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terça-feira, 8 de julho de 2025

O Papa Leão e um mundo à altura das crianças

Leão XIV com uma menina da Colônia de Férias do Vaticano (Vatican Media)

Dois meses se passaram desde a eleição de Robert Francis Prevost para a Cátedra de Pedro e já existem várias imagens símbolo desse pontificado que está apenas começando. Dentre elas, embora menos conhecida, está a do novo Papa que se abaixa para ficar na altura de uma menina que quer lhe dar um desenho. Um gesto simples que, no entanto, tem uma mensagem de grande valor: para construir um mundo melhor, é necessário se colocar no mesmo nível das crianças.

Alessandro Gisotti

São muitas e ricas de significado as imagens que nos proporcionaram esses dois primeiros meses do Pontificado de Leão XIV. Algumas permanecerão na memória coletiva por um longo tempo, como as lágrimas que ele conteve no Balcão central da Basílica Petrina enquanto observava as pessoas alegres na Praça São Pedro na tarde de 8 de maio em sua primeira Urbi et Orbi após sua eleição. Mas há uma, muito menos conhecida, que naturalmente traz uma mensagem e uma visão para o futuro. É aquela em que o Papa Leão se abaixa ao lado de uma menina da Colônia de Férias de Verão do Vaticano que lhe mostra um desenho.

Os sorrisos dos dois são impressionantes: o Papa está evidentemente olhando para a lente do fotógrafo. A menina está "encantada" com esse gesto e, portanto, não olha para o fotógrafo, mas mantém seu olhar sorridente fixo em Leão XIV. Por que essa imagem é tão importante? Porque com esse simples abaixamento, o Pontífice nos mostrou uma direção que deve ser seguida por todos e, em particular, por aqueles que hoje têm o destino do mundo em suas mãos: colocar-se à altura das crianças, olhar o mundo através dos olhos delas. Como o destino da humanidade mudaria se cada um de nós tivesse a coragem de se abaixar como Jesus fez quando - repreendendo os discípulos que queriam mandar embora as crianças "incômodas" - pronunciou aquela frase imortal: "Deixem vir a mim as crianças".

Hoje, quando deixamos as crianças virem até nós? E, acima de tudo, quanto vamos em direção a elas? Em direção às crianças oprimidas pela guerra, às famintas pelo egoísmo alheio, às crianças abusadas por mil formas de violência. A lógica, antes mesmo do sentimento, exigiria que os adultos protegessem os pequenos. Em vez disso, acontece exatamente o oposto: nas guerras decididas pelos adultos, os primeiros a sofrer são justamente eles: os pequenos. O que veríamos se nos abaixássemos à altura das crianças de Gaza, Kharkiv, Goma e dos muitos, muitos lugares devastados por conflitos armados? Talvez, se o fizéssemos, algo mudaria.

"Se quisermos ensinar a verdadeira paz neste mundo", disse Gandhi, "e se quisermos travar uma verdadeira guerra contra a guerra, devemos começar com as crianças". Imagine por um momento se crianças das nacionalidades das Grandes Potências participassem do Conselho de Segurança da ONU. Quem sabe como as relações internacionais mudariam! Infelizmente, devemos reconhecer com amargura que a realidade da guerra nos é incutida, como veneno, desde os primeiros anos de nossas vidas. Bertolt Brecht explica isso de forma dramática e eficaz num poema escrito quando o início sombrio da Segunda Guerra Mundial se aproximava: “As crianças brincam de guerra. Raramente brincam de paz porque os adultos sempre fazem a guerra.”

É por isso que talvez a única maneira de mudar o curso da história seja realmente a mais improvável: abaixar-nos, descer das nossas convicções e interesses de adultos e colocar os nossos olhos (e ainda mais os nossos corações) no olhar "baixo" das crianças. O Papa Leão, como missionário e bispo no Peru, abaixou-se muitas vezes para estar à altura das crianças. Existem várias imagens que mostram ele nessa situação. Agora que é Bispo de Roma, o seu estilo não mudou, como nos "confirmou" aquela foto tirada na Colônia de Férias de Verão do Vaticano, na Sala Paulo VI. Tornar-nos pequenos, portanto, para tornar a nossa humanidade maior. Uma lição de que precisamos imensamente hoje.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF