Pesquisa da REPAM-Brasil em parceria com o Instituto Conviva
expõe violações de direitos, tráfico humano e contaminação de comunidades
inteiras no coração da floresta.
Vatican News
Um retrato perturbador da devastação causada pela mineração
ilegal na Amazônia acaba de ser revelado no estudo “Impactos da Mineração
Ilegal na Amazônia”, desenvolvido pela REPAM-Brasil em parceria com o Instituto
Conviva. A pesquisa mostra que o garimpo ilegal vai muito além da destruição
ambiental: ele está no centro de uma cadeia de violações de direitos humanos,
exploração sexual, tráfico de pessoas, trabalho análogo ao escravo e violência
sistemática contra povos indígenas e trabalhadores migrantes.
Confira o estudo completo aqui.
O estudo parte de um marco trágico da história recente
brasileira: o massacre de Haximu, reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal
como crime de genocídio contra o povo Yanomami. O caso, ocorrido em 1993,
resultou na morte brutal de pelo menos 16 pessoas, mas sobreviventes afirmam
que o número pode chegar a 70, evidenciando a gravidade da violência contra
povos originários.
Com base em dados coletados entre 2022 e 2024 por meio de
entrevistas, grupos focais e análises institucionais, a pesquisa
identificou 309 casos de pessoas em situação de tráfico humano, sendo 57%
mulheres migrantes. O tráfico de mulheres para fins de exploração sexual se
revela uma das faces mais cruéis dessa realidade, sustentando um mercado
altamente lucrativo em meio à ausência do Estado.
A pesquisa também revela o cotidiano dos “proletários da
lama” — trabalhadores do garimpo em condições precárias, descartáveis, sem
direitos trabalhistas e frequentemente submetidos a jornadas exaustivas, riscos
de morte e doenças graves. Em muitos casos, seus corpos sequer retornam às
famílias, sendo abandonados à margem das estradas ou ocultados em rios e
clareiras da floresta.
Além do impacto humano, o estudo detalha o uso de
helicópteros, dragas e outros meios para manter uma economia subterrânea e
violenta, movida pela ganância e pela impunidade. Em períodos mais intensos, o
custo para entrar em áreas de garimpo podia ultrapassar R$ 8 mil por pessoa,
revelando uma estrutura logística sofisticada que se sustenta à margem da
lei.
A REPAM-Brasil destaca que os danos da mineração ilegal
afetam não só os povos da floresta, mas toda a sociedade. A contaminação por
mercúrio e outros metais pesados, a degradação dos rios e a violência nos
territórios refletem diretamente na qualidade do ar, da água e da vida nas
cidades.
“Não estamos diante apenas de uma questão ambiental. A
mineração ilegal na Amazônia é um problema civilizatório, que coloca em risco
os direitos fundamentais de milhares de pessoas e compromete o futuro da maior
floresta tropical do mundo”, afirma professora Márcia Oliveira, da
REPAM-Brasil.
O estudo completo será lançado oficialmente em [DATA], e
estará disponível para download no site da REPAM-Brasil. A organização espera
que os dados sensibilizem autoridades e sociedade civil para a urgência de
políticas públicas que protejam os territórios, as vidas e a dignidade das
populações amazônicas.
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