Papa Francisco: “Que todos nós possamos, com o especial
auxílio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e
práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações
gananciosas”.
Vatican News
A cada ano, os bispos do Conselho Episcopal Pastoral
(CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acolhendo as
sugestões vindas dos regionais, dos organismos do Povo de Deus, das ordens
e congregações religiosas e dos fiéis leigos e
leigas, escolhem um tema e um lema para a Campanha da Fraternidade, com o
objetivo de chamar a atenção sobre uma situação que, na sociedade, necessita de
conversão, em vista do bem de todos.
Neste ano de 2025, motivados pelos 800 anos da composição do
Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; pelos 10 anos de publicação da
Carta Encíclica Laudato si’; pela recente publicação da Exortação
Apostólica Laudate Deum; pelos 10 anos de criação da Rede
Eclesial PanAmazônica (REPAM) e pela realização da COP 30, em Belém
(PA), a primeira na Amazônia, acolhendo a sugestão da Comissão Episcopal
Especial para a Mineração e a Ecologia Integral, foi escolhido o tema: Fraternidade
e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito
bom” (Gn 1,31).
A Ecologia é a questão mais tratada pelas CF’s ao longo
destes 61 anos de existência. Foram 8 as CF’s que de alguma forma abordaram
essa temática.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda outra vez a
temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em
tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral,
ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).
“Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos,
convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um
colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes
catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos
este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas
o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica
extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos,
donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto
quisermos, para uma lógica do cuidado”.
Como todos os anos, também neste ano de 2025 o Santo Padre envia uma mensagem para o início da Quaresma no Brasil e para o início da Campanha da Fraternidade. Eis a íntegra da mensagem o Papa Francisco enviou para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, com data de 11 de fevereiro de 2025, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil,
Com este dia de jejum, penitência e oração, iniciamos a
Quaresma deste Ano Jubilar da Encarnação. Nesta ocasião, desejo manifestar a
minha proximidade à Igreja peregrina nessa Nação e felicitar os meus irmãos da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pela iniciativa da Campanha da
Fraternidade, que se repete há mais de 60 anos e que neste ano tem como tema
“Fraternidade e Ecologia Integral” e como lema a passagem da Escritura na qual,
contemplando a obra da criação, “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn
1,31).
Com a Campanha da Fraternidade, os bispos do Brasil
convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de
conversão baseado na Carta Encíclica Laudato Si’, que publiquei há quase 10
anos, em 24 de maio de 2015, e que senti necessidade de complementar com a
Exortação Apostólica Laudate Deum, de 4 de outubro de 2023.
Nestes documentos, quis chamar a atenção de toda a
humanidade para a urgência de uma necessária mudança de atitude em nossas
relações com o meio ambiente, recordando que a atual «crise ecológica é um
apelo a uma profunda conversão interior» (Laudato Si’, 217). Neste sentido, o
meu predecessor de venerável memória, São João Paulo II, já alertava que era
«preciso estimular e apoiar a “conversão ecológica”, que tornou a humanidade
mais sensível» (Audiência, 17 de janeiro de 2001) ao tema do cuidado com a Casa
Comum.
Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em
propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada
conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial
auxilio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e
práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações
gananciosas.
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa
também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição para
que, durante a COP 30 do próximo mês de novembro, que se realizará em Belém do
Pará, no coração da querida Amazônia, as nações e os organismos internacionais
possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da
crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos
confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.
Desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e
nos encha a todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço
votos que a Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as
pessoas e comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia
Integral.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora
Aparecida, concedo de bom grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas
da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no
cuidado com a Casa Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 11 de fevereiro de 2025,
memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.
Franciscus
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