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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Papa Francisco no Panamá: recordando a JMJ 2019

Papa Francisco saudado por jovens no Panamá  (Vatican Media)

Assinalamos aqui o essencial das palavras do Papa no Panamá. Partindo do dia 27 de janeiro com o anúncio oficial da Jornada portuguesa que decorrerá em 2023. Lisboa evocará essa data acolhendo os símbolos da JMJ.

Rui Saraiva - Cidade do Porto

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Portugal na cidade de Lisboa no ano 2023. Uma grande responsabilidade para a capital portuguesa e para o país. Uma missão muito especial para a diocese de Lisboa.

O anúncio oficial de que a próxima JMJ seria em Portugal foi feito pelo Cardeal Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, no domingo 27 de janeiro de 2019 no Campo São João Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá.

Sé de Lisboa acolhe os símbolos da JMJ

Evocando esse momento tão importante a organização da JMJ Lisboa 2023 acolherá na Sé de Lisboa os símbolos da JMJ, precisamente, no dia em que se completam dois anos após o anúncio. Será na quarta-feira, 27 de janeiro, o acolhimento que a Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”, em modo oficial em Lisboa. Uma celebração que decorre em tempo de pandemia de covid-19 e em momento de confinamento geral em Portugal. Por isso terá transmissão nas plataformas digitais.  

Entretanto, recordemos aqui o essencial das palavras do Papa Francisco na Jornada do Panamá naquela que foi a 26ª Viagem Internacional do Santo Padre. Participaram mais de 600 mil jovens de 156 países acompanhados por 480 bispos. Uma organização de mais de 20 mil voluntários. Cobriram o encontro mais de 2500 jornalistas.

Jovens, “construtores de pontes”

Foi no Campo de Santa Maria La Antígua na Faixa Costeira da cidade do Panamá que o Papa Francisco foi acolhido na quinta-feira dia 24 de janeiro para a XXXIV edição das Jornadas Mundiais da Juventude.

Centenas de milhares de jovens saudaram o Santo Padre efusivamente e escutaram com grande atenção as suas palavras. A acolher o Papa representantes jovens dos cinco continentes.

Do continente europeu era português o rapaz que acolheu o Santo Padre. Joaquim Goes, o seu nome.

Francisco assinalou que este grande evento de juventude é tempo de encontro na pluralidade para que os jovens sejam “construtores de pontes”. O Papa exortou os jovens a viverem um “sonho comum” que a todos envolve: “um sonho chamado Jesus”: “A cultura do encontro é apelo e convite a termos a coragem de manter vivo um sonho comum”.

“O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz e o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi derramado e gravado a fogo no coração de cada homem e mulher, no teu e no meu, com a esperança de aí encontrar espaço para crescer e desenvolver-Se. Um sonho chamado Jesus, semeado pelo Pai com a confiança que crescerá e viverá em todo o coração” – disse o Papa.

O Papa recordou as palavras de S. Óscar Romero: “O cristianismo é uma Pessoa que me amou tanto, que reivindica e pede o meu amor. O cristianismo é Cristo”.

Um encontro no amor de Cristo – disse Francisco – “um amor que não se impõe nem esmaga, um amor que não marginaliza nem obriga a estar calado, um amor que não humilha nem subjuga. É o amor do Senhor: amor diário, discreto e respeitador, amor feito de liberdade e para a liberdade, amor que cura e eleva” – declarou o Papa frisando que o amor em Cristo é “serviço” e “doação”.

Na sua intervenção inicial aos jovens reunidos nas Jornadas Mundiais da Juventude, o Papa Francisco recordou o amor com o qual Maria, Mãe de Jesus, disse sim: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua Palavra”.

Junto da Cruz para acolher e acompanhar quem sofre

Dia 25 de janeiro, Via Sacra dos Jovens com o Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá: nas várias estações os jovens refletiram sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos migrantes, dos mártires cristãos, a violência sobre as mulheres, a corrupção, o terrorismo, o aborto. Rezaram pelo ecumenismo, pelos Direitos Humanos, pela defesa do ambiente.

Francisco na sua reflexão começou por assinalar “o caminho de Jesus para o Calvário” como sendo “um caminho de sofrimento e solidão que continua nos nossos dias”. Um sofrimento que continua numa sociedade onde impera a indiferença “que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos” – disse o Papa.

O Santo Padre reconheceu que também nós, amigos do Senhor, nos deixamos “levar pela apatia” e pelo “imobilismo”, pois “é fácil cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”

“Para Vós, Senhor, não é assim! Na cruz, identificastes-Vos com todo o sofrimento, com quem se sente esquecido” – declarou o Papa lembrando o “grito sufocado das crianças impedidas de nascer e de tantas outras a quem se nega o direito a ter uma infância, uma família, uma instrução”.

Francisco lembrou também as “mulheres maltratadas”, os “olhos tristes dos jovens que veem ser arrebatadas as suas esperanças de futuro por falta de instrução e trabalho digno” e aqueles que “caem nas redes de pessoas sem escrúpulos”, os jovens que se deixam absorver “numa espiral de morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano”.

O Santo Padre recordou ainda os que vivem na solidão e os que são rejeitados pela sociedade; os idosos que são “abandonados e descartados”; “os povos nativos despojados das suas terras”; a mãe Terra “ferida nas suas entranhas”.

Uma “sociedade que perdeu a capacidade de chorar e comover-se à vista do sofrimento” – afirmou.

Francisco perguntou-se se somos hoje capazes de consolar e acompanhar quem sofre, permanecendo ao pé da Cruz. A este propósito recordou Maria, Mãe de Jesus, “mulher forte” que disse “sim” que “apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança” – disse o Santo Padre.

O Papa afirmou que “também nós queremos ser uma Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes de tantos cristos que caminham ao nosso lado”.

E com Maria “aprendemos a dizer sim” no apoio a quem precisa na família, não nos calando perante uma “cultura dos maus-tratos” e do “abuso, do descrédito e agressão”. Dizer sim acolhendo os abandonados, os que perderam a sua terra, a família ou o emprego.

“Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar” – declarou o Papa.

Ide e testemunhai

No dia 27 de janeiro, domingo, no Estádio Rommel Fernández, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários que organizaram e prestaram serviço nas Jornadas Mundiais da Juventude do Panamá.

O Santo Padre ouviu vários testemunhos de jovens que colaboraram ativamente na realização deste grande encontro de juventude.

Agradeceu as palavras que lhe foram dirigidas e referiu que após esta experiência das JMJ os jovens que participaram como voluntários já sabem o que significa o que é uma missão e sublinhou como é importante não deixar que “as limitações” e “as fraquezas” nos “bloqueiem e impeçam de viver a missão” a que Deus nos chama.

Francisco assinalou, em particular, a importância da oração na organização de um evento como as JMJ:

“Preparastes cada detalhe com alegria, criatividade e empenho, e com muita oração. Porque, se for rezada, sente-se a realidade em profundidade. A oração dá espessura e vitalidade a tudo o que fazemos. Rezando, descobrimos que fazemos parte duma família maior de quanto possamos ver e imaginar” – afirmou o Papa.

No culminar desta grande experiência de fé, o Santo Padre declarou ser este o momento de enviar os voluntários na missão de testemunhar a todos o que viveram:

“Ide e contai, ide e testemunhai, ide e transmiti o que vistes e ouvistes. Tudo isto, queridos amigos, dai-o a conhecer, não com muitas palavras, mas – como fizestes aqui – com gestos simples do dia a dia, aqueles que transformam e fazem novas todas as coisas”.

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Lisboa em 2023. Não obstante a pandemia e o atual confinamento geral que vigora em Portugal, os jovens portugueses estão a preparar em espírito de serviço a JMJ 2023. Orientados pelo lema proposto pelo Papa Francisco: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”.

Laudetur Iesus Christus

Vatican News

0 razões pelas quais o Terço é tão poderoso

Imagem referencial/ Crédito: Pixabay

REDAÇÃO CENTRAL, 19 jan. 21 / 05:00 am (ACI).- Pe. Dwight Longenecker, pároco de Our Lady of the Rosary, em Carolina do Sul (Estados Unidos), compartilhou um novo artigo para ‘National Catholic Register’ com 10 razões pelas quais a oração do Terço é uma das mais "poderosas".

“Os santos dizem. Os papas dizem. O Terço é uma arma poderosa contra o mal. Mas, já parou para descobrir por quê?”, escreveu o presbítero na introdução de seu recente artigo. 

A seguir, as 10 razões que explicam o poder do Terço:

1. Porque o Terço envolve a vontade

Sobre o primeiro ponto, Pe. Longenecker explicou: “A vontade humana é poderosa porque é compartilhar o poder de Deus. Dá-nos a vontade de escolher fazer o bem ou fazer o mal, e essa vontade, em si mesma, é uma arma poderosa no âmbito espiritual. É por isso que Satanás visa nos escravizar e incapacitar nossa vontade através de vícios. Quando nossa vontade se une à vontade de Deus através da oração, literalmente aproveitamos a fonte de poder de Deus”.

2. Porque o Terço é físico

O sacerdote revelou que, quando “usamos os aspectos físicos da oração”, como adotar uma postura intencional ou sacramentais como “velas abençoadas, água benta, incensos e quadros ou imagens sagradas”, então, “estamos usando as ferramentas que possuímos e que Satanás não possui”, o que significa uma vantagem.

Pe. Longenecker lembrou que “os anjos, e isso inclui os demônios, são criaturas puramente espirituais. Eles não têm a forma física e, portanto, são inferiores a nós”.

3. Porque o Terço envolve nossas funções linguísticas

O também escritor de livros espirituais recorda que "Satanás não tem os meios da fala física"; em troca, o homem recebeu de Deus "línguas para louvá-lo" e "cordas vocais e ânimo para falar e cantar".

“Por isso, devemos rezar o Terço em voz alta, movendo nossos lábios. Isso compromete nosso corpo físico e nosso intelecto, através dos quais podemos produzir fala”, acrescentou.

4. Porque o Terço implica nossa imaginação

Pe. Longenecker detalha que, quando meditamos os mistérios do Terço, envolvemos a parte não verbal de nossa mente, que se comunica através de imagens "de uma maneira positiva e purificadora".

“Satanás gosta de cativar nossa imaginação através de imagens pecaminosas. Essas imagens podem ser comunicadas através da Internet, televisão ou qualquer estímulo visual, mas também quer que nossa imaginação permaneça em imagens que são destrutivas. Portanto, nossa imaginação pode ser usada para fantasias luxuriosas, imaginações violentas contra nossos inimigos ou desfrutar de lembranças negativas”, recordou.

Portanto, disse que meditar os mistérios do Terço "limpa nossa imaginação e compromete e usa a imaginação para promover a vontade de Deus em vez do mal".

5. Porque recitar o Terço através da linguagem leva à meditação

O sacerdote explica que "nossas mentes geralmente funcionam de maneira linguística: usando a fala e os conceitos da fala para pensar em problemas, pensar no futuro, planejar o que vem depois etc.".

Então, quando se reza o Terço, a imaginação pode ser "limpa" com "a meditação".

"Ao rezar o Terço, esse canal de nossa mente está ocupado e as portas podem se abrir para a imaginação e o que eu chamo de partes ‘sub-linguísticas’ do nosso ser", afirmou.

6. Porque com o Terço é possível acessar experiências passadas para curá-las

Pe. Longenecker comenta que "as emoções verdadeiras são irracionais e inexplicáveis" e, portanto, é "na área emocional da alma onde temos nossas experiências fundamentais".

“No útero materno e nos estágios pré-linguísticos da vida, experimentamos a vida de maneira irracional e emocional. Enquanto rezamos o Terço e o canal linguístico está ocupado e o canal imaginativo está ocupado, o Espírito Santo pode acessar as experiências sub-linguísticas, profundas e cruas de nossos primeiros dias. Se houver feridas e más lembranças emocionais, a Mãe Maria poderá curá-las”, explicou o presbítero.

7. Porque, com o Terço, aplicam-se os mistérios curativos

“Escrevi mais sobre como isso funciona no meu livro 'Rezando o Terço para a cura interna', mas basta dizer que, ao rezar o Terço, os mistérios sobre o nascimento, o ministério, a paixão e a glória de Cristo se abrem e o Espírito Santo os aplica às nossas próprias necessidades internas. Onde há impurezas, são eliminadas. Onde há más lembranças, são curadas. Onde há feridas, o doutor Jesus e a enfermeira Maria atendem às nossas necessidades”, disse o presbítero.

8. Porque o Terço é a arma ideal para a batalha espiritual

Pe. Longenecker foi muito claro neste ponto: “Satanás odeia o Terço. Odeia Maria. Odeia o Evangelho. Odeia Deus. Odeia Cristo, o Senhor. Odeia a oração do Senhor. Odeia a Ave-Maria. Ele odeia você toda vez que reza o Terço por tudo que descrevi anteriormente, porque está entrando no território que ele quer reivindicar como dele. Ele quer controlar a sua vontade e você lhe tira isso. Ele quer controlar as suas palavras, mas você lhe tira isso. Ele quer ter controle sobre sua imaginação, mas você lhe tira isso. Ele quer ter controle sobre suas emoções e seus primeiros anos de vida; você lhe tira isso".

9. Porque as mesmas vitórias sobre o mal descritas nos Evangelhos se aplicam à vida real

O presbítero disse que, "em muitos sentidos, os mistérios do Evangelho dão vida à vitória de Cristo sobre Satanás e, rezando o Terço, podemos aplicar essas vitórias contra a obra de Satanás no mundo".

10. Porque o Terço é acessível e fácil para todos

Finalmente, para Pe. Longenecker, é “incrivelmente surpreendente” que Deus, através do Terço, gere “uma cura muito profunda na vida individual e no mundo da maneira mais acessível e fácil”.

“Não é necessário realizar longas sessões de psicanálise ou aconselhamento. Em vez disso, homens, mulheres, meninos e meninas comuns podem simplesmente rezar o Terço. Todas essas coisas boas acontecem mesmo quando não somos conscientes de que estão ocorrendo estes aspectos profundos de rezar”, ressaltou.

Publicada originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

São Mário

São Mário | ArqSP

A memória de São Mário está ligada ao martírio do século terceiro. Junto com ele está a memória de outros mártires: Marta, sua esposa, Audifax e Ábaco, supostamente seus filhos e o padre Valentim. Os cinco testemunhos foram narrados cerca de um século depois dos fatos, o que dificulta separar fatos de tradições orais. 

A tradição conta que Mário e sua família veio da Pérsia para Roma, venerar os túmulos de Pedro e Paulo. Nos arredores da cidade acabaram ajudando o padre Valentim a enterrar os corpos de duzentos e sessenta mártires, que jaziam decapitados e abandonados ao lado de uma estrada. Eles foram flagrados no cemitério e presos. 

Todos morreram, pois não renegaram a fé e se recusaram a prestar culto ao imperador. Os homens foram decapitados na Via Cornélia e Marta, mesmo informando que ainda não havia recebido o batismo, também morreu, afogada num poço fora dos muros de Roma. 

Reflexão:

Ainda que fruto de tradição antiquíssima, a história de Mário é exemplo de uma vida familiar integra e unida. Assumir a fé em Cristo e testemunhar em família esta fé, garantiu-lhe a glória dos altares. Que nossas famílias sejam celeiros de fé e que ensinemos aos filhos e netos o amor ao Pai do Céu.

Oração:

Senhor Jesus, ressuscitado dentre os mortos pelo poder do Espírito Santo, e que vives pelos séculos junto ao Pai: aumenta nossa fé, robustece nossa esperança e dá-nos beber da fonte de teu amor, para que não declinem nossas forças enquanto peregrinamos até a Jerusalém celeste. Amém.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 2/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

I.3 Particularidades da Igreja de Jerusalém

Através das próprias catequeses de São Cirilo podemos ter uma idéia da Igreja de Jerusalém. O costume da catequese era cuidadosamente observado em Jerusalém. Se em outras Igrejas a exposição do Credo se resumia a duas, três ou mais apresentações, em Jerusalém se lhe dedicava todo o tempo da Quaresma. Compreende-se o motivo pelo qual o conjunto das catequeses nos oferece todo um sistema doutrinário. Na Catequese Preliminar ele nos faz ver a importância conferida a esta ação catequética: «Aprende o que ouves e guarda-o para sempre. Não creias serem estas homilias habituais. Também elas são boas e dignas de fé» 3.

Cirilo pronuncia as catequeses na Igreja da Ressurreição e na Capela do Santo Sepulcro. Para que alguém fosse admitido ao catecumenato exigia-se, segundo menciona Eusébio, a imposição das mãos e a oração. O primeiro Concílio de Constantinopla (381) nos fala dos exorcismos e da insuflação, feitos em três dias consecutivos. No primeiro dia, diz o Concílio, fazemo-los cristãos; no segundo catecúmenos; no terceiro os exorcizamos, soprando por três vezes o rosto e os ouvidos e assim os catequizamos4. São Cirilo se refere expressamente aos exorcismos5, os quais são recebidos com a face coberta com um véu: «O teu rosto foi coberto com um véu, a fim de que todo o teu pensamento não estivesse disperso, e o olhar, divagando, não fizesse vagar também o coração» 6.

Após o primeiro grau de Catecumenato passa-se ao dos Competentes com todo um período de preparação e que antecedia em algumas semanas à Páscoa. O bispo lhes dirigia uma exortação, seguida da inscrição nos registros da Igreja. Esta se fazia, em Jerusalém, no princípio da Quaresma e num mesmo dia. Recebiam então o nome de fiéis. «Vê que, sendo chamado fiel, tua intenção não seja de um infiel» 8.

Findo o que se seguia à preparação imediata para o batismo que compreendia duas partes principais:

a) Preparação ascética: que Cirilo descreve na Catequese Preliminar, na primeira e na segunda Catequese. Três obras a caracterizam: o jejum, a penitência e a confissão dos pecados.

Jejum: o jejum se estendia, na comunidade jerosolimitana, pelo espaço de 40 dias, inclusive os sábados e domingos, e abarcava também a abstinência de vinho e carnes. Além deste jejum quaresmal existia o jejum pascal, muito mais rigoroso.

Penitência: acentua-se não só a penitência externa, mas também a interna como meio imprescindível para uma digna recepção do batismo. Diz Cirilo: «Prepara teu coração para receberes as doutrinas, para participares dos sagrados mistérios». É o convite à renúncia a todo mau hábito e à purificação dos pecados. «Deixa desde já toda obra má; que tua língua não fale palavras inconvenientes; que teu olhar já não peque mais e que teu espírito não se ocupe com coisas vãs.” Este espírito de penitência é fruto da graça de Deus implorada na oração. Por isso Cirilo insiste que seus ouvintes sejam assíduos à oração: “Reza com insistência a fim de que Deus te faça digno dos celestes e imortais mistérios. Não cesses nem de dia nem de noite”. Quarenta dias, no entanto, é pouco tempo de preparação para os que viveram entregues às vaidades. Daí a necessidade de receber com toda devoção os exorcismos, assistir às catequeses com pureza de intenção.

Confissão: São Cirilo desenvolve de modo todo especial o inciso sobre a confissão dos pecados. No início da primeira Catequese ele exclama: «Vós que estais cobertos com o manto das transgressões e estais ligados com as cadeias dos vossos pecados, escutai a voz profética que diz: Lavai-vos, purificai-vos». Em outra Catequese ele repete: «Quão excelente é confessar-se».

A segunda Catequese é praticamente uma grande exortação à confissão apresentada não como mero relato de pecados, mas expressando uma situação existencial e conseqüente vontade de mudar de vida. Os termos que ocorrem para designar a confissão são significativos: (confissão) e (penitência).

b) Preparação catequética: Nota-se aqui a diferença da Igreja de Jerusalém das demais Igrejas. Como já dissemos acima, em Jerusalém se emprega toda a Quaresma para explicar o Credo, enquanto nas demais igrejas a exposição do Credo se restringe a duas ou mais apresentações. Cirilo profere vinte e três catequeses, o que por si só exprime a importância que é dada à catequese na preparação batismal. As dezoito primeiras se dirigem aos que se preparam para o batismo e comentam basicamente o Credo artigo por artigo. As últimas cinco são pronunciadas para os recém-batizados, durante a semana da Páscoa, na capela do Santo Sepulcro. As cinco tratam da doutrina, dos ritos e cerimônias dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia. 

I.4 Apresentação geral de sua obra

Como já assinalamos Cirilo pronuncia vinte e três catequeses que podem ser divididas em dois blocos distintos: As dezoito primeiras pronunciadas em preparação para o batismo e as cinco últimas aos já batizados. Quase todas foram proferidas na Igreja do Santo Sepulcro e, como observa J. Quasten, «uma nota conservada em diversos manuscritos recorda que elas foram copiadas em estenografia, ou, ainda; que elas representam a transcrição de um de seus ouvintes, e não uma cópia «manu propria» do bispo». Precede às dezoito primeiras uma alocução preliminar ou introdução geral, na qual Cirilo prepara os ouvintes para receber, com maior proveito, as instruções pré-batismais. Após uma ardorosa recepção: «Já vos impregna, ó iluminandos, o odor da bem-aventurança»20, o bispo acentua a necessidade da penitência e purificação dos pecados, da prece e da disciplina pessoal e de uma intenção livre de todo interesse mundano para se aproximar do sacramento de iniciação. O mesmo é repetido nas duas primeiras catequeses, que versam sobre o pecado e a penitência. Na terceira, ele trata do batismo e de seus efeitos. A quarta é um breve compêndio da doutrina sobre a fé. Aí ele expõe as verdades necessárias ao homem para que ele se salve. Em primeiro lugar, alude ao Credo onde se professa o Deus Criador, seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo. Em seguida, apresenta a doutrina cristã sobre o homem, sua natureza, sua vida moral e seu fim último. Finalmente, discorre sobre o conhecimento de Deus e de nós mesmos, fundado na Sagrada Escritura.

Da quinta à décima oitava Catequese Cirilo dá uma explicação detalhada dos artigos do Credo, que se aproxima muito da fórmula do Concílio de Constantinopla (381). Por exemplo, na quinta ele expõe a palavra Credo. Segue-se o primeiro artigo: “Creio em um só Deus” e assim por diante.

As Catequeses Mistagógicas (19-23) versam sobre os sacramentos recebidos pelos neófitos na vigília pascal. Doutrina que permanecera até então oculta. Daí o nome de catequeses mistagógicas. Nas duas primeiras, o bispo busca explicar as cerimônias que precederam ao batismo. Na terceira fala da Confirmação; na quarta da Eucaristia e na quinta trata da Divina liturgia.

ECCLESIA

A testemunha é aquele que oferece seu corpo

Revista Galileu - Globo

mar/abr - 2012


O cardeal Georges Cottier: a imagem da lua ajuda a perceber a natureza da Igreja e o horizonte da sua missão


pelo cardeal Georges Cottier


Lendo o L’Osservatore Romano, fiquei impressionado com um artigo escrito pelo cardeal Kurt Koch e publicado em 27 de janeiro passado com um título um tanto singular. O artigo se intitulava “Eclesiologia lunar”. E resenhava o livro Chiesa cattolica. Essenza, realtà, missione, do cardeal Walter Kasper, recentemente publicado na Itália pela editora Queriniana. Nas passagens do livro que a resenha ajudou a valorizar, encontrei deixas que me parecem preciosas, sobretudo tendo em vista o Ano da Fé e o próximo sínodo dos bispos sobre a nova evangelização.


O título da resenha do cardeal Koch remete a uma analogia tradicional aplicada à Igreja já pelos Padres dos primeiros séculos e retomada também na Idade Média: aquela segundo a qual a natureza da Igreja pode ser entendida usando a figura da lua. A lua traz luz à noite, mas a luz não vem dela, vem do sol. Assim é a Igreja: ela traz luz ao mundo, mas essa luz não é sua. É a luz de Cristo. “A Igreja”, comenta o cardeal Koch em sua resenha, “não deve querer ser sol, mas alegrar-se por ser lua, por receber toda a sua luz do sol e fazê-la resplandecer dentro da noite”. Ao receber a luz de Cristo, a Igreja vive toda a sua plenitude de letícia, “já que ela”, como confessou Paulo VI no Credo do povo de Deus, “não possui outra vida a não ser a da graça”.

 

Na vigília do Ano da Fé, a imagem da lua ajuda a perceber também quais são a natureza da Igreja e o horizonte próprio de sua missão.


A comparação com a lua não deve ser tomada como uma marginalização da missão da Igreja. A Igreja é a seu modo responsável pela luz de Cristo que é chamada a refletir. Essa luz não deve ser obscurecida. A Igreja deve refletir, e não ofuscar ou apagar em si esse reflexo. Como faz a lua durante a noite, ela deve difundir a luz de Cristo na noite do mundo, que, abandonado a si mesmo, permaneceria no pecado e na sombra da morte. Era o que notava Paulo VI em seu discurso de abertura da segunda sessão do Concílio Vaticano II: “Só depois desta obra de santificação interior, poderá a Igreja mostrar o seu rosto ao mundo inteiro, dizendo: quem me vê a mim, vê a Cristo, assim como Cristo disse de si mesmo: ‘Quem me vê a mim, vê também o Pai’” (Jo 14,9).

 

A imagem da lua ajuda também a entender a dinâmica própria da missão a que a Igreja é chamada. Como o mesmo Paulo VI reconhecia na exortação apostólica Evangelii nuntiandi (1975), “o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres”, e, se escuta os mestres, “é porque eles são testemunhas”. Nietzsche falou de “desconfiança metódica”. Nesse sentido, sobretudo em nossos tempos, a forma mais adequada e mais desarmante com que a luz da palavra de Deus se oferece ao mundo é a do testemunho. Também nisso a imagem da lua sugere pontos de reflexão e conforto.


A testemunha é por definição um teste, alguém que testifica algo de um outro, sem acrescentar coisas suas. Também o testemunho de fé cristã não coincide com lançar-se em atividades, com um acréscimo de outros compromissos às coisas da vida. Muito menos significa fazer propaganda ou proselitismo de certas ideias.


A testemunha é aquele que oferece seu corpo, põe à disposição a concretude de sua condição humana para que nela aja e resplandeça a graça do Senhor. Fazendo, assim, exatamente o que faz a lua, sobre cujo corpo opaco se reflete a luz irradiada pelo sol. “Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto”, escreve São Paulo na Carta aos Romanos (Rm 12,1). E, como sugeriu Bento XVI em sua recente Lectio divina dada no Seminário Romano Maior, a oferta do nosso corpo, da nossa vida cotidiana é a condição pela qual “o nosso corpo unido ao corpo de Cristo torna-se glória de Deus, torna-se liturgia”, e o próprio corpo se torna “a realização da nossa adoração”. A ação da graça sobre a vida das testemunhas se manifesta na santidade, que justamente por isso não é uma conquista reservada a poucos, mas uma possibilidade real que se apresenta à vida concreta de todos os batizados, como sugeriu também o beato João Paulo II na carta apostólica Novo millennio ineunte. A santidade é o que melhor expressa o íntimo mistério da Igreja.


A realidade que permite o encontro dos homens com Cristo é a própria vida de seus discípulos, que não são ativistas de uma mensagem extrínseca em relação às suas vidas. Como ensina o Concílio Vaticano II, a graça opera sobre eles de modo que a riqueza de seu dom não pode ser retida e quase sequestrada de maneira egoísta, como uma posse da qual excluir os outros. Ao contrário, esta se comunica gratuitamente por força própria, resplandecendo no fulgor da fé, da esperança e da caridade que dá testemunho de Cristo na própria vida dos cristãos: “fide, spe, caritate fulgentes”, como está escrito no parágrafo 31 da Lumen gentium. Disse uma vez padre Luigi Giussani: “Nós damos o verdadeiro anúncio por meio daquilo que Cristo perturbou na nossa vida, acontece por meio da perturbação que Cristo realiza em nós: tornamos Cristo presente por meio da mudança que Cristo realiza em nós. É o conceito de testemunho”.


O que vale para cada indivíduo batizado vale também para a Igreja. A Igreja não tem de inventar nada. Como faz a lua com o sol, ela apenas põe seu corpo à disposição para que a graça possa refletir-se nele. Quando a Igreja pretende atestar a si mesma, não parece nem atraente nem alegrada e consolada pelo Senhor. E mesmo as questões eclesiais acabam fatalmente por ser marcadas por aquela “vanglória que vai contra a verdade e não me pode fazer feliz e bom” a que acenou Bento XVI em seu último encontro com os párocos de Roma.


Para a Igreja, como para cada cristão, essa oferta de seu corpo e de sua condição para que neles aja e resplandeça a graça do Senhor se exprime como pedido, ou seja, como oração. Porque é simples pôr à disposição, essa oferta tem como forma própria o pedido, ou seja, a oração. É nesse sentido que devem ser registradas as palavras do cardeal Kasper no final do seu livro, quando escreve que “a Igreja do futuro será sobretudo uma Igreja de orantes”. Na invocação da oração que pede, mas também na oração de louvor, atestamos a nossa dependência de Deus. Nela o que se acentua não é a sujeição, mas o fato de sermos agraciados. Sendo criaturas livres, a nossa liberdade se realiza na satisfação de acolher o dom, de modo que produzam fruto em nós recursos dele que para nós seriam impensáveis.

 

O testemunho dos cristãos e a missão da Igreja se realizam num contexto que é muitas vezes marcado por contrariedades e oposições. São os sofrimentos apostólicos, de que já falava São Paulo. Em muitos países ocidentais vemos o surgimento de movimentos anticristãos agressivos. Cresce a negação da fé. Cresce também a Igreja, mas os cristãos sofrem perseguições em muitas partes do mundo. Tudo isso não nos deve surpreender. Os evangelhos, as cartas de São Paulo e também o Apocalipse já nos dizem que a perseguição faz parte da condição da Igreja neste mundo. E com o último Concílio a Igreja reencontrou de maneira mais intensa o que sempre soube e viveu em seus santos, como Francisco de Assis: que diante de dificuldades e perseguições há uma maneira evangélica, gostaria quase de dizer um “estilo” evangélico, de reagir, que é o descrito nas Bem-Aventuranças. Há, porém, uma certa maneira de responder às adversidades que continua a ter como perspectiva última aquilo que se expressou, no passado, nas Cruzadas. Às vezes ouvimos discursos que tomam como ponto de partida as perseguições ou a chamada “cristianofobia” para estabelecer estratégias de batalha. No entanto, os próprios acontecimentos da história já esclareceram a todos que a perspectiva da Cruzada representa uma mundanização e uma instrumentalização do cristianismo, e seu esgotamento representou uma libertação e uma vantagem para a Igreja. Além disso, faz-nos sempre perder o foco pensar que existem épocas mais amadas por Deus do que outras. É uma tentação milenarista que não corresponde ao autêntico sensus fidei. Deus ama também o nosso tempo, com todos os seus problemas. Em vez de nos dobrarmos em nostalgias utópicas e enganadoras, é preciso olhar para o que o Concílio Vaticano II definiu como sinais dos tempos. Por exemplo, os intensos fenômenos migratórios atuais representam uma circunstância concreta para experimentar de verdade – e talvez pela primeira vez de maneira tão intensa – a universalidade do Evangelho. Hoje um europeu, para encontrar e conhecer um chinês, já não precisa percorrer milhares de quilômetros. Ele encontra os chineses, os indianos, os árabes cotidianamente nas metrópoles e nas pequenas cidades de sua nação. A situação é em certo sentido semelhante à vivida e abraçada por Santo Agostinho, quando a chegada de novos povos marcou o fim de uma certa fase histórica, mas abriu novas possibilidades de difusão para a força desarmada do anúncio cristão.

 

Nesse sentido, são um conforto para todos as palavras proferidas por Bento XVI nos últimos tempos. Quando o Papa repete que “a Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós”, e quando acrescenta que “a Igreja não se autorregula, não confere a si mesma o seu próprio ordenamento, mas recebe-o da Palavra de Deus, que escuta na fé e procura compreender e viver”, essas expressões, usadas na homilia para a festa da cátedra de São Pedro, atingem com realismo amoroso e apaixonado o próprio mistério da Igreja. E podem ajudar a todos a intuir os perigos e as possibilidades que marcam o caminho da Igreja no tempo nas atuais circunstâncias.


Revista 30Dias


Santo Inácio de Loyola: os 3 tipos de humildade

Pixabay - CC0

A humildade, segundo o criador dos Exercícios Espirituais, é um processo crescente.

O primeiro tipo de humildade é necessário à salvação eterna

E consiste em me rebaixar e me humilhar tanto quanto me for possível, para obedecer em tudo à Lei de Deus, Nosso Senhor, de tal modo que, mesmo que me tornassem senhor de todas as coisas criadas neste mundo ou mesmo que estivesse em risco a minha própria vida temporal, nunca pensaria em transgredir um mandamento, fosse ele divino ou humano.

O segundo tipo de humildade é uma humildade mais perfeita que a primeira

E consiste nisto: encontro-me num ponto em que não desejo nem sou propenso a possuir a riqueza mais do que a pobreza, a querer a honra mais do que a desonra, a desejar uma vida longa mais do que uma vida curta, quando as alternativas não afetam o serviço de Deus, Nosso Senhor, nem a salvação da minha alma.

O terceiro tipo de humildade é a humildade mais perfeita

É quando, incluindo a primeira e a segunda, sendo iguais o louvor e a glória da Sua divina majestade, para imitar a Cristo, Nosso Senhor, e me assemelhar a Ele mais eficazmente, desejo e escolho a pobreza com Cristo pobre em vez da riqueza, o opróbrio com Cristo coberto de opróbrios em lugar de honrarias; e desejo mais ser tido por insensato e louco por Cristo, que, antes de todos, foi tido como tal, do que “sábio e prudente” neste mundo (Mt 11, 25).

Aleteia

Papa reitera: a unidade é sempre superior ao conflito

Celebração das Vésperas na Basílica São Paulo-fora-dos-muros,
em 25 de janeiro de 2018  (Vatican Media)

"Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto" é o tema da semana de Oração pela Unidade dos Cristão desse ano.

Jackson Erpen - Vatican News

Nos apelos que costuma fazer após rezar o Angelus, o Papa Francisco recordou o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério norte é celebrada de 18 a 25 de janeiro, enfatizando que “a unidade é sempre superior ao conflito:

Amanhã é um dia importante: tem início a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, o tema refere-se à advertência de Jesus: "Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto" (cf. Jo 15,5-9). Na segunda-feira, 25 de janeiro, concluiremos com a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo fora-dos muros, juntamente com os representantes das outras comunidades cristãs presentes em Roma. Nestes dias rezemos juntos para que se cumpra o desejo de Jesus: "Que todos sejam um" (Jo 17, 21). A unidade, que é sempre superior ao conflito.

A celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo fora-dos-muros terá transmissão em português pelo Vatican News.

A Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), traduziu para o português subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e para todo o ano 2021, preparados e publicados conjuntamente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

A primeira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, nos moldes da atual, nasceu por iniciativa do inglês Spencer Jones, anglicano, e do estadunidense Paul James Francis Wattson, episcopal (anglicano americano). No ano de 1907, o rev. Jones sugeriu a instituição, em 29 de junho de cada ano, de um dia de oração pelo retorno dos anglicanos, e de todos os outros cristãos, à unidade com a Sé Romana. No ano seguinte Wattson ampliou a ideia, propondo-a em forma de uma oitava para pedir a Deus "a volta de todas as outras ovelhas ao aprisco de Pedro, o único pastor". É precisamente a este ano (1908) que o nascimento oficial da semana em curso é convencionalmente atribuído. Wattson decidiu iniciar a oitava no dia da festa da Confissão de Pedro (uma variante protestante da festa da Cátedra de São Pedro que se festejava em 18 de janeiro) e de concluí-la com a festa da Conversão de São Paulo. Desde então, essas duas datas (18 e 25 de janeiro) marcam o início e o fim da Oitava no Hemisfério Norte. No hemisfério Sul, por sua vez, as Igrejas geralmente celebram a Semana de Oração no período de Pentecostes.

Vatican News

Estes são os 3 chamados que Deus faz ao longo da vida, segundo o Papa Francisco

Papa Francisco durante a oração do Ângelus. Foto: Vatican Media

Vaticano, 17 jan. 21 / 12:30 pm (ACI).- O Papa Francisco presidiu a oração do Ângelus neste domingo, 17 de janeiro, e explicou quais são os 3 chamados que Jesus faz a cada um ao longo da vida: o chamado à vida, o chamado à fé e o chamado a um estado de vida particular.

Do Palácio Apostólico do Vaticano, o Pontífice explicou que cada um desses chamados "é uma iniciativa do seu amor".

O primeiro chamado de Deus é para a vida. “Com a qual nos constitui como pessoas; é um chamado individual, porque Deus não faz as coisas em série”.

Depois, “Deus nos chama à fé e para fazer parte da sua família, como filhos de Deus”.

E, finalmente, “Deus nos chama a um estado particular de vida: a doar-nos no caminho do matrimônio, no do sacerdócio ou na vida consagrada”.

O Papa explicou que estes chamados “são formas diferentes de realizar o projeto de Deus, aquele que Ele tem para cada um de nós, que é sempre um plano de amor. Mas Deus chama sempre. E a maior alegria para cada crente (para cada fiel) é responder a este chamado, oferecer-se inteiramente ao serviço de Deus e dos irmãos”.

“Mas diante deste chamado do Senhor que nos chega de mil maneiras, mesmo por meio de pessoas, acontecimentos felizes e tristes, às vezes a nossa atitude pode ser de rejeição, porque nos parece em contraste com as nossas aspirações; e também o medo, porque o consideramos muito exigente e incômodo. Mas o chamado de Deus é amor, e se responde a ele somente com o amor".

O Santo Padre explicou este ensinamento a partir do Evangelho deste segundo domingo do tempo comum, onde se apresenta “o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos”.

“A cena se passa no rio Jordão, um dia após o batismo de Jesus. E foi o próprio João Batista quem apontou o Messias para dois deles com estas palavras: 'Eis o Cordeiro de Deus!'”.

Aqueles dois discípulos, “confiando no testemunho do Batista, seguem Jesus que o percebe e pergunta: ‘O que estais procurando?’, E perguntam-lhe: 'Mestre, onde moras?' Jesus não responde: "Eu moro em Cafarnaum ou Nazaré", mas diz: "Vinde ver". Não é um cartão de visita, mas um convite para uma reunião”.

“Os dois o seguem e naquela tarde permanecem com Ele. Não é difícil imaginá-los ali sentados, fazendo perguntas a ele e, sobretudo, ouvindo-o, sentindo que seus corações se aquecem sempre mais, enquanto o Mestre fala”.

“Eles sentem a beleza das palavras que correspondem à sua maior esperança. E de repente descobrem que, à medida que escurece à sua volta, explode neles, em seus corações, uma luz que somente Deus pode dar”.

Terminado o encontro com o Mestre, “eles saem e voltam com seus irmãos, essa alegria, essa luz transborda de seus corações como um rio caudaloso. Um dos dois, André, diz a seu irmão Simão - a quem Jesus chamará Pedro quando o encontrar-: ‘Encontramos o Messias’".

Esse encontro com Jesus, explicou o Papa Francisco, é um encontro “que nos fala do Pai, nos faz conhecer o seu amor. E assim também em nós surge espontaneamente o desejo de comunicá-lo às pessoas que amamos: ‘Encontrei o Amor’, ‘encontrei o Messias’, ‘encontrei Jesus’, ‘encontrei o sentido da minha vida’. Em uma palavra: ‘Encontrei Deus’.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Os cristãos face à vacina é tema de Conferência internacional

Profissional de saúde conversa pessoa prestes a receber uma dose de
uma vacina contra o coronavírus na Igreja de São Paulo, Abu Dhabi

Enquanto as redes sociais e os meios de comunicação mantêm o debate sobre a vacina contra a Covid-19 e com esse, inúmeras notícias tendenciosas e falsas, a Academia Latino-Americana de Líderes Católicos propõe uma discussão aberta com especialistas em questões científicas, éticas e sociais.

Alina Tufani - Vatican News

Um cristão deve se vacinar? É moralmente obrigatório? É seguro ser vacinado? Quais serão as consequências sociais e econômicas? Com base nessas quatro questões, a Academia Latino-Americana de Líderes Católicos propõe uma Conferência internacional sobre a posição dos cristãos em relação às vacinas contra a Covid-19, e que se realizará, em modo virtual, na próxima terça-feira, dia 19 de janeiro.

A motivação do evento é o intenso debate na opinião pública, onde "fake news", além de absurdas teorias da conspiração "estão envenenando alguns ambientes católicos", explica em seu convite a ALLC que considera de vital importância para o futuro da humanidade, a massificação da vacina em todas as classes sociais.

Na apresentação do encontro, a instituição laica explica que a Santa Sé, assim como o próprio Papa Francisco, deixou clara a relevância, necessidade e importância de apoiar a campanha de vacinação que será realizada ao longo deste ano em todo o mundo.

Neste contexto, recorda as duas importantes declarações da Santa Sé sobre o tema: “Reflexões morais sobre vacinas preparadas a partir de células procedentes de fetos humanos abortados” da Pontifícia Academia para a Vida e a “Nota da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a moralidade do uso de algumas vacinas contra a Covid-19”, de 21 de dezembro de 2020.

A Academia Latino-americana de Líderes Católicos quer contribuir para esta campanha global de vacinação com um encontro onde, além de fazer eco à posição da Igreja Católica, se proponha uma discussão multidisciplinar do tema, isto é, sob a ótica da Doutrina Social da Igreja, a medicina (infectologia) e ciências sociais.

Neste sentido, haverá três oradores principais: o cardeal Seán O'Malley, arcebispo de Boston e presidente do Pontifício Conselho para a Proteção de Menores; a cientista e imunologista sueca do Instituto Karolinska em Estocolmo, Katerina le Blanc e Enrique García Rodríguez, ex-tesoureiro do Banco Ibero-americano de Desenvolvimento (BID) e presidente do Conselho de Administração do Trust for the Americas.

O diretor geral da Academia de Líderes Católicos, José Antonio Rosas, entrevistado por Vida Nueva Digital, também participante do projeto, destacou que a Conferência é muito importante por um simples motivo: milhares de vidas estão “em jogo”.

“Se as pessoas não forem vacinadas - explicou - colocam em risco não só as próprias vidas, mas também as das suas famílias; e assim nunca poderemos sair desta tremenda crise que vive a humanidade”.

Nesse sentido, Rosas expressou a convicção de que o cristão tem a obrigação moral de promover a vacinação e esclarecer muitas das fake news e teorias absurdas que circulam nas redes sociais.

A conferência será aberta pelo cardeal Carlos Aguiar, arcebispo primaz do México e poderá ser seguida pela plataforma Zoom em espanhol, inglês, português e italiano. Para participar você deve se cadastrar no site https://www.liderescatolicos.net/vacunas/.

A conferência também será transmitida no canal da Academia no YouTube: https://www.youtube.com/liderescatolicos.

Vatican News Service - ATD

Santa Margarida da Hungria

Sta. Margarida da Hungria | ArqSP

Margarida era uma princesa, filha do rei Bela IV, da Hungria e da rainha Maria, de origem bizantina. Ela nasceu no castelo de Turoc, em 1242, logo foi batizada, pois os reis eram fervorosos cristãos. Aos dez anos, o casal real a entregou para viver e ser preparada para os votos religiosos, no mosteiro dominicano de Vespem, em agradecimento pela libertação da pátria dos Tártaros.

Dois anos depois, fez a profissão de fé de religiosa num novo mosteiro, fundado para ela por seu pai, na Ilha das Lebres, localizada no rio Danúbio, perto de Budapeste. Em 1261, tomou o véu definitivo, entregando seu coração e sua vida a serviço do Senhor, tendo uma particular devoção pela Eucaristia e Paixão de Cristo. Ela realmente, era especial, foi um exemplo de humildade e virtude para as outras religiosas. Rezava sempre, e fazia penitencias, se oferecendo como vítima proposital, para a salvação do seu povo.

Margarida, não desejou ter uma cultura elevada. Sua instrução se limitou ao conhecimento primário da escrita e da leitura, talvez apenas um pouco mais que isto. Ela pedia que lhe lessem as Sagradas Escrituras e confiava sua direção espiritual ao seu confessor, o dominicano Marcelo, que era o superior da Ordem.

Possuía um ilimitado desapego às coisas materiais, amando plenamente a pobreza, o qual unido à sua vida contemplativa espiritual, a elevou a uma tal proximidade de Deus, que recebeu o dom das visões. Ela se tornou uma das grandes místicas medievais da Europa, respeitada e amada pelas comunidades religiosas, pela corte e população. Morreu em 18 de janeiro de 1270, no seu mosteiro.

A sua sepultura se tornou meta de peregrinação, pelas sucessivas graças e milagres atribuídos à sua intercessão. Um ano depois da sua morte, seu irmão, Estevão V, rei da Hungria, encaminhou um pedido de santidade, à Roma. Mas este processo desapareceu, bem como um outro, que foi enviado em 1276. Porém na sua pátria e em outros paises, Margarida já era venerada como Santa.

Depois de muitos desencontros, em 1729 um processo chegou em Roma, completo e contendo dados de autenticidade inquestionável. Neste meio tempo as relíquias de Margarida tinham sido transferidas, por causa da invasão turca, do convento da Ilha das Lebres para o de Presburgo em 1618.

Em 1804, mesmo sem o reconhecimento oficial, seu culto se estendia na Ordem Dominicana e na diocese da Transilvânia. No século XIX, sua festa se expandiu por todas as dioceses húngaras. A canonização de Santa Margarida da Hungria foi concedida pelo papa Pio XII em 1943, em meio ao júbilo dos devotos e fiéis, de todo o mundo, especialmente pelos da comunidade cristã do Leste Europeu, onde sua veneração é muito intensa.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF