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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A dimensão antropológica do rito litúrgico - Parte II

Incensação na Santa Missa com os novos Cardeais e o Colégio Cardinalício na Abertura da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (04.10.2023)

"A liturgia não esgota a ação da Igreja. A Liturgia é feita para o homem, pois anjos não precisam de sacramentos".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Só celebramos e vivemos bem a liturgia, se permanecermos em atitude orante, e não se quisermos «realizar algo», fazer-nos ver ou agir, mas se orientarmos o nosso coração para Deus e estivermos em atitude de oração, unindo-nos ao Mistério de Cristo e ao seu diálogo de Filho com o Pai. É o próprio Deus que nos ensina a rezar, afirma são Paulo. Foi Ele mesmo que nos concedeu as palavras adequadas para nos dirigirmos a Ele, palavras que encontramos no Saltério, nas grandiosas preces da sagrada liturgia e na própria Celebração eucarística. Oremos ao Senhor para estarmos cada dia mais conscientes de que a Liturgia é obra de Deus e do homem; oração que brota do Espírito Santo e de nós, inteiramente dirigida para o Pai, em união com o Filho de Deus que se fez homem. (Bento XVI)”

Bento XVI, na catequese da Audiência Geral de 26 de setembro de 2012, referiu-se à liturgia como "«espaço» precioso, mais uma «fonte» inestimável para crescer na oração, uma nascente de água viva em relação estreitíssima com a precedente (...), um âmbito privilegiado no qual Deus fala a cada um de nós, aqui e agora, e espera a nossa resposta".

No programa de hoje deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* nos traz a segunda parte da reflexão "Dimensão antropológica do rito litúrgico":

"Estamos aprofundando a dimensão Antropológica do Rito, dos sacramentos, da liturgia. O professor gaúcho da PUCRS Dr. Frei Luiz Carlos Susin, OFM, ministrou a palestra sobre “O RITO EM QUE HABITAMOS: DIMENSÕES ANTROPOLÓGICAS DO RITO” no recente Congresso Teológico Litúrgico em Porto Alegre.  Falamos aqui que a Gaudium et Spes expressa que “o mistério do ser humano só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado”. Diz assim o número 22 da GS: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efetivamente figura do futuro (20), isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Não é por isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude”.

A liturgia é cume, o ponto mais alto da montanha, mas não pode existir o topo sem a própria montanha, os fundamentos que mantém a própria montanha e faz o cume estar à vista e exaltado. A liturgia não esgota a ação da Igreja. A Liturgia é feita para o homem, pois anjos não precisam de sacramentos. O axioma latino Gratia suponnit naturam - a graça supõe a natureza, também o cume supõe a montanha. A Sacrosactum Concilium aponta no número 10 assim: “Contudo, a Liturgia é simultâneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor”.

Paulo VI, no encerramento do Concílio, afirmou que para conhecer o ser humano é necessário conhecer a Deus. Para reconhecer a Deus é necessário conhecer o ser humano e o nosso humanismo muda-se em cristianismo e o nosso cristianismo faz-se teocêntrico, afirmou Frei Carlos Susin. O palestrante afirmou que ritos e símbolos não podem ser arbitrariamente inventados. Os símbolos não são inventados, mas eles que nos inventam, nos constituem, nos transformam, nos unificam”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Os cristãos estão desaparecendo da Palestina

Belém, na Palestina | © Hanan Isachar | Ref : 254 - Godong

Por Reportagem local - publicado em 28/11/23

Belém, onde nasceu Jesus, cancelou as festividades públicas do Natal deste ano - mas o contexto é mais complexo que o da presente guerra.

Girou o mundo, nestes dias, a notícia de que a prefeitura de Belém, na Palestina, anunciou a remoção de todas as decorações natalinas “em luto pelas almas dos mártires e em solidariedade com o nosso povo em Gaza”. A cidade onde nasceu Jesus tem hoje uma prefeita cristã, Vera Baboun, que governa em coalização com políticos muçulmanos.

Pouco antes, as igrejas cristãs na Terra Santa lançaram comunicado conjunto orientando os fiéis a priorizarem o aspecto espiritual do Natal em vez de celebrações “desnecessariamente festivas”, já que, devido à guerra em andamento, “tem havido uma atmosfera de tristeza e dor”, em que “milhares de civis inocentes, incluindo mulheres e crianças, morreram ou sofreram ferimentos graves”. O texto não faz menção aos lados em conflito e por isso foi interpretado de distintas maneiras mundo afora: por um lado, como sinal busca pela paz; por outro, como uma demonstração da autonomia cada vez menor dos cristãos palestinos.

População cristã em declínio acentuado

De fato, é impactante a diminuição do número de cristãos palestinos. Eles chegaram a ser 11% da população local em 1922, caindo para 6% em 1967 e reduzindo-se hoje para menos de 1%.

Especificamente em Belém, que por motivos óbvios é uma cidade de imensurável importância para os cristãos, a população cristã era de 84% em 1922, mas já tinha caído para 28% em 2007. Atualmente, todas as estimativas a calculam como inferior a 20%.

Os cristãos palestinos, que na maioria são árabes, se concentram em poucas cidades, como a própria Belém, Nazaré e a capital, Ramala – que, aliás, foi fundada no século XVII por árabes cristãos. Além de minoritários, os cristãos são fragmentados: só em Ramala, mesmo com apenas 40 mil habitantes dos quais a grande maioria são muçulmanos, há cerca de dez tradições cristãs diferentes, entre elas a católica romana e a ortodoxa grega, que são as duas maiores, e também, em menor número, a copta, a católica grega, a luterana, a anglicana, entre outras.

A redução acelerada da presença cristã na Palestina costuma ser “explicada” de modo simplista como decorrente da emigração.

Mas o que leva os cristãos a terem de emigrar?

Restrições religiosas

Ehab Hassan é um cristão palestino que vive hoje nos Estados Unidos e não pretende voltar à Palestina. Ele mesmo afirma que, nos Estados Unidos, tem liberdade e segurança para criticar as autoridades palestinas, o que não teria na sua própria terra. Entrevistado pelo jornal brasileiro Gazeta do Povo, Hassan relatou que nasceu em família muçulmana, mas se converteu ao cristianismo em 2015 – e era o único cristão da sua vila.

Chama a atenção, no seu relato, a informação de que as igrejas cristãs em Ramala foram muito reticentes em aceitá-lo como membro: demorou três anos até que uma delas o aceitasse. E por quê? Hassan resume: os cristãos são relativamente protegidos pelo governo local, desde que não tentem converter muçulmanos. Por isso, as igrejas têm medo de represálias se aceitarem a adesão de muçulmanos convertidos.

Desconfiança das autoridades

Em 2020, o Centro Palestino de Política e Pesquisa divulgou um levantamento apontando que 23% dos cristãos palestinos pretendiam deixar o território, aumentando para mais de 50% na faixa etária dos 18 aos 29 anos. Eles também demonstraram desconfiança tanto no tocante às autoridades palestinas quanto às israelenses: 62% disseram acreditar que Israel pretendia removê-los, enquanto 77% declarou temer os fundamentalistas islâmicos.

Discriminação religiosa

No tocante às oportunidades sociais e econômicas na Palestina, 43% dos cristãos palestinos entrevistados disseram acreditar que os muçulmanos não querem a sua presença; 44% afirmaram que existe discriminação religiosa na busca por um emprego; pouco mais de 50% consideraram que a Autoridade Palestina deveria promover melhor as oportunidades de trabalho para os cristãos.

Gaza, um caso à parte

As difícies condições de vida dos cristãos mencionadas acima se referem à área da Palestina conhecida como Cisjordânia, separada da Faixa de Gaza. Em Gaza, região submetida ao controle do grupo terrorista Hamas, a situação é incomparavelmente mais dramática. Ehab Hassan chega a sintetizar: “A situação em Gaza é mil vezes pior do que em Ramala”. Restam em Gaza menos de mil cristãos.

Opressão política

Mesmo na Cisjordânia, a participação cristã na vida política é cada vez mais condicionada à sua adesão pública às diretrizes da maioria islâmica e anti-Israel. Ehab Hassan observa, na sua entrevista à Gazeta do Povo, que não é comum ouvir críticas de líderes cristãos locais às autoridades palestinas: “Você não pode criticar livremente a comunidade muçulmana ou as autoridades muçulmanas. Eles acusam Israel por tudo, mas nunca dizem nada sobre o Hamas”.

Cancelamento do Natal em Belém

Dadas as circustâncias, é difícil saber até que ponto a supressão das festividades natalinas na própria cidade em que nasceu Jesus não se deve ao medo de represálias locais. O que não é difícil constatar é que, sofrendo restrições à ação missionária, discriminação religiosa no cotidiano e opressão política sistemática, a tendência é que restem cada vez menos cristãos na Palestina para celebrar os Natais do futuro próximo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Perseguidos em tempos recentíssimos

Os santos Pedro e Clemente, detalhe do mosaico absidal do século XII da Basílica de São Clemente, em Roma (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 11/2011

Perseguidos em tempos recentíssimos

Primeira Carta de Clemente aos Coríntios, que fala das perseguições sofridas pelos cristãos “por inveja e ciúme”, foi redigida não muito tempo depois da morte de Nero, e, portanto, pouquíssimos anos após o martírio dos santos Pedro e Paulo, em Roma.

Um artigo do presidente emérito do Pontifício Comitê de Ciências Históricas

do cardeal Walter Brandmüller

Entre os testemunhos escritos da Igreja primitiva que chegaram até nós, a Primeira Carta de Clemente é o mais próximo cronologicamente dos textos neotestamentários. Não nos devemos surpreender, portanto, se há tempos chama particularmente a atenção dos estudiosos. Mas esse texto foi, e é, debatido em cada mínimo detalhe sobretudo porque a tradição católica vê nele o primeiríssimo testemunho extra-bíblico em favor do primado da Igreja romana no seio da cristandade. Sendo assim, a questão da data de composição se reveste de especial interesse. É geralmente aceito que a Primeira Carta de Clemente tenha sido composta no final do século I da era cristã. Partindo da referência à perseguição dos cristãos, hipnotiza-se, portanto, que pertença à época do imperador Domiciano, que reinou de 81 a 96.

No entanto, surgiram há algum tempo dúvidas sobre essa datação e estudos mais cuidadosos demonstraram que sob Domiciano não houve nenhuma perseguição aos cristãos.

Nos capítulos 3 a 5 da Carta, que é um apelo à unidade e ao amor no seio da Igreja, fala-se das funestas consequências do ciúme para a comunidade dos cristãos. O autor traz sobre isso uma série de exemplos extraídos do Antigo Testamento, para depois prosseguir: “Todavia, deixando os exemplos antigos, examinemos os atletas que viveram em tempos recentíssimos. [...] Foi por causa do ciúme e da inveja que as colunas mais altas e justas foram perseguidas e lutaram até a morte. Consideremos os bons apóstolos. Pedro, pela inveja injusta, suportou, não uma ou duas, mas muitas fadigas [...]. Diante da inveja e da discórdia, Paulo mostrou o prêmio reservado à perseverança. [...] Deixou o mundo e se foi para o lugar santo, como excelso modelo de perseverança”.

Logo depois, a Carta fala também dos mártires da perseguição realizada por Nero e lembra – como mais tarde faria também Tácito († 117) – a maneira como morreram, dizendo ainda de forma explícita que tudo isso aconteceu “entre nós” (em Roma) – •n ämîn – e, mais precisamente, ≤ggista, ou seja, “em tempos recentíssimos”.
Mas isso significa que a perseguição de Nero pertence à experiência direta do autor. A Carta não pode, portanto, ter sido escrita muito tempo depois da morte de Nero (68), uma vez que o ano do massacre de cristãos ainda é incerto (64/65).

A propósito disso, surge também a questão: na inveja e no ciúme de que fala Clemente, e dos quais os apóstolos Pedro e Paulo foram vítimas, devem ser reconhecidos os conflitos dentro da comunidade cristã de Roma? Os claros conflitos em torno de Marcião, Valentino e Cerdão são todos de uma geração depois.

É muito mais verossímil pensar nas tensões entre cristãos e judeus. Não deve de fato ser esquecido que naquelas décadas estava em pleno andamento a separação entre judeus e cristãos, uma situação mais que favorável a invejas e ciúmes.

Sabemos, além disso, por Flávio Josefo, que a esposa de Nero, Pompeia, era uma prosélita, ou seja, uma convertida ao judaísmo, e deve, portanto, ter tido estreitos laços com os ambientes judaicos de Roma.

Portanto, seria realmente impensável que na busca por bodes expiatórios para o incêndio da Roma neroniana tenha sido ela quem desviou a atenção para os cristãos, tão mal-vistos pelos judeus?

Seja como for, em todas essas abordagens interpretativas é necessário ter cautela, dada a ausência de provas seguras nas fontes.

Mas este é o momento de enfrentar a questão do autor. É evidente que o nosso texto – que se apresenta como um tratado em forma epistolar – não é obra de uma coletividade: dizer que a “Igreja de Deus que vive como estrangeira em Roma” escreve à Igreja de Corinto é apenas um expediente formal. Considera-se que quem a escreveu foi “Clemente”, nome que – pelo que sabemos – é citado pela primeira vez numa carta de resposta do bispo Dionísio de Corinto ao papa Sotero (166-174 c.). Escreve Dionísio: “Hoje celebramos o dia santo do Senhor e neste mesmo dia lemos a vossa carta, a qual, tal como o precedente escrito a nós enviado por Clemente, sempre leremos como admoestação”.

Se esse Clemente é nomeado ao lado do bispo de Roma Sotero e a sua carta é lida como a carta de um papa durante a liturgia, pode-se considerar que com esse Clemente se faça referência a um outro bispo de Roma. Como sugere também o Clemente Romano lembrado no Pastor de Hermas, escrito na primeira metade do século II, uma vez que pelo contexto deduzimos que esse Clemente era pessoa de alta autoridade.

Não devemos esquecer que até o século IV, então como no passado, a Carta de Clemente era de uso público em grande parte das Igrejas. No Egito e na Síria, de modo particular, era-lhe atribuída uma autoridade quase canônica.

O “muro dos grafitos”, com a abertura que dá acesso ao lóculo em que se conservam as relíquias de Pedro, necrópole sob a Basílica de São Pedro, Cidade do Vaticano [© Veneranda Fabbrica di San Pietro] | 30Giorni.

No Codex Alexandrinus, famoso manuscrito da Bíblia do século V hoje conservado em Londres, a Primeira Carta de Clemente aparece ao lado do Novo Testamento.

Ora, como dissemos, todos esses debates, ou melhor, controvérsias, têm um precedente: pode a Primeira Carta de Clemente ser considerada a primeira prova pós-bíblica em favor do primado do bispo de Roma como guia da Igreja universal? Há diferentes respostas, dependendo do diferente ponto de vista confessional.

Deveria estar claro o evidente anacronismo que representaria perguntarmo-nos se o primado de Roma, tal como formulado pelos dois Concílios Vaticanos, é testemunhado pela Primeira Carta de Clemente. É justo, porém, que nos perguntemos se nessa carta fica clara a responsabilidade da Ecclesia Romana sobre toda a Igreja.

Pensando nisso, convém em primeiro lugar dar uma olhada no motivo e no conteúdo da Carta. Por que, afinal, foi necessário escrevê-la?

Pelo texto, compreendemos que na comunidade de Corinto se verificara uma ruptura, uma vez que os jovens se haviam rebelado contra os presbíteros da comunidade e os haviam removido de seu posto.

A intervenção de Roma, nessa situação que ameaçava a vida da Igreja de Corinto, é um fato notável. Ignoramos totalmente se ocorreu em resposta a um pedido de ajuda dos chefes da Igreja destituídos ou se Roma tomou a iniciativa motu proprio. Para a nossa questão, no entanto, isso é totalmente irrelevante, pois, no primeiro caso, se foram os presbíteros que recorreram a Roma, isso significa que reconheciam sua autoridade e sua faculdade de tutelar seus direitos; no segundo, a intervenção de Roma testemunharia que a Ecclesia Romana exercia de modo óbvio a autoridade sobre toda a Igreja.

O fato parece ainda mais notável se considerarmos que na época do envio da Carta a Corinto – pouco importa se a data é anterior ou se deu só por volta do final do século I – ainda vivia, em Éfeso, um dos Doze, João. Afinal, por terra Corinto distava de Éfeso cerca de 1.300 quilômetros – menos da metade por mar –, enquanto, também por terra, Roma estava a 2.500 quilômetros. Deveria haver, portanto, um motivo para que não tenha sido o último dos Doze, mas o Bispo de Roma, a pessoa interpelada e que interveio nessa situação.

A suposição, portanto, de que se tenha recorrido ao Sucessor de Pedro como instância última poderia não ser de modo algum equivocada.

Fonte: https://www.30giorni.it/

NAZARENO: Em viagem para o recenseamento (Maria e José rumo a Belém) - Cap. 3

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 3 - Em viagem para o recenseamento (Maria e José rumo a Belém)

Um decreto emitido por César Augusto ordena que seja feito um recenseamento em toda a terra, então Maria e José partem para a Judeia, para chegar à cidade de Belém. É uma longa viagem que Maria faz no lombo de um jumento, pois são os últimos dias de sua gravidez. Todos estão na estrada, e todos se equipam da melhor maneira possível para dormir. José não encontra ninguém capaz de acolher ele e sua esposa. Não há um lugar isolado para eles. Ele tem que se contentar com uma pequena gruta usada como estábulo, escavada ao lado de uma casa. Ele tenta torná-la aconchegante, e é ali, em absoluto silêncio, que está prestes a ocorrer um milagre destinado a mudar para sempre o destino da nossa humanidade.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/07/19/11/137236402_F137236402.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Papa: o clima ameaça a Terra, vou à COP28 pedir para protegê-la

Papa Francisco durante o Angelus recitado na capela da Casa Santa Marta (VATICAN MEDIA Divisione Foto

Após o Angelus, Francisco falou de sua próxima viagem a Dubai para a cúpula sobre mudanças climáticas e saudou os jovens que celebram hoje a Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano.

Alessandro De Carolis – Vatican News

Não são apenas os mísseis e os horríveis massacres contra as pessoas, inermes, os tanques que avançam e disparam nos enormes espaços da Ucrânia ou nas ruinas de um bairro em Gaza. Há "outro grande perigo", o clima, que ameaça o mundo, que exige máxima atenção e, acima de tudo, comprometimento. Isso é o que o Papa está se preparando para pedir aos líderes mundiais no próximo fim de semana, quando ele voará a Dubai para falar na COP28, a cúpula da ONU dedicada a esse tema.

Salvar a Casa comum

As mudanças climáticas “colocam em risco a vida na Terra, especialmente as gerações futuras”, reitera Francisco no pós Angelus, tomando emprestada a voz do chefe de escritório da Secretaria de Estado, monsenhor Paolo Braida, que o ajuda na leitura dos textos antes e depois da oração mariana, devido aos estado gripal que cansa o Papa: “portanto, no próximo fim de semana irei aos Emirados Árabes Unidos para falar no sábado, na COP28 em Dubai. Agradeço a todos aqueles que acompanharão nesta viagem com a oração e com o compromisso de levar a sério a proteção da nossa Casa comum”.

O abraço aos jovens da JMJ

Entre os pensamentos deste domingo não falta aquele para os jovens que celebram a 38ª Jornada Mundial da Juventude em todo o mundo, em nível das Igrejas particulares. O tema, recorda Francisco, é “Alegres na esperança”, em continuidade com a JMJ de Lisboa, e do Papa vai um “abraço aos jovens, presente e futuro do mundo” e um encorajamento “a serem alegres protagonistas da vida da Igreja”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa

Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa (Guadium Press)

No dia de hoje, 28 de novembro, a Igreja Católica celebra a memória litúrgica de Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa.

Redação (28/11/2022 08:37, Gaudium Press) Em fins de 1858, corriam por Paris notícias a respeito das aparições de Nossa Senhora a uma camponesa dos Pirineus, em Lourdes, rincão de pouca relevância do território francês. Trocavam-se impressões sobre as extraordinárias curas constatadas após o uso das águas da miraculosa nascente da Gruta de Massabielle e, sobretudo, comentava-se a celebridade da jovem vidente, Bernadette Soubirous, cuja despretensão e inabalável fé suscitavam a admiração do povo, que já a venerava como santa.

Difundindo-se célere pela capital francesa, a novidade chegou aos ouvidos também das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, que serviam aos idosos do asilo de Enghien. Entabularam uma animada conversa, na qual se ouviu uma exclamação saída dos lábios de uma religiosa que, embora discreta, mostrava-se tomada por veemente entusiasmo naquele momento: “É a mesma!”. Nenhuma delas alcançou o significado destas palavras. Entreolhando-se com estranheza, continuaram a falar, como se nada tivessem ouvido.

“Um arco-íris místico entre a Rue du Bac e Lourdes”

Em 1830, uma noviça da Casa-Mãe da Companhia das Filhas da Caridade, situada em Paris à Rue du Bac, também fora contemplada com aparições de Nossa Senhora, as quais já haviam adquirido fama mundial. Além de fazer importantes revelações sobre o futuro da Congregação e da França, a Mãe de Deus confiara à vidente a missão de mandar cunhar uma medalha através da qual Ela derramaria abundantes graças sobre o mundo. A distribuição dos primeiros exemplares deu-se em razão da epidemia de cólera que grassava por Paris, e foram tantas e tão surpreendentes as curas atribuídas ao uso dessa medalha – não sem razão denominada pelo povo de Milagrosa -, que em pouco tempo ela já se difundira por diversos países.

O nome da vidente, contudo, permanecia incógnito, mesmo entre suas irmãs de hábito. E só foi revelado após sua morte: era a silenciosa, diligente e sempre bem-humorada Irmã Catarina Labouré! Seus olhos azuis, serenos e límpidos, brilhavam de alegria ao ouvir falar pela primeira vez das recentes aparições de Lourdes, um eco das ocorridas na Rue du Bac. Era outra luz que despontava no mesmo caminho de misericórdia traçado pela Rainha do Céu para conduzir a humanidade a uma nova era de graças marianas.

Não havia dúvida, era “a mesma”! À noviça de Paris, a Virgem ensinara a fórmula para invocá-La: “Ó Maria concebida sem pecado”. A Bernadete, assim se apresentara: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Exultante de contentamento, Irmã Catarina passou a nutrir profunda admiração pela nova vidente, embora não a conhecesse. Não sabia ela que, em Lourdes, Bernadete trazia ao pescoço a Medalha Milagrosa quando viu a Mãe de Deus, e provavelmente nutria em seu coração nobres sentimentos de veneração pela incógnita vidente da Virgem da Medalha… Pelo prisma sobrenatural, havia uma estreita união de almas das duas santas, formando “como que um arco-íris místico entre a Rue du Bac e Lourdes”.

Santa Bernadete dava provas de heroica humildade, restituindo à Rainha do Céu as honras e louvores que o povo lhe tributava. Santa Catarina praticava de modo diferente igual humildade: vivia entregue às mais modestas funções no asilo de Enghien, onde serviu aos idosos e pobres durante mais de quarenta anos.

Infância nimbada de fé e seriedade

Quando Catarina nasceu, em 2 de maio de 1806, permaneciam ainda na França as chagas da irreligião abertas pela Revolução de 1789. No pequeno povoado borgonhês de Fain-lès-Moutiers, onde a família Labouré residia, não havia sacerdote. Para batizar a recém-nascida, foi preciso chamar o pároco do lugarejo vizinho. Apesar da generalizada negligência religiosa do tempo, da qual não se excluía seu pai, Pedro Labouré, a fé de Catarina e de seus nove irmãos foi salvaguardada e fortalecida graças ao empenho da mãe, Madalena Gontard, cuja principal preocupação na educação dos filhos foi inculcar-lhes uma ilimitada confiança na Santíssima Virgem.

Os primeiros anos de Zoé – assim se chamava nossa santa, antes do ingresso na vida religiosa – transcorreram sem nuvens, em meio às alegrias de uma infância perfumada pela inocência. Adquiriu desde cedo gosto pela oração e não hesitava em abandonar os infantis divertimentos quando a mãe a chamava para rezarem juntas diante da singela imagem de Nossa Senhora entronizada numa sala da residência.

Dotada de um precoce senso de responsabilidade e seriedade, Zoé logo percebeu as dificuldades da mãe na execução das árduas tarefas de manutenção da casa, e resolveu ajudá-la. Antes de completar oito anos, já sabia costurar, ordenhar as vacas, preparar a sopa e varrer o chão. E a compenetração que a movia a abraçar com alegria a monótona faina diária – tanto no lar, durante a infância e juventude, quanto no asilo de Enghien, ao longo de mais de quatro décadas – foi por ela mesma explicitada com palavras simples e cheias de luz: “Quando se faz a vontade de Deus, jamais se sente tédio”.

Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa (Guadium Press)

Uma graça transformante

Aos nove anos de idade, a pequena Zoé viu o horizonte de sua vida toldar-se pela tragédia: em outubro de 1815, faleceu sua mãe. Ao contemplar seu corpo inerte, chorou copiosamente, mas não por muito tempo, pois ela própria lhe havia ensinado a quem recorrer nos momentos de aflição. Passado o primeiro choque, dirigiu-se à sala onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora, diante da qual tantas vezes rezara em companhia da mãe. Resoluta, subiu numa cadeira para pôr-se à altura da imagem, abraçou-a e exclamou, entre soluços: “De agora em diante, Vós sereis minha Mãe!”. A resposta da Rainha do Céu foi imediata. A menina, que ali chegara débil e desfeita em lágrimas, retirou-se forte e disposta a enfrentar as adversidades. Foi essa a última vez que ela chorou na vida, pois a virtude da fortaleza a acompanhou num crescendo até o fim de seus dias.

Em 1871, quando já era uma religiosa de 65 anos, o movimento revolucionário da Comuna de Paris proporcionou-lhe diversas ocasiões de manifestar, com heroísmo, essa virtude. Um dia, por exemplo, tomou a iniciativa de dirigir-se ao quartel-general dos insurrectos para defender sua superiora, contra quem fora expedida uma ordem de detenção. Expôs seus argumentos com tal firmeza ante quase sessenta comuneiros ali presentes que terminou por sair vitoriosa. Impressionados, os revolucionários passaram a tratá-la com muita deferência; chegaram inclusive a pedir-lhe para depor no julgamento de uma prisioneira, e tomaram seu depoimento, favorável à ré, como última palavra no caso.

Um desdobramento dessa graça recebida na infância foi a constância de ânimo com a qual suportou as inúmeras manifestações de impaciência e incredulidade de seu confessor quando, por ordem de Nossa Senhora, lhe relatava as visões havidas. Poucos meses antes de sua morte, ela confidenciou à superiora que a atitude desse sacerdote constituíra para ela um verdadeiro martírio. Ela padeceu com a fortaleza dos mártires esse holocausto silencioso, que lhe fora anunciado pela própria Santíssima Virgem, na primeira de suas aparições: “Minha filha, o Bom Deus quer te encarregar de uma missão. Terás muitas dificuldades, mas as superarás, considerando que ages para a glória d’Ele. Saberás discernir o que vem do Bom Deus. Serás atormentada até que o digas àquele que está encarregado de te conduzir. Serás contraditada. Mas terás a graça. Não temas. Dize tudo com confiança e simplicidade. Tem confiança”.

Uma verdadeira filha de São Vicente de Paulo

“Ficarás feliz em vir a mim. Deus tem desígnios a teu respeito”. Quando tinha cerca de 14 anos, Catarina ouviu em sonho estas palavras dirigidas a ela por um sacerdote desconhecido, cujo olhar penetrante e cheio de luz gravou-se para sempre em sua lembrança. Alguns anos mais tarde, visitando uma casa das Filhas da Caridade, deparou-se com um quadro do fundador da Congregação, São Vicente de Paulo, em cuja fisionomia reconheceu o sacerdote do sonho. Ficou-lhe clara, então, a vocação à qual já se sentira tantas vezes atraída: seria filha de São Vicente!

Entretanto, quando no seu 21º aniversário, em 2 de maio de 1827, anunciou em casa sua decisão, o pai se opôs taxativamente. Após tentar, em vão, dissuadi-la de abraçar a vida religiosa, ele a enviou a Paris, para trabalhar no restaurante de um de seus irmãos, na ilusão de que ali ela acabaria por encontrar um bom partido e casar-se.

Aquele ambiente, porém, frequentado por operários rudes e muitas vezes imodestos, não fez senão fortalecer a pureza ilibada da jovem. Tal era seu amor pela vocação que já se portava como uma autêntica Filha da Caridade, cumprindo com perfeição as recomendações feitas pelo Santo às suas filhas espirituais, entre as quais esta: “Se às religiosas [de clausura] é exigido um grau de perfeição, às Filhas da Caridade devem ser exigidos dois”.

Catarina não desejava outra coisa senão abraçar por inteiro essa ousada meta, e perseverou em seu propósito até vencer a obstinação do pai. “Se observarmos bem as pequenas coisas, faremos bem as grandes”, escreveria ela, décadas mais tarde, ao terminar um período de exercícios espirituais.

A confiança e a simplicidade de uma alma inocente

Finalmente, em 21 de abril de 1830, Catarina chegou ao Convento da Rue du Bac. O Conselho das Superioras logo discerniu nela uma autêntica vocação: “Tem 23 anos e convém muito à nossa comunidade: piedosa, bom caráter, temperamento forte, amor ao trabalho e muito alegre”, foi o parecer escrito a seu respeito. Ademais, era uma genuína camponesa, tal qual desejava São Vicente, que tomara os bons predicados das aldeãs como base natural para perfilar o ideal de virtude das Filhas da Caridade. E, quer na vida comunitária, quer no serviço dos pobres, e mesmo durante as manifestações sobrenaturais das quais foi objeto, sempre brilhou em Irmã Catarina uma das virtudes mais amadas pelo Santo Fundador: a simplicidade de coração.

“O espírito das camponesas é simplíssimo: nem rastro de fingimento nem palavras de duplo sentido; não são teimosas nem apegadas às suas opiniões. […] Assim, minhas filhas, devem ser as Filhas da Caridade, e sabereis que o sois se fordes simples, sem recalcitrâncias, submissas ao parecer dos outros e cândidas em vossas palavras, e se vossos corações não pensarem uma coisa enquanto vossas bocas pronunciam outra”. Este ideal delineado por São Vicente encontrou, quase dois séculos depois, perfeita realização na alma desta dileta filha.

Na semana seguinte à sua chegada ao convento, apareceu-lhe três vezes, em dias consecutivos, o coração de São Vicente, prenunciando as iminentes desgraças que se abateriam sobre a França, com a promessa de que as duas Congregações por ele fundadas não pereceriam. A feliz noviça teve a graça de ver também Cristo presente na Sagrada Hóstia, durante todo o tempo de seu seminário, “exceto todas as vezes que eu duvidava”, confidenciou ela.

Imbuída da Fé que move as montanhas e atrai a benevolência de Deus, Catarina não titubeou em pedir mais: queria ver Nossa Senhora. Na véspera da festa do Fundador – que então se comemorava a 19 de julho -, confiou-lhe seu desejo numa breve oração e foi dormir esperançosa: “Deitei-me com a ideia de que naquela mesma noite veria minha boa Mãe. Havia muito tempo que queria vê-La”. E foi generosamente atendida, não só “naquela mesma noite”, como também em duas outras aparições, uma em novembro e outra em dezembro do mesmo ano de 1830.

Com o passar dos anos, intensificou-se nela a confiança filial e ilimitada que depositava nesses três pilares de devoção, a tal ponto que, pouco antes de falecer, ela não pôde esconder o espanto quando a superiora lhe perguntou se não tinha medo da morte: “Por que temeria ir ver Nosso Senhor, sua Mãe e São Vicente?”.

Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa (Guadium Press)

“A Santíssima Virgem escolheu bem”

Santa Catarina jamais violou o segredo acerca de sua condição de vidente e mensageira das aparições da Medalha Milagrosa. Contudo, muitas pessoas chegaram a vislumbrar nela a predileta da Rainha do Céu, tal era seu amor a Deus, não só afetivo, pois inegável era sua ardorosa piedade, mas também efetivo, como o testemunhou uma de suas contemporâneas: “Suas ações, em si mesmas ordinárias, ela as fazia de maneira extraordinária”. Havia nela algo de discreto, alcandorado e inefável.

Sua santidade era a principal mantenedora do segredo. Às irmãs que ousaram interpelá-la nesse sentido, sua resposta consistiu sempre num absoluto silêncio. Um silêncio nascido da humildade, sem nada de taciturno nem de ríspido; pelo contrário, um silêncio sacral, que chegava a despertar veneração.

Quando, após sua morte, foi anunciado às Filhas da Caridade o nome da vidente da Rue du Bac, tiveram elas uma reação marcada mais pela admiração do que pela surpresa. Não era difícil associar a exemplar irmã à figura – já um tanto mitificada – da vidente ignota. E era impossível não ficarem deslumbradas ao constatar a excelência de sua humildade, que a mantivera no anonimato, embora exercendo uma missão de alcance universal.

Quiçá naquele momento tenha ocorrido à lembrança das irmãs o ingênuo dito que as crianças do orfanato dirigido pelas Filhas da Caridade costumavam repetir entre si, observando de longe a Irmã Catarina Labouré: “A Santíssima Virgem escolheu bem”. Teriam sido estas palavras, tão verdadeiras, mero fruto da imaginação infantil ou haveria Deus, mais uma vez na História, revelado aos pequeninos os mistérios ocultados aos sábios e entendidos?

Sem embargo, mais luminosa que o heroico silêncio é a lição de confiança filial deixada por Santa Catarina na Mãe que nunca desampara. “A confiança tem sempre esse prêmio. Pedindo com confiança, recebe-se mais, com mais certeza e mais abundantemente. A confiança abre-nos o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria”.

Por Irmã Isabel Cristina Lins Brandão Veas, EP

Fonte: https://gaudiumpress.org/

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Deixar o trabalho no trabalho

Família (Opus Dei)

Deixar o trabalho no trabalho

Elisabetta e Andrea são casados há quase dez anos e têm dois filhos pequenos. Até que ponto é difícil para os pais descansarem um pouco quando terminam o trabalho?

21/11/2023

“Quando nos casamos – diz Andrea – estávamos preparados para estar abertos à vida, mas os filhos não vinham. Isto foi uma prova para nós, mas sabíamos que já éramos uma família”. “Para nos tornarmos mais família – acrescenta Elisabetta – ajudou-nos muito começar a rezar juntos”.

Depois de cinco anos de casamento, chegou Pietro, após um período muito duro: “O meu pai adoeceu e morreu em pouco tempo. O nascimento de Pietro foi um belo presente do Senhor para nos aliviar daquela dor”.

“Graças às políticas internas da empresa onde trabalho – diz Andrea, engenheiro de gestão – pude ter uma longa licença parental com 100% de reembolso, uma verdadeira raridade para os pais. Isto e a proximidade da família de Elisabetta ajudaram-nos muito durante os primeiros meses de vida de Pietro”.

Os desafios da rotina

Elisabetta, dentista, trabalha em três consultórios diferentes, “mas há algum tempo deixei de trabalhar aos sábados para ter um dia extra por semana, em que estou totalmente ausente do trabalho. De fato, trabalhando com crianças, o meu horário geralmente é incompatível com a minha presença em casa para estar com os meus filhos depois da escola. Como muitos pais, tenho de lutar para não trazer trabalho para casa, mesmo que só mentalmente”.

“Tendo trabalhado em smartworking desde antes da pandemia – explica Andrea – eu conhecia os desafios deste tipo de situação. Com a chegada de Pietro e agora Costanza, a luta de cada dia de trabalho é para não andar em multitasking entre os assuntos de trabalho e os da família”.

Mas quais são os momentos do dia em que se pode pensar, também com o Senhor? Para Andrea é a Missa diária, “um momento de recarga no qual sou capaz de contextualizar o que me espera”, enquanto que para Elisabetta são esses minutos distribuídos ao longo do dia, “desde as pequenas orações ditas com Pietro à noite, até o Ângelus”.

Um instrumento que tem sido e é muito útil para Elisabetta e Andrea viverem a sua vida familiar com mais empenho é o Family Enrichment, uma oportunidade de estar com outros casais e partilhar os desafios da vida familiar. “O método de estudo do caso utilizado no Family Enrichment permite explorar realidades concretas. Por exemplo – explica Elisabetta – desde a chegada de Costanza, Pietro começou a gritar. É reconfortante saber que isto aconteceu a outros e compreender como viver esta situação”.

Meditar com o Papa Francisco

No horizonte do amor, essencial na experiência cristã do matrimónio e da família, destaca-se ainda outra virtude, um pouco ignorada nestes tempos de relações frenéticas e superficiais: a ternura. Detenhamo-nos no terno e denso Salmo 131, onde – como se observa, aliás, noutros textos (cf. Ex 4, 22; Is 49, 15; Sl 27/26, 10) – a união entre o fiel e o seu Senhor é expressa com traços de amor paterno e materno. Lá aparece a intimidade delicada e carinhosa entre a mãe e o seu bebé, um recém-nascido que dorme nos braços de sua mãe depois de ter sido amamentado. Como indica a palavra hebraica gamùl, trata-se dum menino que acaba de mamar e se agarra conscientemente à mãe que o leva ao colo. É, pois, uma intimidade consciente, e não meramente biológica. Por isso canta o Salmista: “Estou sossegado e tranquilo, como criança saciada ao colo da mãe” (Sl 131/130, 2). Paralelamente, podemos ver outra cena na qual o profeta Oseias coloca na boca de Deus, visto como pai, estas palavras comoventes: “Quando Israel era ainda menino, Eu amei-o (...), Eu ensinava Efraim a andar, trazia-o nos meus braços (...). Segurava-o com laços de ternura, com laços de amor, fui para ele como os que levantam uma criancinha contra o seu rosto; inclinei-me para ele para lhe dar de comer” (Os 11, 1.3-4).

(Amoris Laetitia, 28)

O amor de amizade unifica todos os aspetos da vida matrimonial e ajuda os membros da família a avançarem em todas as suas fases. Por isso, os gestos que exprimem este amor devem ser constantemente cultivados, sem mesquinhez, cheios de palavras generosas. Na família, “é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave”. “Quando numa família não somos invasores e pedimos “com licença”, quando na família não somos egoístas e aprendemos a dizer “obrigado”, e quando na família nos damos conta de que fizemos algo incorreto e pedimos “desculpa”, nessa família existe paz e alegria”. Não sejamos mesquinhos no uso destas palavras, sejamos generosos repetindo-as dia a dia, porque “pesam certos silêncios, às vezes mesmo em família, entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos”. Pelo contrário, as palavras adequadas, ditas no momento certo, protegem e alimentam o amor dia após dia.

(Amoris Laetitia, 133)

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

As Quatro Velas do Advento

Tempo do Advento (diocesedebarreiras)

As Quatro Velas do Advento

O advento tem quatro domingos. E para cada domingo tem uma vela especial, de cor diferente.

O significado das velas é o seguinte:

A Primeira Vela: Vermelha, lembra o profeta Isaías, que proclamava: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz que resplandeceu na região tenebrosa.” Significa na terra onde Jesus nasceu de uma virgem chamada Maria.

A Segunda Vela: Roxa, lembra o profeta João Batista (precursor do Salvador) que veio dar testemunho da verdadeira luz que é Cristo. Veio para o que era seu, mas os seus não o reconheceram. Mas a todos aqueles que o receberam (creram no seu nome) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

A Terceira Vela: Rosa, lembra Maria que recebeu a mensagem do anjo. “Não temas, Maria, eis que conceberás e darás à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de Jesus e será chamado filho de Deus, sendo luz para todos que jazem nas sombras da morte.”

A Quarta Vela: Branca, lembra o próprio Jesus Cristo, anunciado pelos profetas e acolhido por Maria, sua mãe. E o anúncio: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”

Fonte: Pe Sérgio (http://www.folhaojornal.com.br/)

Milagre com o homem hidrópico: Reflexões sobre saúde e fé

Mosaïque byzantine représentant la guérison par Jésus de l'homme à la main paralysée. Cathédrale de Monreale (Sicile) | Domaine public I Sibeaster — Travail personnel

Por Igor Precinoti - publicado em 27/11/23

Qual doença poderia estar acometendo o homem que foi curado por Jesus? O que significa a palavra hidrópico?

1. Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2. Havia ali um homem hidrópico. 3. Jesus dirigiu-se aos doutores da Lei e aos fariseus: “É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?”. 4. Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5. Depois, dirigindo-se a eles, disse: “Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado?”

A passagem bíblica narrada no evangelho de São Lucas (14,1-5) é rica em significado e as principais homilias e discussões teológicas sobre ela dizem respeito à observância do sábado no contexto judaico. 

Jesus, antecipando-se às críticas, lança um desafio aos seus anfitriões com uma questão ética: seria lícito curar no sábado ou não? Sem esperar pela resposta, Ele toca o homem e o cura e, depois, confronta os presentes com uma analogia: se um boi cair em um poço no sábado, não seria imediatamente retirado por seu dono? Com essa comparação, Jesus destaca o erro de quem valoriza mais as regras do que a misericórdia e a caridade.

Apesar de o foco da grande maioria dos textos sobre esta passagem discutir sobre as questões teológicas da cura no sábado, a finalidade deste artigo é debater o objeto da cura. Qual doença poderia estar acometendo o homem que foi curado? O que significa a palavra hidrópico?

O termo homem hidrópico se refere a um indivíduo que sofre de uma condição chamada hidropisia, atualmente este nome não é muito comum na prática médica. Refere-se ao acúmulo anormal de líquidos no organismo e, hoje, as expressões mais utilizadas para esta condição são: inchaço ou edema. Quando este inchaço ocorre em todo o corpo ele passa a se chamar anasarca.

É impossível ter certeza a respeito das condições clínicas do indivíduo em questão, porém considerando que ele foi identificado como um homem hidrópico, provavelmente seu inchaço estava visível a todos e, por isso, podemos imaginar que se tratava de um caso de edema generalizado ou anasarca. Mas, afinal, o que leva um indivíduo a ter hidropsia? 

Existem várias condições que podem causar a hidropsia ou anasarca, dentre elas duas chamam a atenção por sua relevância. A primeira e mais importante é uma condição chamada insuficiência cardíaca. Esta doença acontece quando o coração perde a sua eficiência, tornando incapaz de bombear sangue, de maneira adequada, para todo o organismo, ao mesmo tempo que tem dificuldade em drenar todo o sangue bombeado das extremidades de volta para o coração para um novo ciclo circulatório. 

Esta dificuldade na drenagem sanguínea é responsável pelo inchaço (ou edema). Quando a doença está em fases iniciais é percebida como um inchaço nos pés, que vai subindo para as pernas no decorrer do dia, mas que melhora quando nos deitamos à noite para dormir. À medida em que a insuficiência cardíaca se agrava, o inchaço vai ficando cada vez mais grave e o indivíduo já acorda com as pernas edemaciadas, além de apresentar pouca resistência para realizar atividades físicas leves, chegando, em casos mais graves, a dificuldade, inclusive, para respirar devido ao acúmulo de líquido nos pulmões.

As principais causas de insuficiência cardíaca são a hipertensão arterial mal controlada e os infartos; por isso, a importância de nunca se esquecer de utilizar as medicações para a pressão, evitar o tabagismo e manter uma dieta balanceada. 

O segundo motivo para a hidropsia, ou anasarca é a insuficiência renal. Isto ocorre quando os rins perdem sua capacidade de eliminar o excesso de líquidos do corpo e este acúmulo de líquidos no organismo leva ao edema generalizado ou anasarca.

As consequências de uma insuficiência renal são muito graves, devido à incapacidade de o rim eliminar também as toxinas do corpo, o que pode levar a grande mal-estar e até à morte, sendo necessário, em alguns casos, a substituição do rim por meio de transplante ou, quando não for possível, o indivíduo deve ser submetido a sessões de hemodiálise (uma máquina “filtra o sangue” substituindo algumas das funções do rim). 

As principais causas de insuficiência renal são o uso inadequado de anti-inflamatórios por pessoas que se automedicam ou o controle inadequado do diabetes e da pressão arterial. Este é um dos principais motivos das campanhas públicas e da insistência dos médicos para que seus pacientes utilizem regularmente os seus medicamentos para a hipertensão e o diabetes e nunca se automediquem quando estão com alguma dor ou incômodo físico. 

Concluindo, o estudo das Escrituras é um campo fértil não somente para assuntos teológicos, mas também para outras áreas do conhecimento. Ao contemplarmos a passagem bíblica que descreve o milagre realizado por Jesus em um dia de sábado, somos levados a uma reflexão mais profunda que transcende o contexto da tradição religiosa de seu tempo e adentra no âmbito da compaixão humana.

Do ponto de vista médico, a cura do homem hidrópico é um alerta sobre a importância do autocuidado. Convida-nos a ficar atento às doenças que podem levar ao quadro de hidropsia, tal como a insuficiência cardíaca e a insuficiência renal. Elas são frequentemente resultantes de hábitos de vida e de condições de saúde inadequados, mas que podem – e devem – ser prevenidos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF