Daniel
R. Esparza - publicado em 25/06/25
O Patriarca Maronita exortou a comunidade internacional a
apoiar as comunidades cristãs remanescentes na região como um investimento
estratégico na estabilidade.
O Cardeal Bechara Raï, Patriarca da Igreja Católica
Maronita, adverte que a contínua migração de cristãos do Oriente Médio poderia
desestabilizar toda a região, removendo uma força vital para a moderação.
“Os cristãos contribuíram para formar um Islã moderado”,
disse o Cardeal Raï em uma entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). “Se o
Oriente Médio for esvaziado de cristãos, os muçulmanos perderão a sua
moderação.”
As observações do patriarca ocorrem em meio à contínua
turbulência na Síria, no Iraque e no Líbano, onde a guerra, a pobreza e a
insegurança levaram dezenas de milhares a emigrar. No Líbano, o único país da
região onde os cristãos não são uma minoria, as condições se deterioraram.
Segundo o Banco Mundial, a pobreza aumentou de 12% em 2012
para 44% em 2022. Nesse período, o Líbano também caiu 23 posições no Índice de
Desenvolvimento Humano da ONU. Desde então, naturalmente, o Líbano sofreu a
ofensiva de Israel contra o Hezbollah, com muitas áreas destruídas.
Eles dependem da ajuda da Igreja
Enquanto os muçulmanos no Líbano frequentemente recebem
apoio de países muçulmanos vizinhos, Raï afirmou que os cristãos dependem quase
inteiramente de instituições da Igreja — muitas das quais estão sob severa
pressão financeira.
“Os cristãos estão pobres, e isso afeta o acesso a
alimentos, medicamentos e cuidados hospitalares”, observou ele.
O Cardeal Raï, de 85 anos, pediu aos governos que mudem sua
abordagem em relação às comunidades cristãs na região.
“Não se trata de focar em números, mas no valor que a
presença dos cristãos acrescenta”, disse ele.
Ele apontou para as escolas católicas, muitas das quais
atendem a um corpo discente majoritariamente muçulmano, como exemplos do tipo
de coexistência que é possível.
“No sul, em nossas escolas católicas, todos os alunos são
muçulmanos. Essas escolas fazem de tudo para permanecer abertas — especialmente
nas montanhas — para o bem dos cidadãos.”
Ele contrastou as proteções constitucionais do Líbano para a
coexistência cristã-muçulmana com a situação na Síria, no Iraque e na Jordânia,
onde os cristãos são frequentemente considerados cidadãos de segunda classe.
“O modelo libanês inclui valores cristãos e muçulmanos.
Queremos que continue assim — não apenas para o Líbano, mas também para a Síria
e o Iraque”, disse ele.
O cardeal também alertou para as consequências a longo prazo
da "fuga de cérebros" que o Líbano tem enfrentado, com cerca de
77.000 profissionais deixando o país apenas em 2021. “Há o perigo de que
cristãos e muçulmanos emigrem, e então quem controlará a Síria? Quem controlará
o Iraque? Quem controlará o Egito? Ninguém sabe.”
Estratégia de estabilidade
O Patriarca Maronita instou a comunidade internacional a
apoiar as comunidades cristãs remanescentes na região — não como uma questão de
solidariedade religiosa, mas como um investimento estratégico na estabilidade.
“Se eles forem forçados a sair, as consequências não serão
apenas espirituais — serão políticas.”
As instituições de caridade que apoiam os cristãos no Líbano
incluem a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), a Associação
Católica de Bem-Estar do Oriente Próximo (CNEWA) e a Catholic
Relief Services (CRS).
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