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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (15/15)

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos 

CARD. Alfons M. Stickler

        4. A Teologia do celibato sacerdotal

Não é  possível fazer aqui um completo desenvolvimento deste tema, nem este é o objetivo da nossa exposição histórica, mas esta permite dar uma palavra final sobre a Teologia do celibato sacerdotal, a qual está intimamente relacionada com a Teologia do sacerdócio. 

A principal motivação do celibato e da vontade da Igreja neste ponto é “a relação que o celibato tem com a sagrada Ordenação que configura o sacerdote com Jesus Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja” (Pastores dabo Vobis, n. 29). Estas palavras podem ser consideradas o núcleo da Teologia do celibato desenvolvida pela Exortação Apostólica e é oferecida para ser meditada e colocada na base de qualquer desenvolvimento posterior. 

A partir desta afirmação central do documento papal, tentamos indicar, a partir do início desta quinta parte do nosso trabalho, os elementos da Teologia do celibato que já estavam presentes na Tradição, mas que tinham sido desenvolvidos de maneira insuficientes. Agora somos capazes de ver não só que todos estes elementos foram recolhidos e desenvolvidos sistematicamente na Exortação, mas também foram utilizados nela outros não considerados antes. 

Deve ser valorizado, acima de tudo, neste sentido, aquilo que é afirmado no capítulo três, especialmente nos números 22 e 23, acerca da “configuração com Jesus Cristo Cabeça e Pastor e a caridade pastoral”. Cristo nos é mostrado aqui no mesmo sentido de Ef 5, 23-32, como Esposo da Igreja, assim como ela é a única Esposa de Cristo. Em ligação com outros textos das Escrituras, nesta passagem da Exortação se contempla a profunda e misteriosa união entre Cristo e a Igreja, que é colocado imediatamente em relação com o sacerdote: “O sacerdote está chamado a ser uma imagem viva de Jesus Cristo, Esposo da Igreja… Está chamado, portanto, a reviver na sua vida espiritual o amor de Cristo Esposo pela Igreja Esposa.” Não lhe falta, por isso, ao sacerdote um amor esponsal, pois tem a Igreja como esposa. “Sua vida deve também estar iluminada e orientada por esta relação esponsal, que lhe pede ser testemunho do amor esponsal de Cristo, ser capaz de amar as pessoas com um coração novo, grande e puro, com autêntico desapego de si, com plena dedicação, contínua e fiel e, ao mesmo tempo, com uma forma especial de zelo (cf. 2 Cor 11, 2), com uma ternura que se reveste também com acentos do amor maternal, capaz de tomar a cargo das ‘dores de parto’ para que ‘Cristo’ seja formado nos fiéis (cf. Gal 4, 19)”. 

“O princípio interno, a força que anima e orienta a vida espiritual do presbítero, enquanto configurado a Cristo Cabeça e Pastor, é a caridade pastoral, participação da caridade pastoral do mesmo Jesus Cristo”. Seu conteúdo essencial “é o dom de si, o dom total de si à Igreja, à imagem e em união com o dom de Cristo”… “Com a caridade pastoral, que converte o exercício do ministério sacerdotal num amoris officium, o sacerdote que recebe sua vocação ao ministério está em condições de fazer disto uma escolha de amor, pela qual a Igreja e as almas se tornam seu principal interesse”. 

VI. CONCLUSÃO 

O sacerdócio da Igreja Católica se manifesta, pois, como um mistério inserido, por sua vez, no mistério da Igreja. Quaisquer das questões que estão relacionadas com ele, e, sobretudo o problema grave e sempre atual do celibato, não pode ser considerado e resolvido por argumentos puramente antropológicos, psicológicos, sociológicos e, em geral, profanos e terrenos. Este problema, aliás, não pode ser resolvido com puras disposições disciplinares. Todas as manifestações da vida e das atividades do sacerdócio, a sua natureza e identidade, requerem, acima de tudo, uma justificação teológica. Aqui, com o que diz respeito ao celibato, tentamos tratá-lo através da sua história, e em base a uma análise baseada nas fontes da revelação. 

Note-se, falando no plano formal, que uma explicação satisfatória deste mistério não pode ser compatível com um tipo de linguagem meramente profano. Exige, pelo contrário, um modo elevado de expressão, digna do mistério. Além disso, considerando a natureza do sacerdócio católico, não é suficiente recorrer à reflexão sobre este tema por razões, digamos assim, externas, ou seja, o que tornaria mais “funcional” o serviço da Igreja: a salvaguarda ou a renúncia do celibato? O sacerdócio do Novo Testamento não responde a una noção funcional, como sucedia no caso do Antigo Testamento, mas é uma realidade ontológica, à qual só corresponde uma forma adequada de agir: a derivada do axioma agere sequitur esse, quer dizer, a ação segue ao ser. 

Ante esta Teologia do sacerdócio neo-testamentário, que tem sido confirmada e aprofundada pelo Magistério oficial da Igreja, devemos nos perguntar: essas razões que têm sido expostas a favor do celibato, falam só de sua “conveniência” ou de algo realmente necessário e irrenunciável? Não existe realmente um iunctum – um vínculo de unidade – entre sacerdócio e celibato? Somente com uma resposta adequada a essa pergunta se poderá responder a esta outra: poderia a Igreja decidir um dia a modificação da obrigação do celibato, ou aboli-la? 

Para não correr riscos, na resposta a esta pergunta deverá se partir do fato de que o sacerdócio católico não foi estabelecido pelo Fundador da Igreja sobre os homens, que se transformam e mudam, mas sobre o mistério imutável da Igreja e do próprio Cristo. 

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Freiras de clausura que nunca saem do convento participam pela primeira vez de uma JMJ

(Da esquerda para a direita) Irmã Maria Grace da Dolorosa, irmã Mariana das Chagas de Jesus, a madre superiora Alma Ruth e irmã Maria Magdalena do Sagrado Coração (ACI Digital)

Por Walter Sánchez Silva

Lisboa, 02 Ago. 23 / 07:31 am (ACI).- Um grupo de freiras de clausura, que quase nunca ou nunca saem do convento, participa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.

As freiras pertencem à ordem das Adoradoras Perpétuas do Santíssimo Sacramento, e fazem parte da comunidade de San Francisco, na Califórnia, EUA. Falando à EWTN News, do grupo de comunicação católico EWTN ao qual pertence a ACI Digital, a madre Alma Ruth, de 63 anos, comenta que é a primeira vez que elas participam da JMJ.

“É a primeira vez que viemos a este belíssimo evento que nos animará ainda mais, chegando ao nosso mosteiro, a pedir por todos estes jovens. É uma alegria ver tantos jovens procurando ver o que Deus quer deles”, diz a superiora da comunidade de San Francisco.

Sobre sua história pessoal, a madre conta: “Eu acompanhava a uma de minhas irmãs de sangue que queria fazer uma experiência com as adoradoras. Ela não ficou, mas eu sim. Eu tinha 23 anos e estou na vida religiosa há 39 anos”.

Para ela, “a vida religiosa é a coisa mais linda que poderia me acontecer e não tenho palavras para agradecer a Deus, só a minha vida para agradecer a Ele por ter me escolhido”.

A irmã Maria Grace da Dolorosa, religiosa de 34 anos, americana de pais mexicanos, conta que só tem quatro meses de consagrada, mas três anos e quatro meses na comunidade.

“Eu nunca quis ser freira, mas minha irmã sim”, confessou. “Ela conheceu as madres, mas apesar de não ter se tornado freira, ela se apaixonou pelo carisma delas e organizou seus retiros e os levou para onde eu estava. Eu fui a um de seus retiros e senti algo muito forte, mas me assustou muito e o deixei para lá", continuou.

Ao participar de um segundo retiro, disse, ela não pôde resistir a “esse chamado tão forte” e fez uma experiência de 15 dias com as Adoradoras. "Ali vi que não precisava de mais nada, que nosso Senhor estava me dando tudo que eu precisava."

“Uma das coisas que mais me fez dizer sim foi ver a alegria delas, o desejo de santidade, de amar o Senhor, de salvar almas, que é o que fazemos. Eu disse sim graças a um guarda-chuva, a uma sombrinha porque um padre disse que se 'você reza para não chover e sai com guarda-chuva, você não tem fé'. Então eu disse 'eu não quero sair com guarda-chuva, sem fé' e disse sim ao nosso Senhor", contou.

A irmã Maria Magdalena do Sagrado Coração, mexicana de 30 anos, disse que está na comunidade há 10 anos e que conheceu a ordem quando tinha 20 anos. Uma tia dela a convidou para conhecê-las e "nosso Senhor me chamou naquele momento."

Alguns conselhos

Madre Alma Ruth aconselha os jovens a se darem “a oportunidade de fazer uma experiência onde quiserem, em qualquer mosteiro, para ver se não é realmente esse o seu chamado. Depois veremos o matrimônio, mas se você tem um chamado dentro da sua alma, dê a si mesmo a oportunidade de ser feliz com o que Deus quer de você!”.

Aos pais, a freira lhes diz: “Vocês não vão se arrepender porque não perdem um filho ou uma filha, pelo contrário, ganham uma comunidade inteira e ficam muito felizes em ver seus filhos felizes”.

Irmã Maria Grace, por sua vez, encoraja a não ter medo. “Se você tem medo, isso vai paralisá-lo. Se você acha que Deus está chamando, responda. A vocação tem dois pontos importantes: o chamado e a resposta. Se você ouve o chamado e não faz nada, esse ficará nulo; mas se você ouvir o chamado e responder, será verdadeiramente feliz.

A freira de clausura também encoraja os pais a não terem medo “de deixar ir o que na verdade não lhes pertence. Nós somos de Deus. Claro, deu-lhes filhos para cuidá-los, educá-los na fé e fazê-los crescer como bons cristãos, mas devem entregá-los onde quer que Deus os chame: seja na vida religiosa ou matrimonial”.

“Não tenham medo de entregar seus filhos à vontade de Deus e rezem muito para que sejam bons cristãos, que é o que tanto precisamos neste mundo”, exorta.

A irmã Mariana das Chagas de Jesus, mexicana com 10 anos de vida religiosa nas Adoradoras, recorda aos jovens que Jesus não obriga: "Ele não nos força, é um cavalheiro e eu daria aos pais o conselho de deixar que os seus filhos decidam por si mesmos, o que é bom, o que é santo, o que Deus os chama e que os apoiem 100 por cento".

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: espero que a complexa crise do Líbano encontre uma solução digna

Protestos por causa da crise econômica no Líbano (Vatican Media)

Três anos após a devastadora explosão no porto de Beirute, Francisco dirige seu pensamento às famílias das vítimas e a todos aqueles que ainda buscam a verdade sobre aquela tragédia. O Santo Padre olha para a grave crise econômica e política em andamento no país e pede uma solução.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (30/07), o Santo Padre recordou que "em 4 de agosto próximo completam-se três anos da devastadora explosão no porto de Beirute".

Renovo minhas orações pelas vítimas e suas famílias, que buscam a verdade e a justiça, e espero que a complexa crise do Líbano encontre uma solução digna da história e dos valores desse povo. Não nos esqueçamos de que o Líbano também é uma mensagem.

Pedido de justiça

Manifestações foram organizadas para a próxima sexta-feira pelos familiares das vítimas que denunciam os entraves na investigação, parada desde fevereiro passado. A explosão foi desencadeada por um incêndio num armazém do porto onde uma grande quantidade de nitrato de amônio estava guardada há algum tempo. A explosão destruiu o local, que faz parte da capital libanesa, causando mais de 220 mortos e mais de 6.500 feridos. Trezentas mil pessoas ficaram sem casa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eusébio de Vercelli

Santo Eusébio de Vercelli (arquisp)

02 de agosto

Santo Eusébio de Vercelli

Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, no ano 283. Depois da morte do seu pai, em testemunho da fé em Cristo, durante a perseguição do imperador Diocleciano, sua mãe levou-o para completar os estudos eclesiásticos em Roma. Assim, muito jovem, Eusébio entrou para o clero, sendo ordenado sacerdote. Aos poucos, foi ganhando a admiração do povo cristão e do papa Júlio I, que o consagrou bispo da diocese de Vercelli em 345.

Nessa condição, participou do Concílio de Milão em 355, no qual os bispos adeptos da doutrina ariana tentaram forçá-lo a votar pela condenação do bispo de Alexandria, santo Atanásio. Eusébio, além de discordar do arianismo considerou a votação uma covardia, pois Atanásio, sempre um fiel guardião da verdadeira doutrina católica, estava ausente e não podia defender-se. Como ficou contra a condenação, ele e outros bispos foram condenados ao exílio na Palestina.

Porém isso não o livrou da perseguição dos hereges arianos, que infestavam a cidade. Ao contrário, sofreu muito nas mãos deles. Como não mudava de posição e enfrentava os desafetos com resignação e humildade, acabou preso, tendo sido cortada qualquer forma de comunicação sua com os demais católicos. Na prisão, sofreu ainda vários castigos físicos. Contam os escritos que passou, também, por um terrível suplício psicológico.

Quando o povo cristão tomou conhecimento do fato, ergueu-se a seu favor. Foram tantos e tão veementes os protestos que os hereges permitiram sua libertação. Contudo o exílio continuou e ele foi mandado para a Capadócia, na Turquia e, de lá, para o deserto de Tebaida, no Egito, onde foi obrigado a permanecer até a morte do então imperador Constantino, a quem sucedeu Juliano, o Apóstata, que deu a liberdade a todos os bispos presos e permitiu que retomassem as suas dioceses.

Depois do exílio de seis anos, Eusébio foi o primeiro a participar do Concílio de Alexandria, organizado pelo amigo, santo Atanásio. Só então passou a evangelizar, dirigindo-se, primeiro, a Antioquia e, depois, à Ilíria, onde os arianos, com sua doutrina, continuavam confundindo o povo católico. Batalhou muito combatendo todos eles.

Mais tarde, foi para a Itália, sendo recepcionado com verdadeira aclamação popular. Em seguida, na companhia de santo Hilário, bispo de Poitiers, iniciou um exaustivo trabalho pela unificação da Igreja católica na Gália, atual França. Somente quando os objetivos estavam em vias de serem alcançados é que ele voltou à sua diocese em Vercelli, onde faleceu no dia 1o. de agosto de 371.

Apesar de ser considerado mártir pela Igreja, na verdade santo Eusébio de Vercelli não morreu em testemunho da fé, como havia ocorrido com seu pai. Mas foram tantos os seus sofrimentos no trabalho de difusão e defesa do cristianismo, passando por exílios e torturas, que recebeu esse título da Igreja, cujo mérito jamais foi contestado. Com a reforma do calendário litúrgico de Roma, de 1969, sua festa foi marcada para o dia 2 de agosto. Nesta data, as suas relíquias são veneradas na catedral de Vercelli, onde foram sepultadas e permanecem até os nossos dias.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

terça-feira, 1 de agosto de 2023

JMJ em Lisboa será a primeira para 66% dos jovens

Peregrinos chegando no aeroporto de Lisboa para a JMJ 2023. Foto: Andreia Barroso/ JMJ Lisboa 2023

Por Monasa Narjara

Lisboa, 01 Ago. 23 / 11:09 am (ACI).- Para 66% dos jovens, Lisboa será a primeira JMJ de suas vidas, diz pesquisa internacional realizada nos dias 12 a 20 de julho, com 12.559 peregrinos e voluntários de quase 100 países de língua inglesa, espanhola, portuguesa, francesa e italiana. Segundo a empresa espanhola GAD3, responsável pela pesquisa, somente 34% participaram no Panamá, em 2019; 47% na Cracovia, Polônia, em 2016; 25% no Rio de Janeiro, Brasil, em 2013; 37% em Madrid, Espanha, em 2011.

Mesmo sendo a primeira JMJ para muitos, 96% dos jovens acham que as jornadas contribuem para a difusão da fé em Jesus Cristo e 97% acreditam que esta fé pode os ajuda a amadurecer, a serem melhores pessoas e a construírem um mundo melhor. E 94% da consideram a JMJ 2023 um local de encontro com Jesus Cristo. 92% querem viver novas experiências. 89% querem ajudar a difundir a mensagem de Jesus Cristo e participar de algum evento com o papa Francisco. O que menos os jovens querem nesta jornada é: satisfazer suas inquietudes espirituais, dialogar com jovens de outras religiões, descobrir o sentido da vida e conhecer Portugal.

A pesquisa também mostrou que 73% destes jovens são peregrinos e 27% voluntários; 62% são mulheres e 38% homens; 42% deles tem entre 18 a 25 anos; 31% tem mais de 35 anos e 27% tem entre 26 a 34 anos. 59% são estudantes e 34% trabalham. 23,3% destes peregrinos moram em Portugal, 10,7% estão vindo da Espanha, 10,2% da Itália e cerca de 7,2% do Brasil. 38% deles pretende visitar outros países durante esta viagem, como: Espanha, Itália, Alemanha e França.

Sobre a atuação diária na fé católica, 83% informaram que participam das missas aos domingos; 65% rezam diariamente; 62% são de algum grupo paroquial; 48% são voluntários; 39% rezam o terço; 26% fazem parte de um grupo de oração. Somente 3% não realizam essas atividades. 36% destes jovens vão acompanhar a JMJ com um grupo religioso ou associação; 29% com a paróquia; 14% vieram sozinhos; 13% com amigos; 6% com os familiares e 2% com a faculdade.

Até o momento 65% destes jovens já chegaram em Lisboa, 34% chegam a partir de hoje (1), no início da JMJ 2023, com o papa Francisco. A jornada terminará no domingo, 6 de agosto.

Fonte: https://www.acidigital.com/

5 sinais de que somos iguais aos fariseus

Aleteia

Por Aleteia Brasil

Se vamos à igreja, se conhecemos a nossa fé e se colocamos Deus em primeiro lugar, então estamos em perigo de nos comportarmos como fariseus.

“Jesus veio para colocar uma prostituta acima de um fariseu, um ladrão arrependido acima de um sumo sacerdote e um filho pródigo acima do seu irmão exemplar. A todos os impostores que diziam não poder aderir à Igreja porque ela não era santa o suficiente, Ele perguntaria: ‘Que grau de santidade a Igreja precisa ter para receber vocês?’”

Fulton J. Sheen

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Com frequência, as pessoas falam dos fariseus como se eles fossem apenas um exemplo histórico do que não fazer. Como se eles fossem algo alheio a nós. Na maioria das vezes em que as pessoas falam dos fariseus, elas estão, na prática, falando como eles:

“Graças a Deus, eu não sou como aquela gente!”.

Sim, é óbvio que Jesus não considera essas pessoas apenas como exemplos do que não fazer. É por algum motivo que Ele está tantas vezes perto dos fariseus. Ele vai às casas deles. Come sua comida. Passa tempo com eles. Responde às suas perguntas.

Jesus ama os fariseus.

São Paulo era fariseu. Ele é a maior prova de que o zelo mal orientado e a escrupulosidade podem ser redirecionados para um zelo genuíno de evangelização e santidade.

A crítica de Jesus ao comportamento dos fariseus é profunda. Se vamos à igreja, se conhecemos a nossa fé e se colocamos Deus em primeiro lugar, então estamos em perigo de nos comportarmos como fariseus (*). Aliás, podemos estar certos de que vamos agir como eles num momento ou em outro.

Se tentarmos reconhecer quando o nosso comportamento é semelhante ao deles no negativo, podemos tornar-nos cristãos com a intensidade de Paulo, encorajada por Jesus.

Com isso em mente, aqui vão 5 sinais de um fariseu de qualquer época, inclusive desta, com base nas Escrituras:

1. Fermento de discórdia

Jesus nos alerta: “Tenham cuidado com o fermento dos fariseus” (Mc 8,15).

A fermentação começa devagar, mas toma conta do pão inteiro. Uma das conotações da palavra fermentar é a de “incitar ou agitar”. Quando nos comportamos como os fariseus, incitamos a discórdia entre os fiéis. Muitas vezes, temos boas intenções, mas… As nossas ações incitam o “nós e eles”? Apontamos o dedo não para o pecado, mas para o pecador? Não nos disponibilizamos a ajudar, mas execramos quem não atende ao “nosso padrão de qualidade”? Então precisamos tomar cuidado.

2. “Eles o estavam vigiando”

Há uma passagem do Evangelho em que Jesus caminha por um campo com seus discípulos no sábado e os discípulos pegam espigas porque estão com fome. Surgem de repente fariseus e imediatamente acusam Jesus, porque os seus discípulos estão violando o sábado (Mc 2, 23-24).

De onde caíram esses fariseus? Estavam escondidos no meio do campo? Os esforços que os fariseus fazem para encontrar algo de errado em Jesus e nos seus seguidores chegam verdadeiramente ao absurdo. Algumas variações da frase “eles o estavam vigiando” são encontradas diversas vezes nos Evangelhos. Jesus se ocupa curando, fazendo milagres e pregando o Reino de Deus. Enquanto isso, os olhos dos fariseus estão sempre sobre Ele, mas não para aprender e dialogar, e sim para encontrar nele as mínimas coisas em que Ele esteja “errado”.

Tendemos a passar batido por todas as coisas boas e ir direito para o detalhe que não achamos bom. Tornamo-nos fariseus quando estamos sempre focados na crítica e na condenação. Nada é bom o suficiente para um fariseu. Nada merece alegria – a não ser a queda dos outros.

3. “Graças a Deus, eu não sou como… (insira aqui o nome dos “inferiores” a você)”

Todos nos lembramos do fariseu que se levantou e orou dizendo: “Eu vos dou graças, Deus, por não ser como Fulano!” (Lc 18,11).

Aquele fariseu acreditava genuinamente que a oração adequada envolvia levar o crédito de tudo o que ele fazia direito. O perigo é o de olharmos para os outros e assumir que somos melhores do que eles.

Podemos chegar a pensar: “Meus pecados podem ser ruins, mas, graças a Deus, não são tão ruins quanto os pecados de Beltrano! Graças a Deus, eu não sou como aquele herege progressista, como aquele decrépito tradicionalista, como aquele carismático espalhafatoso, como aquele hipócrita ultraconservador, como aquele pseudocatólico ignorante, como aquele lobo em pele de cordeiro que certamente tem a intenção clara disso e daquilo e mais aquilo, ou como… como… como aquele fariseu!”.

Com a graça de Deus, nós podemos ser como os santos, que olhavam para aquilo que precisavam melhorar em si mesmos. E eles, que eram santos, achavam um monte de coisas que precisavam melhorar…

4. A relação rígida com a lei pela lei

É muito interessante notar que Jesus pede ao povo que se submeta à autoridade dos fariseus. “Fazei o que eles vos dizem”, pede Ele, embora advertindo que o exemplo deles não deve ser seguido (Mt 23, 3).

Os fariseus, por outro lado, ficavam furiosos quando viam Jesus agindo com autoridade. Jesus demonstrava o seu poder mostrando quais práticas eram dispensáveis ​​e quais eram essenciais para o sentido da lei. Em resposta, os fariseus maquinaram a sua morte. Jesus reconhece a autoridade legítima; já os fariseus, cientes apenas de alguns aspectos da autoridade e da lei, se mostram cegos diante da própria Fonte da autoridade e da lei.

Nós, seres humanos pecadores, temos uma relação ambígua com a autoridade e com a lei. Temos dificuldade para distinguir o essencial do secundário, os fins dos meios, o conteúdo do recipiente, e, com frequência, achamos que sabemos melhor do que Deus o que é certo – que dirá então o que achamos quanto aos outros meros mortais, alvos da crítica que transformamos em obsessão da nossa vida.

5. As minúcias formais acima da misericórdia

Na parábola do fariseu e do publicano, enquanto o fariseu se dá tapinhas nas costas em reconhecimento dos próprios méritos, o publicano roga a Deus por misericórdia. É uma dinâmica muito interessante. O fariseu tem certeza de que é bom e não vê necessidade de pedir misericórdia. O publicano sabe que é frágil e que precisa de Deus.

Esta dinâmica interna se estende muitas vezes aos outros. Se nós nos vemos com “certa necessidade” de misericórdia, não temos misericórdia para com os outros. Se sabemos da nossa necessidade imensa da imensa misericórdia de Deus, então estendemos essa misericórdia aos outros. Por que é assim? Porque quando experimentamos o amor absoluto e incondicional do Pai, hesitamos menos em dar o mesmo amor aos outros.

Todos os corações ficam frios, às vezes, como o coração do fariseu. Para todos é difícil ter compaixão de “certas pessoas” (de tal ponto de vista, de tal religião, de tal lugar, de tal época, de tal…). Quando isso acontece, não faz mal pedir a Deus que nos ajude a ver o nosso próprio pecado de forma mais clara: não para nos afundarmos na culpa, e sim para enxergarmos a nossa própria necessidade de aceitar a misericórdia de Deus e estendê-la às outras pessoas, em vez de condenar os outros e dar graças a Deus “porque não somos como eles”.

Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso!

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(*) É comum que esta frase seja lida como se contivesse uma relação lógica de causalidade entre ir à igreja e ser fariseu. Essa relação, porém, não consta na frase. Não está escrito “Vamos à igreja, conhecemos a nossa fé, colocamos Deus em primeiro lugar e, por causa disso, nos comportamos como fariseus”. O que está escrito é que vamos à igreja, conhecemos a nossa fé, colocamos Deus em primeiro lugar e, mesmo assim, corremos o risco de nos achar melhores que os outros e condená-los por não serem “tão bons quanto nós”. Em suma, o que está escrito é precisamente (e apenas) o que está escrito. A falta de raciocínio lógico, aliás, faz parte, necessariamente, do modo de pensar do fariseu.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos (14/15)

Celibato eclesiástico (Presbíteros)

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

CARD. Alfons M. Stickler

        3. O ensinamento do Antigo Testamento

 É necessário agora que tratemos outro ponto, que é muitas vezes invocado como um argumento contra a continência dos ministros nos primeiros séculos. Costuma-se apelar, como muitas vezes já afirmamos, ao Antigo Testamento, que, como sabemos, era legítimo e até mesmo necessário o uso pleno do matrimônio por parte dos sacerdotes e levitas, nos dias em que viviam em suas casas, livres do serviço do Templo. A essa objeção se pode responder de duas maneiras. 

Antes de tudo deve-se assinalar que o sacerdócio vétero-testamentário havia sido confiado a uma única tribo que devia ser conservada, e isso fazia necessário o matrimônio. O sacerdócio do Novo Testamento não foi definido, no entanto, como o sacerdócio de sucessão pelo sangue e não se baseia na descendência familiar. Um segundo e mais importante argumento a favor da distinção entre um sacerdócio e outro diz: os sacerdotes do Antigo Testamento prestavam um serviço temporal limitado no templo, enquanto que os sacerdotes do Novo Testamento mantêm um serviço permanente, por isso a obrigação temporal de continência e de pureza se estendeu a uma observância ilimitada e contínua. 

Como explicação convincente se recorre à passagem de São Paulo em I Cor 7, 5, na qual o Apóstolo aconselha aos esposos que não se recusem um ao outro, a não ser de comum acordo, por um tempo determinado e para dedicar-se à oração. Os sacerdotes do Novo Testamento, no entanto, devem rezar continuamente e dedicar-se a um serviço diário ininterrupto, no qual, através de suas mãos, é dada a graça do perdão e é oferecido o Corpo de Cristo. A Sagrada Escritura lhes exorta a ser em tudo puros para este serviço e os Padres mandavam conservar a abstinência corporal. 

Os mesmos documentos também oferecem outros motivos de caráter pastoral: como poderia um padre pregar sobre a continência e sobre a pureza a uma viúva ou a uma virgem, se ele mesmo desse maior valor o trazer filhos ao mundo que a Deus? Assim, a objeção contrária torna-se argumento a favor da continência ministerial. 

A partir dessas considerações se deduz uma imagem do sacerdote do Novo Testamento modelado sobre a vontade de Cristo, e distinta substancialmente daquela imagem do Antigo Testamento. Esta última foi configurada apenas como uma função, limitada no tempo e puramente externa. Aquela, ao contrário, implica por natureza a toda a pessoa do sacerdote, no externo e no interno, e, portanto, o seu serviço. Cristo exige ao seu sacerdote alma, coração e corpo e pureza e continência em todo seu ministério como um testemunho de que já não vive segundo a carne, mas pelo Espírito (Rom 8, 8). O sacerdócio funcional do Antigo Testamento nunca pode ser um modelo do sacerdócio ontológico do Novo, configurado com o de Cristo. Este supera o antigo sacerdócio essencialmente. 

Assim, aqueles que receberam a mensagem da salvação de Cristo compreenderam, já desde o início, a exigência de Mestre aos seus Apóstolos de chegar a renunciar inclusive o casamento pelo Reino dos Céus (Mt 19, 12), e que, como um discípulo em sentido rigoroso e pleno deve estar disposto para deixar pai, mãe, esposa, filhos, irmão e irmã (Lc 18, 29; 14, 26). Também se entende assim as palavras de São Paulo sobre a diversa relação com Deus dos celibatários e dos casados (1 Cor 7, 32-33), e o seu significado no que diz respeito ao celibato eclesiástico. 

Foi tarefa da escola, ou seja, da canonística clássica a partir do décimo segundo século em diante, descobrir, explicar e desenvolver as razões que ligam continência e sacerdócio neo-testamentário. Na história do desenvolvimento científico do tema, brevemente descrito na segunda parte deste trabalho, se mencionou as dificuldades existentes então para se chegar à elaboração de uma teoria satisfatória. Embora os antigos Padres tivessem já entendido que a continência pertencia à essência do sacerdócio novo – como, por exemplo, quando Epifânio disse que o carisma do sacerdócio consiste na continência; ou Santo Ambrósio que apontava a obrigação de rezar continuamente como o mandamento da Nova Aliança -, os glossistas, no entanto, foram incapazes de construir uma teologia do celibato, talvez porque eram demasiado pouco teólogos. Em seus trabalhos sobre a disciplina celibatária no Ocidente estiveram também muito influenciadas pela disciplina oriental, cuja legitimidade tomaram por boa, ao aceitar tanto a lenda de Pafnucio como a legislação trullana. 

No entanto, a partir dos documentos da Igreja Católica sobre este assunto, tentaram desenvolver uma teoria na qual se continham os elementos essenciais para uma Teologia válida. Compreenderam, sobretudo, que a continência está em relação estreita com o ordo sacer, e que essa lei tinha sido dada à Igreja propter ordinis reverentiam, pela reverência que é devida à Ordem. Também entenderam que a continência está mais unida ao Sacramento da Ordem recebido que ao homem ordenado, o qual era livre de aceitar a Ordenação, sabendo que aceitava também a obrigação anexa. 

Desde a síntese realizada por São Raimundo de Peñafort, já mencionado, se deriva com toda certeza que naquele tempo se tinha como verdadeiro motivo da continência clerical não tanto a pureza do ministro – que se adequaria muito bem com a práxis oriental estabelecida no Concílio Trullano – quanto à eficácia da oração mediadora do ministro sagrado, que procedia da sua total dedicação a Deus. De um modo geral eram apresentadas já então as verdadeiras razões da perfeita continência: a possibilidade de rezar com liberdade, assim como a também completa liberdade de desenvolver o próprio ministério e para dedicar-se ao serviço da Igreja. 

Embora a Teologia dos séculos posteriores, até hoje, não desatendeu a reflexão sobre o sacerdócio do Novo Testamento, a crise dos sacerdotes e das vocações ao sacerdócio nestas últimas décadas – difundidas e ampliadas através dos meios de comunicação social – exigiu com urgência um especial aprofundamento na matéria. O fundamento para isso tinha sido posto pelo Concílio Vaticano II, sobre o que se baseou o ensinamento do Papa João Paulo II, que fez do sacerdócio um motivo particular do seu programa doutrinal e pastoral desde o começo do seu pontificado. É significativo nesse sentido, que já na sua primeira mensagem aos sacerdotes, por ocasião da quinta-feira santa, dissesse sobre o celibato que a Igreja ocidental o quis no passado e o quer no futuro enquanto que se “inspira no exemplo mesmo de Nosso Senhor Jesus Cristo, na doutrina apostólica e em toda a Tradição que lhe é própria”. Nos anos seguintes voltou várias vezes a tratar o tema do sacerdócio e do celibato unido a ele e tem posto um grande empenho em frear as demasiado fáceis dispensas nesta matéria. 

O ponto mais alto destas preocupações de sua elevadíssima consciência pastoral constituiu a convocatória, para outubro de 1990 do oitavo Sínodo dos Bispos, que devia abordar a questão da formação sacerdotal no contexto das circunstâncias atuais. Isto foi feito de uma forma exaustiva através das vozes dos representantes do episcopado mundial, e esta questão encontrou a sua mais perfeita expressão na Exortação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo Vobis, que pode ser considerada uma “Carta Magna” da Teologia do sacerdócio, e que permanecerá como norma autorizada no futuro da Igreja. 

Alfons M. Stickler
Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro
CIDADE DO VATICANO 

Tradução para o português:

Pe. Anderson Alves.
Contato: 
amralves_filo@yahoo.com.br

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Papa em Santa Maria Maior reza pela viagem a Lisboa e pelos jovens da JMJ

Papa em Santa Maria Maggiore rezando em frente ao ícone da Salus Populi Romani (Vatican Media)

Francisco retorna pela 109ª vez à Basílica liberiana para rezar diante do ícone da Salus Populi Romani, como se tornou uma tradição desde o início de seu pontificado, antes e depois de cada viagem internacional. A última visita havia sido em meados de junho, após a operação no Hospital Gemelli. Nesta tarde de segunda-feira, o Pontífice confiou à Virgem a viagem a Portugal e todos os jovens dos cinco continentes que participarão da Jornada Mundial da Juventude.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Os milhares de jovens que encontrará nos próximos dias durante a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa - a quarta de seu pontificado -, o Papa quis confiá-los a Ela, a Salus Populi Romani, a padroeira do povo de Roma, de quem Francisco invoca a proteção antes e depois de cada viagem internacional há mais de dez anos.

Também desta vez, na véspera de sua partida para Portugal, na manhã de 2 de agosto, o Papa não interrompeu essa longa tradição e foi na tarde desta segunda-feira à Basílica de Santa Maria Maior. Foi o que referiu a Sala de Imprensa vaticana, explicando que na Basílica liberiana Francisco foi à pequena capela que já recebeu, com a de hoje, 109 visitas do Pontífice argentino. Sozinho, sentado, em silêncio, Francisco "se deteve em oração" diante da efígie mariana que a tradição diz ter sido pintada por São Lucas, "confiando a ela", diz a nota do Vaticano, "a viagem e os milhares de jovens que ele encontrará nos próximos dias".

A última visita em junho, após a operação

A última visita do Papa à Salus Populi Romani foi em 16 de junho, para agradecer pelo sucesso da operação de laparatomia na Policlínica Gemelli. Também naquela ocasião, Jorge Mario Bergoglio - acolhido tanto na entrada quanto na saída pelas saudações afetuosas dos fiéis reunidos na entrada da Basílica – se deteve em oração por alguns momentos, sentado em sua cadeira de rodas, diante do ícone da Virgem. Antes disso, o papa havia visitado Santa Maria Maior no final de abril, antes de partir para sua 41ª viagem apostólica à Hungria; ele retornou à Basílica pouco depois de desembarcar em Roma, vindo de Budapeste.

A entrega dos jovens a Maria

Além da proteção de Nossa Senhora, o Papa pediu aos fiéis que acompanhem a iminente viagem com a oração. Ele o fez no Angelus deste domingo, 30 de julho, acrescentando ao seu pedido a oração de entrega a Maria de todos os jovens dos cinco continentes que se reunirão em Lisboa para o evento mundial. "Peço-lhes que me acompanhem com suas orações na minha viagem a Portugal, que farei a partir da próxima quarta-feira", foram as palavras de Francisco. São "tantos" os jovens que irão (muitos já partiram) para Portugal, acrescentou o Papa, e eles vêm de "todos os continentes". Todos eles "experimentam o desejo de um encontro com Deus e com os irmãos e irmãs, guiados pela Virgem Maria que, depois da Anunciação, se levantou e partiu apressadamente". Tema, este último, desta edição da JMJ. A Nossa Senhora, "Estrela luminosa do caminho cristão tão venerada em Portugal", concluiu o Pontífice, "confio os peregrinos da JMJ e todos os jovens do mundo".

O programa da viagem do Papa

De acordo com o programa oficial, numerosos encontros marcarão a 42ª viagem apostólica do Papa, e não apenas com os jovens, mas também com autoridades civis, líderes religiosos e representantes locais de organizações de caridade. De 2 a 6 de agosto, o Papa se encontrará com o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, depois com o primeiro-ministro, as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático. Ele celebrará as vésperas com o clero local e dedicará um encontro inteiro aos estudantes da Universidade Católica Portuguesa. Seguindo para a vizinha Cascais, Francisco também cumprimentará os jovens de Scholas Occurentes e assistirá à plantação de uma oliveira da paz junto com outros líderes religiosos.

Etapa de Fátima

Haverá também os eventos característicos de toda Jornada Mundial da Juventude, como a confissão de alguns jovens com o Papa (a ser realizada no dia 4 de agosto no Jardim Vasco da Gama, em Belém), a Via Sacra com os jovens na sexta-feira à noite e a vigília noturna entre sábado e domingo, seguida no dia 6 de agosto pela missa de encerramento. Também está incluída na viagem uma etapa em Fátima, onde o Papa - retornando ao santuário mariano que já havia visitado em 13 de maio de 2017 - rezará o Terço com jovens doentes para invocar a paz para um mundo ferido por conflitos. Esse também é um ato de devoção a Nossa Senhora, cuja proteção ele pediu para toda a viagem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Afonso Maria de Ligório: farol de confiança, coragem e perseverança

Santo Afonso Maria de Ligório (Guadium Press)

No dia 1º de agosto, comemora-se a festa de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. Fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, é o tratadista por excelência da moral católica, e se destacou por sua profunda devoção a Nossa Senhora.

Redação (31/07/2023 17:24, Gaudium Press) No antigo reino de Nápoles do século XVII, o nobre casal Giuseppe de Ligório e Anna Cavalieri destacava-se por sua virtude. Em 27 de setembro de 1696, nasceu o primogênito e que, por haver sido consagrado de modo especial à Santíssima Virgem, recebeu o nome de Afonso Maria.

Vasta formação intelectual

Dotado de inteligência brilhante, Afonso Maria teve em casa uma primorosa educação, sob a tutela de um preceptor e diversos professores, escolhidos com zelo e cuidado.

O pai estabeleceu-lhe um rigoroso programa de estudos, no qual constavam idiomas como o italiano, latim, grego e francês, que haviam de ser-lhe muito úteis no cumprimento da futura missão.

Também estudou literatura, chegando a compor vários cânticos espirituais. E por seu grande pendor para as belas artes iniciou-se no desenho, na pintura e na música, bem como nos arcanos das ciências exatas e naturais.

Antes de completar 14 anos começou a estudar Direito, e aos 16 já havia penetrado de tal modo no intrincado universo das leis napolitanas que lhe foi permitido, por especial concessão, fazer seu exame de doutorado em tão jovem idade.

Radical mudança de vida

Por mais de uma década dedicou-se à prática da advocacia. Sua honestidade e ciência fizeram crescer-lhe a clientela, sendo muito enaltecido por jamais ter perdido uma causa.

Mantinha, entretanto, uma exímia retidão profissional, uma ilibada pureza e uma intensa vida interior. Fazia frequentes visitas ao Santíssimo Sacramento, nutria uma particular devoção a Nossa Senhora e era pródigo em exercícios piedosos como a meditação ou a participação em retiros espirituais.

Em setembro de 1722, recebeu o Sacramento da Confirmação, e, seis meses depois, fez o propósito solene e irrevogável de renunciar ao mundo. Abdicou da primogenitura em favor de seu irmão Hércules e se dispôs a guardar o celibato, contrariando os desejos do pai, que desejava casá-lo com alguma donzela de casa principesca.

O último impulso para sua radical mudança de vida vir-lhe-ia por ocasião do litígio entre o Duque Orsini e o Grão-Duque da Toscana. O caso envolvia grandes interesses. A elevada posição dos litigantes e o prestígio dos advogados tornaram-no notícia em toda Nápoles.

Afonso estudou com cuidado os autos do processo e aparelhou-se bem para o debate. Sem embargo, depois de argumentar brilhantemente em favor de seu cliente, o advogado do Grão-Duque alegou, com esperteza, uma cláusula fundada no antigo direito lombardo e angevino, jogando por terra todo o trabalho realizado.

Perdendo a causa, o ilustre advogado percebeu a fragilidade da justiça humana e o vazio das promessas do mundo. Era a gota d’água que faltava para pôr definitivamente em prática as resoluções tomadas: “Ó mundo, agora te conheço! Tribunais, não me vereis mais!”.

A descoberta da verdadeira vocação

O golpe fê-lo sofrer tremendamente. No entanto, compreendendo estar ali a mão de Deus, passou a levar uma vida dedicada à oração e leituras piedosas.

Estando certo dia no Hospital dos Incuráveis, pouco depois de haver abandonado os tribunais, viu-se circundado de uma luz intensa e misteriosa, e ouviu em seu interior estas palavras: “Deixa o mundo e entrega-te todo a mim”.

Mesmo um tanto atônito, retomou seu percurso como se nada houvesse acontecido. Ao descer as escadas para sair, todavia, repetiu-se o fenômeno. Estupefato, desta vez respondeu: “Senhor, há muito tempo eu resisto à vossa graça: fazei de mim o que vos aprouver”.

Ainda sob o influxo daquela manifestação sobrenatural, dirigiu-se à Igreja da Redenção dos Cativos, dedicada a Nossa Senhora das Mercês, e lançou-se aos pés de Maria, pedindo-Lhe a graça de conhecer e cumprir a vontade de Deus.

Sentiu-se, então, inspirado a abraçar o sacerdócio, e como penhor da promessa feita de seguir essa vocação desembainhou sua espada de gentil-homem, depositando-a aos pés da Virgem.

Sacerdote e missionário

Santo Afonso Maria de Ligório (Guadium Press)

Apesar da forte oposição paterna, em outubro de 1723 Afonso foi admitido no seminário diocesano, onde, sendo já douto em tantas disciplinas, dedicou-se com especial empenho aos estudos da Teologia.

Quando foi ordenado presbítero, em 21 de dezembro de 1726, estabeleceu para si mesmo a obrigação de levar uma vida dedicada à ação missionária e à contemplação, seguindo os passos do Santíssimo Redentor.

Paulatinamente foi adquirindo experiência como confessor. Exigente quanto aos costumes, mas isento de rigorismos e cheio de confiança no misericordioso auxílio divino, agia ele como consolador dos aflitos e médico das almas, animando muitos pecadores a regressarem ao redil do Bom Pastor.

Durante sua ação apostólica, foi percebendo que, se nos grandes centros ou vilas populosas abundavam os sacerdotes, nos arrabaldes e nos campos a pobre gente estava relegada à ignorância religiosa, quando não influenciada pelo veneno jansenista.

Era mister salvar tais almas e para isso iniciou uma intensa atividade apostólica, da qual se beneficiaram os mais humildes operários e até os esmoleres de Nápoles. Nasceram, assim, as Cappelle serotine — Capelas ao entardecer —, instituição que acabou obtendo uma extraordinária expansão.

Uma multidão de fiéis acorria às pregações por ele feitas, pois sua palavra tinha o poder de converter os pecadores mais obstinados, atraindo-os para o caminho da virtude.

Nasce a Congregação do Santíssimo Redentor

Santo Afonso travou amizade com o padre Tomás Falcoia, sacerdote empenhado na fundação de uma instituição religiosa que imitasse de forma perfeita as virtudes do Salvador, segundo uma visão que tivera em Roma.

Esse sacerdote havia restaurado na cidade de Scala um convento de freiras, organizando-o nos moldes deste carisma. Nele entrou uma antiga carmelita napolitana, Maria Celeste Crostarosa, à qual apareceu o Divino Redentor, fazendo-a conhecer o hábito e as regras a serem adotadas pela Congregação nascente, bem como a figura do padre Afonso, dizendo-lhe:

“Eis o homem escolhido para chefe do meu Instituto e superior geral de uma nova congregação de homens que trabalharão para minha glória”.

O padre Falcoia ficara impressionado ao constatar que as regras reveladas à Irmã Maria Celeste eram inteiramente conformes o espírito da instituição que lhe havia sido desvendada.

Tendo sido eleito Bispo de Castellamare, aproveitou ele uma estadia do padre Afonso em Santa Maria dos Montes para convidá-lo a pregar os exercícios espirituais às religiosas de Scala, dando ensejo ao encontro providencial entre as três almas escolhidas por Deus para a fundação da Congregação do Santíssimo Redentor.

Ela nasceria a 9 de novembro de 1732, com a missão de “seguir Jesus Cristo através dos povoados e das aldeias, pregando o Evangelho por meio de missões e aulas de catecismo”.

À testa desta nova milícia de Cristo, o grande Afonso Maria de Ligório começava a época mais fecunda de sua existência.

Arma mais poderosa e permanente que a palavra

Quando já havia passado da segunda metade de sua vida, o padre Afonso adoeceu. Não podendo mais se dedicar às missões, consagrou seu tempo a escrever.

Contando com 25 anos de experiência direta com os problemas de consciência do povo, escreveu sua famosa Teologia Moral, além de a Prática do confessor, o Homo apostolicus e a Selva de matérias predicáveis, dedicadas à formação de seus sacerdotes.

Ensinava que “saber viver, é saber rezar”, pois “quem reza se salva, quem não reza se condena”.

Também foi desta convicção que lhe brotaram as populares Visitas ao Santíssimo Sacramento e as Glórias de Maria, seguindo-se a estas a Preparação para a morte, a Oração, a Prática do amor a Jesus Cristo e uma infinidade de opúsculos que iam servindo de esteio para as missões.

Bispo de Santa Águeda dos Godos

Santo Afonso Maria de Ligório (Guadium Press)

Em 1762, não pôde evitar ser nomeado Bispo de Santa Águeda dos Godos. Com a aprovação do Colégio Cardinalício, o Papa Clemente XIII foi inflexível. Apesar de ter enviado uma carta alegando graves impedimentos para desempenhar os deveres episcopais, entre eles a avançada idade e suas enfermidades, viu-se o santo obrigado a aceitar o cargo.

Durante seus treze anos de episcopado, fazia questão de pregar todos os sábados em honra a Nossa Senhora, na Catedral. Promoveu a santa missão redentorista em todos os povoados e vilas, fazendo ele mesmo o grande sermão, ponto culminante desta.

Fundou um convento de irmãs Redentoristas, vindas de Scala, a fim de serem núcleo firme da vida contemplativa. E empreendeu uma grande reforma no clero e no Seminário Maior, remodelando suas instalações, velando pela escolha dos candidatos e pela qualidade de sua formação. Com isso, todas as paróquias tomaram outra fisionomia.

Modelo de virtude até o fim

Em 1775, estando por completar 80 anos, o Papa aliviou-o do governo da diocese. Dirigiu-se, então, para o convento de Pagani, na Diocese de Nocera, onde passou a levar uma vida de recolhimento na comunidade por ele fundada ali.

É no cadinho, porém, que Deus purifica seus escolhidos. As tentações sofridas nesse convento foram as mais duras de sua longa existência.

Como em um verdadeiro purgatório interior, estas iam desde o assédio do demônio inculcando-lhe escrúpulos, até as mais árduas dúvidas contra a Fé.

Contudo, a mais terrível prova, sem dúvida, foi a perseguição contra ele movida por alguns membros da instituição que fundara, culminando com a divisão da própria Congregação e sua exclusão temporária da mesma, determinada por Roma.

A tudo isso ele reagiu com inteira flexibilidade à vontade de Deus. E a seus filhos espirituais os animava com palavras cheias de confiança: “Tenho por certo que Jesus Cristo vê com bons olhos esta pequena congregação […]; porque em meio de tantas perseguições Ele não cessa de nos proteger”.

Foi uma confiança ilimitada na Mãe do Perpétuo Socorro, à qual tanto amara e servira durante toda sua longa existência, a fonte de sua fortaleza até seus últimos dias.

Quando já não enxergava mais, irmão Romito, seu fiel acompanhante, leu para ele algumas páginas das Glórias de Maria, sem que o santo reconhecesse suas próprias palavras.

E ao saber que livro era aquele, exclamou comovido: “Como é doce, na hora da morte, pensar que se pôde contribuir para implantar nos corações a devoção a Santa Virgem!”

Em outra ocasião, ao não se recordar se já havia recitado o Rosário naquele dia, disse ainda ao Irmão Romito, que procurava dissuadi-lo de recitá-lo: “Ignorais, pois, que desta devoção depende minha salvação?”

Santo Afonso Maria de Ligório (Guadium Press)

Depois de tantos sofrimentos e provações, tendo junto a si um crucifixo e o quadro de Nossa Senhora da Esperança que ele mesmo pintara na juventude, enquanto seus filhos espirituais recitavam as orações dos agonizantes e a ladainha da Santíssima Virgem, o nonagenário Santo Afonso entregou serenamente sua alma a Deus, à hora do Angelus do dia 1º de agosto de 1787.

Modelo de virtude em todas as circunstâncias da vida, segue ele sendo um farol de “constância, coragem e ânimo perseverante”, sobretudo para os que sentem abater sobre si grandes tribulações.

“Imitemos, pois, Santo Afonso na sua perseverança, na sua confiança humilde e profunda, compreendendo que em nossa vida espiritual haveremos de nos deparar com túneis escuros, sem termos de nos atemorizar com eles. Para além dessa escuridão, a Providência nos traça uma via ainda mais luminosa e mais bela que a anterior”.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 128, agosto 2012.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF