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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

“Deus não quer a nossa condenação, mas a nossa salvação”

Durante a audiência geral, o Papa Francisco explica porque não pode haver justiça sem misericórdia
ctv
A catequese do Papa Francisco sobre o Ano Santo tocou um aspecto fundamental, talvez o mais discutido: Qual é a relação entre a justiça e a misericórdia?
O Papa abriu a Audiência Geral de hoje, lembrando que apenas aparentemente estas duas realidades se “contradizem”, tanto que “a Sagrada Escritura nos apresenta Deus como misericórdia infinita, mas também como justiça perfeita”. Em outras palavras, “é justamente a misericórdia de Deus que leva a cumprimento a verdadeira justiça”.
A realidade terrena, em qualquer lugar, se caracteriza por uma “justiça retributiva”, que protege se considere “vítima de uma injustiça” e se dirige ao tribunal para que seja feita justiça.
De acordo com este critério, o infrator recebe uma pena “segundo o princípio de que a cada um deve ser dado aquilo que lhe é devido. Como diz o livro dos Provérbios: “Quem pratica a justiça é destinado à vida, mas quem persegue o mal é destinado à morte” (11, 19). O Evangelho também menciona a história da viúva que ia repetidamente ao juiz e lhe pedia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário (cf. Lc 18,1-8).
“Este caminho – continuou o Papa – ainda não leva à verdadeira justiça, porque, na realidade, não vence o mal, mas simplesmente contém seu avanço. É, em vez disso, respondendo a ele com o bem que o mal pode ser realmente vencido”.
A Bíblia indica o “caminho mestre”, no qual a vítima evita recorrer ao tribunal e se dirige diretamente ao culpado “para convidá-lo à conversão, ajudando-o a entender que ele está fazendo mal, apelando a sua consciência”, explicou Bergoglio. Assim, reconhecido o próprio erro. Ele pode se abrir ao perdão, que lhe é oferecido”.
Francisco acrescentou que é a mesma dinâmica que caracteriza as relações familiares, “onde o ofendido ama o culpado e deseja salvar a relação que o liga ao outro”.
O caminho do perdão – reconhece o Papa – “ é um caminho difícil”, porque quem sofreu o erro precisa estar “pronto a perdoar e deseje a salvação e o bem de quem o ofendeu”, porque, se o culpado “reconhece o mal feito e deixa de fazê-lo, eis que não há mais o mal e aquele que era injusto se torna justo, porque perdoado e ajudado a reencontrar o caminho do bem”.
O Papa Francisco explicou que Deus age assim “nos confrontos de nós pecadores”. Ele “continuamente oferece o seu perdão e nos ajuda a acolhê-lo e a tomar consciência do nosso mal para poder nos libertar. De fato, Deus “não quer a nossa condenação, mas a nossa salvação”.
Alguém poderia levantar a seguinte objeção: “mas, padre, a condenação de Pilatos foi merecida?”. A verdade é que “Deus queria salvar Pilatos e também Judas”. “Ele, o Senhor da misericórdia, quer salvar todos! O problema é deixar que Ele entre nos corações”, afirmou Francisco.
No Antigo Testamento, no entanto, ouvimos o apelo à conversão que Deus diz através de Ezequiel: “Terei eu prazer com a morte do malvado? (…) mas antes com a sua conversão, de modo que tenha vida” (Ezequiel 18-23).
Deus quer que seus filhos “vivam no bem e na justiça, e portanto, vivam em plenitude e sejam felizes”. O coração de Pai “vai além do nosso pequeno conceito de justiça para nos abrir aos horizontes ilimitados da sua misericórdia. Um coração de Pai que não nos trata segundo os nossos pecados e não nos retribui segundo as nossas culpas, como diz o Salmo (103, 9-10)”.
O perdão, portanto, é um ato eminentemente ‘paterno’, tanto a nível humano quanto divino. “Por isso ser confessor é uma responsabilidade tão grande, porque aquele filho, aquela filha que vem a você procura somente encontrar um pai” disse Francisco.
Para concluir a catequese, o Pontífice se dirigiu a todos os sacerdotes, que estão no confessionário: “você está ali no lugar do Pai que faz justiça com a sua misericórdia”.
No momento das saudações finais, o Santo Padre Francisco disse aos peregrinos de língua portuguesa: “Saúdo cordialmente todos os peregrinos de língua portuguesa. Queridos amigos, devemos deixar para trás o nosso pobre conceito de justiça e abrir o nosso coração à infinita misericórdia de Deus, que nunca se cansa de nos perdoar, para que possamos buscar a reconciliação com todos, começando pelos nossos familiares. Que Deus vos abençoe”.
zenit.org

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF