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domingo, 13 de outubro de 2019

Homilia do Papa na Canonização de Irmã Dulce

Papa Francisco pronunciando sua homilia. 
Crédito: Captura de Youtube Vatican Media
Roma, 13 Out. 19 / 07:06 am (ACI).- Este domingo 13 de outubro o Papa Francisco celebrou a canonização da Irmã Dulce Lopes Pontes, do Cardeal John Henry Newman, as religiosas Giuseppina Vannini e Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, e a leiga Marguerite Bays.

 
A seguir a homilia pronunciada pelo Santo Padre:
«A tua fé te salvou» (Lc 17, 19). É o ponto de chegada do Evangelho de hoje, que nos mostra o caminho da fé. Neste percurso de fé, vemos três etapas, vincadas pelos leprosos curados, que invocam, caminham e agradecem.
Primeiro, invocar. Os leprosos encontravam-se numa condição terrível não só pela doença em si, ainda hoje difusa e devendo ser combatida com todos os esforços possíveis, mas pela exclusão social. No tempo de Jesus, eram considerados impuros e, como tais, deviam estar isolados, separados (cf. Lv 13, 46). De facto, quando vão ter com Jesus, vemos que «se mantêm à distância» (Lc 17, 12). Embora a sua condição os coloque de lado, todavia diz o Evangelho que invocam Jesus «gritando» (17, 13) em voz alta. Não se deixam paralisar pelas exclusões dos homens e gritam a Deus, que não exclui ninguém. Assim se reduzem as distâncias, e a pessoa sai da solidão: não se fechando em auto lamentações, nem olhando aos juízos dos outros, mas invocando o Senhor, porque o Senhor ouve o grito de quem está abandonado.
Também nós – todos nós – necessitamos de cura, como aqueles leprosos. Precisamos de ser curados da pouca confiança em nós mesmos, na vida, no futuro; curados de muitos medos; dos vícios de que somos escravos; de tantos fechamentos, dependências e apegos: ao jogo, ao dinheiro, à televisão, ao telemóvel, à opinião dos outros. O Senhor liberta e cura o coração, se O invocarmos, se lhe dissermos: «Senhor, eu creio que me podeis curar; curai-me dos meus fechamentos, livrai-me do mal e do medo, Jesus». No Evangelho de Lucas, os primeiros a invocar o nome de Jesus são os leprosos. Depois fá-lo-ão também um cego e um dos ladrões na cruz: pessoas carentes invocam o nome de Jesus, que significa Deus salva. De modo direto e espontâneo chamam Deus pelo seu nome. Chamar pelo nome é sinal de confidência, e o Senhor gosta disso. A fé cresce assim, com a invocação confiante, levando a Jesus aquilo que somos, com franqueza, sem esconder as nossas misérias. Invoquemos diariamente, com confiança, o nome de Jesus: Deus salva. Repitamo-lo: é oração. A oração é a porta da fé, a oração é o remédio do coração.
Caminhar é a segunda etapa. Neste breve Evangelho de hoje, aparece uma dezena de verbos de movimento. Mas o mais impressionante é sobretudo o facto de os leprosos serem curados, não quando estão diante de Jesus, mas depois enquanto caminham, como diz o texto: «Enquanto iam a caminho, ficaram purificados» (17, 14). São curados enquanto vão para Jerusalém, isto é, palmilhando uma estrada a subir. É no caminho da vida que a pessoa é purificada, um caminho frequentemente a subir, porque leva para o alto. A fé requer um caminho, uma saída; faz milagres, se sairmos das nossas cómodas certezas, se deixarmos os nossos portos serenos, os nossos ninhos confortáveis. A fé aumenta com o dom, e cresce com o risco. A fé atua, quando avançamos equipados com a confiança em Deus. A fé abre caminho através de passos humildes e concretos, como humildes e concretos foram o caminho dos leprosos e o banho de Naaman no rio Jordão, que ouvimos na primeira Leitura (cf. 2 Re 5, 14-17). O mesmo se passa connosco: avançamos na fé com o amor humilde e concreto, com a paciência diária, invocando Jesus e prosseguindo para diante.
Outro aspeto interessante no caminho dos leprosos é que se movem juntos. Refere o Evangelho, sempre no plural, que «iam a caminho» e «ficaram purificados» (Lc 17, 14): a fé é caminhar juntos, jamais sozinhos. Mas, uma vez curados, nove continuam pela sua estrada e apenas um regressa para agradecer. E Jesus desabafa a sua mágoa assim: «Onde estão os outros nove?» (17, 17). Quase parece perguntar pelos outros nove, ao único que voltou. É verdade! Constitui tarefa nossa – de nós que estamos aqui a «fazer Eucaristia», isto é, a agradecer –, constitui nossa tarefa ocuparmo-nos de quem deixou de caminhar, de quem se extraviou: somos guardiões dos irmãos distantes. Somos intercessores por eles, somos responsáveis por eles, isto é, chamados a responder por eles, a tê-los a peito. Queres crescer na fé? Ocupa-te dum irmão distante, duma irmã distante.
Invocar, caminhar e… agradecer: esta é a última etapa. Só àquele que agradece é que Jesus diz: «A tua fé te salvou» (17, 19). Não se encontra apenas curado; também está salvo. Isto diz-nos que o ponto de chegada não é a saúde, não é o estar bem, mas o encontro com Jesus. A salvação não é beber um copo de água para estar em forma; mas é ir à fonte, que é Jesus. Só Ele livra do mal e cura o coração; só o encontro com Ele é que salva, torna plena e bela a vida. Quando se encontra Jesus, brota espontaneamente o «obrigado», porque se descobre a coisa mais importante da vida: não o receber uma graça nem o resolver um problema, mas abraçar o Senhor da vida.
É encantador ver como aquele homem curado, que era um samaritano, manifesta a alegria com todo o seu ser: louva a Deus em voz alta, prostra-se, agradece (cf. 17, 15-16). O ponto culminante do caminho de fé é viver dando graças. Podemos perguntar-nos: Nós, que temos fé, vivemos os dias como um peso a suportar ou como um louvor a oferecer? Ficamos centrados em nós mesmos à espera de pedir a próxima graça, ou encontramos a nossa alegria em dar graças? Quando agradecemos, o Pai deixa-Se comover e derrama sobre nós o Espírito Santo. Agradecer não é questão de cortesia, de etiqueta, mas questão de fé. Um coração que agradece, permanece jovem. Dizer «obrigado, Senhor», ao acordar, durante o dia, antes de deitar, é antídoto ao envelhecimento do coração. E o mesmo se diga em família, entre os esposos: lembrem-se de dizer obrigado. Obrigado é a palavra mais simples e benfazeja.
Invocar, caminhar, agradecer. Hoje, agradecemos ao Senhor pelos novos Santos, que caminharam na fé e agora invocamos como intercessores. Três deles são freiras e mostram-nos que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo. Ao passo que Santa Margarida Bays era uma costureira e revela-nos quão poderosa é a oração simples, a suportação com paciência, a doação silenciosa: através destas coisas, o Senhor fez reviver nela o esplendor da Páscoa. Da santidade do dia a dia, fala o Santo Cardeal Newman quando diz: «O cristão possui uma paz profunda, silenciosa, oculta, que o mundo não vê. (...) O cristão é alegre, calmo, bom, amável, educado, simples, modesto; não tem pretensões, (...) o seu comportamento está tão longe da ostentação e do requinte que facilmente se pode, à primeira vista, tomá-lo por uma pessoa comum» (Parochial and Plain Sermons, V, 5). Peçamos para ser, assim, «luzes gentis» no meio das trevas do mundo. Jesus, «ficai connosco e começaremos a brilhar como brilhais Vós, a brilhar de tal modo que sejamos uma luz para os outros» (Meditations on Christian Doctrine, VII, 3). Amen.
ACI Digital

Nossa Senhora de Nazaré, a Rainha da Amazônia

REDAÇÃO CENTRAL, 13 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- Neste segundo domingo de outubro, a Igreja no Brasil celebra a maior devoção mariana do Norte do país, Nossa Senhora de Nazaré, chamada carinhosamente pelos fiéis de Rainha da Amazônia.

Para a comemoração da data, em Belém (PA) é realizada uma das maiores procissões católicas do mundo, o Círio de Nazaré, que chega a reunir cerca de 2 milhões de romeiros em uma caminhada de fé de 3,6 quilômetros.
A devoção a Nossa Senhora de Nazaré teve início em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia ao Mosteiro de Caulina, na Espanha, e teria saído da cidade de Nazaré, em Israel, no ano de 361. Acredita-se que a imagem foi esculpida pelo próprio São José.
Por causa de uma batalha, a imagem foi levada para Portugal, onde, por muito tempo, ficou escondida no Pico de São Bartolomeu. Só em 1119, foi encontrada e a notícia se espalhou, levando muitas pessoas a venerarem a santa. Desde então, muitos milagres foram atribuídos a ela.
No Brasil, uma pequena imagem da Senhora de Nazaré foi encontrada em 1700, na cidade de Belém (PA), pelo caboclo Plácido José de Souza, às margens do igarapé Murutucú, onde hoje se encontra a Basílica Santuário.
Plácido teria levado a imagem para a sua choupana e, no dia seguinte, ela não estava mais lá. Correu ao local do encontro e lá estava a “Santinha”. O fato teria se repetido várias vezes até a imagem ser enviada ao Palácio do Governo. No local onde a estátua foi achada, Plácido construiu uma pequena capela.
Em 1792, o Vaticano autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, na capital paraense. Organizado pelo presidente da Província do Pará, capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho, o primeiro Círio foi realizado no dia 8 de setembro de 1793. No início, não havia data fixa para o Círio, que poderia ocorrer nos meses de setembro, outubro ou novembro.
A partir de 1901, por determinação do Bispo Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo domingo de outubro. Tradicionalmente, a imagem é levada da Catedral de Belém à Basílica Santuário.
Hoje, o Círio de Nazaré vai além da procissão principal do segundo domingo de outubro, contando com uma programação que se estende por vários dias, incluindo Missas, momentos de adoração e 12 procissões.
Por sua grandiosidade, o Círio de Nazaré foi registrado, em setembro de 2004, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
ACI Digital

Beata Alexandrina da Costa, que viveu a paixão de Cristo

REDAÇÃO CENTRAL, 13 Out. 19 / 08:00 am (ACI).- “Queres me encontrar, minha filha? Busca-me em teu coração e em tua alma, aí habito teu coração como em meu tabernáculo. Se soubesses o quanto me consolas e o quanto socorres os pecadores só ao dizer-me que eres minha vítima”, disse uma vez Jesus à Beata Alexandrina da Costa, que viveu em êxtase a paixão de Cristo.

Alexandrina nasceu em 1904, em Balasar (Portugal). Para preservar sua virgindade, aos 14 anos se lançou da janela do segundo andar de sua casa, diante da ameaça de alguns mal-intencionados que entraram à força para abusar dela, de sua irmã e de uma amiga.
O golpe lhe causou, depois, uma paralisia total que a obrigou a ficar de cama pelo resto de sua vida. Mais tarde, ofereceu-se a Cristo como vítima pela conversão dos pecadores, por amor à Eucaristia e pela consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, mensagens fundamentais de Fátima.
Nos últimos 13 anos de sua vida não provou alimento, nem bebida e se manteve apenas da Comunhão. Entregue à vida de oração e jejum, em 180 ocasiões experimentou misticamente a paixão de Cristo com muito sofrimento.
Milhares iam ao seu leito para receber dela palavras de consolo e de tornou Cooperadora Salesiana.
Em 13 de outubro de 1955, aniversário do “milagre do sol” que aconteceu em Fátima 38 anos antes, partiu para a Casa do Pai. Antes de morrer, disse: “Não pequem mais. Os prazeres desta vida não valem nada. Recebam a comunhão; rezem o terço todos os dias. Isso resume tudo”.
A pedido da Beata, ficou escrito no epitáfio de seu túmulo a seguinte inscrição: “Pecadores, se as cinzas do meu corpo puderem ser úteis para a vossa salvação, aproximai-vos: passai todos por cima delas, pisai-as até desaparecerem, mas não pequeis mais! Não ofendais mais o nosso Jesus! Pecadores, queria dizer-vos tantas coisas. Não bastaria este grande cemitério para escrevê-las todas! Convertei-vos! Não queirais perder a Jesus por toda a eternidade! Ele é tão bom!... Amai-O! Amai-O! Basta de pecar!”.
São João Paulo II a beatificou em 2004 e, naquela ocasião, assinalou que “pela esteira da Beata Alexandrina, expressa na trilogia ‘sofrer, amar, reparar’, os cristãos podem encontrar estímulo e motivação para nobilitar tudo o que a vida tenha de doloroso e triste com a prova maior de amor: sacrificar a vida por quem se ama”.
ACI Digital

sábado, 12 de outubro de 2019

Tudo pronto para a canonização de Irmã Dulce no Vaticano

Imagem de Irmã Dulce na fachada da Basílica de São Pedro-
Foto: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)
Roma, 12 Out. 19 / 12:29 pm (ACI).- Já está tudo preparado em Roma para a Missa em que o Papa Francisco proclamará Santos a beata Dulce Lopes Pontes, que se converterá na primeira mulher nascida no Brasil a ser inscrita no livro dos santos, junto com outros 4 beatos .
Amanhã serão declaradas santos na Missa que será celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, a religiosa italiana Giuseppina Vanini, fundadora das Filhas de São Camilo; a religiosa Maria Teresa Chiramel Mankidiyan; e a Suíça Marguerite Bays, junto com o Cardeal John Henry Newmann, um converso ao catolicismo que deixou um frutífero legado intelectual para a Igreja.
Este sábado a Praça de São Pedro amanheceu pronta para acolher os milhares de fiéis que participarão da cerimônia, entre eles, centenas de peregrinos vindos de Salvador (BA), onde Irmã Dulce viveu. As cadeiras para a Missa e os cavaletes que separam os distintos âmbitos para este tipo de celebrações também já foram postas.
Do mesmo modo, já estão colocadas as plataformas de onde as diversas equipes de imprensa poderão transmitir a cerimônia que está programada para 10:00 a.m (hora local).
Entre as várias iniciativas que se realizam em Roma para celebrar a canonização destes cinco novos Santos, está a mostra organizada pela embaixada britânica e o Colégio Sacerdotal inglês chamada “Um santo em Roma”, que mostra a passagem do Cardeal Newman pela Cidade Eterna e o evento: “Cardeal Newman: Uma celebração”, programado para este sábado 12 de outubro na Casina Pio IV no Vaticano, com a participação dos Cardeais Pietro Parolin, Fernando Filoni, e Marc Ouellet, da Cúria do Romana, e o Cardeal Vincent Nichols, Arcebispo de Westminster (Inglaterra), onde viveu o futuro santo britânico.
O Brasil estava presente na Praça na manhã de hoje. Peregrinos da Bahia e de todo Brasil vieram presenciar a canonização da brasileira Dulce Lopes Pontes, ou, Irmã Dulce dos Pobres como atualmente é conhecida a Beata.
Em homenagem a Irmã Dulce, a primeira mulher nascida no Brasil a ser inscrita no livro dos Santos, programou-se uma ópera composta por Roberto La Borda, que será apresentada às 18hs na Embaixada brasileira em Roma, perto da Praça Navona.
Para a canonização desta religiosa se espera a participação de 15 mil brasileiros, entre eles o Arcebispo de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger, que se disse emocionado por participar da cerimônia de canonização da freira baiana.
ACI Digital

Irmã Dulce dos Pobres, um grande amor à Eucaristia e à Virgem Maria

Irmâ Dulce dos Pobres, o "Anjo bom da Bahia"
Irmã Dulce dos Pobres
O bispo da Diocese de Irecê - BA, Dom Tommaso Cascianelli, foi orientador espiritual e conselheiro da religiosa que será declarada Santa na celebração de canonizações que o Papa Francisco presidirá este domingo, dia 13 de outubro, no Vaticano. Em entrevista concedida à Rádio Vaticano - Vatican - News, Dom Tommaso nos destaca os traços característicos da espiritualidade da futura Santa, seu amor à Eucaristia e a Nossa Senhora

Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

Amigo ouvinte, o nosso espaço de formação e aprofundamento de hoje traz a participação do bispo da Diocese de Irecê (BA), Dom Tommaso Cascianelli, religioso da Congregação da Paixão de Jesus Cristo, mais conhecida como Congregação dos Passionistas.

Italiano, Dom Tommaso chegou ao Brasil em 1980 como missionário passionista, assumindo diferentes encargos educacionais e paroquiais no exercício de seu ministério sacerdotal em várias cidades da Bahia, entre as quais a capital Salvador, onde conheceu Irmã Dulce Lopes Pontes (nome de batismo, Maria Rita Lopes de Sousa Brito) e suas obras sociais, tornando-se mais tarde orientador espiritual e conselheiro da religiosa que será declarada Santa na celebração de canonizações que o Papa Francisco presidirá no próximo dia 13 de outubro no Vaticano.

Exemplo luminoso de caridade e de amor ao próximo, Irmã Dulce dos Pobres – como é chamada – é também conhecida como o “Anjo bom da Bahia”, recordada por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados.

Nascida em Salvador em 26 de maio de 1914, a religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus faleceu na capital soteropolitana em 22 de maio de 1992 e foi beatificada em 22 de maio de 2011. Como orientador espiritual e conselheiro de Irmã Dulce, Dom Tommaso acompanhou a religiosa nos últimos anos de sua vida.

“Irmã Dulce dizia ver nos pobres e nos enfermos, nos indigentes jogados nas marquises, o rosto sofredor de Jesus, razão pela qual sentia o dever de agir”, ressalta Dom Tommaso, a quem pedimos que nos destacasse os traços característicos da espiritualidade da futura Santa.

ACI Digital

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil

REDAÇÃO CENTRAL, 12 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”. Esses versos são cantados em todo o Brasil em honra à padroeira do país, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, cuja solenidade a Igreja celebra neste 12 de outubro.

A imagem de Aparecida foi encontrada em 1717. Na época, com a notícia da passagem do Conde de Assumar pela Vila de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram para pescar no Rio Paraíba.
Após muitas tentativas sem êxito, foram até o porto de Itaguaçu. João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançando novamente as redes, pegou a cabeça que faltava da imagem. E o que se seguiu foi uma pesca abundante para os três humildes pescadores.
A imagem, feita de terracota, possui uma cor escura, enegrecida, devido ao material com o qual é feita e por ter ficado por um tempo perdida no rio.
A família de Felipe Pedroso ficou com a imagem e levou-a para sua casa. Em um oratório construído no local, as pessoas da vizinhança vinham rezar à Virgem. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem. Assim, a devoção se espalhou por todo o Brasil.
Com o tempo, a casa já se fazia pequena para o grande volume de fiéis que vinham rezar e, por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas, o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma Igreja maior, a atual Basílica Velha.
Em 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada solenemente pelo então Bispo de São Paulo, Dom José Camargo Barros. No dia 29 de abril de 1908, a Igreja recebeu o título de Basílica Menor. E, em 1929, o Papa Pio XI proclamou nossa Senhora Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial.
Com o aumento da devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a primeira Basílica já não dava conta do fluxo de romeiro. Foi necessário, então, construir uma maior, que começou a ser erguida em 11 de novembro de 1955.
Em 1980, ainda em construção, a Basílica Nova foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida como Santuário Nacional, o “maior Santuário Mariano do mundo”.
A festa da Padroeira do Brasil já foi celebrada em diversas datas: dia da Imaculada Conceição (08 de dezembro), 5º domingo após a Páscoa, 1º domingo de maio (mês de Maria) e 7 de setembro (Dia da Pátria).
Foi durante a sua Assembleia Geral de 1953 que a CNBB determinou que a festa fosse celebrada definitivamente no dia 12 de outubro, por associação com a data de descobrimento da América, pela comemoração do Dia da Criança e por ser outubro o mês do encontro da Imagem, no rio Paraíba do Sul, em 1717.
Em 2013, ao visitar o Santuário Nacional de Aparecida, em sua viagem ao Brasil por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco recordou a história da Padroeira do país e questionou: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe?”.
ACI Digital

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

São João XXIII, o Papa bom

REDAÇÃO CENTRAL, 11 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Ah, os santos, os santos do Senhor, que em todos os lugares nos alegram, nos animam e nos abençoam!”, dizia São João XXIII, chamado “Papa bom” e cuja festa litúrgica é neste dia 11 de outubro.

Angelo Giuseppe Roncalli, mais conhecido como São João XXIII, nasceu na Itália em 1881. Ingressou muito jovem no seminário e foi ordenado sacerdote em 1904.
Na Segunda Guerra Mundial, quando era Bispo, salvou muitos judeus com a ajuda do “visto de trânsito” da Delegação Apostólica.
Em 1953, foi criado Cardeal e, com a morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice em 1958. Aos poucos, ganhou o apelido de “Papa bom”, por suas qualidades humanas e cristãs.
O mundo inteiro pôde ver nele um pastor humilde, atento, decidido, corajoso, simples e ativo. Enveredou-se pelos caminhos do ecumenismo e do diálogo com todos. Escreveu as famosas encíclicas “Pacem in terris” e “Mater et magistra” e convocou o Concílio Vaticano II.
Foi chamado à Casa do Pai em 3 de julho de 1963. No ano 2000, foi beatificado por São João Paulo II e canonizado pelo Papa Francisco em abril de 2014.
O milagre para sua beatificação foi baseado na cura de Irmã Caterina Capitani, uma religiosa que tinha uma grave doença estomacal.
As irmãs da paciente, que sabiam da grande admiração da Irmã Caterina por João XXIII, rezaram pedindo a intercessão do “Papa bom” e colocaram uma imagem dele no estômago da religiosa.
Minutos depois, a religiosa começou a se sentir bem e pediu para comer. Mais tarde, Irmã Caterina relataria que viu João XXIII sentado ao pé de sua cama e que lhe disse que sua oração havia sido escutada. A ciência não pôde dar explicações para esta cura.
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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

São Daniel Comboni, apóstolo de Cristo entre os africanos

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “São necessários evangelizadores com entusiasmo e com a paixão apostólica do Bispo D. Daniel Comboni, apóstolo de Cristo entre os africanos”, disse São João Paulo II sobre esse grande missionário, cuja festa é celebrada neste dia 10 de outubro.

“Ele empregou os recursos da sua rica personalidade e de uma sólida espiritualidade para tornar conhecido e acolhido Cristo na África, continente que ele amava profundamente”, acrescentou o Pontífice em sua homilia de canonização de São Daniel Comboni, em 5 de outubro de 2003.
São Daniel nasceu em Limone sul Garda (Bréscia, Itália), em 1831, em uma família de camponeses pobres. Estudou em Verona, no Colégio São Carlos, que era frequentado por crianças de baixos recursos econômicos. Mais tarde, descobriu sua vocação sacerdotal e missionária.
Foi ordenado sacerdote em 1854 e, anos depois, partiu para as missões na África, onde encontrou-se com uma realidade de pobreza muito chocante. Regressou para a Itália e dedicou-se a pedir ajuda para a missão africana, inclusive no Concílio Vaticano I.
Fundou dois Institutos missionários que hoje são os chamados Missionários Combonianos e Missionárias Combonianas. Foi nomeado Vigário Apostólica da África Central e ordenado Bispo em 1877.
Junto aos africanos, viveu secas, viu morrer sua gente, lutou contra a escravidão e até acusações infundadas. Entretanto, manteve-se fiel à Cruz para conseguir a consolidação da atividade missionária. Depois de ter servido a Cristo em sua querida África, partiu para a Casa do Pai em 10 de outubro de 1881.
Atualmente, os Combonianos seguem trabalhando em diversas obras missionárias do mundo.
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Cardeal Sarah critica que usem Sínodo da Amazônia para planos ideológicos

Imagem referencial. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI)
Vaticano, 09 Out. 19 / 01:46 pm (ACI).- O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, advertiu que é abominável e um insulto a Deus usar o Sínodo da Amazônia para introduzir planos ideológicos, como a ordenação sacerdotal de homens casados.
O Purpurado fez esta advertência em uma entrevista publicada pelo jornal italiano ‘Corriere della Sera’.
Questionado sobre a sua opinião sobre o Sínodo da Amazônia, o Cardeal Sarah assegurou ter escutado que queriam fazer deste evento "um laboratório para a Igreja universal", enquanto outros afirmaram "que depois desse sínodo nada será como antes". “Se isso é verdade, isso é desonesto e enganoso. Esse sínodo tem um objetivo específico e local: a evangelização da Amazônia”, afirmou.
“Temo que alguns ocidentais estejam usando esta assembleia para fazer avançar seus planos. Penso em particular na ordenação de homens casados, na criação de ministérios femininos e na jurisdição dos leigos. Esses pontos tocam a estrutura da Igreja Universal. Aproveitar a oportunidade para introduzir planos ideológicos seria uma manipulação indigna, um engano desonesto e um insulto a Deus que guia sua Igreja e confia a ela seu plano de salvação. Além disso, fiquei surpreso e indignado que a angústia espiritual dos pobres na Amazônia seja usada como uma desculpa para apoiar projetos típicos do cristão burguês e mundano. É abominável”, destacou na entrevista.
Também explicou que a proposta de ordenar viri probati, isto é, de homens idosos casados ​​de comprovada virtude, em áreas remotas para celebrar a Missa, confessar e dar a unção dos enfermos, sem função de guia, é uma “proposta teologicamente absurda e implica uma concepção funcionalista do sacerdócio, no sentido de que se pretende separar os três senhorios", santificante, docente e governante, “em total contradição com os ensinamentos do Concílio Vaticano II e de toda a Tradição da Igreja latina que estabelece sua unidade substancial”.
Também advertiu que "a ordenação presbiteral dos homens casados ​​significaria, na prática, colocar em discussão a obrigatoriedade do celibato como tal".
“Nesse sentido, é bom lembrar a frase de São Paulo VI que o Papa Francisco fez sua em um discurso a um grupo de jornalistas em 27 de janeiro de 2019: 'Prefiro dar a vida antes de mudar a lei do celibato'”, afirmou.
Por isso, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enfatizou que “não há nenhum medo. O sínodo estudará, depois o Santo Padre fará as conclusões”.
A questão é outra, assinalou, “compreender o sentido da vocação sacerdotal. Perguntar-se por que não há mais pessoas dispostas a dar-se por inteiro a Deus, no sacerdócio e na virgindade”.
“No entanto, prefere-se raciocinar sobre táticas, com a presunção de que estas possam ajudar a resolver os problemas maiores e geralmente de justiça. Quantas vezes ouvi dizer que, se os sacerdotes pudessem se casar, não haveria pedofilia. Como se não soubéssemos que o problema, de fato, o crime, está relacionado principalmente às famílias, porque é onde ocorre principalmente”, indicou.
Essas abordagens são, em sua opinião, “a presunção dos homens. E, francamente, não acho que as igrejas, onde hoje não existe o celibato sacerdotal, sejam muito mais prósperas que a Igreja Católica, se esse é o objetivo”.
ACI Digital


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Papa Francisco: Instrumentum laboris do Sínodo é um documento destinado a ser destruído

Papa Francisco nesta manhã na Sala do Sínodo. Crédito: Daniel Ibáñez / ACI
Vaticano, 07 Out. 19 / 08:50 am (ACI).- Em seu discurso aos participantes do Sínodo da Amazônia, cujos trabalhos começaram nesta segunda-feira, 7 de outubro, o Papa Francisco afirmou que o Instrumentum laboris é um documento "mártir" destinado a ser destruído.
Ao explicar a importância da ação do Espírito Santo no Sínodo, o Santo Padre lembrou que antes deste evento foram realizadas “consultas, discussões nas conferências episcopais, no Conselho Pré-sinodal, elaborou-se o Instrumentum laboris, que, como sabem, é um texto mártir destinado a ser destruído, porque é como ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós. E, agora, nós devemos caminhar sob a guia do Espírito Santo”.
O Pontífice confirmou assim o que disse há alguns dias o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, que em coletiva de imprensa explicou que o Instrumentum laboris não é um documento magisterial ou pontifício.
"Há críticas ao Instrumentum laboris e a primeira coisa que devo dizer é que não é um documento pontifício", disse o Cardeal italiano em entrevista coletiva em 3 de outubro, na Sala de Imprensa do Vaticano.
O Purpurado explicou que o texto é o resultado de dois anos de trabalho durante os quais “os povos amazônicos foram escutados e essa expressão foi coletada não apenas em uma única assembleia”, mas em várias, nas quais “os bispos, responsáveis diretos da evangelização, escutam o povo e devem registrar isso. Foram dois anos de preparação e essa é a síntese”.
O Secretário-Geral do Sínodo também indicou que, “se há um cardeal ou um bispo que não concorda e vê que há conteúdos que não correspondem, tudo bem. Contudo, direi que é necessário escutar e não julgar, porque (o Instrumentum laboris) não é um documento magisterial. É o documento de trabalho que será entregue aos padres sinodais e que será a base para poder começar os trabalhos e construir o documento final do zero”.
Em seu discurso nesta manhã, o cardeal italiano disse que, “nas três semanas de trabalho que hoje estão abertas diante de nós, o Instrumentum laboris constituirá o ponto de referência e a base necessária da reflexão e do debate sinodal e não um texto para fazer emendas".
A função do Instrumentum laboris, destacou, "conclui com a elaboração do Documento final, que reunirá os resultados alcançados por esta assembleia e por todo o processo sinodal".
Críticas ao documento de trabalho do Sínodo da Amazônia
Nos últimos meses, diferentes bispos e cardeais expressaram uma postura crítica sobre o documento de trabalho ou Instrumentum laboris do Sínodo da Amazônia.
O Bispo Emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, que serviu nesta jurisdição amazônica por quase 30 anos, escreveu vários artigos críticos sobre o Instrumentum laboris.
Em um deles, criticou o papel da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), que, em sua opinião, baseia-se em um “pensamento único” que é “ameaçador” para o caminho da sinodalidade e unidade eclesial do Brasil.
No início de setembro de 2019, os cardeais Walter Brandmüller e Raymond Burke escreveram uma carta em italiano para os outros membros do Colégio de Cardeais – às quais o Grupo ACI teve acesso – fazendo uma grave denúncia sobre alguns pontos do documento de trabalho.
O Cardeal Brandmüller alertou que “as formulações nebulosas do Instrumentum, como a pretendida criação de novos ministérios eclesiásticos para as mulheres e, sobretudo, a ordenação presbiteral dos chamados viri probati, suscitam a forte suspeita de que será colocado em questão até mesmo o celibato sacerdotal".
Em julho deste ano, o Cardeal Gerhard Müller, Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, também fez uma crítica ao documento de trabalho, especificando, por exemplo, que no texto “o significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira inflada”.
Especificamente, cita conceitos pouco explicados, como “caminho sinodal”, “desenvolvimento integral”, “Igreja samaritana, sinodal e aberta” ou “Igreja de Abertura, Igreja dos Pobres, Igreja da Amazônia”.
Em segundo lugar, assegura que "a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica". No Instrumentum laboris, “toda a linha de pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João Paulo II e Bento XVI".
“Talvez o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam, de maneira bastante incompetente de: ‘o mantra de Francisco’”, escreveu.
Nas últimas semanas, o Cardeal Jorge Urosa, Arcebispo emérito de Caracas, enviou à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, três artigos e uma breve declaração sobre o Sínodo da Amazônia.
No primeiro, o cardeal venezuelano destacou as fortalezas e as falhas do Sínodo, com a intenção de que os padres sinodais ajudem a melhorar estas últimas.
No segundo, o Purpurado explicou que o Instrumentum laboris “não é um documento para uma assembleia de ONGs, mas de um Sínodo eclesial, de uma assembleia muito importante da Igreja para ajudá-la a viver melhor sua missão, para revitalizar a Igreja lá e no mundo inteiro, para o qual devemos apresentar novos caminhos de evangelização autêntica”.
Enquanto no terceiro, o Arcebispo Emérito de Caracas especificou as razões pelas quais não se pode ordenar homens casados nem mulheres.
O Cardeal Urosa também fez uma declaração na qual explicou que "uma análise do Instrumento Laboris não é para atacar o Sínodo, mas para contribuir para o seu sucesso!".
O Arcebispo assinalou que “o Sínodo é muito importante e quero contribuir modestamente, para que seja um sucesso na evangelização, na revitalização da Igreja e na defesa da Amazônia e de seus habitantes. As observações são direcionadas ao texto, que, na minha opinião, pode e deve ser melhorado”.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF