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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Católicos e católicas nas Eleições de 2022

Eleições 2022 | cnbb

CATÓLICOS E CATÓLICAS NAS ELEIÇÕES DE 2022

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira
Prelazia de Itacoatiara (AM) 

Entramos na semana que antecede o dia da votação das Eleições de 2022. Nós vamos votar para escolher o Presidente da República do Brasil e o Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Elegeremos, também, os que vão nos representar nas Assembleias Legislativas dos Estados (Deputados/Deputadas Estaduais), na Câmara Federal (Deputados/Deputadas Federais) e Senadores e Senadoras. 

Na eleição de 2018 escrevi alguns artigos sobre nosso compromisso como Católicos e Católicas diante deste direito/dever de votar. Entre estes está o artigo “Profeta Ezequiel e as lições para as Eleições”, que publiquei na página da CNBB, no espaço dedicado aos “Artigos dos Bispos”. Convido vocês a relerem estes artigos na íntegra (cf. www.cnbb.org.br/artigos dos bispos). No entanto, quero falar mais uma vez neste artigo para vocês meus irmãos católicos e minhas irmãs católicas sobre este momento importante que estamos vivendo em nosso país e em nossos Estados.  

Acreditamos, como o Papa Francisco, que “a política é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Exortação Apostólica Evangelli Gaudim – A alegria do Evangelho, nº 205). Segundo o Catecismo da nossa Igreja, este bem comum comporta três elementos essenciais: respeito pela pessoa humana, bem-estar social e a paz (cf. nºs. 1906 a 1909). 

Princípios que deve nos orientar em nossa atividade política:

Participar e exercer nosso direito/dever de VOTAR

Nós não devemos nos abster (deixar de comparecer), nem anular ou votar branco. Pensando no bem comum, objetivo maior de toda atividade política, devemos escolher um entre os Projetos que nos foram apresentados para o Brasil e para o nosso Estado e votar. Analisando o resultado das eleições no segundo turno de 2018 no Brasil, vimos que 21,30% não votaram, 2,14% votaram branco e 7,43% anularam o voto (cf. www.tse.jus.br de 13 de fevereiro de 2019).  

É verdade que o voto não esgota o exercício da cidadania, mas tem um valor fundamental para que consigamos manter o Brasil vivendo a democracia. O Concílio Vaticano II assim nos orienta: “Lembrem-se, portanto, todos os cidadãos ao mesmo tempo do direito e do dever de usar livremente seu voto para promover o bem comum” (Gaudium et Spes, 75a). 

A Igreja ao nos incentivar a exercer este nosso direito/dever de votar, pede que nosso Voto seja: 

a) CONSCIENTE, ou seja, devemos saber em quem estamos votando, procurar conhecer os candidatos/as, seus partidos, suas propostas para o Brasil, para o nosso Estado, a nossa região); 

b) LIVRE, ou seja, devemos votar em quem queremos e não em quem alguém manda que votemos; devemos votar porque acreditamos na pessoa que estamos votando e nas suas propostas em vista do bem comum e jamais devemos vender o voto, porque voto não tem preço, tem consequência e porque vender e comprar voto é crime pela lei 9840/1999; diante da urna eletrônica estamos sozinhos/sozinhas, apenas nós, nossa consciência e Deus;

c) RESPONSÁVEL, ou seja, devemos votar sabendo que nosso voto pode ajudar a construir o bem comum, objetivo próprio da política e não votar pensando em tirar vantagens pessoais, para nossa família ou para nosso grupo de amigos e de amigas.

A Cartilha de Orientação Política da CNBB de 2018, afirmava que “votar nulo ou branco é como a atitude de Pilatos, que lavou as mãos” (cf. página 20). O católico e a católica devem comparecer na seção eleitoral onde está inscrito e votar. Não podemos pecar por omissão, não podemos fazer como Pilatos, lavar as mãos e deixar que Cristo continue sendo condenado a morte, nos que passam fome, estão desempregados, não tem assistência social, não tem atendimento justo de saúde, sofrem violências e discriminações.

Recusar a quem nos incentiva a votar por revolta ou por ódio aos partidos e aos políticos

Nossa Igreja nos ensina que devemos usar de nossa inteligência na hora de votar. Isto significa que nosso voto, como já foi lembrado acima, deve ser dado com liberdade, consciência e responsabilidade. Devemos Votar no candidato/na candidata à Presidência e ao Governo do nosso Estado e para o Poder Legislativo estadual e federal que apresentem o melhor Projeto, ou seja, aquele projeto que promova o bem comum, respeite as diferenças, distribua renda, invista em políticas públicas na área da saúde, educação, segurança e saneamento básico. 

Votar simplesmente para protestar contra partidos e políticos pode nos fazer contribuir com a eleição de projetos e pessoas que pensam somente em si mesmos, em suas famílias e em grupos de apoiadores. Não podemos esquecer que o voto tem consequências.

Votar levando em conta os ensinamentos da Palavra de Deus, especialmente os ensinamentos de Jesus

Apresento agora alguns dos critérios, que brotam da Palavra de Deus e podem nos ajudar na escolha do Projeto de Governo para o Brasil e para nossos Estados: 

 a) Um Projeto fundamentado no amor

“Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 13, 34). “O amor é o pleno cumprimento da lei” (Rm 13, 10). 

Quem propõe ações contrárias ao amor, foge da proposta de Jesus e não merece o nosso voto. Portanto, quem defende a pena de morte e o uso indiscriminado de armas de fogo, quem propaga o ódio e a perseguição aos que pensam diferente, quem ofende as mulheres, os negros, os indígenas, os pobres não merece o nosso voto.  

 b) Um Projeto fundamentado no perdão e na misericórdia

“Vocês ouviram o que foi dito: ‘olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês” (Mt 5, 38-39). “Não paguem a ninguém o mal com o mal… Não façam justiça por própria conta… Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem” (Rm 12, 17.19.21). “Todos vocês são irmãos” (Mt 23, 8). 

A situação de violência a que somos afetados, refiro-me a todas as formas de violência (física, psicológica, privação de direitos, silenciosa) não pode nos induzir a abraçar a solução fácil da violência para superar a violência. Nossa Igreja diz não à pena de morte oficial (aprovada por lei) ou indireta (feita por cada pessoa que porte uma arma de fogo). Esta falsa solução somente faz aumentar a insegurança e a violência na sociedade, bem como somente os mais pobres, negros e grupos minoritários serão as vítimas e muitas vezes, vítimas injustas, fruto do preconceito. 

 c) Um Projeto fundamentado na promoção da VIDA, maior dom que Deus nos deu

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Vida desde a concepção, passando por todas as etapas, da criança que nasce, cresce, chega à adolescência e à juventude, chega a idade adulta e depois na velhice, morre naturalmente. Por isto nossa Igreja diz NÃO a todas as formas de atentado à vida humana: não ao aborto, não à mortalidade infantil, não à redução da maioridade penal para nossos jovens, não às injustiças sociais que nega direitos e que produz morte em todas as idades, não a eutanásia (a antecipação da morte de idosos e enfermos com doenças incuráveis). 

Temos que votar no Projeto para o Brasil e para o nosso Estado que garanta sempre a vitória da vida e os direitos inalienáveis de toda pessoa humana: direito de nascer, de ter uma família, de ter moradia, alimentação, condições de conservar e recuperar a saúde, acesso à educação de qualidade (da alfabetização até o ensino superior), trabalho com justa remuneração, liberdade religiosa, de expressão e de ir e vir; ter direito de escolher nossos representantes pelo voto direto e livre e de participar da vida política do país, do estado e do município; direito de organizar-se em associações, sindicatos e ONGs para trabalharem pelo bem comum, direito a professar sua fé livremente sem sofrer interferência do governo. 

d) Um Projeto fundamentado no serviço aos mais pobres

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Notícia aos Pobres (Lc 4, 18). “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25, 40). “Fizeram isso”: com fome, demos de comer; com sede, demos de beber; estrangeiro, recebemos em casa; sem roupa, vestimos; doente e preso e fomos visitar. Disse Jesus: “foi a mim que o fizeram”, numa clara opção de Jesus pelos pobres. Tiago, Pedro e João pediram a Paulo que se lembrasse dos pobres. Paulo declara: “Isso eu tenho procurado fazer com muito cuidado” (Gl 2, 10). 

Nosso voto tem que ser no Projeto para o Brasil e para nosso Estado que faça uma clara opção pelos pobres, excluídos e marginalizados da sociedade e que garanta a superação das desigualdades sociais entre pessoas, raças e regiões. Seja um projeto para todos, mas que olhe de modo especial os empobrecidos e marginalizados de nossa sociedade.  

Um projeto que respeite o Meio Ambiente, nossos Biomas

Na hora de escolher o Projeto para o Brasil e para o nosso Estado, merece levar em consideração, um Projeto que respeite a natureza e se comprometa em preservar nossos biomas. Para nós que vivemos na Amazonia brasileira, precisamos votar em quem no seu projeto se compromete com a preservação de nossa Floresta, Rios, Lagos e Igarapés, bem como garanta o respeito aos territórios e culturas dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais e seringueiros. 

A REPAM está nos propondo votar pela Amazônia. A Prelazia de Itacoatiara, onde procuro servir como bispo, abraçou esta Campanha. 

Quero propor a você que nos acompanha neste artigo: Vamos votar pela Amazônia? Isto vale para cidadãos e cidadãs de qualquer Estado do Brasil, quando for escolher em quem vai votar para Deputado/Deputada Federal e para Senador/Senadora. Vote pensando na Amazônia. Precisamos qualificar melhor o nosso Congresso Nacional, diminuindo o mais que se puder as bancadas da bola, da bala e do boi; diminuindo o chamado Centrão, gente que vota contra o meio ambiente, contra nossos biomas, contra os povos indígenas e quilombolas, gente que vota a favor da liberação de venenos para a agricultura, gente que recebe verba do orçamento secreto para votar sempre a favor do governo. 

“Queremos que a Amazônia continue sendo berço transbordante de beleza e diversidade, nosso jardim sagrado de vida. Para isso, precisamos eleger candidaturas comprometidas com o cuidado integral dos povos e territórios amazônicos. Nas eleições de outubro de 2022, temos o compromisso de refletir e escolher projetos que promovam a dignidade da pessoa humana, o enfretamento à pobreza e as desigualdades sociais, o combate imediato às mudanças climáticas e a proteção da Amazônia, dos povos e comunidades tradicionais que lá vivem. Junto com o Papa Francisco, sonhamos com uma Amazônia que ‘lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja escutada e que sua dignidade seja promovida […] com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana […] com uma Amazônia que guarda zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche seus rios e as suas florestas’ (Querida Amazônia, 07). Por amor à vida, ao presente e ao futuro de todas as gerações: EU VOTO PELA AMAZÔNIA! Eu vou escolher candidatos e candidatas que vão proteger a floresta, as cidades e os povos amazônicos” (www.repam.org.br). 

A REPAM em sua página na internet faz esta pergunta: Por que votar pela Amazônia? E ela mesma nos ajuda a encontrar respostas claras e profundas que justificam VOTAR pela Amazônia. Compartilho algumas destas razões e motivos aqui neste nosso Artigo. Convido a você leitor/leitora a refletir e decidir, também, votar pela Amazônia.  

Eu VOTO pela Amazônia por quê? 

<> Porque votar é um compromisso cristão de defesa do bem comum, da dignidade da pessoa humana e da promoção da justiça social. Votar é um gesto de amor, pela humanidade e por todos os seres; 

<> Porque a Amazônia é um santuário sagrado da vida. Na Amazônia, Deus revela a beleza de toda sua Criação: águas, matas, terras, pássaros, mulheres e homens, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores. Tudo é vida, tudo é sagrado e, por isso, deve ser guardado e cuidado; 

<> Porque a vida de todo o planeta depende do equilíbrio ambiental do bioma amazônico. A produção de alimentos e o abastecimento de água, por exemplo, no Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, dependem dos “rios-voadores” (massas de água) que são originados na Amazônia; 

<> Porque as presentes e as futuras gerações têm o direito de viver em um país com condições ambientais saudáveis, e para isso a preservação da Amazônia é crucial. Para ter futuro, precisamos cuidar da Amazônia agora, no presente; 

<> Porque queremos que os projetos de governo e as políticas públicas para os próximos anos, apoiem as muitas iniciativas de agroecologia, economia solidária, produção e consumo que respeitam a Amazônia. Essas experiências mostram que podemos avançar para economias com foco na justiça socioambiental; 

<> Porque queremos fortalecer experiências de justiça econômica que sejam inspiradas no bem viver, na cosmovisão dos povos amazônicos e na permanência da floresta e dos povos em seus territórios. 

Conclusão 

No decorrer desta semana que antecede a eleição, todos os dias, sozinho, com a família, na sua Comunidade, Pastoral, Organismo, Grupo, Movimento, rezemos a oração atribuída a Salomão, que está no capítulo 9 do Livro da Sabedoria, especialmente o versículo 10: “Manda a Sabedoria desde o céu santo e a envia desde o teu trono glorioso, para que ela me acompanhe e participe de meus trabalhos, me ensine o que é agradável a ti”

Claro, devemos rezar e deixar-nos guiar pela sabedoria divina na escolha do voto que vamos dar no dia 02 de outubro.

De Fortaleza para o mundo: Shalom comemora os 40 anos da Comunidade em Roma

Shalom na Sala Paulo VI (Foto: Heloísa Morais e Karen Favacho) | Vatican News

Presente em mais de 25 países, a comunidade Shalom traz em sua essência o desejo de levar Cristo a todos através da vivência comunitária e missionária.

Laura Lo Monaco - Cidade do Vaticano

Com o tema “Amigos de Deus, amigos dos jovens e amigos dos pobres”, a convenção da Comunidade católica Shalom comemora os 40 anos de sua fundação e conta com a presença de fiéis do mundo todo.
Em 1980, na ocasião do X Congresso Eucarístico Internacional, Moysés Louro de Azevedo Filho se encontra com Papa João Paulo II em Fortaleza (CE) e, através de uma carta entregue ao Pontífice, oferece sua vida e juventude para se dedicar a levar Jesus Cristo e Sua Igreja aos que estavam distantes, principalmente aos jovens. Assim é plantada a semente da Comunidade Shalom, que começou a dar seus primeiros frutos dois anos mais tarde, em 1982, ano de sua fundação.

Presente em mais de 25 países, a comunidade Shalom traz em sua essência o desejo de levar Cristo a todos através da vivência comunitária e missionária.
Neste ano, entre os dias 23 e 28 de setembro, os membros da comunidade se reúnem em Roma para uma semana de oração, formação, confraternização, celebrações e encontro com o Santo Padre.  “Tem sido uma experiência de renovação da nossa entrega total de vida a Jesus e estamos fazemos esta experiência aqui, em Roma, diante do Papa e da Santa Igreja”, diz o seminarista Victor Hernández, membro da comunidade.

Na manhã de segunda feira, dia 26, os peregrinos estiveram reunidos na Sala Paulo VI para a audiência com o Papa Francisco, que foi um momento de escuta dos desejos do Espírito Santo para a Comunidade através do Santo Padre. “O que mais me tocou durante a audiência foram as palavras do Papa sobre a importância do Espírito Santo na missão da Comunidade: deixar-se reinventar com criatividade pelo Espírito Santo!”, relembra Victor.

No dia 27 as atividades seguem na Igreja São Paulo Fora dos Muros, com momentos de oração, catequese e a Santa Missa às 11h30 celebrada por Dom Odilo Scherer, arcebispo da Arquidiocese de São Paulo. As atividades de enceramento do evento serão conduzidas com o tema “A minha alma engrandece o Senhor” no dia 28 em Assis, na Basílica de São Francisco.   
Acompanhe o evento através do site https://40anos.comshalom.org/.

Quem se afasta de Deus nunca é feliz, diz o papa Francisco

Papa Francisco na Audiência Geral / Pablo Esparza (ACI Prensa

Vaticano, 28 Set. 22 / 10:23 am (ACI).- “Quem se afasta do Senhor nunca se sente satisfeito, mesmo que tenha à sua disposição uma grande abundância de bens e possibilidades”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (28) na praça de São Pedro, no Vaticano.

O papa continuou com a série de catequese sobre o discernimento. "Quando me encontro com o Senhor na oração, fico alegre”, disse o papa. “Cada um de nós torna-se jubiloso, algo bonito".

Francisco falou sobre a importância da oração que “é uma ajuda indispensável para o discernimento espiritual, sobretudo quando envolve os afetos, permitindo que nos dirijamos a Deus com simplicidade e familiaridade, como se fala com um amigo" e disse que “é saber ir além dos pensamentos, entrar em intimidade com o Senhor, com uma espontaneidade afetuosa”.

Para o papa, “o segredo da vida dos santos é a familiaridade e a confidência com Deus, que cresce neles e torna cada vez mais fácil reconhecer o que Lhe agrada”.

“Esta familiaridade supera o medo ou a dúvida de que a sua vontade não é para o nosso bem, uma tentação que às vezes atravessa os nossos pensamentos, tornando o coração inquieto e incerto ou até amargo”, disse ele.

Francisco falou que na oração e no discernimento não há "certeza absoluta", pois "não é um elemento químico", mas "diz respeito à vida, e a vida nem sempre é lógica, apresenta muitos aspetos que não se deixam encerrar numa única categoria de pensamento”.

Por isso, Francisco recordou as palavras de são Paulo "não faço o bem que quero, mas o mal que não quero" e reconheceu que às vezes "gostaríamos de saber exatamente o que se deveria fazer, e, no entanto, até quando acontece, nem por isso agimos sempre em conformidade".

"Não somos apenas razão, não somos máquinas, não é suficiente receber instruções para as pôr em prática: os obstáculos, assim como as ajudas, a decidir-se pelo Senhor são acima de tudo afetivos, do coração", disse.

Francisco disse que o primeiro milagre feito por Jesus no Evangelho de são Marcos foi um exorcismo na sinagoga de Cafarnaum em que Cristo "liberta um homem do demônio, livrando-o da falsa imagem de Deus que Satanás sugere desde as origens: a de um Deus que não quer a nossa felicidade. O endemoninhado daquele trecho de Evangelho, sabe que Jesus é Deus, mas isto não o leva a acreditar n’Ele”.

“Muitas pessoas, inclusive cristãos, pensam a mesma coisa: que Jesus pode até ser o Filho de Deus, mas duvidam que Ele quer a nossa felicidade; aliás, alguns temem que levar a sério a sua proposta, o que Jesus nos propõe, signifique arruinar a vida, mortificar os nossos desejos, as nossas aspirações mais fortes”, disse ele.

“Esses pensamentos às vezes surgem dentro de nós: que Deus nos pede demasiado, temos medo de que Deus nos peça demasiado, que não nos ame verdadeiramente”.

A tristeza do jovem rico

Para o papa, a “tristeza ou medo” são “sinais de distanciamento” de Deus e lembrou a passagem evangélica de são Mateus que descreve o encontro de Jesus com o jovem rico.

"Infelizmente para aquele jovem, alguns obstáculos não lhe permitiram satisfazer o desejo que tinha no coração, de seguir mais de perto o ‘bom mestre’. Era um jovem interessado, empreendedor, tinha tomado a iniciativa de se encontrar com Jesus, mas vivia também muito dividido nos afetos; para ele as riquezas eram demasiado importantes. Jesus não o obriga a decidir, mas o texto observa que o jovem se afasta de Jesus ‘contristado’”.

O papa disse que “Jesus nunca obriga a segui-lo, nunca. Jesus faz-te conhecer a sua vontade, de coração faz com que saibas as coisas, mas deixa-te livre. E isto é o aspeto mais bonito da oração com Jesus: a liberdade que Ele nos deixa” e acrescentou que “ao contrário, quando nos afastamos do Senhor permanecemos com alguma coisa triste, algo negativo no coração”.

Francisco lembrou a expressão de são John Henry Newman para explicar que “as aparências enganam, mas a familiaridade com Deus pode dissipar delicadamente dúvidas e temores, tornando a nossa vida cada vez mais receptiva à sua ‘luz suave’”.

“Os santos brilham com luz refletida, mostrando nos gestos simples do seu dia a presença amorosa de Deus, que torna possível o impossível”.

Francisco concluiu dizendo que “estar em oração não significa pronunciar palavras, palavras, não; estar em oração significa abrir o coração a Jesus, aproximar-se de Jesus, deixar que Jesus entre no meu coração e nos faça sentir a sua presença. E nisto podemos discernir quando é Jesus e quando somos nós com os nossos pensamentos, muitas vezes distantes daquilo que Jesus quer”.

“Peçamos esta graça: viver uma relação de amizade com o Senhor, como um amigo fala com o amigo … É uma graça que devemos pedir uns pelos outros: ver Jesus como o nosso amigo, o nosso maior amigo, o nosso amigo fiel, que não chantageia, sobretudo que nunca nos abandona, nem sequer quando nos afastamos d’Ele. Ele permanece à porta do coração”, disse ele.

"Vamos em frente com esta oração, recitamos a prece do “olá”, a oração de saudar o Senhor com o coração, a oração do afeto, a oração da proximidade, com poucas palavras, mas com gestos e com boas obras", concluiu o papa.

Mês do rosário

Ao saudar os fiéis de língua polonesa, o papa Francisco recordou que o mês de outubro é tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora do Rosário e pediu "rezar esta oração em suas comunidades e famílias" para confiar a Nossa Senhora "suas preocupações e necessidades no mundo, especialmente o tema da paz”.

Festa dos Santos Arcanjos

O papa também recordou que todo dia 29 de setembro a Igreja celebra a festa dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael e rezou para que "inspire em cada um a adesão sincera aos desígnios divinos" e exortou a "saber reconhecer e seguir a voz do Mestre interior, que fala no segredo da consciência”.

“Rezemos também pela Gendarmaria do Vaticano, que tem são Miguel Arcanjo como patrono, para que sigam sempre o exemplo do santo arcanjo e que o Senhor os abençoe por todo o bem que fazem”, acrescentou o papa.

O papa Francisco falou de novo da "Ucrânia martirizada, que sofre muito, este povo tão cruelmente provado".

Francisco disse que o prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, cardeal Konrad Krajewski, voltou de sua quarta visita à Ucrânia como enviado papal e "lhe disse coisas terríveis" por isso pediu para rezar pela Ucrânia e rezar por "estas pessoas martirizadas”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Deus não manda ninguém para o inferno

Public Domain
Por Aleteia

E, no entanto, Jesus Cristo e a doutrina cristã afirmam que o inferno existe. Como é que "funciona", afinal?

Muitas pessoas, inclusive entre as que se consideram cristãs, afirmam que não acreditam na existência do inferno. A grande maioria delas não acredita porque nunca recebeu uma explicação adequada do que é o inferno.

De modo semelhante, a mesma falta de explicação adequada gera entendimentos errôneos entre aqueles que acreditam na sua existência. E, entre estes, um dos erros mais frequentes é o de achar que seria Deus quem manda pessoas para o fogo eterno.

Não é.

A revista católica “Pergunte e Responderemos” tratou do assunto em sua edição número 3, de julho de 1957, na páginas 10 a 12. Reproduzimos um trecho:

É frequente conceber-se o inferno como castigo que Deus inflige de maneira mais ou menos arbitrária, como se desejasse impor-se vingativamente como Soberano Senhor; o réprobo seria atormentado maldosamente por demônios de chifres horrendos, em meio a um incêndio de chamas e por aí afora. Não admira que muitos julguem tais concepções inventadas apenas para incutir medo; não seriam compatíveis com a noção de um Deus Bom. Na verdade, o inferno não é mais do que a consequência lógica de um ato que o homem realiza de maneira consciente e deliberada aqui na terra: é o indivíduo quem se coloca no inferno. O inferno vem a ser primariamente um estado de alma; seria vão preocupar-se com a sua “topografia”. Não é Deus quem, por efeito de um decreto arbitrário, manda para lá a criatura. Admitamos que um homem nesta vida conceba ódio a Deus (ou ao Bem que ele julgue ser o Fim último, Deus) e O ofenda em matéria grave, empenhando toda a sua personalidade (com pleno conhecimento de causa e liberdade de arbítrio); essa criatura se coloca num estado de habitual aversão ao Senhor. Caso morra nessas condições, sem se retratar do ódio ao Sumo Bem, nem sequer no seu íntimo, que sorte lhe há de tocar? A morte confirmará definitivamente nessa alma o ódio de Deus, pois a separará do corpo, que é o instrumento mediante o qual ela, segundo a sua natureza, concebe ou muda suas disposições. Depois da morte, tal criatura de modo nenhum poderá desejar permanecer na presença de Deus; antes, espontaneamente, quererá afastar-se d’Ele. Não será necessário que, para isto, o Juiz supremo pronuncie alguma sentença. O Senhor apenas reconhecerá, da sua parte, a opção tomada pela criatura. Ele a fez livre e respeitará esta dignidade, sem forçar ou mutilar em hipótese nenhuma o seu livre arbítrio. Eis, porém, que desejar afastar-se de Deus, e permanecer de fato afastada, vem a ser, para a alma humana, o mais cruciante dos tormentos. Com efeito, toda criatura é essencialmente ligada ao Criador, do qual reflete uma imagem ou semelhança; por conseguinte, ela tende, por sua própria essência, a se conformar ao seu Exemplar (é a natureza quem o pede, antecedentemente a qualquer opção da vontade livre). Quando o homem segue esta propensão, ele obtém a sua perfeição e felicidade. Caso, porém, ele se recuse, a fim de servir a si mesmo, não pode deixar de experimentar os protestos espontâneos e veementíssimos da natureza violentada. A existência humana torna-se então dilacerada: o pecador sente, até nas mais recônditas profundezas do seu ser, o brado para Deus. Esse brado, no entanto, ele o sufocou e sufoca para aderir a um fim inadequado, fim que ele não quer largar apesar do terrível tormento que a sua atitude lhe causa. Na vida presente, a dor que o ódio ao Sumo Bem acarreta pode ser temperada pela conversão a bens aparentes, mas precários; pela auto-ilusão; já na vida futura não haverá possibilidade de engano! É nisto que consiste primariamente o inferno. Vê-se que se trata de uma pena infligida pela ordem mesma das coisas, não de uma punição especialmente escolhida , entre muitas outras, por um Deus que quisesse “vingar-se” da criatura. Em última análise, no inferno só há indivíduos que nele querem permanecer. A este tormento espiritual se acrescenta no inferno uma pena física, geralmente designada pelo nome de fogo; um sofrimento que as demais criaturas acarretam para o réprobo, e acarretam muito naturalmente. Sim; quem se incompatibiliza com o Criador não pode deixar de se incompatibilizar com as criaturas, mesmo com as que igualmente se afastaram de Deus (o pecador é essencialmente egocêntrico), de sorte que os outros seres criados postos na presença do réprobo vêm a constituir para este uma autêntica tortura (não se poderia, porém, precisar em que consiste tal tormento). Por último, entende-se que o inferno não tenha fim: há de ser tão duradouro quanto a alma humana, a qual, por sua natureza, é imortal. Deus não lhe retira a existência que lhe deu e que, em si considerada, é grande perfeição. Embora infeliz, o réprobo não destoa no conjunto da criação, pois, por sua dor mesma, ele proclama que Deus é a Suma Perfeição, da qual ele se alheou (é preciso que nos lembremos bem: Deus, e não o homem, é o centro do mundo). Não se pense em nova “chance” ou reencarnação neste mundo. Esta, de certo modo, suporia que Deus não leva a sério as decisões que o homem toma, empenhando toda a sua personalidade; o Senhor não trata o homem como criança que não merece respeito. De resto, a reencarnação é explicitamente excluída por uma gama de textos da Sagrada Escritura. Eis a autêntica noção do inferno, que às vezes é encoberta por descrições demasiado infantis e fantasistas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Wenceslau

S. Wenceslau | Pocket Terço
28 de stembro
São Wenceslau

Origens

Wenceslau nasceu em 907 na Boêmia, hoje República Checa. Era filho do Rei Wratislau, da Boêmia. Nasceu num lar dividido. Seu pai, o rei, era um homem de caráter e sábio. Sua mãe, chamada Draomira, já era uma mulher sem escrúpulos e queria ser a governante com plenos poderes. Wenceslau tinha um irmão chamado Boleslau. Este, herdou a maldade da mãe.

Educação cristã

Wenceslau herdou a fé e a bondade do pai. Além disso, foi criado por sua avó paterna chamada Ludmila. Esta avó era profundamente cristã e soube educar o neto no conhecimento de Deus e nas virtudes cristãs. Por isso, Wenceslau se tornou um homem reto com formação e caráter cristãos. Isso foi decisivo para o rumo que sua vida tomou.

Mãe anticristã

Antes de falecer, o rei Wratislau, sabendo da retidão de Wenceslau, transferiu para ele a herança do trono. Isto enfureceu a rainha Draomira, que almejava o poder. Ou, então, que o poder passasse para seu filho Boleslau, sem escrúpulos como ela. Como nada do que ela queria aconteceu, ela tomou o poder e começou a perseguir violentamente os cristãos com seus poderes de rainha. Seu primeiro ato foi fazer com que o cristianismo não fosse mais a religião oficial do reino.

Wenceslau assume

Os representantes provinciais do reino, porém, fizeram valer a vontade do rei. Eles depuseram  a rainha Ludmila e elevaram Wenceslau ao trono. Seu primeiro ato como rei foi restabelecer o cristianismo como religião oficial do reino, alegrando o coração da avó Ludmila. Quando a rainha Draomira soube disso, ficou enlouquecida e tramou a morte da sogra. Contratou assassinos que a mataram estrangulada enquanto rezava. Depois disso, ela começou a tramar a morte de seu filho, o agora rei Wenceslau.

Wenceslau e o reinado cristão

Como rei, São Wenceslau se destacou pela bondade e pelas virtudes cristãs. Em pouco tempo o povo passou a vê-lo como verdadeiro líder e um exemplo de vida. Ele pessoalmente se dedicava ao cuidado dos pobres, doentes e necessitados, levando a eles não só ajuda material, como também palavra de fé e esperança. Sua fama cresceu mais ainda quando, para evitar uma guerra e grande mortandade, ele propôs duelar pessoalmente com um duque chamado Radislau, opositor ferrenho de seu governo cristão.

Duelo

Os dois marcaram dia e hora e compareceram no campo de duelo. Radislau era um guerreiro mais experiente e atacou com sua lança. Os relatos narram que o duque iria ferir São Wenceslau de morte, dois anjos apareceram e ordenaram que ele parasse o ataque. O momento foi tão forte que o duque caiu do cavalo. Ao se levantar, já era um homem transformado. Naquele mesmo instante, pediu que o rei o perdoasse e jurou ser fiel a ele. São Wenceslau perdoou e o reino entrou numa era de paz. O povo passou a amar mais ainda ao rei Wenceslau.

Vingança da mãe e do irmão

Inconformados com o carisma e o sucesso de Wenceslau, Draomira e Boleslau planejaram mata-lo. Quando chegou o dia 28 de setembro de 929, ocorreu o batizado de um filho de Wenceslau. Num dado momento, quanto todos festejavam, o rei São Wenceslau foi à capela para rezar e agradecer. Foi, então, que Draomira avisou a Boleslau que a hora tinha chegado. Boleslau dirigiu-se à capela e matou o irmão a punhaladas no altar da capela. Foi uma tragédia que consternou todo o reino e países vizinhos.

Castigo

A rainha Draomira, porém, não teve tempo de aproveitar o trono roubado do filho, pois, dali a poucos dias, o trágico acidente tirou sua vida. E o irmão Boleslau não teve melhor sorte. Ele foi julgado e condenado por um imperador chamado Oton I.

Culto

O Corpo de São Wenceslau foi enterrado na Igreja de São Vito, na cidade de Praga. Desde tnão, o povo passou a venerá-lo como santo. Tanto que a Boêmia, a Polônia e a Hungria o adotaram como padroeiro. No Século XVIII aconteceu sua canonização e o dia 28 de setembro, dia de sua morte, ficou marcado como o dia de sua festa.

Oração a São Wenceslau

“Ó Deus, que destes a São Wenceslau a graça de seguir e viver vossa doutrina mesmo ocupando a posição de rei, dai a todos os que desempenham função de governo e liderança a mesma graça, para que o vosso povo possa viver em paz, praticando as virtudes cristãs e vivendo já neste mundo, a justiça do Reino dos Céus. Por nosso Senhor Jesus cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. São Wenceslau, rogai opor nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Como melhorar o diálogo com seu filho ou filha adolescente?

Fizkes I Shutterstock
Por Mathilde de robien

À medida que as crianças crescem, pode tornar-se cada vez mais difícil estabelecer contato. Os pais sofrem de falta de comunicação e os adolescentes de falta de confiança. Aqui estão algumas perguntas para ajudar a restabelecer a boa relação.

Muitos pais e mães estão ansiosos para melhorar a comunicação com o ou a filha adolescente. De fato, enquanto alguns adolescentes têm o prazer de falar, outros se fecham.

“Para além de um breve comentário sobre o jogo de futebol do dia anterior com o seu irmão, Etienne não fala muito em casa”, lamenta Ariane, mãe de quatro rapazes. “Ele é calmo, claro, mas eu gostaria que ele se abrisse um pouco mais!”

Esse é um desejo partilhado por muitos pais, por vezes aflitos com a atitude fechada de seus filhos. Mas o que se pode fazer quando há pouca ou nenhuma resposta?

De quatro em quatro anos, a OMS realiza uma pesquisa sobre o comportamento dos jovens adolescentes (Health Behaviour in School-aged Children). Uma das questões é: “Quão fácil é para você falar de coisas que realmente o/a preocupam com o seu pai/mãe?” As respostas variam de muito fácil, fácil, difícil a muito difícil.

Na última edição dessa pesquisa, que data de 2018, os jovens franceses, por exemplo, revelaram-se muito pouco propensos a falarem sobre assuntos importantes com os seus pais. Assim, aos 13 anos de idade, apenas 60% dos adolescentes sentem que podem falar com o seu pai/mãe sobre o que os preocupa. Aos 15, 30% afirmam que a comunicação com a mãe é difícil.

Será isto devido à falta de disponibilidade dos pais? Demasiado tempo passado na escola? Forte pressão sobre os resultados escolares? Sem pretender resolver estes problemas de comunicação entre pais e adolescentes, estas poucas questões, sugeridas por Nathalie de Boisgrellier, uma coaching familiar há mais de 20 anos, podem no entanto ajudar a estimular o diálogo. São perguntas abertas, permitindo uma conversa animada, positiva e construtiva.

1FAÇA COM QUE O SEU ADOLESCENTE TOME CONSCIÊNCIA DO QUE É BOM E BELO

  • Do que você se orgulha?
  • Qual foi a sua parte preferida do dia?
  • Quem você ajudou hoje?
  • O que é que fez de positivo?
  • O que achou belo hoje?
  • O que é que fez de bom?
  • O que é que você criou?

2AJUDE O SEU ADOLESCENTE A RESOLVER UM PROBLEMA

  • Em relação ao problema: o que você tem refletido?
  • O que você gostaria fazer?
  • O que funciona?
  • Quais são as possibilidades?
  • O que você já fez?
  • Do que você acha que precisa?

3CONVIDE O SEU ADOLESCENTE A COOPERAR

  • O que poderia fazer para impedir que tal situação acontecesse?
  • Qual é a sua ideia para resolver este problema?
  • Com o que você poderia se comprometer?
  • Será necessário pedir desculpa?
  • Acha que foi uma boa ideia a forma como agiu?
  • Como podemos te ajudar?

Não misturemos religião com superstição: o exemplo de São Cipriano

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“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para pô-los ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião.”

Redação (25/09/2022 16:47Gaudium PressConta-se que, nas terras de Alexandria, no séc. III, vivia uma bela e jovem donzela chamada Justa. Seus pais, outrora pagãos, foram convertidos ao Cristianismo por mediação de um diácono chamado Prailio. Deslumbrada pela pregação do missionário, a jovem sempre se colocava à janela de sua casa para ouvi-lo falar. Aos poucos, aquele doce nome de Cristo, tantas vezes pregado por seu servo, passou a ser a alegria de sua alma, e Justa se extasiava ao considerar as maravilhas que ouvia sobre aquele Deus que se encarnara para salvar os homens.

Esta família, tendo recebido muitas graças, resolveu confirmar sua conversão, procurando Prailio, que os encaminhou a um bispo para que fossem, enfim, batizados.

Com decorrer do tempo, a jovem se afervorava cada vez mais.

Uma investida nefanda

Ora, havia por aquelas terras um homem chamado Aglaida, que se encantou com a beleza de Justa e, apaixonado, pediu sua mão em casamento. Em vão procurou este pobre sábio tomar para si aquela bela donzela, pois Jesus Cristo conquistara para si aquele nobre e virginal coração.

Cegado pela paixão, Aglaida empregou todos os seus esforços inutilmente; porém, decidiu partir para uma investida nefanda: a magia.

Vivia em Alexandria um famoso bruxo de nome Cipriano. Era hábil na arte mágica e célere na evocação aos demônios. A ele foi encomendado um feitiço para atrair o coração de Justa a Aglaida. Acostumado com este tipo de pedido, Cipriano logo invocou um demônio que lhe forneceu uma poção mágica para ser derramada ao redor da casa de Justa. Isto feito, em breve a jovem apaixonar-se-ia por Aglaida.

Segundo narram as crônicas, concluído o procedimento, o próprio diabo ficou ali à espera de que Justa saísse para ir à Igreja e sentisse os efeitos do feitiço. Mas, ao sair de casa, a virgem sentiu a repugnante presença do infame inimigo e logo fez o sinal da Cruz. Espavorido ante a exorcística ação de Nosso Senhor, presente de algum modo em Justa, o demônio correu para junto de Cipriano a fim de transmitir-lhe o insucesso.

Em vão tentou o bruxo evocar outro demônio mais forte, mas este também obteve o fracasso… Espantado com o poder que possuía aquela moça, decidiu lançar sobre ela tudo quanto sua magia tinha de mais poderoso, ou seja, evocar o pai dos demônios.

Assumindo um corpo feminino, Satanás apresentou-se a Justa como uma jovem que pretendia seguir seus passos e seu exemplo. Aproximando-se para conversar, logo começou a lançar argumentos contrários à virtude, baseando-se em premissas lógicas, o mais das vezes sustentadas nas passagens da Escritura.

Com notável fortaleza de alma, Justa fez o sinal da cruz e soprou sobre a possessa, que logo fugiu de sua presença.

Ao tomar conhecimento do insucesso, Cipriano não pôde esconder sua perplexidade: de fato, o Crucificado teria mais poder que os infernos?

Com efeito, este mesmo Crucificado já estava a vencer, também, na alma de Cipriano…

Cipriano, Mártir; e Justina, Virgem e Mártir | Guadium Press

Cipriano se converte

Constatando o poder da Cruz e a excelência da virtude de Justa, Cipriano decidiu abandonar aquela pérfida vida que levava. O demônio logo tentou possuí-lo para evitar que lhe escapasse das mãos, contudo, seguindo o exemplo de Justa, exorcizou-o com o sinal da Cruz!

Depressa, procurou o bispo Antêmio para pedir-lhe a catequese e o batismo. Em pouco tempo, Cipriano queimou aquilo que adorava e passou a amar aquilo que antes perseguia, tornando-se um dos mais fervorosos cristãos de Alexandria e, em menos de dez anos, o sucessor de Antêmio.

No fim de sua vida, mereceu a palma do martírio sob a perseguição de Diocleciano, morrendo junto com aquela que fora a sua mãe na vida em Cristo, Justina, assim renomeada por ele.

Práticas contraditórias com o amor a Deus

Quão triste é olhar em volta e ver que não poucos Cristãos seguem exatamente o caminho contrário ao de São Cipriano, quando abraçou a Fé.

Se é verdade que estamos com Deus, mais forte que todo os infernos juntos, para que nos voltarmos a supersticiosas práticas?

A Igreja Católica nos ensina qual é a única posição que devemos tomar ante elas:

“Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente ‘reveladoras’ do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos ‘médiuns’, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.

“Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para pô-los ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demônios” (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2116-2117).

Pena é que ainda haja “católicos” insistentes em mesclar o bem da Religião com os males funestos da superstição…

Por Jean Pedro Antunes

Obras consultadas:

LEONARDI; A. RICCARDI; G. ZARRI (dir.). “Diccionario de los santos”. San Pablo; Madrid, 2000, p. 500-502.

CATECISMO da Igreja Católica. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001.

ROHRBACHER, Padre. “Vida dos Santos v. XVII”. Editora das Américas; São Paulo, 1959, p. 34 a 35.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Como a humildade leva à gratidão, segundo São Vicente de Paulo

Petar Paunchev|Shutterstock
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Por Philip Kosloski

Gratidão e humildade andam de mãos dadas e ambos nos ajudam a desvendar a chave para uma vida cheia de alegria.

Muitas pessoas, religiosos ou leigos, apontam para a importância da gratidão na busca de uma vida feliz. A capacidade de agradecer a Deus e aos outros é uma habilidade essencial para todos nós aprendermos.

No entanto, é mais fácil falar do que fazer, pois temos uma tendência natural de tomar as coisas como garantidas, especialmente se nossas vidas são abençoadas com muitos bens materiais. De fato, é mais fácil para nós querer mais do que agradecer pelo que temos.

A chave para superar essa inclinação gananciosa e promover um espírito de ação de graças é a virtude da humildade.

São Vicente de Paulo explica esse princípio espiritual:

Uma apreciação viva da graça dada a você deve torná-lo humilde, pois a apreciação gera gratidão … Qualquer um que considerar calmamente o que fez sem Deus não pode deixar de perceber que o que faz com Deus não é mérito próprio.

Ao mesmo tempo, São Vicente de Paulo mostra como a gratidão pode levar à humildade:

Nada tende a nos humilhar diante da misericórdia de Deus como a multidão de Seus dons para conosco; assim como nada tende a nos humilhar diante de Sua justiça como a multidão de nossos erros. Vamos considerar o que Ele fez por nós.

A Virgem Maria é um dos principais exemplos de humildade. Ela sempre agradeceu a Deus por seus feitos maravilhosos:

Foi nesse espírito que a Santíssima Virgem confessou que Deus lhe havia feito “grandes coisas”; apenas para que ela possa se humilhar e exaltá-Lo. “Minha alma glorifica o Senhor”, disse ela, em razão dos presentes que Ele havia lhe dado.

Se tivermos dificuldade em agradecer por tudo o que nos foi dado, promovamos em nossa alma um espírito de humildade, reconhecendo a presença de Deus em nossas vidas. Ele é quem nos guia e nos fornece diariamente.

Quando reconhecemos o cuidado providencial de Deus por nós, podemos elevar nossos corações a Ele e agradecê-lo por tudo o que Ele nos deu. Esse mesmo espírito de humildade também direcionará nossas ações para os outros, reconhecendo o quão dependentes somos das pessoas e das coisas que elas fazem por nós.

Gratidão e humildade andam de mãos dadas e ambos nos ajudam a desvendar a chave para uma vida cheia de alegria.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF