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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Kuwait, Nossa Senhora da Arábia elevada a Basílica Menor

A Basílica Menor de Nossa Senhora da Arábia no Kuwait (Vatican News)

Vigário apostólico da Arábia do Norte: "É a primeira do gênero na Península. Um reconhecimento significativo de sua presença histórica, religiosa e pastoral na região."

Roberto Paglialonga – Vatican News

"Estamos felizes e gratos." Em entrevista à imprensa vaticana, por telefone, o vigário apostólico da Arábia do Norte, dom Aldo Berardi, O.S.T., expressou sua emoção ao falar sobre a elevação da Igreja de Nossa Senhora da Arábia, localizada em Ahmadi, Kuwait, à categoria de Basílica Menor, com um decreto promulgado em 28 de junho pelo Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Essa emoção vem do reconhecimento da importância histórica, religiosa e pastoral agora oficialmente reconhecida à primeira igreja do país localizada às margens do Golfo Pérsico. "Trata-se de uma paróquia antiga, agora sob a jurisdição do Vicariato Apostólico, mas fundada por iniciativa dos Carmelitas em 1948 e posteriormente construída (pela Kuwait Oil Company, ndr.) para aqueles que iam trabalhar na indústria petrolífera: há dois anos, celebramos seu 75º aniversário."

Uma igreja de grande significado espiritual e pastoral

Mas esta é também uma igreja de grande significado espiritual, porque "aqui, todos os migrantes e aqueles que vieram viver e trabalhar no país puderam e podem praticar a sua fé, colocando-a sob a proteção da Virgem Maria", explica. O edifício abriga a estátua de Nossa Senhora da Arábia — originalmente dedicada a Nossa Senhora do Carmo — que recebeu a bênção do Papa Pio XII em Roma em 1949 e a coroação em 2011 pelo cardeal Antonio Cañizares Llovera, em nome do Papa Bento XVI. É, portanto, um santuário de grande devoção, enraizado na história, explica o vigário apostólico. Além disso, não é de pouca importância "a aceitação de que aqui, numa região predominantemente muçulmana onde tais representações são proibidas, existe uma estátua mariana. Considero isso profundamente significativo".

Dom Aldo Berardi (Vatican News)

A primeira "Basílica Menor" do Golfo

Nossa Senhora da Arábia é, portanto, a primeira Basílica Menor do Golfo Pérsico: "Gostaríamos de agradecer", enfatiza Berardi, "a todos aqueles que contribuíram para alcançar este reconhecimento, desde as autoridades locais até aqueles que trabalharam durante a construção do edifício e da comunidade muitos anos atrás, às ordens religiosas que aqui trabalham há muito tempo, mantendo esta devoção, aos vigários apostólicos do Kuwait e da Arábia do Norte e, claro, à Santa Sé. Esta igreja é uma 'flor' na região: mesmo durante a guerra entre o Iraque e o Kuwait, a estátua da Virgem permaneceu como guardiã daquela pequena igreja e protetora de todos aqueles que não puderam fugir naquela época." Hoje, ela é a padroeira do Golfo e, portanto, dos vicariatos do Norte e do Sul; sua solenidade ocorre no segundo Domingo do Tempo Comum.

A fé "jovem e viva" de dois milhões de católicos

O Vicariato do Norte, que estende sua jurisdição à Arábia Saudita, Bahrein, Catar e Kuwait, há uma comunidade de pessoas provenientes de todo o mundo, especialmente das Filipinas e da Índia, mas também de muitos países africanos e europeus. Esses migrantes, em sua maioria, vêm para trabalhar. "Há cristãos de todos os ritos; podemos dizer com certeza que somos uma expressão da Igreja universal. Todas as comunidades são profundamente ligadas às suas línguas, nas quais celebram as funções religiosas, e aos seus ritos", diz Berardi. "Somos um bom número: dois milhões de católicos em todo o Vicariato do Norte (aos quais se somam um milhão do Vicariato do Sul). Quase todos são estrangeiros, mas também há vários moradores locais: há até mesmo alguns kuwaitianos que obtiveram a cidadania. Em suma, a nossa é uma comunidade viva, jovem e devota."

Participação nas celebrações do Jubileu dos Jovens

Há um toque da saudável inquietação evocada pelo Papa Leão XIV ao ver os muitos jovens, homens e mulheres, que participaram dos eventos do Jubileu dos Jovens entre o final de julho e o início de agosto. Muitos também partiram do Golfo: "Para eles, foi uma oportunidade para viver em primeira pessoa a devoção de toda a Igreja reunida. Um momento de graça e partilha, ao qual talvez nem sempre estejam acostumados, porque — embora tenhamos liberdade de culto em nossas igrejas — aqui devemos respeitar certos limites na expressão externa da fé." Por isso, ele enfatiza, "estar e caminhar ao lado de jovens de todo o mundo foi muito importante para eles. Puderam fortalecer sua fé, fazer uma pausa em oração nos locais dos mártires, participar da celebração eucarística na histórica Basílica de São Crisógono e viver a vigília e a missa com o Papa na esplanada de Tor Vergata." Depois, eles voltaram para casa e agora estão trabalhando nos preparativos para a próxima JMJ na Coreia do Sul, em 2027.

A Basílica Menor de Nossa Senhora da Arábia no Kuwait (Vatican News)

Devoção mariana e catequese para crianças

Não só isso. "Dentro e no respeito dos limites, também conseguimos organizar pequenas atividades de assistência e apoio, especialmente para os trabalhadores que passam por dificuldades. Há também movimentos, como os carismáticos, que têm uma presença muito forte, comunidades marianas e membros de ordens religiosas. Tudo gira em torno de três pilares, missa, adoração eucarística e devoção a Maria, que acompanham a catequese infantil e a formação de ministros leigos."

Decreto que aprova o título

O decreto relativo à elevação (n.º 18/25), explica um comunicado do vicariato apostólico, segue um pedido formal apresentado por dom Berardi, que reconheceu desde o início o papel único e proeminente da Igreja na vida espiritual dos fiéis católicos no Kuwait e em toda a Península Arábica. É também fruto do trabalho pastoral do clero e do conselho paroquial de Nossa Senhora da Arábia Ahmadiyya. A preparação da documentação necessária feita pelo padre capuchinho Roswin Redento Agnelo Pires e sua equipe foi crucial para o resultado. O título de Basílica Menor, prossegue o comunicado, é conferido pelo Santo Padre a igrejas de particular importância na vida litúrgica e pastoral, que se distinguem por seu valor histórico, espiritual e arquitetônico. Ela goza de um vínculo especial com a Sé de Roma e o Papa. Entre seus privilégios estão o direito de expor o símbolo papal das chaves cruzadas em seus equipamentos e estandartes, e de carregar o guarda-sol (vermelho e dourado usado antigamente para proteger o Papa do sol) e o tintinnabulum (um sino montado num mastro, que sinaliza a chegada do Papa). "O reconhecimento pela Santa Sé", conclui dom Berardi, "não é apenas uma grande honra para o nosso vicariato, mas também uma profunda afirmação da fé viva do nosso povo na Península Arábica". A data da solene celebração da proclamação da Basílica Menor será anunciada em breve.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

3 ótimos conselhos do Papa Francisco, diante da festa da Assunção de Nossa Senhora

Renata Sedmakova | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 12/08/22 - atualizado em 14/08/25

É neste dia 15 de agosto: recorde e aproveite os conselhos que o Papa deu em 2022, 2021 e 2020.

A solenidade da Assunção de Nossa Senhora é celebrada pela Igreja no dia 15 de agosto.

Em preparação para essa festa maravilhosa, que nos garante que a Virgem Santíssima está no Céu ao lado de Deus, recordamos três conselhos do Papa Francisco relacionados com esse contexto.

Durante uma das audiências gerais, Papa Francisco se dirigiu aos diversos grupos de peregrinos presentes no Vaticano e afirmou:

"Dentro de poucos dias, celebraremos a Assunção da Santíssima Virgem Maria. Que Ela, que entrou na glória do céu, sustente a nossa coragem neste tempo de peregrinação que ainda temos que viver aqui na terra e ajude os idosos a dar um alegre testemunho da sua fé e da sua esperança (…) A Santíssima Virgem Maria sofreu com Jesus aos pés da cruz, para segui-lo como a primeira criatura até a sua glória celestial".

3 conselhos do Papa Francisco, diante da Assunção de Nossa Senhora

Nesta audiência prévia à Assunção, de 2022, Francisco nos aconselhou sobre a dedicação diária a Deus e ao próximo:

"Não descuidem a oração diária, a participação na missa dominical e o tempo gasto com os outros. Contemplem a beleza da criação, glorificando o amor do Criador. Que a bênção d'Ele os acompanhe".

Em 2021, o Papa nos havia incentivado a visitar um santuário mariano:

"Um belo gesto: ir a um santuário mariano para venerar Nossa Senhora".

E em 2020, ele tinha recomendado agradecer a Deus todos os dias pelas Suas maravilhas:

"Se, assim como Maria, nós nos lembrarmos das grandes coisas que o Senhor realiza, se pelo menos uma vez por dia O magnificarmos, então daremos um grande passo à frente. O coração, com esta pequena oração, se alarga; a alegria aumenta. Peçamos a Nossa Senhora, porta do Céu, a graça de começar cada dia erguendo o nosso olhar para o Céu, para Deus, e dizer: ‘obrigado!’, como dizem os pequeninos aos grandes".

Fonte: https://pt.aleteia.org/2022/08/12/3-otimos-conselhos-do-papa-diante-da-festa-da-assuncao-de-nossa-senhora/

Deus conhece a dor e a delícia de ser família

Família Unida e Saudável (Ministério Oikos)

DEUS CONHECE A DOR E A DELÍCIA DE SER FAMÍLIA 

15/08/2025

Dom Itacir Brassiani
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

No mês de agosto, dedicado inteiramente às vocações, as comunidades católicas celebram a Semana Nacional da Família. E quando tratamos do tema da família, é recorrente a referência à bíblia, particularmente à família biológica de Jesus. Mas esse recurso pode se tornar arriscado se ignoramos a distância histórica e cultural entre a família oriental do tempo de Jesus e as famílias ocidentais do século 21. Consideremos brevemente essa questão. 

Nos evangelhos, a Sagrada Família de Nazaré aparece como uma autêntica família judaica, herdeira fiel das esperanças messiânicas que alimentavam a vida dos pobres, guardiã fiel e praticante das orientações religiosas do judaísmo. Ao mesmo tempo, os evangelhos mostram a família de Jesus como o gérmen da nova família humana, sustentada e orientada pela utopia do Reino de Deus como graça que congrega as pessoas e derruba as barreiras. 

Por estar radicada em Nazaré, na Galiléia, e por desempenhar trabalhos artesanais, no olhar das famílias de Jerusalém, a Sagrada Família carregou a marca da suspeita e do menosprezo. O domicílio em Nazaré sublinha a inserção da Sagrada Família no povo de Israel, como numa espécie de grande família étnica. O crescimento de Jesus ocorre nessa interação viva. Ele aprende e ensina, unindo a relação com Deus e a relação com os homens e com o seu povo. 

Em relação à família tradicional, Jesus foi uma espécie de transgressor. Rompeu com ela e afastou-se das suas expectativas, que consistia em casar, cuidar da família e lutar pela sobrevivência. Vivendo o celibato, Jesus transgrediu também a obrigação de casar e gerar filhos, algo impensável para um rabino. Viveu a partir do sonho do reino de Deus, interessou-se pelas pessoas simples da Galiléia, identificou-se com seus problemas e esperanças. 

Esta opção de Jesus pela utopia do Reino de Deus e pela defesa vida das vítimas está na raiz do conflito com sua família. Seus parentes tiveram dificuldades de acreditar nele e até pensaram que havia enlouquecido. O desfecho deste conflito foi o distanciamento da família de sangue e uma opção por uma vida itinerante. A comunidade que nasceu da sua pregação também foi crítica em relação aos laços familiares, como testemunham es escrituras. 

Este distanciamento de Jesus em relação à sua família de sangue, especialmente no período de sua missão pública, não significa que as experiências afetivas e familiares da infância e da juventude não tenham permanecido vivas. Tudo o que ele aprendeu, amou e sonhou em Nazaré aflorou mais tarde na sua pregação: o valor das coisas pequenas e escondidas, a solidariedade com os vizinhos, o caráter paterno e próximo de Deus.  

No que se refere a José e Maria, podemos dizer que eles realizaram de modo exemplar a participação na família nova, inaugurada pelo filho Jesus Cristo, em obediência ao Pai. Também eles cumpriram com prontidão a vontade do Pai. Marcada pelo ambiente simples e desprezado de Nazaré, a Sagrada Família, foi protagonista e modelo na busca e no cumprimento da vontade do Pai. Mas aqui já não temos mais a simples família tradicional. 

Jesus ocupa um lugar central na Sagrada Família de Nazaré. Sua presença se irradia sobre Maria e José: eles se comovem, impressionam e maravilham diante da novidade; acolhem e recebem seu mistério do Reino de Deus, embora, por vezes, fiquem atrapalhados e desorientados. Jesus transcende seus próprios pais, e isso os estimula ao crescimento na compreensão do mistério de Deus na sua vida. Eles se tornarão discípulos do próprio filho! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Curiosidades da Bíblia: Quem eram os Gentios?

Sagrada Escritura (Vatican News)

A ação missionária de Paulo, conhecido como “o Apóstolo dos Gentios”!

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista

“Conforme diz a Escritura: ‘Todo o que nele crê jamais será decepcionado’.  Portanto, não há distinção entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam.  Porque: ‘Todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo!’ (Rom 10, 11-13)

Ao ler a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, frequentemente encontramos a palavra gentios, razão pela qual muitas pessoas perguntam sobre o seu significado.

A palavra, geralmente empregada no plural, designa as nações distintas do povo judeu. Originária do hebraico “goyim” e do grego “ethnos”, os termos significam nações ou povos e ao longo dos textos bíblicos, o termo gentios é utilizado para descrever aqueles povos que não faziam parte do povo judeu escolhido por Deus.

Descendentes de Abraão, os judeus se consideravam, antes da vinda de Cristo, como o povo escolhido por Deus. Como as nações não-judaicas não adoravam o verdadeiro Deus, tendo práticas religiosas diferentes, eram consideradas até mesmo idólatras ou imorais. O termo gentios muitas vezes nas Escrituras Sagradas assumia um significado depreciativo.

Os hebreus estabeleciam uma divisão entre o povo, que definiam como eleito e os gentios, posteriormente denominados pagãos. Os povos asiáticos e europeus que se converteram ao cristianismo, nos seus primórdios eram considerados gentios.

Eles podiam, porém, conviver com os judeus, fazendo negócios e morando entre eles. A Lei de Moisés não permitia maltratar estrangeiros (Lev 19,33-34). Mas um gentio não tinha o mesmo estatuto que um judeu, não podendo se casar com um judeu e nem entrar em seu templo. Porém, se um gentio se convertesse ao judaísmo e fosse circuncidado, ficaria mais integrado na comunidade e seus bisnetos seriam considerados judeus de pleno direito (Dt 23,7-8).

O Apóstolo dos gentios

No início de sua missão, aos poucos a Igreja saiu do mundo judaico, entrando no mundo greco-romano. A unidade política chamada de Pax Romana e o contexto cultural do helenismo favoreceram muito sua expansão.

Num contexto religioso pluralista havia espaço para a propagação do cristianismo, até que começasse a ser considerado uma religião perigosa por desestabilizar o status quo reinante do império, com a pregação de um único Deus vivo e verdadeiro, advindo um processo de perseguição que duraria mais de 300 anos.

A religião popular do império era composta de formas variadas de superstição como a consulta à astrologia, crença no destino, magia, interpretação de sonhos, oráculos e profecias. E acima de tudo estava o culto ao imperador considerado como Deus. O fato de o cristianismo não admitir essas práticas religiosas e pelo fato de a religião ser uma das bases de sustentação do império, as mudanças propostas pelo cristianismo não foram bem aceitas.

A cultura helênica com sua filosofia provocou um sincretismo religioso e cultural que ajudou muito na difusão do cristianismo. O fato de existir uma língua comum chamada de Koiné que era o grego popular usado no comércio e no trato diário favoreceu a expansão do cristianismo.

Neste contexto é que Paulo, acertadamente denominado como “Apóstolo dos Gentios”, desenvolveu sua missão, realizando diversas viagens missionárias. Em cada cidade visitada, primeiro pregava aos Judeus nas Sinagogas, mas como em geral sua pregação não era bem aceita, buscava então os gentios e prosélitos.

A pregação de Paulo chamava à conversão e a partir dela vinha a fundação de comunidades independentes das sinagogas. Depois de sua estadia numa comunidade ele a animava com visitas e com cartas, das quais diversas foram conservadas no Novo Testamento.

Não fosse a pregação de Paulo e de seus companheiros como Barnabé e a abertura aos gentios o rosto da Igreja seria bem diferente, não tendo hoje a projeção geográfica que possui.

A evangelização dos gentios se normatiza

Inicialmente houve muita discussão entre os apóstolos se deviam ou não pregar o Evangelho de Jesus Cristo aos gentios e se o evangelho deveria ter ou não o colorido próprio da cultura e da religião dos judeus como a necessidade de circuncisão.

Paulo, o “Apóstolo dos Gentios”, assumiu então a missão de evangelizar as pessoas, judeus ou gentios, certificando-se de que todos conhecessem a mensagem e a obra salvadora de Jesus Cristo. Ele se tornou um dos primeiros a propor uma evangelização ‘inculturada”.

Inicialmente a salvação era vista como exclusiva do povo de Israel, mas ao longo dos textos bíblicos, vai ficando mais claro que Deus tem um plano de salvação para todos os povos, incluindo os gentios. No Novo Testamento, a vinda de Jesus Cristo é apresentada como o cumprimento desse plano de salvação e a mensagem do evangelho é estendida a todas as nações, não apenas aos judeus.

A queda de Jerusalém no ano 70 d.C. libertou o cristianismo do messianismo judeu favorecendo a expansão missionária da Igreja nascente junto aos gentios que não haviam conhecido Cristo.

Em sua pregação Paulo se dirige primeiro aos Judeus, depois aos pagãos e também ao povo e aos apóstolos em Jerusalém.

Aos poucos vai se constituindo então um Querigma central da evangelização dos apóstolos, tendo entre eles a Paulo; o ensinamento direto é feito como testemunho da vida e da ação de Cristo, acompanhado do testemunho de vida e de sinais sobrenaturais. E assim o cristianismo se abre aos gentios e a salvação é dada a conhecer a todos os povos!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

PAULO VI: O Papa, sua piedade, o carinho dos romanos (Parte 1/2)

Acima, Montini durante a peregrinação à Terra Santa, de 4 a 6 de janeiro de 1964, na margem do Lago de Tiberíades, beijando a rocha onde Jesus confiou o primado a Pedro; abaixo, o abraço afetuoso com Atenágoras I, Patriarca de Constantinopla, Jerusalém, 5 de janeiro de 1964 | 30Giorni.

Arquivo 30Dias nº 07 - 2003

O Papa, sua piedade, o carinho dos romanos

"Um testemunho sobre Paulo VI é uma necessidade profunda para mim", explica Monsenhor Macchi no livro "Paolo VI nella sua parola", que continua sendo um dos melhores volumes sobre Montini. Estamos dando destaque a ele no 25º aniversário da morte do Papa. A introdução é do Cardeal Carlo Maria Martini.

por Pina Baglioni

Quarenta anos após sua eleição ao trono de Pedro e vinte e cinco anos após sua morte, a figura de Paulo VI, neste verão repleto de aniversários para a Igreja, está desencadeando uma onda de novos ensaios, biografias e reencenações de alguns dos principais documentos deste imenso, mas ainda pouco conhecido, Papa.

Nesse sentido, um volume não tão recente, mas indispensável para quem deseja aprofundar seus conhecimentos sobre Giovanni Battista Montini, é Paolo VI nella sua parola (Morcelliana, Brescia 2001, 400 páginas, € 25,82), escrito pelo homem mais afortunado do que qualquer outro por estar ao seu lado, precisamente de 29 de novembro de 1954 até as 21h40 de domingo, 6 de agosto de 1978, hora e dia de sua morte: Monsenhor Pasquale Macchi, secretário pessoal de Montini desde sua nomeação como Arcebispo de Milão.

"Um testemunho sobre Paulo VI é uma profunda necessidade para mim", afirma Macchi na introdução. "Pretendo valer-me da palavra viva do Papa... para compreender como os seus gestos mais importantes nasceram nele e como ele próprio os repensou e julgou."

O volume, considerado "esplêndido" pelo Cardeal Carlo Maria Martini, autor da introdução, traz à tona uma riqueza de detalhes pouco conhecidos, capazes de suscitar profunda emoção e revelar ao leitor uma personalidade tão austera quanto capaz de doçura e compaixão , especialmente para com os mais pobres: trabalhadores, moradores de favelas e idosos solitários e abandonados. Foram eles, tanto em Milão quanto em Roma, que ocuparam um lugar de destaque no coração de Montini. 

Montini e Milão 

Após dezoito anos na Secretaria de Estado, primeiro como deputado e depois, a partir de 1952, como pró-secretário para Assuntos Ordinários, Giovanni Battista Montini foi eleito Arcebispo de Milão em 1º de novembro de 1954. Dois meses depois, na Festa da Epifania, ele entrou na metrópole lombarda sob uma chuva fria e torrencial. Para não decepcionar os milhares de pessoas que se reuniram para recebê-lo, Montini decidiu viajar da igreja de Sant'Eustorgio até o Duomo em um carro aberto. O sucessor de Ambrósio e Carlos Borromeo chegou ao Duomo completamente encharcado. Foi um gesto que tocou o coração dos milaneses de forma indelével. "Sua figura ajoelhada é uma imagem recorrente", observa Macchi em seu livro. Em Milão, ele frequentemente ia a casas particulares para rezar aos pés de pessoas de diversas classes sociais — amigos, figuras influentes e vítimas de acidentes graves, mesmo aquelas notoriamente ateus. Depois de cumprimentar seus parentes, ajoelhava-se no chão onde quer que estivesse e, com intensa devoção, recitava o Pai Nosso .

Toda Quinta-feira Santa, ele beijava os pés dos "vecchioni della Baggina", os idosos residentes do Pio Istituto Albergo Trivulzio, durante a missa na Catedral para a Ceia do Senhor.

Todas as sextas-feiras à tarde, ele ia em particular visitar os doentes, os pobres ou os deficientes. Ninguém sabia disso. Junto com seu motorista, Pasquale Macchi o acompanhava a lares muito pobres no centro ou nos arredores de Milão, às vezes a verdadeiros casebres ou pequenos barracos. Um encontro recorrente era com um ex-prisioneiro, Edoardo Centini: nascido na prisão — ele mais tarde passaria toda a sua vida lá em constantes detenções alternadas —, ele era apelidado de "faquir".

Para qualquer necessidade, ele estabeleceu o "Porto di mare" no palácio do arcebispo, um escritório de recepção onde as pessoas podiam apresentar suas necessidades urgentes.

Mosteiros contemplativos também se beneficiaram da caridade do arcebispo, em particular as Irmãs Eremitas do Monte Sagrado de Varese, a quem ele forneceu um sistema de aquecimento, visto que seu mosteiro não o possuía. Percorrendo e descobrindo esses episódios, vem à mente um pensamento de Giovanni Battista Montini, extraído de Discorsi e scritti milanesi (org. por GE Manzoni, Istituto Paolo VI, Brescia, vol. I, p. 1681): "A mensagem cristã não é uma profecia de condenação... não é amarga, não é mal-humorada, não é rude, não é irônica, não é pessimista. É generosa. É forte e alegre. É cheia de beleza e poesia. É cheia de vigor e majestade."

E Montini imediatamente quis transmitir esse vigor à cidade com a "Missão de Milão". O arcebispo convocou 1.288 pregadores, incluindo dois cardeais e 24 bispos, 600 padres diocesanos, 597 padres religiosos e 65 seminaristas.

Milão foi inundada com 350.000 cartazes, 25.000 folhetos com horários de orações, catequese, encontros com jovens, idosos e famílias, cursos de teologia para leigos e cursos especializados de pregação para o clero e religiosas; 1.200 horários de bolso foram distribuídos. Montini visitou pessoalmente fábricas e oficinas para convidar trabalhadores a participar.

Enquanto isso, em 9 de outubro de 1958, Pio XII faleceu e, dezenove dias depois, foi sucedido por João XXIII. No primeiro consistório do Papa Roncalli, Giovanni Battista Montini foi criado cardeal.

Mais quatro anos e meio de trabalho febril se passaram: o dia de Montini começava às seis da manhã e terminava à uma ou duas da manhã. Há um documento de 1961 que resume o trabalho de Montini na diocese lombarda: é o relatório entregue ao Santo Padre durante a visita ad limina., uma espécie de raio-x da saúde da Igreja de Milão: "Uma atitude antirreligiosa se espalha: a prosperidade econômica parece validar a crença generalizada de que a religião não é necessária para a prosperidade da vida; na verdade, talvez seja um obstáculo... podemos concluir este resumo observando que a diocese está em um momento de crise, o que parece extraordinário, tanto que o estado da diocese milanesa hoje é, ao mesmo tempo, vivo e sofrido, e parece decisivo para os tempos vindouros."

Mas os tempos vindouros veriam Montini longe de Milão: em 3 de junho de 1963, João XXIII faleceu.

O arcebispo, após saudar seus seminaristas em Venegono, foi a Roma para o conclave, levando consigo seu passaporte, com a intenção de viajar para Dublin imediatamente após a eleição do novo pontífice. A Providência, porém, decidiu o contrário, e no final da manhã de 21 de junho, o Cardeal Ottaviani proferiu a frase histórica: "Temos o Papa, Cardeal Giovanni Battista Montini, que assumiu o nome de Paulo VI." 

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: como Maria, não tenhamos medo de escolher a vida

Solenidade da Assunção de Maria, Santa Missa, 15/08/2025 (Vatican Media)

No dia da Solenidade da Assunção de Maria, Leão XIV celebrou a Missa na comunidade paroquial de Castel Gandolfo. Em sua homilia, recordou que o “sim” de Maria permanece vivo nos que praticam a fé, a justiça e a paz: “As palavras e as escolhas de morte parecem prevalecer, mas a vida de Deus interrompe o desespero através de experiências concretas de fraternidade e solidariedade”.

https://youtu.be/ZJOgJHcv1eY

Thulio Fonseca - Vatican News

Nesta sexta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, festa litúrgica que no Brasil será comemorada no próximo domingo, 17/08. Por esta ocasião, o Papa Leão XIV presidiu a Santa Missa na Paróquia São Tomás de Villanova, em Castel Gandolfo, onde cumpre a segunda etapa do seu período de descanso. Esta foi a segunda vez que o Santo Padre celebrou na comunidade paroquial local.

Na homilia, o Pontífice recordou que “em Maria de Nazaré está a nossa história, está a história da Igreja imersa na humanidade comum. Tendo encarnado nela, o Deus da vida e da liberdade venceu a morte. Sim, hoje contemplamos como Deus vence a morte, sem nunca prescindir de nós”.

A fecundidade de Maria

Leão XIV sublinhou que o “sim” de Maria, unido ao de Cristo na cruz, continua vivo “nos mártires do nosso tempo, nas testemunhas da fé e da justiça, da mansidão e da paz”, e convidou cada fiel a escolher “como e para quem viver”.

Refletindo sobre o Evangelho da Visitação, proposto pela liturgia para esta Solenidade, o Papa destacou que, no encontro de Maria com Isabel, “a surpreendente fecundidade da estéril Isabel confirmou Maria na sua confiança: antecipou a fecundidade do seu ‘sim’, que se prolonga na fecundidade da Igreja e de toda a humanidade, quando a Palavra renovadora de Deus é acolhida”.

Santa Missa em Castel Gandolfo   (@VATICAN MEDIA)

Para o Santo Padre, o cântico do Magnificat da Mãe de Deus fortalece a esperança dos humildes e famintos, lembrando que “parecem impossíveis as promessas de Deus, mas quando nascem os vínculos com os quais opomos o bem ao mal, a vida à morte, então vemos que ‘nada é impossível a Deus’ (Lc 1, 37)”.

O Papa alertou também contra a fé que “envelhece” nas comunidades dominadas pelo bem-estar material e pela acomodação, e afirmou que a Igreja “rejuvenesce graças ao Magnificat” dos pobres, perseguidos e construtores da paz. “Muitos deles são mulheres, como a idosa Isabel e a jovem Maria: mulheres pascais, apóstolas da Ressurreição. Deixemo-nos converter pelo seu testemunho!”, exortou.

Um chamado à confiança

Ao concluir a homilia, Leão XIV convidou os fiéis a verem na Assunção de Maria um sinal do destino que Deus deseja para todos: “Ela é-nos dada como sinal de que a Ressurreição de Jesus não foi um evento isolado, uma exceção", e completou:

"Maria é aquele entrelaçamento de graça e liberdade que impele cada um de nós à confiança, à coragem, ao envolvimento na vida de um povo. [...] Não tenhamos medo de escolher a vida! Pode parecer perigoso, imprudente. Quantas vozes estão sempre lá a sussurrar-nos: ‘Quem te obriga a fazer isso? Pensa nos teus interesses’. São vozes de morte. Em contrapartida, nós somos discípulos de Cristo. É o seu amor que nos impele, corpo e alma, no nosso tempo. Como indivíduos e como Igreja, já não vivemos para nós mesmos. É precisamente isto – e só isto – que difunde a vida e a faz prevalecer. A nossa vitória sobre a morte começa precisamente agora.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Arquidiocese de Brasília é consagrada a são Miguel Arcanjo

Cardeal Paulo Cezar consagrando a arquidiocese de Brasília à são Miguel Arcanjo | Facebook/Arquidiocese de Brasília

Por Monasa Narjara*

13 de ago. de 2025

A arquidiocese de Brasília (DF) foi consagrada a são Miguel Arcanjo ontem (12). A consagração aconteceu em missa celebrada pelo arcebispo cardeal Paulo Cezar Costa na catedral metropolitana Nossa Senhora Aparecida, com a presença da imagem peregrina oficial de são Miguel, vinda de seu santuário no Monte Gargano, Itália, local das aparições do arcanjo desde os primeiros séculos do cristianismo.

“Consagrar-se a são Miguel significa ter a percepção de que aquele que nos protege é Deus”, disse dom Paulo Cezar. “Quando nós consagramos a nossa arquidiocese a são Miguel, nós afirmamos isso, afirmamos que é Deus que nos protege através do seu arcanjo”, acrescentou.

A imagem peregrina de são Miguel Arcanjo feita de pó de mármore entrou na catedral ao som de uma marcha tocada pelos músicos do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Ao iniciar a missa, a irmã Maria Raquel, membro do Instituto Hesed, convidou o arcebispo de Brasília a realizar o rito solene de coroação da imagem de são Miguel Arcanjo. Segundo a religiosa, este é um “gesto” que “carrega um significado profundo”, porque “a coroa” que foi colocada na imagem “é um símbolo espiritual, um ato de reconhecimento e fé que une a Terra e o céu”.

“Esta coroa representa o governo espiritual de são Miguel que combate com poder de Deus”, disse irmã Maria Raquel, enfatizando "a autoridade que lhe foi dada no céu, como príncipe da milícia celeste e o clamor do povo de Deus que hoje, em meio às trevas deste tempo, se une no tempo de reconquista espiritual”.

A religiosa contou que, “desde os tempos antigos, a Igreja reconhece que a luta do povo de Deus é espiritual e que Deus confiou a são Miguel a missão de combater em favor da salvação das almas”, como está escrito no “capítulo 12 do profeta Daniel: ‘Naquele tempo surgirá Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo’. E ainda no livro do Apocalipse capitulo 12, 7: ‘Houve, então, uma batalha no céu: Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e o dragão foi derrotado’”.

“É por isso que, ao coroar são Miguel, estamos proclamando a vitória do Altíssimo que, por meio dos Seus santos anjos, guarda e defende a Sua Igreja”, disse a religiosa. Segundo ela, “ao depositar esta coroa” na imagem de são Miguel, “o cardeal Paulo Cezar proclama de maneira pública” que a arquidiocese de Brasília, sua “comunidade e este povo estão sob a proteção do príncipe das milícias celestes” e “com este gesto” se faça “ecoar: ‘Quem como Deus?’”.

Cardeal Paulo Cezar coroando a imagem peregrina de são Miguel na catedral de Brasília. Instituto Hesed

Deus é o mais importante

“Estamos aqui vivendo este momento bonito e significativo na nossa catedral olhando para a imagem de são Miguel, olhando para a imagem da Virgem Maria” e “estar aqui, significa que queremos nos colocar debaixo da proteção de Deus por intercessão de são Miguel”, disse o cardeal Paulo Cezar em sua homilia, acrescentando que “significa que o nosso coração está voltado para Deus, que Deus é o tudo na nossa vida, que Deus é a pessoa mais importante da nossa vida, da nossa existência, e significa que estamos afirmando o primado de Deus na nossa vida e afirmar o primado de Deus implica dizer que Deus é o mais importante”.

O arcebispo destacou que estar ali nesse momento “não pode ser” algo movido só “pelas emoções”, mas “significa mais, significa que nós queremos que Deus seja Aquele que é o centro do nosso coração, o centro da nossa vida”.

“Não basta só o invocar exterior, com o coração longe de Deus”, disse o cardeal. “É preciso que o nosso coração esteja cada vez mais unido a Deus, que sejamos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, gente comprometida com o amor de Jesus Cristo” e “implica também aquilo que Jesus indica a Natanael, chamado a ver sinais maiores” que é “a glória de Deus”, que é “a vocação de todos nós”, porque “o ser humano foi criado para isso”.

“É preciso não perder o olhar voltado para o alto, voltado para a glória de Deus porque assim”, ressaltou o arcebispo, “nos faz caminharmos bem neste mundo”, buscando “fazer à vontade de Deus”, porque “essa é a vocação do ser humano”.

Invocar sempre são Miguel como protetor

Segundo o arcebispo, Miguel é aquele que é invocado no dia a dia, contra o mal, na luta contra os inimigos, na vida do dia a dia, porque a vida também está cheia de dragões que “se manifestam”. Dom Paulo Cezar disse que, quando “invocamos a presença de são Miguel, da sua intercessão, de sua ajuda, de seu socorro”, também “implica que nossa vida esteja diante de Deus, que o nosso coração esteja voltado para Deus”.

“Nós também somos chamados no dia a dia, nas pequenas e grandes coisas a nos colocarmos também no combate por Deus” e “invocando sempre são Miguel como nosso protetor”, disse Costa.

No fim da missa dom Paulo Cezar junto com os fiéis, realizou o ato de consagração a são Miguel pedindo que “ele combata por nós, combata contra os dragões da nossa sociedade, das nossas famílias e de cada um”. Em seguida, as fundadoras do Instituto Hesed, madres Kelly Patrícia e Jane Madeleine, entregaram ao arcebispo a placa do dia da consagração da arquidiocese de Brasília. Depois da missa, os fiéis participaram de uma adoração e oração do rosário com o Instituto Hesed.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/64077/arquidiocese-de-brasilia-e-consagrada-a-sao-miguel-arcanjo

A crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação

Foto captura: YouTube | CNBB.

A CRISE DA IGREJA CATÓLICA E A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

14/08/2025

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

(Síntese crítica a partir de Clodovis Boff e Leandro Adorno, org.) 

A obra organizada por Clodovis Boff e Leandro Adorno tem despertado o interesse de muitos leitores. Ao examinar o “declínio atual da Igreja Católica”, não se limita à análise de dados estatísticos, mas apresenta um diagnóstico que integra dimensões espirituais, pastorais e teológicas. A questão central vai além dos números ou índices de frequência religiosa, manifestando-se, sobretudo, na perda de vitalidade espiritual e na inversão de prioridades quanto à missão e à identidade eclesial. 

Segundo os autores, o declínio simultâneo — quantitativo (redução do número de fiéis) e qualitativo (enfraquecimento da fé) — não se deve apenas a transformações socioculturais, mas a um déficit de espiritualidade. A Igreja perde fiéis porque, em muitos contextos, deixou de comunicar de forma viva o mistério de Deus, oferecendo respostas mais sociológicas que espirituais. Não se trata apenas de uma questão numérica ou de dimensão institucional; a gravidade está no deslocamento do centro da Igreja de Cristo para o mundo, priorizando demandas sociais em detrimento da experiência teologal.  

A análise critica a “secularização interna”, processo pelo qual o social passa a ditar os rumos da fé, e não o contrário. Isso produz uma fé funcionalista, instrumentalizada para legitimar causas temporais, ainda que legítimas, relegando a Palavra de Deus a um papel secundário. Assim, para muitos na comunidade eclesial, as questões religiosas e espirituais só despertam interesse quando vinculadas a agendas sociais, sinalizando uma “mundanização” que ameaça a identidade sobrenatural da Igreja. 

Esse deslocamento afasta, em especial, o homem “pós-moderno”, mais sensível à espiritualidade, mas que não encontra na Igreja a profundidade que busca. Desse contexto emerge o fenômeno crescente dos “sem religião”, ou seja, de pessoas que preservam crença ou espiritualidade, mas se distanciam das instituições. Uma pastoral excessivamente sociocentrada não responde à demanda espiritual contemporânea, desperdiçando um kairós favorável à evangelização. 

A crítica se estende também à teologia contemporânea que, sob forte influência antropocêntrica, teria abandonado a “agenda dos mistérios” para privilegiar questões transitórias. Conceitos centrais como “sobrenatural” e “alma” são minimizados, temas escatológicos relegados e a linguagem espiritual tradicional evitada. Esse viés, segundo os autores, acaba por oferecer fundamentos teóricos e justificativas racionais para um esvaziamento espiritual dentro da própria Igreja, ao deslocar a atenção do núcleo da fé para preocupações meramente temporais. 

No plano pastoral, os autores afirmam que reformas estruturais ou posicionamentos ideológicos — sejam “progressistas” ou “conservadores” — têm pouca eficácia sem a renovação da fé viva em Cristo. É ilusão pensar que o simples engajamento social possa revitalizar a Igreja; sem base espiritual sólida, o resultado será um “cristianismo sem mistérios”, talvez útil à sociedade, mas incapaz de cumprir sua missão divina. 

A saída proposta é retomar a centralidade existencial e operativa de Cristo. Tal primazia exige entrega total — “dar o sangue e receber o Espírito” — e se expressa numa espiritualidade de oração profunda, livre de instrumentalizações. A Igreja que reza se salva; a que não reza, se perde. É preciso recuperar uma fé viva, mística e missionária, capaz de gerar novo impulso evangelizador e de unir, de modo inseparável, o serviço ao mundo e o anúncio explícito da salvação. A Igreja só poderá reverter o declínio ao voltar-se para o seu “coração pulsante”: Jesus Cristo, Senhor absoluto e fonte de sua missão. 

Em síntese, para Boff e Adorno, a crise da Igreja não se resolverá com simples reformas estruturais ou com mera atualização sociocultural, mas com o retorno à sua essência: ser mistério de comunhão com Deus, centrada no senhorio de Cristo e movida pelo Espírito, para então, e somente então, transformar o mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cultura da Vida: família, santuário da vida

Promover a cultura da vida na nossa família e na sociedade (Vatican News)

Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Neste segundo encontro, a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida”.

Vatican News

Olá ouvintes da Rádio Vaticano, somos Marlon e Ana Derosa. Este é o “Programa cultura da vida”, onde a cada semana vamos refletir sobre um tema relacionado à família e a vida. Hoje vamos falar sobre a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida” (Carta às famílias, João Paulo II, 1994).

O que significa a expressão “santuário da vida”? Santuário significa lugar sagrado, protegido, reservado ao que é mais precioso. Aplicando essa definição à família, nós temos que ela é o primeiro lugar onde a vida humana é – ou deveria ser – acolhida, cuidada, protegida e valorizada. É a primeira escola de amor, a primeira escola de vida, a primeira escola de fé. Por isso, São João Paulo II escreveu também, na Familiaris Consortio, que “A tarefa fundamental da família é o serviço à vida” (FC, 28), ou seja, colaborando com Deus na transmissão da vida humana, educando os filhos na fé, no amor e na verdade. Nesse mesmo documento, o Papa escreveu que “O amor conjugal fecundo exprime-se num serviço à vida em variadas formas, sendo a geração e a educação as mais imediatas” (FC, 41), e depois, como consequência, no desenvolvimento da sociedade (FC, 42). Por isso, faz tanto sentido aquela frase dele: “o futuro da humanidade passa pela família” (FC, 75).

Na Centesimus annus, ele escreveu que “é necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta” (CA, 39), e aí ele faz um chamado para que trabalhemos no fortalecimento de uma verdadeira cultura da vida, porque, diante de tantos desafios, dificuldades e até mesmo más influências, infelizmente nem sempre as famílias conseguem ser esse santuário da vida. E nós sabemos que isso traz ainda mais problemas e sofrimentos. A primeira coisa que precisamos redescobrir e fortalecer em nós é a compreensão do papel do casal na acolhida à vida. Na missa do Jubileu das Famílias (01 de junho de 2025), o Papa Leão XIV deixou uma linda mensagem que reforça que o matrimônio deve ser a regra de um amor total, fiel e fecundo. Nesse sentido, a fecundidade é um pilar do matrimônio, e deve ser compreendida e vivida em plenitude, sabendo que a geração de uma nova vida é a consequência desse amor, que, segundo São Paulo aos Efésios, deve ser um reflexo do amor de Cristo pela Igreja. Depois, sabendo da dignidade desse amor, que é elevado a sacramento, a família é então a primeira a se responsabilizar pela acolhida e proteção à vida em todas as fases, desde a concepção, até o fim natural, especialmente aquelas mais frágeis, como o embrião, a criança, pessoas com deficiência, idosos, enfermos… A família deve ser uma verdadeira barreira contra aquilo que o Papa Francisco chamou de cultura do descarte. Somos chamados a fortalecer a cultura da vida em meio à sociedade em que vivemos. E como podemos cumprir essa missão? Antes de tudo, tomando consciência da nossa responsabilidade de acolher os filhos com generosidade, como prometemos no altar no dia do nosso matrimônio. Depois, educando nossos filhos na fé, ajudando-os a reconhecer o valor da vida e a importância de cuidar do outro com amor e respeito. E, por fim, oferecendo o testemunho concreto de um amor que se doa no cotidiano: um amor que revela, em gestos simples, a dignidade e o valor de cada membro da família. São esses valores, vividos e transmitidos com clareza dentro do lar, que ecoam na sociedade e ajudam a construir aquilo que São João Paulo II chamou de “civilização do amor” (Carta às famílias, 6). Se esses valores se enfraquecem ou se apagam dentro das famílias, isso vai aos poucos abrindo espaço para muitos males: carências, sofrimentos, egoísmo e, por fim, a terrível cultura do descarte. Apesar dos desafios e dificuldades, não podemos esquecer que Deus dá as graças que precisamos para vivermos o plano de Deus para a família como santuário da vida.

Vamos hoje aproveitar essa reflexão para olhar com carinho para o nosso casamento e a nossa família, e nos perguntarmos de que forma podemos fortalecer ainda mais a cultura da vida dentro do nosso lar? Será que estamos realmente transmitindo, com clareza e verdade, os valores da dignidade humana às novas gerações? Vamos refletir, sempre lembrando daquelas palavras que nunca deixarão de ecoar nos nossos corações: o futuro da humanidade passa pela família.

Um grande abraço a todos e até o próximo programa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

Crédito: arqbrasilia.

Arquidiocese de Brasília inaugura nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia

11 ago. 2025

A Arquidiocese de Brasília deu um passo significativo na formação pastoral de seus fiéis com a inauguração da nova sede da Escola Eclesiástica de Teologia, realizada no último dia 5 de agosto. Voltado para leigos e leigas, o curso oferece aprofundamento teológico e pastoral, capacitando-os para contribuir de forma mais efetiva na vida e na missão da Igreja.

A cerimônia de abertura teve início com a celebração da Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Brasília, Cardeal Paulo Cezar Costa, e concelebrada pelo Cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que participou da fundação da Fateo (Faculdade de Teologia da Arquidiocese de Brasília). A presença de Dom Raymundo deu um significado histórico especial à ocasião, unindo passado e presente no compromisso com a formação eclesial.

Jerônimo Laurício, diretor acadêmico da FATEO

Após a Missa, Dom Paulo realizou a bênção do prédio e das novas instalações, pedindo a Deus que este espaço seja fecundo na formação e no serviço à comunidade eclesial. O momento foi concluído com a aula magna ministrada pelo Cardeal, destinada aos novos estudantes e também aos candidatos ao diaconato da Arquidiocese. A partir deste semestre, a Escola Diaconal Santo Estêvão passará a utilizar as dependências da nova sede para a formação de seus candidatos.

“Uma Igreja missionária é aquela em que todos são comprometidos com a missão. E a teologia deve conduzir a isso, o amadurecimento da fé. Uma Igreja de discípulos missionários com compromisso com a vida da comunidade, com as pastorais, movimentos. Onde o aprofundar a fé te leva a se doar mais, a amar mais, te leva a ser dom e missionário”, destacou Dom Paulo Cezar Costa.

A nova sede representa mais do que um espaço físico: é um sinal concreto do compromisso da Arquidiocese de Brasília com a formação de agentes de pastoral preparados para responder aos desafios da evangelização e para servir com competência e fidelidade ao Evangelho.

Crédito: arqbrasilia.

A Escola
Capacitar os leigos e leigas para atuarem de maneira mais efetiva e capacitada na pastoral arquidiocesana, contribuindo com seu conhecimento e fé para o fortalecimento da comunidade eclesial católica em que estão inseridos. A capacitação é fundamental para o desenvolvimento da comunidade e estamos empenhados em fornecer as ferramentas necessárias para que isso aconteça.

Destinada a candidatos com escolaridade mínima de ensino médio completo, a Escola visa contribuir com a formação teológica e pastoral dos leigos, para fortalecer a participação ativa na missão evangelizadora da Igreja, em plena comunhão com o Magistério e a vida eclesial.

É importante ressaltar que o diploma conferido ao final do curso não corresponde a uma graduação reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), e, portanto, não atribui o título de Bacharel em Teologia. Trata-se de uma formação eclesiástica, reconhecida no âmbito da Arquidiocese de Brasília, Os fiéis que almejam a titulação civil de Bacharel em Teologia deverão participar do processo seletivo da FATEO previsto para outubro de 2025.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF