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domingo, 3 de abril de 2022

A Igreja Católica em Malta

Outdoor alusivo à visita do Papa Francisco a Malta  (DARRIN ZAMMIT LUPI)

O país foi visitado duas vezes por São João Paulo II e uma vez por Bento XVI. O Papa Wojtyla visitou-a pela primeira vez de 25 a 27 de maio de 1990 (48ª viagem internacional) e lá parou no dia 1 de setembro do mesmo ano, de passagem para a viagem à Tanzânia, Burundi, Ruanda, Yamoussoukro (49ª viagem internacional) e, por fim, de 8 a 9 de maio de 2001, a última etapa da "Peregrinação jubilar nas pegadas do Apóstolo Paulo" (93ª viagem internacional à Grécia, Síria e Malta).

Vatican News

A Arquidiocese de Malta (ep. Apost.; Metr. 1 de janeiro de 1944) tem uma área de 246 km2 na qual estão distribuídos 436.000 habitantes, sendo 368.000 católicos. Tem 70 paróquias; 5 igrejas; 278 sacerdotes diocesanos (3 ordenados no último ano); 303 sacerdotes regulares diocesanos; 19 seminaristas dos cursos filosófico e teológico; 378 membros de institutos religiosos masculinos; 753 membros de institutos religiosos femininos; 67 institutos de ensino; 45 instituições de caridade; 3.044 batizados no último em 2018).

O Arcebispo Metropolitano de Malta é Dom Charles Jude Scicluna, do clero de Malta, nascido em Toronto em 15 de maio de 1959; ordenado sacerdote em 11 de julho de 1986; eleito à igreja titular de São Leão em 6 de outubro de 2012; consagrado bispo em 24 novembro de 2012; promovido em 27 de fevereiro de 2015; Secretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé.

Conferência Episcopal de Malta reúne os bispos das duas circunscrições eclesiásticas do arquipélago maltês: a Arquidiocese de Malta e a Diocese de Gozo. Atualmente é presidida por Dom Charles Jude Scicluna, arcebispo de Malta, enquanto o vice-presidente é Dom Anton Teuma, bispo de Gozo. O secretário geral é o padre Jimmy Bonnici.

Nunciatura Apostólica de Malta foi instituída em 15 de dezembro de 1965 com o breve Estudo christianae de Papa Paulo VI. O prédio que a abriga, projetado pelo arquiteto Joseph M. Spiteri, está localizado em Tal Virtù, na cidade de região norte de Malta, Rabat, na fronteira com a antiga capital Medina. É em Rabat que São Paulo ficou depois de um naufrágio na costa maltesa, fundando a primeira comunidade cristã da ilha, e local que sempre acolheu diversas Ordens religiosas, como a dos dominicanos e agostinianos, ainda hoje presentes nos mosteiros e conventos desta terra.

As origens

As origens da Igreja maltesa remontam à obra evangelizadora do Apóstolo Paulo, naufragado em Malta, conforme consta nos Atos dos Apóstolos (caps. 27-28), no inverno do ano 60 durante sua viagem a Roma. Seu primeiro bispo foi São Publio, que governou a Igreja em Malta por três décadas antes de ser martirizado em Atenas em 112.

A presença cristã no arquipélago está amplamente documentada por evidências arqueológicas e documentais. Como nas outras partes do Império Romano, o cristianismo se manifestou publicamente após o Edito de Milão do imperador Constantino (313).

No auge da controvérsia iconoclasta, na primeira metade do século VIII, as ilhas, juntamente com a Sicília, Calábria e o Ilírico, foram integradas à Igreja Bizantina. Por cerca de um século, até a expulsão dos bizantinos pelos árabes, entre 869 e 870, a Igreja nestas ilhas ela era grega. A influência grega continuaria durante todo o período de dominação muçulmana (870-1090) que não eliminou completamente a presença cristã no arquipélago, em particular na ilha de Gozo.

Em 1530 o imperador Carlos V cedeu o arquipélago maltês aos Cavaleiros da Ordem de São João (Soberana Ordem Militar de Malta - Smom), obrigados a deixar Rodes após o cerco de Suleiman. Eles a teriam abandonado em 1798, quando Napoleão Bonaparte ocupou as ilhas.

Em 1817 a Diocese de Malta passou a fazer parte da Província Eclesiástica da Arquidiocese de Palermo e em 1844 foi imediatamente declarada sujeita à Santa Sé. Foi elevada à arquidiocese metropolitana pelo Papa Pio XII em 1944. Em 15 de dezembro de 1965, após a independência, a República de Malta estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé.

 O país foi visitado duas vezes por São João Paulo II e uma vez por Bento XVI. O Papa Wojtyla visitou-a pela primeira vez de 25 a 27 de maio de 1990 (48ª viagem internacional) e lá parou no dia 1 de setembro do mesmo ano, de passagem para a viagem à Tanzânia, Burundi, Ruanda, Yamoussoukro (49ª viagem internacional) e, por fim, de 8 a 9 de maio de 2001, a última etapa da "Peregrinação jubilar nas pegadas do Apóstolo Paulo" (93ª viagem internacional à Grécia, Síria e Malta).

Nesta última viagem, em 9 de maio, João Paulo II beatificou o clérigo Ignazio Falzon, (1813-1865), Irmã Maria Adeodata Pisani, monja beneditina de clausura (1806-1855) e Dom George Preca, fundador da Sociedade da Doutrina Cristã (SDS), também conhecida como M.U.S.E.U.M. ("Magister Utinam Sequatur Evangelium Universus Mundus"), fundada em 1907 para preparar os jovens para que, por sua vez, pudessem dar uma formação religiosa.

Bento XVI visitou a ilha de 17 a 18 de abril, por ocasião da 1950º aniversário do naufrágio de São Paulo em Malta.

Os desafios da Igreja em Malta hoje

O catolicismo em Malta é uma realidade viva: os católicos são cerca de 85% de seus habitantes (408 mil batizados) e boa parte da população participa regularmente da Missa dominical, embora nas últimas décadas tenha havido um declínio progressivo.

A vida paroquial é muito intensa e as 85 paróquias existentes estão integradas plenamente na vida e no tecido social. Uma expressão emblemática dessa feliz simbiose é o elevado número de festas patronais nas várias localidades.

No geral, portanto, o sentimento religioso ainda é forte e a presença da Igreja é muito enraizada no tecido social, inclusive por meio de suas inúmeras instituições, a começar pela escola: em Malta existem mais de 70 escolas católicas. Nas escolas públicas, além disso, de acordo com a Constituição maltesa, é ensinada a religião católica. Um princípio reafirmado no acordo entre a Santa Sé e o Estado de Malta, assinado em 16 de novembro de 1989, e nas "Modalidades do regulamento sobre instrução e educação religiosa católica nas escolas públicas”.

Outro acordo entre o Santa Sé e Malta, assinado em 28 de novembro de 1991, garante a existência das escolas geridas pela Igreja na ilha. Depois, existem as numerosas estruturas de assistência aos idosos, pessoas com deficiências físicas e mentais (a mais antiga das quais é a "Casa da Providência", fundada em 1965 por Monsenhor Mikiel Azzopardi, assistente eclesiástico da Ação Católica de Malta), para viciados em drogas (a Igreja foi a primeira a abrir uma instalação para pessoas com problemas de drogas no país) e as faixas sociais mais pobres.

A comunidade católica maltesa também é muito ativa na frente missionária, um trabalho que hoje envolve não somente sacerdotes, religiosos e religiosas, mas também fiéis leigos e famílias.

A Igreja maltesa também deve enfrentar os desafios surgidos com a evolução da sociedade: em primeiro lugar, a transmissão da fé num contexto plural. Uma fé que não se entende como mera religiosidade externa nem fato sociológico, que é herdado da família, como no passado, mas que se quer viva, consciente e bem formada, para ser compartilhada e testemunhada em todos os ambientes.

Na Carta do Advento de 2012. Por exemplo, a Igreja maltesa exortou os fiéis a "não temer o desafio da nova evangelização", mas "responder às dificuldades do homem", imitando "o Bom Samaritano, aquele que também percorre todos os caminhos os perigosos, porque é lá que encontra Cristo, entre os feridos e os abandonados”.  Nesta ótica, os bispos convidaram a sociedade a um "diálogo fecundo", sobretudo no que diz respeito a "fé e cultura" e "fé e razão".

Outro grande desafio é representado pela crise familiar que agora tocou a sociedade maltesa como evidenciado pela vitória do referendo sobre o divórcio, realizado em 2011. Uma vitória recebida com amargura pela Igreja local: até aquele momento, na verdade, Malta era o único país europeu que não autorizava a dissolução legal da união matrimonial.

Muito polêmica também a discussão em 2012 sobre a fertilização in vitro, depois aprovada pelo Parlamento: em várias declarações, os prelados locais chamaram essa prática de "moralmente inaceitável", apelando para o proteção da vida e salvaguarda da união e do amor conjugal.

Em 2017, foi aprovada a legalização das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Mais uma vez, os prelados expressaram seu pesar, reiterando que "o casamento será sempre o vínculo exclusivo entre um homem e uma mulher, aberto à procriação de filhos". No entanto, o aborto continua a ser uma prática ilegal.

Na frente da liberdade religiosa, deve-se notar que em julho de 2016 a lei 133 alterou uma lei de 1933 que punia a difamação da religião católica. Existe, por fim, o desafio da luta contra as velhas e novas pobrezas e o problema imigração.

Nesta última frente, a Igreja maltesa está empenhada, tanto em um trabalho de sensibilização e promoção de uma cultura de hospitalidade e integração, como na assistência material aos imigrantes como aos refugiados por meio da Comissão para as Migrações e na advocacia para proteger os direitos dessas pessoas.

O compromisso dos bispos malteses em salvaguardar a criação em particular também é forte para a defesa do território contra os abusos da construção costeira. Em várias ocasiões, o A Comissão Interdiocesana para o Meio Ambiente invocou a necessidade de garantir o desenvolvimento sustentável e a ecologia.

Os bispos não deixaram de fazer ouvir suas vozes em alguns eventos políticos que marcaram o país nos últimos anos. Em 2019 lançaram um forte apelo à unidade nacional e para não exacerbar as divisões após as revelações sobre o assassinato da jornalista Daphne Caruana Galicia, que chamou em causa líderes do governo de Mascate.  Em nota divulgada naqueles dias, os prelados convidaram todas as partes envolvidas para “trabalhar para o bem comum da sociedade maltesa em geral”, promovendo “justiça, verdade e honestidade”, no respeito mútuo e "rejeitando veementemente todas as formas de violência".

Um capítulo doloroso para a Igreja maltesa foi a história dos abusos, pelos quais os bispos malteses pediram perdão em uma mensagem publicada em abril de 2010, às vésperas da Viagem Apostólica de Bento XVI, que durante a visita encontrou oito vítimas.

Duas, em particular, as datas a recordar: 2014, ano em que a Igreja local instituiu uma Comissão para a Proteção de Menores e Prevenção do Crime de Abuso. E em 13 de novembro de 2018, quando o Papa Francisco nomeou secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé Dom Scicluna, que no entanto manteve o cargo de arcebispo de Malta. O prelado, de fato, distinguiu-se em particular pelos esforços empreendidos na luta contra o abuso sexual no Igreja, com particular atenção às vítimas da violência, realizando importantes missões em nome do Pontífice, também após a nomeação, recebida em 21 de janeiro 2015, como presidente do Conselho para apreciação de recursos relativos à Delicta reservata, na Congregação para a Doutrina da Fé.

Cavaleiros de Malta

A Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, conhecida como Soberana Ordem Militar de Malta (SMOM), ou também Ordem de Malta, nasceu em 1048, quando alguns antigos mercadores da antiga República Marítima de Amalfi obteve do Califa do Egito a permissão para construir em Jerusalém uma igreja, um convento e um hospital para atender os peregrinos de todas as religiões ou raças.

A Ordem de São João de Jerusalém torna-se independente sob a guia do seu fundador, o Beato Geraldo. Com a Bula de 15 de fevereiro de 1113, O Papa Pascoal II coloca o hospital de São João sob a tutela da Igreja, com direito de eleger livremente seus superiores. Assim, o hospital torna-se um Ordem religiosa leiga.  Mais tarde, a Ordem adotou a Cruz Octogonal branca, que ainda hoje é o seu símbolo.  Ao longo dos séculos, o número de membros de toda a Europa aumenta, ajudando a fortalecer a presença da Ordem em Rodes (1310- 1522) e em Malta (1530-1798).

Chegada a Malta: no século XVI, o Grão-Mestre Fra 'Philippe de Villiers de l'Isle Adão toma posse da ilha, cedida à Ordem pelo imperador Carlos V com a aprovação do Papa Clemente VII. Em 1565 os Cavaleiros, liderados pelo Grão-Mestre Fra 'Jean de la Vallette, defendem o território do cerco dos otomanos. Depois de vitória, são construídas a cidade e o porto de Valeta, que leva o nome do Grão-Mestre seu fundador.

Os Cavaleiros transformam Malta com importantes projetos de construção urbana, incluindo um grande hospital, e nos séculos seguintes a frota da Ordem participa nas manobras defensivas mais importantes do Mediterrâneo.

Hoje, os 13.500 Os Cavaleiros e Damas da Ordem permanecem fiéis aos princípios inspiradores, resumidos em lema Tuitio Fidei et Obsequium Pauperum, para alimentar, defender e testemunhar a fé e servir os pobres e os doentes. Um compromisso que se traduz em realidade em 120 países em todo o mundo, por meio de projetos humanitários e de assistência social.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A República de Malta

Malta é patrimônio da Unesco | Vatican News

A capital da ilha, Valeta, deve sua existência aos Cavaleiros da Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, que ali se refugiaram durante as cruzadas do século XVI. Até a chegada da Ordem, no Monte Sceberras, não havia nenhum prédio, exceto uma pequena torre de vigia, chamada Sant'Elmo, localizada em sua extremidade.

Vatican News

A República de Malta é um arquipélago do Mediterrâneo centro-sul entre as costas da Sicília e da Tunísia, constituído pelas ilhas de Malta, Gozo (Ghawdex), Comino (Kemmuna) e outras menores.

Capital: Valeta (5.800 hab.)

Superfície: 316 quilômetros quadrados

População: 478.000

Densidade: 1.513 hab./kmq

Idioma: Maltês, Inglês (oficial)

Principais grupos étnicos: maltês (96%), britânico (2%), outros (2%)

Religião: católicos (85%), outros (15%)

Forma de governo: República parlamentar

Unidade monetária: euro

Membro de organizações internacionais: Commonwealth, Conselho da Europa, BERD, ONU, OSCE, observador da OEA, UE, OMC

A República de Malta é o país mais meridional da União Europeia e, apesar de suas pequenas dimensões, sempre teve uma importância relevante sobretudo pela sua posição altamente estratégica no coração do Mediterrâneo.

Anteriormente uma colônia britânica a partir 1800, tornou-se independente dentro da Commonwealth em 21 de setembro 1964 e a partir de 13 de dezembro de 1974 tornou-se uma república parlamentar.

Desde a independência, os dois principais partidos alternaram-se no poder: o Partido Trabalhista (MPL) e o Partido Nacionalista (PN).

Nas eleições gerais de 2013, o Partido Trabalhista derrotou a formação nacionalista do primeiro-ministro cessante Gonzi, que foi sucedido por Joseph Muscat. Este último foi reconfirmado no cargo nas eleições antecipadas que convocou em junho de 2017 para reconfirmar o consenso dos eleitores após os escândalos relacionados aos chamados “Panama Papers”, o sistema global de evasão fiscal revelado em 2016 pelo Consórcio internacional de Jornalistas Investigativos (CIGI). As eleições europeias realizadas em maio de 2019 confirmaram ainda mais a liderança do primeiro-ministro Muscat, cujo partido recebeu 55% dos votos, seguido pelos centristas do PN (37%).

Demitido em janeiro de 2020 devido ao envolvimento de vários membros do Executivo na investigação do assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia em 2017, foi substituído no cargo por Robert Abela, eleito líder do Partido Trabalhista.

Tendo entrado na União Europeia em 2004 após um referendo, Malta é membro do Eurogrupo desde 2008 e de 1 de janeiro a 30 de junho de 2017 exerceu a presidência do Conselho da União Europeia. Após a morte prematura de David Sassoli, foi eleita para a Presidência do Parlamento Europeu a maltesa Roberta Metsola, eurodeputada do PPE.

País de tradição católica arraigada, Malta é o único Estado europeu onde o aborto ainda é totalmente ilegal, enquanto o divórcio foi legalizado em 2011.

A economia do país, que por muito tempo extraiu receitas significativas da presença da base

militar britânica encerrada definitivamente em 1979, baseia-se principalmente nas atividades relacionadas com o porto da capital Valeta, em um florescente turismo e serviços financeiros. Dada a sua posição geográfica a meio da rota entre a Líbia e a Itália, Malta nos últimos anos, viu-se diante de uma crescente pressão migratória que consegue gerir com dificuldade, dado o seu território limitado.

A capital Valeta

Valeta (II-Belt, "a cidade" em maltês), capital da República de Malta, está localizada na costa nordeste da ilha, na península do Monte Sceberras, uma colina que se ergue sobre duas enseadas, Marsamxett e Grand Harbour.

A cidade deve sua existência aos Cavaleiros da Ordem do Hospital de São João de Jerusalém, que ali se refugiaram durante as cruzadas do século XVI. Até a chegada da Ordem no Monte Sceberras não havia nenhuma construção, exceto um pequena torre de vigia, chamada Sant'Elmo, localizada em sua extremidade.

O Grão-Mestre dos Cavaleiros, Jean Parisot de la Valette, herói que resistiu ao Grande Cerco dos turcos em 1565, logo percebeu que se a Ordem quisesse manter o domínio sobre Malta, deveria aumentar suas defesas. Por essa razão elaborou um projeto para uma nova cidade fortificada, que recebeu a atenção quer do Papa Pio V como de Filipe II da Espanha, ambos prometendo ajuda financeira.

O Papa emprestou aos Cavalieros os serviços de Francesco Laparelli, um famoso engenheiro militar italiano, que construiu a cidade à mesa, com um esquema de "grade", que ainda hoje é vanguardista.

Os trabalhos tiveram início em março de 1566. O novo centro foi chamado Valeta em homenagem ao seu fundador, que não viveu o suficiente para ver a sua conclusão, vindo a falecer em 1568. O arquiteto Laparelli deixou Malta em 1570 e foi substituído por seu próprio assistente Jerônimo Cassar, que projetou e supervisionou a maior parte dos primeiros prédios, incluindo a Sacra Enfermaria, que foi o hospital dos Cavaleiros de Malta, o Igreja de São João, o Palácio Magistral, sede do Grão-Mestre, e os sete Auberges, ou pousadas de residência dos Cavaleiros.

No século XVI, Valeta tornou-se uma cidade importante. Pessoas de todas as partes da ilha se reuniram para viver dentro de suas fortificações seguras, especialmente porque Medina, até então capital de Malta, tinha perdido muito do seu esplendor.

Depois de alguns séculos, a capital foi duramente atingida pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, mas resistiu ao terrível golpe e, em poucos anos, ressuscitou. As cicatrizes da guerra ainda são visíveis no local anteriormente ocupado pela antiga Royal Opera House no coração da cidade.

Hoje Valeta, conhecida como "a cidade fortaleza", “a cidade humaníssima”, “a cidade construída por cavalheiros para cavalheiros”, é o principal centro comercial e financeiro da ilha de Malta e é visitada diariamente por inúmeros turistas. É um patrimônio da UNESCO graças às altas muralhas de defesa, às torres de vigia, igrejas, prédios históricos, museus, teatros, ruas e praças animadas.

Entre as principais igrejas está a Igreja Católica Romana de Nossa Senhora das Vitórias, a primeira construção erguida na cidade; a co-catedral barroca de São João, onde está sepultado o corpo de Valete e dentro do qual figuram obras de artistas como Caravaggio e Mattia Preti e a Igreja de São Francisco de Assis, que remonta ao século XVI.

Entre os prédios mais célebres e centros nevrálgicos da cidades estão o Palácio Magistral, que abriga o gabinete do presidente de Malta, o Auberge de Castille, o Auberge d'Aragon, o Auberge d'Italie, a Casa Rocha Pequena, uma antiga residência nobre, hoje transformada em casa-museu no centro da capital, o Teatro Manoel, um dos mais antigos da Europa, os Jardins Superiores de Barrakka e as 2 principais ruas de comércio, Republic Street e Merchant Street.

Gozo

Gozo (30.000 hab.), ("Alegria" em castelhano), segundo alguns estudiosos a lendária ilha de Ogígia, contada por Homero na Odisseia, onde Ulisses, em sua longa peregrinação, permaneceu por sete longos anos, prisioneiro da ninfa Calipso. É a segunda maior ilha do arquipélago maltês.

Separada de Malta por um braço de mar de apenas 5 km, Gozo é um terço da ilha de Malta e tem um carácter mais tranquilo e campestre. A influência árabe é visível em todos os lugares, mas mais ainda a dos Cavaleiros de São João.

A igreja de São João Batista (la Rotonda), no povoado de Ix-Xewkija, construída inteiramente de calcário branco, possui uma das maiores cúpulas sem suporte do mundo e é a maior igreja da ilha, visível por quilômetros.

Todas as estradas de Gozo levam à Victoria, também conhecida como Rabat. Esta cidadela fortificada no topo de um pico não é apenas o coração geográfico do território, mas também o centro das atividades cotidianas, com a praça principal do mercado It-Tokk, a Catedral da Assunção e a Basílica de São Jorge.

Muito célebres os templos megalíticos de Ggantija em Xagħra, que remontam a 3600 a.C., consistindo de megálitos com mais de cinco metros de comprimento e cinquenta toneladas de peso, construídos com blocos brutos de calcário coral, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Na colina de Dbiegi, o ponto mais alto e mais panorâmica de Gozo, está situado o povoado de L-Għarb ("oeste" em árabe), nas proximidades do qual fica o Santuário de Ta 'Pinu, construído na década de 1920, em cuja capela, em 1883, uma mulher da localidade ouviu a voz de Nossa Senhora. Hoje é o principal local de peregrinação da ilha.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Luís Scrosoppi

S. Luís Scrosoppi | arquisp
03 de abril

São Luís Scrosoppi

Luís nasceu em 4 de agosto de 1804, em Udine, cidade do Friuli, no Norte da Itália. Foi o último dos filhos de Antônia e Domingos Scrosoppi, cristãos fervorosos que educaram os filhos dentro dos preceitos da fé e na caridade. Aos doze anos, Luís ingressou no seminário diocesano de Udine, e, em 1827, foi ordenado sacerdote.

A região do Friuli, a partir de 1800, mergulhou na miséria em conseqüência das guerras e epidemias, o que serviu ao padre Luís de estímulo para cuidar dos necessitados. Dedicou-se, com outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das "derelitas", as mais sozinhas e abandonadas jovens de Udine e dos arredores. A elas ele disponibilizou todos os seus bens, suas energias e seu afeto, sem economizar nada de si. Quando foi preciso, ele não hesitou em pedir esmolas. A sua vida foi, de fato, uma expressão palpável da grande confiança na Providência Divina.

Com essas senhoras, chamadas de "professoras", hábeis no trabalho de costura e de bordado, que estavam aptas à alfabetização, dispostas a colocarem suas vidas nas mãos do Senhor para servi-lo e optando por uma vida de pobreza, padre Luís Scrosoppi fundou a Congregação das Irmãs da Providência. Mas notou que necessitava de algo mais para dar continuidade a essa obra. Por isso, aos quarenta e dois anos de idade, em 1846, tornou-se um "filho de são Felipe" e, através do santo, aprendeu a mansidão e a doçura, qualidades que lhe deram mais idoneidade na função de fundador e pai da nova família religiosa.

Todas as obras feitas por padre Luís refletiram sua opção pelos mais pobres e necessitados. Ele profetizou certa vez: "Doze casas abrirei antes da minha morte", e sua profecia concretizou-se. Foram, realmente, doze casas abertas às jovens abandonadas, aos doentes pobres e aos anciãos que não tinham família. Porém Luís não se dedicava apenas às suas obras de caridade. Ele também oferecia seu apoio espiritual e econômico a outras iniciativas sociais de Udine, realizadas por leigos de boa vontade. Era dele, também, a missão de sustentar todas as atividades da Igreja, em particular as destinadas aos jovens do seminário de Udine.

Depois de 1850, a Itália unificou-se, num clima anticlerical, e os fatos políticos representaram um período difícil para Udine e toda a região do Friuli. Uma das conseqüências foi o decreto de supressão da "Casa das Derelitas" e da Congregação dos Padres do Oratório, de Udine. Após uma verdadeira batalha, conseguiu salvar as "Casas", mas não conseguiu impedir a supressão da Congregação do Oratório.

Já no fim da vida, padre Luís transferiu a direção de suas obras às irmãs, que aceitaram a missão com serenidade e esperança. Quando sentiu chegar o fim, dirigiu suas últimas palavras às irmãs, animando-as para os revezes que surgiriam, lembrando-as: "... Caridade! Eis o espírito da vossa família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a caridade". Morreu no dia 3 de abril de 1884. Toda a população de Udine e das cidades vizinhas foram vê-lo pela última vez e pedir-lhe ajuda do paraíso celeste.

No terceiro milênio, as irmãs da Providência continuam a obra do fundador nos seguintes países: Romênia, Moldávia, Togo, Índia, Bolívia, Brasil, África do Sul, Uruguai e Argentina.
Padre Luís Scrosoppi foi proclamado santo pelo papa João Paulo II em 2001. Nessa solenidade estava presente um jovem sul-africano que foi curado, em 1996, da Aids. Por esse motivo, esse mesmo pontífice declarou São Luis Scrosoppi padroeiro dos portadores do vírus da Aids e de todos os doentes incuráveis. O jovem sul-africano que se curou desse vírus entrou no Oratório de São Felipe Néri, tomando o nome de Luís.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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São José de Anchieta

S. José de Anchieta | arquisp
09 de junho

São José de Anchieta

José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, na cidade de São Cristóvão da Laguna, na ilha de Tenerife, do arquipélago das Canárias, Espanha. Foi educado na ilha até os quatorze anos de idade. Depois, seus pais, descendentes de nobres, decidiram que ele continuaria sua formação na Universidade de Coimbra, em Portugal. Era um jovem inteligente, alegre, estimado e querido por todos. Exímio escritor, sempre se confessou influenciado pelos escritos de são Francisco Xavier. Amava a poesia e mais ainda, gostava de declamar. Por causa da voz doce e melodiosa, era chamado pelos companheiros de "canarinho".

Mas também tinha forte inclinação para a solidão. Tinha o hábito de recolher-se na sua cela ou de retirar-se para um local ermo a fim de dedicar-se à oração e à contemplação. Certa vez, isolou-se na catedral de Coimbra e, quando rezava no altar de Nossa Senhora, compreendeu a missão que o aguardava. Naquele mesmo instante, sentiu o chamado para dedicar sua vida ao serviço de Deus. Tinha dezessete anos e fez o voto de consagrar-se à Virgem Maria.

Ingressou na Companhia de Jesus e, quando se tornou jesuíta, seguiu para o Brasil, em 1553, como missionário. Chegou na Bahia junto com mais seis jesuítas, todos doentes, inclusive ele, que nunca mais se recuperou. Em 1554, chegou à capitania de São Vicente, onde, junto com o provincial do Brasil, padre Manoel da Nóbrega, fundou, no planalto de Piratininga, aquela que seria a cidade de São Paulo, a maior da América do Sul. No local foi instalado um colégio e seu trabalho missionário começou.

José de Anchieta não apenas catequizava os índios. Dava condições para que se adaptassem à chegada dos colonizadores, fortalecendo, assim, a resistência cultural. Foi o primeiro a escrever uma "gramática tupi-guarani", mas, ao mesmo tempo, ensinava aos silvícolas noções de higiene, medicina, música e literatura. Por outro lado, fazia questão de aprender com eles, desenvolvendo diversos estudos da fauna, da flora e do idioma.

Anchieta era também um poeta, além de escritor. É célebre o dia em que, estando sem papel e lápis à mão, escreveu nas areias da praia o célebre "Poema à Virgem", que decorou antes que o mar apagasse seus versos. A profundidade do seu trabalho missionário, de toda a sua vida dedicada ao bem do próximo aqui no Brasil, foi exclusivamente em favor do futuro e da sobrevivência dos índios, bem como para preservar sua influência na cultura geral de um novo povo.

Com a morte do padre Manoel da Nóbrega em 1567, o cargo de provincial do Brasil passou a ser ocupado pelo padre José de Anchieta. Neste posto mais alto da Companhia de Jesus, viajou por todo o país orientando os trabalhos missionários.

José de Anchieta morreu no dia 9 de junho de 1597, na pequena vila de Reritiba, atual cidade de Anchieta, no Espírito Santo, sendo reconhecido como o "Apóstolo do Brasil". Foi beatificado pelo papa João Paulo II em 1980. A festa litúrgica foi instituída no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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São Francisco de Paula

S. Francisco de Paula | arquisp
02 de abril

São Francisco de Paula

Tiago era um simples lavrador que extraia do campo o sustento da família. Muito católico, tinha o costume de rezar enquanto trabalhava, fazia seguidos jejuns, penitências e praticava boas obras. Sua esposa chamava-se Viena e, como ele, era boa, virtuosa e o acompanhava nos preceitos religiosos. Demoraram a ter um filho, tanto que pediram a são Francisco de Assis pela intercessão da graça de terem uma criança, cuja vida seria entregue a serviço de Deus, se essa fosse sua vontade. E foi o que aconteceu: no dia 27 de março de 1416, nasceu um menino que recebeu o nome de Francisco, em homenagem ao Pobrezinho de Assis.

Aos onze anos, Francisco foi viver no convento dos franciscanos de Paula, dois anos depois vestiu o hábito, mas teve de retornar para a família, pois estava com uma grave enfermidade nos olhos. Junto com seus pais, pediu para que são Francisco de Assis o ajudasse a ficar curado. Como agradecimento pela graça concedida, a família seguiu em peregrinação para o santuário de Assis, e depois a Roma. Nessa viagem, Francisco recebeu a intuição de tornar-se um eremita. Assim, aos treze anos foi dedicar-se à oração contemplativa e à penitência nas montanhas da região.
Viveu por cinco anos alimentando-se de ervas silvestres e água, dormindo no chão, tendo como travesseiro uma pedra. Foi encontrado por um caçador, que teve seu ferimento curado ao toque das mãos de Francisco, que o acolheu ao vê-lo ferido.

Depois disso, começou a receber vários discípulos desejosos de seguir seu exemplo de vida dedicada a Deus. Logo Francisco de Paula, como era chamado, estava à frente de uma grande comunidade religiosa. Fundou, primeiro, um mosteiro e com isso consolidou uma nova ordem religiosa, a que deu o nome de "Irmãos Mínimos". As Regras foram elaboradas por ele mesmo. Seu lema era: "Quaresma perpétua", o que significava a observância do rigor da penitência, do jejum e da oração contemplativa durante o ano todo, seguida da caridade aos mais necessitados e a todos que recorressem a eles.

Milhares de homens decidiram abandonar a vida do mundo e foram para o mosteiro de Francisco de Paula, por isso teve de fundar muitos outros. A fama de seus dons de cura, prodígios e profecia chegou ao Vaticano, e o papa Paulo II resolveu mandar um comissário pessoalmente averiguar se as informações estavam corretas. E elas estavam, constatou-se que Francisco de Paula era portador de todos esses dons. Ele previu a tomada de Constantinopla pelos turcos, muitos anos antes que fosse sequer cogitada, assim como a queda de Otranto e sua reconquista pelos cristãos.

Diz a tradição que os poderosos da época tinham receio de suas palavras proféticas, por isso, sempre que Francisco solicitava ajuda para suas obras de caridade, era prontamente atendido. Quando não o era, ele dizia que não deviam esquecer que Jesus dissera que depois da morte eles seriam inquiridos sobre o tipo de administração que fizeram aqui na terra, e só essa lembrança era o bastante para receber o que havia pedido para os pobres.
Depois, o papa Sixto IV mandou que Francisco de Paula fosse à França, pois o rei, Luís XI, estava muito doente e desejava preparar-se para a morte ao lado do famoso monge. A conversão do rei foi extraordinária. Antes de morrer, restabeleceu a paz com a Inglaterra e com a Espanha e nomeou Francisco de Paula diretor espiritual do seu filho, o futuro Carlos VIII, rei da França.

Francisco de Paula teve a felicidade de ver a Ordem dos Irmãos Mínimos aprovada pela Santa Sé em 1506. Ele morreu aos noventa e um anos de idade, no dia 2 de abril de 1507, na cidade francesa de Plessis-les-Tours, onde havia fundado outro mosteiro. A fama de sua santidade só fez aumentar, tanto que doze anos depois, em 1519, o papa Leão X autorizou o culto de são Francisco de Paula, cuja festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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sexta-feira, 1 de abril de 2022

Movimento Segue-me comemora 43 anos em Brasília

Movomento Segue-me | arqbrasilia

Movimento Segue-me comemora 43 anos em Brasília

Jovens participaram de uma Missa comemorativa na Catedral, presidida pelo arcebispo Dom Paulo Cezar.

O último domingo do mês de março, dia 27, foi de alegria e comemoração para os jovens do Segue-me. Reunidos na Catedral Metropolitana de Brasília, mais de 500 pessoas vestiram suas camisas do movimento e agradeceram por mais um ano desse grupo que alcança várias regiões da cidade, levando Cristo aos jovens e famílias.

Presidida pelo arcebispo Dom Paulo César, a missa também celebrou a volta das atividades presenciais, no primeiro grande evento em 2022. O arcebispo falou durante a homilia, da importância desse momento na vida dos que estavam presentes, pois é tempo de sair novamente de suas casas para evangelizar. Refletindo sobre o evangelho do filho pródigo, ele lembrou as palavras de Jesus, que contam sobre o filho que retorna a casa do pai e é recebido de braços abertos. “Assim também é a Igreja de Cristo, que aguarda seus filhos, sempre pronta para os receber”, falou.

Na missa também estavam presentes o pároco da Catedral, Padre Paulo Renato e o dirigente espiritual do Segue-me, Padre Manolo. O pároco exortou as palavras “fé, confiança e esperança em Deus”, animando os jovens nesse novo ano de movimento.

Ao final da missa, todos se juntaram para a foto oficial e a alegria estava estampada no rosto de cada um. “Participar presencialmente é muito bom, pois o Segue-me é feito disso, de abraço, de estarmos juntos. Passar esses 2 anos afastados foi muito difícil, então essa missa de hoje é marcada com muita alegria e esperança desse retorno”, disse tio Luís que trabalha no movimento junto com sua esposa, tia Dani, na Paróquia São Paulo Apóstolo, Guará 1.






Com informações e fotos do núcleo de Comunicação do Movimento Segue-me

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Vergonha e indignação: o pedido de perdão do Papa aos indígenas do Canadá

Papa Francisco | Vatican News

"Já disse e repito: sinto vergonha e dor pelo papel que vários católicos, em especial com responsabilidade educacional, tiveram em tudo o que os feriu; nos abusos e na falta de respeito por sua identidade, cultura e até mesmo valores espirituais. Tudo isto é contrário ao Evangelho de Jesus", disse o Papa, encerrando uma semana de encontros com delegações indígenas do Canadá.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Vergonha, dor e indignação: estes foram os sentimentos expressos pelo Papa Francisco ao receber esta manhã, no Vaticano, delegações de indígenas canadenses.

No decorrer desta semana, o Pontífice manteve encontros com três grupos - First Nations, Métis e Inuit - que sofreram as consequências da colonização, cujo último episódio público foi a descoberta de valas comuns no terreno da Kamloops Indian Residential School.

Entre o final de 1800 e o início de 1900, o governo canadense instituiu escolas residenciais para que as crianças indígenas assimilassem a cultura dos colonizadores. As escolas foram confiadas às Igrejas cristãs locais, entre elas a católica. Nessas escolas, os estudantes sofreram abusos e maus-tratos.

Colonização ideológica: deplorável ontem e hoje

Em seu discurso, Francisco afirmou que ouviu com atenção os testemunhos, “imaginando as histórias e as situações”, e agradeceu por terem aberto o seu coração, no desejo de caminhar juntos.

De tudo o que ouviu, o Papa salientou alguns aspectos, como a sabedoria dos povos originários resumida nesta frase: “É preciso pensar sete gerações à frente quando se toma uma decisão”.

“É o contrário do que acontece nos nossos dias”, comentou o Papa, pois não se considera o futuro das próximas gerações. Ao invés, o elo entre idosos e jovens é indispensável, deve ser cultivado e protegido. Esta mesma sabedoria se manifesta também no cuidado da Criação, valorizada como “um dom dos céus”.

Mas a união com o território sofreu um duro golpe, infligido pela colonização, disse ainda Francisco. Sem respeito, muitos indígenas foram arrancados de seu ambiente vital e uniformizados a outra mentalidade.

“Assim a sua identidade e sua cultura foram feridas, muitas famílias separadas e muitos jovens se tornaram vítimas desta ação de homologação, amparada pelo ideal de que o progresso ocorra por colonização ideológica.”

É algo, denunciou mais uma vez o Papa, que acontece ainda hoje.

https://youtu.be/xKyWn5hLhYE

Vergonha, dor e indignação

A este ponto, Francisco pronunciou as palavras mais tocantes do seu discurso, ao recordar o sofrimento e a tristeza provocados pelos traumas sofridos:

“Tudo isso suscitou em mim dois sentimentos: indignação e vergonha.”

Indignação porque é injusto aceitar o mal e é pior ainda habituar-se a ele. Sem indignação, memória e compromisso de aprender com os erros, os problemas não se resolvem, como comprova a guerra que vemos nesses dias.

“E sinto também vergonha. Já disse e repito: sinto vergonha e dor pelo papel que vários católicos, em especial com responsabilidade educacional, tiveram em tudo o que os feriu; nos abusos e na falta de respeito por sua identidade, cultura e até mesmo valores espirituais. Tudo isto é contrário ao Evangelho de Jesus.”

Pela deplorável conduta daqueles membros da Igreja Católica, o Papa pediu perdão a Deus e “gostaria de lhes dizer, de todo coração: estou muito entristecido”.

Francisco encerrou a audiência fazendo votos de que os encontros desses dias possam abrir caminhos a percorrer juntos, encorajando os bispos e os católicos locais a empreender passos pela busca transparente da verdade, promovendo a cura das feridas. “A Igreja está com vocês e quer continuar a caminhar com vocês”, garantiu o Pontífice, renovando o desejo de visitar o Canadá, mas “não no inverno”, brincou.

Depois de assistir a apresentações de cantos da cultura autóctone, em inglês o Papa afirmou que reza pelos indígenas e pediu que façam o mesmo por ele.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Ludovico Pavoni

Ludovico Pavoni | arquisp
01 abril

Ludovico Pavoni

Educar, abrigar e instruir os jovens pobres e abandonados na Itália do século XVIII era um enorme desafio que o padre bresciano Ludovico Pavoni aceitou, ele que nasceu no dia 11 de setembro de 1784.

Naqueles anos de fome e de guerras, quando a miséria, as doenças e as armas se tornaram aliadas importantes para exterminar os pobres, Ludovico Pavoni teve uma intuição genial e profética, "educar, abrigar e instruir" os jovens pobres, abandonados ou desertores que eram, de fato, numerosos na Itália de 1800, tanto nas cidades como no campo.

Não só para evitar que se tornassem delinqüentes, o que mais temia a elite pensante daquele tempo, e com certeza não só daquela época, mas para que eles tivessem a oportunidade de viver uma vida digna, do ponto de vista cristão e humano.

Ordenado padre em 1807, Ludovico Pavoni se dedicou desde o início à educação dos jovens e criou o "seu" orfanato para abrigar os adolescentes e jovens necessitados. Já como secretário do bispo de Bréscia, conseguiu, para aqueles jovens, fundar o primeiro "Colégio de Artífices" e, depois, em 1821, a primeira escola gráfica da Itália, o Pio Instituto de São Barnabé.

Tipografia e Evangelho eram seus instrumentos preciosos: a receita natural era a mais simples possível, como dizia ele: "Basta colocar dentro da impressora jovens motivados, que os volumes de 'boa doutrina cristã' estarão garantidos". Analogia de fato simples e correta mesmo para os nossos dias. Em 1838, nasceu a escola para surdos-mudos, sendo inútil acrescentar o quanto essa também estava na vanguarda daqueles tempos. Em 1847, a Congregação Religiosa dos Filhos de Maria Imaculada, abrigando religiosos e leigos juntos, hoje conhecidos como "os pavonianos".

Pela discrição pode ainda parecer fácil, mas para colocar em prática todo esse projeto, o vulcânico padre bresciano empregou tudo de si, do bom e do melhor, chocando-se com as autoridades civis e com as eclesiásticas. Sair recolhendo os jovens pobres e abandonados pelas ruas era algo que batia de frente com rígidos costumes sociais e morais da época. Por mais de uma década, Pavoni se debateu entre cartas, pedidos, súplicas e solicitações, tanto assim que foi definido "mártir da burocracia", mas, do dilúvio, saiu vencedor.

Padre Ludovico Pavoni faleceu no dia 1o de abril de 1849, durante a última das dez jornadas brescianas, de uma pneumonia contraída durante uma fuga desesperada, organizada na tentativa de proteger os "seus" jovens das bombas austríacas, quando ganhou, finalmente, o merecido abraço do Pai Eterno. De resto, ele sempre dizia: "O repouso será no Paraíso".

Apesar da distância dos anos, hoje os pavonianos continuam a "educar, abrigar e instruir" os jovens desses grupos, mas também todos os que simplesmente procuram um trabalho e um lugar na vida, providenciando a instrução escolar básica e colaborando com as igrejas locais nas pastorais dos jovens. São incansáveis em suas atividades, porque os traços cunhados pelo padre Ludovico estão ainda frescos, o exemplo do fundador está inteiramente vivo, latente e atual.

Hoje, outros levam avante sua obra, nos quatro cantos do mundo, os pavonianos administram tudo o que possa estar relacionado à formação desses jovens: comunidades religiosas, escolas, institutos de formação profissional, centros de recuperação de dependentes químicos, asilos de idosos, pensionatos, orfanatos, creches, paróquias, cooperativas, centros de juventude, livrarias e a editora Âncora, na Itália. Além disso, alfabetizam os deficientes surdos-mudos e formam pequenos artífices nas artes gráficas, esses que eram os diletos de Ludovico Pavoni.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF