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terça-feira, 2 de maio de 2017

Expectativas da Pessoa Humana

Dom Orlando Brandes – Arcebispo de Aparecida (SP)
Vivemos hoje uma situação confusa em relação à dignidade da pessoa humana. De um lado, imperam o individualismo, a autonomia e a liberdade com atitudes bem egocêntricas. De outro lado, perdemos a sensibilidade humana, pois, tratamos melhor determinados animais que as pessoas e a banalização da vida nos leva a ter atitudes de vingança, violência e desrespeito pelo ser humano. Quais são, então, as expectativas da pessoa humana para que se sinta bem e seja uma pessoa centrada?
Todo ser humano deseja e gosta de ser:
1. Valorizado. Ser bem acolhida, elogiada, valorizada nos seus dons. Alegra-se quando lhe são confiadas responsabilidades e tarefas. Ela gosta de receber a confiança dos outros. Toda atitude de exclusão, humilhação, rejeição, abre feridas e traumas. Mesmo quem errou, merece confiança para poder recuperar-se.
2. Bem tratado. Toda pessoa gosta de ser notada e bem atendida nos lugares públicos, receber respostas educadas, gestos de solidariedade, ser correspondida, ser saudada e cumprimentada, ser ajudada por alguém em situações especiais.
3. Apreciado. Todos nos sentimos bem ao receber incentivo, elogio, gratidão e compreensão dos outros. Isso nos eleva e promove. A pessoa humana quer ser aceita, compreendida e isso aumenta a sua auto-estima. Como é bom a gente se sentir importante, porque assim nos sentimos amados.
4. Encorajado. Um bom conselho, palavras de consolação e de encorajamento, apoio e incentivo são fatores que dão coragem às pessoas e as levam a agir com entusiasmo, perseverança e de bom grado. Um pequeno toque, um gesto, uma palavra podem fazer milagres.
5. Reconhecido. As pessoas apreciam a gratidão, o elogio, a valorização de si. Todo gesto de atenção, de carinho, de boas maneiras faz a pessoa sentir-se importante e útil. Falar o nome, lembrar fatos positivos, retribuir o bem com bem, elogiar os dons, promover a vida e a dignidade são gestos de ouro.
6. Premiado. Receber o prêmio pelo esforço e o sacrifício realizado, colher frutos do que se plantou, obter retorno, gratificação, reconhecimento, tudo isso aumenta o estímulo para a pessoa crescer e melhorar.
7. Amado. Desde o útero a criança percebe se é amada ou rejeitada. A pior experiência é a rejeição, a máxima felicidade é a aceitação. Só as pessoas amadas crescem sadiamente, aprendem facilmente, desenvolvem-se e mudam. Só os amados mudam. A pessoa precisa saber e perceber que é amada. O amor regenera, cura, liberta, transforma.
CNBB

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O Seminarista

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Um dos romances que rendeu popularidade ao escritor mineiro Bernardo Guimarães, “O Seminarista” (1872) surge um ano depois de uma forte campanha através dos jornais contra o episcopado no Rio de Janeiro, num episódio conhecido na nossa história como a “Questão Religiosa”.
Não que o romancista tenha aproveitado o ensejo para elaborar a obra. É que seu primeiro romance, “O Garimpeiro”, inspirou-se na descoberta do “Diamante do Sul”, livro cuja trama ambienta-se na zona diamantina. De qualquer maneira, tudo o que envolvia a Igreja nessa época despertava o interesse geral. Portanto, nada mais prático do que se utilizar desse recurso.
Alguns críticos vêem essa obra como um romance de tese, cujas intenções equiparam-se a “Eurico, o presbítero”, do escritor português Alexandre Herculano e a “O Crime do Padre Amaro", do também português Eça de Queiroz. Apesar de “O Seminarista” tocar no problema do celibato clerical, ele não pretende polemizar o assunto como nessas obras portuguesas. O caso de Eugênio e Margarida pode ser tomado sob outro aspecto, com boas e seguras razões para tal.
Esse romance está mais para um relato pastoral, uma história de amor iniciada na infância, em meio a um ambiente campestre onde os indícios da “desgraça”, prenunciados na aparição da serpente e somados à imposição dos pais, à educação, à formação no seminário, servem como sinal de desgraça futura.
Apenas por conta de algumas qualidades, como sua dedicação e zelo pelas coisas da Igreja, Eugênio passa a ser visto como “o escolhido” para o serviço do altar. Assim, os pais impõem ao rapaz o caminho sacerdotal, pois viam no filho padre um meio de subir na escala social; o serviço do altar era uma carreira até que brilhante ou pelo menos a garantia de um ganha-pão para o sustento da família. Eugênio deixa-se levar pela vontade alheia até o momento em que enfurecido por descobrir a mentira do pai – Margarida não se casou –e desesperado com a morte de Margarida, despoja-se das vestes sacerdotais, do ofício de padre e entrega-se à loucura.
O narrador desenvolve uma espécie de esquematismo na narrativa que vai, de alguma maneira, determinar o comportamento de Eugênio. Esse esquematismo instaura-se na divisão dos espaços abertos e fechados. Os fechados revelam um sentimento sufocante e deprimente em Eugênio, como a casa do pai, o seminário... É nos abertos, porém, em meio aos campos, às luzes da tarde e na escuridão da noite que o enredo revela seus melhores momentos.
Nos momentos finais, entretanto, esse esquematismo inverte-se: na cena do quarto de Margarida – o reencontro inesperado entre a amada enferma e o já padre Eugênio, cheio de boas lembranças e afagos; na cena de encomendação do corpo de uma mulher, que Eugênio reconhece ser Margarida – momento em que ele desiste do sacerdócio e foge para o espaço aberto, possesso de fúria e loucura.
Esse romance deve ser lido como uma pastoral, um idílio aonde as pequenas nuvens vão se aglomerando de tal maneira que provocam uma imensa tempestade, que se transforma em escuridão o que há pouco era um dia radiante. Segundo o crítico Hélio Lopes, o desfecho trágico dado por Bernardo Guimarães ao seu romance não é apenas uma simples imposição da estética romântica. Como romance de linha pastoril, “O Seminarista” encaixa-se perfeitamente dentro de boa tradição, já que os cantos de Tomás Antonio Gonzaga e de Cláudio Manuel da Costa também estavam cheios de lamentos de desgraça por suas histórias de amor impossível e não-correspondido.
Fontes
LOPES, Hélio. Um retrato de gente simples. In: GUIMARÃES, Bernardo. O Seminarista. 23 ed. São Paulo, Ática, 1997, p. 03-06.
www.infoescola.com/livros

“Espetáculo digno de ser visto por todos”, comenta dom Antônio Roberto sobre “1717”

O Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), recebeu na noite deste domingo, dia 30, um grupo de bispos – principalmente das dioceses do Norte e do Nordeste – que assistiu ao espetáculo de dança-teatro “1717”, apresentado pela companhia catarinense Dois Pontos. Inspirada na devoção dos brasileiros à Nossa Senhora Aparecida, a apresentação dirigida por Alexandra Klen e Ricardo Tetzner rendeu elogios dos membros do episcopado, que saíram impressionados com a resistência dos artistas, que mantiveram uma intensa série de coreografias e gestos marcantes por mais de uma hora de espetáculo.
“É um espetáculo muito bem trabalhado, muito bem coreografado, os dançarinos são muito competentes têm muita capacidade, muitos dons que expressam na dança, então merece ser visto em todo o mundo, rodar o Brasil todo e até fora, digno de ser visto e admirado por todos”, comentou o bispo de Itapipoca (CE), dom Antônio Roberto Cavuto.
Dom Antônio considerou que o espetáculo possui uma abordagem plástica muito interessante, incluindo a história, que contempla os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a cultura, a arte e a música popular brasileira. “Eles souberam mostrar pela arte e pela dança toda a beleza da nossa história e cultura, principalmente da nossa tradição religiosa”, destacou. O bispo conta que em sua região procura incentivar os grupos que trabalham com expressões artísticas, principalmente aqueles que envolvem a juventude.
O espetáculo possui quatro atos: “Anunciação”, que retrata a feitura em barro da mãe de Jesus e sua aparição no rio; “Peregrinação”, expressão da fé a caminho do santuário ou de si mesmo; “Pedidos e Agradecimentos”, relatando a profusão de milagres; e “Destruição e Coroação, com a tempestade de pecados e a nova rainha, a coroação da virgem de Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil.
O bispo de Tianguá (CE), dom Francisco Edimilson Neves Ferreira, destacou a narrativa e a linguagem empregadas pelos autores da apresentação, que exigiram dos espectadores “um olhar muito profundo”. O bispo também chamou atenção para o preparo físico dos artistas. “É um espetáculo que exige dos artistas muita resistência”, comentou. Dom Edimilson considerou ainda que foram felizes as intervenções de fala durante a apresentação e a inclusão dos elementos da religiosidade e do cenário atual, “inclusive o contexto que o Brasil experimenta”, afirmou indicando o trecho que, com dança e com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), os dançarinos interpretam a letra “Só de Sacanagem”, de Elisa Lucinda.

Sobre “1717”

A apresentação é a primeira montagem da companhia de Florianópolis, fundada em 2015. A estreia do espetáculo foi no mesmo ano da fundação do grupo, no dia 12 de outubro, na catedral Metropolitana da cidade. Um ano depois, a montagem foi a Roma, também no dia 12 de outubro, para uma exibição na comemoração do dia de Nossa Senhora Aparecida, a convite do Colégio Pio Brasileiro, depois que “1717” recebeu o apoio do Pontifício Conselho para a Cultura, em “reconhecimento ao valor cultural e artístico da montagem”.
O grupo destaca que a apresentação ocorreu após uma missa presidida pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, que também é catarinense. Na ocasião, estava presente o prefeito para a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz.

Diversidade e inclusão

A história apresentada mescla arte, religiosidade e cultura popular. Em grupo e em duplas, sete bailarinos atuam no cenário projetado para o caráter itinerante de “1717”. A coreografia costura estilos, como samba, danças urbanas, forró e ainda o improviso com jogos teatrais, refletindo a diversidade cultural das cidades brasileiras.
O elenco conta com uma tradutora e intérprete de Libras, que faz parte do contexto e da composição coreográfica. O objetivo é incluir minorias linguísticas no espetáculo e todos os bailarinos também aprenderam um pouco desta forma de comunicação.
CNBB

Episcopado: números por origem dos bispos que atuam no Brasil

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dicio.com.br
Os bispos que atuam na Igreja no Brasil têm origens diversas e formam um quadro muito interessante com o predomínio de paulistas, mineiros, gaúchos e bispos de outras nacionalidades. Um levantamento aproximado, feito no último final de semana, deu o seguinte resultado:
Seis maiores grupos:
72 paulistas
71 mineiros
58 gaúchos
32 catarinenses
20 cariocas
20 italianos
Sete Grupos intermediários
13 baianos
13 espanhóis
12 pernambucanos
9 cearenses
9 alemães
7 maranhenses
7 capixabas
6 sergipanos
6 potiguares
6 alagoanos
Dezesseis Pequenos grupos
5 poloneses
4 paraibanos
4 norte-americanos
3 piauienses
3 goianos
3 belgas
3 holandeses
3 franceses
3 libaneses
2 malteses
2 amazonenses
2 austríacos
2 suíços
2 portugueses
2 uruguaios
2 paraenses
Únicos representantes
1 egípcio
1 irlandês
1 Tocantinense
1 mato-grossense
1 brasiliense
1 paraguaio
1 mexicano
1 cabo-verdiano
Deste modo, entre os estados brasileiros, cinco não tem representação no episcopado: Acre, Rondônia, Roraima, Mato Grosso do Sul e Amapá; A Itália é o país que mais têm bispos atuando no Brasil e não há nenhum representante da terra do Papa Francisco.
CNBB

Aspectos edificantes sobre a figura de São José e que pouca gente sabe

ACI Digitral
REDAÇÃO CENTRAL, 01 Mai. 17 / 08:00 am (ACI).- Neste dia 1º de maio é comemorado o Dia Mundial de Trabalho, o qual coincide com a festa de São José Operário, padroeiro dos trabalhadores e pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo. A seguir, é apresentada uma lista com 8 dados que pouca gente sabe a respeito de São José:
1. Não há palavras suas nas Sagradas Escrituras
Ele protegeu a Imaculada Mãe de Deus e ajudou a cuidar do Senhor do Universo! Entretanto, não há nenhuma palavra dele nos Evangelhos. Muito pelo contrário, foi um silencioso e humilde servo de Deus que desempenhou seu papel cabalmente.
2. Foi muito pouco mencionado no Novo Testamento
São José é mencionado no Evangelho de São Mateus, de São Lucas, uma vez em São João (alguém diz que Jesus é “o filho de José”) e apenas isso. Ele não é mencionado em Marcos ou no restante do Novo Testamento.
3. Sua saída da história dos Evangelhos não é explicada na Bíblia
É uma figura importante nos relatos do Nascimento do Senhor em São Mateus e São Lucas e mencionado nas passagens que relatam o momento em que Jesus se perdeu aos 12 anos e foi encontrado no templo. Mas este é o último momento que falam dele.
Maria aparece várias vezes durante o ministério de Jesus, mas José desapareceu, sem deixar rastro. Então, o que aconteceu? Várias tradições explicam esta diferença dizendo que José morreu aproximadamente quando Jesus tinha 20 anos.
4. Viúvo e idoso?
A Escritura não diz a idade de São José quando se casou com Maria ou sobre seu passado. Entretanto, por muito tempo foi representado como um homem de idade avançada, aparentemente baseado em um texto do chamado protoevangelho de São Tiago, um evangelho apócrifo que menciona que São José havia casado anteriormente, teve filhos desse casamento e ficou viúvo.
Segundo essa tradição, São José sabia que Maria tinha feito voto de virgindade e foi eleito para se casar com ela para protegê-la, de certo modo porque ele era idoso e não estaria interessado em formar uma nova família. Esta ideia foi contraposta ao longo da história por grandes santos, como Santo Agostinho.
5. É venerado aproximadamente desde o século IX
Um dos primeiros títulos que utilizaram para honrá-lo foi “nutritor Domini”, que significa “guardião do Senhor”.
6. Tem duas celebrações
A solenidade de São José é no dia 19 de março e a festa de São José Operário (Dia Internacional do Trabalho) no dia 1º de maio. Também é celebrado na Festa da Sagrada Família (30 de dezembro) e sem dúvida faz parte da história do Natal.
7. É padroeiro de várias coisas
É o padroeiro da Igreja Universal, da boa morte, das famílias, dos pais, das mulheres grávidas, dos viajantes, dos imigrantes, dos artesãos, dos engenheiros e trabalhadores. E também é padroeiro das Américas, Canadá, China, Croácia, México, Coreia, Áustria, Bélgica, Peru, Filipinas e Vietnã.
8. A ‘Josefologia’
Entre as subdisciplinas da teologia, são conhecidas a cristologia e mariologia. Mas, sabia que também existe a Josefologia?
São José foi uma figura de interesse teológico durante séculos. Entretanto, a partir do século XX algumas pessoas começaram a recolher opiniões da Igreja a respeito dele e o converteram em uma subdisciplina.
Na década de 1950, abriram três centros dedicados ao estudo de São José: na Espanha, na Itália e no Canadá.
Publicado originalmente em ChurchPOP.
Fonte: Acidigital

Do Comentário à Primeira Carta de São Pedro, de São Beda Venerável, presbítero

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(Cap.2:PL93,50-51) (Séc.VIII)


Raça escolhida, sacerdócio do Reino
        Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino (1Pd 2,9). Este elogio foi feito outrora por Moisés ao antigo povo de Deus. Agora com maior razão, o apóstolo Pedro o aplica aos pagãos pois acreditaram em Cristo, que como pedra angular, reuniu todos os povos na mesma salvação que fora dada a Israel.
        Chama-os de raça escolhida, por causa da fé que os distingue daqueles que, rejeitando a pedra viva, acabaram sendo eles mesmos rejeitados.
        Chama-os também sacerdócio do Reino, porque estão unidos ao corpo daquele que é o supremo rei e verdadeiro sacerdote. Como rei torna-os participantes do seu reino e, como sacerdote, purifica-os dos pecados pelo sacrifício do seu sangue. Chama-os sacerdócio do Reino para que se lembrem de esperar o reino eterno e ofereçam continuamente a Deus o sacrifício de uma conduta irrepreensível.
        São ainda chamados nação santa e povo que ele conquistou (1Pd 2,9), de acordo com o que diz o apóstolo Paulo, comentando uma passagem do Profeta: O seu justo viverá por causa de sua fidelidade, mas se esmorecer, não encontrarei mais satisfação nele. Nós não somos desertores, para a perdição. Somos homens de fé, para a salvação da alma (Hb 10,38-39). E nos Atos dos Apóstolos: O Espírito Santo vos colocou como guardas para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue de seu próprio Filho (At 20,28).
        Portanto, o sangue de nosso Redentor fez de nós um povo que ele conquistou, como outrora o sangue do cordeiro libertou do Egito o povo de Israel.
        Eis por que, no versículo seguinte, recordando o significado místico da antiga história, Pedro ensina que ela deve ser realizada espiritualmente pelo novo povo de Deus, acrescentando: Para proclamar suas obras admiráveis (cf. 1Pd 2,9). De fato, os que foram libertados da escravidão do Egito por Moisés, entoaram ao Senhor um cântico de vitória, depois de terem atravessado o mar Vermelho e afogado o exército do Faraó. Do mesmo modo, também nós, depois de termos recebido no batismo o perdão dos pecados, devemos agradecer dignamente os benefícios celestes.
        Os egípcios que afligiam o povo de Deus, e por isso eram símbolo das trevas e tribulações, representam muito bem os pecados que nos oprimiam, mas que foram lavados pelas águas do batismo.
        A libertação dos filhos de Israel e a sua caminhada para a terra outrora prometida, têm íntima relação com o mistério da nossa redenção; por ela nos dirigimos para os esplendores da morada celeste, sob a luz e direção da graça de Cristo. Esta luz da graça foi também prefigurada por aquela nuvem e coluna de fogo que,durante toda a peregrinação pelo deserto defendeu os israelitas das trevas da noite e os conduziu através de veredas indescritíveis para a pátria prometida.
www.liturgiadashoras.org

domingo, 30 de abril de 2017

Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir

(Cap.66-67: PG 6,427-431)     (Séc.I)

A celebração da Eucaristia
        A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou. Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.
        Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.
        No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite.
        Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.
        Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos. 
        Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.
        Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.
www.liturgiadashoras.org

III Domingo da Páscoa: É o Senhor!

+ Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília

Continuamos a celebrar e a viver a Páscoa da Ressurreição de Jesus. Os discípulos fazem a experiência do encontro com o Ressuscitado de vários modos: no caminho, na Palavra anunciada, no Pão partilhado e na comunidade reunida em oração, assim como na pesca milagrosa e na ceia que a sucede (Jo 21,1-19). A missão, simbolizada pela pesca, é lugar do encontro com Cristo. Esta passagem nos leva a reconhecer a presença de Jesus na vida cotidiana, enquanto trabalhamos e quando cumprimos a missão de fazer discípulos através do anúncio a Boa Nova. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus promete estar sempre com eles até o fim. Ele cumpre a sua Palavra, revelando-se em meio aos desafios da missão, conforme nos sugere o texto meditado. Na liturgia e na vida do dia a dia, somos convidados a reconhecer que ele está no meio de nós, como fez o discípulo amado, ao dizer: “É o Senhor!” (Jo 21,7).
A cena do banquete se assemelha àquela de Emaús (Lc 34,34), momento privilegiado para os discípulos reconhecerem a presença do Senhor. A refeição é preparada pelo próprio Jesus; o pão e o peixe são distribuídos por ele (Jo 21,12-13), sendo, portanto, dom ofertado, graça recebida. Por fim, o diálogo entre Jesus e Pedro evoca a tríplice negação ocorrida durante a Paixão. Diante do amor demonstrado por Simão Pedro, Jesus lhe confia o cuidado das suas ovelhas. Ao prolongar a missão do Bom Pastor, Pedro irá assemelhar-se a ele, através da doação da própria vida, conforme indica a conclusão do diálogo (Jo 21, 19). Simão Pedro se torna também a figura exemplar do discípulo, cuja característica fundamental é o amor até a doação total. Ele estava respondendo novamente ao “segue-me” pronunciado por Jesus no início do seu discipulado. O verdadeiro discípulo não vive apenas para si, mas pensa no próximo, ao qual deve amar e servir, inclusive por meio de renúncias e sacrifícios.   
Com o Apocalipse (Ap 5,11-14), nós proclamamos a vitória de Cristo, o Cordeiro imolado e ressuscitado. Diante dele, somos convidados a manifestar “o louvor e a honra, a glória e poder para sempre” (Ap 5,13). Seja o nosso louvor pascal manifestado com os lábios, o coração e a vida. Seja o louvor pascal acompanhado da busca da paz, jamais cedendo à tentação da agressividade em palavras ou atos. A busca da justiça que conduz à paz não se faz através da violência. Pessoas com diferentes posturas, especialmente nos campos da política ou da religião, nunca devem ser tratadas como inimigas, mas sim com o devido respeito, seja em casa, nas redes sociais ou nas ruas. Neste Ano da Misericórdia, redobremos o empenho na promoção da paz!
Continuemos a rezar pela Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que está acontecendo em Aparecida – SP.
Arquidiocese de Brasília

sábado, 29 de abril de 2017

O que precisa saber para reconhecer um falso sacerdote

Imagem referencial / Foto: Pixabay / Dominio público.
REDAÇÃO CENTRAL, 29 Abr. 17 / 04:00 pm (ACI).- Em vários países, multiplicou-se o número de falsos sacerdotes que se valem da boa fé dos fiéis para “oferecer seus serviços” em troca de dinheiro fácil.
Apenas o sacramento da Ordem Sacerdotal consagra aquele que o recebe, configurando-o de modo particular com Jesus Cristo e capacitando-o para atuar na própria pessoa de Cristo para o bem de todo o povo de Deus.
Na seguinte nota, é detalhado como identificar um falso sacerdote e as medidas preventivas para evitar ser enganado.
Como reconhecê-lo?
1. Os falsos sacerdotes não têm paróquia nem território designado porque não pertencem à Igreja Católica, portanto, não se encontram nos registros das dioceses.
2. Saem “oferecendo seus serviços” (missas, sacramentos) e é comum que deem de presente cartões de apresentação para que possam entrar em contato com eles.
3. Costumam atuar em lugares distantes da paróquia da cidade como em pequenas comunidades onde não há sacerdotes. É necessário saber que os sacerdotes católicos não podem celebrar casamentos, batizados e, em geral, oficiar Missas fora da paróquia ou um templo público reconhecido.
4. Criam laços de amizade com os paroquianos e ministram “sacramentos” sem ter em conta os impedimentos.
5. Cobram dinheiro ao final da Missa que celebram, “solicitando uma contribuição econômica”.
6. Pedem donativos para algum lar, orfanato ou asilo que não existe. Em alguns casos, até oferecem seus serviços aos próprios sacerdotes para ajudá-los na festa paroquial ou na Semana Santa.
7. Uma grande porcentagem deles são pessoas que estudaram no seminário, mas por diversas razões foram expulsos; outros serviram em alguma paróquia como sacristãos ou simplesmente encontraram uma forma de extorquir os fiéis e até os mesmos presbíteros porque conhecem as celebrações litúrgicas.
Medidas preventivas
1. Buscar na nossa paróquia orientações sobre os requisitos necessários para a celebração dos sacramentos.
2. Em caso da perda de um familiar, recorrer à paróquia mais próxima ao velório ou à nossa própria paróquia para solicitar os serviços correspondentes.
3. Nunca aceitar sacerdotes que se fazem conhecer por cartões de apresentação ou que oferecem “serviços a domicilio”.
4. Exigir do sacerdote a credencial expedida pela diocese correspondente.
5. Se não é possível encontrar um sacerdote, é obrigação dos fiéis se abster das celebrações dos impostores, pois não têm nenhuma validez.
6. Deve-se denunciar o falso sacerdote imediatamente às autoridades eclesiásticas.
7. Advertir outros fiéis a ter cuidado com o impostor.
Acidigital

Papa Francisco a católicos no Egito: Não temam amar o outro, embora seja um inimigo

Papa pronuncia a homilia na Missa. Foto: Captura Youtube
Por Álvaro de Juana
CAIRO, 29 Abr. 17 / 06:40 am (ACI).- Em uma multitudinária Missa no seu segundo e último dia de visita ao Egito, o Papa Francisco convidou os fiéis a romper o endurecimento do coração e não ter medo de amar o outro, embora seja inimigo.
O Papa pediu a todos os fiéis que regressem com alegria para sua vida cotidiana, junto a seus entes queridos e não tenham medo “de abrir o vosso coração à luz do Ressuscitado”, para que Ele “transforme a vossa incerteza em força positiva para vós e para os outros”. “Não tenhais medo de amar a todos, amigos e inimigos, porque, no amor vivido, está a força e o tesouro do crente”.
Durante a homilia, o Pontífice assinalou que o Evangelho no qual é narrada a aparição de Jesus aos discípulos de Emaús – proclamado na celebração – pode ser resumido em 3 palavras: morte, ressurreição e vida.
Vida
Francisco explicou que “o encontro com Jesus ressuscitado transformou a vida daqueles dois discípulos, porque encontrar o Ressuscitado transforma toda a vida e torna fecunda qualquer esterilidade”.
“De fato, a Ressurreição não é uma fé nascida na Igreja, mas foi a Igreja que nasceu da fé na Ressurreição”.
Sobre a missão da Igreja, o Pontífice pontuou que ela mesma “deve saber e acreditar que Ele está vivo com ela e vivifica-a na Eucaristia, na Sagrada Escritura e nos Sacramentos”.
“A experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia”. Enfim, “para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita”.
“A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado”.
“A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos. Na realidade, quanto mais se cresce na fé e no seu conhecimento, tanto mais se cresce na humildade e na consciência de ser pequeno”.
Morte
Francisco expressou que os discípulos estavam desorientados após a morte de Jesus e “seu caminho é um voltar atrás; é um afastar-se da experiência dolorosa do Crucificado”. “A crise da Cruz – antes, o ‘escândalo’ e a ‘loucura’ da Cruz – parece ter sepultado todas as suas esperanças. Aquele sobre quem construíram a sua existência morreu, derrotado, levando consigo para o túmulo todas as suas aspirações”.
“Não podiam acreditar que o Mestre e Salvador, que ressuscitara os mortos e curara os doentes, pudesse acabar pregado na cruz da vergonha”.
“Não podiam entender por que razão Deus Todo-Poderoso não O tivesse salvo de uma morte tão ignominiosa. A cruz de Cristo era a cruz das suas ideias sobre Deus; a morte de Cristo era uma morte daquilo que imaginavam ser Deus. Na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão”, completou.
Francisco advertiu que muitas vezes o homem “o homem se autoparalisa, recusando-se a superar a sua ideia de Deus, um deus criado à imagem e semelhança do homem”.
Acidigital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF