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sábado, 30 de novembro de 2024

Tempo do Advento: Preparar a Vinda do Senhor

Tempo do Advento (Opus Dei)

Tempo do Advento: Preparar a Vinda do Senhor

O Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. O Advento é um tempo no qual a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem. Editorial sobre este tempo do ano litúrgico.

27/11/2022

“Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos.” Essas palavras da oração coleta do primeiro domingo do Advento iluminam com grande eficácia o caráter peculiar desse tempo, em que se dá início ao Ano litúrgico. Imitando a atitude das virgens prudentes da parábola evangélica, que souberam preparar o azeite para as bodas do Esposo [1], a Igreja convida os seus filhos a vigiar, a estar despertos para receber a Cristo que passa, a Cristo que vem.

Tempo de presença

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós.

O desejo de sair ao encontro, de preparar a vinda do Senhor[2], nos coloca diante do termo grego parusia, que o latim traduz como adventus, de onde surge a palavra Advento. De fato, adventus pode ser traduzido como “presença”, “chegada”, “vinda”. Não se trata, portanto, de uma palavra inventada pelos cristãos: era usada na Antiguidade em âmbito não cristão para designar a primeira visita oficial de um personagem importante - o rei, o imperador ou um de seus funcionários - por motivo da sua tomada de posse. Também podia indicar a vinda da divindade, que sai da sua ocultação para se manifestar com força, o que se celebra no culto. Os cristãos adotaram o termo para expressar a sua relação com Jesus Cristo: Jesus é o Rei que entrou nesta pobre “província”, nossa terra, para visitar a todos, um Rei que convida a participar na festa do seu Advento todos os que creem n’Ele, a todos que estão certos de sua presença entre nós.

Ao dizer adventus, os cristãos afirmavam, simplesmente, que Deus está aqui: o Senhor não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Mesmo que não possamos vê-lo ou tocá-lo, como ocorre com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem nos visitar de muitas formas: na leitura da Sagrada Escritura, nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, no ano litúrgico, na vida dos santos, em tantos episódios, mais ou menos comuns, da vida cotidiana, na beleza da criação… Deus nos ama, conhece nosso nome, tudo o que é nosso lhe interessa e está sempre presente junto de nós. Esta segurança da sua presença, que a liturgia do Advento nos sugere discretamente, mas com constância ao longo destas semanas, não esboça uma nova imagem do mundo ante nossos olhos? “Essa certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob uma nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.”[3]

Uma memória agradecida

O Advento nos convida a pararmos, em silêncio, para captar a presença de Deus. São dias para voltar a considerar, com palavras de São Josemaria, que “Deus está junto de nós continuamente. - Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado. E está como um Pai amoroso - quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos -, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando... e perdoando” [4].

Se esta realidade inundar a nossa vida, se a consideramos com frequência no tempo do Advento, nos sentiremos animados a dirigir-lhe a palavra com a confiança na oração, e muitas vezes durante o dia, lhe apresentaremos os sofrimentos que nos entristecem, a impaciência e as perguntas que brotam de nosso coração. Este é um momento oportuno para que cresça em nós a segurança de que Ele nos escuta sempre. “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” [5]

Compreendemos também como os acontecimentos às vezes inesperados de cada dia são gestos personalíssimos que Deus nos dirige, sinais do seu olhar atento sobre cada um de nós. Acontece que costumamos estar muito atentos aos problemas, às dificuldades, e às vezes mal nos restam forças para perceber tantas coisas belas e boas que vêm do Senhor. O Advento é um tempo para considerar, com mais frequência, como Ele nos protegeu, guiou e ajudou nas vicissitudes de nossa vida, para louvá-lo por tudo o que fez e continua fazendo por nós.

Esse estar despertos e vigilantes perante os detalhes de nosso Pai no céu floresce em ações de graças. Nasce assim em nós uma memória do bem que nos ajuda inclusive na hora escura das dificuldades, dos problemas, da doença, da dor. “A alegria evangelizadora - escreve o Papa - refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir.” [6] O Advento nos convida a escrever, por dizer de alguma forma, um diário interior deste amor de Deus por nós. “Acredito que vós e eu - dizia São Josemaria - ao pensarmos nas circunstâncias que acompanharam a nossa decisão de nos esforçarmos por viver integralmente a fé, daremos muitas graças ao Senhor e teremos a convicção sincera - sem falsas humildades - de que não houve nisso mérito algum da nossa parte.” [7]

Deus vem

A alegria evangelizadora refulge sempre sobre o horizonte da memória agradecida: é uma graça que precisamos pedir (Papa Francisco)

Dominus veniet![8] Deus vem! Esta breve exclamação que abre o tempo do Advento ressoa especialmente ao longo destas semanas, e depois, durante todo o ano litúrgico. Deus vem! Não se trata simplesmente de que Deus tenha vindo, de algo do passado, nem tampouco é um simples anúncio de que Deus virá, em um futuro que poderia não ter excessiva transcendência para nosso hoje e agora. Deus vem: se trata de uma ação sempre em andamento, está acontecendo, acontece agora e continuará a acontecer conforme passe o tempo. A todo momento, “Deus vem”: em cada instante da história, o Senhor continua dizendo: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho”[9].

O Advento nos convida a tomar consciência desta verdade e a atuar de acordo com ela. “Já é hora de despertardes do sono”, “ficai atentos”, “o que vos digo, digo a todos: vigiai!”[10]. São chamadas da Sagrada Escritura nas leituras do primeiro domingo do Advento que nos lembram dessas constantes vindas, adventus, do Senhor. Nem ontem, nem amanhã, mas hoje, agora. Deus não está só no céu, desinteressado de nós e da nossa história; na realidade, Ele é o Deus que vem. A meditação atenta dos textos da liturgia do Advento nos ajuda a preparar-nos, para que a sua presença não passe despercebida.

Para os Padres da Igreja, a “vinda” de Deus -continua e conatural com seu próprio ser- se concentra nas duas principais vindas de Cristo: a de sua encarnação e a da sua volta glorioso no fim da história.[11] O tempo do Advento se desenvolve entre esses dois polos. Nos dias iniciais se sublinha a espera da última vinda do Senhor no fim dos tempos. E, à medida que se aproxima o Natal, abre-se caminho à memória do acontecimento em Belém, no qual se reconhece a plenitude dos tempos. “Por essas duas razões o Advento se manifesta como tempo de uma espera piedosa e alegre” [12].

O prefácio I do Advento sintetiza esse duplo motivo: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez, para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” [13].

Dias de espera e esperança

Um aspecto fundamental do Advento é, portanto, a espera, mas uma espera que o Senhor converte em esperança. A experiência nos mostra que passamos a vida esperando: quando somos crianças queremos crescer, na juventude aspiramos a um amor grande, que nos preencha, quando somos adultos buscamos a realização profissional, o sucesso determinante para o resto de nossa vida, quando chegamos à idade avançada aspiramos ao merecido descanso. No entanto, quando essas esperanças se cumprem, ou quando fracassam, percebemos que isso, na realidade, não era tudo. Precisamos de uma esperança que vá além do que podemos imaginar, que nos surpreenda. Assim, mesmo que existam esperanças maiores ou menores que dia a dia nos mantêm no caminho, na verdade, sem a grande esperança - a que nasce do Amor que o Espírito Santo pôs em nosso coração[14] e aspira a esse Amor-, todas as outras não bastam.

O Advento nos anima a perguntar “O que esperamos?”, “Qual é a nossa esperança?” Ou, de modo ainda mais profundo, “Que sentido tem meu presente, meu hoje e agora?” “Se o tempo não foi preenchido por um presente dotado de sentido, a espera corre o risco de se tornar insuportável; se se espera algo, mas neste momento não há nada, ou seja se o presente permanece vazio, cada instante que passa parece exageradamente longo, e a expectativa transforma-se num peso demasiado grave, porque o futuro permanece totalmente incerto. Ao contrário, quando o tempo é dotado de sentido, e em cada instante compreendemos algo de específico e de válido, então a alegria da espera torna o presente mais precioso” [15].

Um presépio para nosso Deus

Nosso tempo presente tem um sentido porque o Messias, esperado por séculos, nasce em Belém. Juntamente com Maria e José, com a assistência dos nossos Anjos da Guarda, lhe esperamos com o desejo renovado. Cristo, ao vir entre nós, nos oferece o dom do seu amor e da sua salvação. Para os cristãos a esperança está animada por uma certeza: o Senhor está presente ao longo de toda nossa vida, no trabalho e nos afãs cotidianos, nos acompanha e um dia enxugará também nossas lágrimas. Um dia, não tão distante, tudo encontrará o seu cumprimento no reino de Deus, reino de justiça e de paz. “O tempo do Advento nos restitui o horizonte da esperança, uma esperança que não decepciona porque é fundada na Palavra de Deus. Uma esperança que não decepciona, simplesmente porque o Senhor não decepciona nunca!” [16]

O Advento é um tempo de presença e de espera do eterno, um tempo de alegria, de uma alegria íntima que nada pode eliminar: “eu vos verei novamente, e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” [17]. O gozo no momento da espera é uma atitude profundamente cristã, que vemos plasmada na Santíssima Virgem: Ela, desde o momento da Anunciação, esperou “com amor de mãe” [18] a vinda de seu Filho, Jesus Cristo. Por isso, Ela também nos ensina a aguardar ansiosamente a chegada do Senhor, ao mesmo tempo que nos preparamos interiormente para esse encontro, com o desejo de “construir com o coração um presépio para nosso Deus” [19].

Juan José Silvestre


[1] Cfr. Mt 25, 1ss.

[2] Cfr. Tes 5, 23.

[3] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 144.

[4] São Josemaria, Caminho, n. 267.

[5] Missal Romano, I Domingo do Advento, Antífona de entrada. Cf. Sal 24 (25) 1-2.

[6] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 13.

[7] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 1.

[8] Cfr. Missal Romano, Feria III (terça-feira) das semanas I-III do Advento, Antífona de entrada. Cfr. Za 14, 5.

[9] Jo 5, 17.

[10] Rm 13, 11; Lc 21, 36; Mc 13, 37.

[11] Cfr. São Cirilo de Jerusalém, Catequese 15, 1: PG 33, 870 (II Leitura do Ofício de Leituras do I Domingo do Advento).

[12] Calendário Romano, Normas universais sobre o ano litúrgico e sobre o calendário, n. 39.

[13] Missal Romano, Prefácio I do Advento.

[14] Cfr. Rom 5, 5

[15] Bento XVI, Homilia I Véspera do I Domingo do Advento, 28-XI-2009.

[16] Francisco, Ângelus, 1-XII-2013.

[17] Jo 16, 22.

[18] Missal Romano, Prefácio II do Advento.

[19] Notas de uma meditação, 25-XII-1973 (AGP, biblioteca, P09, p. 199). Publicado em Álvaro del Portillo, Caminar con Jesús. Al compás del año litúrgico, Ed. Cristiandad, Madrid 2014, p. 21.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/tempo-do-advento-preparar-a-vinda-do-senhor/

Reflexões contemporâneas sobre a detração e sussurro

Sussurrar (Flaticon)

REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE A DETRAÇÃO E SUSSURRO  

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A comunicação humana, desde os tempos antigos até os dias atuais, tem sido uma das principais formas de interação social. Contudo, ela também pode se transformar em um terreno fértil para conflitos e disseminação de ódio, especialmente quando utilizada de forma maliciosa. Santo Tomás de Aquino aborda, na Suma Teológica, dois comportamentos relacionados ao uso inadequado da palavra que merecem nossa atenção: a “detração” e o “sussurro”, analisados em profundidade no tratado sobre a justiça, nas Questões 73 e 74. 

Santo Tomás entende a “detração” como o ato de prejudicar a reputação de alguém por meio de palavras, geralmente ditas em segredo ou na ausência da pessoa. Esse pecado tem como objetivo manchar a boa fama do outro, causando-lhe prejuízo perante os demais. O detrator pode agir de diversas formas, seja atribuindo falsidades à pessoa, seja insinuando algo que comprometa sua honra. Essas atitudes são especialmente graves porque, como destaca Santo Tomás, a boa reputação é um bem valioso. Sua perda pode privar a pessoa de oportunidades de fazer o bem e de participar plenamente da vida social. 

O “sussurro”, embora parecido com a “detração”, é um pecado distinto e igualmente pernicioso. Santo Tomás define o sussurro como a prática de falar mal de alguém com o propósito de criar discórdia entre amigos ou conhecidos. Enquanto o detrator visa destruir a reputação pública, o sussurrador busca semear desconfiança e inimizade entre indivíduos que estão em paz. 

O sussurro é particularmente destrutivo porque ataca o vínculo de amizade, um bem precioso na vida humana. A Escritura nos lembra que “nada se pode comparar com um amigo fiel” (Eclesiástico 6,15), e é justamente esse laço que o sussurrador tenta romper. Exemplo de sussurro seria contar a uma pessoa algo negativo (ou até mesmo verdadeiro) sobre outra, mas com a intenção de causar mal-entendido e rompimento da relação entre elas. 

Santo Tomás também analisa qual desses pecados é mais grave. Embora a detração, que mancha a reputação de uma pessoa, possa parecer inicialmente mais prejudicial, ele considera o sussurro ainda mais sério em muitos casos. Isso se deve ao fato de que o sussurro destrói diretamente a amizade, um bem mais valioso que a própria reputação. Um amigo verdadeiro é um tesouro insubstituível, e quem rompe essa amizade viola o mandamento do amor ao próximo. Enquanto a detração pode afastar várias pessoas, o sussurro tem como alvo a destruição de uma amizade específica, tornando o mal mais pessoal e íntimo. Para Santo Tomás, embora ambos os pecados sejam graves, o sussurro é frequentemente pior por seu objetivo de semear inimizade. O detrator pode agir por inveja ou rivalidade, mas o sussurrador busca deliberadamente causar divisão e discórdia, agindo como um “agente do caos” nas relações humanas. 

O estudo de Santo Tomás sobre a detração e o sussurro é extremamente atual. Em uma era em que as redes sociais e os meios de comunicação facilitam a disseminação de informações (e desinformações) em larga escala, é fácil perceber como esses pecados podem se manifestar. Comentários maliciosos, fofocas e rumores podem destruir reputações em minutos. Amizades e relacionamentos são colocados à prova por palavras ditas com a intenção de semear desconfiança. 

A reflexão sobre a detração e o sussurro nos desafia a examinar cuidadosamente como usamos nossas palavras e o impacto que elas têm na vida dos outros. Precisamos ser cuidadosos tanto no que dizemos quanto no que ouvimos e como reagimos. Resistir à tentação de participar dessas práticas é um desafio moral constante. Em um mundo cada vez mais conectado, o chamado de Santo Tomás à caridade e à verdade é essencial. Que sejamos vigilantes, evitando esses pecados e cultivando palavras que promovam o bem, a paz e a edificação mútua. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Festa de Santo André, mensagem do Papa ao Patriarca Bartolomeu I

Papa Francisco e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I em novembro de 2014 na Igreja Patriarcal de São Jorge, na Turquia (Vatican Media)

Por ocasião da festa litúrgica de Santo André, padroeiro do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, o Papa Francisco enviou, neste sábado (30/11), uma mensagem ao Patriarca Bartolomeu. A mensagem, entregue pelo cardeal Kurt Koch ao final da solene Divina Liturgia celebrada na Igreja Patriarcal de São Jorge, em Fanar, reforça a importância do diálogo, da oração e do esforço conjunto para alcançar a plena comunhão entre católicos e ortodoxos.

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste sábado, 30 de novembro, por ocasião da Festa de Santo André, o Papa Francisco, como já é tradição, enviou uma mensagem por meio do prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, que lidera a delegação da Santa Sé enviada a Istambul para a celebração e as conversas com a Comissão Sinodal do Patriarcado Ecumênico, responsável pelas relações com a Igreja Católica. No texto, o Papa expressa seus sinceros votos ao Patriarca Bartolomeu, ao clero, aos monges e aos fiéis da Igreja de Constantinopla, reiterando suas orações pela intercessão de Santo André. "A renovada fraternidade que vivemos hoje é motivo de grande ação de graças a Deus, mas a plena comunhão, nosso objetivo final, ainda não foi alcançada", afirma o Pontífice, destacando que o esforço pela unidade é um compromisso essencial para todos os cristãos.

A unidade é um dom divino

Ao recordar que, há poucos dias, em 21 de novembro, celebrou-se o 60º aniversário da promulgação do Decreto Unitatis Redintegratio, documento fundamental do Concílio Vaticano II que marcou o compromisso oficial da Igreja Católica com o movimento ecumênico, o Pontífice ressaltou que esse importante texto abriu o caminho para um diálogo frutífero com outras Igrejas, especialmente a Ortodoxa, permitindo a renovação da fraternidade entre elas. No entanto, destacou que a meta final estabelecida pelo decreto, a plena comunhão entre todos os cristãos com a partilha do único cálice eucarístico, ainda não foi alcançada. Mesmo assim, Francisco reafirmou a importância de manter a esperança e o empenho, confiando que a unidade é um dom divino que pode ser acolhido por meio de oração, diálogo e abertura recíproca.

A delegação da Santa Sé liderada pelo cardeal Kurt Koch (Vatican Media)

Diálogo e sinodalidade

Francisco enfatizou a importância do diálogo inter-religioso como um caminho promissor, especialmente em um mundo marcado por divisões e conflitos. Ele também mencionou a recente Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em outubro, como um exemplo de escuta mútua e cooperação, valores que podem inspirar católicos e ortodoxos no caminho da reconciliação.

"Ouvir sem julgar deve caracterizar a jornada conjunta entre católicos e ortodoxos", escreveu o Papa, que também reconheceu o trabalho de representantes ortodoxos, como o Metropolita Job de Pisídia, que participou ativamente do Sínodo, reforçando os laços entre as duas Igrejas.

O legado do Concílio de Niceia

O Santo Padre destacou ainda a iminente celebração dos 1.700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, que acontecerá em 2025, e sublinhou o desejo de celebrar esse evento histórico juntamente com o Patriarca Bartolomeu, como testemunho da comunhão crescente entre as Igrejas e como um sinal de esperança para o mundo.

Francisco concluiu a mensagem renovando suas orações pela paz em regiões como Ucrânia, Palestina, Israel e Líbano, e reiterando o compromisso da Igreja Católica com o diálogo e a unidade. "A plena comunhão é um dom de Deus que devemos buscar com oração, conversão interior e abertura mútua", declarou o Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Uma breve história do cristianismo: MONGES E EREMITAS (III)

São Bento (Aleteia)

Uma breve história do cristianismo

MONGES E EREMITAS

Por Geoffrey Blainey

O CHAMADO DOS BENEDITINOS

            Bento foi talvez o membro mais importante da Igreja, em seu tempo, e a influência exercida por ele ainda aumentou muito depois de sua morte. Nascido em Nórcia, na Itália central, uma cidade de planície, famosa por produtos de carne de porco e funghi, utilizados na culinária italiana, mudou-se para Roma, por causa dos estudos. Por volta do ano 500, abandonou o que chamava de “males de Roma”, e foi viver como eremita em um caverna perto de Subiaco. Com cerca de vinte anos, possuía a força interior de um líder natural. Seu primeiro passo para exercer essa liderança foi deixar de ser eremita.

            Bento foi assumindo a administração de pequenos mosteiros, até chegar a dez, cada um com doze monges. Como preferia liderar pelo exemplo, manteve a vida contemplativa, em vez de organizar e dar ordens constantemente. Sua última moradia foi o mosteiro que fundou por volta de 529 em Monte Cassino, entre Roma e Nápoles. Pouco afeito a conferências, reunia-se uma vez por ano à irmã, Escolástica, que administrava um convento nas proximidades, para discutirem questões ligadas ao espírito. Ela morreu antes dele, e os dois foram enterrados no mesmo túmulo.

“OS MONGES DEVEM PRATICAR O SILÊNCIO EM TODOS OS MOMENTOS, MAS EM ESPECIAL NAS HORAS NOTURNAS.”

            Bento havia aos poucos desenvolvidos uma combinação própria de ideias acerca da vida monástica, incluindo aí conceitos defendidos por monges e bispos de locais distantes, como o Egito e a França. Depois da morte de Bento, alguns monges incluíram ainda outras regras, em nome dele. Muitas eram semelhantes às adotadas pelos primeiros mosteiros do Egito, embora mais elaboradas. Os beneditinos apreciavam ter um abade firme, devoto e paciente, de preferência eleito pelos colegas.

            A organização adotada por Bento não permitia a propriedade privada nem as conversas, que ele considerava desperdício de tempo. “Os monges devem praticar o silêncio em todos os momentos, mas em especial nas horas noturnas”, determinava a regra de número 42. Nos mosteiros administrados conforme as determinações, até as refeições aconteciam em silêncio, pois os monges deviam dedicar total atenção à leitura das escrituras, feita enquanto comiam. A cada semana um monge era indicado como leitor oficial. Antes que ele começasse a ler, todos diziam três vezes: “Abre, Senhor, os meus lábios, e minha boca entoará o teu louvor.” A oração se espalhou pelo mundo, sendo recitado por milhões de cristãos.

            Havia sempre um monge experiente à porta do mosteiro, inclusive durante a noite, pois alguns viajantes se perdiam e chegavam lá em meio à escuridão. Quando o recém-chegado era peregrino ou um “servo da fé”, os monges acorriam humildemente à porta para bem recebe-lo. A regra 53 lembrava que o abade devia unir-se aos outros para cumprir o sagrado dever, “lavando os pés de todos os hóspedes”.

            Uma das habilidades inusitadas dos beneditinos – pelo menos até o ano de 1100 – era a de fazer cirurgias. Eles fundaram hospitais e enfermarias, plantavam ervas medicinais e tomaram-se os principais curadores da saúde dos habitantes da região em torno do mosteiro. Tal como Cristo, seus servos deviam curar os enfermos.

            A invasão do sul da Itália pelos lombardos afetou diretamente os primeiros beneditinos. O mosteiro de Monte Cassino, o principal, foi atacado em 577, e permaneceu abandonado por cerca de 140 anos. Depois de alvo de sucessivas invasões, sofreu com ataques dos sarracenos e dos normandos, além dos danos causados pelas armas pesadas da Segunda Guerra Mundial, mas passou por várias reconstruções.

            Enquanto isso, os beneditinos se expandiam. Tornaram-se poderosos na França, Alemanha e Holanda, onde fizeram um trabalho importante entre arianos e pagãos, em especial. Das dezessete catedrais que havia na Inglaterra na Idade Média, sete eram controladas por beneditinos, inclusive as de Canterbury (ou Cantuária) e Winchester. A Abadia de Westminster, onde são coroados os monarcas ingleses, era também beneditina.

UMA LUZ NA ESCURIDÃO

            Os beneditinos não sentiram necessidade de se estabelecer maciçamente na Irlanda, já que lá os mosteiros prosperavam, ao contrário da maior parte dos mosteiros da Europa, que enfrentavam dificuldade. Em 560, entre os mosteiros ativos, talvez o de Bangor, perto do Mar da Irlanda e da atual cidade de Belfast, fosse o que estava situado mais ao norte. Fundado por Comgall, o estilo de vida austero do mosteiro, os longos períodos de jejum e os cantos e orações que ocupavam noite e dia atraíam os monges locais. Aquela se tornou a maior casa religiosa da Irlanda, ou talvez das Ilhas Britânicas.

            Da Irlanda, os monges partiram para espalhar sua mensagem em regiões onde o cristianismo não era conhecido ou lutava para sobreviver. Columba deixou a Irlanda para fundar um mosteiro e uma igreja na ilha de Iona, na costa oeste da Escócia, enquanto Columbano partiu de Bangor com doze companheiros, para fundar mosteiros na França.

            A versão do cristianismo exercida pelos beneditinos era peculiar: para determinar a data em que seria comemorada a Páscoa, utilizavam cálculos diferentes dos empregados em Roma; os monges mais instruídos mantinham o conhecimento do idioma grego, mesma muito tempo depois que a liturgia em latim passou a ser adotado em regiões a oeste e ao norte de Roma; os abades irlandeses não aceitavam os bispos – uma forma de administração que pertencia às tradições romanas; adoravam uma cruz desenhada por eles – a cruz celta, que guarda alguma semelhança com a cruz copta.

            Por algum tempo a Europa ocidental viveu duas migrações simultâneas de monges. Os que saíram da Irlanda com a intenção de fundar novos mosteiros rumaram para leste, percorrendo as regiões onde se situam atualmente Escócia, Inglaterra, França, Suíça, Itália e Áustria. Os que viviam em Roma pretendiam fundar instituições próprias em regiões próximas ao Mar do Norte e à costa sul do Mar Báltico. Assim, em 595, seguindo as instruções do papa Gregório I, Agostinho cruzou o Canal da Mancha e chegou a Canterbury, onde fundou a abadia beneditina que se tornou a mais famosa igreja da Inglaterra.

São Beda, o Venerável (Wikipedia)

UM AVISO NO CÉU

            Beda foi um monge beneditino que viveu pela maior parte da vida em Jarrow, a nordeste da Inglaterra. Sua vestimenta habitual era um manto de pele de carneiro. Muito curioso acerca do mundo e criterioso na análise do que via e ouvia, escreveu à mão, em latim, um livro sobre o cristianismo, que completou em 731. Seguindo o exemplo de Isidoro de Sevilha, Beda organizou uma lista do que considerava os eventos mais significativos do mundo moderno, a começar pelo nascimento de Cristo. Diz-se que foi o melhor livro do gênero escrito na Europa, na época.

            Com uma simplicidade encantadora, o livro de Beda começa assim: “A Britânia, antes conhecida Álbion, é uma ilha no oceano.”

            Beda apreciava o clima da Inglaterra e da Irlanda, notando como as videiras floresciam em ambas as ilhas. Realmente, os habitantes das terras frias do norte da Europa devem ter recebido bem aquele período de aquecimento global, na Idade Média. Ele relatava que, ao contrário da Irlanda, havia muitas serpentes na Britânia. Recusando-se a aceitar o mito de que São Patrício eliminava as serpentes da Irlanda, Beda ingenuamente explicou que as serpentes levadas nos navios “morriam ao respirar o ar irlandês”. O livro termina com uma prece “a ti, nobre Jesus”, e com a esperança de poder “viver na tua presença para sempre”. Em uma nota de esclarecimento, Beda se refere aos “que possam ouvir ou ler esta história”. Ouvir ou ler? A sequência de palavras mostra que os seguidores de Beda eram, em maioria, analfabetos e dependiam de alguém que lesse o livro para eles em voz alta.

            Aquele foi um tempo perigoso para todos os cristãos. Em janeiro de 729, um evento agitou a região: dois cometas surgiram no céu, e por duas semanas puderam ser vistos como “tochas incandescentes”, conforme as palavras do próprio Beda. As pessoas deviam acorrer para olhar, porque cometas eram considerados mensageiros de más notícias – possivelmente calamidades. No mesmo período, os muçulmanos conquistaram a Palestina, a Síria e as terras do litoral da África, e avançavam para a Espanha. Significariam aqueles cometas que os mulçumanos estavam prestes a obter uma vitória maciça sobre o cristianismo? Talvez Itália, França e Inglaterra fossem tomadas. Segundo Beda, os cometas aterrorizaram os ingleses.

Fonte: Livro "Uma breve história do cristianismo", de Geoffrey Blainey, Editora Fundamento Educacional, págs 77/86, Ano 2012.

Santo André

Santo André (A12)
30 de novembro
Localização: Israel (Galileia)
Santo André

Filho de um pescador da Galileia, de nome Jonas, e irmão de Simão Pedro, André vivia em Cafarnaum e era um seguidor de São João Batista, antes de ser apresentado a Jesus. Foi um dos doze Apóstolos, honra excelsa, participando dos eventos mais importantes da vida e missão do Senhor: compartilhou da Sua vida pública, estava presente na Última Ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão...

André foi o primeiro a reconhecer, em Jesus, o Messias prometido, a partir das palavras de João Batista: “Eis aí o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). Imediatamente ele e outro discípulo deixaram de seguir João Batista para acompanhar o próprio Cristo, e o nome de André é o primeiro a ser citado como tendo seguido a Jesus (Jo 1,40). Por isso ele é chamado de Protóclito (protos = primeiro + klitos = chamar). Ainda nesta passagem, ocorre o primeiro diálogo com o Mestre: “‘Rabi (que quer dizer Mestre),onde moras?’ Disse-lhes Jesus: ‘Vinde e vede’. Foram, pois, e viram onde habitava e permaneceram lá aquele dia” (Jo 1,38-39). Há um sentido profundo nestas poucas palavras: vir significa o passo da fé; ver, é a adesão da fé; e permanecer significa a união vital permanente com Jesus (cf. Pe. Pavlos, in: Santo André, o Primeiro Chamado – ECCLESIA).

A seguir, pleno de entusiasmo por ter encontrado o Messias, André inicia a divulgação da Boa Nova, comunicando a descoberta ao seu irmão, Simão Pedro, e depois a outros (Jo 1, 41-42). Dias depois, ocorre o chamado oficial de Jesus para que ambos sejam Seus Apóstolos (Mt 4,18).

Santo André é nominalmente citado nos Evangelhos mais duas vezes, primeiro no episódio da multiplicação dos pães, quando indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes (Jo 6,8-9), e depois quando intermedeia, com o Apóstolo Filipe, o pedido de alguns gentios de conhecer Jesus (Jo 12,20-22).

 Nada mais se sabe ao certo sobre a vida de Santo André, mas uma tradição diz que por ocasião dos Apóstolos para pregar o Evangelho por todo o mundo, ele teria ido para a região dos mares Cáspio e Negro, ou ainda, que foi evangelizar na Galileia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nesta última, teria fundado a comunidade cristã de Acaia, onde morreu martirizado, numa cruz em forma de X, em 30 de novembro do ano 60.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

As ações de Santo André mais explicitadas na Bíblia parecem ser um resumo do núcleo da motivação cristã: buscar a Jesus – reconhecê-Lo como nosso Salvador – aproximar-se Dele pela fé, e permanecer com Ele – anunciá-Lo aos irmãos, primeiramente aos mais próximos – manifestar-Lhe a pequenez dos nossos próprios recursos – interceder pela aproximação de outros a Ele – seguí-Lo até a morte. Assim, seus exemplos são como um roteiro prático para a vida de todos os fiéis.

Oração:

Ó Deus, que a Vossa Igreja exulte sempre no constante louvor do Apóstolo Santo André, para que, sustentada por sua doutrina e intercessão, e com a sua mesma vontade e alegria, entusiasmo e entrega, seja fiel a seus ensinamentos, para reproduzir os seus frutos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Papa Francisco: política e religião têm interesses comuns e compartilhados

Papa recebe os parlamentares do sul da França  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Aos políticos eleitos do sul da França, o Papa solicitou especial atenção aos jovens “fundamentalmente generosos e abertos às questões existenciais” e às pessoas em fim de vida, pois devemos “oferecer cuidados e alívio, mesmo que nem sempre possam se recuperar”. O encontro foi realizado na manhã deste sábado (30/11) no Vaticano.

Vatican News

Na manhã deste sábado (30/11), o Papa Francisco recebeu uma delegação de representantes políticos eleitos das regiões do sul da França. O Papa iniciou sua saudação com um agradecimento pelo passo corajoso “que confirma a vontade de unir suas vidas como crentes às de homens e mulheres em posições de responsabilidade”. Ao se referir à região de proveniência dos presentes, Francisco recordou que “é fortemente caracterizada pela sua dimensão mediterrânea e está localizada em uma encruzilhada, onde diferentes influências e tradições convergem, mas que também dão origem a conflitos aos quais vocês são chamados a resolver”. “Essa é a sua vocação”, disse ainda, “que reiterei durante minha viagem a Marselha: ser um lugar onde diferentes países e realidades se encontram com base na humanidade que todos nós partilhamos, e não em ideologias que separam as pessoas e o país”.

Atenção aos jovens

Em seguida, o Papa falou sobre duas realidades que gostaria de compartilhar com os presentes. “A primeira realidade que os convido a considerar hoje é a urgência de oferecer aos jovens uma educação que os direcione para as necessidades dos outros e saiba incentivar o sentido de compromisso.” Após reiterar que os jovens são fundamentalmente generosos e abertos às questões existenciais, sugeriu:

“Envolver os jovens, envolvê-los no mundo real, em uma visita aos idosos ou aos deficientes, em uma visita aos pobres ou aos migrantes. Isso os abre para a alegria de acolher e doar, oferecendo algum conforto às pessoas que são invisíveis por causa de um muro de indiferença", e completou: “É curioso como a indiferença mata a sensibilidade humana!”.

Francisco com os participantes da audiência (Vatican Media)

Fim da vida e cuidados paliativos

A segunda realidade que o Papa quis compartilhar com os presentes referia-se ao debate sobre a questão essencial do fim da vida, para que possa ser “conduzido na verdade”. Segundo o Pontífice, “trata-se de acompanhar a vida até seu fim natural por meio de um desenvolvimento mais amplo dos cuidados paliativos”. Francisco reiterou que “as pessoas no final da vida precisam ser apoiadas por cuidadores que sejam fiéis à sua vocação, que é a de oferecer cuidados e alívio, mesmo que nem sempre possam se recuperar. As palavras nem sempre são úteis, mas pegar uma pessoa doente pela mão faz muito bem, e não apenas para a pessoa doente, mas também para nós”.

Política e religião

Concluindo o encontro, o Papa agradeceu mais uma vez aos presentes pelo interesse pela mensagem da Igreja, pois “embora distintas, a política e a religião têm interesses comuns e compartilhados e, de diferentes maneiras, estamos todos conscientes do papel que devemos desempenhar para o bem comum. A Igreja deseja despertar as forças espirituais que tornam fecunda toda a vida social, e vocês podem contar com a ajuda dela”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Santa Missa em Ação de Graças pelos 25 anos de Ordenação Sacerdotal de 14 Presbíteros da Arquidiocese de Brasília

Santa Missa - Bodas de Prata de 14 padres da Arquidiocese de Brasília (arqbrasilia)

A Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida acolheu os padres da Arquidiocese de Brasília que celebram Bodas de Prata Sacerdotal, nesta quinta-feira (28/11).

  • novembro 28, 2024

A Arquidiocese celebrou as Bodas de Prata Sacerdotal de 14 padres, que completaram 25 anos de Ordenação. A Santa Missa, presidida por Dom Denilson Geraldo, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília, foi um momento de profunda gratidão e renovação da fé.

Com a Catedral lotada, fiéis e familiares dos sacerdotes se reuniram para celebrar essa importante data. Durante a homilia, Dom Denilson destacou a importância do sacerdócio e a dedicação desses homens de Deus.

“A vocação sacerdotal é um dom precioso que transforma vidas. Hoje vocês estão fazendo memória daquele dia em que receberam a ordenação aqui na Catedral, pela imposição das mãos de Dom Falcão. Celebrarmos 25 anos do ministério sacerdotal é uma alegria, é uma graça muito grande. E celebrar significa agradecer a Deus por esse dom. Rendemos graças a Deus ainda mais por esse dom que não foi merecido, mas foi dado gratuitamente. Ouvimos a Palavra de Deus em que Jesus, nesta oração sacerdotal, diz: ‘vinde a mim todos vós que estais cansados, com o peso dos vossos fardos, e eu vos aliviarei’. De fato, a grande referência para o Ministério Sacerdotal é a pessoa de Cristo. O nosso ministério, como sacerdotes, não é somente algo funcional para a comunidade, mas é ontológico, porque o nosso ser foi configurado a Jesus Cristo. Essa diferença essencial, então, não é para nos orgulharmos daquilo que Deus fez conosco. O nosso ministério está a serviço do sacerdócio comum, que é o sacerdócio de todo o povo de Deus pelo Batismo”, destacou o Bispo. .

Os padres que completaram o Jubileu, com grande alegria e emoção, renovaram seus votos sacerdotais e agradeceram a Deus por este tempo de serviço à Igreja. “É com imensa gratidão que celebramos este jubileu. Agradeço a Deus por este dom maravilhoso e a todos que nos acompanham nesta jornada. Estou muito feliz pelas maravilhas que Deus fez pelo ministério que me confiou, contando com as minhas limitações!”, disse o Padre Silvio Albertario.

Além dos padres presentes, outros sacerdotes ordenados há 25 anos também foram lembrados na celebração, como o Padre José Luiz Borja, que se encontra na Espanha, e o Padre Cezar Augusto Alvarado Flores, em Salvador.

A Santa Missa também foi um momento de oração pelos padres falecidos que completariam as Bodas de Prata: William, Higinio, João da Silva e Paulo Gonzaga.

“25 anos de Sacerdócio é um marco importante na vida de um padre. As bodas de Prata representam os 25 anos de dedicação à Igreja, de serviço ao povo de Deus e de testemunho do Evangelho”, finalizou Dom Denilson.

Confira os nomes dos padres que celebram os 25 anos de Sacerdócio:

– Padre Silvio Albertario (BSB)

– Padre José Roberto Angelotto (BSB)

– Padre Manuel Sanchez Sanchez (BSB)

– Padre Lázaro Ilzo Daniel (BSB)

– Padre Roberto Crispin (BSB)

– Padre Irineu de Campos Pires (BSB)

– Padre José Eduardo Caetano (BSB)

– Padre José Enrique Matos Martinez (BSB)

– Padre Sandro Wellington M. Da Cunha (BSB)

– Padre Hélio Alves Damascena (itinerante na Bahia)

– Padre Jader Francisco Marques Peres (itinerante no Maranhão)

– Padre Victor Maria Optaciano Cazal Esteche (Pároco em Salinópolis – Pará)

– Padre Jonathan Matchimira Baraquel (itinerante na Manila, Filipinas)

– Padre José Antônio Tejada (itinerante no Mato Grosso do Sul)

– Padre José Luiz Borja (que está na Espanha)

– Padre Cezar Augusto Alvarado Flores (que está em Salvador – Bahia)

Na ocasião também foram ordenados os padres: William, Higinio, João da Silva e Paulo Gonzaga, que o Bom Deus chamou e contemplam a eternidade.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Caridade e Advento: uma atitude a preservar durante todo o ano

Veja | Obturador

Mónica Muñoz - publicado em 28/11/24

O Advento nos prepara para receber o Natal e a atmosfera permeia sentimentos de paz, amor e vontade de fazer caridade. Eu gostaria que essa atitude durasse o ano todo.

São João Paulo II disse na audiência geral de 29 de novembro de 1978 : “Advento significa ‘vinda’. Portanto, devemos nos perguntar: quem é aquele que vem? Ele mesmo responde que até as crianças sabem que é Jesus quem vem para elas e para todos os homens.

O querido São João Paulo II insiste que esta realidade deve recordar-nos que o centro do Natal é o nascimento de Cristo, Deus feito homem, e que “o cristianismo não é apenas uma “religião do Advento”, mas o próprio Advento.

O cristianismo vive o mistério da vinda real de Deus ao homem e, a partir desta realidade, pulsa e pulsa constantemente. Esta é simplesmente a própria vida do Cristianismo.

A caridade é a virtude do Advento

Esta vinda do Senhor Jesus leva-nos às suas origens humildes; e talvez por isso despertem sentimentos de gentileza, empatia e solidariedade. Em suma, a caridade está presente e surge em nós o desejo de ajudar os mais vulneráveis.

Talvez o facto de todos recebermos mais dinheiro, presentes e comida abundante desempenhe um papel; e o espírito festivo invade todos os ambientes para amolecer até os corações mais endurecidos.

Portanto, o amor ao próximo se percebe na mudança de atitudes, na gentileza no tratamento ao próximo, no desapego e na generosidade para compartilhar o que temos.

Advento e caridade o ano todo

Diante do exposto, podemos nos perguntar: não valeria a pena manter essas atitudes o ano todo?

Se, como assegurou São João Paulo II, o Cristianismo é o próprio Advento, não é verdade que devemos ser cristãos comprometidos com o Evangelho 365 dias por ano?

A caridade, portanto, como virtude do Advento, deve estar presente em nosso cotidiano, ações, palavras, intenções e atitudes, porque Jesus historicamente nasceu uma vez na manjedoura de Belém, mas sobrenaturalmente está sempre conosco.

Que o Senhor nos ajude a preservar os nossos corações num Advento quotidiano.

Para ajudar a Aleteia: https://es.aleteia.org/apoya-a-aleteia/?utm_medium=box&utm_campaign=autumn2024&utm_content=inread_banner&utm_source=fr_aleteia

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/28/caridad-y-adviento-una-actitud-para-conservarse-todo-el-ano

São Saturnino de Toulouse

São Saturnino de Toulouse (A12)
29 de novembro

Localização: Grécia

São Saturnino de Toulouse

São Saturnino, de provável origem grega, foi um dos sete bispos enviados por Roma no século III para a evangelização das Gálias, atual França. Mesmo ainda a caminho, e em outras viagens, sua pregação fervorosa convertia grande número de pessoas.

Chegou à região de Toulouse, que, desorganizada desde 177 por causa do grande massacre dos mártires de Lyon, contava com poucas comunidades cristãs, ainda resistentes ao crescente paganismo. A chegada de Saturnino deu novo ânimo à vida destes católicos. Ali ele se fixou e fundou a diocese de Toulouse, sendo seu primeiro bispo. Esteve também em Pamplona, na Espanha, onde batizou o futuro São Firmino.

Voltando a Toulouse, onde sua atuação incomodava enormemente os sacerdotes pagãos dos deuses romanos, continuou celebrando a Missa, apesar de um decreto imperial que a proibia e condenasse à morte seus participantes. Durante uma celebração, num domingo, foi descoberto, com outros 48 fiéis. Instado a sacrificar um touro a Júpiter, a quem dizia não temer o poder dos raios, já que não existia, recusou e por isso foi amarrado pelos pés ao pescoço de um touro bravo e arrastado pelas ruas da cidade.

São Saturnino morreu com os membros despedaçados, e seu corpo, abandonado no meio de uma estrada, foi depois recolhido por duas piedosas mulheres, que lhe deram sepultura. Este local chegou a ser esquecido, mas suas relíquias foram encontradas no século VI, e o culto a ele confirmado para o dia 29 de novembro.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A Verdade de Cristo sempre incomodou aqueles que desejam justificar suas iniquidades, seja por meio de deuses fabricados pelos próprios homens, seja pela absurda negação de Deus, que pode ser claramente percebido a partir da Criação – de fato, a noção essencial de um Deus único criador de todas as coisas foi alcançada por Sócrates, Platão e Aristóteles, mesmo sem o benefício da Revelação dada ao povo judeu, com o correto uso da Razão e da observação das realidades existentes. A raiva bestial dos que orgulhosamente não aceitam seu próprio Pai, nem o Seu amor, sempre tentará despedaçar os membros da Igreja, mas ela, Corpo Místico de Cristo, tem a sua vida garantida pela mesma vida eterna Daquele que a gerou. Importa, para nós fiéis, não sacrificar à mentira as nossas almas, mas com caridade viver e anunciar o Evangelho, na certeza de que Deus não nos abandona nas estradas da nossa caminhada terrena, mas firmemente nos conduz para Ele.

Oração:

Deus de amor, que nunca esqueces onde estamos, mas nos envias neste mundo como apóstolos da Vossa paz, fortalecei-nos, pela intercessão de São Saturnino de Toulouse, com os exemplos dos mártires, para termos fidelidade nos trabalhos missionários e conseguirmos proteção para os seus frutos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 Fonte: https://www.a12.com/

Papa aos médicos: “Cuidar sempre, nenhuma vida deve ser descartada"

Papa Francisco saúda os profissionais da Universidade de Nápoles Federico II  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Nesta sexta-feira, 29 de novembro, Francisco dirigiu uma saudação aos profissionais da Universidade de Nápoles Federico II, a mais antiga universidade laica do Ocidente, por ocasião do 800º aniversário de sua fundação. O Santo Padre destacou a importância histórica da instituição e sublinhou os valores que devem guiar aqueles que trabalham na área da saúde, inspirados por uma rica tradição ética e cristã.

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 29 de novembro, a comunidade acadêmica da Universidade de Nápoles Federico II, composta por reitores, professores e estudantes do setor de medicina odontológica, e proferiu sua saudação relembrando a fundação da universidade, que, há oito séculos, continua sendo um marco histórico na educação e na ciência. Ao iniciar seu discurso, o Papa elogiou o legado da Universidade e a tradição de excelência que remonta ao imperador Frederico II, seu fundador, que deu origem a uma das mais antigas universidades do mundo. 

Cuidar com compaixão e ternura

O Santo Padre destacou a importância do lema hipocrático que une a lição do grego Hipócrates à autoridade do latino Scribônio: “primum non nocere, secundum cavere, tertium sanare” -“primeiro, não prejudicar; segundo, cuidar; terceiro, curar”. Segundo Francisco, estas máximas continuam a ser um guia indispensável para a prática médica:

“Não prejudicar. Isso pode parecer algo óbvio, mas, na verdade, responde a um saudável realismo: antes de tudo, trata-se de não acrescentar mais danos e sofrimentos àqueles que o paciente já está vivendo.”

Francisco durante a audiência (Vatican Media)

Sobre o cuidado, Francisco ressaltou que esta é a ação evangélica por excelência, como a do bom samaritano, e que deve ser realizada com o "estilo de Deus": “E qual é o estilo de Deus? Proximidade, compaixão e ternura. Não esqueçam: Deus é próximo, compassivo e terno. O estilo de Deus é sempre este: proximidade, compaixão e ternura.” Em seguida, o Papa compartilhou uma experiência pessoal:

“Eu me recordo de quando, aos vinte anos, tiveram que retirar parte do meu pulmão, que estava doente. Sim, me davam os medicamentos, mas o que mais me dava força era a mão dos enfermeiros que, após aplicar as injeções, seguravam minha mão... Esta ternura humana faz tanto bem!”

Tecnologia e ética: uma união indispensável

Sobre o ato de curar, o Papa afirmou que, neste aspecto, os médicos podem se assemelhar a Jesus, que curava todas as doenças e enfermidades entre o povo, e destacou os desafios modernos da prática médica em um mundo de rápida evolução tecnológica.

“A medicina jamais deve negligenciar a dignidade humana, que é igual para todos. Caso contrário, corre o risco de se prestar aos interesses do mercado ou da ideologia, em vez de se dedicar ao bem da vida nascente, da vida sofrida e da vida necessitada. O médico existe para curar o mal: cuidar sempre! Nenhuma vida deve ser descartada. Nunca! Mesmo quando alguém diz: ‘Mas este paciente não tem mais jeito...’ Acompanhe-o até o fim.”

Ciência a serviço da dignidade humana

Por fim, Francisco exortou os profissionais de saúde e acadêmicos da universidade a cultivarem uma ciência com respeito e a serviço da pessoa humana, e expressou sua gratidão pela dedicação e competência da instituição, que segue formando gerações há oito séculos.

“Depois de 800 anos, vocês continuam a fazer escola!” E, como de costume, pediu: “Não se esqueçam de rezar por mim!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

A chegada do tempo do Advento: um convite à esperança e à preparação

Tempo de Advento (YouTube)

A CHEGADA DO TEMPO DO ADVENTO: UM CONVITE À ESPERANÇA E À PREPARAÇÃO

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

O Advento marca o início de um novo Ano Litúrgico na Igreja, um tempo especial de preparação para a celebração do Natal. É um período de quatro semanas em que os cristãos são chamados a refletir, vigiar e renovar a esperança na vinda do Senhor. Mais do que uma contagem regressiva para o Natal, o Advento nos convida a olhar para três dimensões da vinda de Cristo: Sua encarnação há mais de dois mil anos, Sua presença constante no meio de nós e Sua segunda vinda, no final dos tempos. 

A palavra “Advento” vem do latim adventus, que significa “chegada” ou “vinda”. Esse tempo litúrgico está profundamente ligado à espera ativa e confiante no cumprimento das promessas de Deus. Ele nos recorda que o Senhor, que já veio ao mundo em humildade na manjedoura, virá novamente em glória. 

As leituras bíblicas do Advento reforçam essa dupla perspectiva. Nos primeiros domingos, a ênfase recai sobre a vigilância e o chamado à conversão, preparando-nos para a segunda vinda de Cristo. Nos últimos dias, o foco se volta para os acontecimentos que antecedem o nascimento de Jesus, destacando Maria e João Batista como modelos de fé e serviço. 

Os símbolos litúrgicos do Advento também são ricos em significado. A cor roxa usada nas vestes do sacerdote e na decoração da igreja representa penitência e preparação, enquanto a coroa do Advento, com suas quatro velas, simboliza a luz que cresce à medida que nos aproximamos de Cristo, a verdadeira Luz do mundo. 

Cada vela da coroa tem um significado especial: 

1.Primeira vela – a vela da esperança, nos lembra da promessa do Messias. 

2.Segunda vela – a vela da paz, nos convida a preparar os caminhos do Senhor. 

3.Terceira vela – a vela da alegria, marca o Domingo Gaudete, quando a alegria do Senhor se torna mais palpável. 

4.Quarta vela – a vela do amor, celebra a proximidade do nascimento de Cristo. 

Um Chamado à Conversão e Vigilância 

O Advento é um convite à conversão pessoal. Assim como João Batista pregou no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Lc 3,4), também somos chamados a preparar o nosso coração para acolher Jesus. Esse tempo não é apenas uma preparação externa, com decorações e festas, mas, sobretudo, uma transformação interior. 

Além disso, o Advento nos exorta à vigilância. Jesus nos alerta: “Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da casa” (Mc 13,35). Esse chamado nos lembra que nossa vida deve ser vivida como uma espera constante e atenta pela vinda do Senhor. 

Maria, Modelo de Esperança e Serviço 

Maria, a Mãe de Jesus, é a figura central do Advento. Ela nos ensina como esperar o Senhor com fé e humildade. Sua resposta ao chamado de Deus – “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38) – é um modelo de abertura e confiança. Assim como Maria, somos convidados a abrir nosso coração para que Cristo nasça em nossa vida. 

Vivendo o Advento Hoje 

Como podemos viver esse tempo de maneira concreta? 

Na oração: Reservar momentos diários de oração para meditar sobre as promessas de Deus e renovar nosso compromisso com Ele.

Na caridade: Praticar gestos de solidariedade, ajudando aqueles que mais necessitam e sendo instrumentos da paz de Cristo.

Na reconciliação: Buscar o sacramento da confissão, reconhecendo nossas falhas e recebendo o perdão que renova a alma.

O Advento nos recorda que a verdadeira preparação para o Natal não está apenas nos presentes ou nas festas, mas na abertura do coração para acolher Jesus. É tempo de vigiar, de esperar e de nos alegrarmos na certeza de que Deus é fiel às Suas promessas. 

Que este Advento seja um tempo de graça e renovação para todos nós. Assim como a luz das velas da coroa aumenta a cada semana, que também cresça em nossos corações a esperança, a paz, a alegria e o amor que vêm de Cristo. E que, ao celebrarmos o Natal, possamos dizer com alegria: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). 

Vinde, Senhor Jesus! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Uma breve história do cristianismo: MONGES E EREMITAS (II)

São Martinho (Aleteia)

Uma breve história do cristianismo

MONGES E EREMITAS

Por Geoffrey Blainey

UM DILEMA CONSTANTE: ENFRENTAR OU RECUAR?

            A grande quantidade de eremitas e mosteiros foi surpreendente. A vida de Jesus pouco indicava que viessem a existir cristãos afastados do mundo. Embora tivesse passado quarenta dias e noites no deserto, preparando-se para a nova vida de evangelista, nos anos seguintes Jesus preferiu estar acompanhado, na cidade ou no campo. Ele gostava de celebrar, de ensinar e conversar. Embora rezasse com frequência, não costumava dedicar a maior parte do dia à oração ou à leitura de textos sagrados. Comer em silêncio e afastar as mulheres com certeza eram ideias que não o atraíam.

            O objetivo do ministério de Cristo era levar sua mensagem ao mundo, enquanto monges e eremitas geralmente buscavam o isolamento. Cristo, ao percorrer a Galileia, preocupou-se porque “a safra é realmente abundante, mas os trabalhadores são poucos.” Então, se o mundo precisava de mais mestres e pregadores, por que permitir que homens e mulheres devotos procurassem o silêncio e o isolamento de mosteiros e conventos? Suas vozes eram necessárias nas estradas, nas sinagogas – onde quer que houvesse pessoas reunidas.

            Os reclusos eram quase todos homens, mas cada vez mais mulheres – solteiras e viúvas, em geral – desejavam formar grupos. Elas se uniam para cuidar de membros da congregação que adoecessem. No Império Romano, poucas mulheres eram alfabetizadas, mais muitas se interessaram em aprender a ler, para transmitir a Bíblia às crianças. No sabbath, elas organizavam corais e, quando havia necessidade de mais pompa, procissões. As mulheres passaram a usar roupas semelhantes, bem simples.

            Aquele foi um passo na direção  de reunir as devotas na mesma casa, como monjas. Sendo as mulheres mais numerosas do que os homens nas congregações cristãs, não foi difícil recrutar novas monjas. Enquanto no Antigo Testamento a mulher sem filhos despertava piedade, o cristianismo adotava uma atitude diferente. Alguns líderes cristãos acreditavam que as jovens serviam melhor a Deus quando não eram casadas. Um defensor desse ponto de vista foi o conhecido teólogo Jerônimo, que diligentemente produzia a Bíblia Vulgata, o texto oficial dos católicos, pelos mais de mil anos seguintes. Ele insistia que as mulheres deviam viver em mosteiros exclusivamente femininos, evitando assim os momentos em que “o desejo excita os sentidos”, e exaltava as mulheres solteiras de rosto pálido e aparência frágil, “por causa do jejum”. Já naquele tempo a anorexia tinha seus adeptos.

            A administração de um mosteiro representava uma tarefa angustiante para mulheres e homens sérios. Basílio, o Grande, nascido em 330 Capadócia, na Turquia central, pretendia tornar-se professor de retórica, mas foi tocado por Macrina, sua irmã, fundadora de um mosteiro nas terras de propriedade da família. Depois de visitar eremitas e monges que viviam no Egito, ele fundou o próprio mosteiro – o primeiro, perto do que havia sido criado pela irmã – que foi usado como base de seu trabalho filantrópico. Basílio seria o fundador espiritual de uma longa linha de mosteiros que se espalhou pela Rússia e por outras terras eslavas.

CASAMENTO: SIM OU NÃO?

            Os líderes do Império Romano tendiam à promiscuidade. Os cristãos como reação, tomaram o caminho do puritanismo. Os primeiros monges do Egito evitavam o sexo, e muitos cristãos esperavam que seus bispos e sacerdotes vivessem castamente. Mas o cristianismo iniciante, tal como o judaísmo, não proibia o casamento. A questão mais importante era com quem eles se casavam.

            Em volta de 305, uma década antes de Constantino passar a proteger e apoiar a Igreja, líderes cristãos, espanhóis em sua maioria, reuniram-se em Elvira, no sul da Espanha. Sua disposição era clara: eles defendiam a respeitabilidade e a castidade. Os sacerdotes já casados deveriam abster-se do sexo. Se a partir de então tivessem filhos, seriam afastados. No entanto, esses eram ideias e não regras absolutas.

            O Influente Concílio de Niceia, reunido em 325, de modo geral repetiu o clamor espanhol por moderação. Somente aos escalões inferiores do clero seria permitido o casamento – uma regra ainda seguida pela Igreja Ortodoxa, onde os padres de paróquias são casados.

            No Ocidente, o comportamento do clero não era tão rigidamente imposto.

NA FRANÇA, NOS CEM ANOS SEGUINTES AO ANO DE 942, HOUVE TRÊS BISPOS CASADOS, COM FILHOS.

Na França, nos cem anos seguintes ao ano de 942, houve três bispos com filhos, e até alguns papas tiveram filhos ilegítimos.

            As regras da Igreja eram infringidas com tanta frequência no Ocidente, que alguns reformistas consideravam o casamento dos sacerdotes uma solução conciliatória. Outros observadores, também pragmáticos, discordavam; achavam que devia ser evitado a todo custo o casamento formal de bispos ou padres, porque eles poderiam transferir para os filhos parte das riquezas da Igreja.

Fonte: Livro "Uma breve história do cristianismo", de Geoffrey Blainey, Editora Fundamento Educacional, págs 77/86, Ano 2012.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF