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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Bispo emérito de Pemba revela que sofria ameaças do governo de Moçambique

Dom Luiz Fernando Lisboa com o Papa Francisco /
Foto: Diocese de Pemba

REDAÇÃO CENTRAL, 14 abr. 21 / 03:52 pm (ACI).- Em uma reveladora entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o bispo emérito de Pemba, e hoje Arcebispo em Cachoeiro de Itapemirim (ES), disse que membros do governo de Moçambique o ameaçavam de morte por denunciar a violência em Cabo Delgado.

Depois de cerca de 20 anos como missionário na África, dos quais sete e meio como Bispo de Pemba (Moçambique), Dom Luiz Fernando Lisboa foi transferido pelo Papa Francisco ao Brasil, como Bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim (ES), com a dignidade de Arcebispo.

A região de Cabo Delgado vem sofrendo com a perseguição de grupos armados, que tiveram início em 2017. Grupos extremistas ligados ao Estado Islâmico (ISIS) têm reivindicado os ataques.

Entretanto, pensava-se que os autores das ameaças eram os extremistas islâmicos, mas quando questionado pelo diário italiano, Dom Luiz Fernando Lisboa revelou que os autores das ameaças, na verdade, eram agentes do governo, que queria ocultar a situação da mídia mundial.

“Recebi primeiro ameaças de expulsão, depois de apreensão de documentos e, no final, de morte”, respondeu o Prelado.

Em declarações reunidas pela agência Ecclesia do episcopado português, Dom Lisboa disse que a capital Maputo, “negou a guerra desde o início”.

“Quando o conflito e o perigo se tornaram evidentes, ele proibiu que se falasse sobre o assunto. Impediu que os jornalistas fizessem o seu trabalho. Um repórter está desaparecido desde abril do ano passado”, denunciou.

Segundo o bispo brasileiro, a Igreja Católica “era a única que falava sobre a situação” e isso não agradava ao Governo de Moçambique.

“Acima de tudo, não tolerava que saíssem notícias sobre o estado. Orgulho nacional, negócios. Quando há um ano a Conferência Episcopal condenou o que estava a acontecer, num documento, as autoridades reagiram mal, começando a lançar lama sobre mim”, relatou.

Outra revelação surpreendente do bispo brasileiro é que os ataques não são de motivação religiosa. “Não é uma guerra religiosa -prosseguiu-, eles atacam todos e destroem tanto igrejas como mesquitas. Eles matam líderes cristãos e muçulmanos. Esta é uma guerra económica pela apropriação dos recursos naturais: gás líquido, ouro, rubis, pedras semipreciosas”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, após ser nomeado como bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, Dom Luiz Fernando Lisboa admitia que o Papa tivesse informações às que ele próprio não teria acesso.

“O Papa tem muitas informações, que às vezes nem nós mesmo temos. O Papa mostrou-se muito preocupado com a situação de Moçambique, procurou estar muito próximo, enviou ajuda, telefonou, chamou-me para falarmos de frente sobre a situação e achou melhor que eu saísse e fosse trabalhar para outro lugar”, declarou.

De fato, desde 2017, quando começaram os ataques em Cabo Delgado, o Papa Francisco pediu reiteradas vezes pelo fim da violência.

Na sua mensagem urbi et orbi por ocasião da Páscoa de 2020 o Santo Padre referiu: “Que o Senhor da vida Se mostre próximo das populações da Ásia e da África que estão a atravessar graves crises humanitárias, como na Região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique”.

Em agosto do mesmo ano, o Papa Francisco telefonou para Dom Lisboa para lhe expressar sua “proximidade”, bem como “ao povo da região de Cabo Delgado”.

Na ocasião, o Prelado contou que o Pontífice tem acompanhado os acontecimentos na província “com grande preocupação e que está constantemente rezando” por esse povo.

“O Santo Padre também me disse que se houvesse algo mais que ele pudesse fazer, não devemos hesitar em pedir-lhe. Ele está pronto a caminhar conosco”, contou.

ACI Digital

São Cesar de Bus

S. Cesar de Bus | ArqSP
15 de abril

Cesar de Bus, que desejava seguir a carreira militar, estava quase embarcando para atender ao chamado de seu irmão, capitão a serviço do rei Carlos IX, da França, quando foi impedido por uma enfermidade que o atingiu de maneira fulminante. Foi essa ocasião que o aproximou do bispo de Cavaillon, cidadezinha da Provença, onde ele tinha nascido em 3 de fevereiro 1544.

Os jesuítas de Avignon, um humilde capelão e uma camponesa, que o assistiam durante a convalescença, com as suas palavras e os seus exemplos o reconduziram para a religião cristã, da qual ele havia se afastado. Não perdeu tempo: tão logo se curou, trocou de vida e se pôs a estudar para tornar-se sacerdote. Enquanto se preparava, começou a percorrer os sítios e fazendas ensinando o catecismo. Fundou, com o auxilio de um primo, Romillon, centros de instrução religiosa nos cantos mais escondidos e esquecidos, nos quais começou a experimentar novos métodos de ensino da doutrina às crianças do meio rural.

Cesar de Bus tornou-se sacerdote aos trinta e oito anos de idade e já reunia em torno de si muitos jovens, formando, com a ajuda dos bispos e dos sacerdotes da região, uma numerosa comunidade, que tomou o nome de Congregação dos Padres da Doutrina Cristã, ou Doutrinários, os quais, por não terem pronunciado os votos, viviam todos juntos. Foi neste ponto que surgiu a divergência entre os dois fundadores: Cesar de Bus queria que eles pronunciassem finalmente os votos e Romillon queria que se mantivessem apenas padres. Assim, esse último se transferiu para a casa de Aix-en-Provance, enquanto Cesar permaneceu na sede de Avignon.

Depois de um longo período de sofrimento causado por uma enfermidade, Cesar de Bus morreu no dia 15 de abril de 1607. Foi beatificado, em 1975, pelo papa Paulo VI, que autorizou sua celebração litúrgica para o dia do seu trânsito.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 14 de abril de 2021

A Idade Média, os monges e o progresso

Cléofas

A Idade Média, os monges e o progresso

Em síntese: O Prof. Léo Moulin, agnóstico ou ateu belga, reconhece a benéfica influência do Cristianismo e, em especial, da Regra de São Bento na evolução da cultura e da civilização. Mostra como a Regra de São Bento, legislando para os monges, fez transbordar sobre toda a sociedade medieval e posterior certos princípios de disciplina, diligência e ordem no trabalho, que propiciaram a criação de grandes empresas industriais e culturais. São Bento, aliás, hauriu das Escrituras Sagradas a sua mentalidade; ora a Bíblia incute ao homem certo otimismo em relação à natureza, obra de Deus Criador, que confiou ao casal humano o mandato de explorar e dominar as criaturas inferiores. A mesma fonte bíblica deu a saber ao homem que o universo foi criado com sabedoria e lógica; a própria razão humana, sendo dom de Deus, merece a confiança do homem; conscientes disto, os medievais cultivaram a inteligência, resultando daí grande número de Universidades e belas obras de arte (catedrais, especialmente), que supõem dinamismo, coragem e saber científico entre os homens da Idade Média. Esta, portanto, não foi o período obscuro do qual sem o devido conhecimento de causa.

Costuma-se comentar a influência que o Calvinismo, fundado no século XVI, exerceu sobre o desenvolvimento comercial e econômico dos países que o adotaram. O senso religioso levou os calvinistas a se dedicarem “religiosamente” às suas atividades profissionais, donde resultou (em parte, ao menos) a rede colonial da Inglaterra e da Holanda.

Todavia é menos conhecida a influência sadia que a fé católica exerceu sobre os monges e as populações medievais em favor do progresso da civilização. Aliás, deve-se dizer que o Cristianismo, bem entendido e vivido, foi e será sempre um estímulo para a construção de um mundo mais humano, fraterno e, por conseguinte, mais feliz.

O Prof. Léo Moulin, agnóstico e ateu, belga de 82 anos de idade, tem-se manifestado sobre o assunto. Já em PR 310/1988, pp. 115-120 foi publicada uma entrevista desse mestre sobre a Idade Média, acentuando os seus valores positivos. Léo Moulin voltou à temática em 1990 por ocasião do nono centenário do nascimento de São Bernardo (1090-1153), desta vez focalizado mais explicitamente o papel dos monges da Idade Média no progresso da civilização. Visto que a questão é de grande importância para dissipar equívocos, passamos a resumir tópicos de um artigo do Prof. Moulin publicado na revista “JESUS”, dezembro de 1990, pp. 103-107, com o título “Luminosissimo Medioevo!”

1. Invenções e Descobertas

A Idade Média ocidental ocupa lugar importante na história do desenvolvimento tecnológico, pois registrou uma série de invenções e descobertas que lhe dão preeminência sobre quanto ocorreu na mesma época fora do âmbito europeu. Sejam recordados: a bússola, as lentes de óculos, a roda com aros, o relógio mecânico com pesos e rodas (“invenção mais revolucionária do que a da pólvora e a da máquina a vapor”, conforme Ernst Junger), o canhão (em 1327), a caravela (em 1430), a própria imprensa, a ferradura de cavalo, que permite ao animal correr sobre terrenos inóspitos, os moinhos de água, de maré, de vento…

Isto tudo fez que o Ocidente se encontrasse em melhores condições de civilização do que outras partes do mundo no século XVI.

2. A Regra de São Bento

Antes de todas estas, houve outra grandiosa “invenção”, que é a Regra de São Bento (+ 547) ¹ nesta encontramos elementos necessários ao bom andamento de uma empresa moderna.

Com efeito. Além do Ora (Oração), São Bento ensina o valor e a sistematização do Labora (Trabalho). Imagina, sim, o seu discípulo como um operário (RB Prol 14) que trabalha com mãos e ferramentas na oficina do Mosteiro (RB 4, 75-78). O trabalho é essencial à identidade monástica, seja o manual, seja o intelectual, seja o artístico ou artesanal. No decorrer da Regra, São Bento ilustra as motivações do Labora:

– O trabalho corresponde a um gênero de vida pobre, que exige a labuta pessoal para poder manter-se; cf. RB 48,8;

– O trabalho é serviço à comunidade e aos hóspedes, a exemplo do que fez Cristo; cf. Rb 48, 1-25; 53, 1-23;

– O trabalho é desenvolvimento dos talentos que Deus entregou ao homem e cuja aplicação ele vai julgar; cf. Rb 4,75-77;

– O trabalho ajuda os pobres e evita a ociosidade, que é inimiga da alma; cf. RB 48,1.

São Bento quer que o trabalho seja executado “bem”, “com serenidade”, “sem tristeza” e “sem murmuração”; cf. RB 34,6; 35, 13; 40, 8s; 53, 18.

Trabalhar em comum é, para São Bento, um valor, tanto que os monges culpados de faltas graves são excomungados não só da oração e da refeição comunitárias, mas também do trabalho com os irmãos: “Que seja suspenso da mesa e do oratório o irmão culpado de faltas mais graves… Esteja sozinho no trabalho que lhe for determinado” (Rb 25, 1.3).

A Regra de São Bento, portanto, formou os monges (e, conseqüentemente, a sociedade) no sentido da diligência e da disciplina do trabalho. De modo especial, ela incutiu (e incute) dois valores muito estimados no mundo industrial moderno:

– A pontualidade. São Bento não transige a respeito. Prevê sérias punições para quem chega atrasado à oração litúrgica ou ao refeitório (RB 43); ao sinal dado de madrugada, levantem-se todos sem demora (Rb 22); quem recebe uma ordem, deve executá-la prontamente (Rb 5);

– Atenção ao que se faz. São Bento formula uma norma decisiva: “Controlar a todo momento os atos de sua própria vida. Actus vitae suae omni hora custodire” (RB 4,48). É preciso, pois, estar presente de corpo e alma àquilo que se faz, sejam grandes, sejam pequenas coisas. A Regra prevê punições leitura, à qual todos devem prestar atenção, de modo que ninguém converse e só se ouça a voz do leitor (RB 38, 5). Haja absoluta limpeza, especialmente na cozinha (RB 35,6-11). A perda ou a quebra de qualquer objeto durante o trabalho requer satisfação da parte de quem comete a falha (RB 46, 1-4).

São Bento também pede que os monges não se entristeçam se a necessidade do lugar ou a pobreza exigirem que se ocupem em trabalhos extraordinários, “porque então são verdadeiros monges se vivem do trabalho de suas mãos, como também os nossos Pais e os Apóstolos” (RB 48,8).

Estes princípios de ordem ascética, inspirados pelo amor à disciplina do Evangelho, contribuíam para que os mosteiros se tornassem grandes centros agrícolas e artesanais em toda a Idade Média, irradiando em torno de si amor ao trabalho, organização e método modelares para a posteridade. Essa sistemática não tinha em vista simplesmente produção e lucro materiais, mas era inspirada pelo espírito de fé e apoiada em razões monásticas. Assim, por exemplo, um texto do século XI explica por que foi adotado um moinho de água na comunidade: “…a fim de que os monges tenham mais tempo para dedicar-se à oração”.

Em seu afã de trabalhar para exercer disciplina e evitar a ociosidade (inimiga da alma), os monges dedicaram-se a quase todas as atividades produtivas: exploraram minas de carvão, salinas, metalurgia, marcenaria, construção… Assim, por exemplo, os monges cistercienses fabricaram fornos para produzir tijolos grandes, dotados de furos para facilitar a sua cozedura e manipulação; eram os chamados “tijolos de São Bernardo!. Montaram na Borgonha fábricas de telhas, que eles espalharam por diversas regiões.

Aliás, a própria Regra de São Bento pede que o mosteiro tenha em suas dependências tudo de que necessita para viver: “Seja o mosteiro construído de tal modo que todas as coisas necessárias, isto é, água moinho, horta e os diversos ofícios se exerçam dentro do mosteiro, para que não haja necessidade de que os monges vagueiem fora, pois de nenhum modo isto convém às suas almas” (RB 66,6s). Ora esta norma da Regra não podia deixar de ser forte estímulo para a criatividade dos monges. O capítulo 57 da mesma Regra trata dos artesãos que, com a autorização e a bênção do Abade, trabalham no mosteiro como monges, e pede que os preços dos respectivos artefatos sejam mais baixos do que os preços do comércio de fora: “Quanto aos preços, não se insinue o mal de avareza, mas venda-se sempre um pouco mais barato do que pode ser vendido pelos seculares, para que em tudo seja Deus glorificado” (RB 57, 7-9).

Sabemos ainda que em 1215 os maiorais da Inglaterra, tanto leigos quanto clérigos, obtiveram do rei João sem Terra o reconhecimento da Magna Carta (Libertatum), Grande Carta das Liberdades, que promulgava direitos da população e que se tornou o fundamento da Constituição liberal da Inglaterra e o embrião dos posteriores sistemas políticos parlamentares. Ora, um século antes disto, em 1115 a Ordem Cisterciense¹ concebera o sistema de governo mais prático que se conhece: o Capitulum Generale (Capítulo Geral), assembléia internacional da qual fazem parte representantes de todos os mosteiros e dotada de poder legislativo. A instituição do Capitulum Generale foi adotada por Ordens e Congregações Religiosas posteriores e tornou-se modelo para o regime de muitas sociedades de caráter  internacional.

É preciso ainda apontar duas características da mentalidade medieval, de grande importância na história subseqüente.

3. Duas notas marcantes

3.1. Confiança na razão

Para os medievais, o mundo era obra de um Deus sábio e lógico, distinto do próprio mundo (em oposição a todo panteísmo). Por conseguinte, o mundo lhes aparecia como algo que pode ser conhecido pelo homem mediante a sua razão; não é um fantasma nem uma armadilha. Dizia no século XII o teólogo francês Guilherme de Conches: “Deus respeita as próprias leis”. E no século seguinte Santo Alberto Magno (+ 1280) afirmava: “Natura est ratio. A natureza é a razão ou é racional”. Em conseqüência, os estudiosos medievais se aplicaram ao raciocínio e à pesquisa (como a podiam realizar na sua época) com plena confiança no acume da razão, sem, porém, cair no racionalismo, pois acima da razão admitiam as luzes e as verdades da fé..

Um dos exemplos mais clássicos desse tipo de estudiosos é o inglês Rogério Bacon (1214-1294), chamado “Doutor Admirável”. Ingressou na Ordem dos Franciscanos em 1257 e pôs-se a comentar as obras de Aristóteles. Posteriormente dedicou-se à pesquisa científica, recorrendo a um método experimental, que foi precursor do método adotado por Francis Bacon (1561-1626); assim procedendo, fez descobertas no setor da ótica. Planejou diversas invenções mecânicas: máquinas a vapor, barcos máquinas voadores… Em seus escritos encontrou-se uma fórmula da pólvora, que ele pode ter tomado dos árabes numa época em que os europeus quase não a conheciam. Deixou obras famosas: Opus Maius, Opus Minus e Opus Tertium.

Os resultados dessa confiança dos medievais na razão humana fizeram-se sentir nos séculos subseqüentes: em 1608 contavam-se mais de cem Universidades na Europa e nenhuma no resto do mundo (exceto na América Latina, onde os espanhóis expandiam a sua cultura). Dessas Universidades, mais de oitenta tiveram origem na Idade Média, como genuína expressão da cultura medieval. Diz-se com razão que as Universidades e as catedrais exprimem autenticamente a Idade Média; na verdade, os medievais atingiram o primado mundial de altura de cúpula na catedral de Amiens (1221), com 42,30 metros, mede 142 metros de altura: só foi ultrapassada pela Torre Eiffel de Paris em 1889, com 320 metros.

3.2. Dinamismo

A Escritura Sagrada transmite aos seus leitores uma atitude dinâmica em relação ao universo que os cerca. Logo em suas primeiras páginas formula o desígnio divino: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança; domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (Gn 1, 26). E após a criação do homem se lê a ordem divina: “Enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra” (Gn 1, 28).

O salmo 8, por sua vez, canta o poder do homem sobre os seres que o cercam:

“Que é o homem para que dele te recordes?… e o filho do homem, para que dele tenhas cuidado? Não obstante, Tu o fizeste um pouco inferior aos anjos…e lhes deste poder sobre as obras de tuas mãos, tudo colocaste debaixo dos seus pés”.

No Novo Testamento lê-se que Cristo, ao encerrar sua missão pública, mandou aos apóstolos que fossem pregar o Evangelho no mundo inteiro; cf. Mt 28, 18-20.

Por conseguinte, a atitude do esforço, da luta, do empreendimento, da resposta ao desafio…é muito familiar ao cristão. Pode-se dizer que foram os cristãos que realizaram os progressos da ciência (tenha-se em vista o mundo ocidental comparado com o oriental ou asiático e africano!), as grande aventuras da conquista intelectual, econômica, marítima… Foram otimistas e dinâmicos, conseguindo belos e valiosos resultados.

Estas poucas observações são suficientes para percebermos a notável contribuição do Cristianismo para o avanço da cultura, da ciência e da civilização… na história da humanidade. E, dentro do Cristianismo, merece certamente relevo especial o monaquismo ocidental tal como São Bento (+ 547) o concebeu e a Ordem Cisterciense, com São Bernardo à frente, o desenvolveu.

¹ Citaremos a Regra de São Bento usando a sigla RB; os números seguintes indicarão respectivamente capítulo e versículo(s). A abreviatura Prol significa Prólogo.

É de notar que não sem motivo o Papa Paulo VI em 1964 declarou São Bento “Patrono do Ocidente”. Este deve muitos dos seus valores aos escritos e à obra de São Bento.

¹ Cisterciense é o monge Cister; segue a Regra de São Bento tal como foi entendida pelos reformadores de Cister, entre os quais está São Bernardo de Claraval (+ 1153).

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 347 – Ano – 1991 – Pág. 177.
Fonte: http://www.pr.gonet.biz/index-catolicos.php

https://www.presbiteros.org.br/

O Papa: Santa Teresa de Ávila, exemplo do papel das mulheres na Igreja e na sociedade

Santa Teresa de Jesus (de Ávila), Virgem e Doutora da Igreja 

O exemplo de Santa Teresa de Jesus não é apenas para os que sentem o chamado à vida religiosa, mas "para todos os que desejam progredir no caminho da purificação de toda a mundanização": são palavras do Papa Francisco, em sua Mensagem dirigida ao Congresso Internacional "Mulher Excepcional" por ocasião do 50º aniversário do Doutorado da Santa de Ávila, refere-se à Santa, da qual ele diz que "tê-la como amiga, companheira e guia em nossa peregrinação terrena dá segurança e paz de espírito."

Vatican News

"É bonito lembrar que todas as graças místicas que recebia a trasladavam ao céu; mas ela sabia como trasladar o céu para a terra, fazendo de sua vida uma morada de Deus, na qual todos tinham um lugar": são palavras do Papa Francisco referindo-se a Santa Teresa de Jesus em uma Mensagem dirigida ao Bispo de Ávila, Dom José María Gil Tamayo, com a qual ele falou aos participantes do Congresso Internacional que se realiza de 12 a 15 de abril na Universidade Católica de Santa Teresa de Jesus de Ávila, na Espanha, por ocasião do 50º aniversário do Doutorado da Santa de Ávila. Assinado na Solenidade de São José, e lido na abertura do Congresso, o Sucessor de Pedro remonta a figura da santa de Ávila, que recebeu de São Paulo VI em 27 de setembro de 1970 o título de Doutora da Igreja, sendo a primeira mulher a receber o título que, como escreve o Santo Padre, "reconhece o precioso ensinamento que Deus nos deu em seus escritos e no testemunho de sua vida".

Uma chama que continua a brilhar

Com as palavras de Paulo VI, Francisco recorda a natureza excepcional desta mulher, cuja coragem, inteligência, tenacidade, à qual ela uniu "uma sensibilidade pela beleza e uma maternidade espiritual para com todos os que se aproximavam de sua obra", são "um exemplo único do papel extraordinário que a mulher desempenhou ao longo da história na Igreja e na sociedade".

“Apesar dos cinco séculos que nos separam de sua existência terrena, - diz o Pontífice - a chama que Jesus acendeu em Teresa continua a brilhar neste mundo sempre necessitado de testemunhas corajosas, capazes de derrubar qualquer muro, seja ele físico, existencial ou cultural.”

Exemplo para os que querem progredir na purificação

O Santo Padre afirma que Santa Teresa "continua a falar-nos hoje através de seus escritos". Sua mensagem - acrescenta - está aberta a todos, para que, conhecendo-a e contemplando-a, possamos ser seduzidos pela beleza da palavra e pela verdade do conteúdo, e possa fazer surgir em nós o desejo de avançar no caminho da perfeição. Tê-la como amiga, companheira e guia em nossa peregrinação terrestre confere segurança e paz de espírito. Seu exemplo não é apenas para nossos irmãos e irmãs que sentem o chamado à vida religiosa, mas para todos os que desejam progredir no caminho da purificação de toda a mundanização, que leva ao desposório com Deus, às elevadas moradias do castelo interior.

Santa Teresa sabia como trazer o céu à terra

Encorajando todos os membros dessa Igreja particular e os organizadores e participantes do Congresso a continuarem a aprofundar a mensagem da Santa de Ávila, escreve:

“É bonito lembrar que todas as graças místicas que recebia as trasladavam ao céu; mas ela sabia como trasladar o céu para a terra, fazendo de sua vida uma morada de Deus, na qual todos tinham um lugar. Para que nossa sociedade seja cada vez mais humana e para que todos possamos viver na fraternidade que vem do mesmo Pai, é importante ouvir seu convite a "entrar em nós mesmos" para encontrar o Senhor, e assim testemunhar que "Deus é suficiente".”

A devoção de Santa Teresa a São José

Por fim, o Papa conclui recordando a grande devoção de Santa Teresa a São José, a quem a Santa "tomou como seu mestre, advogado e intercessor": "a ele ela se confiou", lembrou o Papa, "estando certa de que receberia as graças que pedia". A partir de sua experiência, ela encorajou outros a fazerem o mesmo. Tal era sua devoção que percorreria as terras de Castilha e Andaluzia acompanhada pela imagem de São José.

“Os santos andam sempre de mãos dadas e nos sustentam pela confiança depositada em sua intercessão. Que eles intercedam por todos.”

A mensagem de Francisco foi assinada na Basílica de São João de Latrão em 19 de março de 2021, na Solenidade de São José, Padroeiro da Igreja Universal. 

Vatican News

A diferença entre “Vaticano” e “Santa Sé”

Alexandr Medvedkov | Shutterstock

Não, esses termos não se referem à mesma coisa!

Geralmente, a mídia e os fiéis católicos utilizam as expressões “Santa Sé” e “Vaticano” como sinônimos. Trata-se, entretanto, de um erro.

De fato, estas são duas entidades diferentes, mas comandadas pela mesma pessoa: o Papa. 

Não está entendendo nada? Então, vem com a gente conhecer a diferença entre Santa Sé e Vaticano.

A Santa Sé 

De maneira geral, a expressão Santa Sé (ou Sé Apostólica) refere-se à cúpula da Igreja Católica. Diz o Código de Direito Canônico

“Com o nome de Sé Apostólica ou Santa Sé designam-se neste Código não só o Romano Pontífice, mas ainda, a não ser que por natureza das coisas ou do contexto outra coisa se deduza, a Secretaria de Estado, o Conselho para os negócios públicos da Igreja, e os demais Organismos da Cúria Romana” (Cân. 361). 

Civil e tecnicamente falando, não se deve entender a Santa Sé como um Estado. Pelo contrário: ela se refere ao Romano Pontífice, ou seja, ao ofício ou à função do Romano Pontífice. Em outras palavras: designa o papado, o primado romano e a sua pessoa. 

Funções

Ainda de acordo com o Código de Direito Canônico, são funções dos representantes da Santa Sé (Legados pontifícios):

“ 1.° informar a Sé Apostólica acerca das condições em que se encontram as Igrejas particulares, e de todas as coisas referentes à vida da Igreja e ao bem das almas; 

2.° assistir aos Bispos com a sua acção e conselho, mantendo-se integralmente o exercício do legítimo poder dos mesmos; 

3.° fomentar relações frequentes com a Conferência episcopal, prestando-lhe todo o auxílio; 

4.° no respeitante à nomeação dos Bispos, transmitir ou propor à Sé Apostólica os nomes dos candidatos, e bem assim instruir o processo informativo acerca dos que hão-de ser promovidos, segundo as normas dadas pela Sé Apostólica; 

5.º esforçar-se para que se promovam acções em favor da paz, do progresso e da cooperação entre os povos; 

6.° cooperar com os Bispos para o fomento das relações entre a Igreja católica e as outras Igrejas ou comunidades eclesiais, e até mesmo com as religiões não cristãs; 

7.° defender junto dos governantes dos Estados, em acção conjunta com os Bispos, o que pertence à missão da Igreja e da Sé Apostólica; 

8.° exercer enfim as faculdades e cumprir as ordens que lhe forem transmitidas pela Sé Apostólica. 

O Vaticano

Já a expressão Vaticano se refere à Cidade-Estado Vaticano, que inclui a Basílica Vaticana e o Palácio Apostólico. 

A criação do Vaticano ocorreu em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão entre a Santa Sé e a Itália. Através deste tratado, a Itália, em linhas gerais, se comprometeu a admitir a soberania do novo Estado e adotar o catolicismo como religião oficial. 

A Cidade-Estado do Vaticano tem um território de menos de um quilômetro quadrado, encravado na cidade de Roma, em uma área totalmente urbana. Seu governo é livre e soberano, constituído pela Cúpula da Igreja Católica, que adotou a Monarquia, como forma de governo. O Papa, é o chefe de Estado. Ele deve ser eleito em um colégio de cardeais (conclave) para um cargo vitalício. No Estado do Vaticano, o Papa detém os poderes legislativo, executivo e judiciário.

Laços diplomáticos 

Diferentemente da Santa sé, cujos laços diplomáticos não param de se estender, o Vaticano (menor Estado do mundo) tem suas relações limitadas, principalmente, ao país vizinho, a Itália. 

Desde que foi território-prisão do Papa em 1870, a Cidade-Estado do Vaticano se tornou uma instituição de apoio à Santa Sé. Sua finalidade é garantir a liberdade da Igreja Católica e sua independência dos governos. 

Portanto, se o Estado do Vaticano desaparecer algum dia, a Igreja e a Santa Sé não deixarão de existir nem de formar um sujeito soberano do ponto de vista do direito internacional. 

Aleteia

Prática religiosa não diminui na Jordânia, apesar do fechamento de locais de culto

Guadium Press
Segundo um estudo sobre a liberdade de culto na Jordânia durante a pandemia, o confinamento não teve um grande impacto sobre a prática dos ritos religiosos na Jordânia.

Redação (13/04/2021 09:30, Gaudium Press) O Instituto Real para Estudos Inter-religiosos, juntamente com a Fundação Friedrich Naumann, realizaram um estudo intitulado ‘A liberdade de culto na Jordânia durante a pandemia de Covid-19’.

A pesquisa se aprofundou sobre o impacto causado pela pandemia da Covid-19 sobre a liberdade religiosa e as mudanças ocorridas devido ao bloqueio das atividades e fechamento de locais de culto.

Em suas intenções de orações para dezembro, Francisco sublinha que nutrimos nosso relacionamento com Jesus Cristo por meio da vida de oração.
Guadium Press

Aumento nas práticas religiosas

Segundo os dados coletados, a maioria dos cidadãos foi afetada pela decisão de fechamento dos locais de culto, tanto em nível espiritual como psicológico, além de sofrerem com as consequências sociais e econômicas.

Apesar disso, se registrou que o confinamento não teve um grande impacto sobre a prática dos ritos religiosos na Jordânia. Diferente do que se poderia imaginar, se constatou um aumento nas práticas religiosas.

Guadium Press

Campanhas de arrecadação de fundos

Para diminuir os terríveis efeitos econômicos causados pela pandemia de Covid-19 em várias associações religiosas, os sacerdotes do país lançaram diversas campanhas de arrecadação de fundos. Além disso, a opinião pública foi conscientizada, a se libertar do medo e da tensão dos nossos dias.

Os resultados do estudo foram divulgados no último sábado, 10 de abril, durante um encontro que contou com a participação do vigário episcopal do Patriarcado Latino de Jerusalém para a Jordânia, Dom William Shomali. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Jovem morre por aborto legal na Argentina

ACI Digital
Por Walter Sánchez Silva

Buenos Aires, 13 abr. 21 / 09:41 am (ACI).- María del Valle González López tinha 23 anos estudava serviço social na Universidade Nacional de Cuyo, e era presidente da Juventude Radical de La Paz, na província de Mendoza (Argentina). No domingo, 11 de abril, ela morreu após se submeter a um aborto legal em um hospital local. Foi a primeira morte registrada no país depois da aprovação da lei do aborto em 30 de dezembro passado.

Segundo o jornal argentino Clarín, a jovem dirigiu-se nesta quarta-feira, 7 de abril, ao hospital Arturo Illia, na cidade de La Paz, "para solicitar um procedimento de interrupção legal" da gravidez, termo usado para se referir ao aborto.

“Lá, prescreveram um medicamento - presume-se que seja misoprostol - e na sexta-feira ela começou a se sentir mal. Ela foi encaminhada ao principal centro de saúde da zona leste de Mendoza, o hospital Perrupato, onde diagnosticaram uma infecção geral que causou a sua morte”, relata o Clarín.

O misoprostol é uma prostaglandina que faz com que o útero expulse o que há em seu interior. No caso de gravidez, faz com que a mãe perca o feto, o que pode causar sangramento na mulher.

Em alguns casos, o sangramento pode fazer com que a mãe entre em choque hipovolêmico e morra.

Geralmente, a mulher que toma misoprostol vai a um centro de saúde para fazer uma curetagem para remover qualquer resto do bebê do útero.

Se essa curetagem ou raspagem for feita com material não esterilizado adequadamente ou que esteja contaminado, pode provocar uma infecção que poderia levar à septicemia ou infecção generalizada, o que pode causar a morte.

O Dr. Luis Durand, médico cirurgião argentino, explicou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que embora alguns afirmem que a morte da jovem poderia ter ocorrido por “negligência”, na realidade “o aborto não é uma prática médica. Até poucos meses atrás, para a lei argentina, era um ato criminoso”.

"Agora é um ‘instrumento legalizado’ para supostamente beneficiar uns e punir outros, e isso não é um ato médico, independentemente de ser legal ou não."

“O ato médico deve sempre buscar melhorar a situação de todos sobre quem intervém, embora circunstancialmente possa falhar e não o conseguir, mas nunca pode ser considerado um ato médico, 'interromper a vida' de qualquer ser humano de forma intencional ou premeditada", destacou.

“No aborto, a morte para o bebê é sempre violenta. Ou injetam substâncias que o queimam no útero, ou o extraem por desmembramento, ou é arrancado por contrações uterinas extremas morrendo por asfixia”, indicou o Dr. Durand.

O médico afirmou que “a infecção geral ou septicemia em uma mulher que toma misoprostol para abortar pode ocorrer quando a expulsão é incompleta e os restos do bebê permanecem no útero. Por isso, é uma falácia dizer que qualquer instrumentação em um organismo possa ser 'segura'”.

A líder pró-vida Guadalupe Batallán escreveu em seu Twitter nesta segunda-feira que “María del Valle tinha 23 anos e tinha uma vida inteira pela frente. Era estudante e se tornou presidente da juventude radical de Mendoza. Ela abortou legalmente na quarta-feira e morreu no fim de semana. Eu vou contar para vocês porque as feministas ficam quietas. #MorreuPorAbortoLegal”.

“Se María tivesse morrido na clandestinidade, as feministas estariam destruindo a cidade inteira, mas como María #MorreuPorAbortoLegal e isso não lhes convém, ignoraram”, escreveu Belén Lombardi, uma jovem mãe e ativista pró-vida.

Assim que se soube de sua morte, vários ativistas e grupos pró-vida na Argentina inundaram as redes com as hashtags #MurióPorAbortoLegal (#MorreuPorAbortoLegal,  em português) e #AbortoLegalMataIgual.

O Clarín afirma que a investigação sobre a morte de María del Valle começou na Promotoria de Santa Rosa, mas por sua complexidade seguiu para a Promotoria de San Martín na segunda-feira.

Ainda não há data para a divulgação dos resultados da autópsia.

Martín Zeballos Ayerza, da organização Advogados pela Vida na Argentina, disse à ACI Prensa que a jovem "era uma garota muito conhecida porque era membro da União Cívica Radical, partido histórico na Argentina".

O partido, "embora tenha em sua carta de princípios o direito à vida, foi capturado pelo progressismo, especialmente na Universidade de Buenos Aires", onde há muitos "radicais verdes abortistas”.

“De Rosário ao sul”, disse Zeballos, “a maioria dos radicais é abortista. De Córdoba ao Norte, os radicais são pró-vida. Pode-se dizer, em geral, que os radicais nas grandes cidades são progressistas e os radicais nas cidades do interior são pró-vida”.

A senadora Silvia Elías de Pérez, de Tucumán, da União Cìvica Radical, votou em agosto de 2018 “a favor das duas vidas” e contra a lei do aborto.

“O comitê radical tem em Buenos Aires um lugar onde estão os quadros de grandes dirigentes mulheres do partido. Após a votação de Pérez, retiraram o quadro de Silvia por ter votado a favor da vida. Deixou de ser dirigente notável por defender a vida a partir da concepção”.

“Isso mostra a luta e as contradições internas. O radicalismo faz parte de Juntos pela Mudança que fazia parte do governo do ex-presidente Mauricio Macri. Hoje dizem que são oposição, mas na realidade são a primeira minoria progressista”, concluiu Zeballos.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF