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sexta-feira, 27 de maio de 2022

Santo Agostinho da Cantuária

S. Agostinho de Cantuária | arquisp
27 de maio

Santo Agostinho da Cantuária

Um século após são Patrício ter convertido os irlandeses ao catolicismo, a atuação de Agostinho foi tão importante para a Inglaterra que modificou as estruturas da região da mesma forma que seu antecessor o fizera. No final do século VI, o cristianismo já tinha chegado à poderosa ilha havia dois séculos, mas a invasão dos bárbaros saxões da Alemanha atrasou sua propagação e quase destruiu totalmente o que fora implantado.

Pouco se sabe a respeito da vida de Agostinho antes de ser enviado à Grã-Bretanha. Ele nasceu em Roma, Itália. Era um monge beneditino do mosteiro de Santo André, fundado pelo papa Gregório Magno naquela cidade. E foi justamente esse célebre papa que ordenou o envio de missionários às ilhas britânicas.

Em 597, para lá partiram quarenta monges, todos beneditinos, sob a direção do monge Agostinho. Mas antes ele quis viajar à França, onde se inteirou das dificuldades que a missão poderia encontrar, pedindo informações aos vários bispos que evangelizaram nas ilhas e agora se encontravam naquela região da Europa. Todos desaconselharam a continuidade da missão. Mas, tendo recebido do papa Gregório Magno a informação de que a época era propícia apesar dos perigos, pois o rei de Kent, Etelberto, havia desposado a princesa católica Berta, filha do rei de Paris, ele resolveu, corajosamente, enfrentar os riscos.

A chegada foi triunfante. Assim que desembarcaram, os monges seguiram em procissão ao castelo do rei, tendo a cruz à sua frente e entoando pausadamente cânticos sagrados. Agostinho, com a ajuda de um intérprete, colocou ao rei as verdades cristãs e pediu permissão para pregá-las em seus domínios. Impressionado com a coragem e a sinceridade do religioso, o rei, apesar de todas as expectativas em contrário, deu a permissão imediatamente.

No Natal de 597, mais de dez mil pessoas já tinham recebido o batismo. Entre elas, toda a nobreza da corte, precedida pelo próprio rei Etelberto. Com esse resultado surpreendente, Agostinho foi nomeado arcebispo da Cantuária, primeira diocese fundada por ele.

A notícia chegou ao papa Gregório Magno, que, com alegria, enviou mais missionários à Inglaterra. Assim, Agostinho prosseguiu e ampliou o trabalho de evangelização, fundando as dioceses de Londres e de Rochester. Não conseguiu a conversão de toda a ilha porque a Inglaterra era dividida entre vários reinos rivais, mas as sementes que plantou se desenvolveram no decorrer dos séculos.

Agostinho morreu no dia 25 de maio de 604, sendo sepultado na igreja da Cantuária, que hoje recebe o seu nome e ainda guarda suas relíquias. O Martirológio Romano indica a festa litúrgica de santo Agostinho da Cantuária no dia 27 de maio.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Papa Francisco: a economia precisa de conversão

Delegação do Fundo Global de Solidariedade | Vatican News

“A economia precisa de conversão, deve se converter agora. Devemos passar da economia liberal à economia compartilhada pelas pessoas, a uma economia comunitária.”

Padre Pedro André, SDB – Vatican News

Na manhã desta quarta-feira, 25 de maio, o Papa Francisco se encontrou com uma delegação do Fundo Global de Solidariedade.

O Papa iniciou dizendo que havia um discurso preparado – que poderia ser lido por eles depois – e que preferia falar de forma espontânea.

Ele iniciou dizendo: “agradeço por este encontro, porque eu gosto quando as pessoas estão nas fronteiras, nas periferias. Simplesmente porque Jesus andou pelas periferias: Ele esteve ali para mostrar o Evangelho. As periferias, sejam do corpo, sejam da alma; porque tem gente que está bem mas a sua alma está destruída, despedaçada: ir também até eles; tantas pessoas têm necessidade da proximidade.”

Continuando Francisco afirmou que: “a proximidade é o estilo de Deus. Ele mesmo disse: “Pois qual é a grande nação que tem deuses tão próximos como o Senhor nosso Deus?” (Dt 4, 7). Por isso, aquelas expressões religiosas – quer sejam de congregações religiosas, quer sejam de cristãos que se atacam para conservar a fé – são uma reedição do farisaísmo mais antigo. Porque eles querem ter a alma limpa, mas com este comportamento talvez terão a alma purificada, porém com o coração sujo pelo egoísmo. Ao contrário, ir as periferias, ir ao encontro das pessoas que não são levadas em conta, os descartados pela sociedade – porque estamos vivendo a cultura do descarte, e se descartam as pessoas – ir ali é fazer aquilo que Jesus fez.”

Ao tratar do tema dos migrantes o Pontífice afirmou: “vocês elaboraram quatro passos: acolher, acompanhar, promover e integrar. Com os migrantes, se deve fazer este caminho de integração na sociedade. Não é uma obra de beneficência, com os migrantes, deixando os a própria sorte. Não. É apoiá-los e integrá-los, com a educação, a inserção no mundo do trabalho, com todas estas coisas  (...). Um migrante não integrado está na metade do caminho e isso é perigoso. É perigoso para ele, pobrezinho, porque será sempre um mendicante. É também perigoso para todos. É preciso integrá-los, pois eles não devem ser considerados como uma pedrinha no sapato, que incomoda.”

O Papa recordou que de certa forma todos somos filhos ou netos de migrantes e que não se deve perder essa memória. Segundo o Papa, para que a Europa possa se desenvolver ela tem necessidade dos migrantes, sobretudo por causa do inverno demográfico. As palavras chaves neste processo são a acolhida, a integração e a fraternidade.

Ao tratar do tema economia, o Papa disse: “a economia precisa de conversão, deve se converter agora. Devemos passar da economia liberal à economia compartilhada pelas pessoas, a uma economia comunitária.” Ainda neste mesmo tema Francisco disse: “Não podemos viver com uma economia com raízes liberais e do iluminismo. Nem com uma economia com raízes que vem do comunismo. É necessária uma economia cristã (...). Existem homens e mulheres que estão pensando numa economia mais enraizada no povo.”

Ao concluir suas palavras o Papa os incentivou: “sigam em frente, sujem as mãos. Arrisquem-se. E olhem para tantas periferias: sudeste asiático, parte da África, parte da América Latina. Tantas periferias, tantas, que machucam o coração. Obrigado pelo trabalho de vocês. Rezem a meu favor, não contra. Obrigado” O Papa concluiu sua mensagem abençoando os participantes do encontro.

Segue abaixo o discurso escrito pelo Papa e entregue aos participantes:

Caro irmão Cardeal Tomasi, caros amigos!

Estou feliz por encontrar-vos novamente e ver que o vosso caminho vai avante.

        O vosso nome, Fundo Global de Solidariedade, encontra seu centro numa palavra-chave: solidariedade. É um dos valores fundamentais da doutrina social da Igreja. Mas para se concretizar deve ser acompanhado de proximidade e compaixão com o outro, com a pessoa marginalizada, indo ao rosto do pobre, do migrante.

        A composição do grupo com o qual vós representais o Fundo Global de Solidariedade aqui hoje é significativa: vocês pertencem a âmbitos muito diferentes, mas trabalham em conjunto para criar uma economia mais inclusiva, para criar integração e trabalho para os migrantes num espirito de escuta e reunião. Um caminho corajoso!

Agradeço os presentes que me trouxeram dos migrantes que participam de seus programas na Colômbia e na Etiópia. Eu abençoo cada um deles e abençoo vocês e seu trabalho. Vão em frente neste compromisso de apoiar os migrantes e as pessoas mais frágeis, compartilhando seus talentos. E não se esqueçam de rezar por mim.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Filipe Néri

S. Felipe Néri | arquisp
26 de maio

São Filipe Néri

Contanto que os meninos não pratiquem o mal, eu ficaria contente até se eles me quebrassem paus na cabeça." Há maior boa vontade em colocar no caminho correto as crianças abandonadas do que nessa disposição? A frase bem-humorada é de Filipe Néri, que assim respondia quando reclamavam do barulho que seus pequenos abandonados faziam, enquanto aprendiam com ele ensinamentos religiosos e sociais.

Nascido em Florença, Itália, em 21 de julho de 1515, Filipe Rômolo Néri pertencia a uma família rica: o pai, Francisco, era tabelião e a mãe, Lucrécia, morreu cedo. Junto com a irmã Elisabete, foi educado pela madrasta. Filipe, na infância, surpreendia pela alegria, bondade, lealdade e inteligência, virtudes que ele soube cultivar até o fim da vida. Cresceu na sua terra natal, estudando e trabalhando com o pai, sem demonstrar uma vocação maior, mesmo freqüentando regularmente a igreja.

Aos dezoito anos foi para São Germano, trabalhar com um tio comerciante, mas não se adaptou. Em 1535, aceitou o convite para ser o tutor dos filhos de uma nobre e rica família, estabelecida em Roma. Nessa cidade foi estudar com os agostinianos, filosofia e teologia, diplomando-se em ambas com louvor. No tempo livre praticava a caridade junto aos pobres e necessitados, atividade que exercia com muito entusiasmo e alegria, principalmente com os pequenos órfãos de filiação ou de moral.

Filipe começou a chamar a atenção do seu confessor, que lhe pediu ajuda para fundar a Confraternidade da Santíssima Trindade, para assistir os pobres e peregrinos doentes. Três anos depois, aos trinta e seis anos de idade, ele se consagrou sacerdote, sendo designado para a igreja de São Jerônimo da Caridade.

Tão grande era a sua consciência dos problemas da comunidade que formou um grupo de religiosos e leigos para discutir os problemas, rezar, cantar e estudar o Evangelho. A iniciativa deu tão certo que depois o grupo, de tão numeroso, passou à Congregação de Padres do Oratório, uma ordem secular sem vínculos de votos.

Filipe se preocupou somente com a integração das minorias e a educação dos meninos de rua. Tudo o que fez no seu apostolado foi nessa direção, até mesmo utilizar sua vasta e sólida cultura para promover o estudo eclesiástico. Com seu exemplo e orientação, encaminhou e orientou vários sacerdotes que se destacaram na história da Igreja e depois foram inscritos no livro dos santos.

Mas somente quando completou setenta e cinco anos passou a dedicar-se totalmente ao ministério do confessionário e à direção espiritual. Viveu assim até morrer, no dia 26 de maio de 1595. São Filipe Néri é chamado, até hoje, de "santo da alegria e da caridade".

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Santa Maria Ana de Jesus Paredes

Sta. Maria Ana de Jesus Paredes | arquisp
26 de maio

Santa Maria Ana de Jesus Paredes

Maria Ana nasceu no dia 31 de outubro de 1618, em Quito, capital do Equador. Sua família era rica: o pai, Jerônimo Paredes e Flores, era um capitão espanhol e a mãe, Mariana Jaramillo, pertencia à nobreza.

A pequena ficou órfã dos pais aos quatro anos de idade e quem assumiu sua educação foi a mais velha de suas sete irmãs, Jerônima, casada com o capitão Cosme de Miranda, os quais educaram a menina como própria filha. Ela logo começou a despertar para a religião, tornando-se devota fervorosa de Jesus e da Virgem Maria. Muito inteligente e prendada, gostava das aulas de canto, onde aprendia as músicas religiosas, depois entoadas durante as orações.

Orientada espiritualmente pelo jesuíta João Camacho, aos oito anos recebeu a primeira comunhão e quis fazer voto de virgindade perpétua, sendo de pronto atendida. E em sua casa, sem ingressar em nenhuma Ordem religiosa, intuída pelo Espírito Santo, se consagrou somente às orações e a penitência, até os limites alcançados apenas pelos adultos mais santificados.

Em 1639, ingressou na Ordem Terceira Franciscana e tomou o nome de Mariana de Jesus. Ela fora agraciada por Deus com o dom do conselho e da profecia, sabendo como ninguém interpretar a alma humana. A sua palavra promovia a paz entre as pessoas em discórdia e contribuía para que muitas almas retornassem para o caminho do seguimento de Cristo.

Em conseqüência das severas penitências que se impunha, Marianita, era assim chamada por todos, tinha um físico delicado e a saúde muito frágil, sempre sujeita a doenças. Em uma dessas enfermidades, teve de ser submetida a uma sangria, e a enfermeira que a atendia deixou em uma vasilha o sangue que tinha extraído de Marianita para ir buscar as ataduras que faltavam. Ao retornar, viu que na vasilha que continha seu sangue brotara um lírio. A notícia se espalhou e passou a ser conhecida como "o Lírio de Quito".

Como Marianita profetizara, em 1645 a cidade de Quito foi devastada por um grande terremoto, que causou muitas mortes e espalhou muitas epidemias. Os cristãos todos foram convocados pelos padres jesuítas a rezarem pedindo a Deus e à Virgem Maria socorro para o povo equatoriano. Nessa ocasião Marianita, durante a celebração da santa missa, anunciou que oferecera sua vida a Deus para que os terremotos cessassem. O que de fato ocorreu naquela mesma manhã. Logo em seguida ela morreu, no dia 26 de maio de 1645.

Desde então nunca mais ocorreram terremotos nessas proporções no Equador. Os milagres por sua intercessão se multiplicaram de tal maneira que ela foi beatificada pelo papa Pio IX em 1853. Santa Mariana de Jesus Paredes, o Lírio de Quito, foi decretada "Heroína da Pátria" em 1946 pelo Congresso do Equador. Festejada no dia 26 de maio, foi canonizada pelo papa Pio XII em 1950, tornando-se a primeira flor franciscana desabrochada para a santidade na América Latina.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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quarta-feira, 25 de maio de 2022

A guerra na Ucrânia completa 3 meses – e a Rússia já perdeu

Jarosław Góralczyk I CC BY-SA 4.0
Por Francisco Vêneto

Invasores foram escorraçados das duas maiores cidades da Ucrânia, mas deixaram um trágico rastro de horror.

A guerra na Ucrânia completa 3 meses neste dia 24 de maio – e, apesar das funestas perspectivas de que ainda se arraste ao longo de meses, a Rússia já perdeu.

Não que haja algum vencedor. Em qualquer guerra, todos os envolvidos direta e indiretamente perdem muito mais do que ganham. A própria entrada numa guerra já é essencialmente uma derrota, porque a única forma genuína de vencer um conflito armado é impedi-lo de começar.

A Rússia perdeu

A Rússia, no entanto, é o maior dos perdedores desta guerra que o seu próprio regime autoritário provocou e que ele próprio se nega pateticamente a chamar de guerra – talvez na tentativa inútil de narrar para o próprio subconsciente que não irá perder, já que, na sua realidade paralela, o que está havendo nem sequer é uma guerra.

Vladimir Putin também se esforça para manter um igualmente patético discurso de vencedor, mas nem ele mesmo acredita no próprio devaneio.

OTAN | Um dos seus objetivos prioritários era impedir a expansão da OTAN junto às suas fronteiras. Putin não apenas não conseguiu garantir que a Ucrânia desista de solicitar ingresso na aliança militar ocidental, como ainda viu a Finlândia, que tem mais de mil quilômetros de fronteira com o norte da Rússia, formalizar um pedido de adesão que nem sequer estava sendo considerado concretamente antes da agressão do Kremlin contra os vizinhos ucranianos. Por fim, a historicamente neutra Suécia também formalizou o mesmo pedido e pelo mesmo motivo.

ZELENSKY | Outro dos objetivos prioritários de Putin era derrubar o governo de Volodymyr Zelensky, a quem tacha de nazista a despeito de ser judeu, para implantar em seu lugar um governo-fantoche pró-Moscou. Putin não apenas fracassou retumbantemente neste objetivo como ainda provocou o resultado oposto: Zelensky cresceu em popularidade na Ucrânia e passou a ser exaltado como herói por grande parte do planeta, relegando a segundo ou terceiro plano as denúncias contra as suas políticas na região de Donbass.

RESISTÊNCIA MILITAR | Além de não conseguirem derrubar o governo da Ucrânia, as tropas invasoras tardaram muito mais do que previam para chegar à capital do país, surpreendidas pela resistência das forças locais. Quando enfim chegaram, acabaram escorraçados tanto de Kiev quanto da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv. Em ambas, aliás, a vida cotidiana tem retomado rotinas mais próximas da normalidade do que da guerra, seja em termos de serviços públicos, seja no tocante à vida fora dos abrigos subterrâneos – apesar, é claro, da grave destruição causada a centenas de edifícios e infraestruturas, sem falar nas perdas irrecuperáveis de vidas inocentes. Não custa repetir: ninguém ganha uma guerra; na menos pior das possibilidades, uma das partes perde um pouco menos.

DESERÇÕES | E não foi só a resistência ucraniana que surpreendeu os invasores. Parte das próprias tropas russas se rendeu voluntariamente aos ucranianos já nos primeiros dias da invasão: grupos de jovens soldados russos, obrigados a lutar uma guerra que não é deles, ficaram estarrecidos com a selvageria que o seu país estava promovendo contra os vizinhos e sabotaram os próprios equipamentos para evitar ser cúmplices da loucura de Vladimir Putin.

PROTESTOS DOMÉSTICOS | Mesmo dentro da Rússia, e apesar da repressão intensificada, cidadãos se atreveram a protestar publicamente contra a guerra e contra Putin, assumindo o risco de ser presos – e, de fato, encarando a prisão aos milhares por semana.

SANÇÕES | As sanções internacionais, que Putin tem se empenhado em menosprezar, tendem a ser sentidas crescentemente pela população russa à medida que passem os meses e o país se veja cada vez mais isolado política e comercialmente. Dezenas de grandes empresas ocidentais deixaram o país, que também foi excluído do sistema financeiro internacional.

PETRÓLEO E GÁS | Se o rublo parece ter-se recuperado momentaneamente, em grande parte é porque o governo obrigou os importadores do seu petróleo a pagarem nessa moeda – mas o cenário tende a ficar bem menos favorável à economia da Rússia à medida que a União Europeia implementar os seus supostos planos (por enquanto tão genéricos quanto hipócritas) de substituir a dependência de combustíveis fósseis pela adoção de fontes energéticas renováveis.

Caberia aqui um artigo à parte sobre o porquê de os governos europeus não terem feito isso muito antes, em vez de priorizarem invectivas populistas em favor da responsabilidade ambiental alheia. Essa mesma hipocrisia, registre-se, deve ser declarada hoje como cúmplice da guerra na Ucrânia, já que, no mínimo, torna (muito) mais lenta a capacidade europeia de prescindir do gás e do petróleo que, além de incompatíveis com os seus inverossímeis discursos verdes, são culpavelmente adquiridos, sem maiores pudores, de um regime que já era criminoso muito antes de dizimar, por exemplo, a cidade inteira de Mariupol.

Como quer que seja, ainda que motivados pela falta de opções e não pela virtude que pregam ao próximo embora não a pratiquem, os hipócritas governos europeus tendem a ser, gradualmente, clientes bem menos rentáveis para a Rússia das próximas décadas. É mais uma das derrotas que Vladimir Putin já legou ao seu povo.

RISCO DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL | Não faltam analistas, até, que predizem a fragmentação da Rússia em vários novos países, já que, espalhados pelo território gigantesco e nada homogêneo do mais vasto país do planeta, pululam movimentos separatistas longamente ávidos pela oportunidade de dar adeus ao controle de Moscou.

UCRÂNIA AINDA MAIS VOLTADA AO OCIDENTE | Por sua vez, a Ucrânia tende a acelerar a obtenção de vantagens junto ao Ocidente, mas o preço que paga por essa perspectiva é o atual martírio das milhares de vidas perdidas, dos mais de 6 milhões de refugiados fora de suas fronteiras e de um avassalador desastre econômico do qual precisará de muito tempo e de várias centenas de bilhões de dólares em ajuda externa para se recuperar.

A Ucrânia também perde

De fato, assim como podemos afirmar que a Rússia perdeu esta guerra, podemos igualmente declarar que a Ucrânia passa longe de poder considerar-se “vencedora”.

Segundo dados do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), 6.552.971 pessoas deixaram a Ucrânia desde o início da guerra. A mesma agência da ONU registrou 2.048.500 de entradas no país, mas não sabe confirmar se o número se refere à população que já retornou à Ucrânia.

Também segundo a ONU, pelo menos 3.309 civis ucranianos morreram comprovadamente em decorrência da guerra, mas o número deve ser muito maior: diversas áreas do leste do país continuam sitiadas e sem acesso possível para seus funcionários poderem fazer um levantamento completo.

Por mais que, no médio a longo prazo, a Ucrânia saia desta guerra mais fortalecida e com melhores perspectivas do que a Rússia, uma guerra é uma guerra: ninguém vence; pode, no máximo, ter uma derrota menor do que a outra parte.

O Papa e a guerra

O Papa Francisco se posicionou energicamente contra a guerra desde várias semanas antes da sua eclosão, e, após o início dos ataques, agiu em diversas frentes para promover o seu fim.

Ele se ofereceu pessoalmente como mediador entre Moscou e Kiev, chegou a ir presencialmente à embaixada russa junto ao Vaticano, conversou com autoridades civis e religiosas dos dois países, enviou importantes autoridades vaticanas à Ucrânia e mandou diversas ajudas materiais à população, entre dinheiro, comida, remédios, artigos de higiene e até duas ambulâncias, por meio de estruturas da Igreja como a Cáritas, a fundação Ajuda à Igreja que Sofre e centenas de paróquias, conventos e mosteiros, que abriram as portas para acolher desabrigados.

Entre as muitas declarações firmes do Papa Francisco contra a guerra, destacamos as que ele proferiu em duas ocasiões:

1 – “Não é operação militar especial: é guerra!”

No Ângelus de 6 de março, I Domingo da Quaresma, o Papa afirmou sem panos quentes que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não é uma “operação militar especial”, refutando frontalmente a estapafúrdia narrativa de Putin, mas sim uma guerra de fato, com todo o horror que uma guerra significa para a população:

“Correm rios de sangue e lágrimas na Ucrânia. Não se trata apenas de uma operação militar, mas de guerra, que semeia morte, destruição e miséria. As vítimas são cada vez mais numerosas, assim como as pessoas que fogem, especialmente mães e crianças. A necessidade de assistência humanitária neste país atormentado está crescendo dramaticamente a cada hora”.

2 – “Qualquer guerra é uma derrota para todos”

No Ângelus de 27 de março, Francisco qualificou a guerra como “cruel e insensata” e afirmou que é preciso “apagá-la da história humana antes que ela apague o homem da história”:

“Como qualquer guerra, ela representa uma derrota para todos, para todos nós. É preciso repudiar a guerra, um lugar de morte onde pais e mães sepultam seus filhos, onde homens matam seus irmãos sem sequer tê-los visto”.

“Os poderosos decidem e os pobres morrem. A guerra não destrói só o presente, mas também o futuro de uma sociedade”.

“Isto significa destruir o futuro, causando traumas dramáticos nas crianças. Esta é a brutalidade da guerra, um ato bárbaro e sacrílego”.

“A guerra não pode ser algo inevitável: não devemos nos acostumar com a guerra! Pelo contrário, devemos transformar a indignação de hoje no compromisso de amanhã. Porque, se sairmos dessa história como antes, todos seremos culpados de alguma forma. Diante do perigo da autodestruição, a humanidade deve entender que chegou a hora de abolir a guerra, de apagá-la da história humana antes que ela apague o homem da história”.

“Rezo para que todos os líderes políticos reflitam sobre isso que se comprometam com isso! E, olhando para a Ucrânia martirizada, entender que cada dia de guerra torna a situação pior para todos. É por isso que renovo o meu apelo: chega, pare! Calem-se as armas! Que se negocie seriamente pela paz”.

Fonte:  https://pt.aleteia.org/

Papa convida a rezar pelos católicos na China

Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora em Sheshan, China / Wikimedia.

Vaticano, 24 mai. 22 / 01:00 pm (ACI).- “Maria, Auxílio dos Cristãos, confiamos a ti o caminho dos crentes nas #China”, escreveu o papa Francisco hoje (24) em sua conta no Twitter. “Rogamos que apresentes ao Senhor da história as tribulações e as fadigas, as súplicas e as esperanças dos fiéis que te invocam, oh, Rainha do céu! #OremosJuntos #MaríaAuxiliadora”.

Em 2007, o papa Bento XVI proclamou o dia 24 de maio, festa de Nossa Senhora Auxiliadora, como Dia Mundial de Oração pela Igreja na China, que venera a Bem-Aventurada Virgem Maria com esse título como padroeira do país.

No Regina Coeli de domingo (22) Francisco pediu aos católicos que se juntem a ele na oração pelos fiéis na China. “Na próxima terça-feira celebra-se a memória de Nossa Senhora Auxiliadora, particularmente querida pelos católicos da China que veneram Maria Auxiliadora como sua Padroeira no Santuário de Sheshan, em Xangai, em muitas igrejas de todo o país e em suas casas”, disse Francisco em 22 de maio.

“Esta feliz ocasião oferece-me a oportunidade de lhes assegurar uma vez mais a minha proximidade espiritual. Estou acompanhando atentamente e ativamente a vida e as situações muitas vezes complexas dos fiéis e pastores, e rezo todos os dias por eles”, disse ele. “Convido todos vocês a se unirem nesta oração para que a Igreja na China, em liberdade e tranquilidade, viva em comunhão efetiva com a Igreja universal e exerça sua missão de anunciar o Evangelho a todos, e, assim, oferecer uma contribuição positiva também para o progresso espiritual e material da sociedade”.

O papa não mencionou o bispo emérito de Hong Kong, cardeal Joseph Zen, que foi preso no dia 11 de maio e solto sob fiança no mesmo dia por apoiar o movimento pró-democracia local. Hoje o cardeal Zen teria que se apresentar à Justiça para responder à acusação de ter violado a Lei de Segurança Nacional imposta a Hong Kong pelo governo comunista chinês.

A organização humanitária católica Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e outros grupos de direitos humanos também pediram oração pelos católicos na China.

"O desejo de Bento XVI era promover a unidade em uma comunidade que se dividiu em 'oficial' e 'subterrânea', mas ao mesmo tempo, promover a comunhão entre toda a Igreja Católica e os católicos chineses. Portanto, neste dia, todos os católicos são chamados a expressar sua solidariedade com os cristãos na China", disse a ACN em um comunicado divulgado ontem (23).

"Além disso", continuou o comunicado, "a oração visa fortalecer os católicos em sua fé, especialmente em um momento em que o testemunho público e a prática da fé ou mesmo a proclamação explícita do Evangelho são cada vez mais restringidos pelo governo comunista chinês".

A seguir, o texto da oração escrita por Bento XVI que o papa Francisco pede que os católicos rezem hoje pela China:

Oração a Nossa Senhora de Sheshan

Virgem Santíssima, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa,

venerada com o título de «Auxílio dos cristãos» no Santuário de Sheshan,

para o qual, com devoto afeto, levanta os olhos toda a Igreja que está na China,

vimos hoje junto de Vós implorar a vossa proteção.

Lançai o vosso olhar sobre o Povo de Deus e guiai-o com solicitude materna

pelos caminhos da verdade e do amor, para que, em todas as circunstâncias, seja fermento de harmoniosa convivência entre todos os cidadãos.

Com o «sim» dócil pronunciado em Nazaré, Vós consentistes

que o Filho eterno de Deus encarnasse no vosso seio virginal

e assim desse início na história à obra da Redenção,

na qual cooperastes depois com solícita dedicação,

aceitando que a espada da dor trespassasse a vossa alma,

até à hora suprema da Cruz, quando no Calvário permanecestes

de pé junto do vosso Filho, que morria para que o homem vivesse.

Desde então tornastes-Vos, de forma nova, Mãe

de todos aqueles que acolhem na fé o vosso Filho Jesus

e aceitam segui-Lo carregando a própria Cruz sobre os ombros.

Mãe da esperança, que na escuridão do Sábado Santo caminhastes,

com inabalável confiança, ao encontro da manhã de Páscoa,

concedei aos vossos filhos a capacidade de discernirem em cada situação,

mesmo na mais escura, os sinais da presença amorosa de Deus.

Nossa Senhora de Sheshan, sustentai o empenho de quantos na China

continuam, no meio das canseiras diárias, a crer, a esperar, a amar,

para que nunca temam falar de Jesus ao mundo e do mundo a Jesus.

Na imagem que encima o Santuário, levantais ao alto o vosso Filho,

apresentando-O ao mundo com os braços abertos em gesto de amor.

Ajudai os católicos a serem sempre testemunhas credíveis deste amor,

mantendo-se unidos à rocha de Pedro sobre a qual está construída a Igreja.

Mãe da China e da Ásia, rogai por nós agora e sempre. Amén.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa sobre o massacre no Texas: é hora de dizer basta ao tráfico indiscriminado de armas

A Escola no Texas onde ocorrreu o massacre  (ANSA)

O apelo de Francisco após a catequese na audiência geral desta quarta-feira (25): "Meu coração está abalado pelo massacre na escola primária do Texas. Eu rezo pelas crianças, pelos adultos mortos e por suas famílias. É hora de dizer basta para o tráfico indiscriminado de armas! Devemos nos comprometer para que tais tragédias nunca mais possam acontecer".

Vatican News

"É hora de dizer basta para o tráfico indiscriminado de armas. Devemos nos comprometer para que tais tragédias nunca mais possam acontecer": são palavras do Papa nesta manhã de quarta-feira (25), após sua catequese na Audiência Geral na Praça São Pedro.

Cardeal Cupich: lamentamos, mas devemos agir

A reação dos bispos estadunidenses foi imediata, em particular o Cardeal Blase Cupich, Arcebispo de Chicago, condenou as leis sobre a posse de armas: "Devemos chorar e nos aprofundarmos na dor... mas depois devemos estar prontos para agir". Já passaram dez anos desde o massacre de Sandy Cook, também uma escola primária, na qual 20 das 26 vítimas eram crianças. Recordando aquela e as muitas outras tragédias que ocorreram nos Estados Unidos nos últimos anos, o prelado se perguntou: o que esperamos para nossos filhos? Que, como regulamento de sua escola, aprendem a se comportar no caso de um ataque armado? Que se sintam em perigo simplesmente fazendo o que a sociedade diz ser um bem para eles: ir à escola? Que chegam a se questionar se têm futuro?".

"Temos mais armas de fogo do que pessoas"

Dom Cupich, apoiado por todos os bispos dos Estados Unidos, pediu a todos que imaginassem "ser um pai ou uma mãe com um filho naquela escola", e depois: "imaginem ter que enterrá-los". Todo o país está cheio de armas. "Temos mais armas de fogo do que pessoas", afirma ainda Dom Cupich. Embora nem sempre tenha sido assim, "os tiroteios em massa se tornaram uma realidade diária nos Estados Unidos de hoje". "O direito de posse de armas nunca será mais importante do que o vida humana", conclui Dom Cupich, acrescentando: "Nossos filhos também têm direitos. E nossos agentes eleitos têm o dever moral de protegê-los”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Madalena Sofia Barat

Sta. Madalena Sofia Barat | arquisp
25 de maio

Santa Madalena Sofia Barat

Madalena Sofia nasceu prematura em Ivigny, na Borgonha, França, devido a um incêndio assustador que arrasou a casa vizinha àquela em que moravam seus pais, na madrugada de 13 de dezembro de 1779. Se um incêndio marcou seu nascimento, o fogo da fé, presente em sua alma, contagiou muitas outras durante toda a sua existência, que abrangeu o período da sangrenta e anticristã Revolução Francesa.

Com o imprevisto do nascimento prematuro, sua mãe quase perdeu a vida, e Madalena, devido ao risco de morte que corria, foi batizada no mesmo dia, tendo como padrinho o irmão Luís, de doze anos, profundamente ligado aos ensinamentos cristãos. Madalena Sofia cresceu fraca fisicamente, mas com uma força interior marcante desde a infância.

Desde pequena aprendia as orações com facilidade e era sempre a primeira nas aulas de catecismo. Seu irmão e padrinho, estudante de teologia, foi promovido a subdiácono e nomeado professor do ginásio de Ivigny, levando consigo sua irmã e afilhada, para melhor prepará-la para a vida. Percebendo que Madalena aprendia com rapidez as matérias próprias do ginásio, Luís passou a lhe ensinar também latim, grego, italiano e espanhol.

Porém chegou a Revolução Francesa. Igrejas e conventos eram fechados. Os cárceres ficaram lotados de sacerdotes e religiosos, incluindo Luís. Quando foi libertado, em 1795, ele se ordenou sacerdote e foi para Paris, acompanhado da irmã.

Trabalhando na reconstrução da Igreja aniquilada pela revolução, Madalena confiou sua orientação religiosa ao sábio e famoso padre Varin. Percebendo as necessidades da época e seguindo sua forte inspiração, Madalena fundou, com a ajuda do padre, a Congregação do Sagrado Coração de Jesus, para o ensino gratuito de meninas pobres, em 1800. Junto com outras companheiras religiosas, vestiu o hábito da ordem e, embora fosse a mais jovem da nova congregação, foi nomeada superiora.

A ordem passou a ter cada vez mais seguidoras e enfrentou muitas dificuldades até obter a aprovação canônica. Para manter as escolas gratuitas, Madalena as criava aos pares: uma para as meninas pobres e outra para as de classe rica, que custeava a primeira. Assim espalhou o carisma da congregação, com suas missionárias sendo enviadas pelo mundo.

Durante sessenta e três anos ela fundou cento e vinte e duas escolas, em dezesseis países. Até que pressentiu, três dias antes, sua própria morte. Pediu, então, exoneração do cargo para esperá-la, despediu-se das religiosas e nomeou sua substituta. Morreu no dia 25 de maio de 1865, em Paris.

Imediatamente, vários milagres aconteceram e muitas conversões se sucederam, conforme os dos registros que regeram sua canonização, proclamada em 1925. Santa Madalena Sofia Barat é festejada no dia de seu trânsito nos cinco continentes, onde a congregação atua em quarenta e quatro países, no Brasil inclusive.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 24 de maio de 2022

Uma “Semana” para intensificar a luta contra as mudanças climáticas

L'osservatore Romano
24 maio 2022

Um percurso sinodal de compromisso comunitário e ação participativa a vários níveis para o cuidado da Casa comum reunirá centenas de milhares de católicos em todo o mundo de 22 a 29 de maio para a «Semana Laudato si’». Por ocasião do sétimo aniversário da encíclica do Papa Francisco — informou a Sala de imprensa da Santa Sé a 20 de maio — o Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral promoveu também neste ano de 2022 o encontro para celebrar os progressos realizados na atuação dos objetivos do documento pontifício.

Através da «Plataforma de Iniciativas Laudato si’» — instrumento, apresentado no ano passado, que durará sete anos — paróquias, ordens e congregações religiosas, dioceses, escolas e outras instituições e comunidades católicas podem “medir”, confrontando-se, o alcance de sete objetivos: respostas ao clamor da Terra e dos pobres; economia ecológica; adoção de estilos de vida sustentáveis; educação ecológica; espiritualidade ecológica; resiliência e valorização da comunidade. A partir de 18 de maio, 107 eventos já tinham sido registados em LaudatoSiWeek.org, e esperam-se mais centenas de outros nos próximos dias.

Durante a Semana, será apresentada uma série de celebrações globais (programadas no Uganda, Itália, Irlanda, Brasil e Filipinas), regionais e locais ligadas à realização da visão da ecologia integral contida na Laudato si’, bem como a estreia mundial do trailer, transmitido ao vivo, O Convite, um documentário de longa-metragem centrado na encíclica. Depois, será lançado em todo o mundo até ao final do ano.

Entre os temas cruciais analisados no evento de sete dias, lê-se no comunicado, as modalidades com que «os católicos podem contrastar o colapso da biodiversidade; o papel dos combustíveis fósseis nos conflitos e na crise climática; e como todos podemos acolher os pobres na nossa vida quotidiana».

O evento teve início no domingo 22 com o Regina caeli do Papa; o primeiro dia de trabalhos, realizado no dia 23, centrarou-se na resposta ao clamor da Terra, em particular o colapso da biodiversidade e o reequilíbrio dos sistemas sociais com a natureza. Na circunstância, falando em direto da Universidade Católica Australiana em Roma, interveio o padre Joshtrom Kureethada, que moderou uma conversa centrada no fortalecimento das vozes indígenas no período que antecede a conferência da ONU sobre biodiversidade no final deste ano. A irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral, e a ativista indiana Vandana Shiva participaram na sessão.

No dia 24, dia exato do aniversário do documento papal, a resposta ao clamor dos pobres, e em particular o seu acolhimento, é o tema central do debate.

Na quarta-feira 25, será abordado o objetivo de uma economia ecológica. Com o economista americano Jeffrey Sachs, falar-se-á de investimento ético com apoio a economias circulares e o desinvestimento em combustíveis fósseis, a violência e a crise climática.

Na quinta-feira, será a vez do quarto objetivo da «Plataforma de Iniciativas Laudato si’», o da adoção de estilos de vida sustentáveis. Falar-se-á de investimentos coerentes com a fé.

Na sexta-feira, a fim de promover a educação ecológica, será apresentado o documentário O Convite. No sábado, os trabalhos irão centrar-se na espiritualidade ecológica.

No domingo, último dia da «Semana», haverá um encontro de oração sobre o tema «A resiliência e o empowerment da comunidade como parte do nosso caminho sinodal».

Fonte: https://www.osservatoreromano.va/pt

Mulheres, camponesas e comprometidas com o bem comum

Editora Cidade Nova

Mulheres, camponesas e comprometidas com o bem comum.

AGROECOLOGIA Associação da Zona da Mata alagoana resgata o protagonismo feminino, o cuidado com o meio ambiente e as relações em comunidade Quando Maria Lucilene dos Santos chegou às terras que formariam o Assentamento Zumbi dos Palmares, na cidade de Branquinha, zona da mata alagoana, em 1996, a paisagem era um tanto desoladora. A terra tinha se tornado improdutiva devido aos séculos de monocultura de cana-de-açúcar.

por Gustavo Monteiro.   publicado em 04/05/2022

Foi preciso uma dose de paciência e muito trabalho para conseguir plantar, colher e construir o lar. Ao longo do tempo, pessoas, associações e organizações se dispuseram a ajudar. Mas ou desistiam nas primeiras dificuldades, ou tinham intensões escusas, ora tentavam se apropriar do dinheiro ganho com a atividade agrícola, ora dividiam-no somente entre os homens. Os atravessadores, por exemplo, costumavam comprar os produtos e não efetuar o pagamento.

“‘Lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos’, era isso que a gente ouvia”, lembra ela, que hoje é presidente da Associação de Produtoras Agroecológicas da Zona da Mata Alagoana (Aproagro). A associação conta com 17 membros ativos, e tem presença em pelo menos outros três assentamentos da região. Com o trabalho da Aproagro, a comunidade do assentamento conseguiu o primeiro certificado alagoano de produção orgânica e de agricultura familiar.

A partir desse reconhecimento, as produtoras conseguiram um caminhão do governo federal para escoar produtos, o que possibilitou multiplicar as feirinhas de orgânicos na região e na capital, Maceió, a 70 quilômetros dali. 

Essas e tantas outras conquistas são fruto do suor de mulheres e homens da comunidade e de parcerias firmadas com a sociedade civil ao longo do tempo, tendo como base os relacionamentos humanos e sinceros.

MUNDO UNIDO E PÉ NA LAMA 

Quando Cristina Lira chegou ao Assentamento Zumbi dos Palmares para desenvolver o seu projeto de mestrado, em 2000, não conseguia entender como uma zona de terra fértil, com solo de mata atlântica e chuvas regulares, poderia conter um dos municípios mais pobres do país.

Sua formação como arquiteta e urbanista abria a possibilidade de aprofundar o desenvolvimento sustentável e humano para combater a pobreza por meio da Economia de Comunhão. “Quando chovia, o carro não conseguia passar. Eu e os bolsistas da universidade tínhamos que ir caminhando na lama. Em uma dessas vezes, eu pisei e ali ficou um dos sapatos”, lembra Cristina.

Apesar de estar determinada a ajudar a comunidade, a pesquisadora era vista com desconfiança pelos moradores locais. “Ela chegou e eu não coloquei muita fé. Para mim seria mais uma que viria aqui e depois iria nos deixar, como todos os outros. Quando eu vi que ela vinha, fizesse chuva ou fizesse sol, mesmo sem saber caminhar na lama, aí eu me convenci de que seria diferente”, conta Lucilene. “Ela é quem constrói pontes desde então. Ela constrói e a gente passa”, completou, referindo-se aos sonhos concretizados. 

Na ultima reunião para a conclusão do mestrado, Cristina ouviu de um dos líderes comunitários: “Mas agora você vai nos deixar?”. Mãe de quatro filhos, a arquiteta sentiu como se aquela experiência fosse uma quinta gestação: não poderia abandonar aquele povo, ainda que sozinha não pudesse fazer muito. O jeito foi encontrar parcerias. 

Anos depois ajudou a fundar o Instituto Mundo Unido, para assessorar a comunidade na relação com instituições públicas, organizações sociais e empresas. Além do caminhão para escoar os produtos e do certificado de produção familiar e orgânica, o Instituto Mundo Unido e a Aproagro conseguiram capacitação para os jovens, aulas de artesanato, empreendedorismo, projetos de assistência odontológica e de saúde da família, além de educação para a paz com as crianças.

MULHER QUE ANDA NO MUNDO NÃO LEVA BOM NOME

Cristina conta que visita o assentamento com o intuito de servir, estar disponível e “gerar família”. Esse clima de comunidade é, possivelmente, o segredo das conquistas. “Se chega algum recurso, vemos primeiro a necessidade do outro. Vemos os que já têm uma caixa d’água, por exemplo, e sorteamos entre os que não têm. Não fica nada com a gente. O dinheiro que sobra dos projetos é aplicado na sede da associação”, explica Lucilene.

Cabe a Silvaneide Mota, tesoureira da Aproagro, a função de documentar meticulosamente cada gasto para as prestações de contas mensais e anuais junto às autoridades, esforço que já garantiu a permanência de alguns projetos. “Às vezes é cansativo. Não sobra uma hora do dia. Se não estou na associação, estou na igreja, ou nas feiras, ou plantando em casa e cuidando dos animais”, conta. “Nunca pensamos em desistir. Estamos construindo um mundo melhor para os que vão vir, mesmo que a gente não veja um resultado imediato”, afirma Lucilene. “A gente não para e isso gera muito preconceito, muito machismo. Mulher que anda no mundo não leva bom nome. Mas a gente não faz nada para a gente. É tudo pensando no coletivo”, completa.

FORÇA PARA IR ALÉM

Ainda hoje são diversos os desafios, como a falta de adesão de boa parte dos lotes do assentamento e a diminuição de membros da associação, mas Silvaneide garante que não desanima. “Tem dias em que chego em casa sem ter almoçado direito, depois de correr do banco para a igreja, da igreja para a plantação. Com dor de cabeça, penso em reclamar com Deus. Mas então olho para o quintal, vejo galinha, ovelha, vejo o que posso comer, tudo o que eu e meu marido conquistamos. Eu vou reclamar do quê? Fecho os olhos e agradeço a Deus por tudo. Depois peço força pra fazer ainda mais.”

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF