Nós estamos acostumados a essa cultura machista, a ver a
mulher, não digo como o cachorrinho ou o gato de casa, mas como um ser humano
de segunda categoria", afirmou o Pontífice a voluntários de "Manos
Unidas". Francisco enalteceu a figura da mulher, que tanto ajudou na
criação da ONG da Igreja Católica há 65 anos, uma associação espanhola que
trabalha no combate à fome, ao subdesenvolvimento e à falta de instrução nos
países da América, África e Ásia.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira
(09/12), no Vaticano, uma delegação do Comitê Católico da Campanha contra a
Fome Mundial de "Manos
Unidas", uma Organização Não Governamental da Espanha que há 65 anos
contribui para a promoção e o progresso dos países em
desenvolvimento. Segundo dados da própria ONG do início de dezembro, mais
de 1 milhão de pessoas na América, na África e na Ásia já conseguiram mudar de
vida com a generosidade e a dedicação de uma rede solidária de 6.500
voluntários, mas a campanha, segundo contou Francisco em discurso em espanhol,
alcança "somente 15% daqueles que sofrem a fome do mundo. É muito difícil,
muito difícil".
A mulher leva o mundo adiante
O Pontífice recordou que a associação nasceu como
"resposta das mulheres da Ação Católica da Espanha ao apelo da FAO, que
denunciava a 'fome de pão, fome de cultura e fome de Deus que aflige grande
parte da humanidade'". Uma pequena rede de mulheres formada em 1959 que
hoje cresceu e se converteu em ONG devido à "sensibilidade e força
próprias do gênio feminino", comentou o Papa, fazendo ligação "à
figura da Mãe de Deus, que celebramos na sua Imaculada Conceição. Pois a Virgem
Maria é a Mulher por excelência".
"Nós estamos acostumados a essa cultura machista, a
ver a mulher, não digo como o cachorrinho ou o gato de casa, mas como um ser
humano de segunda categoria. E não vamos nos esquecer que são as mulheres a
levar o mundo adiante e - como alguns dizem - são elas que comandam. Mas tudo
bem. Mas é a mulher que leva adiante a família, que leva adiante os povos, que
se aproxima das necessidades, aquela sensibilidade tão rica da mulher."
Maria, continuou Francisco, que é "atenta às
necessidades dos seus filhos", serve de "modelo plenamente
realizado" para a humanidade. Assim como têm feito as mães, filhas,
esposas e sogras da associação pública de fiéis da Igreja
Católica "Manos Unidas" que seguem a missão de "combater a
fome, o subdesenvolvimento e a falta de instrução". E o Papa dividiu uma
anedota:
Ursula Von der Layen, a presidente do Conselho da Europa,
é médica e mãe de 7 filhos. Um dia eu lhe disse - após ter resolvido um
problema muito difícil com a Bélgica, a Holanda e muito dinheiro, e ela o
resolveu bem - e eu lhe disse: 'senhora - estávamos sentados ali - como fez
para resolvê-lo?' E ela começou a fazer assim com as mãos (no sentido de
equilibrar tudo). 'Como fazemos nós, mães'. A mulher tem talento, o gênio
feminino.
A dignidade de ser filho de Deus
E o Papa Francisco finalizou o discurso, encorajando a
prosseguir com o trabalho voluntário e de assistência "na construção da
civilização do amor":
"Ao nos aproximarmos do Jubileu de 2025, convido-os
a serem peregrinos de esperança e a reorientar a vida para Jesus, também por
meio da contribuição de vocês para a melhoria material, o progresso moral e o
desenvolvimento espiritual dos mais frágeis e necessitados, para ajudá-los a
obter uma vida que corresponda à dignidade deles de filhos de Deus."
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