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sábado, 30 de julho de 2022

Os indígenas, a evangelização e nós

O Papa Francisco com alguns chefes indígenas na sua viagem ao Canadá | Vatican News

O roteiro traçado pelos discursos de Francisco no Canadá na esteira da Evangelii nuntiandi de Paulo VI e da Evangelii gaudium.

ANDREA TORNIELI

O coração da "peregrinação penitencial" do Papa Francisco no Canadá é representado por sua proximidade pessoal com os povos indígenas e seu pedido de perdão pelos desastres provocados pela mentalidade colonial que buscava erradicar as culturas tradicionais, inclusive através da dramática experiência das escolas residenciais por iniciativa do governo e dirigidas pelas Igrejas cristãs. Os encontros com os povos originais marcaram todas as etapas da viagem e foram comoventes. A compreensível concentração nos sofrimentos vividos pelos povos indígenas e no caminho de reconciliação empreendido, fez passar em segundo plano algumas indicações preciosas disseminadas nos discursos de Francisco, que oferecem caminhos úteis para a evangelização hoje e em todas as latitudes.

O Papa, depois de dizer que se envergonhava do que aconteceu quando os crentes "se deixaram ser mundanos e, em vez de promover a reconciliação, impuseram seu próprio modelo cultural", continuou a enfatizar que "esta atitude é difícil de morrer, mesmo do ponto de vista religioso". Ele deslocou assim sua reflexão, que tinha começado a partir dos acontecimentos do passado, para o presente. Ou seja, é uma mentalidade que ainda está presente. "Parece mais conveniente inculcar Deus nas pessoas do que permitir que as pessoas se aproximem de Deus - uma contradição. Mas nunca funciona, porque o Senhor não age assim: Ele não coage, não sufoca e não oprime; ao invés disso, sempre ama, liberta e deixa libvres. Ele não apoia com seu Espírito aqueles que subjugam os outros, aqueles que confundem o Evangelho da reconciliação com proselitismo. Pois não se pode proclamar Deus de uma maneira contrária a Deus."

Ainda hoje, diz o Sucessor de Pedro, há o risco de confundir a proclamação do Evangelho com o proselitismo, pois a tentação do poder, a busca de relevância social e cultural, assim como os projetos de evangelização baseados em estratégias e técnicas de marketing religioso, são fenômenos contemporâneos a nós. "Enquanto Deus se propõe simples e humildemente, somos sempre tentados a impô-lo e a impor-nos em seu nome. É a tentação mundana de fazê-lo descer da cruz para manifestá-lo pelo poder e pela aparência. Mas Jesus reconcilia na cruz, não descendo da cruz." Ainda hoje existe a tentação de manifestar Jesus com o poder e a influência da instituição e de suas estruturas, com o surgimento de projetos que acreditamos poder fazer funcionar "sem Deus, apenas com as forças humanas".

O caminho, ao invés, que o Papa propôs é o de "não decidir pelos outros, não abrigar todos dentro de esquemas pré-estabelecidos, mas colocar-se diante do Crucificado e diante do irmão para aprender a caminhar juntos". É o rosto de uma Igreja que procura aderir cada vez mais ao Evangelho e que não tem um conjunto de ideias e preceitos para inculcar nas pessoas, mas sabe ser casa acolhedora para todos, testemunhando Jesus "como Ele deseja, na liberdade e na caridade".

Evangelizar em um tempo marcado pelo secularismo e pela indiferença, lembra-nos Francisco, significa propor o primeiro anúncio. Porque a alegria da fé não é comunicada "apresentando aspectos secundários para aqueles que ainda não abraçaram o Senhor em suas vidas, ou apenas repetindo certas práticas ou replicando formas pastorais do passado". Precisamos encontrar novos caminhos, oportunidades de escuta, diálogo e encontro, deixando espaço para Deus e sua iniciativa, não para nosso protagonismo. E retornar assim "à essencialidade e ao entusiasmo dos Atos dos Apóstolos".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Na derrota e no fracasso "o Senhor vem ao nosso encontro", diz o papa Francisco

Papa Francisco abençoa bebê doente na missa no Santuário Nacional de
Santa Ana de Beaupré, Quebec / Vatican Media

QUEBEC, 28 jul. 22 / 03:05 pm (ACI).- No fracasso, “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada”, disse o papa Francisco na missa celebrou no Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré, em Quebec, Canadá, na manhã de hoje (28).

Cerca de uma hora antes do início da missa, o papa cumprimentou do papamóvel os fiéis que o receberam à beira da estrada.

O papa beijou várias crianças pequenas que se aproximaram do papamóvel. Ele estava acompanhado pelo arcebispo de Quebec, cardeal Gérald Cyprien Lacroix.

Em sua homilia, Francisco comparou a viagem dos discípulos a Emaús com a “estrada da vida", onde " ao levarmos por diante os sonhos, os projetos, os anseios e as esperanças que habitam no nosso coração, embatemos-nos também com nossas fragilidades e fraquezas, experimentamos derrotas e decepções e, às vezes, ficamos prisioneiros da sensação de fracasso que nos paralisa”.

O papa declarou que é nesses momentos que “o Senhor vem ao nosso encontro, coloca-Se ao nosso lado, caminha pela nossa própria estrada com a discrição de um amável viandante que deseja reabrir os olhos e inflamar de novo o nosso coração”.

“E quando o fracasso deixa espaço ao encontro com o Senhor, a vida reabre-se à esperança e podemos reconciliar-nos conosco, com os irmãos, com Deus”, destacou.

Em seguida, encorajou a seguir "o itinerário deste caminho que poderíamos intitular do fracasso à esperança".

O papa Francisco disse que esta experiência de fracasso “acontece-nos sempre que os nossos ideais se deparam com as decepções da existência e os nossos propósitos são menosprezados por causa das nossas fragilidades; quando cultivamos projetos de bem, mas depois não temos a capacidade de os realizar; quando mais cedo ou mais tarde, nas atividades que realizamos ou nas nossas relações, experimentamos alguma derrota, algum erro, um fracasso ou uma queda, vendo desabar aquilo em que tínhamos acreditado ou nos tínhamos empenhado e sentindo-nos ao mesmo tempo esmagados pelo nosso pecado e os sentimentos de culpa”.

“Também nós, perante o escândalo do mal e o Corpo de Cristo ferido na carne dos nossos irmãos indígenas, caímos na amargura e sentimos o peso do fracasso”, continuou.

O papa Francisco também alertou sobre “a tentação da fuga”, uma tentação “do inimigo, que ameaça o nosso caminho espiritual e o caminho da Igreja: ele quer fazer-nos acreditar que aquele fracasso já seja definitivo”.

O papa assegurou que só é possível curar as feridas do passado com o amor de Deus e encorajou a acreditar “que Jesus Se vem juntar ao nosso caminho”.

“Deixemo-nos encontrar por Ele; deixemos que seja a sua Palavra a interpretar a história que vivemos como indivíduos e como comunidades, e a indicar-nos o caminho para nos curarmos e reconciliarmos”, pediu aos fiéis.

Além disso, convidou a colocar no coração de casa coisa “a sua Palavra, que ilumina os acontecimentos e reabre-nos os olhos para ver a presença operante do amor de Deus e a possibilidade de bem mesmo em situações aparentemente perdidas”.

“Coloquemos o Pão da Eucaristia, que Jesus ainda hoje parte para nós, para partilhar a sua vida com a nossa, abraçar as nossas fragilidades, sustentar os nossos passos cansados e conceder-nos a cura do coração”, concluiu.

Ao final da celebração eucarística, o cardeal Gérald agradeceu ao papa Francisco por sua presença e suas orações pelo povo canadense.

Em seguida, o papa Francisco abençoou os presentes e um bebê doente e deixou a igreja em uma cadeira de rodas.

O Santuário Nacional de Santa Ana de Beaupré está localizado ao lado do rio São Lourenço, 30 km a leste da cidade de Quebec, e há décadas é atribuída ao santário a cura de doenças e milagres. Por esta razão, este templo se tornou um santuário ao qual cerca de meio milhão de fiéis peregrinam todos os anos, especialmente durante a festa de santa Ana, a avó de Jesus.

Segundo dados oficiais, para a missa de hoje com o papa Francisco, 5 mil pessoas esperavam do lado de fora da igreja e 2 mil estavam dentro do templo.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A viagem do Papa ao Canadá em um minuto

A viagem do Papa ao Canadá | Vatican News

Em um vídeo, os seis dias da 37ª Viagem Apostólica do Papa Francisco em terras canadenses, de oeste a leste e depois do norte rumo ao Ártico. Uma "peregrinação penitencial" na qual o Papa reiterou a indignação e a vergonha pela participação de muitos cristãos no sistema de escolas penitenciais, instrumento de assimilação cultural que causou consequências devastadoras para os povos indígenas. Um caminho para retomar a caminhada juntos rumo à reconciliação e à cura.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Caminhar na esperança

Jardim de flores | OVALE

CAMINHAR NA ESPERANÇA 

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)

A capacidade de superação de situações difíceis torna-se cada vez mais importante no contexto da pandemia, com tantos problemas e desafios que têm surgido ou se agravado. Na vida cotidiana, em qualquer contexto sociocultural, ocorrem situações de estresse, pressões e frustrações, na vida das pessoas e das famílias. A vida é um aprendizado permanente que vai nos ensinando a lidar com elas e a superá-las. Há problemas de cunho social que trazem muito sofrimento, cuja solução ultrapassa o que cada pessoa possa fazer, exigindo respostas maiores nos âmbitos político e econômico. Mas, as posturas adotadas por cada um podem contribuir muito para a sua superação. Além do exercício consciente da cidadania, com a participação na vida política, há posturas fundamentais a serem adotadas no enfrentamento dos problemas do dia a dia, tais como as dificuldades econômicas, as enfermidades e as crises nos relacionamentos em casa ou no trabalho. 

É necessário, antes de tudo, vencer as tendências ao desânimo e à acomodação, que não resolvem os problemas, mas tendem a agravá-los, ou querer resolver tudo a curtíssimo prazo, o que não condiz com o ritmo da vida. O enfrentamento sereno e firme dos problemas e contrariedades é um aprendizado constante. A natureza da pessoa humana permite transcender as situações-limite e caminhar sempre com persistência e esperança. Para isso, conta muito o horizonte de sentido da vida e do caminhar, que têm suas raízes mais profundas na espiritualidade. A fé tem sido fundamental na superação dos problemas e na conquista da saúde emocional. O cultivo da oração e da meditação tem contribuído muito para a recuperação de pessoas enfermas, conforme demonstram pesquisas médicas. Não basta a capacidade intelectual ou o acúmulo de conhecimentos científicos e tecnológicos, por mais importantes que devam ser.

Tem sido difundida, cada vez mais, a palavra “resiliência”, que pode ser difícil de ser falada ou entendida, mas que tem especial importância no enfrentamento de situações difíceis. O termo tomado da física, aplicado à resistência de materiais, adquiriu novo significado no âmbito da psicologia, expressando a capacidade humana de resistir e superar os problemas, de permanecer em pé ao invés de desmoronar, de perseverar em vez de desanimar. Embora a resiliência seja pessoal, não se trata de fechamento sobre si, de contar unicamente com as próprias forças. No enfrentamento e superação dos problemas, temos necessidade do outro, familiar, amigo ou colega. Há muita gente à espera de atenção, necessitada de uma palavra amiga e de gestos fraternos de solidariedade. A força para vencer as adversidades torna-se muito maior quando se pode contar com o próximo e, acima de tudo, com Deus, que nos permite caminhar sempre na esperança.


Como era a confissão nos primórdios da Igreja?

Sacramento da Confissão | Cléofas

Como era a confissão nos primórdios da Igreja?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

As primeiras confissões

Hoje, erroneamente, muitas pessoas acreditam que o Cristianismo representou um súbito abandono do pensamento e das práticas do antigo Israel – algo tão completamente novo que os contemporâneos de Jesus dificilmente reconheceriam essa fé cristã.

Entretanto, a verdade é exatamente o contrário. De fato, os primeiros cristãos mantiveram muitas das práticas do judaísmo antigo, as quais se tornaram, agora, revestidas de um novo sentido.

Os cristãos construíram suas próprias “sinagogas” e, até o ano 70 d.C., se encontravam regularmente no Templo de Jerusalém.

Alguns observavam o tradicional repouso sabático no sábado, e principalmente, no Dia do Senhor, o domingo. Adotaram em seus cultos muitas orações, bênçãos e formas litúrgicas do Judaísmo.

Nos últimos anos, os estudiosos têm dedicado maior atenção para “as raízes judaicas da liturgia cristã”, e vários deles têm procurado demonstrar em detalhes precisos como as refeições rituais e os sacrifícios de Israel se desencadearam na refeição ritual e no sacrifício do coração da vida cristã: a Missa.

O mesmo é válido para o que a Igreja chama hoje de o sacramento da Confissão, o sacramento da Penitência, o sacramento do perdão, o sacramento da Reconciliação. O novo Israel, a Igreja Católica, não abandonou as práticas eficazes dos seus antecessores. Tanto que encontramos cristãos se confessando, tanto nas primeiras gerações, quanto em cada época seguinte.

O tema da confissão aparece duas vezes num dos mais antigos documentos judaico-cristãos que temos, independentemente da Bíblia. A Didaqué, ou a Instrução dos Apóstolos, é uma compilação de ensinamentos morais, doutrinais e litúrgicos. Alguns estudiosos modernos afirmam que partes deste documento foram compostas na Palestina ou em Antioquia por volta do ano 48 d.C.

Diz a Didaqué: “Na igreja, confessarás tuas faltas e não entrarás em oração com má consciência” (4,14). Este ensinamento vem após longa lista de mandamentos morais e instruções sobre a penitência.

Num capítulo posterior, fala da importância da confissão antes de receber a Eucaristia: “Reuni-vos no Dia do Senhor para a Fração do Pão e rendei ação de graças [em grego, Eucaristia], depois de haverdes confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro” (14,1).

Mais tarde, mas ainda no primeiro século, provavelmente entre 70 e 80 d.C., encontramos a Carta de Barnabé repetindo, palavra por palavra, a Instrução da Didaqué: “Confessa os teus pecados e não te apresentes em má consciência para a oração” (19).

Ambos, a Didaqué e a Carta de Barnabé, podem insinuar que os cristãos confessavam seus pecados publicamente, pois a expressão “na igreja” pode ser traduzida também por “na assembleia”. Sabemos que, em muitos lugares, a Igreja pode ter administrado a Penitência desta forma. Contudo, a prática foi abandonada nos séculos seguintes por razões pastorais evidentes – por exemplo, para poupar o penitente do constrangimento, poupar as vítimas de qualquer vergonha, e por uma questão de sensibilidade. Esta é uma forma da Igreja aplicar sua piedade de um jeito ainda mais misericordioso.

Encontramos nosso próximo testemunho no início do século seguinte, por volta de 107 d.C.: Santo Inácio, bispo de Antioquia, que desenvolve a ideia de penitência a serviço da comunhão, como ele escreve ao povo de Filadélfia, na Ásia Menor. “A todos aqueles que se arrependem, o Senhor concede o perdão, se apresentam sua penitência em união com Deus e em comunhão com o bispo” (Carta aos Filadélfios 8,1). De acordo com Santo Inácio, a marca do cristão perseverante é a fidelidade à confissão. “Pois todos os que são de Deus e de Jesus Cristo estão também com o bispo. E a todos quantos, no exercício da penitência, voltarem-se para a unidade da Igreja, estes também pertencem a Deus e podem viver de acordo com Jesus Cristo” (Carta aos Filadélfios 3,2).

A opção da confissão era evidente para os Padres da Igreja. Em 96 d.C., o Papa São Clemente de Roma disse: “Mais vale ao homem confessar suas faltas do que endurecer seu coração” (Carta aos Coríntios 51,3).

Embora o sacramento tenha estado conosco desde o dia da ressurreição

de Jesus, os cristãos o praticaram de variadas maneiras. A doutrina da Igreja sobre a Reconciliação se desenvolveu, também, ao longo do tempo. Em sua essência, o sacramento permaneceu o mesmo, embora em alguns particulares possa parecer diferente em determinadas épocas.

Por exemplo: no início, em alguns lugares, os bispos ensinavam que certos pecados – quais sejam: homicídio, adultério e apostasia – poderiam ser confessados, mas não absolvidos nesta vida. O cristão que os tivesse cometido nunca poderia voltar a receber a Comunhão, embora pudesse contar com a misericórdia de Deus na hora da morte. Em outros lugares, os bispos absolviam de tais pecados, mas somente depois que os pecadores cumprissem pesadas penitências, o que poderia levar anos de intensa luta cotidiana para cumpri-las.

Ao longo do tempo, a Igreja foi modificando essas práticas a fim de torná-las menos penosas e de encorajar os cristãos a encontrar forças na Eucaristia para vencer o pecado e fazer com que os pecadores arrependidos não caíssem em desespero.

Nem todos os cristãos estavam ansiosos para acolher os pecadores de volta ao rebanho. Alguns argumentavam que a Igreja era melhor sem esses fracos e desajustados. A questão veio à tona no norte da África, e chegou até um homem chamado Cipriano, bispo de Cartago (248-258 d.C.). Era um tempo de perseguições onde alguns cristãos bravamente enfrentavam a morte, enquanto outros – é triste dizer – renunciavam a Cristo, quando colocados diante da ameaça de morte ou de tortura. Alguns desses que cometiam esse “lapso” na fé, mais tarde, se arrependiam da decisão tomada e procuravam ser readmitidos na Igreja. Contudo, eles encontravam forte oposição dos outros cristãos que haviam sobrevivido às torturas sem renunciar a Cristo.

Cipriano sustentava que os pecadores arrependidos deveriam ser readmitidos à Eucaristia, depois de realizarem as penitências prescritas pela Igreja. Ele pedia a todos os pecadores, grandes ou pequenos, para que tirassem proveito do sacramento da Reconciliação, pois, em tempos de perseguição, eles não sabiam, nem o dia nem a hora, em que seriam chamados. (Na verdade, seja qual for o momento, nós não sabemos o dia nem a hora em que seremos chamados a enfrentar o nosso juízo final). Dizia São Cipriano:

Rogo-vos, amados irmãos, para que cada um confesse seu pecado, enquanto aquele que pecou ainda estiver neste mundo, enquanto sua confissão puder ser recebida, enquanto a satisfação e a remissão feitas pelo sacerdote estiverem agradando ao Senhor. Voltemo-nos para o Senhor com todo o nosso coração; e, expressando arrependimento pelo nosso pecado com verdadeira tristeza, supliquemos a misericórdia de Deus. […] Ele mesmo nos diz de que maneira devemos nos apresentar: “Voltai para mim –oráculo do Senhor – de todo o coração, fazendo jejuns, chorando e batendo no peito! Rasgai vossos corações, não as roupas!” (Jl 2,12s).

Cipriano pôde evocar o profeta Joel que exortava um povo “gentio” a fazer sua confissão. Por quê? Porque o profeta, o Salvador, e o santo compartilhavam um entendimento comum da confissão, da conversão e da aliança. A missão da Igreja, do próprio Cristo, foi proclamar esse entendimento como o Evangelho, como uma boa nova: “e no Seu nome [no de Cristo] será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24,47).

Ao ler os Padres da Igreja, vemos que, onde quer que o povo professasse o Cristo, eles confessavam seus pecados aos sacerdotes da Igreja. Vemos isso nos escritos de Santo Irineu de Lião, que serviu na França de 177 a 200 d.C.. Encontramos em Tertuliano, no norte da África, por volta de 203 d.C.; e em Santo Hipólito de Roma, cerca de 215 d.C.. O estudioso egípcio Orígenes14, por volta do ano 250 d.C., escreveu sobre “a remissão dos pecados através da penitência…quando o pecador… não se envergonha de dar a conhecer o seu pecado ao sacerdote do Senhor e a buscar uma cura de acordo com aquele que diz, ‘revelei-te o meu pecado, o meu erro não escondi’. Eu disse: ‘Confessarei ao Senhor as minhas culpas’, e tu perdoaste a malícia do meu pecado” (Sl 32[31], 5).

Retirado do livro: “Senhor, Tende Piedade”. Scott Hahn. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Cardeal Muller: Caminho Sinodal Alemão é o oposto de uma verdadeira reforma da Igreja

Cardeal Muller | Guadium Press
O cardeal chama-o de “heresia sinodal alemã”. Ele se refere à recente advertência de Roma a esse sínodo.

Redação (28/07/2022 09:34Gaudium Press) Como de costume, as palavras do Cardeal Gerhard Muller, ex-prefeito do Dicastério da Doutrina da Fé, não vão com o vento, elas têm seu peso.

Agora, em um artigo publicado na kath.net, o cardeal se refere novamente à difícil situação da Igreja alemã, especificamente ao chamado Caminho Sinodal Alemão, e alude à recente declaração da Santa Sé, advertindo para que esse sínodo não se afaste da unidade da Igreja universal e que suas determinações não tenham efeitos jurídicos.

O Cardeal Muller expressa que “a afirmação do Fórum IV (nt: do sínodo alemão) de que toda conduta moral na vida, especialmente no que diz respeito à sexualidade, não deve mais ser determinada pela Palavra de Deus, mas pela ideologia LGBT atualmente predominante, é um adeus aberto ao cristianismo”.

O cardeal lembra que o sexto e o nono mandamentos da Lei dada por Deus a Moisés unem o significado da sexualidade – “exclusivamente relacionada ao casamento” – com “a relação com Deus”. Ou seja, a verdadeira relação com Deus implica que assumamos o que ele ordena sobre uma sexualidade exercida no âmbito do casamento.

O purpurado vai contra as afirmações dos promotores do Caminho Sinodal Alemão, no sentido de que este sínodo seria uma resposta para reformar a Igreja alemã, bastante submersa em escândalos de abusos e outras crises.

Em outro sentido, o Cardeal Muller expressa que “o Caminho Sinodal Alemão é o oposto da reforma, ou seja, a renovação de nossa mente e comportamento no espírito de Cristo (Rm 12,1s). Trata-se de uma recaída na antiga imoralidade dos pagãos que, por sua rejeição de Deus, estão “entregues a paixões desonrosas” (Rm 1,26), embora Deus tenha escrito a lei moral natural em seus corações e consciências (Rm 2 .25)”.

Sobre a advertência de Roma

A respeito do comunicado de Roma sobre o Caminho Sinodal Alemão, que o cardeal teutônico chama de “Heresia Sinodal Alemã”, ele diz que “tarde, mas talvez não muito tarde, Roma reagiu às maquinações anticatólicas” deste sínodo, heresias que “são diametralmente opostas ao ensinamento católico sobre a revelação e a “obediência da fé” (Vaticano II, Dei verbum 1-10), sobre a constituição hierárquico-sacramental da Igreja (Lumen gentium 18-29) e sobre o ” dignidade do matrimônio e da família” (Gaudium et spes 46-52)”.

O Cardeal recorda o recente apelo de Irme Stetter-Karp, co-presidente do Caminho Sinodal Alemão, para o acesso universal ao aborto, ao que a constituição da Gaudium et Spes chamou de “crime abominável de aborto e infanticídio”, e diz que este tipo de afirmações vem de “um pansexualismo que revela o niilismo daqueles que perderam a fé no Deus vivo. E vivem sob o lema: “Se os mortos não ressuscitam” e não há julgamento divino, então “comamos e bebamos, porque amanhã estaremos mortos”.

O cardeal conclui o seu escrito, repetindo a advertência do Apóstolo dos gentios, para não cair “na tentação de viver contra a Palavra e a instrução de Deus: ‘Não vos deixeis enganar! As más companhias corrompem os bons costumes. Voltai a viver na sobriedade, como se deve, e não pequeis mais. Pois, alguns de vós continuam em total ignorância sobre Deus: isso eu vos digo para vossa vergonha’”. (1Cor 15,33-34).

Sharon Stone compartilha a dor pelos 9 abortos que sofreu

Sharon Stone,, Milano, 2018 | DELBO ANDREA|Shutterstock
Por Paola Belletti

A atriz, que tem três filhos adotivos, contou suas dores físicas e morais devido aos abortos espontâneos e convidou outras mulheres a falar sobre o assunto e encontrar entendimento para o que é um verdadeiro desafio.

Não costumo acompanhar notícias ou fofocas daquele planeta próximo e inacessível chamado Hollywood. Mas acontece que, em mais de uma ocasião, Sharon Stone fez declarações ou pedidos públicos que me chamaram a atenção. Talvez simplesmente porque esses pedidos parecem autênticos e envolvem experiências que se refletem na vida de muitas mulheres.

A dor pela morte do sobrinho

Em 2021, Sharon Stone fez sinceros pedidos de orações pelo sobrinho de quase um ano, filho de seu irmão Patrick, acometido pela falência múltipla de órgãos.

Em dia do mês de agosto, ela saiu às pressas de Veneza, onde chegou para filmar um comercial da Dolce & Gabbana. Naquele dia, o estado de saúde do pequeno River, que imediatamente pareceu muito grave, não deixava muito espaço para esperança.

No entanto, ela, como uma tia normal (e o que mais ela poderia ter sido nesta conjuntura, senão uma mulher vulnerável atingida em uma de suas maiores afeições?), se apegou àquele fio de esperança e conclamou os fãs: “É necessário um milagre, por favor, orem por ele”. A atriz ainda postou uma foto da criança entubada.

A dor intensa e debilitante dos abortos

Sharon Stone tem três filhos adotivos e não é a primeira vez que ela conta algo sobre o drama relacionado à maternidade frustrada em seu caminho biológico natural.

Ela sofreu nove (isso mesmo: nove) abortos espontâneos, o que lhe”enfraqueceu o espírito e o corpo”, como ela declarou a um site italiano.  

Muitas de nós já tiveram aborto espontâneo. Por isso é sábio e correto que quem tem mais visibilidade coloque o tema a serviço de uma causa tão delicada: a experiência do luto quase negada às mães que perdem um filho durante a gravidez.

Falar ajuda

Em um post no Instagram, Stone escreveu:

“Nós, mulheres, não temos um espaço adequado para falar sobre essa perda. Perdi nove filhos por aborto espontâneo. Isso não é pouca coisa, nem fisicamente nem mentalmente. Isso faz você se sentir sozinha, quase que com um segredo a esconder, uma vergonha a esconder, com uma sensação de fracasso.”

No entanto, nem tudo é culpa da sociedade, do outro “insensível e mau”; é a própria experiência do aborto que inflige dor. E, certamente, poder contar com o apoio e a troca íntima do pai dessas crianças não nascidas já é uma ajuda considerável.

Mães precisam de compaixão

Melhor ainda se pudermos ampliar essa rede de compaixão e consolo, mas sem atribuir ao homem a causa primeira de tanta dor.

Sharon Stone disse que sofreu abuso por parte do avô. Como, então, não desenvolver certa desconfiança pelos homens?

É precisamente o homem, porém, que pode dar à mulher a maternidade; eles se fecham em uma aliança maravilhosa que permite que a mãe e o filho entrem no mundo, protegidos.

A primeira necessidade, o verdadeiro direito inalienável na base de tudo, é precisamente o da vida, o de nascer. Por isso, enxergamos o aborto como injusto e doloroso. Não deveríamos, então, nos unir, especialmente nós mulheres, em defesa dos nascituros excluídos à força da vida por serem indesejados?

Portanto, obrigado Sharon Stone por dar voz aos que não têm voz!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Em 2022, Sobrecarga da Terra é neste dia 28

Floresta queimada em Caqueta, Colômbia. (Foto: Luisa Gonzalez)

O centro de pesquisa Global Footprint Network alerta para o consumo de recursos naturais que ultrapassa os níveis de regeneração do planeta Terra. Neste ano de 2022, a ultrapassagem deste limite é hoje, 28 de julho. A cada ano, é antecipada a data do dia em que a exploração sustentável é excedida. Em cinquenta anos, o consumo do planeta dobrou.

Marco Guerra - Cidade do Vaticano

Este dia 28 de julho é o Earth Overshoot Day (“Dia da Sobrecarga da Terra”), ou seja, o dia em que a humanidade esgota o consumo de todos os recursos que os ecossistemas naturais podem renovar ao longo do ano e entra na dívida ecológica. Esta data é calculada pelo grupo de pesquisa internacional Global Footprint Network e, para este ano de 2022, cai em 28 de julho, um dia antes relação a 2021, quando os cálculos haviam estabelecido o limite da superexploração da Terra em 29 de julho.

Exploração dos recursos em excesso

De certa forma, a partir de hoje até 31 de dezembro, produzimos e consumimos recursos naturais que pertencem às gerações futuras, detraindo o futuro próspero e pacífico dos nossos filhos e netos. O limite de consumo disponível, chamado “ponto de equilíbrio”, foi ultrapassado a partir da década de 1970. Desde então começou, cada vez mais, a nossa dívida para com o planeta, no sentido de diminuição da biodiversidade, florestas e água doce.

Em cinquenta anos, o consumo dos recursos naturais quase duplicou. Por isso, todos os anos, a Global Footprint Network define o Earth Overshoot Day ou Dia da Sobrecarga da Terra, com base no calendário do ano anterior.

Na realidade, a humanidade utiliza, atualmente, 74% a mais dos recursos que os ecossistemas do planeta podem regenerar: isto equivale ao uso de mais de um planeta e meio deste em que vivemos. Claro, nem todos os países ultrapassam os recursos disponíveis: por exemplo, se a população global fizesse como os estadunidenses, seriam necessários mais de 5 planetas Terra para satisfazer suas necessidades. Logo, o impacto das atividades antrópicas torna-se crucial para a manutenção e equilíbrio dos ecossistemas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Marta

Santa Marta | arquisp
29 de julho

Santa Marta

As Escrituras contam que, em seus poucos momentos de descanso ou lazer, Jesus procurava a casa de amigos em Betânia, local muito agradável há apenas três quilômetros de Jerusalém. Lá moravam Marta, Lázaro e Maria, três irmãos provavelmente filhos de Simão, o leproso. Há poucas mas importantíssimas citações de Marta nas Sagradas Escrituras.

É narrado, por exemplo, o primeiro momento em que Jesus pisou em sua casa. Por isso existe a dúvida de que Simão fosse mesmo o pai deles, pois a casa é citada como se fosse de Marta, a mais velha dos irmãos. Mas ali chegando, Jesus conversava com eles e Maria estava aos pés do Senhor, ouvindo sua pregação. Marta, trabalhadora e responsável, reclamou da posição da irmã, que nada fazia, apenas ouvindo o Mestre. Jesus aproveita, então, para ensinar que os valores espirituais são mais importantes do que os materiais, apoiando Maria em sua ocupação de ouvir e aprender.

Fala-se dela também quando da ressurreição de Lázaro. É ela quem mais fala com Jesus nesse acontecimento. Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus dará".

Trata-se de mais uma passagem importante da Bíblia, pois do evento tira-se um momento em que Jesus chora: "O pranto de Maria provoca o choro de Jesus". E o milagre de reviver Lázaro, já morto e sepultado, solicitado com tamanha simplicidade por Marta, que exemplifica a plena fé na onipotência do Senhor.

Outra passagem é a ceia de Betânia, com a presença de Lázaro ressuscitado, uma prévia da última ceia, pois ali Marta serve a mesa e Maria lava os pés de Jesus, gesto que ele imitaria em seu último encontro coletivo com os doze apóstolos.

Os primeiros a dedicarem uma festa litúrgica a santa Marta foram os frades franciscanos, em 1262, e o dia escolhido foi 29 de julho. Ela se difundiu e o povo cristão passou a celebrar santa Marta como a Padroeira dos Anfitriões, dos Hospedeiros, dos Cozinheiros, dos Nutricionistas e Dietistas.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

O quinto dia do Papa no Canadá em um minuto

O quinto dia do Papa no Canadá | Vatican News

Os momentos mais significativos da viagem de Francisco a Québec com a Missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré e as Vésperas com o clero na Basílica de Notre Dame.

Em pouco mais de sessenta segundos, as imagens mais evocativas dos momentos que marcaram o quinto dia da Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Canadá. Em Quebec, o Pontífice celebrou a Missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré, um local histórico de culto do século XVII dedicado à avó de Jesus e um dos destinos de peregrinação mais antigos da América do Norte. Depois da passagem no papamóvel entre os fiéis, Francisco presidiu a Celebração Eucarística. No caminho de volta, parou para saudar os doentes e trabalhadores da Fraternité St. Alphonse, ouvindo suas histórias e pedidos de orações. À tarde, as Vésperas na Basílica neorromânica de Notre Dame junto com bispos, sacerdotes, seminaristas e agentes pastorais. A eles uma intensa homilia sobre os conceitos de anúncio, testemunho e fraternidade e o pedido de perdão às vítimas de abuso.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF