Translate

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Santificados na Família

Crédito: Cléofas

Santificados na Família

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Deus nos criou para vivermos em família. Ele mesmo é uma Família, Três Pessoas distintas em uma única natureza, e quis que de certa forma isso se reproduzisse na terra, em cada lar.

Quando o Catecismo fala da família, começa dizendo que:

“A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai” (§2205).

A família é assim, por vontade de Deus, “imagem” da Santíssima Trindade; por isso ela é sagrada, e meio especial de nossa santificação.

Jesus, ao vir ao mundo, não precisava necessariamente viver em uma família, mas Ele assim o quis, para deixar-nos o seu exemplo e ensinamento sobre a nobreza e santidade da família. Quis ter uma mãe e um pai (adotivo), e foi obediente e submisso a eles (cf Lc 2,51).

Jesus não precisava ter um pai terreno, já que o Seu Pai é o próprio Deus. Mas Ele quis ter um pai adotivo, legal, como chamavam os judeus. Quando José quis abandonar Maria, em silêncio, para não difamá-la, Deus mandou o Anjo dizer-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois, o que nela foi concebido veio do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho a quem tu porás o nome de Jesus” (Mt 1,20-21). É como se Deus dissesse a José: eu preciso de você, eu quero você para ser o pai diligente da sagrada Família. Os pais geram os filhos, mais aqui é o Filho quem escolhe o seu pai.

Jesus quis viver numa família, e ali viveu durante trinta anos, só saindo dela para a sua missão pública e redentora da humanidade. A Família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar.

Como disse Paulo VI: “Que Nazaré nos ensine o que é família, sua comunhão de amor, sua beleza austera e simples, seu caráter sagrado e inviolável […]. Uma lição de trabalho […]” (05/01/64).

Cristo, nascendo e vivendo numa família, redimiu e santificou todas as famílias.

Os que atentam hoje contra os valores sagrados da família: indissolubilidade do matrimônio, fidelidade conjugal, defesa da vida, etc., atentam frontalmente contra Deus. Os que pregam a defesa do aborto, da eutanásia, do divórcio, dos casamentos de homossexuais, dos úteros de aluguel, das experiências com embriões, da concepção in-vitro [bebê de proveta], da limitação da natalidade por quaisquer meios, esses, lutam contra Deus e contra a família.

Vivendo na família de Nazaré, Jesus nos ensinou a importância da submissão e obediência dos filhos aos pais. Ele, mesmo sendo Deus, se fez obediente àqueles que Ele mesmo criou e escolheu para seus pais. Cumpriu em tudo o quarto mandamento que manda “honrar” os pais. Mais do que ninguém obedeceu à Palavra de Deus que diz:

“Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro”.

“Quem teme o Senhor honra pai e mãe” (Eclo 3).

Por ser a família, a própria imagem da Trindade na terra, o Concílio Vaticano II a denominou de “igreja doméstica”, e o Papa João Paulo II a chamou de “santuário da vida”. É ali que a vida é gerada, cuidada, amada e engrandecida. É no seio da família que o ser humano é construído. Foi no seio da família de Nazaré que o Menino Jesus foi preparado para a grande missão de Salvador dos homens.

Portanto, a família é a grande escola da vida, é o educandário do amor, da fé, da justiça, da paz e da santidade.

É porque a família é hoje tão ofendida pelas pragas da imoralidade, que a sociedade paga um alto preço social: jovens delinquentes, crianças abandonadas, pais separados, homens e mulheres frustrados, tanta violência, tanto crime, tanta morte…

Essas pobres crianças e jovens desorientados, que vivem pelas ruas, perdendo-se nas drogas, no crime, na violência, na homossexualidade e nas bebidas, etc., apenas estão buscando com isso um pouco de calor humano, afeto, que deveriam ter recebido em suas famílias, e não receberam.

O triste espetáculo de crianças e jovens drogados nada mais é do que o fruto da destruição familiar, causado por um mundo sem Deus, sem moral, sem religião.

O filho que foi amado e querido por seus pais, até o fim da sua adolescência, jamais será um desequilibrado ou perigoso para a sociedade.

O Catecismo diz que a “família é a sociedade natural onde o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores morais, em que se pode começar a honrar a Deus e a usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade” (CIC nº 2207).

Por tudo o que foi dito até aqui podemos entender o quanto o lar é um local adequado para a santificação dos pais e dos filhos.

“É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo… os primeiros mestres da fé”, ensina a Igreja (LG, 11).

“É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. É ai que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida” (CIC §1657).

Essas palavras do Catecismo mostram que o lar é a escola das virtudes humanas; logo, lugar de santificação.

Para os pais, a vida conjugal é uma oportunidade riquíssima de santificação, na medida em que, a todo instante, precisam lutar contra o próprio egoísmo, soberba, orgulho, desejo de dominação, etc., para se tornar, com o outro, aquilo que é o sentido do matrimônio: “uma só carne”, uma só vida, sem divisões, mentiras, fingimentos, tapeações, birras, azedumes, mau-humor, reclamações, lamúrias, etc.

A luta diária e constante para ser “exemplo para os filhos”, para manter a fidelidade ao outro, para “vencer-se a si mesmo”, a fim de se construir um lar maduro e santo, faz com que caminhemos para a na nossa santificação.

O amor do casal é o sinal e o símbolo do amor de Deus à humanidade, e amor de Cristo à Igreja (cf. Ef 5,21s). Ao se pôr a caminho para conquistar “esse amor”, o casal se santifica.

A busca da unidade profunda como a do “café com o leite”, o desafio de “construir o outro”, alguém querido, a solução conjunta de todos os problemas, o diálogo frequente e amoroso, o respeito mútuo, enfim, a busca da maturidade essencial para a vida a dois, tudo isso santifica o casal.

Além do mais, o conhecimento profundo do “mistério do outro” a luta para aceita-lo e entende-lo, para ajudá-lo a crescer, a paciência, o perdão dado, as renúncias de cada dia, a atenção com o outro para vencer a frieza e a monotonia, o cuidado do lar, da roupa, da comida, do estudo dos filhos, etc., tudo isso concorre para que os pais se santifiquem mutuamente. Deus quis assim, e fez do casamento uma grande escola de santidade. O casal que quiser atingir a perfeição matrimonial, como é o desígnio de Deus, naturalmente chegará à santidade. A casa é para o casal e os filhos, o que o mosteiro é para o monge.

A luta que travamos conosco mesmo para aceitar e suportar os defeitos do outro, a cada dia, com paciência e compreensão, faz-nos santos.

As cruzes do lar, o desemprego, as doenças, as dúvidas, os vícios do cônjuge, a dificuldade com os parentes, a preocupação com os problemas dos filhos, etc., tudo isso, torna-se no casamento como que o “fogo” que queima as ervas daninhas de nossa alma e nos encaminha para a perfeição cristã.

É preciso saber aproveitar toda e qualquer dificuldade do lar para fazer dela um degrau de crescimento na fé e no amor a Deus, pois “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28).

Por outro lado, a enorme tarefa que Deus confia aos pais, na geração e na educação dos filhos, o exercício dessa missão sagrada coopera para a santificação deles.

O Catecismo diz que:

“O papel dos pais na educação dos filhos é tão importante que é quase impossível substituí-los”. E que: “O direito e o dever de educação são primordiais e inalienáveis para os pais” (§2221; FC 36). Para cumprir com responsabilidade essa sagrada missão, os pais devem criar um lar tranquilo para os filhos, onde se cultive a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado. Aí deve ser cultivado a abnegação, o reto juízo, o domínio de si, para que haja verdadeira liberdade.

Diz o livro do Eclesiástico:

“Aquele que ama o filho castiga-o com frequência; aquele que educa o seu filho terá motivo de satisfação” (Eclo 30, 1-2).

Esse “castiga-o com frequência” deve ser entendido como “corrige-o com frequência”. Mas São Paulo lembra que os pais não podem humilhar e magoar os filhos ao corrigi-los:

“E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e na correção do Senhor” (Ef 6,4).

É claro que esse equilíbrio e dedicação que é exigido dos pais para educar bem os filhos, é motivo também de crescimento para os próprios pais. E é bom lembrar aos pais que saber reconhecer diante dos filhos, os próprios defeitos, não é humilhação e sim coerência, e isto facilita guiá-los e corrigi-los, como ensina o próprio Catecismo (nº 2223).

“Os filhos, diz o Catecismo, por sua vez, contribuem para o crescimento de seus pais em santidade. Todos e cada um se darão generosamente e sem se cansarem o perdão mútuo exigido pelas ofensas, as rixas, as injustiças e os abandonos. Sugere-o a mútua afeição. Exige-o a caridade de Cristo” (CIC, §2227; Mt 18,21-22).

A Igreja também ensina que os pais, pela graça do matrimônio, receberam o direito e o dever de evangelizar os filhos, iniciando-os, desde a infância, nos mistérios da fé. E fazendo isso os pais estão, de certo modo, evangelizando a si mesmos.
Para os filhos, o dever de honrar os pais, estabelece um verdadeiro programa de santificação.

Lembra a Palavra de Deus aos filhos:

“Honra teu pai de todo o coração e não esqueças as dores de tua mãe. Lembra-te que fostes gerado por eles. O que lhes darás pelo que te deram?” (Eclo 7,27-28).

“Um filho sábio escuta a disciplina do pai e o zombador não escuta a reprimenda” (Pr 13,1).

“Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, pois isso é agradável ao Senhor” (Cl 3,20; Ef 6,1).

“Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra a sua mãe é como quem ajunta um tesouro. Aquele que respeita o pai encontrará alegria nos filhos e no dia de sua oração será atendido” (Eclo 3,2-6).

Todo o capítulo três do livro do Eclesiástico mostra a importância dos pais na vida dos filhos. A observância dessas normas santificará os filhos e lhes dará a bênção de Deus. Essa bênção é dada através dos pais:

“Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê a sua bênção, e que esta permaneça em ti até o último dia da tua vida”.

“A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos; a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (9-11).

Um filho abençoado pelos pais é um filho abençoado pelo próprio Deus, porque “a paternidade humana tem a sua fonte na paternidade divina” (CIC nº 2214).

Infelizmente os filhos já não pedem a bênção para os seus pais hoje, porque não lhes foi ensinado a importância dessa bênção. É preciso resgatar esse costume santo, que torna a vida dos filhos mais santa.

Vemos assim que Deus estabeleceu a família como o meio privilegiado para a nossa salvação e santificação, tanto dos pais quanto dos filhos.

As provações da vida familiar são riquíssimas para a santificação de toda a família. As doenças, as lágrimas, os revezes, enfim as cruzes, não vêm por acaso. Só os pagãos creem no acaso e no destino. O cristão acredita que tudo vem de Deus. Muitas vezes Ele fere o corpo para salvar a alma. Quanta gente, piedosa e devota, que na hora do “sofrimento purificador” se comporta como um pagão! “É o destino!… fatalidade!…”

Saber aproveitar as lições dos sofrimentos diários, e acolhê-los com fé, é receber uma multidão de graças do Céu. São Francisco de Assis acolhia a doença com gratidão: “Senhor, os sofrimentos que me enviais são, aos meus olhos, incomparáveis tesouros. Agradeço a Vossa Misericórdia Infinita, que me castiga neste mundo para me poupar para a eternidade”.

Os sofrimentos do lar são, muitas vezes, mais difíceis de suportar do que os que vêm de fora. São Francisco de Sales dizia que: “Ser desprezado e acusado pelos maus é até doce para um homem de coragem; mas, ser repreendido, acusado, maltratado pelas pessoas de bem, pelos amigos, pelos parentes… como é doloroso!” O Santo dizia que são como “picadas de abelhas”, ardem mais do que as das moscas, embora as abelhas produzam um mel tão doce. Os espinhos do lar são as pequenas cruzes com as quais o Senhor nos santifica a cada dia.

Os santos afirmavam que as provações mais difíceis de suportar são aquelas que nos vêm através dos bons, das pessoas que mais amamos. Alguém os chamou de “os bons carrascos”. As vezes são nossos pais, irmãos, esposa, filhos, ou bons amigos.

Retirado do livro: “Família, Santuário da Vida”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Sacrifício: a força vital do amor

udra11 | Shutterstock
Por Peter Cameron

Entenda como, por meio de nossos sacrifícios, nós nos abrimos e criamos um espaço para o qual flui o amor e a graça de Deus.

Geralmente, recusamos a palavra “sacrifício” porque ela parece implicar em “desistir” de coisas sem as quais não podemos viver. Mas, na verdade, o sacrifício é a força vital do amor. 

Quantas vezes uma mãe fará o “sacrifício” de levantar no meio da noite para cuidar de seu filho que chora? O sacrifício é um dom de amor em resposta a outra graça.

O místico católico Caryll Houselander escreveu: “Um sacrifício não é, como muitos imaginam, uma mortificação; não é algo meritório de acordo com seu grau de desagrado. Pelo contrário, no sacrifício real há uma alegria que supera todas as outras alegrias, é o ápice do amor”.

O sacrifício é o que preserva o que amamos. Sacrifícios são necessários para evitar que o que amamos se corrompa ou se deteriore (pense nos sacrifícios que você faz para manter seu carro novinho em folha). O sacrifício é a antítese da indiferença; o oposto do egoísmo. De fato, fazer um sacrifício significa recusar-se conscientemente ser “o centro do universo”, a fim de encontrar algo maior que si mesmo. Algo que nos leve a tomar posse do nosso verdadeiro eu. 

O que nos motiva a fazer sacrifícios é o fato de pertencermos ao Outro. Através do sacrifício, expressamos nosso compromisso de viver para aquele Outro. E essa entrega de nós mesmos não é um ato de perder, mas de ganhar. Pois, como observou o Cardeal Ratzinger, “o sacrifício consiste em tornar-se totalmente receptivo a Deus e deixar-se tomar totalmente por Ele”. 

Por meio de nossos sacrifícios, nós nos abrimos e criamos um espaço para o qual flui o amor e a graça de Deus. “Um sacrifício é uma entrada naquilo que Deus já possui” (Monsenhor Robert Sokolowski).            

A essência da grandeza humana é nos esforçarmos por algo maior do que nós mesmos, pois a felicidade vem através do sacrifício. É por isso que a Missa também é chamada de “Sacrifício”. 

“Sacrifício é toda ação realizada para se apegar a Deus em comunhão de santidade”

CIC, 2099

Enfim, a oração é sacrifício, pois, através dela, imploramos para que a convicção que temos sobre Jesus Cristo permeie todos os aspectos de nossa vida, tudo o que amamos, para que possamos amar a vida com mais pureza e, assim, compartilhar o caminho que nosso Salvador nos mostra.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Caminho de Pedro: terceira etapa dedicada ao encontro com Simão Mago

Estátua de São Pedro na Basílica Vaticana | Vatican Media

Realiza-se na noite desta terça-feira (28/02), na Basílica de Santa Francisca Romana, em Roma, a terceira etapa dos encontros organizados pela Diocese de Roma e o vicariato para a Cidade do Vaticano dedicados a redescobrir os vestígios do apóstolo na cidade eterna. A relação entre ele e o mago, o pai de todas as heresias, explica frei Agnello Stoia, pároco da Basílica Vaticana, é a relação entre a verdade e a mentira.

Vatican News

O "Caminho de Pedro", iniciativa promovida pela Diocese de Roma e pelo Vicariato para a Cidade do Vaticano para redescobrir os vestígios do Apóstolo em Roma, faz uma parada esta terça-feira, 28 de fevereiro às 19h30 na Basílica de Santa Francisca Romana, onde se conserva a memória do confronto entre Pedro e Simão Mago. O local da igreja, situado entre o Fórum Romano e o templo de Vênus e Roma e também conhecido como Santa Maria Nova para distingui-la da vizinha Santa Maria Antiqua, é de fato o local onde morreu Simão Mago. Uma pedra recorda o acontecimento: sobre esta ainda se podem ver as marcas dos joelhos de Pedro, que se ajoelhou em oração.

Os encontros do Apóstolo com Simão Mago

"Simão Mago é conhecido por dois episódios", explica monsenhor Andrea Lonardo, diretor do departamento de cultura e universidades da Diocese de Roma, que dará uma aula sobre o assunto esta terça-feira: "O primeiro é um fato histórico, e também é relatado nos Atos dos Apóstolos. Simão Mago foi um mágico que tentou subornar Pedro, oferecendo-lhe dinheiro para que também ele pudesse dar o Espírito Santo. Daí o termo "simonia". A este evento, acrescenta-se outro com menos fundamento. Simão Mago e Pedro se reencontrariam mais tarde em Roma, no Fórum, diante de Nero. Simão Mago pediu ao imperador que o reconhecesse como uma divindade, dizendo que ele era capaz de voar. Ele teria começado a voar diante dos olhos de São Pedro e Nero. Nesse momento Pedro teria se ajoelhado e, orando, teria posto um fim à levitação de Simão Mago, que teria caído no chão e morrido.

A falsidade da magia

"Esta figura", continua monsenhor Lonardo, "levanta as questões do dinheiro e sobretudo se a magia tem valor para a fé cristã. A magia é, em primeiro lugar, falsa. Pense nos horóscopos, por exemplo. Mas além de falsa, é perigosa, porque há anjos caídos, isto é, demônios... apelar para espíritos que não são os anjos de Deus é entrar em contato com o mundo do Maligno, e isto foi o que fez Simão Mago, que de fato cai e morre, porque o Maligno quer que caiamos".

O pai de todas as heresias

"Na antiga tradição patrística - explica o padre Agnello Stoia, pároco de São Pedro, um dos organizadores da iniciativa -, "Simão Mago é o pai de todas as heresias. Pedro e Simão Mago representam os polos opostos da verdade e da mentira. Muitas vezes a mentira é muito mais estruturada e construída, mas, despojada de sua aparência, ela é vazia por dentro. A verdade, ao invés, aparece nua em comparação com tal roupagem. Este é muitas vezes o caso ainda hoje no tempo das fake news, cheias de detalhes totalmente verossímeis, enquanto a verdade, em sua simplicidade, parece perder sua força se não for apoiada por uma série de elementos circunstanciais que nos ajudam a compreendê-la. Também nisto, a vida do apóstolo Pedro nos ajuda a nos orientarmos e a entrar na verdade das coisas.  A verdade não é apenas um ato intelectual, nem é apenas um ato moral: a verdade é uma relação com uma luz mais elevada e profunda que faz crescer a capacidade de olhar, de compreender e de amar. É necessário humildade, a humildade que Pedro teve quando se ajoelhou para rezar".

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

O céu, nossa maior aspiração

zebra0209 | Shutterstock
Por Vanderlei de Lima

Como pode o ser humano (finito) ver a Deus (infinito) face a face? Onde fica o céu?

É verdade de fé que “existe o paraíso, ou vida eterna, no qual os justos participam eternamente da bem-aventurança eterna” (Bernardo Bartmann. Teologia dogmática. vol. 3. São Paulo: Paulinas, 1962, p. 425).

A definição de Bartmann é deveras importante, mas cabe dizer, logo de início, que a fé na vida eterna é tão presente (de um ou de outro modo), em todos os seres humanos de todos os tempos, que “a Igreja jamais teve que combater heresias relacionadas com o paraíso” (Bartmann. Op. cit., p. 425; cf. Curso sobre problemas de fé e moral. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2007, p. 129-130). Contudo, nem por isso o Magistério deixou de oferecer, à luz da Escritura (cf. Mt 5,8; 1Cor 13,12; 1Jo 3,1-2; 2Cor 5,6-8; Lc 14,16-24; Mt 25,1-12; 22,1-14; Lc 12,37; 13,29; 23,43; Ap 21-22), sua doutrina sobre o céu.

Diz o Catecismo da Igreja Católica: “Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão ‘tal como Ele é’ (1Jo 3,2), ‘face a face’ (1Cor 13,12)” (n. 1023). O mesmo parágrafo cita a Constituição Apostólica BenedictusDeus, do Papa Bento XII, datada de 1336, a definir: todos aqueles que morrem totalmente purificados de seus pecados “mesmo antes de ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal […], estiveram, estão e estarão no céu, no Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na companhia dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de nosso Senhor Jesus Cristo, essas almas viram e veem a essência divina com uma visão intuitiva e face a face, sem a mediação de nenhuma criatura”. Eis a essência do céu: a visão de Deus face a face como jamais imaginada neste mundo (cf. 1Cor 2,9); a entrada e a permanência para sempre no gozo de nosso Senhor (cf. Mt 25,23).

Pergunta-se então: onde fica o céu? — Bartmann diz que “a essa questão não se pode dar nenhuma resposta” (Op. cit., p. 434). Afinal, “segundo a fé, o paraíso está onde a alma goza da bem-aventurança, que consiste na visão de Deus e da participação do Ser e da vida de Deus” (idem, p. 438). Correto! A participação na vida grandiosa de Deus começa neste mundo, conforme escreve Dom Estêvão Bettencourt, OSB: “Para o cristão, a futura visão de Deus já tem seu fundamento nos dons que o Batismo lhe comunicou e que nele vão desabrochando durante esta vida; a visão beatífica não é senão a consumação de uma caminhada iniciada na terra. Com efeito, ainda aqui, o cristão, em estado de graça, participa da vida divina; possui dentro de si o princípio que o habilita a ver a Deus como Deus vê a si mesmo” (Curso de Escatologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1993, p. 43). Eis que, já neste vale de lágrimas, “o banquete eucarístico é uma antecipação da plenitude eterna na comunidade de amor entre Cristo e os unidos a ele” (Michel Schmaus. Afé da Igreja. vol. 6. Petrópolis: Vozes, 1981, p. 232).

Questiona-se o seguinte: como pode o ser humano (finito) ver a Deus (infinito) face a face? – Respondemos que para a visão de Deus face a face, após a morte, no céu, é preciso que o mesmo Deus fortaleça o intelecto dos justos com a infusão da chamada luz da glória (lumen gloriae). Ela, enquanto espiritual e divina, faz a mente como que se dilatar a fim de receber em si a imensidão de Deus (cf. Reginald Garrigou-Lagrange. O homem e a eternidade. São Paulo: Flamboyant, 1959, p. 265-266).

Certo é, porém, que essa visão de Deus, no céu, supõe graus diversos (cf. Jo 14,2), segundo o amor a Ele com o qual a alma deixou este mundo. Aquela que mais amou mais será recompensada. Todavia, cada uma tem – dentro da sua capacidade de amor – a visão total de Deus uno e trino; ou seja, vê a Deus por inteiro, mas não de modo exaustivo. Afinal, a grandeza divina (o maior) não pode, por lógica, caber na criatura espiritual (o menor). Assim, Deus, embora visto em sua totalidade, será sempre novo à alma eleita, o que desperta a constante adoração (cf. Ap 4,9-11).

A alma eleita vê, em Deus, tudo o que diz respeito a ela (parentes, amigos e suas necessidades) e intercede sempre nessas intenções (cf. Cursode Escatologia, p. 39-40).

Louvemos, pois, a Deus por nos chamar à vida divina com Ele e ainda nos dar os meios para tal, sobretudo o Batismo, a Penitência e a Eucaristia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES (9/16)

O cristianismo e as religiões | Vecteezy

 COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES

(1997)

II.3. A universalidade do Espírito Santo

50. A universalidade da ação salvífica de Cristo não pode ser entendida sem a ação universal do Espírito Santo. Um primeiro elemento dessa universalidade da obra do Espírito já se encontra na criação. O Antigo Testamento nos mostra o Espírito de Deus sobre as águas (cf. Gn 1,2). E o livro da Sabedoria 1,7 indica que "o Espírito do Senhor enche a terra e, contendo o universo, tem conhecimento de cada som".

51. Se isso se pode dizer de todo o universo, vale especialmente para o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, conforme Gênesis 1,26-27. Deus faz o homem para estar presente nele, para ter nele sua morada; olhar alguém com benevolência, estar junto dele, quer dizer ser seu amigo. Assim se pode falar da amizade original, amicitia originalis, do homem com Deus e de Deus com o homem (Conc. Trident. Sessio VI, cap. 7, DS 1528) como fruto da ação do Espírito. A vida em geral, e a do homem em particular, põe-se em relação mais ou menos explícita com o Espírito de Deus em vários trechos do AT (cf. SI 104,29-30; Jó 34,14-15; Ecl 12,7). João Paulo II relaciona com a comunicação do Espírito a criação do homem à imagem de Deus e na amizade divina (cf. DV 12; 34).

52. A tragédia do pecado consiste em que, em vez da proximidade entre Deus e o homem, estabelece-se a distância. O espírito das trevas apresentou-se a Deus como inimigo do homem, como ameaça (cf. Gn 3,4-5; João Paulo II, DV, 38). Deus, porém, aproximou-se do homem por meio das diversas alianças de que nos fala o AT. A imagem e a semelhança significam desde o início capacidade de relação pessoal com Deus e, portanto, capacidade de aliança. Assim, Deus aproximou-se gradualmente dos homens, mediante as diversas alianças com Noé (cf. Gn 7,lss), Abraão e Moisés, com os quais Deus se fez amigo (Tg 2,23; Ex 33,11).

53. Na Nova Aliança, Deus se aproximou tanto do homem que enviou seu Filho ao mundo, encarnado por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria. Esta aliança, ao contrário da precedente, não é da letra, mas do Espírito (cf. 2Cor 3,6). É a aliança nova e universal, a aliança da universalidade do Espírito. A universalidade quer dizer versus unum, rumo ao uno. A própria palavra "espírito" quer dizer movimento, e este inclui o "rumo", a direção. O Espírito é chamado dynamis(Ap 1,8), e a dynamis inclui a possibilidade de uma direção. Das palavras de Jesus sobre o Espírito Paráclito se deduz que o "ser rumo" refere-se a Jesus.

54. A estreita conexão entre o Espírito e Cristo manifesta-se na unção de Jesus. Jesus Cristo significa precisamente Jesus o Ungido de Deus com a unção que é o Espírito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção..." (Lc 4,18; Is 61,1-2). Deus ungiu a Jesus "com a unção do Espírito Santo e do poder", e assim "passou por toda parte como benfeitor, curava a todos os que o diabo mantinha escravizados" (At 10,38). Como diz Ireneu, "no nome de Cristo se subentende o que unge, o que é ungido e a própria unção com a qual é ungido. O que unge é o Pai, o ungido é o Filho, no Espírito que é a unção. Como diz a Palavra por meio de Isaías: 'O Espírito de Deus está sobre o seu ungido' (Is 61,1-2), significando o Pai que unge, o Filho ungido, e a unção que é o Espírito" (23).

55. A universalidade da aliança do Espírito é, portanto, a da aliança em Jesus. Jesus se ofereceu ao Pai em virtude do Espírito eterno (cf. At 9,14) no qual foi ungido. Essa unção se estende ao Cristo total, aos cristãos ungidos pelo Espírito e à Igreja. Inácio de Antioquia já indicou que Jesus recebeu a unção "para inspirar incorrupção à sua Igreja" (24). Jesus foi ungido no Jordão, segundo Ireneu, "para que fôssemos salvos ao receber da abundância de sua unção" (25). Gregório de Nissa o expressou com uma imagem profunda e bela: "A noção de unção sugere (...) que não há nenhuma distância entre o Filho e o Espírito. De fato, assim como entre a superfície do corpo e a unção do azeite nem a razão nem a sensação conhecem intermediários, igualmente é imediato o contato do Filho com o Espírito; portanto, aquele que está a ponto de entrar em contato com o Filho mediante a fé deve necessariamente entrar antes em contato com o azeite. Nenhuma parte carece do Espírito Santo" (26). O Cristo total inclui em certo sentido todo homem, porque Cristo se uniu a todos os homens (GS 22). O próprio Jesus disse: "Todas as vezes que o fizestes a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25,40).

56. A Igreja é o lugar privilegiado da ação do Espírito. Nela, corpo de Cristo, o Espírito suscita os diferentes dons para utilidade comum (cf. 1 Cor 12,4-11). É conhecida a formulação de Ireneu: "Onde está o Espírito do Senhor ali está a Igreja, e onde está a Igreja está o Espírito do Senhor, e toda a graça" (27). E são João Crisóstomo: "Se o Espírito Santo não estivesse presente não existiria a Igreja; se existe a Igreja, isso é um claro sinal da presença do Espírito" (28).

57. Algumas passagens do NT parecem insinuar o alcance universal da ação do Espírito, sempre em relação com a missão evangelizadora da Igreja que há de chegar a todos os homens. O Espírito Santo precede e guia a pregação, está na origem da missão aos pagãos (cf. At 10,19.44-47). A superação do pecado de Babel terá lugar no Espírito. Ao contrário da tentativa dos construtores da torre de Babel, que com seus próprios esforços querem chegar ao céu, a morada de Deus, agora o Espírito Santo desce do céu como um dom e dá a possibilidade de falar todas as línguas e de escutar, cada um em sua própria língua, as grandezas de Deus (cf. At 2,1-11). A torre de Babel era um esforço para realizar a unidade sem universalidade: "Conquistemos para nós um nome [um sinal de unidade], a fim de não sermos dispersados sobre toda a superfície da terra" (Gn 11,4). Pentecostes foi o dom da universalidade na unidade: "Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e se puseram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia exprimir-se" (At 2,4). No dom do Espírito de Pentecostes se há de ver a perfeição da aliança do Sinai (cf. Ex 19,lss), que passa assim a ser universal.

O dom do Espírito é o dom de Jesus ressuscitado e elevado ao céu à direita do Pai (cf. At 2,32; Jo 14.15.26; 15,26; 16,7; 20,22); trata-se de um ensinamento constante no Novo Testamento. A própria ressurreição de Jesus se realiza com a intervenção do Espírito (cf. Rm 1,4; 8,11). O Espírito Santo nos é dado como Espírito de Cristo, Espírito do Filho (cf. Rm 8,9; Gl 4,6; Fl 1,19; At 16,7). Não se pode, portanto, pensar em uma ação universal do Espírito que não esteja em relação com a ação universal de Jesus. Os Padres não deixaram de salientar isso (29). Só pela ação do Espírito os homens podem ser conformados com a imagem de Jesus ressuscitado, novo Adão, em quem o homem adquire definitivamente a dignidade a que estava chamado desde as origens: "E nós todos que, de rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor, somos transfigurados nesta mesma imagem, com glória sempre maior, pelo Senhor, que é Espírito" (2 Cor 3,18). O homem, criado a imagem de Deus, pela presença do Espírito é renovado à imagem de Deus (ou de Cristo) segundo a ação do Espírito. O Pai é o pintor; o Filho, o modelo segundo o qual o homem é pintado; e o Espírito Santo, o pincel com que o homem é pintado na criação e na redenção.

59.Por isso o Espírito Santo conduz a Cristo, dirige a todos os homens para o Ungido. Cristo, de sua parte, dirige-os para o Pai. Ninguém vai ao Pai se não é por Jesus, porque Ele é o caminho (cf. Jo 14,6); porém, é o Espírito Santo quem guia os discípulos para a verdade inteira (cf. Jo 16,2). A palavra "guiará" (hodegései) inclui o caminho (hódos). Portanto, o Espírito Santo guia pelo caminho que é Jesus, que conduz ao Pai. Por isso ninguém pode dizer "Jesus é o Senhor" se não é sob a ação do Espírito Santo (cf. 1 Cor 12,3). E a terminologia do Paráclito, empregada por João, nos indica que o Espírito é o advogado no juízo que começou em Jerusalém e continua na história. O Espírito Paráclito defenderá Jesus das acusações de que é objeto em seus discípulos (cf. Jo 16,8-11). O Espírito Santo é assim a testemunha de Cristo, e por ele os discípulos podem sê-lo: "Ele próprio dará testemunho de mim, e, por vossa vez, vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo" (Jo 15,26-27).

60. O Espírito, portanto, é dom de Jesus e conduz a ele, contudo o caminho concreto pelo qual guia os homens é conhecido apenas por Deus. O Vaticano II formulou isso com clareza: "Cristo morreu por todos, e a vocação última do homem é, de fato, uma só, a divina; por isso devemos crer que o Espírito Santo dá a todos a possibilidade de ser associados, do modo que Deus conhece, ao mistério pascal" (GS 22). Não tem sentido afirmar uma universalidade da ação do Espírito que não se encontre em relação com a significação de Jesus, o Filho encarnado, morto e ressuscitado. Mais propriamente, em virtude da obra do Espírito, todos os homens podem entrar em relação com Jesus que viveu, morreu e ressuscitou em um lugar e em um tempo concretos. Por outro lado, a ação do Espírito não se limita às dimensões íntimas e pessoais do homem, estendendo-se também às sociais: "Este Espírito é o mesmo que atuou na encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus, e a tua na Igreja. Não é, portanto, uma alternativa a Cristo, nem preenche uma espécie de vazio, como às vezes se presume existir, entre Cristo e o Logos. O que o Espírito realiza no coração dos homens, ou na história dos povos, nas culturas ou religiões, assume um papel de preparação evangélica e só pode referir-se a Cristo" (RM 29).

61. O âmbito privilegiado da ação do Espírito é a Igreja, corpo de Cristo. No entanto, todos os povos são chamados, de vários modos, à unidade do povo de Deus que o Espírito promove: "Esse caráter de universalidade que adorna e distingue o povo de Deus é dom do mesmo Senhor, e com ele a Igreja católica, eficaz e constantemente, tende a recapitular toda a humanidade, com todos os seus bens, em Cristo cabeça, na unidade de seu Espírito (...). Todos os homens, portanto, estão chamados a essa unidade católica do povo de Deus, que prefigura e promove a paz universal, e à qual de vários modos pertencem ou se ordenam os fiéis católicos, os outros crentes em Cristo e também, enfim, todos os homens, chamados pela graça de Deus à salvação" (LG 13). E a mesma universalidade da ação salvífica de Cristo e do Espírito que leva à pergunta sobre a função da Igreja como sacramento universal de salvação.

NOTAS:

23. Adv. Haer. III 18,3 (Sch 211, 350-352). Quase literalmente repetem a idéia Basílio de Cesaréia, De Spiritu Sancto XII 28 (Sch 17bis, 344), e Ambrósio de Milão, De Spiritu Sancto I 3, 44 (CSEL 79, 33).

24. Ad Ephesios 17, 1 (Sch 10, 86).

25. Adv. Haer. III 9,3 (Sch 211, 112). Para Ireneu, o Espírito desce sobre Jesus para “habituar-se” a habitar no gênero humano, ibid. 17,1 (330).

26. De Spir. Sancto contra Macedonianos 16 (PG 45 1321 A-B).

27. Ireneu, Adv. Haer. III 24,1 (Sch 211, 474).

28. Hom. Pent. I 4 (PG 49, 459).

29. A modo de exemplo, Ireneu de Lião, Adv. Haer III 17, 2 (Sch 211, 334): “(…) Dominus accipiens munus a Patre ipse quoque his donavit qui ex ipso participantur, in universam terram mittens Spiritum Sanctum”; Hilário de Poitiers, Tr. ps. 56,6 (CSEL 22, 172): “Et quia exaltatus super caelos impleturus esset in terris omnia sancti spiritus gloria, subiecit: et super omnem terram gloria tua (Sl 57,6.12). Cum effusum super omnem carnem spiritus donum gloriam exaltati super caelos domini protestaretur”.

Fonte: https://www.vatican.va/

Igrejas Orientais iniciam "Grande Jejum" da Quaresma sob o signo dos Padres da Igreja

Cruzes em pedra na Capela de Santa Helena, na Igreja do 
Santo Sepulcro em Jerusalém | Vatican News

Os Patriarcas das Igrejas Orientais Católicas começaram o tempo do "Grande Jejum", com longas e profundas Cartas pastorais aos fiéis, nas quais destacam a importância dos escritos dos Padres e dos grandes Teólogos do Oriente, sugerindo viver com intensidade os quarenta dias que precedem a paixão, morte e ressurreição de Cristo Redentor.

As Igrejas Orientais iniciam o tempo penitencial da Quaresma, enquanto o terremoto, pobreza, conflitos e crise política continuam a semear sofrimento e angústia no Oriente Médio.

Os Patriarcas das Igrejas Orientais Católicas começaram o tempo do "Grande Jejum", com longas e profundas Cartas pastorais aos fiéis, nas quais destacam a importância dos escritos dos Padres e dos grandes Teólogos do Oriente, sugerindo viver com intensidade os quarenta dias que precedem a paixão, morte e ressurreição de Cristo Redentor.

Assim, graças à memória do patrimônio espiritual de suas Igrejas, os Patriarcas oferecem não palavras vazias ou trocadilhos neoconformistas, mas contribuições úteis para viver o tempo quaresmal, como tempo propício em vista do encontro pascal com Jesus, no qual encontram consolações, mesmo diante das novas tribulações, que atormentam os povos do Oriente Médio.

Os líderes das Igrejas Orientais repropõem em suas Cartas jejum, oração, penitência e obras de caridade, como as práticas que sempre caracterizaram o tempo quaresmal, vivido na fé em Cristo.

O cardeal iraquiano Louis Raphael I Sako, Patriarca da Igreja Caldeia, recordou que “para São João Crisóstomo (347-407), a oração torna possível o impossível e fácil o difícil. É impossível, para uma pessoa que reza, cometer pecado. A oração não é uma pesquisa teológica, mas se concentra em quem esperamos; é uma pena que a prática da penitência esteja atualmente em crise, devido à ignorância e inconsciência do pecado. O arrependimento e a confissão dos nossos pecados ajudam-nos a superar nossas fraquezas e a nos purificar”.

Ao citar Isaac de Nínive (século VII), o Patriarca iraquiano afirma que “com a penitência, a graça que perdemos depois do batismo, com uma vida ociosa, se renova em nós pelo arrependimento e discernimento da mente. Quem não se arrepende é privado da iminente bem-aventurança". Por fim, o Patriarca caldeu convidou os batizados a coletar ofertas, resultantes do jejum, que serão destinadas às vítimas do terremoto na Síria e na Turquia.

Por usa vez, em sua Carta pastoral para a Quaresma, o Patriarca sírio-católico Ignace Youssif III Younan, repropôs o jejum, a oração, a penitência e a esmola como práticas para se conformar com o próprio Jesus, que, no Evangelho, ensina: "Deus não quer sacrifícios, mas misericórdia". Com essas palavras, o Patriarca Younan observou: "Jesus nos revelou, claramente, que não veio para os justos, mas os pecadores, pois os sãos não precisam de médico, mas os doentes sim". E acrescentou que “o jejum e a esmola que a Igreja propõe, além da oração, sobretudo no tempo da ‘Grande Quaresma’, constituem uma ocasião oportuna para nos identificarmos com o olhar de Cristo”.

E citando um grande teólogo do Oriente, Santo Efrém, o Sírio, o Patriarca recordou: “Quem jejua de pão e se defende do mal é como uma águia veloz, que o maligno não pode afugentar. Quem jejua com pureza eleva seus pensamentos ao Altíssimo e despreza as concupiscências do mundo, porque seus pensamentos estão em Deus”.

O Primaz da Igreja Católica Siríaca, citando a Mensagem de Bento XVI para a Quaresma de 2006, concluiu: "Enquanto o tentador nos leva ao desespero ou diz que as obras das nossas mãos são vãs, ali Deus nos protege e sustenta”. Hoje, diante dos sofrimentos causados pelo terremoto, só Ele pode dissipar as “trevas do medo”.

Ao falar da urgência cristã de ajudar os irmãos e irmãs atingidos pelo terremoto, o cardeal e Patriarca maronita, Béchara Boutros Raï, também citou os Padres das Igrejas Orientais em sua Carta para a Quaresma: "Ninguém tem o direito de usar seu dinheiro como quem o usa segundo o próprio desejo, mas como pessoa a quem lhe é confiado", escreveu São Basílio Magno; no entanto, São Gregório de Nice afirma: "O que brota de você não é seu e, portanto, você não pode se tornar seu dono". A regra do jejum, concluiu o Patriarca Maronita "é aquela que, com a economia do jejum, ajuda os necessitados".

*Agência Fides

Peregrinações a Barbastro (Huesca - Espanha)

Mártires Claretianos - Museu  | neocatechumenaleiter
CnCMadrid - Janeiro/2023

BARBASTRO E SEUS MÁRTIRES

Durante a Guerra Civil espanhola, a Igreja católica sofreu uma grande perseguição, 10 mil pessoas foram assassinadas por sua fé. Barbastro, apesar de seu pequeno tamanho, foi a diocese com mais mártires de toda a Espanha, sendo 88% do clero.

“Espanha deu Cursilhos de Cristandade, o Opus Dei, o Caminho Neocatecumenal e tudo o que quiser, sabe por quê? Porque houve uma guerra civil espanhola em que mataram mais de seis mil padres, torturados, mártires: não houve uma só apostasia. As raízes do Caminho Neocatecumenal estão banhadas no sangue de muitos mártires da Espanha.”

Kiko Argüello

CARMEN HERNÁNDEZ

“A infância de Carmen esteve marcada pelo acontecimento da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), vivida entre Tudela e Ólvega. Foi um momento verdadeiramente difícil e dramático para toda Espanha. Aquele foi um tempo de grande carestia e, em boa parte do país, de sangrenta perseguição religiosa para os católicos. Por sorte, para a família Hernández, a província de Sória e as regiões adjacentes de Navarra e Aragão ficaram logo na retaguarda da chamada “zona nacional”, onde não houve perseguição religiosa, ainda que, no começo desse conflito, muito próximo dessa jurisdição, tenha havido uma brutal perseguição, principalmente na diocese de Barbastro, em Huesca (Aragão), onde, no verão de 1936, foram massacrados inúmeros religiosos, inclusive os jovens seminaristas claretianos que moravam ali, seus formadores e o próprio bispo, martirizado pelas mãos de colunas de anarquistas e comunistas, vindas da Catalunha.”

A. Cayuela, Carmen Hernández: notas biográficas, Madri
Biblioteca de Autores Cristianos,  2021 (p. 37-38)

OS MÁRTIRES CLARETIANOS E SEU MUSEU

Restos dos Mártires | Museu Claretiano
Objetos dos Mártires | Museu Claretiano

Entre 12 e 15 de agosto de 1936, 51 Missionários Claretianos foram assassinados por não renegar a sua fé. Morreram perdoando quem os matava. Trinta deles tinham entre 21 e 23 anos. Foram detidos, sofreram humilhações, não lhes davam água nem comida. Sustentavam-nos a comunhão diária e a oração. O Museu Mártires Claretianos de Barbastro recorda estes religiosos. Nele, se pode venerar seus restos mortais.

E contemplar seus objetos pessoais, cartas, testamentos, etc., para descobrir a mensagem de fé, esperança e perdão que transmitem seus escritos.

Campo do martírio

No caminho ao lugar chamado campo de martírio ninguém pôde fazê-los calar. Iam em direção à morte cantando o hino claretiano: “Por ti, meu Rei, o sangue dar”

Algumas de suas palavras antes de morrer: “Viva Cristo Rei”, “Ânimo, irmãos, que sofremos por Cristo”, “Perdoamos-lhes com toda nossa alma”, “Até o Céu”.

Beato Florentino Asensio Barroso

Outro mártir da Diocese foi o Beato Florentino Asensio Barroso, bispo de Barbastro, detido, torturado e assassinado em 9 de agosto de 1936. Suas palavras aos assassinos: “Me levam à glória. Eu os perdoo. No céu rogarei por vocês”

OS MÁRTIRES DO MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DO PUEYO

Perto de Barbastro, em um pequeno monte, “A Rainha dos Céus” apareceu a um pastorzinho, uma capela deveria ser construída ali. A Guerra também chegou ao Mosteiro de Pueyo. Apesar de poder fugir, 18 monges beneditinos decidiram ficar. Todos foram assassinados entre 9 e 28 de agosto de 1936. No caminhão que os levava à morte gritavam: “Viva Cristo Rei, Viva a Virgem do Pilar”.

Mosteiro de Nossa Senhora do Pueyo

O TESTEMUNHO DOS MÁRTIRES SEGUE VIVO, VENHA E SEJA TESTEMUNHA!

Mártires Clartetianos | Museu
Em 25 de outubro de 1992, 51 Missionários Claretianos foram beatificados por São João Paulo II. Sua festividade se celebra em 13 de agosto. O Papa dedicou-lhes nesse dia estas palavras: “Todos os testemunhos recebidos nos permitem afirmar que estes Claretianos morreram por serem discípulos de Cristo, por não querer renegar sua fé e seus votos religiosos. Por isso, com seu sangue derramado nos animam a viver e morrer pela Palavra de Deus que somos chamados a anunciar.”

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF