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sábado, 26 de fevereiro de 2022

A linha em forma de “M” que liga os lugares onde Maria apareceu

GOOLE MAPS
Por Gelsomiuno Del Guercio

É chamada de "Assinatura de Maria" e se estende de Fátima a Medjugorje

Há uma linha em forma de “M”, a chamada “assinatura de Maria”, que reúne os principais locais das aparições e milagres realizados por Nossa Senhora na Europa.

O “M” é composto pelos seguintes lugares marianos (com as datas, em ordem cronológica, em que ocorreram as aparições ou milagres): 1830 – Paris (na Rue du Bac); 1846 – La Salette (França); 1858 – Lourdes (França); 1871 – Pontmain (França); 1876 ​​- Pellevoisin (França); 1917 – Fátima (Portugal); 1932 – Beauraing (Bélgica); 1933 – Banneux (Bélgica); 1947 – Roma (Tre Fontane); 1953 – Siracusa (Itália); 1981 – Medjugorje (Bósnia-Herzegovina).

Nos casos de Pellevoison e Tre Fontane, ambos os lugares foram reconhecidos como “lugares de culto mariano”, mas o reconhecimento oficial da aparição pela Igreja ainda não ocorreu.

A aparição mariana da Rue la Bac em Paris (França)

A mística francesa Catherine Laborè (Fain-lès-Moutiers, 2 de maio de 1806 – Paris, 31 de dezembro de 1876), fundadora da devoção da Medalha Milagrosa, teve a primeira aparição de Nossa Senhora em 18 e 19 de julho de 1830, aparições em que a mística concebeu a Medalha.

Assim escreve a freira em seus diários: “Às 11h30 da noite, ouvi-me chamar pelo nome: ‘irmã, irmã’. Acordo, olho do lado de onde veio a voz, ou seja, do lado do corredor ao lado da cama. Eu vi uma criança de uns quatro ou cinco anos, vestida de branco, me dizendo “venha à Capela, a Santa Virgem está esperando por você (…)”. Eu o segui e ele irradiava uma grande luz por onde passava. A minha surpresa aumentou quando, chegando à porta da Capela, esta se abriu assim que a criança a tocou com a ponta de um dedo (…)”

“A criança me disse: ‘Aqui está a Santa Virgem, aqui está ela’. Ouvi o farfalhar de um manto de seda vindo do lado da tribuna, perto da imagem de São José. Uma Senhora veio sentar-se nos degraus do altar, ao lado do Evangelho, numa poltrona semelhante à de Sant’Anna, mas essa Senhora não era Sant’Anna. (….). Ergui os olhos para o rosto da Virgem e saltei para ela, ajoelhando-me e colocando as mãos sobre os joelhos da Santíssima Virgem. Esse foi o momento mais doce da minha vida.”

A aparição de La Salette (França)

19 de setembro de 1846, sudeste da França. Em uma região de Ródano-Alpes, na vila chamada La Salette, a Virgem aparece a duas crianças que estavam levando suas vacas para pastar. Eles se chamavam Maximin Giraud e Melanie Calvat, respectivamente com 11 e 14 anos.

A Senhora está em lágrimas, sentada sobre uma pedra. Ela está vestida como as mulheres daquela aldeia: um vestido que desce até os pés, um xale, um lenço na cabeça, um avental amarrado nos quadris. Depois de se levantar, ela dá uma mensagem aos pastorinhos com a tarefa de “dar a conhecer a todo o seu povo”. A Virgem adverte para os pecados que as pessoas cometem, anunciando o Inferno para os que perseveram nesses comportamentos e o perdão para os que se convertem.

As aparições de Lourdes (França)

OUR LADY OF LOURDES
DyziO | Shutterstock

Aos pés dos montes Pireneus, em Lourdes (França), Bernadette Soubirous, uma menina pobre de quatorze anos, foi agraciada com visões de Nossa Senhora. A primeira visão ocorreu no dia 11 de fevereiro de 1858. Nesse dia, numa gruta chamada massabielle, nas proximidades do rio Gave, Bernadette, que procurava lenha seca com algumas companheiras, viu uma “senhora” envolvida em luz. Essa “senhora” fez sinal para que Bernadette se aproximasse mais, mas ela não teve coragem. Em vez disso, teve a inspiração de tirar do bolso o terço que trazia consigo e começar a rezar.

Bernadette logo notou que a “senhora” havia começado a rezar junto com ela, e, ao final da oração, a aparição, que só Bernadette havia visto, desapareceu. Após alguns dias, Bernadette voltou à gruta e novamente viu a aparição e, mais uma vez, se colocou a rezar junto com a “senhora”. Assim ocorreu por mais outras vezes, até que numa delas, mais precisamente a aparição do dia 25 de março, dia da solenidade da Anunciação, a aparição revelou seu nome para Bernadette: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Após algum tempo, Bernadette confiou ao seu pároco, padre Dominique, o que a Virgem havia lhe falado. No mesmo instante, padre Dominique entendeu que só podia ser verdade o que a menina dizia, pois, sendo sem instrução e sem ter conhecimento sobre o significado desse título – Imaculada Conceição –, padre Dominique concluiu que Bernadette não poderia tê-lo inventado. Muitos viram nesse sinal, mais uma confirmação do dogma da Imaculada Conceição que o papa Pio IX havia proclamado apenas quatro anos antes, por meio da Constituição Apostólica Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854.

Além de revelar seu nome para Bernadette, a Virgem Maria pediu-lhe para que ela conversasse com os padres, a fim deles construírem naquele local uma igreja em sua honra. Outro fato relevante, ligado ao local das aparições, foi a fonte de água que ali surgiu: a própria Nossa Senhora havia pedido à Bernardette que escavasse o chão, próximo à gruta; obedecendo prontamente à Nossa Senhora, Bernadette logo escavou com as mãos o local que for-lhe indicado: imediatamente aí brotou um filete de água. Até hoje, as águas que brotam no santuário que ali foi construído têm fama de ter curado inúmeros devotos. De fato, o santuário de Lourdes recebe todos os anos milhares de devotos que vem, em sua maioria, buscar lenitivo para suas dores e aflições, junto àquela Senhora que se revelara à pequena e humilde Bernadette.

A aparição de Pontmain (França)

OBJAWIENIA W PONTMAIN
Basilique Notre-Dame d'Espérance de Pontmain |
PHOTO12 / GILLES TARGAT / PHOTO12 VIA AFP

A “assinatura de Maria” também passa por Pontmain, na França. É 17 de janeiro de 1871. É noite e está frio. Um inverno glacial naquele ano; em 11 de janeiro houve também uma aurora boreal. E então a França está em guerra, Paris está sitiada. Em 12 de janeiro, os prussianos vencedores entraram na cidade de Mans. Agora estão às portas de Laval. Nada parece deter seu avanço para o oeste.

Há angústia em Pontmain: não há mais notícias dos trinta e oito jovens que partiram para a guerra. Os adultos ficam desanimados. Naquela noite, no celeiro, Eugène Barbedette, 12, e seu irmão Joseph, 10, ajudam o pai. Pouco antes das seis da tarde, Eugène sai para “ver o tempo”.

É então que ele vê, em frente ao celeiro, acima e atrás da casa de Augustin Guidecoq, uma bela dama de vestido azul cravejado de estrelas, que o olha sorrindo e estendendo as mãos. Ele usa uma coroa de ouro na cabeça, com uma borda vermelha no centro. Joseph sai por sua vez e ele também vê a bela dama.

A aparição de Pellevoison (França)

Photograph_of_Estelle_Faguette.jpg
A vidente de Pellevoison | Our Lady of Pellevoisin | Wikipedia

As aparições marianas de Pellevoison (1876) são diferentes de todas as outras, porque a Maria curou diretamente a vidente Estelle Faguette, então com 32 anos e enferma. A Igreja reconheceu o milagre em 1983, após uma profunda investigação diocesana conduzida pelo bispo de Bourges (a aldeia de Pellevoison faz parte da diocese de Bourges).

«Naquela noite, à meia-noite, recebi a primeira aparição da Santíssima Virgem. Meu pai me fez companhia com uma mulher local. Era meia-noite, começou no dia 15 de fevereiro (terça-feira). Foi nesta ocasião que a Santíssima Virgem me disse: “Ou você vai morrer ou você vai se curar” ».

As aparições de Nossa Senhora da Misericórdia, ocorridas entre 14 e 18 de fevereiro de 1876, ainda não foram oficialmente reconhecidas pela Igreja, que, no entanto, reconheceu o santuário de Pellevoison como local de culto mariano (21 de fevereiro de 2022).

As aparições de Nossa Senhora de Fátima (Portugal)

A “assinatura de Maria” tem Fátima como ponto extremo oeste.

Nossa Senhora aparece resplandecente aos pastorinhos pela primeira vez no dia 13 de maio de 1917.

Lúcia, Francisco e Jacinta estavam brincando num lugar chamado Cova da Iria. De repente, observaram dois clarões como de relâmpagos, e em seguida viram, sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, uma Senhora de beleza incomparável.

Era uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, irradiando luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.

Sua face, indescritivelmente bela, não era nem alegre e nem triste, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como rezando, apoiadas no peito, e voltadas para cima. Da sua mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam feitas somente de luz. A túnica e o manto eram brancos com bordas douradas, que cobria a cabeça da Virgem Maria e lhe descia até os pés.

Lúcia jamais conseguiu descrever perfeitamente os traços dessa fisionomia tão brilhante. Com voz maternal e suave, Nossa Senhora tranquilizou as três crianças, dizendo: “Não tenhais medo. Eu não vos farei mal. Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez”.

Ao pronunciar estas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos, e delas saía uma intensa luz. Os pastorinhos sentiram um impulso que os fez cair de joelhos, e rezaram em silêncio a oração que o Anjo havia lhes ensinado: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, pevo-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Passados uns momentos, Nossa Senhora acrescentou: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo, e o fim da guerra.”

As aparições de Nossa Senhora de Beauring (Bélgica)

Também conhecida como Nossa Senhora do Coração de Ouro, é a imagem que apareceu 33 vezes a algumas crianças belgas entre 1932 e 1933 na pequena aldeia de Beauraing. As aparições foram aprovadas pela Santa Sé em 1949.

Maria se apresenta com um “coração de ouro” rodeado de raios luminosos, como modelo a seguir para vencer o ódio e o ressentimento e como refúgio para os pecadores.

As aparições de Banneaux (Bélgica)

Notre-Dame de Banneux
Santuário de Banneux | Notre-Dame-de-Banneux © CapitaineCook CC

Apenas 12 dias após o fim das aparições de Beauraing, Nossa Senhora está novamente presente: desta vez em Banneux, cerca de 20 quilômetros a sudeste de Liège. É uma vila de gente pobre, com pouco mais de 300 habitantes, quase todos mineiros e madeireiros.

Aqui, porém, Maria se define como a “Virgem dos pobres” e indica a água de um riacho como sinal de purificação, mas também como símbolo dos “rios de água viva” que brotam daquele que acolhe o Evangelho. Aparece 8 vezes, de janeiro a março de 1933, para uma menina de 11 anos: Mariette Beco. Sua mensagem: “Venho trazer alívio ao sofrimento”.

As aparições de Tre Fontane em Roma (Itália)

A “assinatura de Maria” também faz escala na Itália, em Roma. Bruno Cornicchiola era um anticlerical que pretendia matar o papa, a quem considerava o chefe da ‘sinagoga de Satanás’. Posteriormente teve uma conversão-relâmpago ao catolicismo, após a extraordinária experiência de 12 de abril de 1947. Nesse dia, junto com seus três filhos, viu na colina de Tre Fontane em Roma uma menina de grande beleza, pele e cabelos escuros, com um manto verde e um livro nas mãos; e a partir desse momento ao longo de sua vida ele continuou a receber mensagens espirituais e anúncios proféticos dela até poucos meses antes de sua morte, que ocorreu em 22 de junho de 2001.

O vidente entregou os segredos recebidos de Nossa Senhora ao Vaticano, que nunca considerou oportuno publicá-los. São sonhos e visões que antecipavam de forma perturbadora alguns acontecimentos dramáticos do século passado.

As lágrimas de Nossa Senhora de Siracusa (Itália)

Nossa Senhora das L?grimas
© Alessandro Bonvini-CC

O milagre – reconhecido em poucos meses pela Igreja – ocorreu no final de agosto de 1953, em Siracusa, na casa de um jovem casal, Angelo Iannuso e Antonina Giusto, que esperava seu primeiro filho.

Nos dias 29-30-31 de agosto e 1º de setembro, “lágrimas humanas” brotaram de um quadro de gesso representando o coração imaculado de Maria, colocado na cabeceira do leito conjugal.

As aparições de Medjugorje (Bósnia-Herzegovina)

MEDJUGORJE
Peregrinos no Monte Podbrdo | Shutterstock-Hieronymus

A leste, a “assinatura de Maria” chega a um dos lugares mais famosos do mundo pelas aparições marianas: Medjugorje. A partir de 24 de junho de 1981, alguns meninos e meninas da pequena aldeia bósnia foram confrontados com acontecimentos extraordinários. Dizem que viram Maria, que lhes apareceu no Monte Podbrdo.

A Comissão Teológica Internacional, que estudou o caso até 2014, reconheceu as primeiras sete aparições de Nossa Senhora como sobrenaturais. Aqui está o que aconteceu no dia da primeira aparição.

Na tarde de 24 de junho de 1981, Mirjana Dragičević, de 16 anos, foi com Ivanka Ivanković, de 15 anos, passear no caminho na base do Monte Podbrdo. Por volta das 17h, as duas meninas voltavam para casa, quando Ivanka viu, a cerca de duzentos metros de distância, uma figura luminosa. Ela imediatamente exclamou: “Olha, a Gospa” (Maria, em croata).

Mais tarde, Mirjana explicaria: “Eu nunca tinha sentido a possibilidade de que Nossa Senhora pudesse vir à terra. Por isso não olhei. Fiquei nervosa, porque me ensinaram que com o nome de Deus e de Nossa Senhora não há brincadeira”. Mas depois elas voltaram à colina com outras pessoas da vila, e todos viram a mesma figura.

Invasão da Rússia ‘provavelmente exigirá martírio’

Arcebispo Borys Gudziak | Guadium Press

O Arcebispo Borys Gudziak, da Arquieparquia Católica Ucraniana da Filadélfia, concedeu ontem uma entrevista à CNA.

Redação (25/02/2022 16:16Gaudium Press) O líder da Igreja Católica Ucraniana nos Estados Unidos, em uma entrevista à CNA, afirmou que o “impensável é possível” para a Igreja na Ucrânia, chamando o presidente da Rússia Vladimir Putin de um “sociopata” que está “levando seu próprio país e vizinhos a um abismo”.

Com efeito, segundo Arcebispo Borys Gudziak, “a população sabe que o pânico é o que Putin quer criar para minar os sistemas sociais, os bancos, a economia, as lojas, as estruturas governamentais, serviços e ministérios. No entanto, a população está bem determinada a ajudar na defesa de seu país, de sua liberdade e de sua dignidade e, para isso, o governo está entregando armas aos cidadãos”.

A seguir,  um trecho da entrevista.

Como a Igreja na Ucrânia está sendo afetada? E como ela responde?

Toda vez que a Rússia, nos últimos 200 anos, ocupava o território ucraniano exterminava a Igreja Católica Ucraniana. Não era imediatamente, mas aos poucos, ela ia sendo estrangulada.  E isso aconteceu na década de 1820, em 1870, em 1945 e 1946, e aconteceu ao longo desses oito anos na Crimeia. […]

Por isso, a nossa Igreja vê que a ocupação russa, trará, sem dúvida, perseguição à Igreja Católica Ucraniana. Provavelmente exigirá o martírio. Os bispos e padres tentarão permanecer no local e ser totalmente solidários com o povo. Mas agora as questões estão sendo decididas com foguetes, canhões, armas e aviões de combate. A Igreja não pode responder nesse nível. Ela responde de uma maneira que é visível aos olhos da fé. Ela responde por meio da oração, da invocação da graça de Deus, dos sacramentos, da cura pela presença, da escuta curativa e do apoio moral às pessoas que estão sendo denegridas e violadas.

Qual é a razão para tal hostilidade para com os católicos?

Uma razão fundamental é que a Igreja Católica é a Igreja Universal. E um regime autoritário ou totalitário quer o controle total. E o controle total sobre uma comunidade que tem ligação com Roma e uma rede internacional de relacionamento, esse controle total não pode ser instituído. Assim, apenas a identidade universal da Igreja Católica é um incômodo para os ditadores. A Igreja Católica tem uma doutrina social muito bem desenvolvida. […] É difícil limitar o ensinamento da Igreja Católica apenas à esfera privada.

Assim, a Igreja Ortodoxa nos tempos soviéticos podia funcionar, mas não podia pregar. Não podia ensinar os jovens. Não podia catequizar. Mas você podia ir e rezar em particular na igreja, e podia haver um sermão que explicasse o Evangelho para sua vida privada, mas não para a sociedade; e não para sua cidade ou sua comunidade. A Igreja Católica é perigosa para a tirania e é por isso que os tiranos a atacam.[…]

Qual é a sua mensagem para todos os ucranianos?

Olhe nos olhos do Senhor antes de dormir hoje. Ele está com você. Ele conta cada fio de cabelo da sua cabeça. Ele é o Deus da história e sua verdade prevalecerá. Mantenha sua cabeça erguida. Tenha esperança. Aguente tudo o que puder. Faça uma contribuição para a liberdade e dignidade de seu povo.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Católicos da Ucrânia são poucos e muito perseguidos

Militar ucraniano reza com vela na mão / Cortesia ACN

REDAÇÃO CENTRAL, 25 fev. 22 / 05:00 pm (ACI).- Militares russos entraram na Ucrânia em vários pontos ontem precedidos por ataques de mísseis contra alvos militares e cidades.

Embora a maioria da população da Ucrânia seja ortodoxa oriental, os católicos estão entre os que sofrem com a invasão russa do país. Abaixo, algumas informações sobre a população católica da Ucrânia:

Igreja Greco-Católica Ucraniana

Cerca de 9% dos ucranianos são greco-católicos, o que significa que são católicos, mas usam o rito bizantino. A grande maioria deles faz parte da Igreja Greco-Católica Ucraniana, liderada pelo arcebispo-mor Sviatoslav Shevchuck da arquieparquia ucraniana de Kiev-Halych.

O rito bizantino celebra a liturgia na forma usada pelas Igrejas Ortodoxas Orientais, usando regularmente a Divina Liturgia de São João Crisóstomo.

Os greco-católicos ucranianos estão concentrados no ocidente do país, perto da fronteira com a Polônia, especialmente em Lviv. Existem, no entanto, 16 eparquias ou exarcados (equivalentes a dioceses ou vicariatos) da Igreja em todo o país, inclusive na Criméia, tomada pelos russos em 2014, Luhansk e Donetsk.

A Igreja Greco-Católica Ucraniana está enraizada na cristianização do século X da Rus' de Kiev, um Estado cuja herança a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia reivindicam. Esse evento também forma as raízes da Igreja Ortodoxa Russa, da Igreja Ortodoxa Ucraniana (Patriarcado de Moscou) e da Igreja Ortodoxa na Ucrânia.

Essa Igreja também tem uma presença considerável no Brasil, nos EUA, no Canadá e na Polônia, além comunidades menores em outros lugares da Europa, Argentina e Austrália.

Católicos de rito latino

Há também uma hierarquia de ritos latinos ou romanos na Ucrânia, à qual pertence cerca de 1% da população. Também concentrada no oeste do país, essa comunidade tem seis dioceses sufragâneas da arquidiocese de Lviv, e tem laços culturais com a Polônia e a Hungria.

Outras

A Ucrânia também abriga a Eparquia Católica Rutena de Mukachevo e a Arqueparquia Católica Armênia de Lviv.

A Igreja Católica Rutena também usa o rito bizantino, e se concentra na fronteira com quatro vizinhos ocidentais da Ucrânia. Há cerca de 320 mil católicos na eparquia de Mukachevo, que são servidos por cerca de 300 padres.

Há uma Arqueparquia Católica Armênia em Lviv, embora esteja vacante desde a Segunda Guerra Mundial. Os armênios católicos na Ucrânia são poucos e muitas vezes confiados aos cuidados pastorais de sacerdotes de outras Igrejas católicas.

Perseguição

As igrejas católicas foram severamente perseguidas na Ucrânia quando o país era parte da União Soviética.

A Igreja Greco-Católica Ucraniana foi proibida sob o domínio soviético, de 1946 a 1989, e a Igreja Católica Rutena foi suprimida em 1949.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia na década de 2010 trouxe novos temores de perseguição.

Em 2014, após a anexação russa da Crimeia e conflitos armados em outras regiões fronteiriças entre militares ucranianos, rebeldes pró-russos e soldados russos, o então núncio apostólico na Ucrânia alertou para um retorno da perseguição.

“O perigo de repressão da Igreja Greco-Católica existe em qualquer parte da Ucrânia que a Rússia possa estabelecer sua predominância ou continuar por meio de atos de terrorismo para avançar com sua agressão”, disse o arcebispo Thomas Gullickson em 23 de setembro de 2014.

Gullickson foi núncio na Ucrânia de 2011 a 2015 e se aposentou em 2020, aos 70 anos.

“Muitas declarações vindas do Kremlin nos últimos tempos deixam poucas dúvidas sobre a hostilidade e intolerância ortodoxa russa em relação aos greco-católicos ucranianos”, disse ele em setembro de 2014 aos diretores da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.

“Não há razão para excluir a possibilidade de outra repressão generalizada à Igreja Greco-Católica Ucraniana, como ocorreu em 1946 com a cumplicidade dos irmãos ortodoxos e a bênção de Moscou”, afirmou.

Muitos clérigos católicos romanos e gregos foram forçados a deixar a Crimeia após sua anexação. Tanto os católicos romanos quanto os gregos enfrentaram dificuldades para registrar adequadamente a propriedade da propriedade da igreja e garantir a residência legal para seu clero.

Sob a União Soviética, 128 padres, bispos e freiras da Igreja Católica Rutena foram presos ou enviados para o exílio na Sibéria. A eparquia de Mukachevo teve 36 sacerdotes mortos durante a perseguição.

O beato Theodore Romzha foi bispo ruteno de Mukachevo por três anos antes de ser morto em 1947 pelo NKVD por ordem de Nikita Khrushchev, então chefe do Partido Comunista da Ucrânia.

O beato Romzha é um dos mais de 20 mártires ucranianos do século XX beatificados por são João Paulo II durante sua visita à Ucrânia em 2001.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Querem o fim do mundo? Senhor, livrai-nos do mal

Fiéis em oração na Catedral ucraniana da Santa Família em Londres | Vatican News

Diante da violência avassaladora da guerra, às populações atônitas do mundo inteiro não resta que rezar e ajudar aqueles que sofrem. Há medo e perplexidade diante da loucura de um conflito que pode se tornar muito maior. Não podemos ficar indiferentes.

Sergio Centofanti – Vatican News

Conflito Ucrânia - Rússia (ANSA)

Não nos resta que rezar. Diante da violência inaudita e avassaladora da guerra, diante dos pesadelos de um conflito maior e devastador, diante da loucura e da irracionalidade que fazem o mundo tremer, nada mais resta senão invocar a Deus. Toda a humanidade está angustiada com as notícias que chegam da Ucrânia. Há incredulidade, medo, perplexidade. Há quem fala de sinais apocalípticos: a pandemia, as alterações climáticas, a guerra. Há quem recorde como começou a II Guerra Mundial: o Anschluss, a Sudetenland, a Polônia. O que podemos fazer diante do grande mistério da iniquidade? Somente elevar os olhos para o céu e rezar.

Podemos ajudar aqueles que sofrem. A Caritas está na linha de frente. Podemos pensar nas crianças, nas mães, nos pais, nos avós, nos homens e mulheres da terra ucraniana, que agora está tão próxima de nós. Eles pedem ajuda, solidariedade. Juntamente com eles estamos chocados, aterrorizados. Hoje sofrem eles, amanhã quem sabe. Não podemos ficar indiferentes. Eles são nossos irmãos e irmãs.

Armas nucleares  (©lukszczepanski - stock.adobe.com)

O que se quer ocupar? O que se quer destruir? Que armas serão usadas? Outros países serão atacados? Com que justificativas estúpidas e falsas? Não queremos acreditar que haja alguém tão louco a ponto de arriscar devastar o mundo para acrescentar um pouco de poder ao seu poder. O poder deste mundo passa rapidamente. E depois virá o juízo de Deus. Mas a história nos ensina que, nestes casos, muitas vezes, o julgamento humano vem por primeiro.

Soldados vão para a guerra. Obedecem. Eles matam e são mortos. Por um pedaço de terra que algum poderoso ambiciona. Alguém vai recusar a ordem de matar inocentes? Alguém se rebelará contra o comando para realizar um bombardeio indiscriminado e atroz? Ou todos terão orgulho em esmagar os mais fracos? Gigantes orgulhosos em espezinhar os menores.

Diante desses eventos, sentimo-nos inermes, sem palavras. Não nos resta que rezar. E ajudar, cada um como pode. Todos nós devemos rezar. Elevando nossa voz fraca para Deus. Mesmo aqueles que pensam que são ateus podem rezar. Basta um pensamento. O Criador ouve o grito de todas as suas criaturas. Devemos estar todos unidos agora, esquecendo toda divisão, todo contraste, todo rancor, para poder dizer juntos: Senhor, livrai-nos do mal.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Porfírio de Gaza

S. Porfírio de Gaza | arquisp
26 de fevereiro

São Porfírio de Gaza

Porfírio teve muitos fatos prodigiosos em sua vida que começou em Tessalônica, na Grécia, onde nasceu no ano 347. Ele já era formado nas ciências quando, aos trinta e um anos, decidiu viver no deserto de Scete, no Egito onde se tornou um eremita e ficou por cinco anos. Depois visitou os lugares santos de Jerusalém e se estabeleceu às margens do rio Jordão, por outros cinco anos. Nessa ocasião conheceu o discípulo Marcos e se juntou à ele na evangelização. Mas a caverna onde residia era tão insalubre que Porfírio ficou muito doente, tendo que voltar a Jerusalém.

Recebeu então a notícia da morte dos pais, de quem tinha grande herança para receber. Mas, ele decidiu continuar pobre e mandou que todos os bens fossem divididos entre os pobres de sua terra natal. Depois, Porfírio teve um desmaio em Jerusalém e, de repente, viu-se frente a frente com Cristo crucificado, tendo ao seu lado o bom ladrão, Dimas. Jesus mandou que este levantasse Porfírio do chão, depois desceu Ele mesmo da cruz e deu-a ao santo, ordenando-lhe que cuidasse dela. Ao voltar do desmaio, Porfírio estava curado. A ordem recebida na visão foi aplicada por João, bispo de Jerusalém, que nomeou Porfírio como "guarda do santo lenho".

As notícias sobre as graças e prodígios que aconteciam com ele se espalharam e os sacerdotes de Gaza, após a morte do bispo, pediram que Porfírio assumisse o posto. A sua modéstia o impedia de aceitar, mas tantos foram os pedidos e a insistente atuação dos pagãos idólatras era tão intensa na cidade, que ele acabou concordando. Existia em Gaza um grande templo para adoração das divindades pagãs. Os infiéis, sabendo da decisão de Porfírio de combatê-los, planejaram matá-lo. Entretanto, o bispo acabou vencendo todos os inimigos pela fé.

Uma seca violenta assolou a região e os agricultores, desesperados, faziam muitos sacrifícios nesse templo, pedindo chuva aos deuses pagãos. Nenhuma gota de água caía do céu. Porfírio ordenou então, um dia de jejum. Depois comandou uma procissão de penitência à uma capela situada na periferia da cidade. Mal terminou a procissão, a chuva começou a cair, abençoada e insistente. A partir daí, a maioria dos pagãos passou a se converter.

Porém, sobraram ainda alguns poucos pagãos para tramar a morte do bispo Porfírio. Aconteceu, porem, que o imperador também passou a ficar contra os pagãos e o bispo conseguiu autorização para derrubar o templo pagão que estava instalado na diocese de Gaza. Ficou na cidade apenas uma última estátua pagã, a da deusa Vênus. Certo dia, o bispo colocou-se diante dela e a estátua desmoronou sozinha, formando dezenas de pedaços. Era o que faltava para que mais pagãos se convertessem.

A fama de santidade acompanhou o bispo Porfírio até sua morte, em 26 de fevereiro 420, aos setenta e três anos de idade, quando, depois dos vinte e cinco anos de episcopado, quase não havia pagãos na sua querida diocese de Gaza.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A alegria Cristã

Alegria | Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Há umas palavras muito bonitas no livro de Neemias, que se leem com frequência na Liturgia das Horas: A alegria do Senhor será a vossa força (Ne 8, 10). Jesus nos fala dessa “alegria do Senhor”, a garante e a potencia infinitamente com a sua Ressurreição e com a graça do Espírito Santo: Hei de ver-vos outra vez [quando aparecer ressuscitado], e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria (Jo 16,23; cf. Jo 20,20 e Gl 5,22).

A tristeza enfraquece-nos, a nós e aos que nos cercam. Debilita o ânimo, amolece as forças e desperta o mau humor. Uma pessoa triste cria um ambiente soturno. Já dizia, no século II, um dos mais antigos escritores cristãos: <<Afasta de ti a tristeza. Não entendes que a tristeza é pior do qualquer outro estado de ânimo, que é a coisa que mais desanima e que repele o Espírito Santo? Uma pessoa alegre pratica o bem, gosta das coisas boas e agrada a Deus. O triste, pelo contrário, sempre age errado>> (Pastor de Hermas, Mand. 10,1.1; 3.1).

A alegria, antítese da tristeza, enche-nos de vitalidade e levanta o ânimo dos outros. É dinâmica. Pode-se dizer que uma pessoa alegre faz sair o sol em qualquer lugar onde se encontra.

Mas, talvez nos perguntemos: “É possível a alegria como um bem estável da alma, como algo permanente? Não é, na realidade, como um vagalume, uma luzinha efêmera que só pisca de vez em quando e por uns instantes na escuridão?”

Deus nos responde que não.

– Lembremos as palavras já citadas de Jesus na Última Ceia: Vós, sem dúvida, agora estais tristes. Mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a nossa alegria (Jo 16,22).

– Ouçamos o que diz São Paulo aos que acabavam de abraçar a fé cristã: Nós estamos sempre contentes! (2Cor 6,10).

– Escutemos o “mandamento da alegria” de São Paulo aos filipenses: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!… O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com coisa alguma! (Fl 4, 4-6).

Será possível essa alegria?

Essa é a pergunta que se fazia Bento XVI, ao iniciar, com uma meditação, Sínodo dos Bispos de 2005. Acabavam de lidar, na Liturgia da Hora Terça, as palavras com que Paulo termina sua segunda carta aos Coríntios: Por fim, irmãos, vivei com alegria…, animai-vos…, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco (2Cor 13,11). O Papa fez o seguinte comentário:

<<É possível ordenar, manda desta forma a alegria? A alegria, poderíamos dizer, vem ou não vem, mas não pode ser imposta como um dever. Neste ponto, ajuda-nos a pensar o texto mais conhecido sobre a alegria das cartas paulinas: Alegrai-vos sempre no Senhor. O Senhor está perto>> [refere-se a Fl 4,4, acima citado}.

<<Se a pessoa amada, se o amor, o maior dom da minha vida, estiver próximo de mim, se eu puder ter a certeza de que aquele que me ama – Deus – está perto de mim também nos momentos de tribulação, então poderá manter-se firme no meu coração uma alegria maior do que todos os sofrimentos>> (Meditação, 3/10/2005).

No mesmo sentido, o Papa Francisco afirma, com a leveza jovial de quem habitualmente está de bom humor: <<A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus […]. O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria […] Reconheço que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal que, não obstante as aparências contrárias, somos infinitamente amados>> (Encíclica Evangelii Gaudium nn. 1.5.6).

Amor e Alegria

Deus nos ama. Somos seus filhos muito amados (Ef 5,1). Ele está sempre perto de nós. Nós é que podemos afasta-nos dele, e então a tristeza baixa ao coração. Como dizia São Josemaria [não se referia, como é lógico, à tristeza sem culpa, patológica, que procede da depressão]: <<A alegria é um bem cristão. Só desaparece com a ofensa a Deus, porque o pecado é fruto do egoísmo e o egoísmo é causa de tristeza>> (Caminho, n. 662).

Quer dizer que, para estarmos alegres e alegrar os demais, é preciso que aumente o nosso amor a Deus – a nossa vida de oração, o nosso amor à Eucaristia, a nossa mortificação por amor, a nossa luta pelas virtudes -, e que vençamos o egoísmo, correspondendo generosamente ao amor que o Espírito Santo derrama em nossos corações (cf. Rm 5,5 e Gl 5,22).

O Bom Humor

Quem tem alegria, tem bom humor. <<Onde quer que a alegria esteja ausente, onde quer que desapareça o sendo de humor, com certeza ali não estará o espírito de Jesus>> (J. Ratzinger, Princípios teológicos). Não se trata do humorismo sarcástico, irônico, que agride e humilha os outros. Mas do bom humo amável, que faz bem como um bálsamo que suaviza as asperezas da vida.

Como andamos de bom humo lá e casa? E no ambiente de trabalho, entre colegas e amigo? E, em geral, com todas as pessoas com quem temos contato, mesmo que seja ocasional? Ficamos de cara fechada, com reações bruscas, queixas, gestos antipáticos e respostas ríspidas? Ou temos uma amabilidade sorridente, como a de Cristo ressuscitado, que só com a sua presença fazia brotar a alegria: Alegraram-se os discípulos ao ver o Senhor (Jo 20,20)?

O Papa Francisco, usando uma expressão popular, tem repetido que o cristão não pode ter <<cara de vinagre>>. Se tivermos vinagre no coração precisamos limpá-lo e enxuga-lo bem, sobretudo melhorando a nossa oração, como dizia Santo Agostinho e o Papa Bento XVI recordava na sua encíclica sobre a esperança (Spe salvi, n.33).

Quem é que tem vinagre no coração? Aquele que vive como descrevem estas palavras: <<Não és feliz porque ficas ruminando tudo como se sempre fosse tu o centro: é que te dói o estômago, é que te cansas, é que te disseram isto ou aquilo… – Já experimentaste pensar nEle e, por Ele, nos outros?>> (Sulco, n. 74).

Quem limpa o vinagre? Aquele que descobriu o que se lê em outro pensamento do mesmo livro: <<Talvez ontem fosses uma dessas pessoas amarguradas nos seus sonhos, decepcionadas nas suas ambições humanas. Hoje, desde que Ele entrou na tua vida – obrigado, meu Deus! -, ris e cantas e levas o sorriso, o Amor e a felicidade aonde quer que vás>> (n. 81).

As almas cristãs, sobretudo os santos, nos dão exemplos maravilhosos desse bom humor que procede da caridade e da luta espiritual. Não considere os exemplos que vou mencionar a seguir como legendas áureas, dignas de admiração e impossíveis de imitar; mas como mensagens de Deus que batem no seu coração, e lhe dizem: “E você…, como vive a alegria diante das situações difíceis?”.

Alguns exemplos de Santos

– São Filipe Neri, Pippo il buono, que muitos veneravam como santo ainda em vida, às vezes “se fazia de louco” com palhaçadas ingênuas e até grotescas, <<para sabotar em si – como diz um escritor – a tentação do orgulho, pois o riso, às custas de si mesmo, libera do inchaço da vaidade e atrai alegremente todos para Deus>>. Como é bom saber rir de si mesmo, sem dar importância aos nossos “méritos”, nem aos nossos “dramas” e “tragédias” cotidianos.

– São Josemaria Escrivá referiu certa vez o que lhe aconteceu quando ainda era um jovem padre. Por causa de uma contrariedade forte, <<irritei-me… e depois me irritei por ter-me irritado>>. Nesse estado de ânimo, indo pelas ruas de Madrid, passou por uma daquelas máquinas que faziam seis fotografias rápidas por quatro tostões, e Deus lhe inspirou uma ideia. Entrou na cabine e tirou as fotografias. Dizia que olhou para elas, e <<estava engraçadíssima com a cara de irritação!>>, rasgou cinco fotos e guardou a sexta na carteira durante um certo tempo. <<De vez em quando – comentava -, olhava-a para ver a cara de irritação: “Que bobo!”, dizia para mim>>.

– É célebre o impressionante exemplo de humor de São Thomas More, chanceler da Inglaterra, quando ia ser decapitado por ter-se oposto a aderir ao cisma religioso provocado pelo rei Henrique VIII. Quando inclinava a cabeça sobre o talho, olhou para o carrasco e disse-lhe: <<Ânimo, rapaz! Não tenhas medo de cumprir o teu dever. O meu pescoço é muito curto. Cuida, pois de não cortá-lo de lado, para que não fique abalado o teu prestígio>>. E depois acrescentou: <<Deixa-me ajeitar a barba, não aconteça que também a cortes. Ela nada tem nada a ver com isso>>.

Um precedente muito antigo de Sir Thomas é o do diácono de Roma São Lourenço, martirizado no ano de 285. Segundo conta Santo Ambrósio, foi queimado a fogo lento, deitado numa grelha. Brincado com os verdugos, disse em certo momento: “Este lado já está assado, podem virar-me para o outro”.

Após refletir sobre esses exemplos – quatro entre muitos – talvez seja bom terminar este capítulo transcrevendo uma oração “para pedir o bom humor” composta por São Thomas More. Diz-se que a rezava todos os dias:

– <<Dai-me, Senhor a saúde do corpo e, com ela, o bom senso para conservá-la o melhor possível. Dai-me, Senhor, uma boa digestão e também algo para digerir. Dai-me uma alma santa, Senhor, que mantenha diante dos meus olhos tudo o que é bom e puro. Dai-me uma alma afastada do tédio e da tristeza, que não conheça os resmungos, as caras fechadas, nem os suspiros melancólicos… E não permitais que essa coisa que se chama o “eu”, e que sempre tende a dilatar-se, me preocupe demasiado. Dai-me, Senhor, o sentido do bom humor. Dai-me a graça de compreender uma piada, uma brincadeira, para conseguir um pouco de felicidade e para dá-la de presente aos outros. Amém>>.

Retirado do livro: “Tornar a Vida Amável”. Francisco Faus. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Guerra na Ucrânia, o Papa na Embaixada da Rússia para expressar preocupação

Papa Francisco | Vatican News

Francisco, nesta manhã, na sede em Via della Conciliazione, por mais de meia hora. O Pontífice está acompanhando de perto a evolução da situação no país do Leste Europeu, sob ataque desde 24 de fevereiro, onde se contam inúmeros mortos e feridos. Nesta quinta-feira o apelo do cardeal Parolin a dar mais espaço à negociação.

Salvatore Cernuzio, Silvonei José – Vatican News

O Papa quis manifestar a sua preocupação com a guerra na Ucrânia dirigindo-se por volta do meio-dia desta sexta-feira, à sede da Embaixada da Federação Russa junto à Santa Sé, chefiada pelo embaixador Alexander Avdeev. O Papa chegou em um veículo utilitário branco e permaneceu no prédio na Via della Conciliazione por mais de meia hora, como confirmou o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni.

O apelo na audiência geral

Francisco acompanha de perto a evolução da situação no país do Leste Europeu, sob ataque desde a noite de 24 de fevereiro, onde se contam inúmeros mortos e feridos. O próprio Pontífice havia expressado "grande pesar em seu coração" pelo agravamento da situação no país na última quarta-feira, 23 de fevereiro, no final da Audiência geral, quando a violência ainda não havia eclodido. O Papa apelou "aos que têm responsabilidades políticas para fazer um sério exame de consciência diante de Deus, que é o Deus da paz e não da guerra". E ele chamou tanto os crentes quanto os não crentes a se unirem em uma súplica coral pela paz em 2 de março, Quarta-feira de Cinzas, rezando e jejuando: "Jesus nos ensinou que à diabólica insensatez da violência se responde com as armas de Deus, com oração e jejum pela paz", disse o Pontífice. "Convido a todos a fazerem no próximo 2 de março, Quarta-Feira de Cinzas, um dia de jejum pela paz. Encorajo os crentes de uma maneira especial a se dedicarem intensamente à oração e ao jejum naquele dia. Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra”.

Declaração do cardeal Parolin

Ontem, porém, "na hora mais escura" para a Ucrânia, a declaração do cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin. Recordando o apelo dramaticamente urgente do Papa após o início das operações militares russas em território ucraniano, o cardeal observou que "os trágicos cenários que todos temiam estão infelizmente se tornando realidade", mas que "ainda há tempo para a boa vontade, ainda há espaço para a negociação, ainda há espaço para o exercício de uma sabedoria que impeça o prevalecer dos interesses de parte, tutele as legítimas aspirações de cada um e poupe o mundo da loucura e dos horrores da guerra". "Nós fiéis", disse Parolin, "não perdemos a esperança num vislumbre de consciência daqueles que têm o destino do mundo em suas mãos".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF