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domingo, 21 de maio de 2023

O caminho da África, ou seja, a África a caminho

O caminho da África | sklein

Arquivo 30Dias - 04/2010

O caminho da África, ou seja, a África a caminho

Encontro com o presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz: as crises na Nigéria e no nordeste da República Democrática do Congo. A dívida externa que preocupa os governos do Continente africano. Mas também os progressos e as esperanças do “pulmão espiritual da humanidade” segundo Bento XVI.

Entrevista com o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson de Roberto Rotondo e Davide Malacaria

O cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, ganense, há seis meses presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, é o mais jovem purpurado africano e com a mais alta posição no Vaticano entre os homens de Cúria do Continente Negro. Nascido em Wassaw Nsuta, na parte oeste de Gana, foi consagrado sacerdote para a arquidiocese de Cape Coast em 1975, da qual tornou-se arcebispo em 1992. Foi presidente da Conferência Episcopal de Gana de 1997 a 2005. Estudou nos Estados Unidos e no Instituto Bíblico de Roma. Fala inglês, francês, italiano e alemão. Conhece o hebraico, o grego antigo e o latim. Foi criado cardeal em 2003 – primeiro purpurado ganense da história – foi relator geral no Sínodo Especial para a África no final de 2009. Com ele, que declarou várias vezes querer trazer para a sua nova experiência em Roma o “grande sentido de solidariedade e de busca da justiça” do povo da África, conversamos sobre alguns graves problemas infelizmente “crônicos” da África subsaariana. E começamos com a sua última viagem à Nigéria.

O cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson [© Reuters/Contrasto]

Em março deste ano o senhor foi à Nigéria, poucos dias depois do massacre de centenas de pessoas em três vilarejos de camponeses, na maioria católicos, da diocese de Jos. Qual é o seu parecer sobre a situação depois dos ataques de 7 de março, que num primeiro momento tinham sido apressadamente atribuídos à rivalidade entre cristãos e islâmicos?
PETER KODWO APPIAH TURKSON: Quando fiquei sabendo dos ataques noturnos aos vilarejos e das centenas de mulheres e crianças mortas, imediatamente pensei em ir até lá para ajudar o arcebispo de Jos, monsenhor Ignatius Kaigama, a acalmar os ânimos e a frear os que, querendo se vingar, corriam o risco de alimentar uma grande onda de violência. Conheço bem Kaigama, é também presidente do Conselho para o diálogo Inter-religioso da Nigéria e sempre se preocupou em promover a paz, mas naqueles dias era quase o único a convidar as pessoas a acalmarem-se. Desde o primeiro momento ficou bem claro que se tratava de uma terrível vingança tribal e até mesmo L’Osservatore Romano tinha excluído a marca religiosa, mas apesar disso, passou a ideia na mídia de todo o mundo que na Nigéria a raiz da violência era determinada pelo contraste entre muçulmanos e cristãos.
Então o que era?
TURKSON: Tragicamente, tratou-se de uma represália dos pastores nômades Fulani na maioria islâmica, contra os trabalhadores rurais, estáveis, na maioria cristãos. As causas dessas represálias? A morte de alguns animais de rebanho e alguns episódios de violência que sofreram os pastores Fulani, acusados pelos camponeses de destruir a colheita com seus rebanhos, os quais, por causa da estiagem, dirigem-se cada vez mais para o sul nas regiões cultivadas. O fato é que para os Fulani o rebanho vale mais do que a vida, mas também para os camponeses, a colheita é uma questão de vida ou morte.
Uma trágica guerra entre pobres...
TURKSON: É um problema que se arrasta há muitos anos. A Igreja local tenta de todos os modos chegar a uma concórdia, mas enquanto o governo da região e o Estado central não conseguirem garantir a segurança e justiça, a situação continuará sempre a risco. Justamente por isso, em 19 de março, depois de ter presidido uma celebração eucarística de sufrágio pelas vítimas, na qual li uma mensagem de Bento XVI, fomos encontrar os responsáveis do governo da região e repetimos-lhes o quanto essa pobre gente – que durante cada missa reza também pelo governo, pelo Estado, pelo presidente – tenha o direito de poder dormir com segurança. Com efeito, o que mais me impressionou, é que os ataques aos vilarejos aconteciam às duas da madrugada, quando as pessoas estavam em casa dormindo, justamente para causar maiores danos possíveis. Enfim foi uma vingança calculada, não uma explosão irracional de violência.
E por parte dos muçulmanos surgiu alguma vontade de acalmar os ânimos?
TURKSON: Em Jos encontrei também o líder muçulmano Amil que trabalha em estreito contato com Kaigama. Eles dois querem ser as centelhas da paz, mas em ambas as partes há os que não aprovam: alguns cristãos dizem que o arcebispo confia demais nos muçulmanos e alguns muçulmanos afirmam que o emir acabará sendo convertido pelo bispo ao cristianismo. Mas o caminho deles é a única possibilidade para a convivência, a paz e o desenvolvimento da zona. Chegaram até a falar com o sultão de Sokoto, que é a maior autoridade do islã na Nigéria, e esperamos que muitos outros decidam seguir o caminho do diálogo.
A errada atribuição dos combates a uma guerra de religião é também fruto da nossa incapacidade de ouvir e entender o que acontece na África?
TURKSON: Sim, sem dúvida. Visto daqui, tudo parece apenas “África”: a África esfomeada, a África vítima das violências tribais, da luta pelos recursos naturais... Mas na África subsaariana há 48 Estados nacionais, cada um com uma própria situação, os próprios problemas, os próprios dramas, os próprios progressos. Respeitar a África quer dizer antes de tudo aprender a não generalizar. Em Gana, onde nasci, por exemplo, o presidente do Parlamento, o ministro da Justiça e o chefe da polícia são mulheres, mas isso não quer dizer que a África tenha aprendido a valorizar o papel da mulher. Assim, os problemas relativos aos equilíbrios demográficos, religiosos e étnicos mudam de país para país: na Nigéria, muçulmanos e cristãos numericamente se equivalem, em Serra Leoa os islâmicos são a maioria. Em Gana, o islã é minoria e representa 18% da população, assim temos um problema que não há em outros países: há grupos que não ficam satisfeitos com o equilíbrio religioso e étnico alcançado no país e que permite a convivência. E nos últimos anos estes grupos colocaram em ato estratégias para mudar os equilíbrios demográficos. Não estou lançando uma cruzada, mas temos consciência de que o fenômeno existe e, como dizem tanto os italianos quanto os franceses, quem avisa amigo é...
A situação de crise permanente na região nordeste da República Democrática do Congo (que é uma área com maioria católica) ainda é uma ferida aberta no Continente africano. Por que não se consegue sair desta situação de perene instabilidade? É apenas um problema de luta pela exploração das imensas riquezas naturais?
TURKSON: A luta pelos recursos é um fator importante da crise, mas não é só isso. Um outro elemento é a falta de infraestruturas como estradas ou pontes: em um país tão grande, faz com que o poder central fique muito afastado e lento para intervir. Além disso, os vários grupos tribais e étnicos são um ulterior elemento de instabilidade quando, também por causa das ingerências externas no Congo, estes não conseguem mais encontrar um equilíbrio entre si.
Parte da população congolesa, com efeito, considera-se ruandesa ou mesmo burundinesa. Este é um problema comum em muitas regiões da África, onde as fronteiras dividem tribos, etnias ou grupos homogêneos pela história e tradições. A mesma coisa acontece também em Gana: há um vilarejo na fronteira com o Togo no qual uma rua divide os dois Estados: de um lado os ganenses e de outro os togoleses. Para nós é apenas uma situação bizarra, mas na região do Kivu, na República Democrática do Congo, tornou-se um caso dramático. Também porque os interessados em extrair os imensos recursos naturais da região, tanto o ouro ou diamantes, madeira ou coltan, têm todo o interesse que reine um estado de caos permanente. Quando há anarquia, confusão, mesmo com um pequeno grupo armado pode-se aterrorizar um inteiro vilarejo, abrir minas ilegais, levar tudo embora. Apenas com um governo forte é possível resolver a situação um pouco de cada vez.

Católicos congoleses durante a procissão do Domingo de Ramos [© M.Merletto/Nigrizia]

Falando dos problemas da África subsaariana o senhor disse que alguns homens da classe política e econômica africana são inadequados e, às vezes, ou até mesmo corruptos e cúmplices das lobbies externas que exploram o continente…
TURKSON: A corrupção sempre existiu em todas as partes do mundo, mesmo nas nações mais evoluídas. Mas em todas as sociedades evoluídas há os que vigiam e colocam um freio. Aqui, o poder central e os políticos muitas vezes não conseguem desenvolver esta função porque são obrigados a pensar somente no imediato sem poder realizar nada que tenha um mínimo de prazo e de perspectiva. Sempre faltam os recursos para realizar o que planejado de nobre na campanha eleitoral, e muitos governos, já sufocados pelas dívidas assumidas em anos anteriores, pensam apenas em como encontrar rapidamente capital para enfrentar as situações de maior emergência. Por isso são feitas escolhas ditadas apenas pela emergência, sem pensar se as escolhas feitas hoje trarão alguma consequência negativa no futuro. Assim acontecia em Gana: primeiro as minas de ouro penetravam nas profundidades do subsolo, hoje, ao invés, prefere-se fazer imensas clareiras na superfície do terreno, derrubando a floresta. Ninguém se preocupa se um dia teremos, no lugar da floresta e dos campos cultivados, apenas um solo com grandes crateras vazias, porque o governo precisa urgentemente de recursos financeiros e tudo aquilo que traz dinheiro a curto prazo é preferível a projetos a longo prazo. Por isso a Mensagem para a Paz do Papa Bento XVI deste ano, que fala de solidariedade com o ambiente e de solidariedade entre as gerações atuais e as futuras, é muito concreta e tem implicações políticas, sociais, econômicas muito sentidas na África.
No ano 2000, dez anos atrás, houve uma grande campanha para zerar a dívida externa dos países em desenvolvimento. Houve algum resultado?
TURKSON: A dívida não é o maior problema: se anulam as nossas dívidas, mas ficamos sem meios para produzir bens e mercadorias, jamais conseguiremos criar capitais. Novamente nos endividaremos.
Mas neste momento os países africanos mal conseguem pagar os juros, sem nunca conseguir extinguir a própria dívida…
TURKSON: Seria mais importante que os governos dos países africanos conseguissem aumentar a capacidade produtiva e industrial, porque se continuarmos a vender apenas matéria-prima ou produtos não industrializados não conseguiremos criar uma economia forte e seremos sempre sufocados pelas dívidas. Por exemplo, Gana é um dos maiores produtores de cacau no mundo: mas quantas fábricas de chocolate existem em Gana? Nós cultivamos tomates em abundância, mas quantas fábricas de conservas temos? É principalmente nas indústrias de manufatura que se pode criar riqueza e desenvolvimento estável, mas é justamente ali que a África é mais fraca. Somente quando soubermos converter o couro do gado em sapatos é que sairemos deste círculo vicioso de empréstimos e juros.
Durante o Sínodo Especial para a África, Bento XVI definiu o continente como o pulmão espiritual da humanidade. Mas o que a África pode dar ao mundo?
TURKSON: O Papa referia-se aos valores cristãos, religiosos e humanos da África e disse que devemos prestar atenção para não danificar este pulmão da humanidade. É um pulmão sadio quando sabe olhar para aqueles valores do Evangelium vitae dos quais nos falara João Paulo II; e a fonte dos males são o secularismo e o relativismo, dos quais a África, até este momento, ao menos, parece protegida, mesmo se vivemos em um mundo globalizado e há muitas outras ameaças que nos chegam através de muitos meios que, por si, são muito positivos. Por exemplo, a internet, com a qual chega de tudo aos nossos jovens sem qualquer mediação. A rede transmite muitas coisas belas, mas também é possível acessar a sites que ensinam a construir bombas e fomentam ódio.
O senhor é muito apegado a Gana e à África, e segundo alguns, o Papa teve de convencê-lo a vir a Roma. O que o senhor trouxe consigo da sua experiência de pastor?
TURKSON: Creio ter feito o mínimo que podia fazer em Cape Coast, com a graça e a ajuda de Deus. Eu era o sucessor de um arcebispo muito famoso e amado, John Kodwo Amissah, o primeiro arcebispo nativo de Gana e talvez também o primeiro arcebispo africano de toda a África Ocidental. Foi uma figura de referência durante o processo político que nos levou à independência da Inglaterra. Recordo que, no momento da minha ordenação, perguntaram-me se eu me sentia à altura para suceder uma figura tão carismática e eu respondi, retomando um antigo ditado, que queria apenas calçar os meus sapatos, porque os dos outros poderiam ser ou muito grandes ou muito pequenos. Tudo dependia do que o Senhor me consentiria fazer. Todavia fiquei ali de 1993 a 2010, e procurei fazer fundamentalmente duas coisas: investir muito na formação dos padres – temos um bom seminário maior com professores preparados e no qual formam-se muitos sacerdotes – e tentar envolver os jovens, com muitas iniciativas ligadas à escola, para aproximá-los da Igreja Católica.
O seu pai era católico e sua mãe metodista. Como nasceu a sua vocação sacerdotal?
TURKSON: Minha mãe era metodista, mas se converteu ao catolicismo quando se casou com meu pai. A história da minha vocação é muito simples. Talvez toda a vocação sacerdotal nasce por um motivo aparentemente banal, mas depois no seminário cresce e se clarifica. A vocação é um pouco como o starter dos automóveis, a centelha que acende o motor, e a história da minha vocação é algo semelhante. O motivo original pelo qual entrei para o seminário foi a figura de um padre holandês que a cada dois meses vinha celebrar a missa na minha pequena cidade onde cresci. Meu pai era marceneiro e a nossa cidade era perto de uma mina de manganês. Não havia um pároco estável e recordo deste sacerdote que vinha de vez em quando, dormia na igreja e pela manhã estava sempre ali, pronto, esperando a chegada dos fiéis para a missa. Isso impressionou-me e, mais tarde quando cheguei à idade de frequentar a escola secundária, fiz o pedido para entrar no seminário menor. Digo sempre aos seminaristas, a história da nossa vocação começa com algo muito pequeno, mas é o seminário o lugar onde a vocação cresce e se clarifica.
>A encíclica social do Papa Caritas in veritate, da qual o Pontifício Conselho Justiça e Paz está aprofundando o estudo de algumas linhas de orientação, foi publicada em um particular período histórico, no qual a crise econômica mundial colocou à luz os excessos das finanças sem regras e as injustiças que derivam disso. A quase um ano da publicação, hoje, a encíclica é um instrumento de reflexão útil para sair da crise?
TURKSON: Como se sabe, a Caritas in veritate tinha sido programada em vista do 40º aniversário da Populorum progressio e o seu lançamento foi adiado justamente para que se pudesse reelaborá-la à luz da crise que tinha investido os mercados financeiros. Se é considerada útil ou não, resta a juízo dos leitores, mas a intenção não era de dar uma receita econômica nova, mas sim confirmar a necessidade de introduzir o homem como critério de base da economia, das finanças, mas também do progresso tecnológico. Um desenvolvimento que não ajuda e não apoia o desenvolvimento da pessoa, não pode ser considerado um verdadeiro desenvolvimento. Portanto foi um apelo a humanizar a economia e também, considerando que o mundo é cada vez mais globalizado e que nenhum país pode enfrentar a situação isoladamente, o Santo Padre pediu se não era tempo de desenvolver um organismo mundial que possa guiar a globalização. Sei que nos Estados Unidos criticaram o Papa acusando-o de querer ser o guia espiritual de um governo mundial, mas é uma bobagem. Seria suficiente ler o que acontece no mundo nestes dias: ninguém tem força suficiente para enfrentar estes fenômenos e esta crise sozinho.

Fonte: http://www.30giorni.it/

A Ascensão do Senhor é a sua entrada na glória e a exaltação humana

Santo Agostinho de Hipona, bispo nos séculos IV e V afirmou que o Senhor após a ressurreição foi exaltado além dos altos céus, sentando-se à direita do Pai.   (Godong contact@godong-photo.com)

"Ainda que os fiéis passem como peregrinos pelo vale deste mundo, muitas vezes de lágrimas, de cruzes, de perseguições, de martírios, mas a vista para o alto, onde está Jesus à direita do Pai dá força para prosseguir os caminhos duros deste mundo. O Senhor está sempre presente pela prática da paz, e do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. A Ascensão de Jesus é a vitória humana sobre o mal, porque à direita do Pai está o Senhor com natureza humana."

por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Após quarenta dias de sua ressurreição, Jesus elevou-se ao céu, onde está sentado à direita do Pai, sendo a sua entrada na glória de Deus. É também a exaltação da natureza humana, a vitória humana sobre o pecado e a morte pela vida de Jesus. A Escritura diz de uma forma clara: “Jesus foi elevado, à vista deles, e uma nuvem ocultou aos seus olhos” (At 1,9). Jesus Cristo entrou novamente na glória de Deus Pai com a natureza humana exaltada. Ele voltou ao Pai de onde estava desde sempre com Deus. A seguir dar-se-á uma visão a respeito da Ascensão do Senhor a partir dos Padres da Igreja os primeiros escritores cristãos.

A festa do oitavo dia

A Igreja dos primeiros séculos celebrava em um conjunto a Páscoa do Senhor pela sua morte, ressurreição e a sua glorificação[1]. A Carta a Barnabé, do século II afirmou que era celebrada com festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus[2]. A festa da Ascensão não era mencionada, mas havia uma celebração única pelo oitavo dia que era o domingo, dia do Senhor e a Ascensão do Senhor era celebrada pela comunidade dentro da dimensão de sua subida aos céus, à direita de Deus.

A exaltação do Senhor

Santo Agostinho de Hipona, bispo nos séculos IV e V afirmou que o Senhor após a ressurreição foi exaltado além dos altos céus, sentando-se à direita do Pai. Desta forma exortava os fiéis para dar louvores a Deus em Jesus Cristo porque a Igreja como corpo é chamada a ir à glória com o Senhor, visando a participação um dia como membros vivos, porque todos são chamados à unidade em um só corpo, cuja cabeça é o Senhor Jesus[3].

Quarenta dias após a ressurreição do Senhor

São Leão Magno, papa no século V afirmou que a Ascensão ocorreu após quarenta dias da Ressurreição de Jesus. Foram dias santificados, dispostos segundo um plano sagrado e empregado para a instrução, contando a partir da bem-aventurada ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, pois o poder divino reergueu no terceiro dia, o verdadeiro templo de Deus, Jesus Cristo[4]. O Senhor prolongou a sua presença corporal neste espaço de tempo para dar provas necessárias à fé, à sua ressurreição. Ele apareceu às mulheres, aos apóstolos e outros discípulos demonstrando a verdade de sua nova realidade, a sua ressurreição e depois voltou para a glória do Pai.

A morte de Jesus

São Leão Magno disse que a morte de Jesus turbou os corações dos discípulos pelo fato de que eles estavam cheios de tristeza, por causa do suplício da cruz, pelo último suspiro e do sepultamento do Mestre Jesus. Quando as santas mulheres anunciaram que a pedra tinha sido deslocada no túmulo, o sepulcro estava vazio e os anjos testemunharam que o Senhor estava vivo, suas palavras não receberam muito crédito por parte dos apóstolos[5].

O Papa afirmou que o Espírito da Verdade não permitiu que a vacilação proveniente da fraqueza humana penetrasse na mente de seus discípulos, em vista dos fundamentos da fé cristã, católica. Assim eles viram de modo que instruíram outras pessoas, ouviram, deram a sua instrução, tocaram de modo que confirmaram a vida e a pessoa de Jesus[6], o enviado do Pai e ele voltou ao Pai, pela Ascensão.

A Ascensão, motivo de alegria para os discípulos

São Leão disse também que os discípulos ficaram alegres pela Ascensão de Jesus aos céus. Decorridos os dias entre a ressurreição e a Ascensão do Senhor, a Providência de Deus estabeleceu diante dos olhos e dos corações dos discípulos, o reconhecimento do Senhor Jesus Cristo verdadeiramente ressuscitado, como verdadeiramente ele havia nascido, crescido, sofrido e morrido. Os apóstolos, atemorizados com a morte do Mestre na cruz e oscilantes da fé na ressurreição, fortaleceram-se com a evidência da verdade que a subida do Senhor aos céus não só entristeceu por verem Jesus subindo, mas encheu-os de grande alegria (Lc 24,52)[7].

A natureza humana elevada

O Papa disse que era grande e inefável motivo de júbilo a elevação da natureza humana na presença acima da dignidade de todas as criaturas celestes, ultrapassar as ordens angélicas, dos santos anjos, e subir mais alto que os arcanjos, atingindo o termo de sua ascensão, sendo assentada junto do eterno Pai, sendo assim associada ao trono de glória Daquele a cuja natureza estava sempre em unidade com o Filho[8].

A Ascensão de Cristo é a nossa exaltação

A Ascensão do Senhor é, portanto, a exaltação humana e é para lá onde precedeu a glória da Cabeça, é atraída a esperança do Corpo. É fundamental exultar, repletos de alegria com piedosa ação de graças, porque não só o ser humano foi firmado como possuidor do paraíso, mas até ele foi penetrado com Cristo no mais alto dos céus, tendo obtido pela inefável graça de Cristo, muito mais do que foi perdido no início da criação. O Filho de Deus colocou a natureza humana junto de si, à direita do Pai[9].

Páscoa e Ascensão

Para São Leão Magno as duas solenidades estão bem relacionadas, interligadas. Se na solenidade pascal, a ressurreição do Senhor foi causa da alegria para as mulheres, aos discípulos e para a humanidade, a sua Ascensão aos céus é motivo presente de alegria, enquanto faz-se memória e venera-se aquele dia em que a humildade da natureza  humana em Cristo foi elevada acima de todas as milícias celestes, das ordens dos anjos, além das potestades, ao trono de Deus Pai[10]. É preciso ter fé neste mistério porque ele exalta o ser humano além do que é visível, para estar no invisível.

A felicidade da Ascensão

Cristo deu ao ser humano a felicidade porque tendo consumado a pregação evangélica e tendo cumprido os mistérios do Novo Testamento, no quadragésimo dia após a ressurreição, diante de seus discípulos, elevou-se aos céus (Lc 24,52; Mc 16,19). Ele pôs fim à sua presença corporal, pois permanece à direita do Pai até decorreram os tempos determinados por Deus, na propagação da Igreja pelos seus filhos e filhas e ele volte para julgar os vivos e os mortos, com o mesmo corpo com o qual ele subiu[11]. Para o Papa Leão tudo o que havia de visível no Redentor da humanidade, passou para os mistérios[12]. A fé na Ascensão de Jesus fez muitas pessoas no passado e também no presente a dar a vida pelo Senhor[13].

A sua presença junto ao seu povo

O Senhor Jesus pela sua Ascensão está na majestade paterna de modo que pela maneira inefável começou a estar mais presente pela divindade. São Leão Magno reforçou o dado bíblico que quando Jesus subiu aos céus dois anjos falaram para os discípulos para que vivessem a missão junto ao povo, pois o Senhor virá da mesma forma que ele subiu aos céus (At 1,1)[14]. Jesus garantiu a sua presença no meio do povo de Deus, para que a sua missão na Igreja continuasse nas pessoas deles, através da fé, da esperança e da caridade.

São Leão Magno afirmou que é preciso levantar os olhos dos corações humanos às alturas onde Cristo se encontra. Os desejos da terra não deprimam os espíritos chamados para o alto. Ainda que os fiéis passem como peregrinos pelo vale deste mundo[15], muitas vezes de lágrimas, de cruzes, de perseguições, de martírios, mas a vista para o alto, onde está Jesus à direita do Pai dá força para prosseguir os caminhos duros deste mundo. O Senhor está sempre presente pela prática da paz, e do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. A Ascensão de Jesus é a vitória humana sobre o mal, porque à direita do Pai está o Senhor com natureza humana.

[1] Cfr. V. Saxer - .S. Heid. Ascensione. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo Di Berardino. Genova-Milano, Marietti, 2006, pg. 569.

[2] Cfr. Carta de Barnabé, 15,9. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 310.

[3] Cfr. Agostino. Le Lettere, II,142,1-2 (A Saturnino ed Eufrate). In: La Teologia dei Padri, vol. 4. Roma, Città Nuova Editrice1982, pg. 20.

[4] Cfr. LXXIII Sermão. Primeiro Sermão na Ascensão do Senhor, 1. In: Sermões. Leão Magno. São Paulo, Paulus, 1996, pg. 168.

[5] Cfr. Idem, pg. 168.

[6] Cfr. Idem, pg. 169.

[7] Cfr. Idem, 2, pgs. 170-171.

[8] Cfr. Idem, 4, pg. 171.

[9] Cfr Idem, 4, pg. 171.

[10] Cfr. LXXIV. Segundo Sermão na Ascensão do Senhor, 1Idem, pgs. 172-173.

[11] Cfr. Idem, 2. pg. 173.

[12] Cfr. Idem, pg. 174.

[13] Cfr. Idem, 3, pg. 174.

[14] Cfr. Idem, 4, pg. 175.

[15] Cfr. Idem, pg. 176.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O que é a escola cisterciense de espiritualidade?

DinoPh | Shutterstock

Por Vanderlei de Lima

Tratar dos caminhos da espiritualidade é atender ao que há de mais íntimo no ser humano. Entenda:

Convém, logo de início, definir, com Dom Estêvão Tavares Bettencourt, OSB, que “espiritualidade é a atitude (compreendendo convicções e práticas) que o homem assume frente aos valores espirituais (Deus, a alma humana, a imortalidade póstuma…)”(Curso de Espiritualidade. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2006, p. 1-2).

Desse modo, tratar dos caminhos da espiritualidade é atender ao que há de mais íntimo no ser humano, pois “feito pelo Absoluto e marcado com o sinete do Absoluto em seu coração, todo homem é um peregrino do Absoluto. Ele tem consciência de que ‘passa a figura deste mundo’ (1Cor 7,15) e por isto tende ao encontro daquilo que ‘o olho jamais viu, o ouvido jamais ouviu, o coração do homem jamais percebeu’ (1Cor 2,9)” (idem).

Ora, dentre as diversas escolas de espiritualidade católica (carmelita, franciscana, beneditina, jesuíta etc.) está a cisterciense. Sim, cremos ser importante – ao contrário de alguns grandes autores (Adolf Tanquerey e Royo Marín, por exemplo), em seus excelentes tratados sobre Espiritualidade e Mística –, realçar a existência de uma escola cisterciense de espiritualidade que, embora beba nas fontes beneditinas, não pode, sem mais, ser considerada apenas beneditina, pois tem, não obstante a sua base comum com a dos filhos primeiros de São Bento, características especiais próprias. 

Daí citarmos uma respeitável afirmação de Dom Bernardo Olivera, O.C.S.O., antigo abade geral trapista, a sustentar que “existe uma ‘espiritualidade cisterciense’ (fé levada à vida com uma forma determinada), distinguível das outras espiritualidades, inclusive monástica. Alguns dos elementos dessa espiritualidade seriam: a importância da experiência pessoal e comunitária, a afetividade, a Regra de São Bento sem acréscimos, a caridade cenobita e contemplativa, a unanimidade, a amizade, a santa Humanidade de Jesus Cristo, a devoção mariana… Não faltam os que opinam que não se pode falar de uma espiritualidade propriamente cisterciense (J. Lecrercq). Mas, existe sim, graças aos cistercienses, e sobretudo a São Bernardo de Claraval, uma ‘teologia da espiritualidade ou da mística’” (Introducción a los Padres e Madres cistercienses de los siglos XII e XIII. Burgos: Fonte & Monte Carmelo, 2020, p. 45).

Essa espiritualidade nasce, segundo Dom Luís Alberto Ruas Santos O. Cist., de “uma síntese feliz e atraente dos três elementos que predominavam nos movimentos de reforma monástica. Os mosteiros da Ordem ofereciam um alto grau de solidão, seja pelo afastamento da sociedade e da trama de seus relacionamentos, seja pela estrita disciplina de silêncio que neles vigorava, com longas horas dedicadas à lectio – leitura orante e meditada da Palavra de Deus – e à oração privada, e ao mesmo tempo o consolo de uma comunidade fraterna. Por outras palavras, havia na vida cisterciense uma boa dose de eremitismo dentro de um quadro de comunhão fraterna própria ao cenobitismo e ao ideal de vida apostólica. Enfim, os cistercienses quiseram ser pauperes Christi, pobres de Cristo, ou seja, pobres com o Cristo pobre e, com isso, encontraram a terceira tendência do monaquismo reformado do século XI” (Bernardo de Claraval. Campinas: Ecclesiae, 2021, p. 44 – itálicos nossos).

Mais ainda: “Os mosteiros cistercienses produziram grandes místicos. O mais importante deles foi São Bernardo de Claraval. Há muitos outros nomes, sobretudo no século XII, como Guilherme de Saint-Thierry, Elredo de Rievaulx ou Isaac de Estrela, para citar apenas os mais conhecidos. Todos eles escreveram sobre sua experiência mística pessoal. O florescimento da escola cisterciense é o grande atestado de sucesso da aventura espiritual vivida nos mosteiros da Ordem. Esses autores oferecem em suas obras riquezas espirituais que guardam, ainda hoje, todo o seu valor, não só para os monges, mas para todos os cristãos. Talvez não tenha havido na Igreja uma escola de espiritualidade tão uniforme na temática e com tantos autores como a cisterciense” (idem, p. 47).

Possam estes dados corroborar nossa afirmação: há, sim, uma escola cisterciense de espiritualidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Reflexão para a Solenidade da Ascensão do Senhor

Evangelho de Domingo | Vatican News

A Ascensão de Jesus é a transformação da presença do Emanuel, do Deus Conosco. Sua presença é manifestada não através de uma figura visível, a de Jesus, mas através da ação libertadora praticada pelos membros da Comunidade.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Celebrar a Ascensão de Jesus é celebrar seu modo novo de estar conosco, do Emanuel, Deus Conosco, manifestar-se em nosso meio.

Certamente esse modo novo do Senhor se manifestar entre os homens passa pela Comunidade, por suas atitudes que dão continuidade á missão do Senhor e que asseguram a continuidade da construção do Reino de Justiça e de Paz.

O Livro dos Atos dos Apóstolos, do qual é tirada a primeira leitura da solenidade de hoje, nos mostra Jesus dizendo aos seus discípulos que eles receberão o Espirito Santo e que Este os tornará suas testemunhas no mundo inteiro.

O Espírito que os discípulos receberão é o mesmo que esteve presente em Jesus. Os anjos que aparecem após a “subida” de Jesus ao Céu dizem aos discípulos para não ficarem de braços cruzados, mas agirem, isto é, continuarem a missão do Senhor. Os anjos dizem aos discípulos que Jesus vai voltar. Isso nos recorda a parábola contada pelo Senhor em que o patrão quando volta de viagem quer saber de seus servos o que fizeram, qual o produto do trabalho. Os anjos nos recordam a necessidade de deixar de ficar olhando para o céu e colocar mãos à obra, trabalhar!

O Evangelho de Mateus nos fala que o poder que Jesus recebeu do Pai e foi plenificado após sua ressurreição, é dado à Comunidade para que “ Vá e faça discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que lhes ordenei!”

Batismo e catequese! Batismo é a consagração, a configuração a Jesus Cristo, o Ungido e a Catequese é a implementação da Justiça. Logo, deveremos levar as pessoas a se configurarem ao Homem Novo, de acordo com o desejo do Pai e, depois, após conscientizá-los, levá-los a praticar a justiça e as bem-aventuranças. E Mateus termina citando a certeza da presença eterna de Jesus ao nosso lado: “ Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo!”

A Ascensão de Jesus é a transformação da presença do Emanuel, do Deus Conosco. Sua presença é manifestada não através de uma figura visível, a de Jesus, mas através da ação libertadora praticada pelos membros da Comunidade.

Quando chegar o final dos tempos, a Parusia, veremos a “revelação” do Senhor. Veremos que atrás de cada atitude cristã estava o Redentor – Cristo, o Autor de todo ato de bondade – o Pai, e nos inspirando, o Espírito de Amor.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eugênio de Mazenod

Santo Eugênio de Mazemod | diocesedearacatuba

21 de maio

Santo Eugênio de Mazenod

Origens

Seu nome de batismo era Carlos José Eugênio de Mazenod. Nasceu na linda cidade de Aix-en-Provance, sul da França, no dia 1 de agosto de 1782. Filho de um nobre que presidia a Corte dos Condes da Provença. Sua mãe era filha de uma família burguesa, também nobre e rica. Eugênio teve ainda duas irmãs: Antonieta e Elisabete. Esta última faleceu com apenas cinco anos. 

Separação dos pais

Até 1790 a infância de Eugênio foi tranquila e ele deu alguma demonstração de ter vocação religiosa. Depois disso, sua família foi obrigada a fugir da Revolução Francesa. Por isso, deixaram todos os bens na França e fugiram para a Itália. Lá, viveram durante onze anos, perambulando de cidade em cidade. Esta situação provocou a separação de seus pais. Sua mãe voltou para a França na tentativa de recuperar bens confiscados da família. Eugênio ficou com seu pai na Itália.

Sofrimento 

A separação dos pais e toda a situação que viveram, exerceu grande influência na vida de Eugênio, levando-o, na adolescência, a uma grave crise de identidade. Sua vocação religiosa passou a ser sufocada por essas dificuldades. Além disso, sua formação intelectual teve uma parada por causa da falta de uma casa fixa. Porém, mesmo passando por essas adversidades, Eugênio manteve um caráter forte. Esta marca o acompanhou por toda a vida.

Voltando à fé 

Durante o tempo que Eugênio e seu pai moraram na cidade de Veneza (1794 e 1797), ele teve um contato mais efetivo com uma vida de fé. Isso aconteceu através do Padre Bartolo Zinelli. Em 1802, quando Eugênio estava com vinte anos, ele e seu pai voltaram para a França. Lá, amadureceu sua vocação religiosa, retomando aquele primeiro chamado da infância. Por isso, em 1808 Eugênio ingressou no Seminário de São Sulpício, na cidade de Paris. Três anos depois, ele recebia a ordenação sacerdotal na cidade de Amiens.

De volta à terra natal 

Padre Eugênio de Mazenod voltou para sua cidade natal, Aix-en-Provance. Lá, dedicou-se ao apostolado e à pregação. Levou o Evangelho de Jesus Cristo aos pobres camponeses, aos presidiários aos enfermos abandonados. Na França sem rumo e extremamente desgastada após a revolução, Padre Eugênio de Mazenod via nos sacramentos a única maneira de reconstruir os valores cristãos.

Fundador

Outros padres da região, ao verem seu ardor missionário e concordando que a fé seria uma das poucas esperanças de recuperação da França, juntaram-se a ele e passaram a ajuda-lo na pregação e na administração dos sacramentos. Por isso, em 1816, inspirado por Deus, ele fundou a Sociedade dos Missionários da Provença. Mais tarde, mudou este nome para o de Oblatos de Maria Imaculada. Da parte oficial da Igreja, Padre Eugênio recebeu todas as aprovações necessárias.

Bispo de Marselha

Por causa sua competência e ardor missionário, Padre Eugênio de Mazenod foi nomeado vigário-geral da importante diocese de Marselha. Depois, foi sagrado bispo da mesma diocese. Este cargo ele exerceu pelo longo tempo de trinta e sete anos. Nesses anos, Dom Eugênio de Mazemod enfrentou e superou diversos problemas com autoridades civis, com a aristocracia e até mesmo com alguns religiosos que discordavam das regras de vida em comunidade que ele tinha estabelecido.

Querido pelo povo

O povo, porém, amava e respeitava Dom Eugênio de Mazenod. Assim, ele continuou no governo da diocese de Marselha e da Congregação dos oblatos. Esta sua obra se desenvolveu e seus religiosos partiram para vários lugares da Europa, dos Estados Unidos, México e Canadá. Depois disso, os Oblatos chegaram à África e à Ásia, levando em todos esses lugares, o dom missionário da congregação. 

Morte

Santo Eugênio de Mazenod faleceu em 21 de maio de 1861, estando na sua querida cidade sede de Marselha. Após sua morte, inúmeras graças foram atribuídas à sua intercessão. Sua canonização foi celebrada pelo Papa João Paulo II em 1995. Na ocasião, sua congregação já tinha chegado a sessenta e oito países.

Oração a Santo Eugênio de Mazenod

“Ó Deus, que na tua misericórdia, quiseste enriquecer o santo Bispo Eugênio de Mazenod com grandes virtudes apostólicas para anunciar o Evangelho às gentes, concede-nos, por sua intercessão, de arder no mesmo espírito e de tender unicamente ao serviço da Igreja e à salvação das almas. Por Cristo Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho. Amém. Santo Eugênio de Mazenod, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 20 de maio de 2023

Rever nosso estilo de vida

Estilo de vida saudável (Patrícia Gracitelli)

REVER NOSSO ESTILO DE VIDA

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Frequentemente, escutamos dizer que estamos vivendo uma crise de valores, que faltam referências e autoridades morais para orientar a sociedade do cansaço e a era do vazio. De fato, percebe-se uma inversão de valores, segundo a qual competir é mais importante do que cooperar, enganar o outro para tirar vantagem parece normal, e acreditar e frequentar a religião parecem ser opções de quem entregou sua liberdade para uma dimensão abstrata da fé.  

Ocorre, contudo, que a opção por uma vida mais livre, sem limites e sem pressões está causando uma saturação da existência e a ansiedade toma conta de muitos corações. Oferecemos valores como o sucesso, a usurpação, a mentira e o lucro como balizas para pautar a existência. Contudo, o que mais cresce é o número de pessoas insatisfeitas, desorientadas e desconfiadas. E a ansiedade toma conta, perde-se o equilíbrio, bem como a sabedoria de contar os dias que passamos nesta Terra. Alguns se abrigam sob o guarda-chuva do pessimismo e da tristeza crônica, ou de uma euforia passageira. 

É claro que cada um de nós sabe a beleza e o peso de viver nesse momento histórico. Cada um carrega seus sonhos e decepções, seus traumas e suas realizações. Mas onde estão os modelos e exemplos de pessoas que vivem os valores que sustentam uma vida mais equilibrada e sadia? 

Em primeiro lugar, é preciso recordar que muitas civilizações, no passado, experimentaram tempos obscuros. Para superar esse tempo no qual parece que os malvados, debochados e aproveitadores estão vencendo, é preciso mais que inteligência; é necessário ser sábio, ser capaz de aceitar viver nesse nevoeiro sabendo que irá passar. Assim, a humanidade recuperará um ponto de vista superior, ao criticar essa inversão de valores.  

Já avançamos, em alguns aspectos, nesse sentido. Procuramos denunciar e condenar a discriminação, a exclusão e o preconceito. Sabemos que toda pessoa tem uma dignidade singular que deve ser respeitada e acolhida. É verdade que ainda testemunhamos posturas contrárias a essas condutas, mas elas ainda são rejeitadas pela maioria. 

Para recuperarmos valores e referenciais, cabe-nos ajudar, sobretudo, os educadores a promover valores justos, humanos e fraternos.  Somos chamados a crer na esperança de que dias melhores virão. Pode ser que a nossa geração seja incapaz de dar um passo e superar a violência, o medo e a injustiça. Mas essa tendência não é um determinismo que condena toda a humanidade a esse vale de lágrimas.  

Na fé judaico-cristã, crer na promessa é viver o presente esperando um futuro que já se tem certeza que se cumprirá. Somos todos herdeiros de grandes valores como a humildade, a honestidade, o bom-senso, o equilíbrio, a sobriedade, etc. Desde a sabedoria de Salomão, passando pela compaixão de Jesus Cristo, até chegar à simplicidade de Francisco de Assis, aprendemos que outro modo de viver é possível. 

As novas gerações nos interpelam criticando o estilo de vida que a maioria está vivendo. Elas reclamam mais empatia, respeito e comprometimento. Escutar esses apelos pode nos educar para rever a forma como estamos cultivando nossos valores. Eles não perderam sua validade, nós é que nos distraímos buscando felicidade efêmera e falsas seguranças. Ainda é tempo de cultivar os valores que não são do passado, mas do futuro.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O que é uma hora santa?

frantic00 | Shutterstock

Por Philip Kosloski 

A hora santa é um momento reservado para a oração pessoal, que pode ser em casa ou na igreja.

Muitos santos, ao longo dos séculos, falaram sobre o conceito de “hora santa”, sugerindo essa prática a qualquer pessoa que lhes pedisse conselho.

Mas o que é, exatamente, uma hora santa?

A definição básica de hora santa é a dedicação de 60 minutos à oração pessoal. Embora muitas pessoas façam uma hora santa dentro de uma igreja ou capela de adoração eucarística, estar nesses lugares sagrados não é um requisito estrito. A hora santa pode ser feita em qualquer lugar do mundo, seja em sua casa, num quarto de hotel ou no metrô.

Às vezes, as pessoas até se referem à dedicação de 30 ou 45 minutos como uma “hora santa”, mesmo que não sejam 60 minutos completos.

O essencial para qualquer hora santa é que se trata de um momento de oração pessoal, onde se conversa com Deus. Pode ser por meio da escuta silenciosa, da leitura da Bíblia ou da sua oração devocional favorita.

A Santa Madre Teresa de Calcutá sempre enfatizou a importância da hora santa diária. Era uma parte vital da sua programação de cada dia. O livro “Come Be My Light: The Private Writings of the Saint of Calcutta” registra:

“Eu faço uma Hora Santa todos os dias na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Todas as minhas irmãs nas Missionárias da Caridade também fazem uma Hora Santa diária, porque descobrimos que, através da nossa Hora Santa diária, o nosso amor por Jesus se torna mais íntimo, o nosso amor pelo próximo se torna mais compreensivo e o nosso amor pelos pobres se torna mais compassivo. A nossa Hora Santa é a nossa oração familiar diária, onde nos reunimos e rezamos o rosário diante do Santíssimo Sacramento, exposto na primeira meia hora; e na segunda meia hora rezamos em silêncio. A nossa adoração dobrou o número das nossas vocações. Em 1963, fazíamos juntas uma Hora Santa semanal, mas foi somente em 1973, quando começamos a nossa Hora Santa diária, que a nossa comunidade começou a crescer e florescer”.

O conceito basilar de uma hora santa é inspirado em Jesus no Jardim do Getsêmani. Em certo sentido, Jesus desafia todos nós a vigiar com Ele durante ao menos uma hora, como desafiou os Seus apóstolos naquela noite fatídica.

“E ele veio e os encontrou dormindo, e disse a Pedro: ‘Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora?'” (cf. Marcos 14,37).

Embora nem todos possamos dedicar uma hora inteira à oração todos os dias, podemos certamente fazer mais para passar mais tempo com Jesus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF