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quarta-feira, 8 de maio de 2024

De jornalista a freira: A história da madre superiora que fundou uma congregação maronita nos EUA

Madre Maria Marie  no Convento Mãe da Luz em Dartmouth, em Massachussets, nos EUA | Joe Bukuras/CNA

Era 1983, nos últimos anos da guerra fria, quando os olhos de Marla Lucas, então com 21 anos, se encheram de lágrimas ao ver uma charge política preparada para ser publicada no jornal americano Washington Post criticando o então papa são João Paulo II durante seu ativismo contra o comunismo na Polônia.

Lucas, que agora é conhecida como madre Marla, tinha acabado de sair da faculdade na época, havia experimentado recentemente um retorno à sua fé católica e estava “em chamas” por Cristo, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, a que pertence ACI Digital, em 22 de abril.

O que mais magoou a madre Marla na charge foi o seu próprio envolvimento na sua criação. Ela foi assistente de pesquisa do cartunista que a desenhou, Herbert Block, conhecido como “Herblock”, jornalista que ganhou o Prêmio Pulitzer três vezes e dizia ser um“ liberal impenitente”.

“Eu me senti como uma cúmplice”, disse.

Não foram apenas as críticas de Block ao papa João Paulo II que incomodaram madre Marla, foram também suas charges em apoio ao aborto.

“Eu queria ser jornalista para divulgar a verdade. Block era uma pessoa gentil e agradável, mas senti que isso ia contra a minha fé”, disse.

Antes da caricatura do papa, madre Marla discerniu pela vida religiosa e passou um dia em visita à congregação das Filhas de São Paulo em seu convento em Alexandria, na Virgínia.

Depois daquele dia, ela tomou a decisão de se candidatar para a congregação.

Mas pouco tempo depois, madre Marla recebeu a notícia de que não foi admitida pelas Filhas de São Paulo por ser surda de um ouvido.

“O raciocínio da provincial foi que ela não queria prejudicar meu bom ouvido com o trabalho que eu faria”, disse madre Marla.

Uma amiga sugeriu então que Marla procurasse a congregação das Visitantes Paroquiais de Maria Imaculada onde, meses depois, deixaria seu cargo no Washington Post e ingressaria na vida religiosa em dezembro de 1983.

Ao relatar os seus últimos dias no jornal, madre Marla disse que foi conversar com o seu chefe, Block, e com o assistente dele e disse que tinha algumas novidades a contar.

“Você vai se casar?”, perguntaram a ela.

“Bem… de certa forma sim. Vou me casar com Jesus”, respondeu ela.

Ela disse que os queixos dos dois “caíram” e eles olharam para ela com “quase horror e descrença”.

“Aquele último mês no Washington Post foi uma agonia porque, de repente, o que quer que eles tivessem contra a Igreja Católica, eu estava absorvendo. Eles não me deram uma festa de despedida”, disse com uma risada.

Ela fez os primeiros votos em 1986 e os votos perpétuos em 1993.

Madre Marla “amava a vida” em sua comunidade religiosa e teve várias missões na costa leste dos EUA, inclusive em Nova York, Pensilvânia, Connecticut e Washington, DC. As Visitantes Paroquiais são uma congregação com sede em Nova York que tem o carisma de serem missionárias contemplativas.

Mas foi durante o seu tempo na Pensilvânia que ela começou a aprofundar a sua consciência e afeto por sua herança libanesa como católica maronita.

Madre Marla sempre foi consciente de suas raízes maronitas. Sua mãe e seus avós paternos eram do Líbano. Não havia uma igreja maronita perto da casa de sua infância em Poughkeepsie, em Nova York, então sua família frequentava uma paróquia de rito latino. Mas um padre maronita ia até a comunidade libanesa algumas vezes por ano para ministrar-lhes os sacramentos.

Durante sua missão na Pensilvânia, madre Marla participou de uma série de discursos quaresmais em Scranton, na Pensilvânia, em uma igreja maronita. O orador da semana foi o então padre maronita Gregory Mansour.

“Fiquei muito impressionada com os ensinamentos espirituais dele e disse: 'Esse é um homem de oração. Esse homem realmente pratica o seu sacerdócio'. E estabelecemos uma amizade usada por Deus”, disse ela.

Os dois se encontravam ocasionalmente e mantinham contato ao longo dos anos. Madre Marla enviou uma nota de felicitações a Mansour em 2004, quando o papa são João Paulo II o elegeu bispo da eparquia de são Maron do Brooklyn.

Madre Marla e dom Mansour só se reaproximariam alguns anos depois, em Washington, DC, onde ela teve aulas na Casa Dominicana de Estudos por um ano.

Fonte: https://www.acidigital.com/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF