.

Desperte em nós o desejo de nos aproximarmos do Sacramento da Reconciliação, aos nossos irmãos e irmãs na sua pobreza.

Esteja perto daqueles que erraram e por isso eles pagam um preço;

ajude-os a encontrar, junto com a justiça, também a ternura para poder recomeçar.

E ensiná-los que a primeira maneira de recomeçar

é pedir perdão com sinceridade, sentir a carícia do Pai.

Fonte: https://es.zenit.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF