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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A preparação para o Natal e a nossa chance de resgatar o tempo perdido

© MAGDALENA KUCOVA / SHUTTERSTOCK
por Michael Rennier

Neste ano, o desejo de escapar de nossas circunstâncias atuais nos desequilibrou da passagem do tempo. Estamos presos a um passado morto ou sonhando com um futuro imaginado.

Já estamos no Advento, o tempo de preparação para o Natal. É também quando o fim do ano se aproxima.O sentimento que prevalece, de fato, é que estamos todos prontos para um novo começo.

Eu tenho que admitir: tive um ótimo ano, a pesar de cada ano como o que estamos vivendo ser sempre proclamado em voz alta como o pior de todos. Já vivi 39 viagens ao redor do sol e aproveitei todas elas. No entanto, compartilho do sentimento de esperança de que o próximo ano será melhor do que o anterior.

Contemplar deixar 2020 é um pensamento agridoce. Meus filhos nunca mais terão essa idade. Os céus nunca brilharão da mesma forma, com a mesma qualidade de luz de 2020. Pensar no ano passado traz lembranças de estresse e ansiedade, com certeza. Mas traz, principalmente, alegria.

Preparação do Natal e a passagem do tempo

Para muitos, as memórias deste ano podem ser ainda melhores que as minhas – ou piores. Quaisquer que sejam as nossas experiências, 2020 foi incrivelmente difícil para muitas pessoas. Para ser franco e honesto, cada ano traz consigo uma parcela injusta de infortúnios para um certo número de pessoas. Em momentos como esses, com sofrimento em nosso caminho, instintivamente buscamos o passado ou o futuro. O sentimento é que, talvez, o próximo ano seja melhor. Talvez possamos, eventualmente, voltar ao normal.

À medida que faço a preparação para o Natal, percebo que, neste ano, o desejo de escapar de nossas circunstâncias atuais nos desequilibrou da passagem do tempo através de nossos dias. Estamos presos a um passado morto ou sonhando com um futuro imaginado. Posso sentir a inquietação que isso causou – todos sentem que a vida está em pausa. Essa realidade traz consigo uma apatia e falta de motivação, como se estivéssemos economizando todas as nossas energias para um amanhã mais brilhante que nunca chega.

Claro, viver assim é profundamente insatisfatório.  Nunca vivemos realmente no momento presente. É uma vida sombria. No entanto, a homilia do primeiro domingo do Advento contém um grande incentivo de esperança, de vigília, de espera pela vinda do Cristo no Natal.

Acredito muito neste conselho e descobri que, em minha própria vida, quando consigo desacelerar e vigiar, o tempo se estende e meus dias não apenas parecem mais longos, mas também são mais gratificantes.

A beleza do Advento

Porém, a ideia não é desistir do momento presente e esperar por um futuro imaginado. Não devemos simplesmente esgotar o tempo em 2020 e viver para o ano que vem a seguir. Vivemos para redimir este momento presente. Bem aqui. Agora mesmo.

A beleza deste tempo de preparação para o Natal e do próprio Natal é que eles criam tradições vibrantes em torno desses momentos de espera. Essas tradições nos sustentam como um andaime sustenta uma escultura de mármore. Eles nos sustentam quando passamos um ano difícil, libertando-nos do passado e do futuro e permitindo-nos celebrar o momento presente. Isso parece teórico, eu sei, mas o que quero dizer é que não importa que decepções permaneçam em meu passado ou que sonhos febris com o futuro estejam gravados em minha mente se, diante de mim, está uma coroa do Advento.

O que estamos procurando é um ato de amor que atravessa tudo. O passado é o que é, para melhor ou para pior, o futuro não realizado. Mas o amor envolve tudo. Durante o Advento, esperamos este ato de amor. No Natal, nós o celebramos. Nosso próprio ato interior de amor pelo momento presente nos leva a uma existência mais permanente e nos ajuda a transcender o tempo.

Amor não tem fronteiras. Nunca há o suficiente, e mesmo a menor quantidade é infinitamente valiosa. É assim que um ato discreto pode nos libertar. Ele se aninha em nossa experiência de tempo e o transforma, nos eleva, nos redime e renasce no momento presente.

Aleteia

S. SILVÉRIO, PAPA

S. Silvério, papa, Basílica de São Paulo fora dos muros

A vida de Silvério é muito controvertida, desde o lugar do seu nascimento, que – segundo algumas fontes – é disputado entre Frosinone, cidade da qual, hoje, é o Santo padroeiro, e a vizinha Ceccano, onde, porém, não há sinais de sua veneração. Eleito - e não designado - como 58º Papa da Igreja de Roma, seu pontificado durou apenas um ano, por causa da eclosão da guerra grego-gótica, entre Constantinopla e os Ostrogodos, que perdurou por 18 anos.

Eleição controvertida

O Papa Agapito I faleceu em Constantinopla, em 22 de abril de 536. Com a sua morte, deu-se início à corrida para a sua sucessão. Entre o descontentamento de muitos, foi eleito o Papa Silvério, que na época era apenas um subdiácono, um ofício religioso considerado muito baixo para ter acesso direto ao trono de Pedro. Porém, o rei ostrogodo Teodato - que ameaçou domar com a força uma eventual revolta – impôs a sua eleição. Desta forma, a nobreza e o resto do clero tiveram que aceitar, para não piorar a situação. Entretanto, uma das maiores opositoras de Silvério foi Teodora, esposa do imperador oriental Justiniano, partidária dos Monofisistas, que já havia escolhido como sucessor de Agapito seu pupilo, Virgílio.

Heresia monofisista

O Monofisismo era uma doutrina teológica, desenvolvida, por volta do ano 400, pelo arquimandrita Eutíquio, em um mosteiro de Constantinopla. Na prática, esta doutrina negava a natureza divina de Cristo, que, no seu parecer, se "perdeu" com a Encarnação: afirmava como “única” a natureza divina de Jesus. Por isso, o Concílio de Calcedônia, em 451, a condenou como herética. Não obstante, conseguiu encontrar prosélitos, por volta dos séculos V e VI, causando a separação de Roma das Igrejas Copta, Armênia e Jacobita da Síria.

Conspiração do Oriente

Enquanto isso, do ponto de vista político, a situação se complicava na península italiana, que, na época, era disputada precisamente entre Constantinopla e os invasores Godos. A pagar o preço foram a esfera religiosa e o pontificado de Silvério. O imperador Justiniano declarou guerra contra os Ostrogodos, enviando seu melhor general, Belizário: avançando do Sul, conseguiu chegar a Roma e reabilitar, em Ravena, Vitiges, o novo rei ostrogodo que, no entanto, havia sucedido a Teodato. Neste contexto, Teodora continuava a travar a sua batalha pessoal contra Silvério, tentando abrandar suas posições em favor do Monofisismo. Porém, não conseguindo, tramou um complô contra ele: com uma carta falsa, afirmava que o Papa havia permitido a entrada dos Godos em Roma para libertá-la dos Bizantinos. Não podendo desculpar-se, Silvério foi despojado de suas vestes papais e, vestido como monge, foi levado para Constantinopla. Nem o imperador Justiniano conseguiu ajudá-lo e foi deportado para Patara, na Lícia. Em seu lugar, Virgílio tornou-se Papa, mas não foi hostil ao monofisismo.

Exílio na ilha de Palmarola

Quando o Bispo de Patara apresentou ao imperador as provas irrefutáveis da inocência de Silvério, Justiniano foi obrigado a libertá-lo e mandá-lo de volta para Roma. Porém, Virgílio, para se defender, obrigou o general Belizário a prender Silvério e deportá-lo para a ilha das Pontinas, em Palmarola. Ali, na tentativa de pôr fim ao cisma entre as Igrejas, Silvério decidiu abdicar e, após cerca de um mês, no dia 2 de dezembro, faleceu. Seus restos mortais, ao contrário de como se usava fazer com os Papas, permaneceram em Palmarola, onde é venerado no dia 20 de junho, dia da sua chegada à ilha.

Vatican News

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O ANO LITÚRGICO

 

ArqRio
Cardeal Orani João Tempeste

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Com o primeiro domingo do advento iniciamos na Igreja um novo ano litúrgico. A cada primeiro domingo do Advento a Santa Igreja muda o seu Ano Litúrgico, diferentemente do ano civil que é numeral e a cada ano vai somando mais anos, o ano litúrgico dominical é trienal, e distinto pelas letras A, B e C. Neste mês de novembro de 2020 estamos terminando o ano A (Cristo Rei, 34º domingo do tempo comum) e a partir de Domingo dia 29 de novembro iniciamos o ano litúrgico B (primeiro domingo do advento), no ciclo dominical. Durante a semana o ciclo é de dois anos: impar e par – seguindo o ano civil.

Cada Ano Litúrgico dominical é dedicado a um evangelista sinótico, Mateus (A), Marcos (B) e Lucas (C). João aparece nos dias de festa e solenidades, e, principalmente no Tempo Pascal. Para que a cada ano tenhamos a experiencia de acompanhar o ponto de vista de cada evangelista a respeito do conhecimento que tinham de Jesus. A cada Ano Litúrgico podemos acompanhar a teologia de cada evangelista e a maneira que eles transmitem a mensagem a respeito de Jesus. De uma certa forma ao final de 3 anos teremos lido na liturgia quase toda a Sagrada Escritura.

O ano B, que é o que vamos iniciar agora é dedicado ao Evangelho de Marcos. O centro do Evangelho de São Marcos é o segredo messiânico, ou seja, Marcos quer revelar aos seus leitores a identidade do Messias. Ao mesmo tempo humano e divino, Jesus Cristo vem instaurar um reino de amor e de paz para a humanidade. Marcos ao longo do seu Evangelho nos revela aos poucos quem é esse Messias e o que é o Reino que veio instaurar.

Por isso, o Ano Litúrgico é cíclico e se tivermos a oportunidade de todos os anos participar das Missas aos Domingos, poderemos acompanhar as peculiaridades de cada evangelista a respeito de Jesus.

Nas Missas durante a semana (feriais) o Ano Litúrgico é dividido em ano par e ano ímpar seguindo a numeração do ano civil – nos dias feriais as leituras evangélicas dispõem-se num só ciclo e se repetem todos os anos. Mas a primeira leitura e o Salmo distribuem-se em dois ciclos de modo especial no tempo comum. Assim sendo, se participarmos das missas durante a semana, ao final de dois anos passaremos por toda a Sagrada Escritura.

Como dissemos o Ano Litúrgico é cíclico e por isso o ano litúrgico é dividido em: Tempo do Advento, Tempo do Natal, Tempo da Quaresma, Tempo da Páscoa e Tempo Comum. Divide-se assim para animar a vida da Igreja e dar um sentido para as celebrações de cada tempo. Junta-se a essa organização também as cores da liturgia e as músicas que acompanham os vários tempos.

O Tempo Comum, contudo, é dividido em duas partes, a primeira parte se inicia logo após a festa do batismo de Jesus, pois Ele, a partir desse momento, inicia a sua vida pública até o início da quaresma. A segunda parte acontece após a Solenidade de Pentecostes e vai até o Tempo do Advento. O Tempo Comum é um tempo da igreja, de esperança e de escuta fiel da Palavra do Senhor, por isso a cor predominante é a verde, que é a cor da esperança. O Tempo Comum estimula o fiel a ser sal na terra e luz no mundo e construir aqui na terra o Reino de Deus.

O Ano Litúrgico é assim divido para que em cada Tempo possamos aprofundar um aspecto da espiritualidade católica. No Advento vivemos a expectativa da vinda do Messias, no início mais com relação ao final dos tempos, mas também, do nascimento do Salvador, e preparamos o nosso coração através da oração e ficamos vigilantes aguardando o Natal. O Natal é um tempo de alegria, a Igreja se veste de branco e a partir do nascimento de Jesus na manjedoura, um mistério nos liga a outro, ou seja, o nascimento nos prepara para aquilo que celebraremos na Páscoa. Em seguida celebramos a primeira parte do Tempo Comum e somos convidados a sair em missão com Jesus e construir o Reino de Deus aqui na terra.

A partir da quarta-feira de cinzas entramos no Tempo da Quaresma e somos convidados a entrar em clima de penitência, oração e jejum. Fazer uma boa confissão, uma revisão de vida, e somos convidados a mudar de vida e ressuscitar com Cristo para uma vida nova. E assim, ao celebrarmos o Tempo da Páscoa a Igreja se reveste de inteira alegria, festejando a vida que venceu a morte e todos os fiéis que foram lavados pela água do batismo. E por fim, após Pentecostes volta o Tempo Comum e somos impulsionados pelo Espírito Santo a sair em missão e anunciar a boa nova. Junto com esse esquema litúrgico acompanha também as cores litúrgicas e os cânticos próprios da época.

O Ano Litúrgico nos ajuda a lembrar que Cristo deve ser o “centro” das nossas vidas e conduz a nossa vida, de nossa família, do nosso trabalho. Por isso a missa não é uma repetição, mas uma atualização, a cada ano muda o conteúdo das leituras e a cada tempo litúrgico celebrado envolve-se por um mistério, e tem uma essência que nunca muda que é a Eucaristia.

Neste ano como já dissemos o centro da reflexão da liturgia dominical deste ano B que agora iniciamos é a partir do Evangelho de Marcos, que vai embasar os seus textos na divindade de Jesus. Marcos nos apresentará muitos milagres operados por Jesus, a partir do próprio questionamento de Jesus “Quem sou eu?” (8,28)Percebe-se aqui o porquê a messianidade de Cristo ainda não devia ser divulgada. Depois os discípulos têm a imagem do Messias terreno e depois finalmente compreendem a missão de Jesus que não era deste mundo.

O Tempo Comum como num todo, é composto de 34 semanas e nos apresenta Jesus num caminho de subida a Jerusalém para sofrer a paixão e durante essas 34 semanas ele nos mostra qual o caminho que devemos seguir para construir o Reino de Deus aqui na terra. Um Reino que se inicia aqui e que vamos vivenciá-lo de maneira definitiva no céu. Esse Reino é diferente do que era exercido no tempo de Jesus, é um Reino de amor e de paz e que pregava a inclusão de todas as pessoas.

Celebremos com alegria mais um Ano Litúrgico e participemos desse corpo místico que é a Igreja, celebrando a espiritualidade que cada tempo nos proporciona, vivenciando na nossa vida os mistérios de Cristo. Vivamos no dia a dia o nosso batismo, sendo “sal na terra e luz no mundo” para quem nós encontrarmos.

CNBB

ESPIRITUALIDADE: Amor Abissal a Deus

Ecclesia

Amor Abissal a Deus

Pe. Inácio José do Vale

O primeiro e maior mandamento ensinado por Nosso Senhor Jesus Cristo, é amar o Senhor Deus, Pai eterno e todo-poderoso de todo o nosso coração, de toda nossa alma, de toda nossa mente e de toda nossa força (Mc 12,30).

Se soubéssemos o suficiente sobre Quem Deus é e o que Ele pode ser para nós, estaríamos prostrados, suplicando que nos desse o privilégio de amá-Lo no abissal máximo da nossa capacidade. Quando somos divinamente iluminados, amar ao Bom Deus de todo o nosso coração é o mais sublime prazer da nossa existência.

Viver sem amar é não viver. Ninguém pode viver uma vida de paz, e alegria e de felicidade sem amar a Deus de toda sua alma.Disse Sigmund Freud: «O que se precisa para ser feliz? Trabalho e amor».

O amor é o sentimento mais poderoso do universo. É o sentimento da vitória. Dele afirmou o Pe. José Kentenich: «Permaneçamos fielmente unidos e não esqueçamos que o amor vence tudo».

Há duas palavras no Novo Testamento grego que significam amor. A palavra philos se refere a todo afeto humano natural, algo que todos os seres humanos possuem. A outra palavra é ágape, fala do amor de Deus e seus atributos para humanidade. A maior expressão desse amor está em João 3,16. «Deus amou o mundo de tal maneira que deu o único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna»

O Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica Deus Caritas Est, no final da introdução exorta: «O meu desejo é insistir sobre alguns elementos fundamentais, para desse modo suscitar no mundo um renomado dinamismo de empenhamento na resposta ao amor divino».

Ninguém melhor respondeu ao amor divino do que a bendita Virgem Maria. Está escrito em Lucas 1,38: «Disse então Maria: 'Eis aqui a serva do Senhor: cumpra-se em mim segundo a tua palavra'». No versículo 37 está escrito: «E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador».

Maria é o mais belo exemplo do amor abissal ao nosso Deus. O amor de Maria é o amor que faz cumprir a gloriosa palavra de Deus em sua vida. Todo esse amor está imbuído de gratidão, alegria, pureza, submissão e sofrimento. Essa manifestação do amor por Deus nos mostra mais claramente a ilusão, o engano, o valor passageiro de tudo que parece ser bom neste mundo. A revelação desse poderoso amor é a arma que «dissipou os soberbos no pensamento de seus corações. Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos». (Lc 1, 51-53).

O amor abissal ignora tudo que queira ser intruso no nosso coração para tomar o santo lugar de Deus ou que, no menor sentido possível, tenta dividir com ele o nosso coração. É com a revelação desse amor que escolhemos o Deus da vida e rejeitamos todos os deuses da morte, todos os falsos profetas, todos os ídolos e toda pregação enganosa da teologia da prosperidade. Nossos corações ardem com indignação contra tudo que tenta tomar o santíssimo espaço do Bom Deus ou tenta ocupar a menor parte que seja da honra, da glória, do louvor e da adoração devidos somente a Deus Pai Todo-Poderoso.

Com a graça do amor, exaltamos a soberania de Deus. Com a fé e o amor, temos poder para orar. Com a esperança temos confiança no amor de Deus para vida eterna. Com a bênção do amor, deixamos de lado tudo que possa competir com a nossa salvação. Com amor temos Jesus Cristo como Senhor de tudo. Com o amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5, 5), ficamos desprovidos das coisas negativos do mundo e do inferno.

Temos certeza absoluta do amor de Deus para a nossa alma. Chegaremos ao paraíso, com o perdão dos nossos pecados, por meio da caridade divina (Pr 10,12; I Pd 4,8).

O amor abissal nos leva a ter sede e fome de Deus. O rei Davi tinha esse amor, quando escreveu: «A minha alma tem sede de Deus do Deus vivo» (Sl 42,1,2). Lindo é o seu clamor descrito no Salmo 63,1,2: «Ó Deus , Tu és o meu Deus; de madrugada Te buscarei. A minha alma tem sede de Ti; a minha carne Te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água; para ver a Tua fortaleza e a tua glória, como Te vi no santuário».

Ninguém pode servir a Deus, sem amá-Lo ardentemente. Ninguém pode amar o próximo, sem amar a Deus. Ninguém pode amar a Deus, sem amar a humanidade. Ninguém pode fazer a obra do Senhor, sem ter fome e sede de Deus.

É o amor divino que atrai o ser humano para conhecer e relacionar com a Santíssima Trindade. Através do amor, temos comunhão com as três Pessoas Divinas. A nossa comunhão eclesial, parte da comunhão trinitária. Nada em toda a nossa vida, poderá satisfazer nossos desejos, a não ser o amor, faz-nos negligenciar tudo que é terreno, relativo e insignificante, a fim de alcançar algo maior e eterno.

Diz o padre Vitor Galdino Feller: «Deus é amor (1 Jo 4,8.16). Nesse sentido, Ele basta-se a Si mesmo, na inter-relação infinita de transbordamento de amor entre as três Pessoas Divinas. Por ser assim, Deus-Amor quer que compartilhemos de sua vida, criou-nos para a comunhão consigo e chama-nos do egoísmo e de toda forma de pecado para a reconciliação com Ele e com os nossos irmãos. O ser humano não se cansa de acreditar no amor e na comunhão. Essa esperança se fundamenta em Deus que é amor e no amor de Deus por nós».

Com categoria afirmava o Doutor da Graça, Santo Agostinho: «Se vês a caridade, vês a Trindade».

É a dimensão desse trinitário amor, que arde em nossos corações pelo Senhor Deus, pelo semelhante e que arrebenta o mero espírito religioso rotineiro e o atrai para uma vida de ardor, ousadia e poder. Com atração desse amor, as pessoas insistem pelo valor da vida.Tem forças para lutar contra as injustiças e a cultura de morte. Atravessam terra, mar, montanhas, vales, desertos, barreiras, caminhos solitários, espinhosos e pontes.

Todas as coisas sem o amor de Deus, mais cedo ou mais tarde acabam nos enfadando. Sem amor, nada é feito para durar. Somente é renovado a cada dia, quando o coração apaixonado, descobre o novo a cada momento, uma nova visão para aquecer o amor.

São Paulo Apóstolo afirma que o amor de Cristo nos constrange e que somos edificados em amor (II Cor 5,14; Ef 4,16).

«Se quiséssemos compendiar a mensagem cristã em poucas palavras, encontraríamos a formulação exata em São João Apóstolo: «Ele primeiro nos amou» (1 Jo 4,19). Mas não somente Ele ama. Há Mais: Ele amou PRIMEIRO, isto é, teve a iniciativa de amar não somente ao criar o homem, mas também ao recriá-lo; na verdade, o homem disse NÃO a Deus pelo pecado dos primeiros pais; nessas condições o Pai enviou seu próprio Filho feito novo Adão para redimir o primeiro Adão e sua linhagem. Deus Pai revelou assim a grandeza do seu amor tal que jamais o homem a imaginaria», escreveu Dom Estevão Bettencourt, OSB.

O amor abissal para com Deus é uma oblação radical, é uma atitude de se dar sem reservas ao bondoso Pai Celestial.


Ecclesia

O que é ser católico?

Canção Nova

O Padre Joãozinho recebeu essa pergunta de um jovem em crise de fé. Mas e se a pergunta tivesse sido direcionada a você?

Um jovem me fez essa pergunta. Disse que há algum tempo está em crise de fé e tem buscado a solução em igrejas evangélicas. Em uma delas, ao se confessar católico, ouviu dizer que a palavra “católico” nem sequer está na Bíblia. Pedi que ele abrisse a sua Bíblia no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 18b-20.

“É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.

Você percebeu que fiz questão de colocar em negrito uma palavrinha que aparece de modo insistente no texto: “todo”. Jesus tem todo o poder; devemos anunciá-Lo a todos os povos, guardar todo o ensinamento d’Ele, na certeza de que estará todos os dias conosco. Essa ordem de Cristo foi levada muito a sério pelos discípulos. Em grego, a expressão “todo” pode ser traduzida por “Kat-holon”. Daí vem a palavra “católico” (em grego seria: Καθολικός). Ao longo do primeiro e segundo séculos, os seguidores de Jesus Cristo começaram a serem reconhecidos como “cristãos” e “católicos”. As duas palavras eram utilizadas indistintamente.

Ser católico já significava “ser plenamente cristão”. O catolicismo, portanto, é o cristianismo na sua “totalidade”.

A riqueza de ser católico

O catolicismo é a forma mais completa de obedecer ao mandato do Mestre antes de sua volta para o Pai. O mesmo mandato pode ser lido no Evangelho de Marcos 16,15: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Há, portanto, uma catolicidade vertical, que é ter o Cristo todo, ou seja, ser discípulo; e uma catolicidade horizontal, que é levar o Cristo a todos, ou seja, ser missionário. Isso é ser católico: totalmente discípulo, totalmente missionário, totalmente cristão!

Ao que tudo indica, o termo “católico”, tornou-se mais popular a partir de Santo Inácio de Antioquia (discípulo de São João) no ano 110 d.C. Pode significar tanto a “universalidade” da Igreja como a sua “autenticidade”. Quase na mesma época, São Policarpo utilizava o termo “católico” também nesses dois sentidos. São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, dizia: “A Igreja é católica porque está espalhada por todo o mundo; ensina em plenitude toda a doutrina que a humanidade deve conhecer; conduz toda a humanidade à obediência religiosa; é a cura universal para o pecado e possui todas as virtudes” (Catechesis 18:23).

Veja que, já estão bem claros os dois sentidos de “católico” como “universal e ortodoxo”. Durante mil anos, os dois significados estiveram unidos. Mas, por volta do ano 1000, aconteceu um grande cisma que dividiu a Igreja em “Ocidental e Oriental”. A Igreja do Ocidente continuou a ser denominada “católica” e a Igreja do Oriente adotou o adjetivo de “ortodoxa”. A raiz das duas palavras remetem ao significado original de Igreja: “autêntica”.

A Igreja católica reconhece que cristãos de outras igrejas podem ter o batismo válido e possuir sementes da verdade em sua fé. Porém, sabe que apenas ela conserva e ensina, sem corrupção, TODA a doutrina apostólica e possui TODOS os meios de salvação.

Devemos viver e promover a sensibilidade ecumênica favorecendo a fraternidade com os irmãos que pensam ou vivem a fé cristã de um modo diferente. Mas isso não significa abrir mão de nossa catolicidade. Quando celebramos a Eucaristia, seguimos à risca a ordem do Mestre, que disse: “Fazei isso em memória de mim!”. A falta da Eucaristia deixa uma grande lacuna em algumas Igrejas. Um pastor evangélico, certa vez, disse-me que gostaria de rezar a Ave-Maria, mas, por ser evangélico, não conseguia. Perguntei o porquê? Ele disse que se sentia incomodado toda vez que lia o Magnificat, em que a Santíssima Virgem proclama: “Todas as gerações me chamarão de bendita” (Lc 1,48). E se questionava sobre o porquê de sua geração tão evangélica não fazer parte dessa geração que proclama Bem-aventurada a Mãe do Salvador!

Realmente, ser católico é ser totalmente cristão!

Por Padre Joãozinho, SCJ, via Canção Nova e Aleteia

https://catolicodigital.com.br/

Hoje é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, rezemos por todos os que sofrem com a doença

Foto referencial / Flickr - Webhamster (CC-BY-2.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 01 dez. 20 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, uma doença que continua matando muitas pessoas. A Igreja Católica é a instituição que mais se preocupa pelas vítimas, atendendo um de cada quatro doentes no mundo inteiro.

Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (UNAIDS, em inglês), 38 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2019 em todo o mundo. Ou seja, pessoas que têm o vírus, mas que ainda não desenvolveram a doenças e para os quais é importante o uso dos antirretrovirais.

Nesse mesmo ano, 1,7 milhão de pessoas contraíram a infecção do HIV. Por outro lado, 690 mil faleceram por causa de doenças relacionadas com a Aids, frente aos 1,7 milhão de 2004 e os 1,2 milhão de 2010.

Desde que começou a epidemia, 75,7 milhões de pessoas contraíram a infecção do HIV e 32,7 milhões faleceram.

Ação da Igreja Católica

Ao contrário de muitos organismos e instituições que propõem métodos anticoncepcionais, como o uso do preservativo (camisinha) para impedir o Aids, a Igreja destaca que a fidelidade dos esposos e a castidade até o matrimônio é a forma mais segura para evitar todo tipo de doença de transmissão sexual.

As principais instituições católicas que atendem pacientes com HIV/Aids são Cáritas Internacional e Catholic Relief Services (CRS).

Desde 1987, a Cáritas oferece apoio médico, social, emocional e espiritual às pessoas que vivem com HIV e Aids. Sua campanha HAART, para crianças, promove o diagnóstico precoce e o tratamento do HIV em mulheres e bebês. A campanha pressiona para obter programas de teste acessíveis e medicamentos adequados. Defende que todas as mulheres grávidas soropositivas recebam tratamento antirretroviral, cirurgia de cesariana e alternativas à amamentação quando isso for aconselhável e apropriado.

Por sua parte, CRS apoiou programas internacionais de HIV durante mais de 25 anos, quase desde o começo da pandemia. Seus programas abarcam todas as áreas de programação, incluída a atenção domiciliar, terapia antirretroviral, apoio ao tratamento, redução do estigma, prevenção e serviços integrais para crianças vulneráveis. 

São João Paulo II, por motivo da Jornada Mundial do Doente em 2005, enviou uma mensagem ao mundo e recordou que para combater a Aids de forma responsável “é preciso aumentar sua prevenção mediante a educação no respeito ao valor sagrado da vida e a formação na prática correta da sexualidade”.

“Com efeito, se são muitas as infecções por contágio através do sangue, especialmente durante a gestação, infecções que devem ser combatidas com todos os meios, muito mais numerosas são as que se contraem por via sexual e que podem ser evitadas, sobretudo, mediante um comportamento responsável e a observância da virtude da castidade”, enfatizou.

Até 2010, do total de pessoas infectadas no mundo com o HIV/Aids, aproximadamente 25% era atendida por alguma instituição da Igreja Católica. Esta percentagem aumentava no caso da África, onde a Igreja cuidava de aproximadamente 50% dos afetados por este flagelo.

Nos últimos anos, com o impulso do Papa Francisco, esta ajuda caridosa e de amor ao próximo aumentou, o que converte a Igreja em uma das instituições mais importantes a nível mundial neste tema.

Por isso, neste dia especial de luta contra a Aids, unidos a milhares de cristãos, propomos a seguinte oração para que Deus dê fortaleza àqueles que sofrem desta doença.

Oração pelos doentes de Aids

Deus nosso Pai, escuta nossa oração por aqueles que são vítimas da Aids, aqueles que estão em perigo de morte. Concede-lhes o conforto de tua presença, faze com que eles procurem tua face, e encontrem a força em ti que és a fonte da vida. Senhor Jesus, escuta nossa oração por aqueles que acabaram de descobrir que estão contaminados pelo vírus HIV, mas que ainda não estão doentes. Recorda-lhes que eles têm ainda uma vida diante de si: faze com que eles encontrem em Ti a Vida, o Caminho e a Verdade. Espírito Santo de Deus, escuta nossas orações por aqueles que cuidam das pessoas doentes da Aids. Concede-lhes a certeza da presença do Pai e do amor de Jesus. Concede-lhes teu conforto, dá-lhes tua paz. Pai, nós te pedimos que todos nós escutemos teu apelo nestas circunstâncias, um apelo a ajudar os outros. Nós te pedimos que todos façam penitência de suas imoralidades e modelem suas vidas sobre os conselhos que nos dá a tua Palavra. Ajuda-nos a fim de que possamos viver de maneira responsável, pensando não unicamente em nós mesmos, mas também naqueles que estão ao nosso redor. Nós te pedimos pelos cientistas e médicos que trabalham na pesquisa em busca de um remédio para combater a Aids. Nós te pedimos por tua Igreja. Guia-nos a fim de que possamos dar teu conforto àqueles que necessitam de ser apoiados. Cumula nossos corações de tua compaixão para que os contaminados pela Aids tenham a certeza de que a Igreja os ajudará. Guia-nos a fim de que saibamos como ajudar aqueles que necessitam. Isso nós te pedimos porque tua misericórdia por nós é imensa.

Senhor da misericórdia, escuta nossa oração. Amém.

ACI Digital

Mais de 300 cristãos são presos mensalmente em nome da Fé

Guadium Press
Relatório sobre a perseguição aos cristãos analisa a ação dos governos e das organizações extremistas em relação a prisão injusta dos cristãos.

Redação (30/11/2020 16:00, Gaudium Press) Um relatório sobre a perseguição aos cristãos divulgado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), relata que mais de 300 cristãos são presos injustamente por mês nos 50 países considerados de maior risco para eles.

Com prefácio assinado por Asia Bibi, cristã paquistanesa que se tornou símbolo internacional da prisão injusta causada pela aversão ao cristianismo, o relatório leva o seguinte título: “Liberta os seus teus prisioneiros. Um relatório sobre cristãos injustamente presos em nome da Fé”.

Guadium Press

Relatório analisa a prisão injusta dos cristãos

O documento analisa a ação dos governos e das organizações extremistas em relação a prisão injusta dos cristãos. Os cenários descritos compreendem as prisões por motivos de consciência, as detenções arbitrárias, os processos injustos, as condições carcerárias inadequadas, os casos de tortura e a pressão para induzir a abandonar a Fé.

A obra apresenta vinte “estudos de caso” ocorridos principalmente em quatro países: China, Eritreia, Nigéria e Paquistão. Na Nigéria o sequestro de cristãos representa o fenômeno mais grave. Todos os anos, mais de 220 fiéis são sequestrados e presos injustamente por grupos de milicianos jihadistas.

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Campanha de terror contra os cristãos

No Paquistão, anualmente se verificam cerca de mil casos de conversões forçadas de meninas e jovens mulheres cristãs e hindus. Problema semelhante ocorre no Egito, onde mulheres cristãs jovens são sequestradas e obrigadas a se casar com seus sequestradores não cristãos.

Guadium Press

Já na Coreia do Norte, calcula-se que haja por volta de 50 mil cristãos em campos de trabalho, o que é quase 50% do total de presos nestas particulares e dramáticas condições. Na Eritreia, estima-se mais de mil fiéis cristãos presos injustamente.

O Exército Unido do Estado de Wa, em Myanmar, foi acusado de ter orquestrado uma campanha de terror contra os cristãos. No Irã, informações não confirmadas de um aumento de convertidos ao cristianismo foram citadas como a causa das novas medidas restritivas do regime islâmico contra os fiéis. (EPC)

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Promover a paz na família também significa ser discreto

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Quando entes queridos estão feridos, temos apenas um desejo: ajudar da forma que pudermos. Mas às vezes, não nos meter em brigas que não nos envolvem pode contribuir bem mais para a construção da paz em nossa família.

Não existe família sem divergências. Mesmo na Sagrada Família, que não brigava, deve ter acontecido de Maria e José terem dificuldade em se compreender. Imagine em nossas famílias de pecadores! Podemos ir mais longe e dizer que a família é o lugar onde vivemos mais confrontos e os confrontos mais dolorosos. Por quê? Porque nos amamos, porque o amor os torna vulneráveis ​​e porque o quotidiano partilhado põe à prova este amor. É difícil, senão impossível, esconder os nossos aborrecimentos e rancores quando vivemos juntos 24 horas por dia.

Nem todas as discussões são sérias. Não é necessariamente desejável evitá-las, pois uma “boa” cena doméstica é melhor do que um silêncio pesado; algumas vezes brigas entre irmãos e irmãs podem ser benéficas. Contanto que essas brigas levem ao perdão, inclusive quando se trata de pequenos contratempos: centenas de pequenos confrontos não perdoados têm o peso de uma briga séria. Muitas vezes, são pequenas coisas que, ao se acumularem, levam à separação. Porque, ao lado de conflitos leves, se ajuntam brigas graves que podem levar ao divórcio, é claro, mas também brigas profundas entre pai e filho, irmão e irmã, tia e sobrinho, etc. Como atores ou espectadores dessas rupturas, podemos sempre decidir ser pacificadores ou colocar lenha na fogueira. É claro que não podemos perdoar o outro no lugar do marido enganado pela esposa ou do pai traído pelo filho, por exemplo. Mas nossa atitude pode ajudá-los a caminhar para o perdão e a reconciliação ou, pelo contrário, manter o mau relacionamento de um para com o outro.

A paz se encontra na oração

Muitos conflitos familiares são consideravelmente agravados por comentários indesejados, julgamentos precipitados, fofocas e calúnias repetidas no seio da família. “Eu culpo meu padrasto por ser violento com os filhos”, explica Brigitte. Mas percebi que, por não perdoá-lo, estou impedindo meu marido de perdoar; através de mil pequenas reflexões, através de palavras amargas, mantenho seu rancor. Para espalhar a paz, é preciso começar por estar em paz. Uma mãe chateada com a infidelidade do genro não poderá ajudar a filha a se reconciliar com o marido. É normal que essa mãe sofra por sua filha, mas enquanto ela for dominada pela raiva, isso só piora as coisas.

A paz, tão difícil de conquistar em tais circunstâncias, encontra-se na oração: é no coração de quem tudo entende e tudo pode fazer, que devemos lançar nossa dor, nossas revoltas, nossos pensamentos odiosos, nossos desejos de vingança. Só Deus pode acalmar nossas tempestades internas e nos enraizar em sua paz. Assim, revestidos de sua gentileza, podemos ouvir sem julgar e simpatizar sem tomar partido.

Construindo a paz na família ao não se envolver nas brigas dos outros

A discrição também é uma ótima maneira de contribuir a paz. Discrição não significa ocultação, mas prudência. Quando você está em uma situação de conflito, é importante encontrar “um coração que escuta”. Mas como falar se o outro tem medo de ver seus comentários repetidos para todos ao seu redor? O que nos é confiado, o que testemunhamos, não tem necessariamente de ser levado ao conhecimento de toda a família, ainda que a curiosidade da dita família seja inspirada por um verdadeiro afeto. Peçamos ao Espírito Santo que nos mostre o que podemos e devemos dizer, e a quem. A dificuldade, na verdade, é saber falar – alguns silêncios são terrivelmente tóxicos -, mas fazê-lo apenas com sabedoria e sempre de maneira benevolente.

Da mesma forma, só intervimos diretamente se for apropriado. Uma das maneiras de construir a paz familiar é não se envolver em brigas que não nos envolvam pessoalmente. Ouvir, acolher, consolar: isso sim! Possivelmente fornecer os contatos de um padre ou especialista. E ore, é claro, na hora certa e em todos os momentos. Mas, por outro lado, aceite que somos impotentes, reconheça que não somos necessariamente os mais bem colocados para dar conselhos. O mais importante não é fazer as coisas por quem briga, mas estar ao lado, demonstrando amor incondicional e esperança infalível.

Aleteia

S. ELÓI, BISPO DE NOYON

S. Elói, bispo de Noyon  (© Diocesi di Bergamo)

Ourives generoso

Nascido por volta do ano 588, em Chaptelat, perto de Limoges, França, o “bom Santo Elígio” pertencia a uma nobre família de camponeses, que trabalhava na própria lavoura, ao contrário de tantos proprietários de terra, que a confiava aos escravos. Deixou a um de seus irmãos o trabalho no campo para entrar, como aprendiz, em uma ourivesaria, onde se cunhavam moedas reais, segundo antigos métodos romanos. Economizou parte da renda familiar para fazer a caridade aos pobres e escravos. Era muito hábil na esmaltagem e cinzelamento do ouro. Estas qualidades profissionais realizavam-se, passo a passo, com uma honestidade escrupulosa. Quando lhe propuseram fazer um trono de ouro para o rei Clotário II (613-629), ele fez dois, com o ouro que sobrou, para que não sobrasse nada para si.

A serviço do Rei

Este seu gesto, extraordinário na época, valeu-lhe a confiança do Rei, que lhe pediu para residir em Paris como ourives real, funcionário da Tesoureira real e conselheiro de Corte. Nomeado numismata em Marselha, resgatou muitos escravos que eram vendidos no porto. Quando o herdeiro Dagoberto subiu ao trono, em 629, Elígio foi convocado novamente a Paris para dirigir as ourivesarias do reino franco, onde eram cunhadas as moedas, em Paris, no Quai des Orfèvres, hoje, atual Rue de la Monnaie.  Recebeu, entre outros cargos, o de decorar os túmulos de Santa Genoveva e São Denis. Realizou relicários para São Germano, São Severino, São Martinho e Santa Comba, e numerosos objetos litúrgicos para a nova abadia de São Denis. Graças à sua honestidade, franqueza sem adulações e capacidade de dar juízos pacíficos obteve a confiança do Rei, que lhe mandava frequentemente chamar, a ponto de confiar-lhe uma missão de paz junto ao rei bretão, Judicaël.

Bispo de Noyon

Eram grandes a piedade e a vida de oração deste leigo que, frequentemente, participava dos ofícios monacais. No ano 632, Elígio fundou o mosteiro de Solignac, ao sul de Limoges. Enquanto era vivo, o mosteiro já contava mais de 150 monges, que respeitavam as duas Regras de São Bento e de São Columba. O mosteiro estava sob a jurisdição do Rei e não sob a autoridade do Bispo. O fervor religioso e o ardor no trabalho fizeram do mosteiro um dos mais prósperos do tempo. Após um ano da fundação daquele de Solignac, Elígio fundou, na sua casa na Ile de la Cité, o primeiro mosteiro feminino de Paris, cuja direção foi confiada a Santa Áurea. Um ano depois da morte de Dagoberto, que havia assistido até os últimos momentos da sua vida, Elígio deixou a Corte, junto com Santo Audoeno de Ruão, que tinha o cargo de Conselheiro e Chanceler. Este também entrou para o Seminário e foi ordenado sacerdote. No mesmo dia, 13 de maio de 641, recebe o Episcopado: Audoeno foi Bispo de Ruão e Elígio Bispo de Noyon e Tournai. Elígio colocou todo seu zelo na missão apostólica. Faleceu em 660, às vésperas de partir para Cahors. A santa rainha Batilde tinha apenas iniciado a sua viagem para ir saudá-lo, mas chegou tarde demais.

Uma “igreja de Santo Elígio”, em Paris

Em Paris, no bairro de ferreiros, ferramenteiros e marceneiros, foi dedicada uma igreja a Santo Egídio, reconstruída em 1967. Outra igreja, destruída em 1793, foi-lhe dedicada na Rue des Orfèvres, perto do “Hotel de la Monnaie” (Casa da Moeda). Na catedral de Notre-Dame, na capela de Santa Ana – outrora sede da sua confraternidade – os ourives e joalheiros de Paris restauraram o altar e colocaram a sua estátua.

Vatican News

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Como enfrentar as ofensas?

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por Cléofas

Às vezes acontece isso em nossa vida. Não aceite a terra que jogaram sobre você, sacuda-a e suba sobre ela.

Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda.

Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado.

O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação. Pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate.

Tomou, então, a difícil decisão: determinou ao capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo.

E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.

Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal a sacudia e ela ia se acumulando no fundo, sendo pisada por ele, possibilitando ao cavalo ir subindo.

Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguir sair.

Às vezes acontece isso em nossa vida. Se você estiver “lá embaixo”, sentindo-se pouco valorizado, e outros, certos de seu “desaparecimento”, começarem a jogar sobre você a “terra da incompreensão, da falta de oportunidade e de apoio”, lembre-se desta história. Não aceite a terra que jogaram sobre você, sacuda-a e suba sobre ela.

E quanto mais jogarem, mais você vai subindo… subindo… subindo… até sair caminhando novamente. É como o ditado popular que diz: “Se a vida lhe der um limão azedo, não reclame, faça uma limonada”.

Prof. Felipe Aquino, em Cléofas.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF