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domingo, 10 de maio de 2020

Dia das Mães: Uma oração pelas mães que partiram para o céu

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Mai. 20 / 09:00 am (ACI).- Muitos países do mundo comemoram o Dia das Mães neste segundo domingo de maio, no entanto, muitas pessoas já não a têm ao seu lado, pois já partiram para a Casa do Pai. Para elas, as mães que estão no céu, gozando da Glória de Deus, compartilhamos a seguinte oração:
Rezamos a Ti continuamente, Senhor, por nossa mãe.
Lembramo-nos dela com paz e com amor diante de Ti, certos de que ela vive, da mesma forma como estamos certos de que Tu vives e de que o Teu amor dura para sempre.
Lembramo-nos de quando ela estava entre nós...
Às vezes, parece que sentimos o calor e a calma de sua presença protetora como quando morava aqui, muito mais para nós do que para si mesma.
Dá-lhe Senhor o teu amor, dá-lhe a tua vida.
Dá-lhe a tua paz.
Tem-la muito próxima a Ti.
Que seja feliz e rogue diante de Ti por nós.
Ajuda-nos a viver o que ela nos ensinou, mais com amor do que com palavras.
A rezar a Ti como ela, a amar-Te como ela, a fazer de Ti e dos demais, assim como ela fazia, o sentido de nossa vida.
E, se por descuido ou por debilidade, em algo te faltou, perdoa-lhe, Tu que sabes o que é ser Pai e Mãe e conheces como ninguém o amor e o perdão sem medida nem limites...
Perdoa-lhe suas faltas , pois amou muito a todos.
Obrigado, Senhor, por esta oração que nos enche de paz na lembrança de nossa mãe.
Amém.

ACI Digital

Comemora-se hoje o Dia das Mães

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Mai. 20 / 06:00 am (ACI).- Neste segundo domingo do mês de maio, é celebrado o Dia das Mães, aquelas mulheres a quem “cada pessoa humana deve a vida” e quase sempre também “muito da própria existência sucessiva, da formação humana e espiritual”, como disse o Papa Francisco em uma Catequese sobre as mães em janeiro de 2015.

“As mães – disse o Pontífice naquela ocasião – são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães, em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer”.
Entretanto, essas mesmas mães muitas vezes não são escutadas e são pouco ajudadas na vida cotidiana, contrapôs o Papa, ressaltando que em certos casos “mesmo na comunidade cristã, a mãe nem sempre é valorizada, é pouco ouvida”.
“No entanto, no centro da vida da Igreja está a Mãe de Jesus”, declarou Francisco, destacando o papel da Virgem Maria, a Mãe de Deus e nossa Mãe.
Nesse sentido, o Papa ainda acrescentou que uma sociedade sem mães seria desumana, pois elas sabem testemunhar sempre “a ternura, a dedicação, a força moral”, além de transmitirem “o sentido mais profundo da prática religiosa”, com as primeiras orações, gestos de devoção.
“E a Igreja é mãe – completou o Papa – é nossa mãe! Nós não somos órfãos, temos uma mãe! Nossa Senhora, a mãe Igreja e a nossa mãe”.
ACI Digital

sábado, 9 de maio de 2020

Do Comentário sobre a Carta aos Romanos, de São Cirilo de Alexandria, bispo

São Cirilo de Alexandria
(Cap. 15,7: PG 74,854-855)      (Séc. V)

Pela bondade de Deus, extensiva a toda a humanidade, o mundo inteiro foi salvo

        Sendo muitos, nós formamos um só corpo e somos membros uns dos outros; e é Cristo quem nos une pelo vínculo da caridade, como está escrito: Do que era dividido, ele fez uma unidade, destruiu o muro de separação, a inimizade, e aboliu a Lei com seus mandamentos e decretos (cf. Ef 2,14-15). Convém, portanto, que tenhamos os mes­mos sentimentos uns para com os outros; se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, os demais se alegrem com ele.
        Acolhei-vos uns aos outros, como Cristo também vos acolheu, para a glória de Deus (Rm 15,7). Para pôr em prática este acolhimento recíproco, devemos ter os mesmos sentimentos, carregando os fardos uns dos outros e guardan­do a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4,3). Foi assim que Deus também nos acolheu em Cristo. Falou a verdade quem disse: Deus tanto amou o mundo, que deu seu Filho Unigênito (Jo 3,16). De fato, ele foi dado em resgate pela vida de todos nós, e assim fomos arrebatados da morte e libertados da morte e do pecado. E ilustra a finalidade deste desígnio ao dizer que Cristo se tornou ministro da circuncisão, para demonstrar a fidelidade de Deus. Com efeito, Deus prometera aos patriarcas do povo judeu que abençoaria toda sua descendência e a multiplicaria como as estrelas do céu. Por isso se revestiu da carne, tornando-se homem, ele o próprio Deus e Verbo que conserva todas as coisas criadas e lhes dá a salvação. Veio, porém, a este mundo na sua carne não para ser servido por ele, mas ao contrário, como ele mesmo afirma, para servi-lo e dar a sua vida pela redenção l de todos. 
        Dizia claramente ter vindo ao mundo de modo visível para cumprir as promessas feitas a Israel: Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15,24). Por esta razão, Paulo não mente quando afirma que Cristo f foi o ministro da circuncisão, para confirmar as promessas feitas aos patriarcas e, com esse fim, foi entregue por Deus Pai; mas foi para que também os pagãos obtivessem misericórdia e assim o glorificassem como criador, autor, salva­dor e redentor de todos os seres humanos. Assim, pela bondade de Deus, extensiva a toda a humanidade, os pagãos foram recebidos e o mistério da sabedoria em Cristo não se desviou do seu desígnio de bondade. Efetivamente, em vez daqueles que se afastaram, o mundo inteiro foi salvo pela misericórdia de Deus.

Primeira Catequese Mistagógica

Catholicus
Primeira Catequese Mistagógica aos Recém-iluminados e leitura da primeira epístola católica de São Pedro desde: «Estai alerta e vigia» até o final da epístola do mesmo Cirilo e do bispo João.
Finalidade destas catequeses
1 Desde há muito tempo desejava falar-vos, filhos legítimos e muito amados da Igreja, sobre estes espirituais e celestes mistérios. Mas como sei bem que a vista é mais fiel que o ouvido, esperei a ocasião presente, para encontrar-vos, depois desta grande noite, mais preparados para compreender o que se vos fala e levar-vos pelas mãos ao prado luminoso e fragrante deste paraíso. Além disso, já estais melhor preparados para apreender os mistérios todo divinos que se referem ao divino e vivificante batismo. Uma vez, pois, que vos proporemos uma mesa com doutrinas de iniciação perfeita, é necessário ensinar-vos com precisão, para penetrardes o sentido do que se passou convosco nesta noite batismal.
2 Entrastes primeiro no adro do batistério. Depois vos voltastes para o Ocidente e atentos escutastes. Recebestes então a ordem de estender a mão, e renunciastes a satanás como se estivesse ali presente. É preciso que saibais que na história antiga há uma figura deste gesto. Quando o faraó, o mais inumano e cruel tirano, oprimia o povo livre e nobre dos hebreus, Deus enviou Moisés a tirá-los desta penosa escravidão dos egípcios. Com sangue de cordeiro eram ungidas as ombreiras das portas, a fim de que o exterminador passasse pelas casas que ostentassem o sinal do sangue. Assim, o povo dos hebreus foi admiravelmente libertado. Quando, depois da libertação, faraó os perseguiu e viu o mar abrir-se maravilhosamente diante deles, avançou mesmo assim ao encalço deles e, submerso instantaneamente, foi engolido pelo Mar Vermelho.
3 Passai agora comigo das coisas antigas às novas, da figura à realidade. Lá Moisés foi enviado por Deus ao Egito; aqui Cristo, do seio do Pai, foi enviado ao mundo. Aquele para tirar o povo oprimido do Egito; Cristo para livrar os que no mundo são acabrunhados pelo pecado. Lá o sangue do cordeiro afastou o anjo exterminador; aqui o sangue do Cordeiro Imaculado, Jesus Cristo, constitui um refúgio contra os demônios. Aquele tirano perseguiu até o mar este povo antigo; e a ti, o demônio atrevido, impudente e príncipe do mal, te segue até as fontes mesmas da salvação. Aquele afogou-se no mar; este desaparece na água da salvação.
Renúncia a satanás
4 Entretanto, ouves, com a mão estendida, dizer como a um presente: «Eu renuncio a ti, satanás». Quero também falar-vos porque estais voltados para o Ocidente, pois é necessário. O Ocidente é o lugar das trevas visíveis e como aquele [satã] é trevas, tem o seu poder nas trevas. Por essa razão, simbolicamente olhais para o Ocidente e renunciais a este príncipe tenebroso e sombrio. O que então cada um de vós, de pé, dizia? Renuncio a ti, satanás, a ti mau e crudelíssimo tirano: já não temo, dizias, a tua força. Pois Cristo a destruiu, fazendo-me participe de seu sangue e de sua carne, a fim de abolir a morte pela morte e eu não estar eternamente sujeito à escravidão. Renuncio a ti, serpente astuta e capaz de todo mal. Renuncio a ti, que armas insídias e, simulando amizade, praticaste toda sorte de iniqüidade e sugeriste a nossos primeiros pais a apostas ia. Renuncio a ti, satanás, artífice e cúmplice de todo mal.
5 Em seguida, numa segunda fórmula, és ensinado a dizer: «E a todas as tuas obras». Obras de satanás são todos os pecados, aos quais é necessário renunciar, assim como quem foge de um tirano atira para longe de si todas as armas dele. Todo o gênero de pecado está, pois, incluído nas obras do diabo. Aliás, sabes que tudo quanto dizes naquela hora tremente está inscrito nos livros invisíveis de Deus. Se, pois, fores surpreendido fazendo algo contrário a estes, serás julgado como transgressor. Renuncias, portanto, às obras de satanás, isto é, a todas as ações e pensamentos contrários à promessa.
6 Depois dizes: «E a toda a sua pompa». Pompa do diabo é a mania do teatro, das corridas de cavalo, da caça e de toda vaidade desta espécie. Dela pede o santo ser livrado, dizendo a Deus: «Não permitais que meus olhos vejam a vaidade». Não te entregues desenfreadamente à mania do teatro, onde se encontram os espetáculos obscenos dos atores, executados com insolências e com toda sorte de indecências, e com danças furiosas de homens efeminados. Nem tampouco sejas daqueles que na caça se expõem a si mesmos às feras, para contentar o infeliz ventre, os quais, querendo regalar o estômago com petiscos, se tornam alimentos dos animais selvagens. Exprimindo-me melhor, por causa deste seu deus, o ventre, arriscam sua vida em combate singular. Foge também das corridas de cavalos, espetáculo insano que leva as almas à perdição. Porque tudo isto é pompa do diabo.
7 Mas ainda tudo o que é exposto nos templos dos ídolos e nas suas festas, quer sejam carnes ou pães ou coisas semelhantes, inquinados pela invocação dos demônios infames, são contados como pompa do diabo. Pois, assim como o pão e o vinho da eucaristia, antes da santa epiclese da adorável Trindade, eram simplesmente pão e vinho, mas depois da epiclese o pão se torna corpo de Cristo e o vinho sangue de Cristo, da mesma maneira estes alimentos que pertencem à pompa de satanás, por sua própria natureza simples, tornam-se, pela invocação dos demônios, impuros.
8 Depois disto tu dizes: «E a teu culto». Culto do diabo é a prece feita nos templos dos ídolos, tudo que se faz em honra dos simulacros inanimados: acender luzes ou queimar incenso perto de fontes e rios, como fazem alguns que, enganados por sonhos e demônios, chegam a isso, crendo que encontram a cura de doenças corporais. Não vás atrás destas coisas. Augúrios, adivinhação, agouros, amuletos, inscrições em lâminas, magias ou outras artes más são culto do diabo. Foge, portanto, de tudo isto. Se a eles sucumbes, depois de teres renunciado a satanás e aderido a Cristo, experimentarás um tirano mais cruel. Aquele que antes te tratou talvez como familiar e te libertou da dura escravidão, agora está fortemente irritado contra ti. De Cristo serás privado e experimentarás àquele [satanás]. Não ouviste o que a antiga história nos conta de Lot e suas filhas? Não se salvou ele com as filhas, tendo alcançado a montanha, enquanto sua mulher se transformou em estátua de sal para sempre, constituindo uma recordação de sua má vontade e de seu olhar curioso para trás? Cuida, pois, de ti mesmo e não te voltes novamente para trás, depois de teres posto a mão no arado, para a prática amarga desta vida. Foge antes para a montanha para junto de Jesus Cristo, a pedra talhada não por mãos e que encheu a terra.
Profissão de fé
9 Quando, então, renuncias a satanás, rompendo todo pacto com ele, quebras as velhas alianças com o inferno. Abre-se para ti o paraíso de Deus, que ele plantou para o lado do oriente, donde por sua transgressão foi expulso nosso primeiro pai. Disto é símbolo o te voltares do Ocidente para o Oriente, lugar da luz. Então te foi ordenado que dissesses: «Creio no Pai e no Filho e no Espírito Santo e no único batismo de penitência». Disto vos falamos extensamente, nas catequeses anteriores, como no-lo permitiu a graça de Deus.
10 Fortalecido por estas palavras, vigia. Pois nosso adversário o diabo, como foi lido, anda ao redor, buscando a quem devorar. Deveras, nos tempos anteriores a este, a morte devorava, poderosa. Depois do batismo sagrado da regeneração , Deus enxugou toda lágrima de todas as faces.Com efeito, já não choras por teres te despido do velho homem, mas estás em festa porque te revestiste com a vestimenta da salvação, Jesus Cristo.
11 Tudo isto se realizou no edifício exterior. Se aprouver a Deus, quando nas Catequeses Mistagógicas seguintes entrarmos no Santo dos Santos, conheceremos, então, os símbolos das coisas que lá se realizam.
A Deus glória, poder e magnificência, com o Filho e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.
Traduzido por fr. Frederico Vier, O.F.M.
Veritatis Splendor

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Identificando a Igreja que é “coluna e fundamento da Verdade” (Parte 1/5): introdução e ponto nº 1


Apologética

INTRODUÇÃO
Tenho observado que quando alguém debate com os irmãos separados, os temas acabam sempre fluindo para a autoridade suprema das Escrituras: um princípio que não é bíblico pelo fato de que não existe qualquer versículo para apoiar esta posição. No entanto, quando alguém acena para eles com o texto de 1Timóteo 3,15, não querem aceitar de maneira nenhuma a autoridade da Igreja. Para eles, a Igreja não tem autoridade, não é infalível e nunca deve reger a vida do cristão, já que ela deve se deixar guiar pelas Escrituras. Porém, esta ideia estaria de acordo com as Escrituras?
Devido a tudo isso, decidi fazer um estudo bíblico sobre essa passagem da Escritura, para assentar de maneira sólida as bases pelas quais a Igreja é a Mestra do cristão e, por sua vez, infalível, já que através dela manifesta-se a Sabedoria de Deus.
1. PILAR OU COLUNA SEGUNDO AS ESCRITURAS
Se recorrermos ao grego, veremos que 1Timóteo 3,15 emprega duas palavras importantes:
  • “ἐὰν δὲ βραδύνω, ἵνα εἰδῇς πῶς δεῖ ἐν οἴκῳ θεοῦ ἀναστρέφεσθαι, ἥτις ἐστὶν ἐκκλησία θεοῦ ζῶντος, στῦλος καὶ ἑδραίωμα τῆς ἀληθείας”.
a) “στῦλος”, que se translitera como “stulos”. Segundo o Dicionário de Strong, é traduzida como “pilar, suporte ou coluna”, e nos diz ainda em que outro lugar essa palavra é usada:
  • “E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as COLUNAS, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão” (Gálatas 2,9).
Assim é que o Novo Testamento possui um outro lugar onde a mesma palavra é usada para demonstrar a importância que esses Apóstolos tinham na primeva comunidade cristã. Está claro, então, que o termo “coluna” ou “pilar” nem sempre é usado no sentido real de um cilindro de concreto, que suporta edifícios ou construções. É empregado também em sentido teológico para denotar certa autoridade, já que Tiago, Cefas e João eram os três Apóstolos mais queridos pelo Senhor, sendo considerados “colunas” da primeva comunidade cristã, isto é, exercendo autoridade sobre os demais.
b) A outra palavra é “ἑδραίωμα” que se translitera como “edraiōma” e que se traduz como “suporte ou fundamento”. É empregada também em outras passagens da Escritura, como por exemplo, em 1Coríntios 15,58 e Colossenses 1,23, denotando firmeza e fundação.
Considerando tudo isso, poderíamos afirmar que quando 1Timóteo 3,15 diz “coluna e fundamento da Verdade” está querendo dizer que é o meio que mantém firme a Verdade e a ensina com autoridade. No entanto, desejo aprofundar mais em relação a esta passagem, pois desejo chegar à esta conclusão final que São Paulo nos ensina aqui: a Igreja é infalível! Para isso, devemos estudar o que significa “coluna” ao longo das Escrituras.
Esta palavra “coluna” pode ser usada no sentido arquitetônico (suporte para uma construção), como se dá em Êxodo 24,2; 26,32.37; 27,11-12.14-15; Números 3,36-37 etc. Porém também encontramos na Escritura esta palavra com um sentido “teológico”:
  • “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa COLUNA de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa COLUNA de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite” (Êxodo 13,21).
  • “Nunca tirou de diante do povo a COLUNA de nuvem, de dia, nem a COLUNA de fogo, de noite” (Êxodo 13,22).
  • “E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a COLUNA de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles” (Êxodo 14,19).
  • “E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda; e o Senhor falava com Moisés” (Êxodo 33,9).
  • “E, vendo todo o povo a COLUNA de nuvem que estava à porta da tenda, todo o povo se levantava e cada um, à porta da sua tenda, adorava” (Êxodo 33,10).
  • “Então o Senhor desceu na COLUNA de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram” (Números 12,5).
  • “E guiaste-os de dia por uma COLUNA de nuvem, e de noite por uma COLUNA de fogo, para lhes iluminar o caminho por onde haviam de ir” (Neemias 9,12).
  • “Todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto. A COLUNA de nuvem nunca se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a COLUNA de fogo de noite, para lhes iluminar; e isto pelo caminho por onde haviam de ir” (Neemias 9,19).
  • “Na COLUNA de nuvem lhes falava; eles guardaram os seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera” (Salmo 99,7).
Em todos esses textos que citei, vemos que “coluna” é empregado no sentido de “guia, mantenedora e manifestação de Deus”. É que através de uma coluna de fogo, o Povo de Deus foi guiado através do deserto: às vezes, era uma nuvem durante o dia; outras vezes, era de fogo durante a noite, sempre com o objetivo de guiar o Povo de Deus através do deserto. Em outros textos, como no Salmo 99,7 e em Números 12,5, vemos que é através da coluna de nuvem que Deus fala com o seu povo; é a partir daí que se estabeleciam os estatutos e normas que o povo deveria observar.
Tudo isso nos ajuda a compreender o que quer dizer “coluna de fogo/coluna da Verdade” na Escritura: é o instrumento escolhido por Deus – no caso do Novo Testamento, é a Igreja que guia e mantém pelo deserto desta vida (cheia de problemas, dificuldades, pecados) o Povo da Nova Aliança, isto é, todos nós. Mediante essa coluna da Verdade, que é a Igreja do Deus vivo (cf. 1Timóteo 3,15), o povo não se perde no deserto e alcança a promessa; porém, é ainda mais por essa coluna da Verdade que Deus se manifesta ao povo e ensina os Seus estatutos e normas, dando-nos a conhecer sua infinita Sabedoria, tal como São Paulo ensinou em uma outra passagem da Escritura:
  • “Para que agora, pela Igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Efésios 3,10).
Tudo isso nos leva a um segundo ponto: se a Igreja é a coluna e o fundamento da Verdade, isto significa que a Igreja apoia a verdade, evitando seu colapso. Por outro lado, é evidente que se a Igreja pudesse errar, então não teria nenhum fundamento sólido: a Verdade desmoronaria tal como a casa edificada sobre a areia, sem fundação, da qual Jesus falou. E se a Igreja puder errar e ainda assim manter a verdade, isto significa que uma coluna de erro e uma coluna de mentira sustentam a Verdade. Ora, a Verdade não é um erro e, de fato, não pode ser erro por sua própria essência e definição.
Estudemos então o segundo o ponto…
Veritatis Splendor

Hoje é a festa de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina

Nossa Senhora de Luján / Foto: ACI Prensa
REDAÇÃO CENTRAL, 08 Mai. 20 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 8 de maio, celebra-se a Festa de Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina, que também é a protetora dos motoristas e das estradas , assim como da Polícia Federal desse país.
Durante o ano 1630, o português Antônio Farias, fazendeiro de Sumampa no território de Córdoba do Tucumán, pediu a um amigo marinheiro que lhe enviasse do Brasil uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, pois queria venerá-la em uma capela que estava construindo.
Assim, duas imagens chegaram para aquele homem: uma era conforme ele havia pedido e a outra era a Mãe de Deus com um menino em seus braços. Ambas foram colocadas em duas caixas dentro de uma charrete. Ao chegar às margens do Rio Luján, na fazenda de Rosendo, os carregadores pararam para passar a noite.
No dia seguinte, numa clara manhã de maio, quando quiseram continuar a viagem, a charrete não se movia. Os carroceiros tentaram fazê-la avançar de várias maneiras, mas foi inútil. Então, retiraram uma das imagens e a charrete continuava sem se mexer. Em seguida, colocaram-na novamente na charrete e retiraram a outra e o veículo andou normalmente.
Ao ver que a imagem de Nossa Senhora da Conceição não queria sair daquele lugar, levaram-na à casa do senhor Rosendo, onde a família a acolheu com alegria. Esta notícia ficou conhecida por toda a região e começou a crescer a devoção junto com os milagres.
Em 8 de maio de 1887, realizou-se a coroação canônica da imagem. Com o tempo, foi erguida uma Basílica – Sanntuário de Nossa Senhora de Luján.
João Paulo II, em 1982, em uma Missa no Santuário de Luján disse: "Diante desta bendita Imagem de Maria, à qual mostraram a sua devoção os meus predecessores Urbano VIII, Clemente XI, Leão XIII, Pio XI e Pio XII, vem também prostrar-se, em comunhão de amor filial convosco, o Sucessor de Pedro na cátedra de Roma".
Na audiência geral de 8 de maio de 2013, o Papa Francisco recordou de modo especial a Virgem de Luján, a quem tem uma devoção especial por ser a Padroeira de sua terra natal, Argentina, e encomendou-lhe todas as alegrias e preocupações dos argentinos, pedindo “um aplauso bem forte para a Mãe de Deus”.
ACI Digital

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Súplica a Nossa Senhora de Pompeia: “Rezar com o coração de filhos"


Na sexta-feira (08), será realizado o ato de devoção a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, a oração traduzida em várias línguas e recitada em todas as partes do mundo, com a qual se pede a intercessão de Maria pelos males que afligem a humanidade. Entrevista com o Arcebispo de Pompeia, Dom Tommaso Caputo.

Cidade do Vaticano

No dia 8 de maio, “no Santuário de Pompeia será elevada a intensa oração da Súplica à Rainha do Santo Rosário”. Foi o Papa Francisco quem recordou no final da Audiência geral da quarta-feira (06/05). O Papa exortou todos a unirem-se espiritualmente a este popular ato de fé e devoção” que é realizado todos os anos em 8 de maio e no primeiro domingo de outubro. A oração, escrita em 1883 pelo beato Bartolo Longo com o título “Ato de amor à Virgem” é uma resposta à encíclica Supremi Apostolatus officio com a qual Leão XIII indicava a oração do Terço para enfrentar os males da sociedade. Francisco convida todos a rezar “para que por intercessão de Nossa Senhora, o Senhor conceda misericórdia e paz à Igreja e a todo o mundo”.

Neste ano confia-se a Nossa Senhora de Pompeia toda a humanidade que sofre pela pandemia da Covid-19. Falamos com o arcebispo prelado de Pompeia, Dom Tommaso Caputo, sobre esta oração e como devemos nos comportar ao fazer a súplica.

Dom Tommaso Caputo: Devemos rezar com o coração de filhos que se dirigem à sua mãe. Estamos precisando realmente de tudo e tudo devemos pedir ao Senhor, sabendo que temos uma advogada no Céu. Recordemos do episódio das Bodas de Caná, o primeiro milagre de Jesus. Maria, referindo-se aos esposos, diz ao Filho: “Eles não têm mais vinho”. E Jesus responde-lhe: “Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou”. Porém depois faz o que sua Mãe pediu. Pensemos então o quanto Maria seja importante, quanto seja poderosa a sua intercessão. É a ela que temos que pedir, pedir, pedir. E com a Súplica – a oração de Pompeia – de modo especial fazemos isso, fazemos todos juntos. A Súplica que nasceu da inspiração do beato Bartolo Longo, leigo, escrita em 1883 é uma prece coral. Como no “Pai Nosso” nos dirigimos a Deus não individualmente, mas com os outros, assim fazemos na Súplica. A um certo ponto se diz na Súplica: “Debruça, ó Maria, teu olhar piedoso sobre nós”, portanto a todos nós, não apenas a mim, a nós mesmos. E o comportamento com o qual se colocar em oração é o de compreender também os outros, todos os irmãos.

O Papa nunca deixa de recordar a importância da oração do Terço, das devoções marianas e com frequência convida a pedir intercessão de Nossa Senhora. Como ler estes chamados?

Dom Caputo: O Papa Francisco tem um coração mariano. Ama Nossa Senhora e isso pode ser visto em muitos dos seus gestos. O Santo Padre nos recorda que o Terço é a oração dos humildes e dos santos. Com o Terço rezamos pela Mãe, mas é uma Mãe que acompanha o Filho, nos faz descobrir que ele é o nosso Salvador, o Salvador que no Terço, contemplamos com os olhos da Mãe. É o Terço, também a doce corrente que nos liga a Deus e nos faz irmãos, como nos explicou Bartolo Longo na Súplica. Assim, junto com o Terço, sentimos a presença de Deus, aqui e agora, neste momento da história, momento que parecia nos subjugar e nos imobilizar nos nossos limites. E o Terço é a oração que mais do que todas outras, traz consigo a memória dos tempos difíceis da história, desde o início.

A Súplica a Nossa Senhora do Rosário reflete a realidade que estamos vivendo. Nas palavras de Bartolo Longo há as angústias e as dificuldades que estamos passando, os perigos na alma e no corpo aos quais somos expostos, as calamidades e as aflições que tememos, realmente essa oração continua a ser atual…

Dom Caputo: Recordemos das palavras de Santo Agostinho cheias de inspiração, de verdades: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em Ti”. A humanidade sempre precisará de Deus. Esta vida com suas angústias e dificuldades. E na história da humanidade ou na vida pessoal de cada um não há um momento em que se esteja livre de todas as preocupações. Então crer e rezar com a Súplica de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, ter fé, não são talismãs que nos protegem de tudo, de um vírus ou de um evento que abala a nossa existência, mas crer em Deus sustenta a nossa vida. E a Súplica é uma oração cheia de fé, é embebida de fé. Não evitaremos as amarguras e as dificuldades, mas não teremos medo quando, no coração, temos a certeza de que Deus Pai está conosco, caminha ao nosso lado. E Maria está presente com Ele. Recordemos também da bela expressão no Salmo 22: “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto de mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”.
Vatican News

Quando a sede da Igreja deixou Jerusalém e passou para Roma?


Apologética

  • Autor: Pe. Miguel Angel Fuentes
  • Fonte: Site “Católico Defiende tu Fe” (http://www.catolicodefiendetufe.org)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto
No que diz respeito à transferência da sede da Igreja de Jerusalém para Roma, o livro dos Atos dos Apóstolos encerra seu relato da atividade de Pedro na Igreja-Mãe de Jerusalém com a seguinte frase enigmática: “e ele foi para outra lugar” (Atos 12,17). O motivo da partida de Pedro não nos é dito, nem para onde ele foi.
Nada pode ser especificamente afirmado sobre os pontos [de parada] ao longo do caminho até Roma, sobre a data da sua chegada à capital do Império ou sobre a duração da sua estadia ali. Por outro lado, é certo que ele participou do Concílio dos Apóstolos em Jerusalém (que deve ser datado pouco após meados do século I) e que, depois, passou algum tempo em Antioquia (cf. Atos 15,7; Gálatas 2,11-14).
O fundamento e o apoio da tradição romana petrina são constituídos por três testemunhos originais, muito próximos cronologicamente, e que somados possuem uma força afirmativa que equivale praticamente à segurança histórica.
O primeiro testemunho tem origem romana e encontra-se na carta que Clemente, em nome da Igreja de Roma, enviou à Igreja de Corinto. Clemente passa a falar, no capítulo 5, de casos recentes em que cristãos, “por motivo de inveja”, sofreram tormentos e até morte; entre eles destacam-se Pedro e Paulo:
  •  “Pedro que, por emulação perversa, teve que suportar, não um ou dois, mas muito mais trabalhos e, dessa maneira, após dar seu testemunho, foi para o lugar de glória que lhe era devido”.
Com Pedro, uma grande multidão de “eleitos” sofreu o martírio, inclusive mulheres cristãs, que foram executadas vestidas como Danaides e Dirces. Trata-se de uma alusão à perseguição de Nero e isso nos permite verificar a morte de Pedro e apontá-la cronologicamente em meados dos anos 60 d.C. Clemente não fornece dados sobre a forma e o local da execução; na verdade, o seu silêncio sobre os detalhes faz supor que os seus leitores, evidentemente, conheciam os eventos. Para o próprio Clemente, eram fatos passados no local em que residia e em seus dias (na sua geração); constituíam-lhe, sem dúvida, [fatos] pessoalmente familiares.
O fundo essencial desse testemunho também é encontrado numa carta que, cerca de 20 anos depois, foi endereçada do Oriente para a Igreja de Roma: Inácio de Antioquia, Bispo da Igreja gentílica de mais rica tradição, que podia mais do que qualquer outra estar informada sobre a vida e a morte dos Apóstolos, implora aos cristãos de Roma que não o privem do sofrimento do martírio, intercedendo perante as autoridades romanas. Inácio esclarece seu pedido com a respeitosa frase:
  • “Eu não mando em vós como Pedro e Paulo”.
Com efeito, estes [Apóstolos] tiveram algum dia um [forte] relacionamento com a Igreja de Roma, a qual lhes conferiu uma posição de autoridade, ou seja, eles permaneceram lá como membros ativos da comunidade, não transitoriamente como visitantes casuais. O peso deste testemunho encontra-se no fato de que uma declaração do Extremo Oriente cristão confirma inequivocamente o que a Igreja Romana sabe acerca da permanência de Pedro nela.
Ao lado da carta inaciana aos romanos, nos é oferecido ainda um terceiro documento, que testemunha a favor da estada e do martírio de Pedro em Roma: a “Ascensio Isaiae” (4.2s), cuja redação cristã data de cerca do ano 100. Ela fala, em estilo de anúncio profético, que a plantação dos Doze Apóstolos será perseguida por Beliar, o “assassino de sua mãe” (=Nero), e um dos Doze será entregue nas suas mãos. Essa profecia é esclarecida por um fragmento do “Apocalipse de Pedro”, que também deve ser datado do início do século II. Aqui é dito:
  • “Eis, Pedro, que Eu te revelei e expus tudo para ti. Põe-te a caminho da cidade da prostituição, e bebe do cálice que Eu te anunciei”.
Esses textos combinados – que provam conhecer o martírio de Pedro em Roma sob Nero -, confirmam e ressaltam consideravelmente a segurança da tradição romana.
A esses três testemunhos fundamentais, são acrescentadas duas alusões [bíblicas] que complementam o quadro da tradição petrina:
– O autor do último capítulo do Evangelho de João alude claramente à morte de Pedro pelo martírio e claramente sabe que ele foi executado na cruz (cf. João 21,18), embora permaneça calado sobre o lugar do martírio.
– Por outro lado, nos versículos finais da primeira carta de Pedro, Roma é designada como seu local de residência, já que afirma que a carta foi escrita na “Babilônia”. Pois bem, por “Babilônia” devemos entender “Roma”, conforme sugerido pela equação “Roma-Babilônia” do Apocalipse de João (14,8.16 e seguintes) e da literatura judaica apocalíptica e rabínica.
A tradição petrina romana não é quebrada no decorrer do século II e é amplamente atestada pelos testemunhos dos mais variados territórios pelos quais o Cristianismo se expandiu: no leste, por Dionisio de Corinto; no oeste, por Irineu de Lião; e na África, por Tertuliano.
Mais importante ainda é o fato de que não há nenhuma outra igreja cristã que reivindique tal tradição para si, e nem sequer uma voz contemporânea se ergue para combatê-la ou questioná-la. Essa ausência quase surpreendente, de qualquer outra tradição concorrente, deve certamente ser considerada como fator decisivo no exame crítico da tradição romana.
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Para saber mais:
– Hubert Jedin, “Manual de Historia de la Iglesia”, vol. 1. Barcelona: Herder, 1980, pp.186-188.
Veritatis Splendor

A esperança, a virtude menor, mas a mais forte

A esperança, a virtude menor, mas a mais forte
Papa Francisco fala muito de esperança, estimulando-nos a olhar com novos olhos para a nossa existência, principalmente agora que estamos submetidos a uma dura prova, e olhá-la através dos olhos de Jesus, o “autor da esperança”. Palavras dos Papas João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI sobre a esperança.


Maria Milvia Morciano – Cidade do Vaticano.

Francisco fala com frequência da esperança, que define como “a menor das virtudes, mas a mais forte. E a nossa esperança tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado, que vem ‘com grande poder na glória’” (Angelus de 15 de novembro de 2015). Portanto a esperança não é algo, mas alguém, exatamente como exclama São Francisco nas Laudes de Deus Altíssimo: “Tu és a nossa esperança!”. E “Ele não abandonará os que esperam n’Ele” (Cf. Sal 33, 23).

Uma virtude escondida, tenaz e paciente.

“É a mais humilde das três virtudes teologais, porque fica escondida”, explica Papa Francisco: “A esperança é um risco, uma virtude, como diz São Paulo, de uma expectativa fervorosa pela revelação do Filho de Deus. Não é uma ilusão” (Homilia de Santa Marta, 29 de outubro de 2015). “É uma virtude que nunca desilude: se esperares, nunca serás desiludido”, é uma virtude concreta, “de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária, damos mais um passo em direção a este encontro definitivo (Homilia de Santa Marta, 23 de outubro de 2018). “A esperança precisa de paciência”, assim como precisa ter esperança para ver crescer a semente de mostarda. É a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus que faz crescer” (Homilia de Santa Marta, 29 de outubro de 2019). A esperança não é um passivo otimismo, ao contrário, “é combativa, com a tenacidade de quem caminha rumo a uma meta segura” (Angelus, 6 de setembro de 2015).

João Paulo I: a esperança é uma virtude obrigatória.

Durante seu breve pontificado, João Paulo I dedicou uma catequese à esperança, onde afirma: “é uma virtude obrigatória para todo cristão” que nasce da confiança em três verdades: “Deus é omnipotente, Deus ama-me imenso e Deus é fiel às promessas. E é Ele, o Deus da misericórdia, que acende em mim a confiança; por isso não me sinto nem só, nem inútil, nem abandonado, mas integrado num destino de salvação, que um dia virá a levar-me ao Paraíso” (Audiência Geral de 20 de setembro de 1978).

João Paulo II: os cristãos são testemunhas de esperança.

São João Paulo II convida a redescobrir a virtude teologal da esperança que “por um lado impele o cristão a não perder de vista a meta final que dá sentido e valor à sua existência inteira, e por outro oferece-lhe motivações sólidas e profundas para o empenhamento quotidiano na transformação da realidade a fim de a tornar conforme ao projeto de Deus” (Tertio millennio adveniente).

Bento XVI: a esperança muda a vida.

Bento XVI dedica toda uma encíclica à esperança, a Spe Salvi. Descreve-a como uma virtude performativa, capaz de “produzir fatos e mudar a vida”. Na sua encíclica escreve: “A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceito, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho” (Spe salvi).

Papa Francisco: a esperança é luz que vence as trevas.

“A esperança – afirma Papa Francisco – faz entrar na escuridão de um futuro incerto para caminhar na luz. É bela a virtude da esperança; dá-nos tanta força para caminhar na vida” (Audiência Geral de 28 de dezembro de 2016). E nesse momento tão delicado da nossa história, Papa Francisco fala de um outro contágio: “que se transmite de coração a coração, porque todo o coração humano aguarda esta Boa Nova. É o contágio da esperança: ‘Cristo, minha esperança, ressuscitou!’ Não se trata de uma fórmula mágica, que faça desvanecerem-se os problemas. Não! A ressurreição de Cristo não é isso. Mas é a vitória do amor sobre a raiz do mal, uma vitória que não ‘salta’ por cima do sofrimento e da morte, mas atravessa-os abrindo uma estrada no abismo, transformando o mal em bem: marca exclusiva do poder de Deus (Mensagem Urbi et Orbi, 12 de abril de 2020). Com a Páscoa conquistamos “um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito da esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus” e “coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida (Sábado Santo, 11 de abril de 2020).
Vatican News

Esta foi a explicação do Cardeal Ratzinger sobre o terceiro segredo de Fátima

Cardeal Joseph Ratzinger e Nossa Senhora de Fátima/ Paul Badde (EWTN) /
Nossa Senhora de Fátima Internacional Pilgrim Statue (CC BY-SA 2.0)
REDAÇÃO CENTRAL, 07 Mai. 20 / 05:00 am (ACI).- Em resposta a más interpretações do “terceiro segredo” de Fátima que algumas pessoas associam a um “caos apocalíptico”, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e agora Papa Emérito Bento XVI, explicou o sentido do texto e como pode servir para compreender e viver melhor o Evangelho.
A terceira parte do segredo de Fátima foi revelada em 13 de julho de 1917 aos três pastorinhos na Cova da Iria e transcrita pela Irmã Lúcia em 3 de janeiro de 1944. Foi publicado pelo Secretário de Estado, Cardeal Angelo Sodano, em 13 de maio de 2000.
As mensagens transmitidas pela Virgem Maria exortam ao arrependimento, à conversão, à oração e à penitência como meios de reparação pelos pecados.
Segundo o Cardeal, o chamado à penitência é uma exortação à compreender os sinais dos tempos e à conversão. A penitência também é a resposta a um determinado momento histórico caracterizado por grandes dificuldades.
No segredo, há um elemento que se refere a um “anjo com a espada de fogo”. Para o Cardeal, este elemento não é fantasia: refere-se às armas de fogo, que o próprio homem inventou.
Outro elemento da visão é a força que se opõe à destruição: o esplendor da Mãe de Deus, que vem da penitência. Isto significa que a penitência e a oração têm o poder de mudar as predições para o bem.
O melhor exemplo, afirma, é que o Papa João Paulo II sobreviveu ao atentado de 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, embora o segredo previsse a sua morte.
Sobre os três elementos que aparecem no segredo (uma montanha íngreme, uma grande cidade em meio a ruínas e uma grande cruz de troncos rústicos), Ratzinger assinala que a montanha é o caminho difícil que o homem deve atravessar e a cidade em ruínas representa as desgraças que o próprio homem causou com as guerras.
Em cima da montanha está a cruz, o objetivo final, onde a destruição se transforma em salvação. Por isso, esses símbolos têm um sentido de esperança.
O Bispo vestido de branco (o Papa) terá que subir essa montanha e atravessar a cidade em ruínas. O Papa precede os outros, cujo caminho também passa em meio aos cadáveres. Bento indica que a passagem do Papa simboliza o caminho da Igreja em meio à violência, às destruições e às perseguições.
“Na visão, podemos reconhecer o século passado como século dos mártires, como século dos sofrimentos e das perseguições contra a Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que encheram toda a sua segunda metade e fizeram experimentar novas formas de crueldade. No ‘espelho’ desta visão vemos passar as testemunhas de fé de decênios”.
Esta parte do segredo termina com um sinal de esperança: nenhum sofrimento é em vão. Porque o sangue dos mártires purifica e renova. Disto surgirá uma Igreja triunfante. O sangue derramado na cruz também representa a vivência atual do sofrimento de Cristo e da promessa de salvação.
O Terceiro Segredo de Fátima
Este é o Terceiro Segredo de Fátima, escrito pela Irmã Lúcia:
“Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que me mandais por meio de sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos em uma luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se veem as pessoas em um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus”.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF