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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Basílica de Santa Maria Maior em Roma: o “milagre da neve” será dedicado ao Papa

O Papa, no final do ano passado, em oração diante da imagem
da Salus Popoli Romani  (Vatican Media)
05 de agosto

Em 5 de agosto do ano de 358, em pleno verão italiano, nevou no centro de Roma. Segundo a tradição, a Virgem Maria teria aparecido em sonho ao Papa Libério pedindo para erguer uma basílica no local onde encontraria a neve. O idealizador do projeto de evocação do milagre de Nossa Senhora das Neves na Basílica de Santa Maria Maior vai dedicar o evento deste ano ao “coração generoso de Papa Francisco”.

Andressa Collet – Vatican News

Será dedicada ao “coração generoso de Papa Francisco” a edição deste ano, a de número 38, da evocação do milagre de Nossa Senhora das Neves na Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais de Roma. O idealizador e arquiteto Cesare Esposito, segundo a agência de notícias Adnkronos, chegou a enviar uma carta ao Pontífice convidando-o para seguir o evento que acontece nesta quinta-feira (5), às 21h no horário italiano, para testemunhar a evocação da Virgem, “para que se torne um símbolo de esperança e de amor para todos os fiéis e para a cidade".

O "milagre da neve" diante da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma
Na carta dirigida ao Papa Francisco, o arquiteto italiano recorda as muitas dificuldades que teve que enfrentar na vida desde que criou o projeto da “primeira nevasca em 1983”. Além disso, lembra como "o aniversário de 5 de agosto se tornou um evento importante para os fiéis, tanto que em 1987 o Papa João Paulo II participou da cerimônia fazendo um discurso sobre o prodígio da neve diante de milhares de fiéis presentes".

O milagre de Nossa Senhora das Neves | Aleteia
Para o evento, desde a déc. 80, a praça se transforma num teatro de luzes para comemorar aquele 5 de agosto de 358, quando, segundo a tradição, a Virgem Maria teria aparecido num sonho ao Papa Libério pedindo para erguer uma basílica onde encontraria neve fresca no dia seguinte. Na manhã seguinte, o bairro do Esquilino acordou com neve – em pleno verão italiano – e Libério traçou o perímetro do local para construir a primeira basílica do Ocidente dedicada a Nossa Senhora das Neves.

O Papa e a Virgem Maria

No ano passado, o Papa Francisco chegou a visitar a basílica durante a tarde, onde se deteve em oração diante da imagem da Salus Popoli Romani, que o Pontífice venera particularmente e à qual confia sempre as suas viagens apostólicas, prestando homenagem antes da sua partida e depois do seu retorno. Em 5 de agosto de 2018, ao concluir o Angelus, o Papa pediu que a Virgem Maria “nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para as nossas vidas".

Festa da Dedicação da Basílica

Pela parte da manhã de hoje, de Solenidade da Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, o ápice da festa com uma celebração eucarística. Na hora do canto do Glória, no interior da Basílica, uma tradicional chuva de flores recorda o “milagre da neve” em pleno verão do ano de 358. Durante a tarde, a recitação do Santo Rosário, seguida pelas Solenes Segundas Vésperas, com uma nova chuva de flores durante o Magnificat. Ao final do dia, a missa de encerramento da festa, para, à noite, diante da basílica, recordar “o milagre da neve” com o projeto idealizado pelo arquiteto italiano.

Fonte: Vatican News

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Pascom Brasil entrevista Pe. Zezinho sobre a vocação sacerdotal

 

Pleno.News

Com o tema: “Cristo nos salva e nos envia” e o lema é “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (cf. Jo 5,24), a Igreja no Brasil celebra durante o mês de agosto, o Mês Vocacional que é um tempo dedicado à oração, reflexão e ação nas comunidades com foco nas vocações. O tema deste ano vem da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Christus Vivit (Cristo vive), do Papa Francisco.

Para celebrar as vocações que testemunham o serviço do próprio Senhor “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28),  a Pascom Brasil, vinculada a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bateu um papo com o padre Zezinho, que no mês de junho completou 80 anos.

São mais de 50 anos de sacerdócio, mais de 3000 composições, 140 livros, além de artigos e entrevistas. 

“Eu sou fruto de uma Igreja que mudava e continua mudando. Eu sou padre de uma Igreja em mudança. Ela não volta atrás, tem muito que mudar ainda”, diz padre Zezinho.

O Mês Vocacional foi instituído em 1981 durante a 19.ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O objetivo é conscientizar as comunidades da responsabilidade no processo vocacional.

Veja a entrevista completa:

https://youtu.be/71Aon03x_LE

Fonte: CNBB

Arquidiocese de Brasília

Quais são os três passos para a vida eterna? Papa Francisco mostra um itinerário

Festival Da Juventude Em Medjugorje,
Bósnia E Herzegovina. Foto: Vatican Media

Ele também convidou os jovens a viverem a juventude confiando no Senhor e partindo com Ele pelo caminho.

Por: P. Jorge Enrique Mújica, LC

(Agência de Notícias ZENIT / Cidade do Vaticano, 03-08-2021) .- No contexto da 32ª edição do Festival da Juventude de Medjugorje, evento que reúne milhares de jovens de todo o mundo, o Papa Francisco enviou-lhes um mensagem na qual reflete com eles a partir da pergunta do rico a Jesus, que também foi o tema da festa: "O que devo fazer para alcançar a vida eterna?" Aqui estão os três passos que o Papa dá aos jovens:

Primeiro: aprenda a fazer o bem aos outros

«Se queres entrar na vida eterna, guarda os mandamentos» (Mt 19,17). Jesus o devolve à vida terrena e mostra-lhe o caminho para herdar a vida eterna, ou seja, o amor concreto ao próximo. Mas o jovem responde que sempre fez isso e concorda que não basta seguir os preceitos para ser feliz. Então Jesus fixa o seu olhar cheio de amor sobre ele. Com efeito, reconhece o desejo de realização que o jovem carrega no coração e a sã inquietação que o põe em busca; por isso ela sente ternura e carinho por ele”.

Segundo: passar da lógica do "mérito" para a do presente

«Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu» (Mt 19,21). Jesus muda a perspectiva: convida-o a não pensar em garantir o além, mas a dar tudo na vida terrena, imitando assim o Senhor. É o apelo a um novo amadurecimento, a passar dos preceitos observados para obter uma recompensa ao amor livre e total. Jesus pede que você desista do que pesa em seu coração e atrapalha o amor. O que Jesus propõe não é tanto um homem despojado de tudo, mas um homem livre e rico em relacionamentos. Se o coração está cheio de bens, o Senhor e o próximo tornam-se apenas coisas entre os outros. O nosso muito a ter é muito o que amar que sufoca o nosso coração e nos torna infelizes e incapazes de amar”.

Terceiro: imitação

"Venha e siga-me". Seguir a Cristo não é uma imitação externa, porque atinge o homem todo em sua interioridade profunda. Ser discípulo de Jesus significa estar em conformidade com Ele. Em vez disso, teremos uma vida rica e feliz, cheia do rosto de tantos irmãos e irmãs, pais e mães e filhos (Mt, 19, 29). Seguir a Cristo não é perda, mas ganho incalculável, enquanto a renúncia está relacionada ao obstáculo que impede o caminho. Aquele jovem rico, porém, tem seu coração dividido entre dois lados: Deus e o dinheiro. O medo de arriscar e perder seus bens o faz voltar para casa triste. Não saiu para fazer a pergunta decisiva, não encontrou a coragem de aceitar a resposta, que é a proposta de separar-se de si mesmo e das riquezas para ligar-se a Cristo, caminhar com Ele e descobrir a verdadeira felicidade.”.

O Papa termina a sua mensagem convidando os jovens a viverem a sua juventude confiando no Senhor e a caminharem com Ele.

Fonte: https://es.zenit.org/

Ortega intensifica ataques à Igreja na Nicarágua

Cardeal Brenes | Guadium Press
 7 pré-candidatos presidenciais não poderão participar das eleições em 7 de novembro.

Redação (03/08/2021 18:20Gaudium Press) A situação da Igreja na Nicarágua não tem sido fácil nos últimos anos.

O mundo acompanha entre espantado e indignado que ontem sete pré-candidatos presidenciais perderam a oportunidade de se inscrever para as eleições de 7 de novembro uma vez que são mantidos presos pelo regime de Daniel Ortega: Cristiana Chamorro, Felix Maradiaga, Arturo Cruz, Medardo Mairena, Juan Sebastian Chamorro, Miguel Mora e Noel Vidaurre.

Todos ele foram presos recentemente, sendo a primeira Cristiana Chamorro, filha de Violeta Barrios de Chamorro, em prisão domiciliar desde 2 de junho. Todos pertencem a diversos movimentos políticos, de diferentes tendências, e o desacordo com o sandinismo os une particularmente.

Porém, os ataques do regime não são apenas contra seus adversários políticos: também são contra a Igreja.

Ontem, em seu discurso ao ser ratificado como candidato à presidência, Ortega acusou as autoridades católicas de serem hipócritas, comerciantes da fé, falsos fariseus, etc. “Não, não, [Cristo] não veio lhes transmitir as hipocrisias, as falsas atitudes daqueles a quem Cristo chamou de mercadores do templo, que se disfarçavam de sacerdotes, que haviam tomado os templos e enganavam o povo e se comportavam como se tivessem a máxima autoridade moral (…) porque a mensagem de Cristo não precisa de intermediários (…) nem Deus nem Cristo precisam desses fariseus como intermediários”.

Ortega criticou a Igreja por ter oferecido serviços religiosos a Anastasio Somoza e disse que a Igreja “abençoava, elogiava e enaltecia o tirano que assassinou o povo nicaraguense; nunca criticou seus crimes, os milhares de crimes aos quais o povo da Nicarágua foi submetido; nunca criticou a fome nem o desemprego que sofria o povo nicaraguense”.

Já em 30 de julho, Ortega havia qualificado de “fariseus” os padres católicos que haviam servido como mediadores diante da repressão do regime após os protestos de abril de 2018.

“Foram eles que se exilaram, e a cada dia se exilam mais. Foram uns fariseus. Cristo os chamou de fariseus quando os encontrou no templo e os tirou de lá a chicotadas e os fariseus não desapareceram, andam por aí com roupas elegantes e falando como se fossem santos. Eles não têm respeito a Cristo, nenhum respeito a Deus”, acrescentou Ortega.

A Igreja manifesta sua intenção de resistir com firmeza, como o fez no passado

A Igreja teme que o regime não permaneça apenas em ataques verbais. Ela resistirá, segundo as palavras do Cardeal Arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo Brenes em sua homilia, no último sábado, na Catedral de Manágua, quando foi comemorado o primeiro aniversário do ataque à imagem chamada Sangue de Cristo.

O purpurado afirmou que os sacerdotes e toda a Igreja Católica estão prontos para enfrentar “represálias” do governo.

Represálias “serão bem-vindas, e sempre as trataremos como fizemos nos anos 80 [durante o primeiro mandato de Ortega], quando houve situações muito difíceis”, ressaltou. “A Igreja não é dirigida por homens. Não somos nada além de instrumentos, a Igreja é animada e fortalecida pelo Espírito Santo. Continuamos a cumprir a missão que o Senhor nos confiou”, sublinhou o Cardeal.

Ele desmentiu que a Igreja tivesse a intenção de ser configurada como uma instituição política: “Em nenhum momento queremos assumir um papel político, nosso trabalho é evangelizar, nosso trabalho é obra do amor de Cristo que veio para que possamos ter vida e vida em abundância”, declarou aos repórteres no mesmo sábado. “A Igreja não tem a capacidade de odiar, nem com gestos nem com palavras; rezamos por aqueles que podem nos criticar e nos assediar, e isso nos dá paz.”

O cardeal Leopoldo Brenes indicou também que “continuaremos em frente, independentemente do que se diga sobre nós. Há tantos fanáticos que às vezes passam e gritam insultando-nos. Se eles gritam comigo, eu rio.

“Cremos em Deus, e nEle nos apoiamos, e esta é a nossa força, assim como a Virgem Maria. Eles são nossa esperança, e é isso que os sacerdotes, bispos e leigos pensam. Felizmente, estamos à vontade realizando nossa missão de evangelização”.

Com informações Crux

Fonte: https://gaudiumpress.org/

O que são as “lágrimas de São Lourenço” que surgem no céu em agosto?

Shutterstock | Belish
Por Francisco Vêneto

Há um elemento poético na associação da chuva de meteoros de agosto com as "lágrimas luminosas" do mártir São Lourenço.

As “lágrimas de São Lourenço” que surgem no céu em agosto são uma chuva de meteoros provocada pelo cometa Swift-Tuttle, que, na sua órbita de 133 anos ao redor do sol, libera poeira e detritos na órbita terrestre. Esses detritos acabam sendo queimados ao entrar em contato com atmosfera da Terra, motivo pelo qual não representam um perigo relevante para as pessoas.

É na queda e na queima desses detritos que consistem as “lágrimas de São Lourenço”, que receberam esse nome em referência ao santo cuja festa litúrgica celebramos no dia 10 de agosto: é por volta dessa data que costuma ocorrer o pico dessa chuva de meteoros, mais visível no hemisfério norte entre o final de julho e a metade de agosto. Durante o pico, podem chegar a ser vistos mais de sessenta meteoros por hora.

Jay Huang | CC BY 2.0
As “lágrimas de São Lourenço” também recebem outro nome: as Perseidas, termo que se refere ao aparente ponto de origem dos meteoros na constelação de Perseu, que, por sua vez, traz esse nome em referência a um célebre personagem da mitologia grega.

Lágrimas de São Lourenço

Falando em referências, há um elemento poético na associação da chuva de meteoros com as “lágrimas luminosas” de São Lourenço, um dos mais conhecidos mártires da história do cristianismo primitivo. O santo era um de sete diáconos condenados à morte sob uma cruel perseguição promovida pelo imperador romano Valentino contra os cristãos e, particularmente, contra os sacerdotes cristãos de Roma.

O próprio Papa, que era Sisto II, havia sido martirizado no dia 6 de agosto de 258, situação em que Lourenço acabou se tornando provisoriamente a principal autoridade da Igreja em Roma porque participava da administração da comunidade. Ele próprio seria martirizado apenas quatro dias depois do Papa, em 10 de agosto.

E o seu martírio foi chocantemente cruel: São Lourenço foi queimado vivo sobre uma grelha.

Jacobello del Fiore – Domínio Público
Pouco antes, os seus carrascos lhe haviam ordenado que apresentasse todas as riquezas da Igreja, da qual era o administrador. Lourenço levou até as autoridades um grupo de pessoas deficientes, doentes e pobres, afirmando que eles eram “a verdadeira riqueza da Igreja”.

Famoso pelo bom humor, o diácono deu outro testemunho extraordinário de serenidade e entrega pessoal nas mãos de Deus quando já sofria a tortura do martírio do fogo: entre suas últimas palavras, conta a tradição popular que ele disse aos seus carrascos: “Virem-me, porque já estou bem assado deste lado”.

Vem do martírio de São Lourenço, por mais brutal que tenha sido, o “elemento poético” da associação entre ele e a chuva de meteoros desta época do ano: o povo cristão contava que os detritos em chamas que rasgavam os céus simbolizavam as brasas que martirizaram São Lourenço, cujas lágrimas no martírio eram de dor, sim, mas também de esperança em Deus e na vida eterna.

Shutterstock | Benjamin Schaefer
Fonte: Aleteia

A esponsalidade de Cristo em São João

"É o Espírito presente na Igreja, esposa de Cristo, que lhe inspira
este apelo e convite para receber gratuitamente a água da vida”.  
(AFP or licensors)

"A união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja”.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Mais do que simbólica, a Igreja como "esposa de Cristo" apresentada na Constituição Dogmática Lumen Gentiun é uma imagem teológica. E é a esta imagem que padre Gerson Schmidt* tem dedicado os últimos programas deste nosso espaço, buscando nas Escrituras as referências que a constituem e a alicerçam. No programa passado, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre nos apresentou sua segunda reflexão sobre a "Esponsalidade em Cristo nos Sinóticos", emquamto no programa de hoje passa a falar sobre a "Esponsalidade de Cristo em São João [1]":

"Estamos aprofundando o tema da esponsalidade de Cristo com a Igreja, tendo como pano de fundo a imagem da Lumen Gentium da Igreja como “esposa de Cristo”. O Evangelho teológico de João é permeado da simbologia esponsal. No início do Evangelho joanino, percebemos nas palavras de João Batista o reconhecimento mais explícito dessa imagem esponsal e nupcial: “Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria e ela é completa!” (Jo 3, 29). O Batista cede lugar a Jesus, o Esposo legítimo [2].

A alegria de João Batista consiste em trazer a noiva à presença do noivo. A esposa é a figura do povo, segundo imagens usadas pelos profetas, no Antigo Testamento. Jesus, consagrado como o Messias, leva para si a esposa e, por isso, é necessário reconhecê-lo como Esposo. “O ponto central dessa narrativa é que o amigo do noivo não serve de rival, e que, apesar de estar numa posição exaltada, não pode ser comparado, em dignidade, com o próprio noivo” [3].

João Batista fala de um modo simbólico, como às vezes falaram os profetas. Toda missão de João Batista parece ser consciente de que o seu serviço no meio do povo é dirigido para o Esposo que há de vir. Ele apresenta-se como amigo do Esposo. Ao se apequenar “é necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 30), ele reconhece que se deve a Jesus o direito de ser reconhecido e acolhido como Esposo. “O Batista alegra-se porque vê que já está a começar a atuação do Messias, e reconhece a infinita distância que há entre a sua condição e a de Cristo. Por isso a sua alegria é completa quando Jesus Cristo vai convocando os homens e estes vão atrás dele”.

O episódio do banquete de núpcias em Caná da Galiléia, descrito apenas por João, para o qual Jesus foi convidado, juntamente com os discípulos (cf. Jo 2, 1-11) também é muito simbólico. É interessante observar que o acontecimento se dá em uma festa de casamento e devemos levar em consideração a imagem do Antigo Testamento de Israel como esposa de Yahweh. Nesse contexto, Jesus realiza seu primeiro milagre, para atestar que Ele é o divino esposo [4].

Em seu primeiro milagre, que comprova sua messianidade, Jesus nos dá a compreender, mesmo indiretamente, que o Esposo anunciado pelos profetas estava presente no meio do seu povo, Israel. Ao manifestar o primeiro milagre de transformar a água em vinho, a pedido de sua mãe, significa que, em Maria, se dá o início da figura da Igreja-Esposa da Nova Aliança. Conforme comentários catequéticos de João Paulo II, ao lado de Cristo, começa a delinear-se a figura da Esposa da Nova Aliança, a Igreja, presente em Maria e nos discípulos presentes no banquete nupcial [5].

O Papa Francisco também assim comenta sobre esse episódio do Evangelho: “O Evangelho do dia narra o primeiro milagre de Jesus, seu primeiro ‘sinal’ – como diz o Evangelista João – que ocorreu nas bodas de Caná, na Galileia. E não foi por acaso que tenha se realizado num matrimônio – explicou o Papa – porque naquela cerimônia, Deus se casou com a humanidade: esta é a Boa Notícia, mesmo se aqueles que o convidaram ainda não sabiam que o Filho de Deus estava sentado à sua mesa e que o verdadeiro esposo era Ele. “De fato, todo o mistério do sinal de Caná se baseia na presença deste divino esposo que começa a revelar-se. Jesus se manifesta como esposo do povo de Deus, anunciado pelos profetas, e nos revela a profundidade da relação que nos une a Ele”, explicou Papa Francisco [6].

É somente João que descreve Maria presente ao pé da cruz e que descreve o diálogo de Jesus com sua mãe e o discípulo amado, que leva Maria depois para a primeira comunidade cristã. “A doação de Jesus Cristo à sua esposa no sacrifício da cruz, na ressurreição e na vinda do Espírito Santo não foi um ato acontecido uma única vez, um ato transitório. Tal doação jamais termina, visto que seu amor, que doa, jamais se cansa. Ele vive sempre para sua esposa; ele cuida carinhosamente dela como seu próprio eu; ele a alimenta com a força da sua palavra. Mas principalmente pela sua própria carne e sangue na eucaristia. Dando-lhe seu corpo e seu sangue, torna-se realmente um corpo com ela. A união entre Cristo e a Igreja supera em muito a união conjugal em intimidade, força e duração. A união entre homem e mulher é uma imagem da união entre Cristo e a Igreja” [7].

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

______________________

[1] Tema embasado em artigo da Revista Teocomunicação, Porto Alegre, v. 38, n. 160, p. 235-251, maio/ago. 2008, de autoria de Edson Pereira e Manoel Augusto Santos.

[2] M. MAGNOLFI et alii, op cit., p. 139-140.

[3] R. CHAMPLIN. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Millennium, 1980, vol. II, p. 317. 

[4] Cf. R. BROWN et alii. Comentario Biblico San Jerónimo. Madrid: Ediciones Cristandad, 1971, Tomo III, p. 433.

[5] JOÃO PAULO II. A Igreja: 51 catequeses do Papa sobre a Igreja. São Paulo: Cléofas, 2001, p. 77-78.

[6] PAPA FRANCISCO, Ângelus,20/01/2019.  

[7] SCHMAUS, Michael. A fé na Igreja, Vol. IV, Petrópolis, 1983, p.62-63. 

Fonte: Vatican News

Desesperado apelo de um sacerdote na Nicarágua: "Não nos deixem morrer"

Foto referencial. Foto: Pixabay

MANÁGUA, 20 jul. 18 / 04:00 pm (ACI).- O sacerdote nicaraguense Augusto Gutiérrez fez um apelo à comunidade internacional a fim de que intervenha para evitar os massacres que estão ocorrendo e que provocaram a morte de mais de 300 pessoas em três meses de protestos e, entre lágrimas, pediu: "Não nos deixem morrer".

Pe. Augusto Gutiérrez, pároco no bairro de Monimbó, ao sul de Masaya (Nicarágua), concedeu uma entrevista à rede COPE. Devido às pressões do governo, o sacerdote está escondido, pois recebeu inúmeras ameaças.

"Eles nos ameaçaram de morte porque nos dizem que somos líderes desta situação, mas nos envolvemos nesta situação pois é injusto o que o governo (de Daniel Ortega) está fazendo. Isso é um genocídio, porque não tem outro nome", asseguroua Pe. Augusto.

Entre lágrimas, o sacerdote fez um apelo: "Não nos deixem morrer. Por favor, intervenham, faça alguma coisa".

Na terça-feira, 17 de julho, o bairro indígena de Monimbó, na Nicarágua, foi atacado por paramilitares ligados ao presidente Daniel Ortega.

Segundo contou na entrevista, o ataque dos paramilitares em Monimbó durou 4 horas, "com armas militares pesadas, estão profanando as igrejas e matando".

No bairro de Monimbó as pessoas são simples, mas o sacerdote explicou que "há três meses o governo luta contra a população de toda a Nicarágua, também de Monimbó, que se manteve com muita coragem. Mas agora estão nos matando".

O sacerdote começou a chorar pela situação difícil que o país enfrenta e pelo grave risco que sua vida corre.

Em relação às declarações que o Arcebispo de Manágua, Cardeal Leopoldo Brenes, realizou em outra entrevista concedida à rede Cope, Pe. Augusto assegurou que "apoia tudo o que a Igreja e os bispos dizem. Mas eles (o governo de Ortega) já não querem mais voltar à razão, por isso deve haver um apoio internacional para salvar o povo”.

"Isso não é guerra, porque as pessoas se defendem com o que podem, com barricadas, com pedras. Eles (o governo) estão obstinados a celebrar em 19 de julho sobre sangue do povo. E não podem continuar governando sobre os mortos e mandando matar", declarou.

Além disso, assegurou que toda a Nicarágua está em "uma situação de emergência" e explicou que, recentemente, foi aprovada uma lei "antiterrorista" pela qual "todos os que apoiam as pessoas que estão nas barricadas ou que, segundo eles [o governo] colaborarem contra o governo, irão processá-los".

Fonte: ACI Digital

São João Maria Vianney

S. João Maria Vianney | Canção Nova
04 de agosto

São João Maria Vianney (Cura D’Ars) – Padroeiro dos sacerdotes

Origens

João Maria Batista Vianney nasceu no dia 8 de maio de 1786, no vilarejo de Dardilly, ao norte da cidade de Lyon, na França. Filho de Mateus e Maria, foi o quarto de sete irmãos. Desde a infância manifestou seu espírito de piedade. Gostava da oração e de ir à igreja. Vivia dizendo que queria ser padre. Teve que trabalhar duro no campo até à juventude, para ajudar a sustentar a família. Somente quando ele estava na adolescência é que foi aberta uma escola em sua aldeia e ele pôde, então, ser alfabetizado e aprender a língua francesa, pois falava apenas o dialeto local. Mesmo assim, estudou apenas dois anos.

Dificuldades

 Quando o jovem João Maria Vianney manifestou seu desejo de se tornar padre, encontrou grande oposição por parte de seu pai. Somente com a ajuda do pároco que atendia sua aldeia é que ele conseguiu. Já tinha vinte anos quando ingressou no seminário de Écully. No seminário, o jovem João Maria Vianney encontrou mais dificuldades ainda por causa de sua pouquíssima instrução. Os superiores e professores do seminário consideravam-no um camponês xucro e sem inteligência suficiente para conseguir completar os estudos. Por outro lado, Vianney era um belo exemplo de caridade, obediência, vida de oração e fé.

Ordenação

 João Maria Vianney só chegou até o fim de seus estudos por causa de seu exemplo de caridade e santidade dentro do seminário, pois, faltava-lhe os dotes da inteligência e do raciocínio lógico para a filosofia e teologia. Não lhe faltava, porém, a sabedoria que vem do céu. Por isso, a despeito de sua deficiência, ele foi ordenado padre em 1815. Recebeu, porém, um impedimento grave: não poderia exercer o sacramento da confissão. Seus superiores julgavam que ele não teria capacidade de orientar e dirigir a vida espiritual dos fiéis. Mal sabiam eles que estavam diante de um dos maiores confessores de toda a história da Igreja.

Recolhimento

Pe. João Maria Vianney permaneceu ainda três anos no seminário de Écully. Agora, porém, estava sob a direção de um abade chamado Malley. Este, percebeu que Pe. Vianney era um homem de oração profunda, especial, portador de carismas e de santidade. Por isso, depois de três anos convivendo com o abade Malley, este conseguiu e liberação necessária para que Pe. João Maria Vianney pudesse exercer seu ministério sacerdotal plenamente, inclusive como confessor.

Cura D’Ars

Tão logo conseguiu sua liberação, Pe. João Maria Vianney foi designado vigário do vilarejo chamado Ars-sur-Formans, mais conhecido como “Ars”. Todos os padres se esquivavam desta paróquia por vários motivos. Primeiro, porque ela possuía apenas duzentos e trinta habitantes.

Segundo porque todos ali eram assumidamente “não praticantes” e famosos por sua violência. Ars era um vilarejo onde as tabernas viviam abarrotadas e a igreja estava sempre vazia. Brigas, roubos, rixas antigas e até assassinatos eram comuns por ali. Pe. João Maria Vianney, porém, aceitou a missão na obediência e foi para lá. Por isso, passou a ser chamado de o Cura D’Ars, expressão que significa “Cura de Ars”. A palavra cura, no português arcaico, significa padre ou vigário. Portanto, Cura D’Ars significa Vigário de Ars.

Chegada profética

Pe. João Maria Vianney chegou em Ars em 1818. Estava só, numa pequena carroça que levava apenas alguns pertences e livros. Sem saber o caminho exato, viu um menino pastor e pediu ajuda. O menino levou-o até a entrada de Ars. Então, Pe. João lhe agradeceu dizendo: "Tu me mostraste o caminho de Ars, eu te mostrarei o caminho do céu". Hoje, na entrada da cidade, foi construído um monumento que lembra este belo encontro.

Situação invertida

Treze anos após a chegada do Pe. João Maria Vianney, a situação em Ars era completamente outra. A igreja estava sempre cheia e as tabernas vazias. A violência cessara, as rixas acabaram, a bebedeira e a consequente violência se tornaram coisa do passado. A postura de homem de oração, caridoso, profeta e também severo quando era preciso, transformaram a triste realidade de Ars. O vilarejo, então, começou a ficar famoso por causa do padre santo que vivia ali.

O maior confessor da história

O povo começou a perceber que confessar-se com o Cura D’Ars, além do sacramento da confissão que, por si só, é uma graça infinita, era também um momento de discernimento de vida, de orientação, de verdadeira transformação. As orientações dadas pelo Pe. João nas confissões eram verdadeiras dádivas vindas do céu para curar os corações feridos, restabelecer a esperança, o amor e a confiança em Deus. Aquele tinha sido impedido de administrar o sacramento da confissão, tornara-se o maior confessor da história. Diariamente, filas enormes se formavam diante do confessionário da igreja e o Pe. João passava horas a fio atendendo a todos, muitas vezes, sem comer. Por muitas e muitas vezes, passou dias inteiros sentado no confessionário atendendo os corações aflitos em busca de orientação e libertação. E todos saiam transformados daquele confessionário.

A Europa em Ars

 A fama dos dons e da santidade do Cura D’Ars se espalhou pela Europa. Por isso, muitos viajavam de longe para Ars a fim de ver o cura e confessarem-se com ele. Para isso, estavam dispostos a esperarem horas ou dias inteiros. Assim, o pequeno vilarejo de Ars tornou-se um grande centro de peregrinações. Com isso, o vilarejo, que não tinha possibilidades de atender tanta gente, teve que ir se transformando para atender a demanda da nova realidade. Os antigos donos de taberna passaram a ganhar a vida transformando suas tabernas em hospedarias e, depois, em hotéis. E Ars se tornou numa cidade por causa do Pe. João Maria Vianney.

Exemplo de vida e de doação

 Padre João Maria Vianney fazia suas próprias refeições e os serviços domésticos. Vivia em oração. Alimentava-se pouco, dormia apenas três horas por dia para dar conta de toda atividade que tinha como vigário. Dedicava tempo para socorrer os pobres em suas necessidades, fazendo todo o possível por eles. Quando recebeu herança por parte de seu pai, gastou tudo com os pobres. As almas aflitas encontravam em suas orientações o norte, a esperança e o consolo.

Morte – Corpo incorrupto

 Sem descansar um dia sequer, Santo Cura D’Ars faleceu serenamente, consumido pelo cansaço. Era o dia 4 de agosto de 1859 e ele tinha setenta e três anos. Mesmo em vida, era tido como santo por todos. Após sua morte, passou a ser venerado por todos e seu túmulo virou centro de peregrinação. Por causa dos trâmites relativos à sua beatificação seu corpo teve que ser exumado. Para surpresa geral, foi encontrado incorrupto e hoje pode ser visto na igreja de Ars, que hoje é um famoso centro de peregrinação na Europa. Sào joão Maria Vianney foi canonizado pelo papa Pio XI, no ano 1925. Foi proclamado padroeiro dos sacerdotes e no dia de sua festa passou a ser celebrado o Dia do Padre.

Oração a São João Maria Vianney (retirada da Novena dedica a ele)

 “Ó São João Maria Vianney, que confiança tinham as multidões em vossas orações! Vós não podíeis sair de vossa casa paroquial ou de vossa pobre igreja sem estardes cercado de almas suplicantes que se dirigiam a vós, do mesmo modo como se dirigiriam ao próprio Jesus em Sua vida mortal. E vós, bom Santo, por vossas palavras cheias de eternidade, as excitáveis à esperança. Vós que sempre confiastes inteiramente no Coração de Deus, obtende-me uma confiança profunda e filial em Sua adorável Providência. Que a esperança nos bens celestes encha meu coração de coragem e me ajude a praticar sempre os divinos mandamentos.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Qual é a vocação da Igreja?

Editora Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

A missão da Igreja é evangelizar; a sua vocação é a santidade. Sem a santidade a Igreja não cumpre a missão missionária.

Quem foram os maiores evangelizadores em todos os tempos? Os santos. Santa Teresa, Santa Terezinha, São João Maria Vianney, São Francisco, São João Bosco, Santo Inácio de Loyola, São Luiz de Montfort… Nada supre a santidade, nem o microfone, nem a internet, nem a rádio e nem a TV. Os meios de comunicação não bastam; atrás é preciso da santidade.

Certa vez o Papa João Paulo II disse que: “A santidade é a força mais poderosa para levar o Cristo, aos corações dos homens” (L´Osservatore Romano Nº 24, 14/06/92, pg 22 [338]).

Os santos arrastaram multidões para Deus pela força imensa da sua santidade. Em outra ocasião o Papa disse:

“Ser santo, ser apóstolo, ser evangelizador: eis, caros fiéis, seja este também o vosso constante desejo e a vossa aspiração… Desde as suas origens apostólicas a Igreja escreveu e continua a escrever uma história de santidade… Aqueles que seguem fielmente a chamada à santidade, escrevem a história da Igreja na sua dimensão mais essencial, isto é, aquela da intimidade com Deus” (LR Nº 8, 24/2/96, pg 10 [903]).

Porque a Igreja é santa, na sua própria natureza, a santidade é, então, a vocação de todos os seus membros.

A “Lumen Gentium” afirma que: “Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado” (LG,41). É a vocação universal da Igreja, como disse o Concílio:

“O Senhor Jesus, Mestre e Modelo divino de toda perfeição, a todos e a cada um dos discípulos de qualquer condição prega a santidade de vida da qual ele mesmo é o autor e o consumador, dizendo: “Sede, portanto, perfeitos, assim como também vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)” (LG,40).

Todos os batizados, sem exceção, são chamados portanto, à santidade. “Eles são justificados – disse o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornam verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina, e portanto realmente santos. É pois, necessário que eles, pela graça de Deus, guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam” (LG,40).

São Paulo exortava os fiéis de Éfeso a viver “como convém a santos” (Ef 5,3); aos de Colossos, que vivessem “como escolhidos de Deus, santos e amados” (Col 3,12), de modo a que “leveis uma vida digna da vocação a qual fostes chamados” (Ef 4,1).

O Apóstolo afirma aos cristãos de Tessalônica, com toda a convicção que:

“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Tess 4,3).

São Paulo começa quase sempre as suas cartas, relembrando aos cristãos o chamado à santidade: “A todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos…” (Rom 1,7).

“À Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade com todos…” (1 Cor 1,2).

“Bendito seja Deus… que nos escolheu n’Ele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos” (Ef 1,3-4).

“Deus nos salvou e chamou para a santidade…” (2Tm 1,9).

Desde o Antigo Testamento Deus já tinha chamado Israel, que prefigurava a Igreja, para a santidade Dele mesmo. Ele disse a Moisés:

“Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santo porque Eu Sou Santo” (Lv 11,44-45).

São Pedro relembra isso aos fiéis em sua primeira Carta;

“A exemplo da santidade d’Aquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: “Sede santos, porque Eu sou Santo” (1Pe 1,15-16)”.

Na verdade, o chamado de Israel à santidade se confunde com a Aliança que Deus quis fazer com o povo escolhido. Pela boca do profeta Oséias, Ele diz: “Sou Deus e não um homem, sou Santo no meio de ti” (Os 11,9). A Moisés Ele diz: “Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex. 19,6).

Podemos dizer, portanto, que a Igreja é uma “Comunhão na santidade” de Deus e, por isso, é uma “comunhão de santos”.

Certa vez o Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos:

“A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”.

Os reformadores tantas vezes agitaram e dividiram o rebanho de Cristo; os santos, ao contrário, trataram as feridas das ovelhas e as reuniram no aprisco do Senhor.

Quando o Papa esteve no Brasil, ao beatificar Madre Paulina, em Florianópolis, no dia 18/10/91, ele disse: “A Igreja existe para a santificação dos homens em Cristo”. E deu um grito, que atravessou todo o nosso país, e ainda está a ecoar em nossos ouvidos: “O Brasil precisa de santos, de muitos santos!”

E completou: “A santidade é a prova mais clara, mais convincente da vitalidade da Igreja, em todos os tempos e em todos os lugares” (LR, nº 44, 3/11/91).

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

Agência Envolverde

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Salvador (BA)

A relação entre a economia e o meio ambiente tem sido objeto de estudos e debates, pela sua especial importância para a humanidade, pois habitamos uma casa comum.  O Papa Francisco dedicou a sua renomada carta encíclica Laudato Si ao “cuidado da casa comum”, na perspectiva de uma “ecologia integral”, que inclui as dimensões ambiental, econômica e social. Ele nos alerta para a gravidade da crise ecológica e convida-nos a um novo estilo de vida e de desenvolvimento.

Necessitamos refletir seriamente sobre as implicações socioambientais do almejado crescimento econômico e sobre as condutas que adotamos na vida social e no cotidiano. O desenvolvimento sustentável, procurando conjugar a atividade econômica com a preservação ambiental, precisa figurar mais nas ações dos governos e empresas. Ao contrário, continuará a se agravar o triste cenário marcado pelo aquecimento global, esgotamento de recursos naturais, poluição do ar e das águas, desertificação, desaparecimento de espécies de plantas e animais, extinção de povos nativos, dentre outros sérios problemas. Além da preservação dos diversos biomas, o desenvolvimento econômico deve ser acompanhado do desenvolvimento humano e social. Se ficar reduzido à produção de bens e acumulação de riquezas, sem metas sociais, irá alimentar e piorar o grave problema da desigualdade social. Por isso, deverá promover a justa distribuição dos bens econômicos, permitindo o necessário desenvolvimento humano e social, com a superação das situações de exclusão.

Encontra-se nos inícios da Bíblia o fundamento para uma reta postura econômica e ecológica na preciosa passagem em que Deus coloca o homem e a mulher no jardim, imagem do mundo segundo o querer do Criador, resumindo a tarefa deles através dos verbos “cultivar e guardar” (Gn 2,15). Nesta perspectiva, o homem não é o “senhor”, mas o “administrador”, o “guarda”, da casa comum. Podemos dizer que o homem e a mulher deveriam ser “jardineiros” do mundo. A palavra “economia”, em sua raiz grega, refere-se à “administração da casa”. No mundo globalizado deve crescer a consciência da corresponsabilidade na administração da casa comum, por meio da organização econômica, superando as agressões ao meio ambiente e as situações de exclusão, que atingem especialmente os pobres. O desrespeito ao meio ambiente costuma ser acompanhado do desrespeito à pessoa humana, pois ambos possuem a mesma raiz, o desrespeito à vida. Por isso, um modelo de desenvolvimento que não preserva a natureza acaba violando também a própria pessoa humana. O respeito à vida, à dignidade e aos direitos fundamentais devem figurar como critérios essenciais na compreensão da economia e da ecologia, permitindo que ambas caminhem juntas na organização social.

Fonte: CNBB

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF