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domingo, 31 de julho de 2022

O canto do Glória não é “para dançar, bater palmas e gritar”

Kamil Szumotalski/ALETEIA

"Proliferou-se a ideia de que se trata de um canto animado, barulhento, como se Missa fosse programa de auditório e não o Calvário."

O canto do Glória não é “para dançar, bater palmas e gritar”, enfatizou o pe. Wellington José de Castro por meio de rede social. O sacerdote destaca o vínculo direto entre o Glória e o “Kyrie eleison”, isto é, a súplica “Senhor, tende piedade de nós”, recordando que, no Glória, apresentamos a Deus um pedido de perdão e de misericórdia.

Não é, portanto, um “canto festivo“, mas, eminentemente, uma oração penitencial e de conversão, que se faz com recolhimento, contrição sincera e, sim, profunda confiança no amor divino – mas o momento é de pedido de perdão e isto não se faz “dançando, batendo palma, dando gritinhos”.

Confira o comentário do pe. Wellington:

“Alguém em sã consciência pediria perdão de seus pecados dançando, batendo palma, dando gritinhos? A resposta parece óbvia. Mas por que tantos o fazem quando cantam ‘…Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós…’?

Isso não é um pedido de perdão pelas culpas e pelo pecado?

O ‘Gloria in excelsis Deo’ está em plena unidade e continuidade com o ‘Kyrie eleison’. É errônea a ideia proliferada de que se canta Glória em louvor pelos pecados perdoados, até porque o Ato Penitencial não basta para perdoar os pecados mortais. Assim como é errada a ideia de que é um louvor à Trindade, haja vista que se trata de um hino cristológico.

Infelizmente, proliferou-se a ideia de que se trata de um canto animado, barulhento, como se Missa fosse programa de auditório e não o Calvário”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Reflexão para o XVIII Domingo do Tempo Comum

O acúmulo de bens | Vatican News

O fazendeiro é louco, pois construiu sua riqueza sobre o suor de seus empregados e, agora, deseja descansar sobre o trabalho e o sofrimento de outros, sem nada partilhar. Jesus termina o relato desse caso, dizendo que tudo o que ele armazenou ficará para outros, já que sua vida será pedida naquela noite. O pecado do homem rico não está em ser rico, mas no fato que trabalhou exclusivamente para si e não se enriqueceu aos olhos de Deus.

Padre Cesar Augusto. SJ - Vatican News

"Um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é ilusão e grande desgraça" – nos diz Coélet, autor do Eclesiastes. E a solução proposta por ele é comer, divertir-se, enfim um moderado aproveitamento de tudo o que a vida oferece.

A resposta que satisfará plenamente nossa inquietação virá de Jesus, no Evangelho.

Em Lucas, um homem rico ao ver que sua fazenda produz bastante, fica muito feliz e planeja não uma redistribuição de sua produção com os seus empregados, mas encontrar lugar para armazenar mais. O fazendeiro é louco, pois construiu sua riqueza sobre o suor de seus empregados e, agora, deseja descansar sobre o trabalho e o sofrimento de outros, sem nada partilhar. Jesus termina o relato desse caso, dizendo que tudo o que ele armazenou ficará para outros, já que sua vida será pedida naquela noite.

Os bens tomaram conta da vida daquele homem e ocuparam o lugar de Deus, da família e dele mesmo.

Por outro lado, o que acumulou não pode ser chamado de vida, pois a vida se destina a todos e ele acumulou só pensando em si mesmo.

O pecado do homem rico não está em ser rico, mas no fato que trabalhou exclusivamente para si e não se enriqueceu aos olhos de Deus.

Jesus faz o alerta não apenas aos ricos, mas a todos aqueles que só trabalham para si mesmos. Mesmo um estudante de um curso supletivo, que estuda à noite com muito sacrifício e só pensa em desfrutar a vida no futuro, é destinatário dessa parábola porque, apesar de ser pobre, tem um coração de rico: deixou-se levar pelo egoísmo.

A segunda leitura nos dá a indicação de como deve ser a vida daqueles que desejam trabalhar com sentido e quais deverão ser seus valores. "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres." Mais adiante Paulo nos incentiva a fazer morrer em nós aquilo que é terrestre: "imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria".

O emprego de nossa vida, com seus dons e suas potencialidades deverá ser realizado com um objetivo maior do que a simples satisfação mundana e a simples saciação de nossas necessidades básicas. Tudo isso acabará; será dissolvido pelo tempo, a doença, as traças e a morte. Nada ficará de lembrança. Até nosso nome, com o tempo, desaparecerá. De fato, tudo ilusão!

Apenas o uso de nossas potencialidades, de nossa vida em favor do outro, em favor da realização do Reino de Deus dará sentido ao nosso esforço e transformará tudo de material em imaterial, de imanente em transcendente, de meramente humano em divino. A eternidade está na dimensão da partilha, do nós, do outro.

O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu ser. Abrir-se ao outro é abrir-se a Deus, é abrir-se à felicidade eterna.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Inácio de Loyola

S. Inácio de Loyola | Vatican News
31 de julho

Santo Inácio de Loyola

Origens

Seu nome de batismo era Iñigo Lopez de Loyola. Nasceu em 1491, numa família rica, nobre e cristã, na cidade de Azpeitia, pertencente à província basca de Guipuzcoa, Espanha. Era o caçula de treze irmãos. Sua educação foi toda voltada para fazer dele um aristocrata. Por isso, ele cresceu no meio do luxo da corte. Era praticante de esportes, dedicando-se mais aos equestres. 

Poder e esportes

No ano 1506, sua família Lopez de Loyola prestava serviço ao tesoureiro do reino de Castela chamado João Velásquez de Cuellar, de quem Iñigo era parente. Um ano depois, Iñigo foi feito cortesão e pagem no grande castelo desse tesoureiro. Lá, estudou e adquiriu grande cultura. Tornou-se excelente cavaleiro e passou a apreciar as aventuras militares. Por seu temperamento, valorizava mais o orgulho que os prazeres da luxúria. 

Militar

Dez anos mais, em 1517, aos 26 anos, Iñigo abraçou a carreira militar. Como tal, foi prestar seus serviços a outro parente muito importante: conhecido como duque de Najera. Este era nada menos que o vice-rei de Navarra. Iñigo defendeu seu parente real em inúmeras batalhas, tanto militares quanto diplomáticas. 

Uma bala de canhão muda sua história

Aconteceu, porém, que no dia 20 de maio de 1521, a bala de um canhão mudou sua história. Esta causou-lhe um grave ferimento na tíbia da perna esquerda, quando ele lutava defendendo a cidade de Pamplona. Por causa desse ferimento, Iñigo teve que ficar um longo tempo em recuperação. Nesse período, por acaso, deixou de ler romances de guerra e infantaria e começou a ler livros sobre a vida de vários santos e sobre a Paixão de Cristo. E assim, a graça de deus o tocou. Incentivado e poiado por irmã de sangue que cuidava dele, Iñigo abandonou de vez os livros que antes amava e passou a ler apenas e tão somente livros religiosos. Uma vez curado, decidiu trocar a vida militar pela dedicação a Deus.

Uma espada ficou pendurada

Um gesto marcou a decisão de Iñigo. Ele foi à capela do santuário de Nossa Senhora de Montserrat e, lá, deixou sua espada pendurada no altar. Tendo feito isso, deu as costas ao mundo, à corte e às aparências. De 1522 a 1523, retirou-se passando a vier numa caverna em Manresa. Vivia vide de eremita e mendigava para sobreviver. Passou esse tempo em penitência e solidão. Passou por sérias necessidades. Por outro lado, esse período foi bastante fértil. Durante esse tempo ele preparou toda a base de sua obra mais importante: o livro intitulado "Exercícios espirituais". Do campo de batalhas Iñigo assumiu a grande batalha espiritual, indo, depois, estudar filosofia e teologia nas cidades de Paris e Veneza.

Nasce a Companhia de Jesus

Em Paris, Iñigo conheceu seis amigos. Juntos, eles fundaram a Companhia de Jesus em 15 de agosto de 1534. Entre esses amigos estava São Francisco Xavier, um dos maiores missionários da Ordem, grande evangelizador da Ásia e do Japão. Este grupo de irmãos na fé só receberam a ordenação sacerdotal em 1537, ao concluírem os estudos. Na ordenação, Iñigo assumiu o nome de Inácio. Depois de três anos, o papa Paulo III deu aprovação oficial à nova Ordem. Inácio de Loyola foi eleito para assumir o posto de superior-geral. 

Missionário enviando missionários

Santo Inácio de Loyola formou e enviou missionários jesuítas a várias partes do mundo. Eles tinham a missão de implantarem a fé cristã, especialmente entre povos nativos pagãos das terras mais longínquas das Américas e da Ásia. Seus missionários jesuítas levaram o Evangelho de Jesus Cristo de maneira heroica e poderosa aos lugares mais improváveis e desconhecidos. Muitos morreram martirizados por causa da fé em Cristo, deixando maravilhosos testemunhos de coragem, fé e amor a Deus.

Morte

Por outro lado, desde que Santo Inácio assumiu o cargo de superior geral da Ordem, sua saúde só piorou. Muito debilitado, ele veio a falecer em 31 de julho de 1556, em Roma. Tinha, então, 65 anos. Sua canonização foi celebrada pelo papa Gregório XV no ano 1622. Em 1922 o Papa Pio XI o declarou Padroeiro dos Retiros Espirituais. Santo Inácio de Loyola contribuiu enormemente para a Igreja e para a humanidade. Sua busca interior trouxe revelações e afirmações que vem se confirmando sempre atuais. Ele tocou no cerne da pessoa humana.

Oração “Alma de Cristo”

Composta por Santo Inácio de Loyola

“Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro das vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que de Vós me separe.
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me.
E mandai-me ir para Vós,
para que vos louve com os vossos Santos,
por todos os séculos.
Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

O chamado do Senhor na Bíblia e nos santos Padres

Missa para a Vida Consagrada na Basílica de São Pedro, em de feve/2022
(Vatican Media)

Ao longo do mês vocacional aludiremos as vocações à vida sacerdotal, religiosa, matrimonial, laical. Somos convidados a viver uma vocação e a rezarmos ao Senhor pelo aumento de todas as vocações, para que haja pessoas disponíveis na ceara do Senhor. Nós temos consciência que as vocações são formas do chamado do Senhor para a realização de uma missão na família, na comunidade e na sociedade.

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

O mês de agosto é celebrado em todas as comunidades do Brasil como o mês vocacional, cujo tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é: Cristo vive! Somos suas testemunhas. O lema é Eu vi o Senhor (Jo 20,18). Jesus venceu a morte e por isso ele vive para sempre, está junto do Pai e está conosco, de modo que ele se serve dos apóstolos e de outros discípulos e discípulas como suas testemunhas para que o seu nome seja anunciado para todas as pessoas. Santa Maria Madalena disse que viu o Senhor ressuscitado, tornando-se a apostola dos apóstolos. Ela disse para os discípulos que viu Jesus ressuscitado dentre os mortos. O Senhor Deus sempre chama pessoas para o serviço da palavra, da eucaristia, para o anúncio do Reino de Deus. Diante da proposta do Senhor, as pessoas respondem sim ao plano do Senhor.

Ao longo do mês vocacional aludiremos as vocações à vida sacerdotal, religiosa, matrimonial, laical. Somos convidados a viver uma vocação e a rezarmos ao Senhor pelo aumento de todas as vocações, para que haja pessoas disponíveis na ceara do Senhor. Nós temos consciência que as vocações são formas do chamado do Senhor para a realização de uma missão na família, na comunidade e na sociedade. Louvemos a Deus Uno e Trino pela diversidade das vocações, pela unidade no serviço, no amor na Igreja e no mundo.

Pela Sagrada Escritura chamou Deus pessoas

O Antigo Testamento e o Novo Testamento colocaram exemplos diversos de chamados dados pelo Senhor para muitas pessoas, homens e mulheres para a vivência de seu amor no mundo. O chamado estava ligado à missão que a pessoa exerceria na comunidade, junto ao povo de Deus.

O Senhor chamou Abraão para sair de sua terra, Ur, para ir até a terra prometida (Gn 12,1) tornando-se o pai da fé, o pai de muitos povos (Rm 4,11). O Senhor também chamou Moisés para que ele fosse instrumento da graça do Senhor na libertação do povo de Israel no Egito (Ex 3,7-10). O Senhor chamou Ester, a rainha que defendeu o povo de Deus diante da ameaça de sua extinção no exílio, na qual ela pediu ao rei a sua vida e a vida de seu povo (Est 7,3). Ele chamou os profetas Elias (1 Rs 17,1-6), Isaias (Is 6,8)e Jeremias (Jr 1, 4-10), entre outros profetas, para que anunciassem o bem, denunciassem o mal junto ao povo de Israel e com outros povos. Os profetas convocavam o povo de Deus a vivência da vocação à aliança com Deus através dos mandamentos da lei para o seu povo. Muitas vezes o povo se manifestou infiel à vocação da aliança com o Senhor.

No Novo Testamento, João Batista apontou Jesus como o Cordeiro que tira o pecado do mundo(Jo 1,29), de modo que o seu chamado estava ligado ao Senhor. Com alegria e amor colocou-se Maria ao serviço do plano do Senhor em vista da salvação da humanidade e do mundo, aceitando ser a mãe de Jesus (Lc 1,38).

Jesus esteve na realidade humana e como o enviado do Pai e Ungido pelo Espírito Santo chamou os discípulos para estarem com ele, aprenderam dele a forma de como atuar, de como agir perante os desafios do mundo, sendo as suas testemunhas (Mc 3,13-19). Jesus fez os pescadores de peixes em pescadores de pessoas humanas, de modo que eles deixaram tudo e o seguiram (Mt 4,19-20). Antes de partir para a casa do Pai, enviou-os Jesus para o mundo para que fossem seus discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ele garantiu a sua presença até o fim dos tempos (Mt 28, 19-20). Em Pentecostes, com a vinda do Espírito Santo entenderam os discípulos a importância do chamado do Senhor para o povo de Israel e para o mundo. O chamado no sentido bíblico é a participação do ser humano dado de uma forma generosa ao plano do Senhor em vista da redenção humana.

O chamado do Senhor a partir dos santos padres

Os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos, após o NT também perceberam a importância do chamado do Senhor às pessoas, às comunidades cristãs, afirmando que Ele sempre estava na origem de toda e qualquer vocação em vista do engrandecimento de seu Reino. As pessoas colaboraram com o Senhor.

Jesus, o caminho da salvação

São Clemente Romano, bispo de Roma e papa do século I, colocou o dom da salvação em Jesus Cristo, como sendo o único caminho a ser alcançado pelas pessoas humanas. A salvação é encontrada em Jesus Cristo, o sumo sacerdote das ofertas, o auxílio da fraqueza humana. Através dele o olhar humano é fixado para assim alcançar as alturas celestes. Por meio dele abriram-se os olhos do coração humano para o reflorescimento da luz, para que mediante ele, as pessoas experimentassem o conhecimento imortal[1]. Segundo São Clemente as pessoas são chamadas a uma vida de unidade com Deus, com os irmãos e irmãs.

 Igreja que presida no amor

Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, século I afirmou que a Igreja de Roma era a Igreja que presidia o amor, que portava a lei de Cristo, apontando ao nome do Pai. O fato era que o bispo de Roma, segundo Santo Inácio tinha a missão de coordenar todas as outras igrejas a partir da caridade[2]. A vocação do sucessor de Pedro era dada pelo amor a Cristo e aos irmãos e irmãs. O seu chamado seguia o Senhor pela vida de fraternidade em todos.

 A vocação: o martírio

Santo Inácio desejava dar a sua vida pelo Senhor. Sendo condenado ainda em Antioquia veio acorrentado até Roma, desejando sempre que fosse julgado com a sentença de morte, através do martírio. Nele percebeu-se o martírio, como uma espécie de vocação, de chamado do Senhor, para algumas pessoas preparadas para a vivência do amor na radicalidade com o Senhor. O bispo de Antioquia pediu aos romanos que não desejassem nada para ele, senão ser oferecido em libação a Deus, enquanto existia um altar[3]. Ele entendia a vivência da vida cristã desta forma pelo martírio onde ele seria não somente na palavra, mas o seria de fato encontrado como tal, cristão[4]. Assim ele seria o trigo de Deus, moído pelos dentes das feras, para que ele se apresentasse como trigo puro de Cristo[5].

A oração vocacional de São Policarpo

A hora do martírio de São Policarpo de Esmirna, bispo e padre da Igreja, século II revelou uma vocação a ser dada e imolada ao Senhor Jesus Cristo. Ele foi um discípulo fiel do Senhor porque doou a sua vida pela Igreja e pelo Senhor. Antes do martírio e erguendo os olhos ao céu, disse o bispo que o Senhor Deus era todo-poderoso, Pai de seu Filho amado e bendito, Jesus Cristo, no qual recebeu o conhecimento do seu nome, Deus dos anjos e dos poderes, de toda a criação e de toda a geração de justos que vivem na sua presença. O bispo bendizia a Deus por tê-lo julgado digno daquele dia e daquela hora, por tomar parte entre os mártires, e do cálice de seu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo[6]. Ele entendeu o chamado como doação da vida para o Senhor e para as pessoas.

A vocação dos batismos de água e de sangue

Tertuliano, padre da Igreja do Norte da África, séculos II e III, afirmou a importância da vivência da vocação batismal, porque é o sacramento que impulsionou à vida da comunidade, e também para a vida futura. Os fiéis são lavados de seus pecados, libertados para a vida eterna[7]. O autor africano também falou do outro batismo, aquele de sangue. Para os cristãos, há um segundo batismo, o de sangue no qual o Senhor falou para os discípulos (Lc 12,50), ainda que ele tivesse recebido o batismo de água. Jesus veio com a água e com o sangue, para ser batizado com água e glorificado com o sangue. Desta forma ele fez surgir de seu lado aberto na cruz, quando foi traspassado pela espada do soldado romano(Jo 19,34), os dois batismos, porque todos os que acreditassem no seu sangue sejam lavados com água e quanto foram lavados com a água sejam lavados também com o sangue. É este o banho verdadeiro[8], a doação da vida do fiel ao Cristo. Para Tertuliano a vivência do batismo na água era uma vocação para ser assumida na vida diária e aquela do sangue era para os seguidores do Senhor, através da luta do bem, da justiça e da fraternidade.

A vocação da vida cotidiana

Sendo o martírio, a vocação sublime para os primeiros cristãos a ser alcançada, a prova máxima do amor da pessoa a Jesus Cristo, no entanto esta vocação não era dada a todos de modo que os autores cristãos também valorizavam a vida cotidiana como uma vocação muito importante até para o martírio e para a vida eterna. Os autores cristãos valorizavam o batismo, o seguimento a Jesus Cristo, sofredor, glorioso, ressuscitado, presente no serviço ao próximo, pela caridade, pelo amor a Jesus e aos outros. A cotidianidade das coisas assumidas com intensidade, a vida familiar, comunitária e social poderiam ser um martírio, uma vocação de doação, um sacrifício incruento, que se assumia através da oração, da eucaristia, da vivência da palavra de Deus, da superação do egoísmo, da partilha, no serviço aos irmãos e irmãs. Orígenes, padre alexandrino dos séculos II e III, falou do martírio público e o martírio diário[9].

 A vocação da santidade no estado que vive

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V afirmou a vivência da santidade no estado em que a pessoa se situava, seja ao ministro consagrado, seja ao monge ou quem vivia na vida laical. O fato é que a vida de santidade é um chamado para todas as pessoas seguidoras do Senhor. Quem é justo empenha-se a ser sempre mais justo, buscando uma vida melhor(Ap 22,11)[10]. O bispo era ciente da importância de que todos tivessem com a exemplaridade da vida, a comunidade cristã, na qual as pessoas batizadas viviam a sua vocação[11]. Este ponto é dado também para a própria vocação onde as pessoas são chamadas a servir e amar a Deus, ao próximo como a si mesmo.

O chamado do Senhor é graça que vem do alto e é responsabilidade humana. Ele é feito na liberdade e no amor de modo que a pessoa responde sim ao plano de Deus, em Jesus Cristo, em unidade com o Espírito Santo.

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[1] Cfr. Clemente aos Coríntios, 36, 1-2. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 49.

[2] Cfr. Inácio aos Romanos, Introdução. In: Os Padres Apostólicos, pg. 103.

[3] Cfr. Idem, 2,1-2, pg. 104.

[4] Cfr. Idem, 3,1-2, pg. 104.

[5] Cfr. Idem, 4,2, pg. 105.

[6] Cfr. Martírio de São Policarpo, 14, 1-2. In: Idem, pgs. 152-153.

[7] Cfr. Tertulliano, Il battesimo, 1,1. Texto critico di CCL 1, de J. G. Ph. Borleffs. Introduzione, traduzione, note e appendice, Attilio Carpin.Bologna, Edizioni San Clemente, Edizioni Studio Domenicano,  2011, pgs. 123.

[8] Cfr. Idem, 16,1-2, pg. 181.

[9] Cfr. Origene. Esortazione al martírio, n. 21. Roma, Pontificia Università Urbaniana, 1985. Ver também: Dom Vital Corbellini, O martírio na Igreja antiga. Brasília, Edições CNBB, 2019, pg. pg. 31. 

[10] Cfr. Lettera 78,9. In: Opere di Sant`Agostino. Le Lettere. Roma, Città Nuova Editrice. 1992. Ver também: Giancarlo Ceriotti. La Pastorale delle vocazioni in S. Agostino. Palermo, Edizioni Augustinus, 1991, pg. 64.

[11] Idem, pg. 64.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 30 de julho de 2022

História do Canadá: índios iroqueses mataram 8 jesuítas

Guadium Press
Os jesuítas realizaram um apostolado com os índios hurons do Canadá, que foram quase exterminados pelos iroqueses.

Redação (29/07/2022 08:15Gaudium Press) Durante estes dias, em que o Papa está visitando o Canadá, e em que a presença indígena em todas as celebrações foi muito marcada, Pablo Ginés quis recordar, em ReligionEnLibertad, os mártires canadenses, 8 jesuítas aos quais aquele país deve muito sua fé católica. Eles foram assassinados por índios iroqueses no sul do Canadá, entre 1642 e 1649. Os jesuítas faziam apostolado com os hurons, índios que foram quase exterminados pelos iroqueses.

Ginés se baseia no livro clássico do jesuíta alemão, Adolfo Heinen, Entre os Pele-vermelhas do Canadá, publicado em 1930 e reeditado agora pela Fundação Maior.

Ele recorda que o Pe. Isaac Jogues foi feito prisioneiro pelos iroqueses em 1642, e quando capturado teve quase todos os seus dedos destroçados. Este sacerdote contava que viu como os iroqueses assavam em fogo lento crianças pequenas e ainda vivas da tribo algonquiana. Ele viu como o jesuíta René Goupil, o primeiro mártir jesuíta no Canadá, foi morto.

Padre Jogues, enquanto trabalhava como escravo, conseguiu batizar 70 índios prisioneiros dos iroqueses. Sentindo que ia ser morto, conseguiu fugir para a França com a ajuda de um comerciante holandês.

O Pe. Jogues retornou ao Canadá, em 1644, e conseguiu, graças em grande parte ao conhecimento que havia adquirido do idioma iroquês, negociar a paz entre os hurons e seus aliados franceses com os briguentos iraqueses.

Acreditando-se estar protegido por aquela paz de 1645, Pe. Jogues foi enviado ao território iroquês ​​para fundar uma missão. Mas esses indígenas estavam mais uma vez em pé de guerra e culpavam os “mantos pretos” (jesuítas) por espalharem doenças e pragas nas lavouras.

Esses índios voltaram a prender Pe. Jogues como escravo, e torturam-no novamente, cortando pedaços de carne de seus braços e ombros e comendo-os na frente dele. Finalmente, em 18 de outubro de 1646, eles enfiaram um machado em sua cabeça, e depois cortaram sua cabeça e a enfiaram em uma lança. Eles fizeram o mesmo com seu companheiro leigo, Jean de La Lande. Esse sangue daria frutos diretamente ali: aquela tribo em particular, os Mohawis, se converteria duas décadas depois. Até mesmo seu assassino se tornaria doce cristão.

Guerra dos iroqueses contra os hurons

Em 1647, tendo os protestantes holandeses como fornecedores de armas, os iroqueses atacaram os hurons, que tinham pouco apoio francês. Praticamente os exterminaram. Muitos deles já eram cristãos ou catecúmenos. Cinco sacerdotes dos 18 jesuítas que trabalhavam nas missões dos hurons foram martirizados nos dois anos seguintes.

Pe. Antoine Daniel morreu em 1648 de ferimentos de flecha e bala em sua capela da missão.

O Pe. Jean de Brébeuf e o Pe. Gabriel Lalemant foram assassinados pelos iroqueses em março de 1649, enquanto cuidavam dos doentes e feridos em uma aldeia huron. Mas antes de matá-los, os iroqueses os submeteram a uma tortura sádica: arrancaram suas unhas, espancaram-nos com paus, cortaram suas mãos ao mesmo tempo que as perfuravam. Regaram-nos com água fervente, em um ato para zombar do batismo cristão, enquanto proferiam sarcasmos explícitos contra o sacramento da iniciação cristã.

O Pe. Brébeuf, que insistia em falar com eles sobre o Deus cristão apesar de suas feridas, primeiro teve o nariz cortado e depois os lábios. Eles finalmente arrancaram seu coração. Os olhos do Pe. Laleman foram arrancados e brasas foram mergulhadas nas órbitas já vazias. Também arrancaram seu coração ainda pulsante, engoliram-no cru e beberam o sangue do sacerdote, numa crueldade com ares satânicos.

Depois de ter assassinado esses sacerdotes, os iroqueses quiseram fazer um ataque mais ousado contra a missão de Santa Maria dos Hurons, que era, por assim dizer, o quartel general dos jesuítas no Canadá e sua última base no território huron.

Os hurons ofereceram uma forte resistência. As baixas foram numerosas em ambos os lados, mas, por fim, os iroqueses se retiraram, mas não antes de incendiar tudo em seu caminho, sejam plantações ou aldeias. Os prisioneiros foram queimados. Ao queimar as plantações, os jesuítas foram vistos de quatro para alimentar o povo. No final, eles tiveram que abandonar essa missão.

Dois outros mártires jesuítas foram os padres Noël Chabanel e Charles Garnier.

Eles faziam missão junto com os índios “produtores de tabaco”, que se reuniam em 8 fortes aldeias que não haviam sido palco de combates.

Mas os iroqueses foram até eles.

Morto por um convertido por ele mesmo

Então os índios que fabricavam o tabaco se prepararam para enfrentá-los, mas os iroqueses os enganaram e se dirigiram para a missão de São João, que havia sido deixada desprotegida. Pe. Garnier foi morto a tiros enquanto batizava rapidamente os catecúmenos antes de serem mortos. Como ele ainda estava se movendo, os índios iroqueses lhe deram dois golpes na cabeça.

No dia do ataque o Pe. Chabanel não se encontrava neste local, pois viajava com um grupo do “tabaco”. À noite eles foram atacados por iroqueses e todos  se dispersaram. Pe. Chabanel nunca foi encontrado, mas, algum tempo depois, um huron apóstata disse que ele mesmo o havia matado porque, desde que se tinha tornado cristão, ele havia sofrido muitos infortúnios.

No verão de 1650, os jesuítas restantes e 300 hurons fizeram uma viagem de 300 léguas até Quebec como a única maneira de sobreviver. Depois, chegaram mais 400 hurons; 10 anos antes, os hurons eram 10.000.

Esta etnia tem hoje cerca de 3.000 pessoas, e vão à missa na paróquia de Nossa Senhora do Loreto em Wendake, Quebec.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Sem a fé católica não existe Espanha, diz cardeal espanhol

São Tiago na pintura de Francisco Camillo / domínio público

REDAÇÃO CENTRAL, 29 jul. 22 / 03:56 pm (ACI).- “Sem a fé transmitida pelos apóstolos não há Espanha, nem se pode entender a Espanha que existe” disse o arcebispo de Valência, Espanha, cardeal Antonio Cañizares Llovera, sobre o fato de 25 de julho não ser feriado em todo o país. "A história da pátria espanhola está de fato misturada com a figura do Apóstolo".

“Não entendo muito bem como o santo padroeiro de nossa nação espanhola, da pátria de todos nós que vivemos nas diferentes comunidades, não nos une em uma festa comum”, disse o arcebispo de Valência.

“É realmente muito que Espanha, Europa e América devem a Santiago. O seu legado, que é o testemunho e a fé de Jesus Cristo, está nas nossas raízes”, disse o Cardeal.

Para ele, a identidade desses povos é "incompreensível sem o cristianismo" porque "tudo o que constitui nossa glória mais própria tem sua origem e consistência na fé cristã que formou a alma de nossos povos".

O Arcebispo de Valência afirma que a configuração da Europa sob o signo da cruz tem consequências diretas sobre o progresso e a liberdade dos povos, pois do ser cristão deriva a defesa da dignidade do homem, da sua verdade e liberdade”.

Cañizares disse que "não há desenvolvimento nem progresso humano fora da verdade do homem e muito menos contra ela. A fé permite ao homem conhecer-se a fundo, decifrar o enigma da sua existência, situar-se precisamente em sua liberdade”.

O Cardeal esclarece que não pretende “retornar a um cristianismo antigo”, mas que “a Espanha se reencontra, que seja ela mesma, que descubra suas origens e reviva suas raízes; que revive aqueles valores que fizeram sua história gloriosa e sua presença benéfica em outros continentes”.

Por isso, recuperar uma festa comum em Espanha por ocasião do dia do seu padroeiro, são Tiago Apóstolo, e “avivar as raízes que ele evoca em nós poderia contribuir em certa medida para essa reconstrução”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Missa do Papa Francisco é interrompida por manifestantes no Canadá

Papa Francisco | Guadium Press
A Missa celebrada pelo Papa Francisco em Quebec foi interrompida por ativistas indígenas. Os manifestantes pedem que o Papa anule decretos do século XV referentes aos territórios das Primeiras Nações.

Redação (29/07/2022 11:50, Gaudium Press) Na última quinta-feira, 28 de julho, a Missa do Papa Francisco foi interrompida por manifestantes, no Quebec.

Os manifestantes, duas primas de origem indígena Anishinaabe, ergueram uma faixa de protesto na frente do presbitério, durante a Missa celebrada pelo Papa no santuário de Sant’Ana-de-Beaupré.

Na faixa reivindicativa se lia: “Rescinda a ‘Doutrina” (Rescind the Doctrine). A “doutrina” ou ainda “doutrina da descoberta” refere-se a um conjunto de decretos do século XV, os quais autorizavam a apropriação de terras dos autóctones. 

Os manifestantes ergueram a faixa branca com letras em vermelho e preto no início da celebração. Mas, logo foram detidos pela segurança e escoltados para fora da Igreja, onde continuaram ostentando a faixa.

Uma das manifestantes, Brunelle, de 21 anos, declarou que na visita-peregrinação do Papa Francisco faltava um ponto importante: “a ação”.

Há anos, as Primeiras Nações, povos indígenas do Canadá, fazem o pedido de anulação da “doutrina”.

Bandeira do Canadá | Guadium Press

Um assunto a ser abordado pelo Pontífice

Um dos porta-vozes da viagem apostólica disse que os Bispos canadenses pedem ao Papa que aborde a temática da “doutrina”.

“Estamos trabalhando com o Vaticano e aqueles que estudaram esta questão, com o objetivo de emitir uma nova declaração da Igreja”, afirmou Laryssa Waler segundo noticia a agência Reuters.

A manifestação aconteceu após o pedido de perdão do Papa Francisco aos indígenas do Canadá por causa da polêmica descoberta das valas comuns. (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

A sacristia é um lugar sagrado?

Fred de Noyelle / GODONG
Por Sophie Roubertie

A sacristia não é apenas um lugar onde são guardados os vasos sagrados e as vestes litúrgicas.

A sacristia é uma sala anexa à igreja, com a qual se comunica. Seu caráter é sagrado pelo uso que se faz dela.

O próprio nome é sinal de que esta sala não é apenas um depósito, mas um local de oração, já que sacristia vem do latim sacer, que significa “sagrado”.

A sacristia pode ser um edifício separado do edifício principal, como se estivesse ligado à igreja ou fundida a ela, substituindo uma capela lateral.

É um lugar geralmente usado para conservar todos os vasos sagrados, como cálices, objetos litúrgicos, castiçais ou incensários.

Serve também para guardartudo o que é essencial na liturgia.Os armários contêm, portanto, as hóstias, o incenso, as velas. As vestimentas litúrgicas também encontram seu lugar ali.

Sacristias com história

A história e a necessidade de cada igreja determinam o que sacristia irá guardar. 

Algumas até abrigam um “tesouro”, assim chamado quando as peças têm uma importância artística especial, como o tesouro de Notre-Dame, que ficava guardado na sacristia.

Outras são muito simples, o suficiente para armazenar o mínimo necessário.

O fato é que o cuidado dos objetos litúrgicos e a preparação do altar geralmente são confiados aos sacristãos, que podem ser leigos ou religiosos, dependendo do local.

Um espaço de preparação

Aleteia

Para os sacerdotes, a sacristia é também um local de preparação. É ali que eles colocam as vestes litúrgicas correspondentes à celebração prevista. Este também é o caso dos servidores do altar.

Mas, longe de ser apenas um guarda-roupa, a sacristia é também um lugar de meditação. O padre aproveita o tempo em que está sozinho para se preparar, em oração, para a celebração.

Algumas sacristias têm uma pia com tampa que permite que as águas de purificação ou elementos sagrados sejam evacuados diretamente para o solo sem misturá-los com as águas residuais. 

Silêncio e respeito

Aleteia

Para preservar caráter meditativo do local, recomenda-se respeitar as orações dos que se preparam e falar baixinho.

Um crucifixo é sempre colocado em um local claramente visível para lembrar a sacralidade desta sala.

Algumas igrejas antigas não têm sacristia do mesmo período em que foram construídas. Na Idade Média, as igrejas tinham grandes anexos, e parte deles podiam ser usados ​​para serviço litúrgico. Muitos desses anexos foram destruídos e, posteriormente, teve de ser construída a sacristia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Não sejam reféns de um celular, pede o papa Francisco aos jovens

Papa Francisco em encontro com jovens no Canadá / Captura de vídeo
(Vatican Media)

QUEBEC, 29 jul. 22 / 08:48 pm (ACI).- Poucas horas antes de se despedir do Canadá, o papa Francisco pediu hoje (29) que os jovens não sejam “reféns de um celular” e, ao contrário, caminhem “para o alto”.

Em seu encontro com os jovens e idosos na praça da escola primária de Iqaluit, o papa disse que “preciso possibilitar aos jovens que façam grupo, estejam em movimento: não podem passar os dias isolados, mantidos como reféns por um celular”.

Após recordar que o hóquei no gelo é “o esporte nacional do Canadá”, o papa destacou que esta prática “combina bem disciplina e criatividade, tática e força física; mas o que faz a diferença é sempre o espírito de equipe, pressuposto indispensável para enfrentar as circunstâncias imprevisíveis de jogo”.

“Fazer equipe significa acreditar que, para se alcançar grandes objetivos, não se pode ir para diante sozinhos; é preciso mover-se em conjunto, ter a paciência de tecer densas redes de passagens. E significa também deixar espaço para os outros, sair rapidamente quando é a própria vez e apoiar os companheiros. Eis o espírito de equipe”, disse.

O papa Francisco também reiterou "indignação e a vergonha que, há meses, me acompanham" pelos "grandes sofrimentos" dos ex-alunos das escolas residenciais do Canadá.

“Também hoje e aqui quero dizer-vos o grande pesar que sinto; e desejo pedir perdão pelo mal cometido por não poucos católicos que, naquelas escolas, contribuíram para as políticas de assimilação cultural e de alforria”, disse.

Aos jovens indígenas, Francisco encorajou a não ter medo de "ouvir uma vez e outra os conselhos dos mais idosos, abraçar a tua história para escreveres novas páginas, apaixonar-te, tomar posição perante os fatos e as pessoas, envolver-te”.

Como conselho aos jovens indígenas, o papa disse: “caminha para o alto”.

“Habitas nestas vastas regiões do Norte; que elas te recordem a tua vocação de tenderes para o alto, sem te deixares arrastar terra a terra por quem pretende fazer-te crer que é melhor pensares só em ti próprio e usares o tempo de que dispões apenas para as tuas diversões e interesses”, afirmou.

“Não penses que os grandes sonhos da vida sejam céus inatingíveis. Estás feito para voar, abraçar a coragem da verdade e promover a beleza da justiça", disse o papa e acrescentou: “nunca percas a esperança, luta, dá tudo por tudo, e não te arrependerás”.

Outro conselho do papa Francisco para os jovens foi “vem à luz”.

“Existes para vir à luz cada dia. Não só no dia do teu nascimento, quando não dependia de ti, mas cada dia. Diariamente és chamado a levar uma luz nova ao mundo: a dos teus olhos, do teu sorriso, do bem que tu, e só tu, podes oferecer”, disse.

Em seguida, o papa Francisco enfatizou que “a liberdade é o dom maior que nosso Pai celestial nos deu juntamente com a vida”.

“Amigos, caminhai para o alto, vinde à luz cada dia, fazei equipa! E fazei tudo isso na vossa cultura”, disse.

“Faço votos de que, escutando os idosos e bebendo na riqueza das vossas tradições e da vossa liberdade, possais abraçar o Evangelho guardado e transmitido pelos vossos antepassados e encontrar o rosto Inuk de Jesus Cristo. De coração vos abençoo e digo: qujannamiik! [obrigado!]”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF