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sábado, 16 de setembro de 2023

Os Mártires do Século XX (5/6)

Os Mártires do Século XX (Crédito: Cléofas)

Os Mártires do Século XX

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O presente artigo considera o fato do martírio no século XX, paralelo ao dos primeiros séculos. A igreja quer reconhecer e homenagear os heróis da fé, que sofreram em campos do concentração, prisões e outras ocasiões, e dos quais alguns ainda vivem, merecendo toda a estima dos contemporâneos.

6. Outros heróis da fé

Enumeraremos ainda sete vultos dignos do nome de cristãos.

6.1. São Maximiliano Kolbe (+ 1941), franciscano polonês

Era franciscano conventual quando foi levado para o campo de concentração de Auschwitz. O Caso é particularmente interessante, pois Fr. Maximiliano não morreu diretamente por ódio à fé, mas porque se ofereceu para morrer em lugar de um pai de família, terminando assim os seus dias no Bunker (subterrâneo) da fome. O caso foi examinado pelos peritos da Igreja: verificaram que a morte de Frei Maximiliano fora consequência da sua caridade e não da sua fé; por isto Paulo VI o beatificou na qualidade de confessor da fé ou zeloso pastor, não de mártir; havia, sim, praticado a virtude em grau heroico e, em consequência, morrera. A causa continuou a ser examinada sob João Paulo II, de modo a chegar à seguinte conclusão: Frei Maximiliano, se não morreu por causa da fé, morreu por causa de uma virtude (a caridade) associada à fé; por isto seu caso entra na definição de mártir e, como mártir, foi canonizado em 1982. O fato se justificava claramente: sim, o martírio é a suprema prova de amor a Deus,… amor este que Frei Maximiliano vivenciou de maneira perfeita, impelido pela fé, quando quis tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; doando sua vida, tornou-se mártir da caridade, ou seja, testemunha do absoluto amor de Cristo.

6.2. Franz Jägerstätter (+ 1943), leigo austríaco

Nascido em 1907 na Áustria, Franz levou uma vida dissipada durante a juventude. Finalmente descobriu a grandeza da mensagem católica. Por ocasião do Anschluss (anexo da Áustria à Alemanha nazista), foi o único de sua aldeia que teve a coragem de votar contra Hitler. Em 1939, quando estourou a Segunda guerra mundial, declarou que não se alistaria no exército de um regime ateu e anticristão. Apesar de tudo, foi recrutado para combate, mas recusou-se ao porte de armas. Foi encarcerado e resistiu denodadamente a toda pressão nacional-socialista. Aos 6 de julho de 1943 foi transferido para uma prisão em Berlim e condenado à morte por Ter rejeitado uma proposta nazista que lhe salvaria a vida. Foi decapitado aos 9 de agosto de 1943.

6.3. Isidoro Bakanga, leigo congolês

No começo do século XX no Congo um jovem aprendiz de pedreiro descobriu o Cristo anunciado pelos missionários. Tornou-se catequista convicto e irradiou a sua fé. A sua conduta de vida incomodava os homens corruptos que se valiam do Evangelho para explorar seus conterrâneos. O gerente de uma firma colonial mandou espancá-lo até que morresse. Isidoro faleceu perdoando aos seus carrascos. João Paulo II declarou-o bem-aventurado em 1994.

6.4. Ghassibé Kayrouz (+ 1985), leigo maronita libanês

Ghassibé Kayrouz nasceu no Líbano na aldeia de Nahba (província de Bekaa), em que cristãos e muçulmanos viviam em boa paz desde muito tempo. Impressionado pela guerra civil no seu país, entrou na Companhia de Jesus e dedicou-se a apaziguar os ânimos dos compatriotas agressivos. Percebeu que esta missão podia custar-lhe a vida e, por isto, ainda jovem, antes do Natal de 1984, escreveu um testamento em que exprimia a sua fé católica e perdoava de antemão a quem o matasse. Assim ofereceu sua vida por todos os libaneses (muçulmanos e cristãos); dizia: “No céu não terei repouso enquanto a situação permanecer tal no Líbano”. Foi assassinado alguns dias mais tarde.

Pouco depois Nicolas Kluiters, um Religioso holandês que seguira Ghassibé em sua caminhada espiritual, foi degolado e lançado num poço de 97m de profundidade.

6.5. John Bradburne, leigo do Zimbabwe (África)

Nascido em 1920, da família anglicana, no Zimbabwe, John tomou parte heroica na Segunda guerra mundial. Resolveu fazer-se católico e consagrar toda a sua vida à procura de Deus. Durante quinze anos levou vida de peregrino pelas estradas da Europa. Chegou assim até Jerusalém. Tocava flauta e compôs dezenas de milhares de versos em honra da Virgem Maria. Queria ir aonde Deus o chamasse.

Em 1962 voltou para a África, onde queria viver solitário, como eremita. Mas deparou-se com colônias de leprosos, que lhe mudaram o curso da vida. Decidiu dedicar-se a eles, apesar dos diversos obstáculos que encontrava. Era, por uns, tido como louco inofensivo; por outros, como um Santo. A guerra civil estourou no Zimbabwe; então John e uma médica italiana resolveram ficar com os leprosos. A presença e o testemunho de fé cristã desses dois mensageiros incomodava a quem os via de modo que foram assassinados.

6.6. Daphrosa e Cipriano Rugamba, leigos de Rwanda, 1994

Durante o genocídio de Rwanda em 1994, o casal católico Daphrosa e Cipriano muito se empenhou pela reconciliação de Hutus e Tutsis. Cipriano era um artista conhecido. O casal, com seus seis filhos, foi indicado como alvo aos atiradores, que os mataram quando estavam em adoração diante do Ssmo. Sacramento.

6.7. Jesus Jiménez, leigo de El Salvador, 1979

Jesus Jiménez nasceu em El Salvador, de família camponesa. Era muito dado à leitura da Palavra de Deus e à adoração da Eucaristia. O seu pároco, o Pe. Rutilio Grande, confiou-lhe a orientação de uma comunidade eclesiástica de base em 1973. Em breve, porém, estourou a guerra civil e o Pe. Rutilio Grande foi assassinado pela Guarda Nacional. Jesus Jiménez procurou então coordenar as comunidades duramente provadas pela guerra civil, a todos levando o reconforto do Evangelho. A 1º de setembro de 1979 foi assassinado quando voltava de uma reunião pastoral. Contava 32 anos e era pai de quatro filhos. O seu cadáver foi pendurado numa haste e lançado no corredor de um presbitério.

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 456, Ano 2000, Pág. 194.

Fonte: https://cleofas.com.br/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF