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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Quem ocupará o lugar dos presbíteros mortos por Covid-19? Sacerdote faz esta reflexão

Foto referencial. Crédito: Unsplash

Cidade do México, 28 jan. 21 / 09:05 am (ACI).- Em uma reflexão sincera, Pe. José de Jesús Aguilar, vice-diretor de Rádio e Televisão da Arquidiocese do México, perguntou a si mesmo: quem ocupará o lugar dos sacerdotes falecidos por causa da pandemia do coronavírus Covid-19 no México?

Em um vídeo publicado em 27 de janeiro, Pe. Aguilar disse que “tenho a certeza que muitos de vocês estão experimentando a dor que sinto pela perda de tantas pessoas por causa da Covid: pais, maridos, esposas, filhos, aquele que era o sustento da família”.

"E também, é claro, no mundo do sacerdócio estão falecendo companheiros, bispos e aqueles que eu pensava que poderiam ser meus sucessores durante longo tempo".

Pe. Aguilar recordou que “durante muito tempo, mais de 25 anos, fui professor no Seminário Conciliar, e ali vi como chegavam os seminaristas entusiasmados, entusiasmados por servir a Deus no sacerdócio. Tive que dar aulas para muitos deles e ver como se ordenavam e como continuavam depois com grande entusiasmo, com grande criatividade, o seu ministério em diferentes paróquias”.

“É o caso do Jorge Luís, um padre muito mais novo do que eu, que foi aluno meu e que infelizmente neste momento está sendo cremado”, disse.

O sacerdote mexicano disse que o vazio deixado pelos presbíteros falecidos não afeta apenas o campo litúrgico, embora “haja quem pense que o sacerdote se dedica apenas a celebrar a Santa Missa ou administrar os sacramentos”.

Pe. Aguilar ressaltou que os padres também exercem o seu ministério na área da educação, na área da caridade, na pastoral carcerária e para os migrantes, entre muitas outras.

“Nos últimos meses as mortes de sacerdotes não aconteceram como normalmente acontecem, que vai falecendo talvez o mais velho, aquele que ficou doente, mas geralmente em idade avançada”, continuou.

Mas, destacou, "neste momento a Covid devastou mais de 150 padres pelo menos até os últimos dias".

"Isso significa que pelo menos 150 comunidades, paróquias, ficaram sem um sacerdote que possa oferecer os sacramentos, que possa acompanhar as pessoas espiritualmente, que possa celebrar a Santa Missa".

Diante disso, destacou, “o grande problema é que nos últimos anos as vocações sacerdotais reduziram notavelmente”, porque “em alguns lugares são ordenados 10, 12, 8, 5 sacerdotes por ano”.

“E se pensarmos que nesta época, em menos de um ano, morreram não só bispos, mas também mais de 150 sacerdotes, como vai ser preenchido esse vazio nas paróquias, nas capelas, como vai ser respondida a necessidade que tantas pessoas têm de um acompanhamento espiritual?”.

Pe. Aguilar indicou que dirige esta mensagem sobretudo “aos jovens, porque possivelmente muitos jovens neste momento estão recebendo o chamado à vocação sacerdotal. Cristo, Deus está dizendo a eles: 'Preciso que você siga os meus passos, preciso que em sua consciência se pergunte se estou chamando você para que possa servir a seus irmãos por meio do ministério sacerdotal'”.

O sacerdote mexicano encorajou “todos os jovens, especialmente aqueles que sentem este chamado do Senhor para servi-lo no ministério sacerdotal, a entrarem em contato quando possível com o seu pároco, com o sacerdote mais próximo, para que assim com a sua entrega, possam ir fazendo com que este buraco tão grande, esta carência de sacerdotes tão grande que a Covid está deixando, possa ser resolvida da melhor maneira”.

Ao finalizar a sua reflexão, Pe. José de Jesús Aguilar encorajou-nos a continuar “todos unidos pedindo pelos doentes da Covid, pelos infectados, médicos, enfermeiras, etc. E também oferecendo orações por aqueles que partiram, por todos aqueles que o Senhor chamou à sua presença, para que o Senhor perdoe seus pecados, conceda-lhes a vida eterna e, acima de tudo, leve em consideração as boas obras que fizeram”.

“Como também por aqueles sacerdotes que fizeram tanto bem e que agora estão na presença do Senhor”, disse.

De acordo com o último relatório do Centro Católico Multimedial (CCM), cinco bispos mexicanos e mais de 150 padres morreram de Covid-19 no país.

Como resultado da pandemia, dois religiosos, cinco religiosas e nove diáconos também morreram.

De acordo com o Governo do México, até 26 de janeiro deste ano, foram confirmados mais de 1,9 milhão de casos de Covid-19 e mais de 171 mil mortes foram registradas em todo o país.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Descoberta a representação mais antiga de Santo Tomás de Aquino

Afresco de Santo Tomás de Aquino na
Basílica de Santa Maria Novela em Florença 

No decorrer de uma restauração na Basílica de Santa Maria Novela em Florença foi descoberta a representação mais antiga de Santo Tomás de Aquino. A forte ligação dos dominicanos com Florença

Vatican News

A representação mais antiga de Santo Tomás foi recentemente descoberta sob uma camada de gesso nas paredes da Basílica de Santa Maria Novela em Florença. A obra, um afresco de 1323, atribuída ao Mestre de Santa Cecília, o pintor anônimo seguidor de Giotto, estará no centro das celebrações da memória litúrgica do Doutor Angélico que se realizará na mesma Basílica no dia 28 de janeiro. Serão celebrações especiais.

Jubileu dominicano

Este ano, de fato, marca o Jubileu Dominicano que abrirá oficialmente em 25 de março e que comemora dois aniversários importantes: os 800 anos do nascimento de Santo Domingos de Guzmán, que ocorreu em Bolonha no dia 6 de agosto de 1221 e os oito séculos desde a chegada dos primeiros 12 frades dominicanos na pequena igreja florentina de "S. Maria ad Vineas" ou "Santa Maria delle Vigne", o local onde a famosa Basílica foi construída em 1279.

O afresco descoberto por trás de outro quadro na Basílica

Os dominicanos

O Padre Manuel Russo O.P., religioso da Comunidade de Santa Maria Novella, explica ao Vatican News: "Os frades eram enviados para pregar a Santo Domingos por causa da heresia cátara. Inicialmente eles viviam fora de Florença. Concentravam a sua atividade apostólica na natureza dual, divina e humana, de Jesus Cristo. Apoiada pelo Cardeal Hugolino di Segni, que mais tarde se tornaria Gregório IX e canonizaria Santo Domingos, a pequena comunidade obteve a designação de uma igreja perto de um terreno agrícola em Florença".

O afresco

O belíssimo afresco descoberto remonta à época da elevação à honra dos altares de Domingos, que ocorreu em 1324. Foi descoberto há dois anos e meio, foi estudado por Gaia Ravalli e inaugurado em 2020 com uma conferência de estudos. O afresco retrata a lição inaugural do doutorado de Santo Tomás. "Tomás - continua Padre Manuel Russo - foi declarado "Magister in Sacra Pagina", ou seja, na Sagrada Escritura e está representado no momento em que inaugura o próprio magíster com a famosa lição na Universidade de Paris Rigans montes sobre a sabedoria divina". Os trabalhos de restauração devolveram ao quadro, escondido há cerca de meio milênio, o seu brilho cromático original.

Detalhe do afresco

"Em 1565, após o Concílio de Trento, Cósimo I de' Medici ordenou a Giorgio Vasari que renovasse a Basílica de Santa Maria Novela de acordo com os cânones tridentinos. O pintor, autor do famoso "Vidas", revolucionou a decoração: a maioria das pinturas medievais e renascentistas foram destruídas. Entre elas havia também alguns afrescos do Beato Angélico. Apenas alguns quadros não foram raspados das paredes, mas foram cobertos por uma camada de gesso". É o caso da pintura que retrata Tomás que, sob uma camada branca de gesso, caiu no esquecimento. No local foram colocados um altar de pedra do período maneirista e um painel pintado pelo próprio Vasari.

A descoberta

Cerca de três anos atrás, durante o trabalho de restauração veio à luz esta descoberta impressionante. O restaurador Simone Vettori, com grande mestria, foi capaz de remover o gesso e os depósitos de sujeira, trazendo à luz uma pintura que, apesar dos danos sofridos, ainda é visível perfeitamente e revela uma refinatura acurada no uso de diferentes técnicas e materiais como chumbo branco, dourado e lápis-lazúli ou azurita.

O afresco está entre os protagonistas da jornada de 28 de janeiro em Santa Maria Novela, juntamente com a apresentação teológica feita pelo reitor da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, e presidente da Pontifícia Academia Santo Tomás, Ir. Serge-Thomas Bonino O.P., sobre o tema "O Pão da Vida nos escritos de Santo Tomás".

Florença e Tomás de Aquino

Padre Manuel Russo faz questão de sublinhar a ligação entre a Basílica Florentina e Santo Tomás. "A arquitetura de Santa Maria Novela de fato - conta - é evocativa da concepção estética de Tomás. Além disso, a partir do século XIV, surgiu na igreja um importante estudo teológico-filosófico, herdeiro do fundado por Tomás em Nápoles, em San Domenico Maggiore".   

A Basílica Florentina conserva no seu interior outras famosas representações pictóricas dedicadas ao santo. "Entre estas destaca-se o retábulo de Andrea Orcagna na Capela Strozzi em Mântua e o Cappellone degli Spagnoli no Claustro Verde, o antigo capítulo da comunidade, afrescado como uma grande catedral tomista: um verdadeiro triunfo do dominicanismo, conhecido em todo o mundo. Santo Tomás é retratado sentado, rodeado pelas ciências".

Relíquia do Santo

A Basílica de Santa Maria Novela também preserva o dedo de Santo Tomás, uma relíquia com uma história conturbada. "Tomás", recorda Padre Russo, "morreu na Abadia de Fossanova, em Priverno, na província de Latina". Segundo a lei canônica da época era estabelecido que o mosteiro, o lugar da morte, tivesse direito à propriedade dos restos morais. Todavia, os frades dominicanos organizaram um sequestro e uma transferência das relíquias para Toulouse, o local de nascimento da ordem dominicana. Durante a viagem à França, os restos mortais do santo fizeram uma parada em Florença e, por desejo do Papa Urbano V, o dedo permaneceu em Santa Maria Novela. Uma memória terrena do autor dos Hinos Eucarísticos. Nos séculos passados era tradicionalmente levado em procissão durante as celebrações do Corpus Domini. Nos últimos anos foi renovada a devoção, por parte dos fiéis, à relíquia do santo, que poderão venerá-la durante as comemorações deste ano.

(Vatican News Service  - PO)

S. TOMÁS DE AQUINO, PRESBÍTERO DOMINICANO, DOUTOR DE IGREJA, PADROEIRO DAS ESCOLAS CATÓLICAS

S. Tomás de Aquino  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

“Vocês o chamam de boi mudo! Ao invés, eu lhes digo que este boi vai berrar tão alto, que seu berro vai ecoar no mundo inteiro". É o que afirmava Santo Alberto Magno, seu professor, e não se enganava ao defendê-lo perante seus colegas, que, por causa do seu caráter taciturno e, aparentemente, opaco, lhe haviam dado o apelido de “boi mudo”.

Seus familiares o prenderam por ter-se tornado frade Pregador

Tomás nasceu em uma família de Condes, Aquino, no castelo de Roccasecca, no sul do Lácio, unidos, por vínculos de parentela ao imperador Federico II. Seu pai, Landolfo, queria que ele fosse abade do mosteiro de Montecassino, pensando ser compatível com a natureza tímida e gentil do filho e com seus desígnios políticos. Mas, em Nápoles, Tomás quis tornar-se frade Dominicano, rejeitando toda e qualquer ambição e escolhendo apenas uma Ordem mendicante.
Esta sua escolha chocou toda a família, tanto que, dois de seus irmãos, o mandaram prender. Foi colocado em uma cela, proverbial pela sua disposição pacífica. No entanto, ele ficou muito irritado quando mandaram uma prostituta entrar na sua cela, para que desistisse da sua vocação. Mas, ele a afugentou com uma brasa ardente. Em suma, parece que ele tenha conseguido escapar da cadeia, com a ajuda de duas irmãs, que o fizeram descer da janela com uma grande cesta.

Um intelectual apaixonado por Deus

Tomás foi mandado para Colônia, onde aprofundou a tese sobre o aristotelismo, com Santo Alberto Magno; depois, em Paris, lecionou na Universidade, apesar da incompatibilidade com o clero secular.
Ao regressar para a Itália, intensificou seus estudos sobre Aristóteles, graças à tradução de um confrade, e compôs o famoso Hino "Pange lingua", para a festa de Corpus Christi.
Começou a escrever sua "obra-prima", “Summa theologiae”, dividida em cinco partes, para demonstrar a existência de Deus. O centro da sua obra é a confiança na razão e nos sentidos; a filosofia é a serva da teologia, mas a fé não anula a razão. Ele gostava muito de estudar e não é difícil imaginar que a sua vasta produção filosófico-teológica tenha causado estupor entre os teólogos contemporâneos.
Certo dia, em 6 de dezembro de 1273, Tomás disse ao coirmão Reginaldo que não ia escrever mais nada: "Não posso, porque tudo o que escrevi é como palha para mim, em comparação ao que me foi revelado". Segundo alguns biógrafos, esta decisão foi precedida por uma conversa mística com Jesus.
Por fim, Tomás adoeceu. Em 1274, durante uma viagem a Lyon, para participar do Concílio, a pedido do Papa Gregório X, faleceu na abadia de Fossanova, com apenas 49 anos.

Santo Tomás, segundo Chesterton: reconciliação-fé-razão

O famoso escritor inglês, G. K. Chesterton, dedicou-lhe, com acuidade, um ensaio famoso? “Tomás reconciliou a religião com a razão, estendendo-a ao campo da ciência experimental, na qual afirmava que os sentidos eram as janelas da alma e o intelecto tinha o direito de se nutrir de fatos concretos".
Para Chesterton, Santo Tomás e São Francisco foram os iniciadores de uma grande renovação do cristianismo, a partir de dentro, e a Encarnação era central: "Eles se tornaram mais ortodoxos quando começaram a ser mais racionalistas ou mais próximos da natureza".

Vatican News

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Lançado o hino oficial da JMJ Lisboa 2023

Lisboa |ACI Digital
https://youtu.be/H1x2t2EstlI

Lisboa, 27 jan. 21 / 08:51 am (ACI).- Foi lançado na manhã desta quarta-feira, 27 de janeiro, o hino oficial da próxima Jornada Mundial da Juventude, intitulado “Há pressa no ar”, com inspiração no tema da JMJ Lisboa 2023, “‘Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc1,39).

A escolha do hino se deu após um concurso nacional realizado pela organização da Jornada e a composição eleita é de autoria de Padre João Paulo Vaz e do músico Pedro Ferreira, ambos da Diocese de Coimbra. Os arranjos são do músico Carlos Garcia.

Segundo os autores, primeiro surgiu a música, composta por Pedro Ferreira. Segundo ele, a ideia era criar uma melodia “pensada para congregar, unir uma comunidade.

Por sua vez, Pe. João Paulo Vaz contou que teve uma grande alegria ao receber a notícia de que sua canção havia sido escolhida, pois a notícia lhe foi dada no mês em que celebra 25 anos de sacerdócio.

“O tema da edição de Lisboa levou-me a rever a minha relação com a Mãe e, portanto, o processo criativo da letra tornou-se um tempo de oração muito profundo para mim”, disse.

Conforme assinalou a organização da JMJ, “ao cantar este hino, os jovens de todo o mundo são convidados a identificarem-se com Maria, dispondo-se ao serviço, à missão e à transformação do mundo. A letra evoca também a festa da JMJ e a alegria centrada na relação com Deus”.

O refrão do hino da JMJ Lisboa 2023 afirma: “Todos vão ouvir a nossa voz, levantemos os braços, há pressa no ar. Jesus vive e não nos deixa sós: não mais deixaremos de amar”.

O lançamento do hino oficial do desta edição das JMJs aconteceu durante um evento digital, no dia em que se assinala exatamente dois anos do anúncio do Cardeal Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, na presença do Papa e de milhões de jovens no Panamá, de que Portugal sediaria a próxima Jornada.

O tema foi gravado em português e numa versão internacional, com cinco idiomas (português, inglês, espanhol, francês e italiano).

https://youtu.be/SWo7r7PaHqE

Para mais informações sobre a Jornada, confira o site oficial: lisboa2023.org.

ACI Digital

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 3/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 3

Com efeito, quem estava livre de culpa permanecia incólume, enquanto que com a mesma força, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, era castigado o culpado. Ao comando de Moisés todo tipo de água se converteu em sangue para o Egito, ao ponto de que também os peixes morressem por causa da densidade carnosa em que se havia transformado a água; o sangue, por outro lado, voltava a se converter em água para os hebreus, quando a tomavam. Aqui os magos reaparecem para simular, na água que tinham os hebreus, a aparência de sangue (Ex 7, 20-22). Sucedeu o mesmo com as rãs que invadiram o Egito: sua aparição até uma proliferação de tal magnitude não pode ser avaliada como uma conseqüência da natureza, mas que o comando dado à espécie das rãs modificou a natureza conhecida destes animais. Todo o Egito foi atormentado por estes animais que invadiram inclusive as casas, enquanto a vida dos hebreus se mantinha limpa dessas coisas repugnantes (Ex 7, 25-29). Da mesma forma, a atmosfera não permitia aos egípcios nenhuma distinção entre a noite e o dia; permaneciam em um obscuridade uniforme, enquanto para os hebreus, nas mesmas circunstâncias, nada havia mudado em relação ao habitual. E do mesmo modo com relação a todas as demais coisas: o granizo, o fogo, os mosquitos, as pústulas, as moscas, a nuvem de gafanhotos. Cada uma, segundo sua própria natureza, feriu os egípcios; os hebreus, ao contrário, sabiam do sofrimento de seus vizinhos por rumores e relatos, pois não experimentaram em si mesmos o ataque dessas calamidades. Depois, a morte dos primogênitos fez mais clara a diferença entre o povo hebreu e o egípcio: uns se desfaziam em lamentações pela perda dos seres mais queridos (Ex 12, 29); os outros permaneciam em total tranqüilidade e segurança, porque tinham a salvação confirmada pela aspersão do sangue e por haverem marcado as portas com sangue, como senha, em cada um dos lados das ombreiras e no montante que as unia (Ex 10, 21-23). Depois disso, enquanto os egípcios estavam abatidos pelo desastre dos primogênitos e choravam sua desgraça, solitários ou todos juntos, Moisés começou a dirigir o êxodo dos israelitas, após haver advertido que levassem consigo, como empréstimo, a riqueza dos egípcios. Quando já se passavam três dias de caminho fora do Egito – conta-nos a história – pareceu insuportável ao Egípcio que Israel não permanecesse na escravidão e, havendo mobilizado todos os seus súditos para a guerra, correu atrás do povo com sua cavalaria. Este, quando viu o arrancar da cavalaria e da infantaria, sendo inexperiente nas artes da guerra e estando pouco acostumado a estes espetáculos, deixou-se levar imediatamente pelo medo e rebelou-se contra Moisés. A história conta também este feito paradoxal de Moisés: que sua atividade foi dupla. Com efeito, com a voz e a palavra dava ânimo aos israelitas e os exortava a ter boas esperanças, e ao mesmo tempo apresentava a Deus suas súplicas em seu coração em favor daqueles que se encontravam em tal apuro, e era instruído por meio do conselho divino sobre como poderia fugir de tal perigo (Ex 12, 31-14, 5). Pois Deus mesmo, como conta a história, escutava sua voz silenciosa. Uma nuvem guiava o povo por virtude divina, não por sua própria natureza. Sua substância, com efeito, não era formada por alguns vapores ou exalações como resultado de que o ar se houvesse feito mais denso por causa de substância úmida e de sua compressão pelos ventos, mas era algo muito maior e que excedia a compreensão humana. Como atesta a Escritura, aquela nuvem era um prodígio tal que, quando os raios do sol brilhavam abrasadores, se convertia em uma proteção para o povo, fazendo sombra para os que estavam em baixo e umedecendo o calor excessivo do ar com uma água fina; durante a noite se transformava em fogo, iluminando os israelitas com o resplendor de sua própria luz desde o entardecer até o nascimento do dia (Ex 13, 21-23).

Capítulo 4

Moisés olhava para a nuvem e ensinava o povo a seguir este fenômeno. Então chegaram ao mar Vermelho. Ali, enquanto a nuvem dirigia a marcha, as tropas dos egípcios cercaram completamente o povo por traz, sem lhe deixar possibilidade de escapar por nenhuma parte, encurralado entre seus terríveis inimigos e o mar. Foi então que Moisés, reconfortado com a força divina, fez o mais incrível de tudo. Tendo se aproximado da margem, golpeou o mar com seu bastão. O mar se fendeu com o golpe. E, como costuma acontecer com o vidro que começando a se rachar em uma parte a fenda chega diretamente até o outro extremo, assim, fendido todo aquele mar em uma extremidade pelo bastão, a fenda das ondas se estendeu até a margem oposta. Onde o mar se havia dividido, Moisés desceu até o fundo; junto com todo o povo, estava nas profundezas, com o corpo enxuto e iluminado pelo sol. No fundo seco do mar, atravessou a pé os abismos, sem temer aquela muralha de ondas que se haviam formado de um lado e de outro: uma fortificação reta, feita dos lados deles, da solidificação do mar (Ex 14, 19-22). Porem, quando o Faraó entrou com os egípcios no mar pelo caminho aberto recentemente entre as ondas, as águas se uniram novamente com as águas; o mar fechando-se sobre si mesmo segundo sua forma primitiva, mostrou a superfície da água novamente unida, enquanto os israelitas, na margem oposta, se refaziam do grande esforço de sua marcha através do mar. Então cantaram a Deus um canto de vitória por haver erguido para eles um troféu sem derramamento de sangue, posto que os egípcios haviam sido aniquilados sob as águas com todo seu exército, seus cavalos, seus carros e suas armas (Ex 14, 26-15, 21). Depois disto, Moisés continuou avançando e, após haver percorrido durante três dias um caminho sem água, encontrou-se em grandes dificuldades ao não ter como saciar a sede do exército. Havia uma lagoa de água salobra, mais amarga que a água do mar, ao redor da qual acamparam. Estavam ali sentados em torno da água, devorados pela ânsia de água. Moisés, impelido por uma inspiração divina, tendo encontrado um pedaço de pau naquele lugar, atirou-o na água que, imediatamente, se converteu em potável pela própria força daquele lenho, que transformou a natureza da água de salobra em doce (Ex 15, 22-25). Posto que a nuvem empreendesse novamente a marcha para adiante, eles se puseram também em marcha seguindo o movimento de seu guia. Faziam sempre o mesmo, parando onde a detenção da nuvem lhes dava o sinal de descanso, e empreendendo a marcha precisamente quando a nuvem recomeçava a guia- los. Seguindo este guia, chegaram a um lugar regado por água potável, banhado generosamente por doze fontes e que recebia a sombra de um bosque de palmeiras. As palmeiras eram setenta. Apesar de número tão pequeno, bastavam para produzir grande admiração a quem as olhava porque eram de excepcional beleza e altura (Ex 15, 27). Tendo o guia se posto novamente em movimento, isto é, a nuvem conduz o exército dali para outro lugar. Este era um deserto de areia seca que queimava, sem uma única gota de água que umedecesse aquele lugar. Aqui o povo foi atormentado novamente pela sede. Uma pedra situada a uma certa altura, golpeada com a vara por Moisés, deu água doce e potável mais que suficiente para a necessidade do exército (Ex 17, 1-6). Ali mesmo se acabou a provisão de alimentos que haviam trazido do Egito para o caminho. O povo foi acossado pela fome e teve lugar o milagre maior de todos: o alimento não lhes brotava da terra como seria natural, mas vinha gotejado de cima, do céu, em forma de orvalho. Pois ao amanhecer do dia caía para eles um orvalho. Este orvalho se convertia em alimento para os que o recolhiam. O que caía não eram gotas líquidas de água, como ocorre normalmente com o orvalho, mas em lugar de gotas de água caíam grãos parecidos com gelo; sua forma era redonda como semente de coentro, e seu sabor parecia a doçura do mel (Ex 16, 14).

ECCLESIA Brasil

Papa: recordar o Holocausto para que não aconteça outra vez

Vatican News
https://youtu.be/VNiD98qK8oM

Recordar e vigiar foram palavras usadas por Francisco ao citar o "Dia da Memória" e todas as vítimas do regime nazista. "Recordar é uma expressão de humanidade, recordar é sinal de civilidade."

Vatican News

No final da Audiência Geral de hoje, o Papa recordou o “Dia da memória” e as vítimas do Holocausto e todas as pessoas perseguidas e deportadas pelo regime nazista. 

Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas abateram os portões de Auschwitz, revelando ao mundo, pela primeira vez, a realidade do genocídio.

Recordar e vigiar foram palavras usadas por Francisco: 

“Recordar é uma expressão de humanidade, recordar é sinal de civilidade, recordar é condição por um futuro melhor de paz e de fraternidade, recordar é também estar atentos porque essas coisas podem acontecer outra vez, começando com propostas ideológicas que querem salvar um povo e acabam por destruir um povo e a humanidade. Fiquem atentos a como começou este caminho de morte, de extermínio, de brutalidade.”

O "Dia da memória" foi instituído pelas Nações Unidas em 2005 e tem como objetivo rememorar a data histórica em que tropas soviéticas invadiram o campo de concentração em Auschwitz, libertando cerca de 7 mil sobreviventes do massacre nazista. Estima-se que 1 milhão de judeus e de outras minorias étnicas morreram nos campos de extermínio do regime nazista.

Vatican News

Papa Francisco pede para não instrumentalizar a Bíblia

O Papa Francisco na audiência geral na biblioteca.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 27 jan. 21 / 08:30 am (ACI).- Na audiência geral desta quarta-feira, 27 de janeiro, o Papa Francisco pediu não instrumentalizar a Bíblia nem se aproximar com "segundas intenções", mas abrir nossos corações às Sagradas Escrituras para nos tornarmos "tabernáculos" das palavras de Deus.

“Devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O crente não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica ou moral, mas porque espera um encontro; sabe que essas palavras foram escritas no Espírito Santo, e que por isso nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas, devem ser compreendidas, para que o encontro se realize”, disse o Papa.

Nesta linha, o Santo Padre explica que “através da oração realiza-se uma nova encarnação do Verbo. E nós somos os ‘tabernáculos’ onde as palavras de Deus querem ser recebidas e guardadas, para poder visitar o mundo”.

Ao continuar com sua série de catequeses sobre a oração, o Pontífice refletiu sobre a “oração com as Sagradas Escrituras” e destacou que as palavras da Bíblia “não foram escritas para permanecer presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração" já que "a Palavra de Deus vai ao coração".

Desta forma, o Papa advertiu que “a Bíblia não pode ser lida como um romance”, mas que a leitura da Sagrada Escritura “deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem” porque “a oração é um diálogo com Deus”.

Em seguida, o Santo Padre nos convidou a pensar que “aquele versículo da Bíblia foi escrito também para mim, há muitos séculos, para me trazer uma palavra de Deus” e acrescentou que “foi escrito para cada um de nós”.

“Esta experiência acontece a todos os crentes: uma passagem da Escritura, ouvida muitas vezes, de repente um dia fala-me e ilumina uma situação que estou a viver. Mas é necessário que eu esteja presente nesse dia, no encontro com essa Palavra, que esteja ali, ouvindo a Palavra", disse.

Neste sentido, o Papa recordou que “todos os dias Deus passa e lança uma semente no terreno da nossa vida. Não sabemos se hoje encontrará terra árida, silvas, ou terra fértil que faça crescer essa semente (cf. Mc 4, 3-9). Depende de nós, da nossa oração, do coração aberto com que nos aproximamos das Escrituras para que elas possam tornar-se para nós a Palavra viva de Deus”.

Além disso, o Santo Padre incentivou a ler "as Escrituras para que elas ‘nos leiam’”, pois "é uma graça ser capaz de se reconhecer nesta ou naquela personagem, nesta ou naquela situação" e acrescentou que "a Palavra de Deus, impregnada do Espírito Santo, quando é recebida com um coração aberto, não deixa as situações como antes, nunca, muda alguma coisa. E esta é a graça e a força da Palavra de Deus”.

“A Bíblia não é escrita para uma humanidade genérica, mas para nós, para mim, para ti, para homens e mulheres em carne e osso, homens e mulheres que têm nome e sobrenome, como eu, como tu”, indicou.

Da mesma forma, o Papa destacou que “através da oração, a Palavra de Deus vem habitar em nós e nós habitamos nela... É assim que a Palavra de Deus se faz carne – permito-me usar esta expressão: faz-se carne - naqueles que a acolhem em oração".

Por isso, o Santo Padre recordou uma “bela expressão” encontrada em alguns textos antigos que descrevem que “os cristãos se identificam tão intimamente com a Palavra que, mesmo se todas as Bíblias do mundo fossem queimadas, um ‘molde’ dela ainda poderia ser salvo através da marca que deixou na vida dos santos”.

Protege do maligno

Da mesma forma, o Papa destacou que a Palavra de Deus “inspira bons propósitos e apoia a ação; dá-nos força, dá-nos serenidade, e até quando nos põe em crise, nos dá paz” e acrescentou que “em dias ‘maus’ e confusos, assegura ao coração um núcleo de confiança e amor que o protege dos ataques do maligno".

Nesta linha, o Santo Padre afirmou que “um bom cristão deve ser obediente, mas deve ser criativo. Obediente porque ouve a Palavra de Deus; criativo, porque tem dentro o Espírito Santo que o impele”.

Por isso, o Papa reconheceu que se incomoda um pouco quando ouve os cristãos "a recitar versículos da Bíblia como papagaios. ‘Oh, sim, o Senhor diz…, Ele assim o quer…'" e perguntou: “com aquele versículo, encontraste-te com o Senhor?". Porque “não é apenas um problema de memória: é um problema de memória do coração, aquela que te abre para o encontro com o Senhor. E aquela palavra, aquele versículo, leva-te ao encontro com o Senhor”.

“As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável. Que o Senhor nos conceda, a todos nós, haurir delas cada vez mais através da oração”, concluiu o Papa.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. ÂNGELA MÉRICI, VIRGEM, FUNDADORA DAS URSULINAS

S. Ângela Mérici, Capela das Irmãs Ursulinas, Liubliana 

Não mais nos conventos, mas no mundo: eis o eixo cartesiano da espiritualidade de Santa Ângela Mérici que, com o testemunho de sua vida, conseguiu dar nova forma à dignidade das mulheres.
Ângela nasceu em Desenzano de Garda, perto de Bréscia, norte da Itália, em 21 de março de 1474. Desde a infância, tinha um forte sentido religioso: à noite, a família se reunia em torno do pai, João, para ouvir a leitura da vida dos santos. Graças a essas leituras, Ângela começou, aos poucos, a nutrir uma devoção especial para com Santa Úrsula, a nobre jovem britânica, do século IV, martirizada com seus companheiros; esta santa teve uma grande influência no amadurecimento da sua espiritualidade.

Terciária franciscana

Aos 15 anos, Ângela perdeu, prematuramente, a irmã e seus pais; então se mudou para Saló, onde foi acolhida na casa do tio materno. Naqueles anos, surgiu-lhe o desejo de levar uma vida mais austera e penitencial, a ponto de optar por ser terciária franciscana. Cinco anos depois, com a morte de seu tio, a jovem voltou para Desenzano, onde se dedicou às obras de misericórdia espirituais e corporais, sempre acompanhando o trabalho manual com a oração e o recolhimento.

Visão de uma "escada celeste"

Certa vez, enquanto estava em oração, a futura Santa teve a visão de uma procissão de anjos e virgens, que tocavam e cantavam hinos. Entre eles, Ângela viu também sua irmã falecida, que lhe anunciou: "Você vai fundar uma companhia de virgens". Nos séculos seguintes, a iconografia hagiográfica representou esta visão como uma "escada celeste", que une o céu e a terra.

Cegueira repentina

No entanto, em 1516, os superiores franciscanos enviaram Ângela a Bréscia para assistir uma viúva, Catarina Patendola. Na cidade, a jovem reforçou sua ideia de um laicato, cada vez mais comprometido no âmbito caritativo, mas enriquecido pela sensibilidade feminina.
Ao receber uma segunda visão, Ângela decidiu fazer uma peregrinação a diversos lugares sagrados: Mântua e o Monte Sagrado de Varallo, suas primeiras etapas, seguidas, em 1524, pela Terra Santa. Precisamente durante esta viagem às origens do cristianismo aconteceu um prodígio singular: de repente, Ângela perdeu a visão, que a recuperará ao voltar da Terra Santa, enquanto rezava diante do Crucifixo. Bem longe de desanimar, Ângela Mérici aceitou a deficiência momentânea como sinal da Providência, para poder olhar os Lugares Santos, não com os olhos do corpo, mas com os do espírito. "Vocês imaginam – disse ela mais tarde - que esta cegueira me foi enviada para o bem da minha alma?"

Nascimento da "Companhia de Santa Úrsula"

Ao regressar à Itália, em 1525, por ocasião do Ano Santo, Ângela foi em romaria à “Cidade Eterna”, onde consolidou seu carisma, tanto que o Papa Clemente VII lhe propôs de permanecer em Roma. Entretanto, a jovem decidiu voltar a Brescia, porque queria, finalmente, dar cumprimento à sua "visão celeste".
Enfim, em 25 de novembro de 1535, junto com doze colaboradoras, Ângela Mérici fundou a "Companhia das renunciadoras de Santa Úrsula" (“renunciadoras" porque não usavam o hábito religioso tradicional), com uma Regra de vida original: estar fora do Convento para se dedicarem à instrução e à educação das jovens mulheres, com voto de obediência ao Bispo e à Igreja.

Revolução da graça

A ideia da fundadora foi uma verdadeira revolução da graça: toda mulher consagrada podia santificar a sua vida na "Sociedade", não apenas em um Convento, atuando no mundo e na própria Igreja de pertença.
Em uma época em que as mulheres que não eram casadas ou enclausuradas podiam correr o risco de ser marginalizadas, Ângela ofereceu-lhes uma nova condição social: ser "virgens consagradas no mundo", capazes de se santificar para santificar a família e a sociedade.

Canonização em 1807

Em 1539, o estado de saúde de Ângela Mérici piorou, vindo a falecer em 27 de janeiro de 1540, com a idade de 66 anos. Seus restos mortais descansam na igreja de Santa Afra, em Bréscia, onde ainda são venerados, hoje denominado Santuário de Santa Ângela.
No entanto, a sua fama de santidade aumentou tanto que, em 1544, o Papa Paulo III elevou a Companhia a um Instituto de Direito Pontifício, permitindo às Ursulinas atuar também além dos confins da Diocese.
Ângela Mérici foi beatificada, em 1768, pelo Papa Clemente XIII, e canonizada, em 24 de maio de 1807, pelo Papa Pio VII. Uma estátua, em sua memória, esculpida em 1866, pelo escultor Pietro Galli, encontra-se na Basílica Vaticana.

Testamento espiritual

Em seu testamento espiritual, destinado às Ursulinas, lê-se: “Suplico-lhes de recordar e manter gravadas em suas mentes e corações todas as suas filhinhas, uma por uma; não apenas seus nomes, mas também suas condições, natureza e estado, enfim tudo delas. Isso não lhes será difícil se as abraçarem com profunda caridade. Esforcem-se, com amor e com mão gentil e suave, não com imperiosidade e aspereza, para ser agradáveis em tudo". "Além do mais, - concluiu - cuidado por não querer alguma coisa, a todo custo, porque Deus deu a cada um o livre arbítrio, sem forçar ninguém; Ele apenas propõe e aconselha".

Vatican News

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 2/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 1

Diz-se que Moisés viu a luz quando a lei do tirano proibia manter vivos os varões que nascessem (Ex 1, 16) e que com sua graça pressagiava já toda a graça que com o tempo haveria de reunir. Parecia tão belo já em fraldas (Ex 2, 2), que seus pais resistiram a destruí-lo com a morte. Depois, quando a ameaça do tirano se fez mais forte, não o atiraram sem mais à corrente do Nilo, mas o colocaram em uma cesta cujas junções haviam sido calafetadas com breu e piche, e desta forma o entregaram à corrente. Assim o explicam aqueles que refizeram cuidadosamente a história que a ele se refere. Guiada por uma força divina, a cesta arribou a uma encosta transversal, levada a este lugar pelo próprio movimento das águas. A filha do rei veio à região da praia onde se encontrava a cesta e, sendo alertada pelos vagidos que vinham da caixa, converteu-o em achado da rainha. Imediatamente, a princesa, vendo a beleza que resplandecia dele, encheu-se de benevolência e o adotou como filho. E posto que ele rechaçasse instintivamente um peito estranho, foi alimentado com o peito materno graças a um ardil de parentes (Ex 2, 1-9). Durante sua educação de príncipe, instruído nas ciências estrangeiras, ao sair da infância não escolheu as coisas que eram tidas em grande apreço pelos estrangeiros, nem deixou ver que confessava como mãe àquela mãe inventada que o havia feito filho adotivo, mas retornou à sua mãe natural e se misturou com os que eram de sua estirpe. Tendo-se originado uma briga entre um hebreu e um egípcio, tomou o partido do compatriota e matou o egípcio (Ex 2, 11–13). Pouco depois, quando brigavam dois hebreus, tentou acalmar a querela fazendo-os notar que, entre irmãos, é bom tomar como árbitro das divergências a natureza e não a ira (Ex 2, 13–15). Rechaçado por aquele que se inclinava à injustiça (Ex 2, 16-21) (At 7, 23-28), fez desta afronta o ponto de partida para uma filo mais alta: depois disto, tendo se afastado da convivência com a multidão (Ex 2, 15), passa a vida na solidão e contrai parentesco com um estrangeiro sagaz para discernir o melhor e acostumado a julgar os costumes e a vida dos homens. Bastou a este uma única ação – refiro-me ao ataque dos pastores – para descobrir a virtude do jovem: como havia lutado pela justiça sem pensar em seu próprio proveito, mas por achar que o justo é valioso por sua própria natureza, e como castigara a injustiça dos pastores, que não haviam feito nenhum dano a ele. Tendo admirado o jovem por estas coisas, e estimando que, apesar de sua manifesta pobreza, sua virtude era mais valiosa que uma grande riqueza, entrega-lhe sua filha por esposa, e permite-lhe levar uma vida segundo seus desejos.

Capítulo 2

Ele escolheu conduzir nos montes uma vida solitária, afastada do tumulto das praças e dedicada a guardar os rebanhos no deserto. A história nos conta (Ex 3, 1-6) que, passado algum tempo nesta vida, Moisés recebeu uma surpreendente aparição de Deus: em um tranqüilo meio dia, reluziu ante seus olhos uma luz mais forte que a luz do sol; estranhando o inusitado do espetáculo, levantou os olhos para o monte e viu um arbusto do qual saia um resplendor como de fogo. Como os ramos da planta estavam verdes como se as chamas fossem orvalho, disse a si mesmo estas palavras: vamos e vejamos este grande espetáculo. Isto nos diz que o prodígio da luz não somente se mostrou a seus olhos mas, o que é mais impressionante de tudo, seus ouvidos foram iluminados com os resplendores da luz. Com efeito, a graça da luz foi distribuída a ambos os sentidos: os olhos foram iluminados com os resplendores da luz, e os ouvidos foram levados à luz com instruções puríssimas. Isto é, a voz que saía daquela luz proibiu Moisés de aproximar-se do monte com calçados feitos de peles mortas; quando ele livrou seus pés dos calçados, tocou assim aquela terra que estava iluminada com a luz divina. Depois dessas coisas, não julgo oportuno que o discurso se entretenha muito na história deste homem, para ater-nos mais a nosso propósito, fortalecido com a teofania que vira, recebeu a missão de livrar o seu povo da escravidão dos egípcios. E para que melhor se convencesse da força que recebia do alto, ele, por disposição de Deus, faz a experiência com o que tem nas mãos. Esta foi a experiência: o bastão que sua mão deixou cair se animou, e quando foi retomado por suas mãos, voltou a ser o que era antes de transformar-se em animal. Depois o aspecto de sua mão quando a tira do seio se transforma em um branco como de neve, e re-introduzida ao seio recobra seu aspecto natural (Ex 4, 2-7). Quando Moisés descia do Egito levando consigo sua esposa, que era estrangeira, e os filhos que tinha tido com ela, conta-se que um anjo saiu-lhe ao encontro causando-lhe um medo de morte, e que a mulher o aplacou com o sangue da circuncisão do menino. Foi então que ocorreu o encontro com Aarão que fora impelido por Deus para este encontro (Ex 4, 24-28). Ambos convocam então o povo para uma assembléia geral e anunciam aos que estavam oprimidos pelo padecimento dos trabalhos, a libertação da escravidão. Sobre este tema ele teve uma conversa com o tirano. Por causa dessas coisas, aumentou a cólera do tirano contra os que dirigiam os trabalhos e contra os israelitas: aumentou então o tributo de ladrilhos, e enviou uma ordem mais pesada, de forma que os israelitas não só padeciam pelo barro, mas também eram sobrecarregados por causa da palha e das canas (Ex 5, 1-23). Depois o Faraó, este era o nome do tirano egípcio, tentou fazer frente, com os encantamentos dos feiticeiros, aos prodígios que eles faziam pela vontade de Deus. Quando Moisés tornou a converter seu bastão em animal ante os olhos dos egípcios, a magia pareceu realizar o mesmo prodígio nos bastões dos magos. Porem o engano foi desmascarado, pois a serpente surgida da transformação do bastão de Moisés, ao comer os troncos dos magos, isto é, as serpentes, demonstrou assim que os bastões dos magos não tinham nenhuma força para se defender e nem para viver, mas apenas a aparência de um truque mágico para verem os olhos daqueles que eram fáceis de enganar (Ex 7, 8-12). Quando Moisés viu que todos os súditos estavam de acordo com o príncipe da maldade, fez vir uma praga geral sobre todo o povo egípcio, sem que ninguém escapasse da experiência dos males. E para infligir este castigo aos egípcios, cooperaram com ele os mesmos elementos que vemos no universo: a terra, a água, o ar, o fogo, que trocaram suas forças conforme a vontade dos homens.

ECCLESIA Brasil

Papa reconhece um novo mártir e sete novos servos de Deus

Guadium Press

Cidade do Vaticano (21/01/2021 11:30, Gaudium Press) Na manhã desta quinta-feira, 21 de janeiro, o Papa Francisco recebeu em audiência o Cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Durante o encontro, o Pontífice autorizou a promulgação de Decretos de reconhecimento de um martírio e sete novos Servos de Deus.

O Santo Padre reconheceu o martírio do Servo de Deus Giovanni Fornasini, sacerdote diocesano; nascido em 23 de fevereiro de 1915 em Pianaccio di Lizzano em Belvedere (Itália), e morto por ódio à Fé, em San Martino di Caprara (Itália), em 13 de outubro de 1944.

Também foram reconhecidas as virtudes heroicas dos seguintes Servos de Deus:

– Servo de Deus Miguel Arcanjo Maria Antonio Vinti, sacerdote diocesano; nascido em 18 de janeiro de 1893 em Grotte (Itália), faleceu em 17 de agosto de 1943.

– Servo de Deus Ruggero Maria Caputo, sacerdote diocesano; nascido no dia 1° de maio de 1907 em Barletta (Itália), faleceu em 15 de junho de 1980;

– Serva de Deus Maria Giuseppa di Gesù (nascida Elisabetta Prout), Fundadora da Congregação das Irmãs da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo; nasceu em 2 de setembro de 1820 em Shrewsbury (Inglaterra) e morreu em Sutton (Inglaterra) em 11 de janeiro de 1864;

– Servo de Deus Tiago Masarnau Fernández, fiel leigo; nascido em 10 de dezembro de 1805 em Madrid (Espanha), faleceu em 14 de dezembro de 1882;

– Servo de Deus Pasquale Canzii, seminarista; nascido em 6 de novembro de 1914 em Bisenti (Itália) e falecido em Penne (Itália), em 24 de janeiro de 1930;

– Servo de Deus Jérôme Lejeune, fiel leigo; nascido em 13 de junho de 1926 em Montrouge (França) e falecido em Paris (França) em 3 de abril de 1994;

– Serva de Deus Adelaide Bonolis, fiel leiga, Fundadora das Obras de Assistência e Redenção Social; nascida em 14 de agosto de 1909 em Milão (Itália), faleceu em 11 de agosto de 1980. (EPC)

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF