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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Sabedoria 2, 12-20: A profecia cumprida em Jesus Cristo

Muitos protestantes dizem que os livros deuterocanônicos são apócrifos. Em outras palavras, para eles esses livros não são Escritura e inspirados por Deus. Uma das razões para isso, é que dizem que não haviam profetas em qualquer um desses livros, eis alguns exemplos:

Ron Rhodes, em seu livro, “Reasoning from the Scriptures with Catholics”, p. 33 escreve:
Além disso, nenhum livro apócrifo foi escrito por um verdadeiro profeta ou apóstolo de Deus … Além disso, nenhum livro apócrifo contém profecia preditiva, que teria servido para confirmar a inspiração divina.”

Norman Geisler e Ralph E. em “Roman Catholics and Evangelicals: Agreements and Differences” p. 167, escreve:
Há fortes evidências de que os livros apócrifos não são proféticos. Mas desde que profecia é o teste para canonicidade, isso elimina os apócrifos do cânon
É bem difícil acreditar que qualquer um deles tenha estabelecido o cânon das escrituras, usando o teste de que para  que um livro fosse inspirado,  tivesse que conter uma profecia, primeiro eles teriam que provar que profecia o livro de Ester, Rute e etc.. contém.
No entanto, apesar da alegação protestante no Livro da Sabedoria capítulo 2 versículos de 12-20 é uma das mais claras passagens que contém uma profecia e apontam para uma pessoa que iria chamar-se Filho de Deus, que seria condenado à morte por pessoas invejosas. O texto diz:
12. Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações, nos censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa educação. 13. Declara ter o conhecimento de Deus e se diz filho do Senhor;14. ele se tornou acusador de nossos pensamentos, basta vê-lo para nos importunarmos; 15. sua vida se distingue da dos demais e seus caminhos são todos diferentes.16. Ele nos tem em conta de bastardos; de nossas vias se afasta, como se contaminassem. Proclama feliz o destino dos justos e se gloria de ter a Deus por pai. 17. Vejamos se suas palavras são verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim.18. Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários. 19.  Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. 20. Condenemo-lo a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria 2, 12 – 20)
Estas profecias acima só são encontradas no capítulo 2 da Sabedoria. Vamos verso a verso, cameçando pelo versículo 12: 
Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações, nos censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa educação.” (Sabedoria 2, 12)
Um homem justo que censurar os líderes e sua educação. Vejamos como isso se cumpre em Jesus:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas […] Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus23, 23.27-28)
Moisés não vos deu a Lei? No entanto, nenhum de vós pratica a Lei. Por que procurais matar-me?” A multidão respondeu: “‘Tens um demônio. Quem procura matar-te?’” (João 7, 19-20)
Jesus, como em Sabedoria 2, 12, é um homem justo, na verdade, perfeitamente justo. Ele condena os escribas como infratores da lei, os chama de hipocritas e  ‘repreendeu-os por suas faltas conta a lei’ como em Mateus 23, 27-28. Ele os chama de infratores, e ele diz que tentarão matá-lo… Sabedoria 2, 12, fala também de homens à espreita para pegar o justo e em Mateus 26, 3 – 4 vemos os sumos sacerdotes e os anciãos fazendo o seguinte:  
Então os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo congregaram-se no pátio do Sumo Sacerdote, que se chamava Caifás, e decidiram juntos que prenderiam a Jesus por um ardil e o matariam.” (Mateus 26, 3-4)
Ele foi recebido como um rei pelo povo (João 12, 12-15) e por isso os governantes não poderiam fazer isso durante o dia. Jesus repreendeu-os pela quebra da lei, e os acusou de hipocrisia, então os líderes religiosos se ofenderam. O que Jesus faz para os deixarem assim? Ele expôs a sua hipocrisia. Ele os chama de infratores da lei, e que não mantem o coração da lei, como as passagens acima mostram.
Vejamos o versículo seguinte, Sabedoria 2, 13:
“Declara ter o conhecimento de Deus e se diz filho do Senhor;” (Sabedoria 2, 13)
O homem justo afirma ter conhecimento de Deus, e de fato ele tem o conhecimento exclusivo de Deus. Ele professa ser um filho de Deus. Vejamos o que diz o evangelho:
e vós não o conheceis, mas eu o conheço; e se eu dissesse ‘Não o conheço’, seria mentiroso, como vós. Mas eu o conheço e guardo sua palavra” (João 8, 55)
Jesus conhece o Pai, de uma maneira única, o conhece melhor do que seus adversários, e também os chama de seguidores do diabo (Jo 8, 44).
Como mostra a Sabedoria 2, 13, ele diz ser filho de Deus, como ele se refere a Seu Pai. Jesus se refere a seu Pai, muitas vezes, como “Meu Pai” (Ver João 8, 38, 49, 54, 10, 19, 25, 29, etc), significando uma relação especial com Deus, o Pai. Ele chama a si mesmo de Filho de Deus , João 3, 18:
Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.” (João 3, 18)
Vejamos também como ele se refere a si mesmo como o Filho de Deus em João 5, 25
Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora — e é agora — em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que o ouvirem, viverão.” (João 5, 25)
Ele se auto denomina Filho de Deus, justamente como a Sabedoria 2, 13 predisse.
Vamos ao próximo versículo em Sabedoria 2, 14:
“ele se tornou acusador de nossos pensamentos…”(Sabedoria 2, 14)
O novo testamento relata:
Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: ‘Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações?’”  (Mateus 9, 4)
Os escribas e os fariseus observavam-no para ver se ele o curaria no sábado, e assim encontrar com que o acusar. Ele, porém, percebeu seus pensamentos e disse ao homem da mão atrofiada: ‘Levanta-te e fica de pé no meio de todos’. Ele se levantou e ficou de pé. Jesus lhes disse: ‘Eu vos pergunto se, no sábado, é permitido fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou arruiná-la’. Correndo os olhos por todos eles, disse ao homem: ‘Estende a mão’. Ele o fez, e a mão voltou ao estado normal. Eles, porém, se enfureceram e combinavam o que fariam a Jesus.” (Lucas 6, 7-11)
Jesus leu os pensamentos de seus acusadores, repreendeu-os por esses pensamentos, e eles reagiram conspirarando para destruir Jesus.
Vamos dar uma olhada no próximo versículo Sabedoria 2, 15:
 “… basta vê-lo para nos importunarmos; sua vida se distingue da dos demais e seus caminhos são todos diferentes.”
O homem justo não fará como outros líderes “religiosos” fizeram. Vejamos o evangelho:
Nesse tempo, chegaram-se a Jesus fariseus e escribas vindos de Jerusalém e disseram: “Por que os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos quando comem”. Ele respondeu-lhes: ‘E vós, por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: Honra pai e mãe e Aquele que maldisser pai ou mãe certamente deve morrer. Vós, porém, dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe ‘Aquilo que de mim poderias receber foi consagrado a Deus’, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição.
Como a Sabedoria 2 previa, ele não seguiu a falsa tradição dos fariseus, e eles viram suas ações como estranhas. Ele curou no sábado, e que foi ‘estranho’ a eles:
E entrou de novo na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. E o observavam para ver se o curaria no sábado, para o acusarem. Ele disse ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te e vem aqui para o meio”. E perguntou-lhes: “É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar?” Eles, porém, se calavam. Repassando estão sobre eles um olhar de indignação. E entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu, e sua mão estava curada. Ao se retirarem, os fariseus com os herodianos imediatamente conspiraram contra ele sobre como o destruiriam.” (Marcos 3, 1-6)
Novamente, eles procuram destruí-lo, como mencionado em Sabedoria 2, 12, e consideraram como “estranho”  ele curar no sábado.
Os escribas e os fariseus começaram a raciocinar: ‘Quem é este que diz blasfêmias? Não é só Deus que pode perdoar pecados?’ Jesus, porém, percebeu seus raciocínios e respondeu-lhes: ‘Por que raciocinais em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te e anda? Pois bem! Para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra, eu te ordeno — disse ao paralítico — levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa’. E no mesmo instante, levantando-se diante deles, tomou a maca onde estivera deitado e foi para casa, glorificando a Deus. O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: ‘Hoje vimos coisas estranhas!” (Lucas 5, 21-26)
Foi estranho para os fariseus Jesus ter alegado a autoridade para perdoar pecados. E o que o povo assistiu foi ‘estranho’, ‘diferentr’. Esta é uma realização da Sabedoria 2, 15.
Vamos ao próximo versículo Sabedoria 2, 16:
Ele nos tem em conta de bastardos; (1) de nossos caminhos se afasta, como se contaminassem. (2) Proclama feliz o destino dos justos e se gloria de (3) ter a Deus por pai.”
Vamos analisar cada uma destas três características neste verso: Então, o justo irá considerar seus adversários maus, e evitará o seus caminhos. Ele se chamará o o caminho do justo de feliz, e chamará a Deus por Pai. Foram destacas essas 3 coisas específicas. Ele evita os seus caminhos como impuros, ele chama feliz o caminho do justo, e chama a Deus por Pai.
“O Senhor, porém, lhe disse: ‘Agora vós, ó fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de perversidade! Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai o que tendes em esmola e tudo ficará puro para vós!’” (Lucas 11, 39-41)
1) Vemos nesta passagem que Jesus se refere o caminho dos fariseus como imundos, e como eles são hipócritas. Estão cheio de rapina e perversidade, eles são impuros. Jesus nos diz para sermos limpo, dando esmolas e sendo justos. Então Jesus diz às pessoas para evitarem os seus caminhos, porque eles são hipocritas. Isso se encaixa com a profecia da Sabedoria 2.
Vejamos a  parte 2 da realização da Sabedoria 2, 16, Mateus 5, 10:
“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5, 10) 
2) Jesus ensina que aqueles que os que buscam a justiça serão felizes, e como eles estarão no reino de Deus, como previsto em  Sabedoria 2, 16.
Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. (Lucas 10, 22)
3) Jesus chama a Deus como seu Pai, assim como Sabedoria 2, 16 preveu. Assim, vemos três idéias neste versículo, cumpridas na vida de Cristo nos evangelhos.

Vejamos as passagens finais desta seção, Sabedoria 2, 17-20.
Vejamos se suas palavras são verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim. Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários. Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. Condenemo-lo a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria 2, 17-20)
Agora, vamos comparar com o evangelho. Agora, em Mateus 27, 41-43, vemos o seguinte:
Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele: ‘A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é, que desça agora da cruz e creremos nele! Confiou em Deus: pois que o livre agora, se é que se interessa por ele! Já que ele disse:  Eu sou filho de Deus’”. (Mateus 27, 41-43)
Sabedoria 2, 17 diz que eles verão se suas palavras são verdadeiras, no final de sua vida. Os adversários de Jesus tiveram a idéia que se ele estivesse dizendo a verdade, ele desceria da cruz e Mt. 27, 42 diz:  “desça agora da cruz e nós creremos nele!
Sabedoria 2, 18 diz que se ele realmente é o Filho de Deus, Deus vai livrá-lo,e  Mateus. 27, 43 diz que se ele é o Filho de Deus, ele vai livra-lo:
Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!(Mateus 27, 43)
Agora, nesta passagem, alguém verá em uma Bíblia protestante, uma referência de Mateus 27:43 ao Salmo 22, 8. Isso é porque há uma menção de “bem, se Deus está com ele, ele vai livrá-lo”(Salmo. 22, 8). Não há dúvida que também é uma referência a este Salmo,  no entanto, não é uma referência completa. Apenas em Sabedoria 2, 18, vemos onde, especificamente, disse que “Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários.”. Essa é uma referência muito mais completa.

Sabedoria 2, 19 relata que ele será insultado, eles zombam dele, já em Mateus 27, 43 e em verso semelhante em Lucas 23, 35-37, lemos:
O povo permanecia lá, a olhar. Os chefes, porém, zombavam e diziam:  ‘A outros salvou, que salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Eleito!’. Os soldados também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre, e diziam: ‘Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo’.” (Lucas 23, 35-37)
Eles insultam e zombam dele, tal como previsto em  Sabedoria 2, 19.

Finalmente, Sabedoria 2, 20 indica que ele será condenado à morte. Ele é condenado à morte na cruz, como se fosse um criminoso comum. Dois criminosos morrem com ele, um à esquerda e um à sua direita.

Podemos ver nessa passagem de Sabedoria 2, 12-20, uma das razões por que os judeus decidiram, em Jâmnia em 90 d.C, não permitir os livros deuterocanônicos. Esta passagem em Sabedoria 2 tem muitas facetas que são cumpridas em Jesus Cristo. Ele era um homem justo. Ele conhecia Deus de uma maneira especial. Ele foi um dos que condenou os líderes religiosos da época, que procuraram em segredo prender Jesus. Ele chamou a Deus por Pai. Chamou os fariseus de hipocritas. Seus caminhos eram “estranhos”. Ele leu seus pensamentos. Ele afirmava ser filho de Deus. Ele foi ridicularizado e torturado, e foi condenado à morte como um criminoso comum, e hostilizado por seus adversários. Esta passagem é cumprida de muitas maneiras em Jesus Cristo. E somente em Jesus Cristo.
Sabedoria 13 é também usada por Paulo em seus escritos em Romanos 1, 18-23. Existem outras alusões à Sabedoria em outras partes do Novo Testamento. No entanto, esta profecia de Sabedoria 2 da vida e morte de Jesus é um testemunho mais poderoso da verdade de quem é Jesus. Isso é muita coisa para qualquer idéia de que não há profecias contidas nos livros deuterocanônicos.
Para Citar:
Matt. Apologistas Católicos. Sabedoria 2, 12-20: A profecia cumprida em Jesus Cristo. Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/deuterocanonicos/527-sabedoria-2-12-20-a-profecia-cumprida-em-jesus-cristo>. Desde 28/06/2012.
Bíblia Católica News

Em nova biografia, Bento XVI lamenta o moderno "credo anticristão"

Bento XVI. Crédito: Vatican Media
Vaticano, 05 Mai. 20 / 10:30 am (ACI).- A sociedade moderna está formulando um "credo anticristão" e castigando aqueles que resistem com a "excomunhão social", disse o Papa emérito Bento XVI em uma nova biografia, publicada na Alemanha, em 4 de maio.
Em uma longa entrevista no final do livro de 1.184 páginas, escrito pelo autor alemão Peter Seewald, o Papa Emérito disse que a maior ameaça que a Igreja enfrenta é uma "ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas".
Bento XVI, que renunciou ao pontificado em 2013, fez o comentário em resposta a uma pergunta sobre o que quis dizer na Missa para o início do seu ministério petrino, em 2005, quando exortou os católicos a rezarem por ele "para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos".
Disse a Seewald que não estava se referindo a assuntos internos da Igreja, como o escândalo "Vatileaks", que levou à condenação de seu mordomo pessoal, Paolo Gabriele, por roubar documentos confidenciais do Vaticano.
Em uma cópia de "Benedikt XVI - Ein Leben" (Bento XVI - Uma vida), à qual teve acesso CNA - agência em inglês do Grupo ACI -, o Papa Emérito disse: "Obviamente que questões como 'Vatileaks' são exasperantes e, sobretudo, incompreensíveis e muito inquietantes para as pessoas no mundo em geral".
"Mas a verdadeira ameaça para a Igreja e, portanto, para o ministério de São Pedro, não consiste nessas coisas, mas na ditadura mundial de ideologias aparentemente humanistas, e contradizê-las constitui uma exclusão do consenso social básico".
"Cem anos atrás", continuou, "todos teriam pensado que era absurdo falar sobre casamento gay. Hoje, quem se opõe, é excomungado socialmente. O mesmo se aplica ao aborto e à produção de seres humanos em laboratório".
"A sociedade moderna está no processo de formular um 'credo anticristão', e quem resiste a ele é castigado com a excomunhão social. O medo desse poder espiritual do Anticristo é, portanto, muito natural, e são realmente necessárias as orações de toda uma diocese de da Igreja universal para resisti-lo”.
A biografia, publicada pela editora Droemer Knaur, com sede em Munique, está disponível por ora apenas em alemão. Em 17 de novembro será publicada nos Estados Unidos uma tradução ao inglês com o título: “Bento XVI, A biografia: Volume um”.
Na entrevista, o Papa Emérito, de 93 anos, confirmou que havia escrito um testamento espiritual que poderia ser publicado após sua morte, assim como o Papa São João Paulo II.
Bento disse que acelerou a causa de João Paulo II devido ao "óbvio desejo dos fiéis", assim como pelo exemplo do Papa polonês, com quem trabalhou de perto por mais de duas décadas em Roma.
Ele insistiu que sua renúncia "não tinha absolutamente nada" a ver com o episódio envolvendo Paolo Gabriele e explicou que sua visita de 2010 ao túmulo de Celestino V, o último pontífice a renunciar antes de Bento XVI, foi "bastante casual". Também defendeu o título de "emérito" para um pontífice aposentado.
Bento XVI lamentou a reação aos seus vários comentários públicos desde sua renúncia, citando críticas à sua homenagem lida no funeral do Cardeal Joachim Meisner, em 2017, na qual disse que Deus impediria que o barco da Igreja tombasse. Ele explicou que suas palavras foram "tiradas quase literalmente dos sermões de São Gregório Magno".
Seewald pediu ao Papa Emérito que comentasse sobre a "dubbia" apresentada por quatro cardeais, incluindo o Cardeal Meisner, ao Papa Francisco em 2016, sobre a interpretação de sua exortação apostólica Amoris laetitia.
Bento XVI disse que não queria comentar diretamente, mas referiu-se à sua última audiência geral, em 27 de fevereiro de 2013.
Resumindo sua mensagem naquele dia, disse: "Na Igreja, em meio a todos os esforços da humanidade e ao poder confuso do espírito maligno, sempre se pode discernir o poder sutil da bondade de Deus".
"Mas a escuridão dos sucessivos períodos históricos nunca separará a alegria completa de ser cristão. Sempre há momentos na Igreja e na vida do cristão em que se sente profundamente que o Senhor nos ama, e esse amor é alegria, é 'felicidade'".
Bento XVI disse que guardava a lembrança de seu primeiro encontro com o recém-eleito Papa Francisco em Castel Gandolfo e que a amizade com seu sucessor continuou crescendo.
O autor Peter Seewald fez quatro longos livros entrevistas com Bento XVI. O primeiro, "O Sal da Terra", foi publicado em 1997, quando o futuro pontífice era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Foi seguido por "Deus e o mundo" em 2002 e "Luz do mundo" em 2010.
Em 2016, Seewald publicou "O Último Testamento", no qual Bento XVI refletiu sobre sua decisão de renunciar como Papa.
O editor Droemer Knaur disse que Seewald passou muitas horas conversando com Bento XVI para o novo livro. Também conversou com o seu irmão, Mons. Georg Ratzinger; e seu secretário pessoal, Dom Georg Gänswein.
Em uma entrevista ao Die Tagespost, em 30 de abril, Seewald disse que havia mostrado ao Papa Emérito alguns capítulos do livro antes de sua publicação. Bento XVI, acrescentou, elogiou o capítulo sobre a encíclica do Papa Pio XI de 1937, Mit brennender Sorge.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

terça-feira, 5 de maio de 2020

Concílios Ecumênicos: mecanismo para resolver conflitos doutrinários no Cristianismo


A Igreja

A Igreja primitiva entendeu que os Concílios eram um mecanismo duradouro pelo qual as questões doutrinárias podiam ser resolvidas, com a certeza de que o Espírito Santo continuaria conduzindo os resultados. Este é um dos pontos que Edmundo Campion (ex-anglicano) menciona no ponto 4 da sua obra intitulada “Dez Razões para Ser Católico”:
  • “Para extirpar diversas heresias em várias épocas, seguiram-se quatro Concílios Ecumênicos dos antigos, cuja doutrina estava tão bem estabelecida, que há mil anos dava-se a honra de ser como que uma declaração de Deus (ver epistolas de São Gregório Magno)”.
São Gregório Magno, em sua Profissão de Fé (Livro 1,25), declarou ao patriarca João de Constantinopla:
  • “Confesso que recebo e venero, assim como os quatro livros do Evangelho, também os quatro Concílios”.
Os “quatro Concílios” a que ele se refere neste ponto são: Niceia I, Constantinopla I, Éfeso e Calcedônia. Esses Concílios resolveram disputas doutrinárias [de natureza] cristológica.
Isto leva a 2 posições básicas que alguém pode tomar diante destes Concílios Ecumênicos:
1. Aceitar os Concílios como obra do Espírito Santo;
2. Rejeitar abertamente e sem rodeios os Concílios Ecumênicos.
Cada uma destas posições é problemática para o Protestantismo. Consideremos apenas a primeira posição, restando inválida [desde logo] a segunda:
Protestantes – principalmente os anglicanos – afirmam manter a primeira destas posições, na medida em que aceitaram a autoridade dos quatro primeiros Concílios Ecumênicos. Campion faz duas observações principais na sua resposta:
  • “Se, como professas, reverencias estes quatro Concílios, concederás a maior honra ao Bispo da Sé primeira, que é a de Pedro: reconhecerás no altar o sacrifício incruento do corpo e sangue de Cristo; implorarás aos santos mártires e a todos os santos que intercedam com Cristo por vós; reprimirás os apóstatas de acolher o vício antinatural e o incesto público; farás muitas coisas que estás desfazendo e desejarás desfazer muito do que estás fazendo. Além disso, prometo e comprometo-me a demonstrar, quando houver oportunidade, que os Concílios Ecumênicos de outrora – e especialmente o Concílio de Trento – tiveram a mesma autoridade e credibilidade que o primeiro”.
Então, se forem aceitos os primeiros quatro Concílios Ecumênicos, deve-se aceitar, logicamente, ensinamentos tais como:
  • Primazia romana: o Cânon 3 de Constantinopla diz: “O Bispo de Constantinopla, no entanto, terá a prerrogativa de honra após o Bispo de Roma, porque Constantinopla é a Nova Roma”. Portanto, a primazia romana se reafirma mesmo sobre Constantinopla, apesar deste Concílio ter se dado em Constantinopla e apesar de Constantinopla ser a capital imperial daquela época. E até mesmo a posição de nº 2 de Constantinopla (isto é, acima das antigas Sés de Alexandria e Antioquia) flui da sua conexão com Roma. E aproveitando que estamos neste assunto: a autoridade de Antioquia e Alexandria também encontra-se ligada a Pedro e à sede de Roma, como o Papa São Gregório apontou ao Patriarca de Alexandria (Livro 7,40).
  • Eucaristia como o sacrifício incruento do corpo e do sangue de Cristo: o Cânon 18 do 1º Concílio de Niceia repudia certas práticas locais em que “os diáconos administram a Eucaristia aos presbíteros, quando nem cânon nem costume permite que aqueles que não têm direito a oferecer [o sacrifício] deem o Corpo de Cristo àqueles que podem oferecer”. Embora este cânon seja focado em abusos específicos, o Concílio é claro ao afirmar que a Eucaristia é o corpo de Cristo e que o Sacrifício Eucarístico é oferecido pelos presbíteros (e não pelos diáconos). O Cânon 13 do mesmo Concílio trata da questão de conceder os últimos Ritos (“Viaticum”) aos enfermos.
  • Oração aos Santos: O Cânon 6 de Calcedônia requer que todos os padres e diáconos ordenados sejam nomeados para uma igreja, um mosteiro ou um “mártir” (um “mártir” aqui é uma igreja ou capela erguida sobre o túmulo de um mártir).
  • Reconhecimento do livro deuterocanônico do Sirácida [Eclesiástico] como Escritura Divina: o Primeiro Concílio de Éfeso (3º Concílio Ecumênico), declarou: “Por quanto a Escritura divinamente inspirada diz: ‘Fazei todas as coisas com concílio…'”. O Concílio está citando aqui Eclesiástico 32,19. Como o historiador protestante Philip Schaff diz, isto é significativo, pois mostra que “o livro deuterocanônico do Eclesiástico está sendo citado aqui por um Concílio Ecumênico, como Escritura divinamente inspirada”.
Com efeito, se alguém aceita os primeiros quatro Concílios como autoridade, porque são Concílios Ecumênicos, deve também aceitar os Concílios posteriores pela mesma razão.
Veritatis Splendor

Papa Francisco explica 5 atitudes que impedem de seguir Jesus

Papa Francisco na Missa na Casa Santa Marta. Foto: Vatican Media
Vaticano, 05 Mai. 20 / 09:38 am (ACI).- Na Missa celebrada na capela da casa Santa Marta, em 5 de maio, o Papa Francisco descreveu cinco atitudes que impedem as pessoas de seguir Jesus Cristo e de "fazer parte do rebanho" do Bom Pastor.
Na homilia da Missa, o Santo Padre refletiu sobre a passagem do Evangelho de São João (10, 22-30), na qual os discípulos no templo pediram a Jesus que dissesse abertamente se era o Cristo e respondeu: “As obras que eu faço em nome do meu Pai
dão testemunho de mim” e Jesus Cristo disse, com a imagem do Bom Pastor e das ovelhas, que os discípulos não acreditaram nele porque não fazem parte do rebanho.
Nesta linha, o Pontífice destacou a dúvida dos discípulos e que Jesus lhes disse: "Vós não podeis acreditar porque não fazeis parte" e acrescentou: "existe uma fé prévia, ao encontro com Jesus? Qual é este fazer parte da fé de Jesus? O que é que me detém diante da porta que é Jesus?”, perguntou.
"Há atitudes prévias à confissão de Jesus. Também para nós, que estamos no rebanho de Jesus. São como ‘antipatias prévia’, que não nos deixam seguir adiante no conhecimento do Senhor", explicou.
Por essa razão, o Papa Francisco descreveu cinco atitudes que impedem os discípulos de Jesus "de fazer parte do rebanho do Senhor".
Riqueza
O Santo Padre ressaltou que a primeira de todas é a riqueza e reconheceu que "muitos de nós, que entramos pela porta do Senhor, depois nos detemos e não seguimos adiante porque somos aprisionados nas riquezas", alertou o Papa, que lembrou que Jesus Cristo era muito duro no tema da riqueza. "A ponto de dizer que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus".
"As riquezas são um impedimento para seguir adiante", assinalou o Papa, que exortou "a não ser escravos das riquezas, não viver para as riquezas, porque as riquezas são um senhor, são o senhor deste mundo e não podemos servir a dois senhores. E as riquezas nos detém”.
Rigidez
Em segundo lugar, o Pontífice explicou que também algo que nos impede de avançar é a rigidez. "A rigidez de coração. Também a rigidez na interpretação da Lei" e lembrou quando Jesus no Evangelho repreendeu os doutores da lei "por esta rigidez. Que não é fidelidade: a fidelidade é sempre um dom a Deus; a rigidez é uma segurança para mim mesmo”.
E, depois de contar uma anedota, o Santo Padre afirmou que “a rigidez nos distancia da sabedoria de Jesus, da beleza de Jesus; lhe tira a liberdade. E muitos pastores aumentam essa rigidez nas almas dos fiéis, e essa rigidez não deixa entrar pela porta de Jesus. É mais importante observar a Lei como está escrita ou como eu a interpreto, que a liberdade de caminhar adiante seguindo Jesus?”.  
Preguiça
Depois, o Pontífice destacou que a preguiça também "não nos deixa seguir adiante" e recordou o personagem bíblico do paralítico que passou 38 anos esperando perto da piscina para ser curado. Dessa maneira, o Papa alertou sobre esse cansaço, sobre "a preguiça que tira a vontade de seguir adiante... que o deixa morno".
Clericalismo
Em seguida, alertou que outra coisa que impede seguir adiante é a atitude clerical. "Outra que é muito ruim é a atitude clericalista. O clericalismo se coloca no lugar de Jesus... Um clericalismo que tira a liberdade da fé dos fiéis. É uma doença, esta: muito ruim, na Igreja: a atitude clericalista”, reiterou.
Mundanismo
Por fim, o Santo Padre reforçou que “outra coisa que nos impede de seguir adiante, de entrar para conhecer Jesus e confessar Jesus é o espírito mundano. Quando a observância da fé, a prática da fé acaba em mundanismo" e incentivou a pensar "na celebração de alguns sacramentos em algumas paróquias” onde se pode perceber o mundanismo, pois “não se entende bem a graça da presença de Jesus".
“Essas são as coisas que nos impedem de fazer parte das ovelhas do rebanho de Jesus”. Somos ovelhas de todas estas coisas: das riquezas, da preguiça, da rigidez, do mundanismo, do clericalismo, de modalidades, de ideologias, de formas de vida. Falta a liberdade. E não se pode seguir Jesus sem liberdade. Mas às vezes a liberdade vai além... Podemos escorregar caminhando em liberdade. Mas pior é escorregar antes de caminhar, com estas coisas que impedem começar a caminhar”, alertou o Papa.
Por esse motivo, o Pontífice rezou para que "o Senhor nos ilumine para ver dentro de nós se existe a liberdade de passar pela porta que é Jesus e ir além Jesus para tornar-nos rebanho, para tornar-nos ovelhas de seu rebanho".
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
João 10, 22-30
22 Celebrava-se, em Jerusalém,
a festa da Dedicação do Templo.
Era inverno.
23 Jesus passeava pelo Templo,
no pórtico de Salomão.
24 Os judeus rodeavam-no e disseram:
'Até quando nos deixarás em dúvida?
Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.'
25 Jesus respondeu:
'Já vo-lo disse, mas vós não acreditais.
As obras que eu faço em nome do meu Pai
dão testemunho de mim;
26 vós, porém, não acreditais,
porque não sois das minhas ovelhas.
27 As minhas ovelhas escutam a minha voz,
eu as conheço e elas me seguem.
28 Eu dou-lhes a vida eterna
e elas jamais se perderão.
E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29 Meu Pai, que me deu estas ovelhas,
é maior que todos,
e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.
30 Eu e o Pai somos um.
ACI Digital

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Dormição da Virgem Maria nos escritos do primeiro século

Os cristãos sempre sofreram intensas perseguições, matanças e saques durante o transcorrer dos séculos, principalmente no início da formação da Igreja. Por essa razão muitos dos escritos produzidos pelos primeiros cristãos foram queimados ou destruídos de outra forma. Sendo assim, a memória da Igreja, às vezes, tem dados insuficientes sobre a vida e a obra de santos e mártires do seu passado mais remoto. Para que essas poucas evidências não se perdessem, ela se valeu das fontes mais fiéis da literatura mundial, que nada mais são do que as próprias narrações das antigas tradições orais cristãs preservadas pela humanidade.

Interessante é o caso dos dois santos com o nome de Dionísio, venerados  no cristianismo. A data de 3 de outubro é consagrada ao Areopagita, enquanto o outro santo, o primeiro bispo de Paris, é festejado no dia 9 deste mês. O Dionísio homenageado ao dia  3 foi convertido pelo apóstolo Paulo (At 17,34) durante a sua pregação aos gregos no Areópago, daí ter sido agregado ao seu nome o apelido de Areopagita.
O Areópago era o tribunal supremo de Atenas, na Grécia, onde eram decididas as leis e regras gerais de conduta do povo. Só pertenciam a ele cidadãos nascidos na cidade, com posses, cultura e prestígio na comunidade. Dionísio era um desses areopagitas.
Nascido na Grécia, no seio de uma nobre família pagã, estudou filosofia e astronomia em Atenas. Em seguida, foi para o Egito finalizar os estudos da matemática. Ao regressar a Atenas, foi nomeado juiz. Até ele chegou o apóstolo Paulo, quando acusado ante o tribunal em que se encontrava Dionísio. Dionísio, ao assistir à eloqüente pregação de Paulo, foi o primeiro a converter-se. Por isso conseguiu para si inimigos poderosos entre a elite pagã que comandava a cidade. Foi então que são Paulo acolheu o areopagita entre seus primeiros discípulos.
Logo em seguida, Dionísio foi consagrado pelo próprio apóstolo como bispo de Atenas. Nessa condição, ele fez muitas viagens a terras estrangeiras, para pregar e aprender a cultura dos outros povos. Segundo se narra, nessas jornadas teria conhecido pessoalmente são Pedro, são Tiago, são Lucas e outros apóstolos. Além de os registros antigos fazerem referência sobre ele na dormição e Assunção da Virgem Maria, a mãe do Filho de Deus.
Em Atenas, seus opositores na política conseguiram sua condenação à morte pelo fogo, mas ele se salvou, viajando para encontrar-se com o papa, ou bispo de Roma. Depois, só temos a informação do Martirológio Romano, na qual consta que são Dionísio Areopagita morreu sob a perseguição contra os cristãos no ano 95.
Dionísio o Areopagita (+ 96dC), sobre a Dormição da Deípara:
“Pois até mesmo entre os nossos hierarcas inspirados, quando, como tu sabes, nós juntamente com ele [um presbítero ateniense chamado Hierotheos] e muitos de nossos santos irmãos se reuniram para contemplar aquele corpo mortal [de Maria], Fonte da Vida, que recebeu o Deus encarnado, e Tiago, irmão de Deus [isto é, Tiago de Jerusalém] estava lá, e Pedro, o chefe maior dos escritores sagrados, e então, depois de terem contemplado isso, todos os hierarcas ali presentes celebraram, segundo o poder de cada um a bondade onipotente da fraqueza Divina [ou seja, que Deus se fizesse homem]”.
“Naquela ocasião, eu digo, ele [isto é, Hierotheos] ultrapassou todos os Iniciados com exceção dos escritores divinos, sim, ele estava completamente transportado, completamente absorto, e ficou tão emocionado através da comunhão com aqueles mistérios que ele estava comemorando, que todos os que o ouviram, viram e conheceram (ou melhor, não o conheceram) considerou que ele foi arrebatado por Deus e um hinografo divino”.  (Dionísio o Areopagita -Sobre os Nomes Divinos 3:2)

Bíblia Católica News 

Papa Francisco convoca dia de oração pelo fim do coronavírus em 14 de maio

Imagem referencial / Papa Francisco. Crédito: Vatican Media.
Vaticano, 03 Mai. 20 / 02:00 pm (ACI).- O Papa Francisco pediu aos fiéis católicos e crentes de diferentes religiões que se unam no dia 14 de maio "em um dia de oração e jejum e obras de caridade", para implorar a Deus pelo fim da pandemia de coronavírus COVID-19.
Em suas palavras após a oração do Regina Coeli, o Santo Padre enfatizou que "como a oração é um valor universal, acolhi a proposta do Alto Comitê para a Fraternidade Humana, para que no próximo 14 de maio os crentes de todas as religiões se unam espiritualmente".
Será, disse o Papa Francisco, "um dia de oração e jejum e obras de caridade, para implorar a Deus que ajude a humanidade a superar a pandemia de coronavírus".
“Recordem-se, 14 de maio, todos os crentes unidos, crentes de diversas tradições, para rezar, jejuar e praticar obras de caridade”, disse.
ACI Digital

domingo, 3 de maio de 2020

Filioque: Pais da Igreja, Papas e Concílios (Parte 2)


Apologética

5. UM, NÃO DOIS PRINCÍPIOS DO ESPÍRITO SANTO
Fócio pensava que o filioque significava que o Espírito Santo procede de dois princípios, mas, uma vez que o Pai e o Filho são um em tudo em que não se distinguem por oposição de relação e não são relativamente opostos em serem o princípio do Espírito Santo, Eles são o único princípio a partir do qual o Espírito Santo procede, como São Tomás de Aquino, o príncipe dos teólogos, demonstra. O termo princípio do Espírito Santo é um nome substantivo (nome substantivo é uma forma com coexistente suppositum), porém com isso não dizemos que há dois princípios porque, ainda que o Pai e o Filho sejam duas fontes supposita de infusão, Eles são uma única forma – Deus. Usamos “princípio” em um sentido indeterminado quando confessamos que o Pai e o Filho são um e único princípio do Espírito Santo.
6. SE, DEVIDO AO FILIOQUE, A IGUALDADE DO ESPÍRITO SANTO EXIGE QUE ELE CAUSE O FILHO
O mesmo patriarca de Constantinopla pensava que, se ambos Pai e Filho infundem o Espírito Santo, então o Espírito Santo, a fim de que tenha igualdade e unicidade com o Pai tal como o Filho as tem, deveria, com o Pai, originar o Filho (Mystagogy, §4, p. 102). Predicamos, ao contrário, similitude entre as Pessoas divinas na unicidade da essência, não nas “propriedades relativas”.
7. CONFUNDE-SE O FILIOQUE COM AS PROPRIEDADE PESSOAIS ÚNICAS DO PAI E DO FILHO?
Fócio ecoa o ensinamento dos Padres capadócios de que cada ιδιος real divino é comum a todas três pessoas ou próprio a uma pessoa (Mystagogy, §19). Mas ele se equivocou ao pensar que o filioque atribui ao Filho propriedade distinta da do Pai e que, portanto, confunde as propriedades hipostáticas do Pai e do Filho, destruindo a μοναρχία do Pai (Mystagogy, §10). Há três propriedades pessoais, considerando propriedades no sentido estrito de uma relação de origem que constitui uma pessoa divina: a propriedade do Pai – paternidade – é a γέννησις (geração); a propriedade do Filho é a filiação; e a propriedade do Espírito Santo é a processão, ou seja, a infusão passiva. Essas são propriedades pessoais distintas porque são instâncias de oposição relativa: o Pai para o Filho, o Filho para o Pai, e o Espírito Santo para o Pai e o Filho – pois, se o Espírito Santo tivesse uma relação de oposição apenas com o Pai, então Ele não se distinguiria do Filho, criando-se um monstro semissabeliano. A infusão ativa é uma relação, não uma propriedade. Não é uma propriedade pessoal do Pai, consoante Fócio, porque ela não se opõe relativamente à paternidade ou à filiação; a infusão ativa, portanto, é comum a Pai e Filho. O filioque, assim, não é lesivo à monarquia do Pai.
8. A PROCESSÃO PERFEITA A PARTIR DO PAI TORNA O FILIOQUE SUPÉRFLUO?
O que dizer da objeção fociana de que o Espírito Santo procede perfeitamente do Pai, tornando Sua processão do Filho supérflua? (Mystagogy, §7). Acabamos de ver que, longe de ser supérfluo, o filioque é necessário, já que o poder do Pai e do Filho é numericamente uno e o que quer que seja do Pai tem também de ser do Filho, a menos que se oponha à filiação, razão pela qual o Filho não procede Dele próprio, mas, ao contrário, do Pai.
9. ELE HÁ DE RECEBER DO QUE É MEU
Fócio disse que “ἐκ τοῦ ἐμοῦ λήμψεται” (“Ele há de receber do que é meu”) não significa que o Espírito Santo recebe a divina substância do Filho (Mystagogy, §29), mas que o Espírito Santo recebe a divina substância do Pai somente (Dele que é Meu, Mystagogy, §22). Como bem veremos abaixo, contudo, isso contraria a exegese de ilustres hierarcas, como Santo Hilário de Poitiers (Doutor), Santo Atanásio de Alexandria (Doutor), São Basílio o Grande (Doutor), Santo Epifânio de Salamina (Doutor) e Santo Agostinho de Hipona (Doutor da Graça), que interpretaram João 16:14 no sentido de que o Espírito Santo recebe a divina oυσία do Filho. Voltemo-nos agora para o que os próprios divinos Pais escreveram.
Veritatis Splendor

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

Canção Nova
(Hom. 14,3-6:PL76,1129-1130)     (Séc.VI) 
Cristo, o bom pastor
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, isto é, eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem (Jo 10,14). É como se quisesse dizer francamente: elas correspondem ao amor daquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente. 
Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis. Vede se sois suas ovelhas, vede se o conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se o conheceis, quero dizer, não só pela fé, mas também pelo amor, se o conheceis não só pelo que credes, mas também pelas obras. O mesmo evangelista João, de quem são estas palavras, afirma ainda: Quem diz: “Eu conheço Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso (1Jo 2,4). 
Por isso, nesta passagem do evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente: Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas (Jo 10,15). Como se dissesse explicitamente: a prova de que eu conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai. 
Continuando a falar de suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28). É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9). Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno. 
 Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. 
Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar essas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule. Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho. 
Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja. 
Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim.

IV DOMINGO DA PÁSCOA - Ano "A":BOM PASTOR E PORTA

Dom Sérgio da Rocha
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília
O quarto Domingo da Páscoa é conhecido como “Domingo do Bom Pastor”. Nele, sempre se proclama um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, que apresenta Jesus como o Bom Pastor. No mesmo dia, somos convidados a rezar por aqueles que se dedicam ao cuidado pastoral do rebanho de Cristo. Por isso, o Domingo do Bom Pastor é também o Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
No início do capítulo 10 de João, encontramos ressaltada a imagem da “porta”, além da figura do “pastor”, ambas muito significativas no ambiente pastoril da época. Por duas vezes, neste breve trecho, Jesus afirma: “Eu sou a porta das ovelhas” (v. 7 e 9). Quem entrar no redil por meio da “porta”, que é Jesus, “será salvo” (v.9). É preciso passar por essa “porta” para chegar à pastagem que traz vida.
Quanto à imagem do “pastor”, neste ano, contemplamos Jesus como o Bom Pastor que: a) “chama cada uma de suas ovelhas pelo nome”, o que denota relacionamento pessoal e proximidade; b) “caminha à frente das ovelhas”, indicando-lhes o caminho a seguir; c) e que veio para que as suas ovelhas “tenham vida e a tenham em abundância”. Quanto às ovelhas, aquelas que lhe pertencem, o seguem e escutam a sua voz. Em contraposição à figura do pastor, está a do “ladrão” que não passa pela porta, mas sobe por outro lugar, e que vem para “roubar, matar e destruir”.
A segunda leitura também nos apresenta Jesus como “o Pastor e guarda” da vida de cada um de nós. Ao recordar os sofrimentos de Cristo, a Primeira Carta de Pedro nos exorta a seguir os seus passos, suportando os sofrimentos por fazer o bem, jamais retribuindo o mal com o mal. (1Pd 2,20-25).
A nossa reposta diante do Bom Pastor deve ser de escuta fiel de sua voz e de conversão sincera, conforme nos pede o livro dos Atos dos Apóstolos: “Convertei-vos!” (At 2,38). Ao mesmo tempo, nós somos chamados a colocar a nossa interira confiança no Pastor que nos conduz e nos leva para as águas repousantes (Salmo 22).
Celebramos, hoje, o aniversário da primeira missa em Brasília, bendizendo a Deus pela fé que tem sido celebrada, vivida e testemunhada desde os primórdios da nova capital federal, que nasceu sob o signo da cruz de Cristo. Cabe a nós, hoje, a missão de continuar a transmitir a fé em Jesus Cristo que recebemos dos que nos precederam. Continuemos a rezar pelos que mais sofrem com a pandemia, de modo especial pelos enfermos e por suas famílias, pelos profissionais da saúde e por todos os que se dedicam ao cuidado dos doentes, pelos que faleceram e por seus familiares. Permaneça unido à Igreja, em oração, e procure ser solidário com os que mais sofrem.
Folheto: "O Povo de Deus"/Arquidiocese de Brasília

sábado, 2 de maio de 2020

São José Operário

São José Operário (diocesedejundiai)

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

No dia primeiro de maio celebramos o dia de São José operário ou São José trabalhador. Com este dia lembramos de todos os trabalhadores para que tenham todos os seus direitos trabalhistas garantidos. Ninguém deve ser explorado em seu trabalho tendo que ter que trabalhar muitas horas num sistema de escravidão. Esta celebração surge justamente após a revolução industrial, onde os trabalhadores reivindicaram os seus direitos trabalhistas e dizem não ao trabalho escravo e reivindicar cumprir uma jornada de trabalho digna para todos, onde principalmente mulheres que trabalhavam nas indústrias “dias e noites” e se cansavam muito e até acidentes aconteciam não eram dignamente remuneradas.
No dia 19 de março celebramos o dia de São José como “Patrono Universal da Igreja”, o São José “Pai adotivo de Jesus”. E no dia 1º de Maio o São José trabalhador, carpinteiro, que trabalhava duro em sua carpintaria para levar o sustento digno para a sua família. E isto que pedimos neste dia que todos as pessoas tenham acesso ao trabalho e que possam levar um sustento digno para as suas famílias.
Estamos atravessando um momento muito difícil no mundo todo com um vírus invisível, onde muitas pessoas se encontram desempregadas devido ao Corona vírus, muitas lojas, industrias, empresas fechando as portas e mandando funcionários embora, não conseguindo meios de honrar com seus compromissos e não podendo segurar os seus funcionários. Mas assim como foi no tempo da revolução industrial no século XVIII em que muitas pessoas recorreram a São José para conseguirem os seus direitos trabalhistas. Peçamos a Intercessão dele neste momento para que possamos passar por essa fase difícil e aqueles que estão desempregados logo possam ser recolocados no mercado de trabalho.
Neste dia de São José Operário peçamos uma vez mais por aqueles que tem emprego, para que possam se manter firmes em seus empregos e levando o pão de cada dia para os seus familiares de maneira digna e assim sustentar os seus; como São José operário fazia e pedir por aqueles que não tem emprego, para que logo possam conseguir. Neste dia não rezamos tão somente por aqueles que estão empregados, mas por quem está desempregado também.
Rezemos de maneira especial neste ano pelos profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate ao coronavírus que estão se doando completamente pelos outros, dobrando a sua jornada de trabalho incansavelmente. Rezemos por aqueles que contraíam o vírus enquanto estavam cuidando dos outros para que tenham logo um pronto restabelecimento. Elevemos uma prece especial a todos os operadores dos hospitais e casas de saúde neste dia, porque sem a presença deles nos hospitais as coisas poderiam ser piores. Aos profissionais da saúde que se encontram desempregados que logo consigam uma recolocação e assim ajudem a combater esse vírus.
Rezemos também pelos professores de escolas, universidades, cursos e afins que estão se desdobrando para ministrar aulas online para os seus alunos. Para que tenham paciência para enfrentar esse momento e que tão logo estarão na sala de aula com seus alunos.
Neste momento pedimos paciência aos pais que estão em casa com seus filhos neste tempo de pandemia e que na medida do possível entre um afazer e outro consigam estudar junto com seus filhos e transmitir o conhecimento adquirido a eles, juntamente com aquilo que a escola manda.
Este ano a celebração de São José Operário será de maneira diferente, não poderemos ir até a Igreja física enquanto templo, mas poderemos acompanhar as celebrações das Missas por meio da Internet, mídias sociais, TV e Rádio. De uma forma ou de outra estaremos unidos, uns rezando pelos outros, de suas casas, pedindo assim a manutenção dos empregos para quem está empregado e pedindo o emprego para quem se encontra desempregado. Neste momento de Pandemia em que estaremos em casa impossibilitados de ir na “Igreja”, peçamos com Fé a intercessão de São José para a nossa vida e de nossa família.
A Igreja, nesta festa do trabalho, idealizada pelo grande Papa Pio XII, deu um lindo parecer sobre todo esforço humano que gera, dá a luz e faz crescer as obras produzidas pelo homem: “Queremos reafirmar, em forma solene, a dignidade do trabalho, a fim de que inspire na vida social as leis da equitativa repartição de direitos e deveres.”
São José, que na Bíblia é reconhecido como um homem justo, é quem revela com sua vida que o Deus que trabalha sem cessar na santificação de Suas obras, é o mais desejoso de trabalhos santificados: “Seja qual for o vosso trabalho, fazei-o de boa vontade, como para o Senhor, e não para os homens, cientes de que recebereis do Senhor a herança como recompensa… O Senhor é Cristo” (cf. Cl 3,23-24).
Portanto, aqueles que tem trabalho devem agradecer muito por estarem empregados e que seja qual for o trabalho, seja feito de coração aberto, com boa vontade, e que estamos ali não para satisfazer a minha vontade ou das pessoas ao redor, mas para satisfazer a vontade de Deus.
Que o Senhor nos ajude e fortaleça neste momento e que São José Operário interceda por nós, pelos trabalhadores e por todos os desempregados. Que Deus nos abençoe!
Fonte: CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF