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sábado, 28 de janeiro de 2023

Bem-aventurados os mansos

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BEM-AVENTURADOS OS MANSOS

Dom Rodolfo Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

A felicidade é uma aspiração radicada na condição humana e faz parte das suas necessidades fundamentais como o ar, a água, o alimento, a casa, os amigos. Tanto as compreensões quanto os caminhos propostos para alcançar a felicidade são múltiplos. São oferecidas receitas milagrosas; outros acentuam que é preciso potencializar o máximo os prazeres imediatos do corpo; outros ensinam que é preciso controlar os desejos de felicidade pois são a origem de sofrimentos. 

Jesus, como mestre, não de abstém de ensinar sobre o que torna a vida bem-aventurada ou feliz. (Mateus 5, 1-12). Proclama bem-aventurados os pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os são perseguidos por causa da justiça. Este ensinamento que vai se aprofundado nos capítulos 5, 6 e 7. Os ensinamentos dirigidos à multidão e aos discípulos sobre o monte, hoje são dirigidos a nós. São ensinamentos atuais e universais. Serão sempre atuais porque eles são uma autobiografia de Jesus, e, consequentemente revelam a Deus Pai e o Espírito Santo. 

Devido ao espaço destacamos duas. “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra”. “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. Convivemos com múltiplas formas de violência, desde as mais explícitas até as mais sutis. Há litígios sobre todos os temas, se faz necessário tratar os assuntos como “polêmicos”. Nem o agente da violência e nem a vítima são felizes, vivem exaustos. Os dois necessitam de cuidado e cura.  

Durante a vida pública de Jesus apresentaram-se muitas situações conflitivas que poderiam desencadear ensinamentos agressivos da parte de Cristo. Ele sempre manteve a convicção que a violência precisa ser tratada com mansidão. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós” (Mt 11,29). A Pedro no Getsêmani diz: “Guarda a espada! Todos os que usam da espada, pela espada perecerão” (Mt 26,52). Entra assim em Jerusalém: “Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento” (Mt 21, 5) Como resposta à violência Jesus propõe o martírio, isto é, o testemunho da verdade. Diz a Pilatos: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo o que é da verdade, escuta a minha voz” (Jo 18,37). 

A primeira bem-aventurança, “os pobres de espírito”, é uma espécie de compêndio, porque retoma e envolve as outras, mas também oferece uma chave de leitura. Na tradição bíblica estas pessoas são chamadas de anavîm. A sua situação de insegurança, de abandono faz com que se voltem a Deus no qual apresentam a sua situação degradante e pedem que Deus seja o seu defensor, pois dos humanos não esperam mais nada. 

“Os anawîm são homens reais, que vivem numa situação de necessidade, sofrem abusos e choram. Mas respondem com mansidão às injustiças, se empenham pela paz, fazem uso da misericórdia no julgamento, se esforçam de estabelecer uma justa relação com os homens e com Deus, e procuram a pureza de coração sendo coerentes entre as ações e os pensamentos. Estes são os criadores do mundo novo, as testemunhas do Reino. Porque o Reino dos Céus, do qual se fala nas bem-aventuranças, são outra coisa que o pão que repartimos, a mão estendida ao inimigo, o ato de violência que impedimos, a concórdia que favorecemos, o sorriso que oferecemos” (Massimo Grilli).

A carta do Papa ao Padre James Martin sobre homossexualidade e pecado

Padre James Martin | Vatican News

Em uma carta ao padre jesuíta, o Papa Francisco diz que em sua recente entrevista à Associated Press, na qual, entre outras coisas, ele disse que "ser homossexual não é crime", estava se referindo à doutrina católica que ensina que qualquer ato sexual fora do casamento é pecado.

Vatican News

"Eu simplesmente me referia ao ensinamento da moral católica, que diz que qualquer ato sexual fora do casamento é pecado": isto é o que o Papa escreveu ao responder a uma carta do Padre James Martin, o jesuíta estadunidense que realiza seu apostolado entre as pessoas LGBT, para esclarecer o significado de suas palavras em uma recente entrevista à Associated Press. A resposta escrita à mão pelo Papa, em espanhol, foi publicada no site do Padre Martin 'Outreach.faith'.

Já a partir do contexto da entrevista com a Associated Press ficou claro que o Papa havia falado da homossexualidade, referindo-se naquele caso a "atos homossexuais" e não a condição homossexual em si. Com esta resposta, Francisco reiterou que a sua posição, já repetida desde a primeira entrevista com jornalistas no voo de volta do Brasil em 2013 ("Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, mas quem sou eu para julgá-la?") é a do Catecismo da Igreja Católica.

Respondendo ao Padre Martin, o Papa também enfatizou, com relação ao pecado, que " também devem ser consideradas circunstâncias, que diminuem ou anulam a culpa", porque "sabemos bem que a moral católica, além da matéria, valoriza a liberdade, a intenção; e isto, para todo tipo de pecado".

Portanto, na carta o Papa reitera o que disse na entrevista à Associated Press: "Aos que querem criminalizar a homossexualidade, eu gostaria de dizer que estão errados". Na entrevista ele destacou que "ser homossexual não é crime", enquanto existem mais de 50 países que têm condenações legais para as pessoas homossexuais e alguns destes países têm até a pena de morte.

A carta se conclui com a oração do Papa pelo trabalho do Padre Martin e pela comunidade LGBT que ele segue, e acrescenta: "Por favor, faça o mesmo por mim".

A duração ideal de uma homilia, segundo o Papa Francisco

Philippe Lissac I Godong
Maundy Thursday celebration in a Parisian catholic church
Por Mathilde de Robien

Francisco voltou a exortar os sacerdotes a encurtar a duração de suas homilias e lembrou que elas são um "sacramento".

Homilia: um assunto caro ao Papa Francisco. A ela o pontífice dedicou parte de sua exortação apostólica Evangelii Gaudium em 2013, e, recentemente, fez um discurso contra os sermões excessivamente longos, chegando mesmo a qualificar certas homilias como “desastres”. 

Segundo o Papa, os sermões que seguem a leitura do Evangelho na Missa não devem ser nem “aulas de filosofia” nem “conferências”. Por outro lado, são “sacramentos”.

“Às vezes, ouço: ‘Sim, fui à Missa em tal paróquia… Uma boa aula de filosofia, por 40, 45 minutos…’, lamenta o Papa. Segundo ele, uma homilia deve durar “oito, dez minutos, não mais do que isso. E também deve incluir sempre “um pensamento, um sentimento e uma imagem” para que “as pessoas levem algo para casa”.

Depois de ter convidado os responsáveis ​​diocesanos que o visitavam a cuidar da liturgia e a promover o silêncio para “conduzir o povo a Cristo e Cristo ao povo”, o Papa voltou à ideia – à primeira vista inusitada – de ” sacramento” para definir uma homilia: “A homilia não é uma palestra, é um sacramento. (…) Prepara-se na oração, prepara-se com espírito apostólico.”

A homilia, um sacramento?

A homilia não é um sacramento como os sete sacramentos instituídos pela Igreja Católica, mas o é no sentido de que “pode ​​ser uma intensa e feliz experiência do Espírito, um encontro consolador com a Palavra, fonte constante de renovação e crescimento” (Evangelii Gaudium). É também “mediação da graça” (idem).

A homilia tem, portanto, um significado sacramental. “Ela faz parte da ação litúrgica”, especificou Bento XVI em sua exortação apostólica Verbum Domini. Para Bento XVI, “a função [da homilia] é favorecer uma compreensão e eficácia mais ampla da Palavra de Deus na vida dos fiéis. A homilia constitui uma atualização da mensagem da Sagrada Escritura, de tal modo que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus no momento atual da sua vida.”

Da mesma forma que os sacramentos são sinais visíveis da graça de Deus e permitem que os homens tomem consciência da presença de Deus no meio deles, a homilia é um vetor pelo qual Deus busca alcançar os homens através do pregador. 

As palavras do pregador devem ser medidas, para que o Senhor, mais do que seu ministro, seja o centro das atenções.

O espaço da homilia

Por isso, a homilia deve ser curta e não ocupar todo o espaço da celebração litúrgica. “Um pregador pode conseguir prender a atenção de seus ouvintes por uma hora inteira, mas neste caso suas palavras se tornam mais importantes do que a celebração da fé”, alertou o Papa Francisco na Evangelii Gaudium

“Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo. Quando a pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro”, explica Francisco.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino | cnbb
28 de janeiro

SÃO TOMÁS DE AQUINO, DOUTOR CUJA OBRA ENRIQUECE TRADIÇÃO E PENSAMENTO DA IGREJA

A Igreja faz memória nesta quinta-feira, 28 de janeiro, de São Tomás de Aquino, presbítero dominicano, doutor da Igreja, padroeiro das escolas católicas. Em sua breve vida – faleceu aos 49 anos – ofereceu uma contribuição histórica para a relação entre a fé e a razão.

Tomás de Aquino nasceu no castelo de Roccasecca, em Aquino, no reino da Sicília, no sul da Itália, no ano de 1225. Sua família, de origem nobre se destacou a serviço do imperador da Alemanha, Frederico II.

Chamado de “boi mudo” pelos colegas, devido às poucas palavras, Tomás fez valer uma promessa de seu professor, o também santo Alberto Magno: “Eu lhes digo que este boi vai berrar tão alto, que seu berro vai ecoar no mundo inteiro”. E assim aconteceu. De suas palavras a Igreja ganhou hinos, reflexões e celebrações que enriquecem a tradição e o pensamento teológico-filosófico até os dias atuais. Destaque para a “Suma Teológica”, obra na qual estão as bases da dogmática do catolicismo e considerada uma das principais obras filosóficas da escolástica.

São Tomás de Aquino foi responsável pela composição do texto da liturgia de Corpus Christi, a pedido do Papa Urbano IV, em 1264. Para a celebração, compôs também o hino “Pange lingua”, o qual inspira a canção da Bênção do Santíssimo cantada no Brasil.

Também é conferido à sua autoria o termo bem comum, ou bem público, termo adotado pela Doutrina Social da Igreja, como sendo “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição”, de acordo com a Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II Gaudium et Spes.  (Gaudium et Spes, n. 26).

São Tomás e a Eucaristia

Considerando sua importância na grande solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, o Portal da CNBB recorda algumas reflexões de São Tomás sobre a Eucaristia destacadas nos artigos dos Bispos:

“A Eucaristia é o maior dos sacramentos, nos ensina São Tomás de Aquino, e o principal dos milagres de Cristo, pois ele não cessa. O Senhor o realiza não só uma vez, em favor de alguém, mas o repete todos os dias, em centenas de lugares ao mesmo tempo, em favor de todos os filhos da Igreja, reunidos nas mais longínquas comunidades ou nos mais movimentados centros urbanos”.

– Dom Gil Antônio Moreira, arcebispo de Juiz de Fora (MG), em artigo sobre Eucaristia, centro de toda a liturgia.

“No canto litúrgico, ‘Pange Língua’, composto por Santo Tomás de Aquino, a pedido do Papa Urbano IV, para a Festa de Corpus Christi, de 1264, na estrofe “Tantum Ergo Sacramentum” (Tão Sublime Sacramento), há uma afirmação que sempre me fez bem pensar e rezar: ‘Venha a fé, por suplemento, os sentidos completar’. Muitos cantos litúrgicos trazem verdades, poeticamente embutidas, quais pérolas preciosas que, às vezes, passam despercebidas. Esta é uma delas. Poucos se dão conta do que estão realmente cantando e rezando.”

– Dom Pedro Brito Guimarães, arcebispo de Palmas (TO), no artigo A fé por suplemento

 “[…] o Deus grande e próximo, que fala aos homens com palavras humanas e se deixa chamar de Pai! Conhece-nos profundamente, pois somos obra de Suas mãos, soprou em nossas narinas o sopro da vida, e sabe o que necessitamos antes mesmo que nós o peçamos. Sobre esta realidade, já dizia Santo Tomás de Aquino: “Não oramos para que Deus tenha consciência de nossas necessidades; oramos para que nós tenhamos consciência da necessidade que temos de Deus.

Cardeal Orani Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, sobre oração de intercessão

“Santo Tomás de Aquino afirmou: “Nenhum outro sacramento é mais salutar do que a eucaristia. Pois, nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais. A Eucaristia é o memorial perene da paixão de Cristo, o cumprimento perfeito das figuras da antiga aliança e o maior de todos os milagres que Cristo realizou” que a Eucaristia constitui o maior milagre realizado por Jesus neste mundo.”

– Cardeal Orani Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, em artigo sobre Corpus Christi

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Algumas lições do mar

O mar | Cléofas

Algumas lições do mar

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O que sente quando olha para o mar? O que ele te diz?

Sabemos que toda a criação canta as obras do Senhor. A Liturgia exclama: “O Céu e a Terra proclamam a Vossa Glória”, “Tudo o que criastes proclama o Vosso louvor”. São Boaventura explica que “Deus criou todas as coisas não para aumentar a Sua glória, mas para manifestá-la e para comunicá-la”.

Podemos observar nas criaturas um rastro do Criador, tal como uma assinatura, uma marca, na obra de um artista. Logo, o céu, a terra, as montanhas, os rios e matas são como espelhos através dos quais Deus nos mostra um pouco da Sua beleza, grandeza, onipotência, amor, sabedoria, Sua Face. E o mar, podemos assim dizer, também é uma pequena amostra da Imagem Infinita de Deus. Ele é grande e majestoso como um rei, forte como um leão, rico como um tesouro e cheio de vida abundante.

Não é de hoje que o mar “fala”. Percebemos que em diversas passagens da Bíblia os autores sagrados usam a figura do mar para louvar a Deus ou para nos ensinar alguma coisa, já percebeu? Veja bem, o salmista já escrevia assim: “Deus tem nas mãos as profundezas dos abismos, e as alturas das montanhas lhe pertencem; o mar é dele, pois foi ele quem o fez, e a terra firme suas mãos a modelaram” (Sl 94,4-5). E prossegue o Eclesiástico: “O Senhor, com seu desígnio, aplacou o oceano e nele plantou as ilhas. Os que navegam sobre o mar descrevem seus perigos, e ficamos admirados com o que ouvimos a respeito: há nele coisas estranhas e maravilhosas, animais de toda espécie e monstros marinhos” (Eclo 43,25-27). E ainda essas e mais outras tantas: “Os filhos de Israel serão tão numerosos como a areia do mar, que não se pode medir nem contar. Em lugar de se lhes dizer: Lo-Ami, serão chamados Filhos do Deus vivo” (Os 2,1). “Porém, mais poderoso que a voz das grandes águas, mais poderoso que os vagalhões do mar, mais poderoso é o Senhor nas alturas do céu” (Sl 92,4).

Veja que bonito ensina nosso Catecismo no parágrafo §1:

“Deus, infinitamente perfeito e Bem-aventurado em Si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para torná-lo participante da sua vida bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte, Ele está próximo do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo com todas as suas forças”.

Deus nos criou para o Céu. E enquanto caminhamos como peregrinos nesta Terra, Ele está próximo a nós. Deus quer estar conosco, quer falar conosco; seja pelas situações da vida, pelas pessoas que coloca em nosso caminho, por sua Palavra, pela Eucaristia ou pela natureza. O Senhor não poupa maneiras de falar ao nosso coração, inclusive foi Ele mesmo que colocou essa sede de Infinito no coração do homem para que O buscasse e O encontrasse. Desde então a humanidade busca preencher um vazio que só pode ser preenchido pelo Criador. Por esse motivo é preciso estar atento aos pequenos detalhes da nossa vida para não correr o risco de não percebermos que Ele está ao nosso lado.

Por exemplo, por uma simples caminhada pela areia da praia podemos aprender muitas lições com o mar. Não podemos nunca nos esquecer de que Deus também fala conosco através de Sua criação e de suas criaturas. Ao beirar o mar pela areia podemos tocar suas ondas macias banhando nossos pés como num gesto de carinho. Através delas o mar nos traz muitas mensagens que só podem ser lidas se as antenas da alma estiveram sintonizadas na frequência da fé. Isto nos faz lembrar o que diz o Salmo “Invitatório”, que recrimina aqueles que sem fé, têm os ouvidos fechados para as mensagens que Deus nos dá pelas criaturas – “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa, no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras” (Sl 94,8-9).

Abrindo os ouvidos e olhos da alma, ao encontrar na areia uma conchinha que toca nossos pés, podemos perceber sua simplicidade e também que ela possui concavidade peculiar feita para acolher uma vida que nela é gerada. E olhando para ela, imaginando além, podemos lembrar que antes de se abrir, aquela conchinha estava fechadinha e possuía duas faces extremamente unidas. Ela trazia em si uma vida que um dia, depois de madura, pôde se abrir e servir de alimento para outras criaturas. Não são lições para nós – de simplicidade, disponibilidade, serviço desinteressado?

Ao observarmos ainda, aquela conchinha aberta perdida ali na areia, com seu pequeno corpo mineral voltado para o Céu como que glorificando ao seu Criador, podemos pensar: Será que meu coração também não precisa se abrir mais para louvar e dar glórias a Deus?

Pense na conchinha, depois de gerar nela uma vida, se abre para dar graças ao Autor de toda a vida. Parecem duas mãos abertas em gesto de louvor silencioso… Jesus, certa vez, não disse que se os homens não O louvassem, as pedras o fariam? Elas são como pedras que louvam o Criador! Não são lições para nós?

“Tudo o que criastes proclama o Vosso louvor!”.

Se o mar não existisse, aquela conchinha não estaria ali e se não fosse pelo amor e pela vontade de Deus, nada disso existiria. Nem mesmo nós. Não são estes bons motivos para louvar a Deus?

Quantas outras surpresas pode nos trazer o mar! Quanto de Deus ele nos fala…

Certa vez, ao final de uma caminhada pela praia, encontrei o mais enigmático caramujo. Dentro dele também um dia, houve uma vida, para a qual ele serviu de casa e proteção. Depois de hospedar essa criatura, ficou abandonado na praia e foi colhido por mim como uma lembrança do mar para alguém. Aceitou ser esquecido e abandonado na areia…, satisfeito de ter cumprido sua missão como uma criatura inorgânica, dando assim, a seu modo, glória ao Criador. E o bichinho que dali saiu talvez possa nos dizer que o mar da vida é cheio de perigos, e que é preciso viver um tanto escondido e bem protegido pela graça de Deus como o caramujo.

Por fim, o apelo que faço a você neste dia é: abra os ouvidos da alma e ouça a Voz do Criador que fala sem cessar no silêncio do coração. Isto é meditar. Isto é espiritualidade.

Prof. Felipe Aquino

Dia da Memória do Holocausto, a história do sobrevivente Moisés

Dia da Memória do Holocausto | Vatican News

A prisão, a deportação de Milão para o campo Bergen-Belsen, a fome sofrida em onze meses de cativeiro aos doze anos de idade. A história de um judeu de origem turca que morreu em 2010. Sua filha Margherita Dana conta: "Por mais que tentemos, não podemos pensar que certos erros não se repitam". O importante, afirma, é aproveitar a oportunidade desta data para realmente conhecer o povo judeu.

 Antonella Palermo – Vatican News

Onze meses no campo de concentração Bergen-Belsen. Sair vivo. E sonhar todas as noites, até o final dos seus dias, em 5 de janeiro de 2010, com o barulho dos tamancos dos prisioneiros de Auschwitz que chegavam no campo de concentração para seu trágico fim: filas intermináveis de esqueletos vestidos com trapos. A história de Moisés Dana, um judeu de origem turca, foi a de um deportado de Milão, onde vivia com sua família, quando tinha apenas doze anos de idade. Sua história foi contada oralmente a Liliana Picciotto, para o projeto Arquivo da Memória (Fundação Centro de Documentação Judaica, Milão). Hoje, no Dia da Memória do Holocausto, é a filha de Moisés, Margherita Dana, que está envolvida na Associação Filhos do Holocausto, que mais uma vez conta os sofrimentos na esperança de que não aconteça de novo os mesmos erros da história.

Ninguém pode ter certeza de que aqueles erros não se repitam

"Tinha medo aquilo que eu lia pudesse se repetir comigo, com meus filhos, com meus conhecidos. Porque, por mais que tentemos, não podemos não podemos pensar que certos erros não se repitam". São palavras de Margherita Dana, com um sorriso calmo e firme, nos permite entrar na experiência de suas raízes. 

Moisés Dana morava com algumas famílias judias em uma daquelas casas de longas varandas na Milão na década de 1930. Brincavam com soldadinhos de papel e jogavam bola. Porém, logo vieram soldados verdadeiros invadir a sua infância. Depois disso, acontecia que os mesmos amigos, com quem ele brincava, gritaram-lhe "judeu, judeu!" para depois fugirem como ratos. Seu único conforto na época era o forte aperto de mão de seu pai. Os anos estavam começando a ficar perigosos: foi tirada sua cidadania, retirada a licença de vendedor ambulante e impedido de ir à escola. Deixar a Itália não era fácil. Os jovens se alistavam para a guerra, começaram os alarmes noturnos, os abrigos nos porões. Alguns amigos receberam Moisés e sua família em Brescia: aqui eles podiam frequentar a escola, até mesmo jogar em torneios, ir pescar. Mas durou pouco tempo. A ordem de prisão chegou para todos. Primeiro foram para o Cárcere de San Vittore, em Milão, em celas enormes onde se dizia que os nazistas torturaram as pessoas e as obrigaram a limpar os banheiros com a língua. Depois chegou o dia deles também partirem, primeiro em um caminhão para a estação central de Milão, depois em um trem lotado de crianças que gritavam e choravam, quase sem ar. A primeira parada foi na fronteira de Brenner. Aqui Moisés foi atrás da linha férrea, com sua mãe, para fazer suas necessidades depois de ter retido por um longo tempo: por trás daquele arbusto se podia até decidir fugir. Mas os alemães haviam advertido que se alguém tentasse, seria fuzilado.

Fome, frio, piolhos

Em Bergen-Belsen, Moisés temia o tempo todo levar socos e golpes do “kapó”, o chefe do pavilhão, como acontecia com seu companheiro. Para a chamada diária "tínhamos que ficar de pé por quatro ou cinco horas em filas de cinco até chegar um soldado da SS encarregado da contagem". O inverno era muito frio e rigoroso, especialmente para os idosos: "Estávamos todos convencidos de que não sairíamos de lá vivos. Os cantos e a dança para a festa de Hanukka era uma tentativa de manter alta a moral. As camas eram apenas tábuas de madeira, os cobertores cheios de piolhos, a latrina um buraco no chão. A única consolação era que a família não foi separada entre os campos. "Um dia, um garoto de nosso pavilhão não obedeceu a uma ordem de um homem da SS e como castigo o forçaram a ficar nu do lado de fora. Eles ficavam jogando água de uma mangueira no corpo da criança. Pela manhã, o encontramos morto". Moisés também foi espancado nos conta Margaret. Foi quando ele roubou um nabo: tanta dor, mas também orgulho de ter conseguido um pequeno pedaço de nabo para acalmar um pouco o vazio em seu estômago. Pois a fome era grande. Um dia Moisés decidiu desistir de um pedaço de pão para dá-lo a sua irmã mais nova que chorava de fome.

Voltar para a casa vazia

Alguns meses antes do fim da guerra, graças a seu passaporte turco, a família Dana foi liberada pela Cruz Vermelha turca. Era 4 de março de 1945. A viagem de volta não foi fácil, durou cerca de um ano. Quando chegaram em Milão, viram que a casa tinha sido completamente esvaziada. Os parentes tinham desaparecido assim como as outras famílias judaicas. A maioria tinha morrido nos campos. O pai de Moisés voltou gravemente doente e não podia mais trabalhar. Moisés e seu irmão foram obrigados a procurar emprego, desistindo definitivamente de seus estudos. As três filhas de Margherita tiveram a sorte de crescer com seus avós, de ouvir suas histórias, elas sentem o peso da responsabilidade de manter viva a memória desta tragédia. Eles os viram de luto, diz Margherita, quando ainda eram muito jovens e nem mesmo perceberam completamente a extensão do Holocausto, mas já perceberam que era "algo muito ruim".

O povo judeu não deve ser sinônimo apenas de Holocausto

Mas como e onde se encontra a energia para uma forma de reconciliação interior que vai além do vitimismo, do desencanto, da reivindicação? "A palavra vitimismo é uma palavra da qual eu realmente tento me distanciar porque não gosto de ouvir falar sobre o povo judeu referindo-se apenas às vítimas do Holocausto", enfatiza Margherita. "O povo judeu tinha uma vida antes e tem uma vida hoje. Tinha uma vida muito vibrante antes do Holocausto, então infelizmente houve este interlúdio dramático, mas a vida recomeçou e por isso eu preferiria, gostaria que o Dia da Memória fosse um ponto de partida, um ponto de partida para conhecer quem são os judeus. Partimos do Dia da Memória, do sofrimento, mas para entender realmente quem são, quem somos cada um em seu próprio país, no próprio âmbito, na nossa integração na sociedade que nos rodeia".

"Que o Dia da Memória seja livre da retórica"

"Devemos ter cuidado para não cair na retórica, para não cair no fato de que é um dia a ser comemorado porque devemos fazê-lo, mas que é realmente um momento de reflexão para todos". Esta é a advertência de Margherita, que reconhece os riscos da superexposição da mídia aos sobreviventes e parentes, 'talvez as pessoas se cansem...'. “Mas lutaremos até o fim”, conclui ela, “para que este dia seja um dia realmente importante a partir do qual se possa partir e conscientizar o mundo inteiro do que aconteceu”.

Jesus nas suas condições divina e humana

A volta de Jesus | jesusestachegando

JESUS NAS SUAS CONDIÇÕES DIVINA E HUMANA DE FL 2,6-11 EM SÃO JOÃO CRISÓSTOMO

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA) 

São Paulo expressou num cântico cristológico, a missão de Jesus Cristo na sua realidade divina e humana neste mundo e junto do Pai. O Cântico de Fl 2,6-11 tem presentes a sua condição divina não se apegando à sua igualdade a Deus, mas ele despojou-se fazendo servo, tornando-se semelhante ao ser humano de modo que se fez obediente até a morte e morte de cruz. Deus o exaltou acima de tudo para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai.  

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, séculos IV e V fez duas longas homilias colocando a humildade, a vida com Deus do Senhor Jesus e a sua igualdade com o ser humano ao conceder-lhes os dons da vida e da redenção. É importante fazer a análise do cântico paulino para a nossa realidade de discípulos, discípulas, missionários, e missionários de Jesus Cristo e de sua Igreja.  

O exemplo de si próprio. 

O Bispo São João disse que Jesus Cristo colocou-se sempre como modelo de exemplo ao falar para os discípulos em relação às grandes exigências do discipulado. O Senhor disse que se as pessoas o perseguiram, também os discípulos serão perseguidos (Jo 15,20). Jesus disse que é para aprender dele, que é manso e humilde de coração (Mt 11,29). O Senhor pede de seus discípulos para que sejam misericordiosos como o Pai que está nos céus (Lc 6,36). O bispo disse que São Paulo agiu da mesma forma. Quando ele quis exortar os Filipenses a respeito da humildade, apresentou-lhes Jesus Cristo como modelo. Quando ele falou da caridade para com os pobres, exprimiu-se de maneira semelhante ao dizer que Jesus Cristo se fez pobre, embora fosse rico (2Cor 8,9). É importante a prática do bem porque é desta forma que uma alma grande e sábia assemelha-se a Deus1.  

A superação das diversas heresias. 

O bispo, ao ter presente que o Senhor Jesus tinha a condição divina não considerou ser igual a Deus como uma rapina, um ato de tomada com violência, mas ele esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, vislumbrou a superação das diversas heresias, como aquelas de Ário de Alexandria, Paulo de Samósata, de Sabélio da Líbia, Apolinário de Laodicéia, entre outros negadores de suas naturezas divina e humana. Muitas falanges foram derrubadas pela palavra do Apóstolo São Paulo em relação a Jesus divino-humano2.  

A superação do arianismo. 

Crisóstomo afirmou contra Ário que o Senhor assumiu a condição de servo, não porque ele tinha uma substância inferior ao Pai como dizia Ário, mas porque como disse Paulo ele tinha a condição divina pela assunção da realidade humana. As duas condições de servo e de Deus são equivalentes ao Filho, a Jesus, de modo que a condição de servo significa homem, ser humano, e condição divina possui o significado de Deus por natureza. São Paulo e São João, evangelista afirmaram que ser igual a Deus em nada é menor que o Pai, mas está na mesma condição, na mesma linha divina(Fl 2,6; Jo 1,1)3.  

Senhor grande. 

São João Crisóstomo precisou a intenção dos hereges para justificar a palavra de São Paulo de que Jesus, o Filho não se apegou ao seu ser igual a Deus, mas ele esvaziou-se a si mesmo na natureza humana. Aos hereges haveria as concepções de dois deuses: um maior e outro menor. Mas o bispo afirmou que o Senhor assumiu o esvaziamento de si mesmo por causa da redenção humana e também porque a Escritura não coloca dois deuses, mas a existência do único Senhor como grande e muito louvável (Sl 48,2; 96,4; 145,3). Essas referências são dadas também para o Filho que em toda a parte o chamou de Senhor, pois o Deus é grande, só Ele faz maravilhas, é o único (Sl 86,10). Outra referência fundamental encontra-se na Bíblia onde se diz que o Senhor é grande e onipotente, a sua grandeza é incalculável (Sl 147,5; 145,3). A Escritura refere-se aos atributos divinos tanto ao Pai como ao Filho, porque se trata do único Deus4. 

A intenção do Apóstolo. 

São João Crisóstomo disse que a intenção do Apóstolo Paulo ao escrever para os Filipenses que o Filho existindo na forma divina não se apegou ao seu ser igual a Deus apresentou o Senhor Jesus como exemplo de humildade, porque ninguém exorta aos outros à humildade através da necessidade da humildade, considerando-se menor do que os seus semelhantes. Para o bispo a humildade é ter um modo de pensar humilde, possuir pensamentos humildes, não sendo humilde por necessidade, mas a pessoa humilha-se a si mesmo. O nome de humildade deriva de abaixamento, humilhação no modo que a pessoa pensa de si mesma5. Por causa do ser humano em vista de sua salvação, Jesus viveu a condição humilde.  

A condição divina e de servo. 

Para São João quando o Apóstolo Paulo disse que o Senhor estava na condição divina ao assumir a condição de servo, não o diminuiu por vir ao mundo. Ele entrou na realidade humana, de modo que teve que assumir a condição de pessoa humana, de servo, igual ao ser humano em tudo menos o pecado (Hb 4,15). O fato era que Ele existia numa forma divina tendo como sentido idêntico de que Deus é aquele que é (Ex 3,14), mostrando a sua imutabilidade da condição como Deus Assim o Filho não é diferente do Pai, mas está em unidade com Deus, é Deus 6.  

A descida da sua dignidade. 

Em base à palavra paulina, afirmou o bispo Crisóstomo também que o Filho de Deus não teve medo de descer de sua alta dignidade, porque não considerou um apego à sua condição divina, não tendo medo de que alguém lhe arrebatasse a natureza ou a dignidade. Jesus não considerou que vivendo junto ao povo de Deus, em nada ficaria diminuído, mas ao contrário elevou até a divindade, a natureza humana. Desta forma não hesitou em assumir a condição de servo. Assim ele esvaziou-se a si mesmo, humilhou-se e foi obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,7-8). O Senhor não estava subordinado a um outro, mas ele escolheu isso livremente, por si mesmo7. Desta forma o Senhor tinha um corpo, uma alma e era também Deus. Por isso São Paulo disse que ele tinha a condição divina e assumiu a condição humana, de modo que é Deus perfeito como também servo perfeito8.  

A obediência do Filho. 

A homilia de São João prestou contas que a obediência do Filho foi de bom agrado ao Pai, na qual ele não desceu à terra na situação de um escravo, mas através da grande reverência que prestou ao Pai, conservando a admirável dignidade de sua filiação. Foi o Filho que prestou honras ao Pai. A obediência o levou à morte injuriosa, coberta de vergonha, de maldição porque era maldito quem era suspenso no madeiro (Gl 3,13; Dt 21,23). Nesta morte violenta houve a maior manifestação do amor de Deus à humanidade. Desta forma Deus o sobrexaltou grandemente e o agraciou com o nome que é sobre todo nome (Fl 2, 8-9)9.  

A glória do Pai. 

A continuidade do hino cristológico de São Paulo é reforçado por São João no sentido de que todo o joelho se dobre no nome de Jesus e para a glória de Deus, toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (Fl 2, 10-11). Assim quando o Filho é glorificado é também glorificado o Pai. Diante das heresias é fundamental declarar ser o Filho perfeito para a glória do Pai. O Pai gera o Filho na sua grandeza, de modo que ele não é menor que o Pai, mas é igual a ele10. 

Como Filho, Jesus prestou obediência ao Pai, obteve as honras excelsas. Fez-se servo e tornou-se Senhor de todos, dos anjos e de todas as outras criaturas, de modo que a exaltação é humilhação e a humilhação é exaltação11. O Senhor Jesus veio a este mundo em vista da salvação do ser humano, fez servo, obediente, e foi exaltado sobre todas as criaturas para que toda a língua proclame que Jesus é o Senhor de todas as criaturas. O cântico aos Filipenses de São Paulo estava presente na doutrina de São João Crisóstomo em vista da defesa da fé e prática na pessoa de Jesus diante das heresias, do Senhor Jesus como Deus e como ser humano para a redenção de toda a humanidade.

A força dos jovens na Igreja: um chamado à JMJ 2023

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Por Hozana

Desde a primeira edição, que se realizou na cidade de Roma em 1986, a JMJ tem-se evidenciado um grande laboratório de fé.

A juventude é um dos momentos mais importantes em nossas vidas. O jovem é uma força bruta de emoções intensas, questionamentos, vontade de transformar e necessidade de se sentir aceito. É papel de todos lapidar com muito carinho essas joias para que eles possam transformar e ser transformados com todo esse carisma e força de vontade próprio à juventude, que, em breve, governará o mundo.

Ao longo dos séculos muitos foram os santos que alcançaram a santidade ainda jovens: Joana D’Arc (19 anos), Domingos Sávio (15 anos), Tarcísio (12 anos), Luís Gonzaga (23 anos), Terezinha do Menino Jesus (24 anos), recentemente Carlo Acutis (beato, 15 anos), dentre tantos.

A Igreja, mãe e educadora, consciente desta realidade, apoia-se no Texto Sagrado que afirma: “Ensina ao jovem o caminho que ele deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não há de se afastar” (Prov 22,6) e procura sempre o atrair. 

No ano de 1985, inspirado pelo Espírito Santo, o Papa João Paulo II escreveu uma Carta Apostólica aos jovens do mundo inteiro e anunciou, a 20 de dezembro, a instituição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). 

O que é a JMJ?

A Jornada Mundial da Juventude é um encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa. A cada 2, 3 ou 4 anos ocorre como um encontro internacional, numa cidade escolhida pelo Papa, sempre com a sua presença. Reúne milhares de jovens para celebrar a fé e a pertença à Igreja. É, simultaneamente, uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil. Apresenta-se como um convite a uma geração determinada em construir um mundo mais justo e solidário. Com uma identidade claramente católica, é aberta a todos, quer estejam mais próximos ou mais distantes da Igreja.

Desde a primeira edição, que se realizou na cidade de Roma em 1986, a JMJ tem-se evidenciado como um laboratório de fé, um lugar de nascimento de vocações ao matrimônio e à vida Consagrada e um instrumento de evangelização e transformação da Igreja.

Por que é tão importante o encontro do Papa com os jovens?

É São Paulo quem nos responde: “Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade”. (I Tim 4,12)

Por tudo isso a Igreja acredita nos jovens e credita a eles a capacidade de evangelizar, principalmente outros jovens, graças a sua dinamicidade. Como Maria Santíssima, não param e são rápidos. É nesta realidade que em 2023 a JMJ convida os jovens a serem como Maria, com a temática: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39).

Pensando nisso e para preparar os corações de nossos jovens para este grande evento, a rede social de oração Hozana reuniu 13 jovens em um grande retiro online que falarão sobre como eles buscam viver a santidade no dia a dia. Eles partilharão sobre como esse apelo do Papa Francisco ecoa na vida de cada um deles! Serão seis meses de oração com diversos jovens contando suas experiências e lutas! Vem com a gente! Clique aqui para se inscrever!

O chamado

Jovem, levanta-te. Responde ao chamado de São João Paulo II que te convida para a missão de ser Jovem na Igreja para que a Igreja seja sempre jovem:

“Precisamos de Santos sem véu ou batina.

Precisamos de Santos de calças jeans e tênis. 

Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.

Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se “lascam” na faculdade.

Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.

Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.

Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.

Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.

Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man.

Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refri ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.

Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte.

Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.

Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos”.

Wellington de Almeida Alkmin, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF